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Nome: Francisco de Assis Carvalho da Costa

Turma: EAD 20-C


Assunto: Conclusões acerca das Fases Psicossexuais da Infância e um breve texto sobre
o filme Um Método Perigoso
CONCLUSÕES ACERCA DAS FASES PSICOSSEXUAIS DA INFÂNCIA

Trago aqui uma breve compreensão – ainda que resumida – das Fases
Psicossexuais da Infância, a saber, são em cinco estágios, para fins de apreciação e
apresentação de fixação do conhecimento adquirido por esta escola.
Esta teoria, desenvolvida por Sigmund Freud, é considerada a base da equação
emocional, a construção inicial de um ser social, que fora observada em análise de seus
pacientes já adultos.

ESTÁGIO ORAL
-Faixa etária: Nascimento - 01 ano
-Zona erógena: Boca

Durante o estágio oral, a fonte primária de prazer e interação da criança acontece


por via oral, ou seja, pela boca, meio vital de alimentação. O ato de amamentação traz-
lhe grande satisfação, associado à degustação e a sucção do seio, tendo como
recompensa a alimentação e saciedade de fome. Nesta fase, a criança é inteiramente
dependente de seus cuidadores e tal dependência desenvolve sentimentos que podem ser
de confiança e conforto quando esta fase é naturalmente vivida.
As fases da vida humana são marcadas por conflitos e prazeres. Estes podem ou
não serem superados de maneira saudável, ou, de modo esperado. No caso da fase oral,
o seu conflito principal é o processo de desmame, onde a criança é estimulada a superar
esta fase e, em casos onde os cuidadores não conseguem êxito, ou, a criança não
vivencia a experiência de modo satisfatório à subjetividade e a superação, cria-se a
fixação. Segundo a teoria freudiana, acredita-se que o indivíduo teria problemas de
dependência e\ou agressão na vida adulta, visto que este momento é em débito na sua
psique. Fixação oral está associada a bebida, comer em demasia, fumar ou roer unhas,
além de outros.

ESTÁGIO ANAL
-Faixa etária: 01 a 03 anos
-Zona erógena: Esfincters e controle da bexiga

Nesta fase, a criança aprende a controlar as necessidades corporais e, desenvolver


esse controle leva a um sentimento de realização e de descoberta de outras formas de
satisfação que estão ligadas à criatividade. Segundo Freud, esta fase depende
diretamente da maneira como os cuidadores tratam o momento de descoberta da criança
e a aproximação dela com o uso adequado do banheiro. Fazer incentivos elogiosos e
recompensadores pelo uso do banheiro em momento oportuno ajudam em resultados
positivos, não só nesta fase mas também em outras, pois, o ato torna a criança confiante,
capaz e produtiva.
Freud sugere que respostas inadequadas para este momento podem trazer
resultados negativos. Abordagens brandas por parte dos cuidadores poderiam
desenvolver personalidade cruel, explosões emocionais, desorganização, autoconfiança,
habilidades artísticas, generosidade e rebeldia, ou, um descuido geral e, a isto ele chama
de Personalidade anal-expulsivo, que é um momento de fixação da fase, refletindo-se na
vida adulta. Conflitos com cuidadores agressivos nesta fase tende também a produzir
esta fixação.
A personalidade anal-expulsiva é bem marcada pela confusão e/ou destruição
confusa.

FASE FÁLICA
-Faixa etária: 03 a 06 anos
-Zona erógena: Genitais

Fase predominantemente libidinal sobre os órgãos genitais. Neste momento, a


criança nota diferença entre si e o outro ser que não tem a sua forma. No caso, meninos
notam diferença entre meninas e o mesmo acontece com elas. Contudo, esta diferença é
basicamente física e de fins curiosos, não tendo ainda a conotação social da construção
dos gêneros.
Neste momento, segundo Freud, meninos veem os pais como rivais e/ou
concorrentes do afeto materno. Ao comportamento desejoso e afetuoso pela mãe, Freud
denomina de complexo de Édipo, descreve que esses sentimentos são de desejo e posse
da mesma, de querer tê-la unicamente para si, o que não acontecerá, levando-o ao corte,
a castração desta fantasia edipiana ao qual a criança não tem compreensão profunda. No
entanto, a criança teme ser punida pelo pai por manifestar esses sentimentos e é
importante um processo que seja pedagógico, para que a criança não se sinta desligada
do meio familiar.
O mesmo acontece com meninas, contudo, de forma diferente. Segundo Freud, a
menina desenvolve uma relação de maior conteúdo emocional com o pai, chegando a
amá-lo e guardando esta referência masculina para futuros pretendentes, tendo como
rivalidade da atenção paterna a mãe. A este evento, Freud chama de Complexo de Édipo
Feminino, quando Carl Jung chamou de Complexo de Electra.
Sendo observadas as progressões saudáveis destas fases, a criança tende a
identificar-se mais com o genitor do seu mesmo sexo. Freud acreditava que as meninas
sentiam inveja do pênis, que esta inveja não fora totalmente resolvida, fazendo com que
as mulheres continuassem fixadas neste estágio na vida adulta. Já alguns psicólogos de
diversas partes do mundo contestam esta "inveja" do pênis argumentando que tal teoria
é imprecisa e degradante ao gênero feminino. Levantam, com base na incapacidade de
sustentação desta teoria, o revés. No caso, o homem sentiria inveja do útero da mulher
por não poder gerar filhos, trazendo assim sobre eles a inferioridade. Uma das maiores
críticas deste assunto é Karen Horney.
Traços de uma fase mau-resolvida, gerando o reflexo dos complexos na vida
adulta estão demonstrados no excessivo apego e proximidade com os genitores, relações
amorosas que tendem ao fracasso, interesse em pessoas de idade aproximada ou igual
aos genitores, dificuldade em manter relacionamento e, em alguns casos, impotência
sexual ou frigidez. A insatisfação genital masculina com o tamanho do seu órgão
também pode ser considerada reflexo do complexo edipiano, associado à insegurança. A
dependência econômica, dificuldade de amadurecimento e instabilidade emocional,
junto com conflitos constantes em um relacionamento são algumas das consequências
mais observadas.

PERÍODO DE LATÊNCIA
-Faixa etária: 06 anos à puberdade
-Zona erógena: Sentimentos sexuais são inativos

Nesta fase, os interesses libidinais voltados ao campo sexual são suprimidos e o


desenvolvimento de estruturas como EGO e SUPEREGO colaboram para isto.
Geralmente inicia-se na época em que a criança entra na escola, um outro ambiente fora
do doméstico, trazendo-lhes maior interesse e preocupação com as relações sociais
iniciais, hobbies e outras atividades.
É neste período que a energia sexual ainda é presente. Contudo, direcionada para
outras áreas. É momento de construção intelectual, de interações sociais e convívio com
mais pessoas além do seio familiar afim de desenvolver habilidades sociais e
autoconfiança.
FASE GENITAL
-Faixa etária: Puberdade ao fim da vida
-Zona erógena: Interesse sexual e amadurecimento

O objetivo desta etapa é estabelecer equilíbrio entre as diversas áreas da vida.


Nota-se também que é neste momento que o indivíduo tem interesse sexual consciente,
seja pelo sexo oposto ou pelo seu igual, levando-se em conta que as fases anteriores
foram desenvolvidas de modo satisfatório ao esperado. Espera-se ainda que, neste
momento, o indivíduo tenha interesse pelo bem-estar do outro e, esta fase começa na
puberdade, percorrendo toda a vida do sujeito.

CONSIDERAÇÕES FINAIS ACERCA DA TEORIA PSICOSSEXUAL DE


FREUD

Embora amplamente atacada e pouco discutida no seu tempo, hoje não está tão
diferente, pois, ainda continua controversa e audaciosa para muitos, deixando apenas a
cargo do entendimento psicanalítico a interpretação desta teoria, bem como dos
psicólogos do campo do comportamento infantil, ao qual foram relutantes de início.
Vale salientar ainda que a teoria tem quase que exclusividade no foco do
desenvolvimento do sexo masculino, deixando pouca menção ao feminino.
Em sua época, Freud apresentou sua teoria com base em estudos clínicos e
pesquisas dentro do campo das subjetividades dos seus pacientes, baseados em suas
lembranças. Só depois, muito tempo depois, fora mensurada de alguma forma por
outros profissionais e psicanalistas, não conseguindo chegar ao mesmo resultado
proposto em tese para todas as experiências, pois, suas previsões são demasiadas longas,
considerando o período das causas e efeitos difíceis de assumir uma relação. Entretanto,
é uma teoria bastante utilizada e ponto de partida na investigação de diversos fatores de
desequilíbrio emocional até hoje.
OBSERVAÇÕES ACERCA DO FILME: UM MÉTODO PERIGOSO

A história narra o encontro, em Burghölzli, um hospital psiquiátrico em Zurique,


com Carl Gustav Jung e uma jovem aristocrática que sofre de graves crises de histeria e,
ao que indica, tem um histórico destes eventos associados à sua infância, que
manifestam-se na fase adulta. Seu nome era Sabina Nikolayevna Spielrein, de origem
judaica.
A jovem reagia negativamente a humilhação com grande nojo por tratar-se de
lembranças infantis de abusos físicos praticados pelo pai, no intuito educacional e
corretivo em atos infantis, os quais deixaram marcas emocionais profundas. Jung, que já
ouvira falar do método psicanalítico freudiano, muito embora não o conhecesse ainda
pessoalmente, decide trabalha a técnica com Sabina, afim de constatar a possibilidade
de acerto.
Aqui faço uma observação sobre Carl Gustav Jung, nascido em Kesswill, cantão
da Turgóvia, Suíça, em 26 de julho de 1875.
Jung teve como pais um reverendo presbiteriano e uma mãe deveras submissa a
seu marido, ao qual ambos deixaram como parte maior de educação e herança apenas
uma fé cega. Entretanto, Jung tentava encontrar referências e respostas com uma fé
renovada, aliada à ciência e ao conhecimento rejeitado, tais como ocultismo, astrologia
e outros. Ele viria a usar as escrituras como experiência interior, de modo diferente dos
dogmas religiosos.
Não pretendo me estender em narrativas do filme, pois caso contrário, o texto
ficaria bastante extenso. Atento-me aos fatos que mais chamaram atenção, tais como:
Sabina Spielrein, jovem, com futuro promissor e pretensões na carreira da medicina,
acometida por uma doença relativamente comum de sua época.
Com os sintomas de histeria, crises de humor e agressividade, Spielrein relatar
que ouve vozes de um anjo, ao qual lhe revela percepções de outros a sua volta, fazendo
com que assim, a mesma observe comportamentos alheios e, à princípio, é resistente ao
tratamento proposto por Jung.
O fato de Sabina descrever que ouve um anjo em particular é comum em alguns
círculos judaicos que dão ênfase à comunicação espiritual. Talvez isto a tenha levado a
resistir ao processo proposto por Jung, pois, segundo essas correntes judaicas, quem não
ouve, não crê, e logo não tem a fé semítica.
Observo que a jovem Spielrein compartilhava de assuntos que interessavam a
Jung, tais como o citado por ela enquanto estava a banhar-se no lago sujo. Assuntos
como suicídio, (acredito que não da ótica do suicida, mas do comportamento destrutivo)
e viagem interplanetária faziam parte do campo de estudo de Carl Gustav Jung. Com
alguma resistência, acabaram por tornar-se próximos.
A jovem demonstra excelente atenção psicanalítica, muito embora não tenha
qualquer contato além do ponto de vista de um paciente, demonstra muito boa
percepção dos anseios expostos pela esposa de Jung que fora alvo de experimento de
modo voluntário em um dos testes realizados.
Cedendo ao processo proposto por Jung, Spielrein descobre através do método
freudiano, denominado "cura pela conversa", que pouco sabia sobre si, que detinha
transtorno de personalidade masoquista, a qual desenvolveu, ou, segundo minhas
pesquisas para escrever este texto, fazia parte de sua estrutura de comportamento sexual.
Apenas não sabia disto, sendo exposta às agressões e humilhações, que é a base do
desejo masoquista, em momento de tenra infância.
Spielrein reprovava com veemência a excitação sexual que experimentava ao
sentir-se humilhada pelo pai. Não conseguia lidar fácil ou moderadamente com qualquer
tipo de humilhação, seja voltada para si ou para outros e logo estava a excitar-se com tal
situação, aliviando-se apenas após masturbação. Logo, não considerava que fosse
normal este comportamento, pois, tal situação é incompatível com o meio social público
ou familiar e o mesmo demandava análise.
Logo que exposto, a mesma torna-se consciente do motivo principal de suas
angústias, permitindo-lhe o vislumbre de poder desejar sua sexualidade já sem culpas.
Spielrein tem melhora significativa, retoma sua vida e ainda mantém a proposta
terapêutica.
Ao encontrar Freud, em busca de melhor conhecimento sobre a Psicanálise, Jung
desenvolve um relacionamento com o pai da "cura pela fala". Não pretendo me estender
neste relacionamento que todos sabemos que fora do sucesso ao fracasso em tempo
hábil.
Quais os motivos? Culpa de quem? Sempre vai haver defensor de uma causa ou
de outra. Então, que sejam dos defensores os argumentos. O meu papel é apenas ler e
ponderar.
A questão que se levanta a respeito da ética psicanalítica é: Jung teria cedido aos
desejos de relação sexual com a jovem Spielrein por qual motivo? Por incentivo de seu
paciente, Dr. Otto Gross que, também era psiquiatra e entusiasta da psicanálise, com a
sua proposta de "liberação sexual", a qual considerava a iminência do fim do mundo
sem o culto à divindade Ishtar (Inana), deusa mesopotâmica do amor, do erotismo, da
fecundação e fertilidade? Ou, seria por conta de sua educação religiosamente
castradora?
Sabe-se que Jung não teve apenas Sabina Spielrein como amante mas, também
Toni Wolff, Barbara Hannah, Aniela Jaffé, Yolanda Jaccobi, Marie-Louise von Franz e
Emma Jung, sua esposa. Seus seguidores mais assíduos afirmam que, enquanto Freud
vivera cercado por uma confraria de discípulos, a maioria judeus, Jung encontrara nas
mulheres a companhia para a descoberta e viagem abissal ao inconsciente.
Otto Gross termina excluído do círculo psicanalítico e, por muitos, considerado
como um anarquista, morrendo de fome, vagueando marginalizado, pois, temia e
resistia viver em proximidade com o pai, um patriarca rígido.
Há muito o que descrever dos personagens, sobretudo Freud, que demonstra
desconforto e insegurança em momentos em que fica explicitamente claro a distância
financeira de ambos, à resistência de Jung em seguir-lhe cegamente e a incapacidade de
compartilhar análises pessoais entre si, o que deixou Jung notoriamente ciente de seu
distanciamento. Porém, como havia dito logo no início, não há intenção de minha parte
em deixar este texto extenso. Saliento apenas que, ao propósito da psicanálise, vale
lembrar-nos que, para o psicanalista que não tem conhecimento e intimidade com a
transferência, o mesmo que ocorrera com Jung pode (e há diversos relatos de
psicólogos, psicanalistas e psiquiatras) acontecer a todos, de uma forma ou de outra. É
um dos demais motivos de extrema importância. A análise, como parte do tripé de
formação, é tão essencial quanto todo o tripé psicanalítico.
Teríamos ganhado mais com a união entre Freud e Jung ou, ganhamos mais hoje
com a psicanálise freudiana e a Psicologia Analítica de Carl Jung, ambas em distinção?

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