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Índice

1.Introdução.....................................................................................................................................3

2.Teorias do desenvolvimento psíquico..........................................................................................4

2.1.Desenvolvimento psíquico da criança, dos 0 a 16 anos Segundo Sigmund Freud....................4

2.2.Desenvolvimento psíquico da criança, dos 0 a 16 anos Segundo Jean Piaget..........................7

2.3.Desenvolvimento psíquico da criança, dos 0 a 16 anos Segundo Vygotsck e Leontiev.........10

2.4.Desenvolvimento Cognitivo segundo Alexei Nikolaevich Leontiev (1903-1975).................12

2.5.Características dos Períodos de Desenvolvimento Psíquico segundo Leontiev......................12

2.6.Desenvolvimento psíquico do adulto.......................................................................................15

3.Conclusão...................................................................................................................................18

4.Bibliografia.................................................................................................................................19
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1.Introdução

O desenvolvimento psíquico ao longo da vida é um processo complexo e fascinante, que envolve


uma série de mudanças emocionais, cognitivas e sociais. Este trabalho tem como objectivo
explorar algumas das teorias mais proeminentes sobre o desenvolvimento psíquico da criança e
do adulto.

Outro objectivo deste trabalho é oferecer uma análise abrangente das teorias do
desenvolvimento psíquico da criança e do adulto, explorando suas implicações teóricas e
práticas.

Método, para atingir esse objectivo, realizei uma revisão crítica da literatura académica,
abordando os principais conceitos, princípios e pesquisas em cada área de estudo.
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2.Teorias do desenvolvimento psíquico

2.1.Desenvolvimento psíquico da criança, dos 0 a 16 anos Segundo Sigmund Freud

Sigmund Freud, o pai da psicanálise, propôs sua teoria do desenvolvimento psicossexual na


infância através de 5 estágios: oral, anal, fálico, latência e genital. As famosas 5 fases de freud.

1. Fase Oral: (Nascimento até 1 ano), No primeiro estágio do desenvolvimento da


personalidade, a libido é centrada na boca do bebé. Ele fica muito satisfeito ao colocar
todo tipo de coisa em sua boca para satisfazer a libido.

Isso significa que nesta fase da vida, seus prazeres são orais ou orientados para a boca, como
sucção, mordida e amamentação.

Cada estágio representa a fixação da libido (traduzida também como “impulsos” ou “instintos
sexuais”) em uma área diferente do corpo.

Freud diz que a frustração em obter esta satisfação, ou a estimulação oral exagerada pode levar a
uma fixação oral mais tarde na vida.

2. Fase Anal: (1 a 3 anos), Segundo Freud, nesta fase a libido se concentra no ânus, e a
criança sente grande prazer em defecar. A criança agora está plenamente consciente de
que é uma pessoa por si só, e que seus desejos podem colocá-la em conflito com as
demandas do mundo exterior (ou seja, seu ego se desenvolveu).

Freud acreditava que esse tipo de conflito tende a surgir no treinamento do uso do vaso sanitário,
no qual os adultos impõem restrições sobre quando e onde a criança pode defecar. A natureza
desse primeiro conflito com a autoridade pode determinar o futuro relacionamento da criança
com todas as formas de autoridade.

O treinamento precoce ou rigoroso com o vaso sanitário pode levar a criança a se tornar uma
personalidade anal-retentiva. As pessoas que podem ter esta “personalidade oral” seriam os
fumantes, os roedores de unhas e chupadores de polegar. Estas pessoas se envolvem em tais
comportamentos orais, principalmente quando estão sob estresse.

Este tipo de personalidade é a que odeia a bagunça, é obsessivamente arrumada, pontual e


respeitosa da autoridade. Eles podem ser teimosos e rígidos no trato com o dinheiro e suas
posses.
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Tudo isso está relacionado ao prazer de segurar as fezes quando crianças. A mãe então insiste
que a criança se livre dessas fezes de modo adequado, colocando-a no vaso sanitário até que se
aliviem!

3. Fase Fálica: (3 a 6 anos), A sensibilidade agora na fase fálica se concentra nos órgãos
genitais, e a masturbação (em ambos os sexos) se torna uma nova fonte de prazer. A
criança toma consciência das diferenças anatómicas sexuais, que desencadeiam o conflito
entre atracção erótica, ressentimento, rivalidade, ciúme e medo.

Freud chamou isso de complexo de Édipo nos meninos, e complexo de Electra nas meninas. Esse
conflito é resolvido através do processo de identificação, no qual a criança adopta as
características dos pais do mesmo sexo.

O aspecto mais importante da fase fálica é o complexo de Édipo.

Já vou avisando que essa é uma das ideias mais controversas de Freud e que muitas pessoas
rejeitam completamente. O nome do complexo de Édipo deriva do mito grego em que Édipo, um
jovem, mata seu pai e se casa com sua mãe. Ao descobrir isso, ele abre os olhos e fica cego. Este
Édipo é o termo genérico (isto é, geral) para os complexos Édipo e Electra.

No menino, o conflito de Édipo surge porque ele desenvolve desejos sexuais (agradáveis) para
com sua mãe. Ele quer “possuir” sua mãe exclusivamente. Para isso, ele deseja (irracionalmente)
se livrar do pai para que possa atender a esse desejo.

O garoto então (inconscientemente) entende que, se o pai descobrisse tudo isso, o pai levaria o
que mais ama. Durante a fase fálica, o que o garoto mais ama é o pénis.

Portanto, o menino desenvolve ansiedade de castração. O menino então decide resolver esse
problema imitando, copiando e participando de comportamentos masculinos do pai. Isso se
chama identificação, e é assim que o menino de três a cinco anos resolve seu complexo de Édipo.

Complexo de Electra, no passado, foi usado o termo “complexo de Electra” para se referir ao
complexo de Édipo feminino, porém esse termo caiu em desuso.

O Complexo de Édipo é o nome do conflito tanto para meninos como para meninas, que
funcionaria de forma análoga em relação ao progenitor com o mesmo sexo da menina, ou seja,
sua mãe.
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Resumidamente, a menina deseja o pai, mas percebe que ela não tem um pénis. Isso, segundo
esta teoria, leva ao desenvolvimento da inveja do pénis e ao desejo de ser menino. A menina
resolve isso reprimindo seu desejo por seu pai e substituindo o desejo por um pénis pelo desejo
por um bebé. A menina (inconscientemente) culpa a mãe por seu “estado castrado”, e isso cria
uma grande tensão.

A menina então reprime seus sentimentos (para remover a tensão) e se identifica com a mãe para
assumir o papel de género feminino.

4. Fase de latência: (6 anos à puberdade), Latente significa “oculto”. Isso significa que
nesta fase não há mais desenvolvimento psicossexual. A libido está adormecida.

Freud pensou que a maioria dos impulsos sexuais é reprimida durante o estágio latente. Assim, a
energia sexual é sublimada. Isso quer dizer que grande parte da energia da criança é canalizada
para o desenvolvimento de novas habilidades e a aquisição de novos conhecimentos. E nesta
fase, as brincadeiras são feitas em sua maioria com outras crianças do mesmo sexo.

5. Fase genital (dos 11-12 anos em diante):Estágio final do desenvolvimento sexual –


começa com a puberdade e a capacidade para a verdadeira intimidade. Neste período, que
tem início com a adolescência, há uma retomada dos impulsos sexuais, o adolescente
passa a buscar, em pessoas fora de seu grupo familiar, um objecto de amor.

Segundo Freud, nossa personalidade se desenvolve durante a infância e é moldada pelas cinco
fases, que ele chamou de teoria do desenvolvimento psicossexual.

Durante cada fase, uma criança é confrontada com um conflito entre impulsos biológicos e
expectativas sociais. Se ela passar de forma bem-sucedida por esses conflitos internos, acabará
tendo domínio de cada estágio de desenvolvimento e, finalmente, obterá uma personalidade
totalmente madura.

Na época, as ideias de Freud foram recebidas com críticas. E hoje não é diferente. Isso em parte
é por causa de seu foco na sexualidade como o principal motor do desenvolvimento da
personalidade humana. Carl Gustav Jung, por exemplo, utilizou o conceito de libido de Freud
para a sua teoria (a Psicologia Analítica), porém expandiu esse conceito para além da
sexualidade, atrelando-o à ideia de energia psíquica de dimensões artísticas ou espirituais, por
exemplo.
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2.2.Desenvolvimento psíquico da criança, dos 0 a 16 anos Segundo Jean Piaget

Jean Piaget é referência entre os psicólogos e educadores de todo mundo, devido a sua pesquisa
na área de construção do conhecimento. Grande parte de sua importância foi alcançada graças ao
seu sólido estudo sobre “epistemologia genética”, que dá sustentação científica a teorias acerca
do processo de como o homem constrói o conhecimento.

Piaget considera que o desenvolvimento psíquico inicia-se com o nascimento da criança e vai até
ela atingir a fase adulta. Comparável ao crescimento orgânico, a psique humana tem como
finalidade atingir um equilíbrio, conhecido como equilibração progressista.

1)- Período sensório-motor (0-24 meses): Representa a conquista, através da percepção e dos
movimentos, de todo universo prático que cerca a criança. Isto é, a formação dos esquemas
sensori-motores irá permitir ao bebé a organização inicial dos estímulos ambientais.

"No ponto de partida da evolução mental, não existe, certamente, nenhuma diferenciação entre o
eu e o mundo exterior, isto é, as impressões vividas e percebidas não são relacionadas nem à
consciência pessoal sentida como um "eu", nem a objectos concebidos como exteriores.

Uma das funções da inteligência será, portanto, nesta fase, a diferenciação entre os objectos
externos e o próprio corpo.

O período de bebé é sem dúvida bastante complexo do ponto de vista do desenvolvimento, pois
nele irá ocorrer a organizações psicológicas básicas em todos os aspectos (perceptivo, motor,
intelectual, afectivo, social).

Do ponto de vista do autoconhecimento, o bebé irá explorar seu próprio corpo, conhecer os seus
vários componentes, sentir emoções, estimular o ambiente social e ser por ele estimulado, e
assim irá desenvolver a base do seu autoconceito. Este autoconceito estará alicerçado no
esquema corporal, isto é, na ideia que a criança forma de seu próprio corpo.

Começará, portanto, com uns poucos reflexos inatos que irão gradualmente, pelo exercício, se
transformando em esquemas sensori-motores. Exemplificando: a criança herda uma tendência
instintiva a se nutrir, tendência esta que será actualizada pelo reflexo de sucção. Ora, se
observarmos um recém-nascido no momento de seu nascimento e alguns dias depois, veremos
que este reflexo já se modificou, incorporando novos elementos, constituindo-se em
comportamento mais amplo.
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A criança irá conquistar alguns comportamentos que lhe permitam dar uma organização à
realidade pela conquista da permanência substancial dos quadros sensoriais, da construção do
espaço prático; da causalidade e a objectivação das séries temporais.

Assim ao final do período, a criança terá conseguido atingir uma forma de equilíbrio, isto é, terá
desenvolvido recursos pessoais para resolver uma série de situações através de uma inteligência
explícita, ou sensório-motora.

2)- Período pré-operacional (2-7 anos): Ao se aproximar dos 24 meses a criança estará
desenvolvendo activamente a linguagem o que lhe dará possibilidades de, além de se utilizar da
inteligência prática decorrente dos esquemas sensoriais-motores formados na fase anterior,
iniciar a capacidade de representar uma coisa por outra, ou seja, formar esquemas simbólicos.
Isto será conseguido tanto a partir do uso de um objecto como se fosse outro, de uma situação
por outra ou ainda de um objecto, pessoa ou situação por uma palavra.

O alcance do pensamento irá aumentar, obviamente, mas lenta e gradualmente, e assim a criança
continuará bastante egocêntrica e presa às acções.

Teremos, então, uma criança que a nível comportamental actuará de modo lógico e coerente (em
função dos esquemas sensori-motores adquiridos na fase anterior) e que a nível de entendimento
da realidade estará desequilibrada (em função da ausência de esquemas conceituais).

O egocentrismo se caracteriza, basicamente, por uma visão da realidade que parte do próprio eu,
isto é, a criança não concebe um mundo, uma situação da qual não faça parte, confunde-se com
objectos e pessoas, no sentido de atribuir a eles seus próprios pensamentos, sentimentos, etc.. O
seu julgamento será altamente dependente da percepção imediata, e sujeito, portanto, a vários
erros. Se fizermos duas fileiras de fichas emparelhadas, cada uma com um número diferente de
peças, mas começando e acabando no mesmo ponto e se perguntarmos a uma criança de cinco
anos se as fileiras são iguais, isto é, se têm a mesma quantidade de fichas, ela, provavelmente,
responderá que sim. Se deslocarmos uma das fichas da fila de menor quantidade para além do
limite das filas e fizermos a mesma pergunta, responderá que esta fileira tem maior quantidade
de fichas.

Piaget realizou inúmeras provas que demonstraram empiricamente a ausência do pensamento


conceitual e das noções de conservação e de invariância na criança em idade pré-escolar.
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Estas provas têm sido repetidas por pesquisadores, psicólogos e professores em vários locais do
mundo e os resultados têm confirmado aqueles obtidos por Piaget na Suíça. O que varia algumas
vezes é a idade em que os conceitos são adquiridos pelas crianças e esta variação pode ser
explicada por uma estimulação social e educacional mais rica e mais adequada.

Quanto ao aspecto social, vemos como característica marcante desta fase, o início do
desligamento da família em direcção a uma sociedade de crianças.

No que se refere à linguagem, o que se nota é a presença concomitante de linguagem socializada,


um diálogo verdadeiro, com intenção de comunicação, e de linguagem egocêntrica, aquela que
não necessita necessariamente de um interlocutor, não tem função de comunicação.

3)- Período das operações concretas (7-12 anos): Este período que corresponde praticamente à
idade em que se inicia a frequência à escola elementar será marcado por grandes aquisições
intelectuais de acordo com as proposições piagetianas.

Observa-se um marcante declínio do egocentrismo intelectual e um crescente incremento do


pensamento lógico formal. A criança terá um conhecimento real, correto e adequado de objectos
e situações da realidade externa, e poderá trabalhar com eles de modo lógico.

As acções físicas, típicas da inteligência sensorial-motora e ainda necessárias na fase pré-


operacional, passam a ser internalizadas, passam a ocorrer mentalmente. Daí o nome dado à fase:
operações concretas.

Estas operações mentais consistem em transformações reversíveis, toda operação pode ser
invertida, e que implicam na aquisição da noção de conservação ou invariância, objectos
continuam sendo iguais a si mesmos, apesar das mudanças aparentes. O julgamento deixa de ser
dependente da percepção e se torna conceitual.

No que se refere à linguagem, verificar-se-á um acentuado declínio da linguagem egocêntrica até


seu completo desaparecimento.

4)- Período das operações formais (12 anos em diante): Se no período das operações concretas,
a inteligência da criança manifesta progressos notáveis, apresenta, por outro lado, ainda algumas
limitações. Talvez a principal delas, que está implícita no próprio nome, relaciona-se ao fato de
que tanto os esquemas conceituais como as operações mentais realizadas se referem a objectos
ou situações que existem concretamente na realidade.
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Na adolescência, esta limitação deixa de existir, e o sujeito será então capaz de formar esquemas
conceituais abstractos, conceituar termos como amor, fantasia, justiça, esquema, democracia etc,
e realizar com eles operações mentais que seguem os princípios da lógica formal, o que lhe dará,
sem dúvida, uma riqueza imensa em termos de conteúdo e de flexibilidade de pensamento. Com
isso adquire capacidade para criticar os sistemas sociais e propor novos códigos de conduta;
discute os valores morais de seus pais e constrói os seus próprios. Faz sucessão de hipóteses
procura propriedades gerais que permitam dar definições exaustivas, declarar leis gerais.
Conceitos espaciais podem ir além do tangível finito e conhecido. Torna-se consciente de seu
próprio pensamento.

2.3.Desenvolvimento psíquico da criança, dos 0 a 16 anos Segundo Vygotsck e Leontiev

A linguagem é adquirida na interacção da criança com os adultos e outras crianças. Os


significados dados pela linguagem são, por sua vez, influenciados pela cultura.

Vygotsky define o desenvolvimento psíquico como um processo activo de aquisição da cultura


humana através da linguagem, na interacção com outras pessoas. A linguagem aparece, assim,
como forma de representação das coisas e dos fenómenos do mundo real.

Vygotsky reconhece os estágios de desenvolvimento do pensamento de Piaget sem, no entanto,


aceitar sua determinação puramente biológica e os respectivos limites absolutos de idade.

O desenvolvimento infantil é visto a partir de três aspectos: instrumental, cultural e histórico.

1) O aspecto instrumental refere-se à natureza basicamente mediadora das funções


psicológicas complexas. Não apenas respondemos aos estímulos apresentados no ambiente,
mas os alteramos e usamos suas modificações como um instrumento de nosso
comportamento. Exemplo disso é o costume popular de amarrar um barbante no dedo para
lembrar algo. O estímulo o laço no dedo objectivamente significa apenas que o dedo está
amarrado. Ele adquire sentido, por sua função mediadora, fazendo-nos lembrar algo
importante.
2) O aspecto cultural da teoria envolve os meios socialmente estruturados pelos quais a
sociedade organiza os tipos de tarefa que a criança em crescimento enfrenta, e os tipos de
instrumento, tanto mentais como físicos, de que a criança pequena dispõe para dominar
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aquelas tarefas. Um dos instrumentos básicos criados pela humanidade é a linguagem. Por
isso, Vigotsky deu ênfase, em toda sua obra, à linguagem e sua relação com o pensamento.
3) O aspecto histórico, como afirma Luria, funde-se com o cultural, pois os instrumentos que o
homem usa, para dominar seu ambiente e seu próprio comportamento, foram criados e
modificados ao longo da história social da civilização. Os instrumentos culturais expandiram
os poderes do homem e estruturaram seu pensamento, de maneira que, se não tivéssemos
desenvolvido a linguagem escrita e a aritmética, por exemplo, não possuiríamos hoje a
organização dos processos superiores que possuímos.

Assim, para Vigotsky, a história da sociedade e o desenvolvimento do homem caminham juntos


e, mais do que isso, estão de tal forma intrincados, que um não seria o que é sem o outro.

Com essa perspectiva, é que Vygotsky estudou o desenvolvimento infantil. As crianças, desde o
nascimento, estão em constante interacção com os adultos, que activamente procuram incorporá-
las as suas relações e a sua cultura. No início, as respostas das crianças são dominadas por
processos naturais, especialmente aqueles proporcionados pela herança biológica. É através da
mediação dos adultos que os processos psicológicos mais complexos tomam forma. Inicialmente,
esses processos são inter-psíquicos (partilhados entre pessoas), isto é, só podem funcionar
durante a interacção das crianças com os adultos. À medida que a criança cresce, os processos
acabam por ser executados dentro das próprias crianças intra-psíquicos. É através desta
interiorização dos meios de operação das informações, meios estes historicamente determinados
e culturalmente organizados, que a natureza social das pessoas tornou-se igualmente sua natureza
psicológica.

Para Vygotsky, as funções psicológicas emergem e se consolidam no plano da acção entre


pessoas e tornam-se internalizadas, isto é, transformam-se para constituir o funcionamento
interno. O plano interno não é a reprodução do plano externo, pois ocorrem transformações ao
longo do processo de internalização.

Do plano inter-psíquico, as acções passam para o plano intra-psíquico. Considera, portanto, as


relações sociais como constitutivas das funções psicológicas do homem. Essa visão de Vygotsky
deu o carácter interacionista à sua teoria. Vygotsky deu ênfase ao processo de internalização
como mecanismo que intervém no desenvolvimento das funções psicológicas complexas. Esta é
reconstrução interna de uma operação externa e tem como base a linguagem.
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2.4.Desenvolvimento Cognitivo segundo Alexei Nikolaevich Leontiev (1903-1975)

Leontiev retoma as concepções de desenvolvimento de Vygotsky e define desenvolvimento


psíquico como modificações psíquicas quantitativas e qualitativas graduais, progressivas de
fenómenos psíquicos inferiores, simples para o surgimento de fenómenos psíquicos superiores e
complexos.

Leontiev (1975: 502) explica as causas do desenvolvimento psíquico do seguinte modo: as


forças motrizes do desenvolvimento psíquico que actuam mutuamente são o lugar que é ocupado
pelo indivíduo na sociedade entre as pessoas, as condições de vida, as exigências que a sociedade
lhe coloca, o carácter da actividade que realiza e o nível de desenvolvimento alcançado em cada
momento.

O desenvolvimento psíquico é determinado pelo lugar que o indivíduo ocupa entre os adultos
consoante a idade que possui, as exigências colocadas ao indivíduo e, sobretudo, a actividade de
aprendizagem. Há que notar que o desenvolvimento psíquico não só é contínuo, como também
apresenta uma descontinuidade, isto é, no desenvolvimento verificam-se estágios de
desenvolvimento com características específicas, que compreendem indivíduos de determinados
grupos de idade.

2.5.Características dos Períodos de Desenvolvimento Psíquico segundo Leontiev

 O período da Primeira Infância (0-1 Anos) A criança nasce com reflexos


incondicionados de alimentação, defesa e orientação. No primeiro mês, começa a formar
reflexos condicionados, tais como a posição para mamar, do analisador acústico,
vestibular, visual e táctil-cutâneo. No fim do segundo mês verificam-se reacções de
orientação para o adulto e reflexos condicionados ligados ao adulto que cuida da criança,
o denominado complexo de animação. Verifica-se ainda o desenvolvimento da actividade
de diferenciação dos estímulos, por exemplo, a distinção de água pura da doce, alguns
cheiros; a criança começa a apalpar objectos; No quarto mês verifica-se a direcção da
mão a objectos, exame de objectos, acções simultâneas com as duas mãos e com os
objectos; A segunda metade do 1º ano caracteriza-se pelo desenvolvimento da mobilidade
através do gatinhar e do andar no fim do 1º ano. A locomoção vai desenvolver as
percepções da criança; Assim como desenvolve a compreensão inicial da linguagem
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humana, através da aquisição dos nomes pelo condicionamento, pronúncia das primeiras
palavras.
 A Idade Anterior a Pré-Escolar ou Idade da Criança mais Nova (1-3 Anos) No 1º
ano de vida, a criança desenvolve-se com base na acção com os objectos e aquisição da
linguagem no contacto com os adultos. Até ao 1º ano a criança compreende uma série de
palavras. Na primeira metade do segundo ano, a criança já constrói frases de uma
palavra. E na segunda metade aumenta o número de palavras e surgem frases de duas ou
três palavras.

No fim do segundo ano, começa a aprendizagem de regras gramaticais em frases curtas. Já no


fim do 3º Ano a crianças formula frases complexas com quase todas as partes da oração e
conversa muito com os adultos e outras crianças, ao mesmo tempo que desenvolve a sua
memória de fixação e reprodução.

 A Idade Pré-Escolar (3-7 Anos) A actividade principal da criança é o jogo. As crianças


realizam jogos de imitação da vida dos adultos, jogos de acção em conjunto, jogos de
regras. Os jogos desenvolvem o conhecimento da realidade, a percepção, a imaginação, a
linguagem, desenvolvem as relações sociais entre as crianças, desenvolvem moralmente
as crianças.

A criança tem como actividade principal o jogo, mas também realiza outras actividades, tais
como o desenho, a modelagem, a construção e o trabalho. O desenho, a modelagem e a
construção passam a ser realizados com um fim previamente colocado pela criança. O seu uso
pedagógico desenvolve habilidades necessárias a aprendizagem escolar. O trabalho aqui diz
respeito a realização de pequenas tarefas em casa na família e trabalho manual no jardim infantil.
As crianças começam a compreender as regras gramaticais e a usá- las de forma activa.

O contacto com os adultos, o jogo conduz a generalizar as características dos objectos e sua
designação por palavras. A memória da criança desenvolve-se acentuadamente e caracteriza-se
por ser involuntária, isto é, a criança fixa facilmente aquilo que chama mais atenção, movimenta-
se, é contrastante, causa vivências emocionais profundas.

As crianças mais novas idade pré-escolar têm tendência de tirar conclusões sobre as coisas com
base nas funções dos objectos e na maneira de utilizá-los. As mais velhas já são capazes de
definir certos objectos do seu dia-a-dia com base em características gerais.
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A criança muda de seu comportamento pela aquisição de regras comportamentais. A criança já é


capaz de cumprir as exigências dos adultos. Isto também se relaciona com a compreensão da
linguagem.

 A Idade Escolar Primária (7-10/11 Anos) A idade escolar primária começa com o
ingresso na escola, passando deste modo, o estudo a ser a actividade dominante da
criança. A criança apresenta uma grande vontade de aprender e cumprir com as
exigências do professor. No início a criança estuda para agradar aos pais e cumprir as
exigências do professor.

Pouco a pouco, a criança apercebe-se da importância das notas e estuda para obter boas notas e
evidenciar-se. A aprendizagem da criança baseia-se nos métodos utilizados para a realização de
tarefas escolares. A criança deve partir da análise e síntese de experiências, exemplos concretos,
reais, suas representações para chegar as conclusões, aos conceitos, devido ao facto de possuir
um pensamento empírico ou concreto-lógico.

O pensamento empírico ou concreto-lógico caracteriza-se pelas generalizações baseadas nas


experiências e manipulação de objectos concretos, observação directa e representações.

A percepção da criança modifica-se na medida em que a criança é conduzida pelo professor a


observar experiências, objectos e fenómenos reais e suas representações, realizar acções e
descrevê- los, para chegar às suas características mais essenciais. A linguagem escrita exige a
ordenação de ideias, o relacionamento de ideias, a análise e a síntese de textos, frases e
parágrafos, o que desenvolve o pensamento lógico.

 A Idade Escolar Média ou Adolescência (11-14/15 Anos) A idade escolar média


compreende um período da adolescência que vai dos 11 aos 14/15 anos que é
acompanhado de mudanças de desenvolvimento físico, ligadas à maturação sexual,
provocada pelo funcionamento de glândulas sexuais e consequente surgimento de
características sexuais secundárias e ao crescimento do corpo.

O sistema nervoso central desenvolve-se, sobretudo do córtex cerebral havendo uma maior
diferenciação das células cerebrais bem como aumento de fibras associativas no cérebro. A
actividade principal deste período continua a ser o estudo. O estudo apresenta uma diferenciação
das disciplinas e o ensino é realizado por mais de um professor.
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Cada disciplina, por sua vez, caracteriza-se por um sistema de conceitos abstractos, o que vai
contribuir para o desenvolvimento do pensamento lógico em dependência dos métodos utilizado
no ensino-aprendizagem. Os conceitos deverão ser dados a partir da análise pelos adolescentes
de experiências, exemplos concretos, reais, suas representações. A linguagem do adolescente
evolui sob influência da aprendizagem de aspectos mais complexos da língua relacionados com a
Gramática, com a leitura de conteúdos de disciplinas das ciências, o que vai aumentar o seu
vocabulário.

A memória do adolescente é, essencialmente, voluntária e significativa, pois fixa mais o que lhe
interessa e que é por si compreendido. As relações sociais do adolescente se ampliam. Nascem as
primeiras amizades e a inserção em grupos de adolescentes.

 A Idade Escolar Preparatória ou Juventude Mais Nova (14/15-17-18 Anos) A idade


escolar juvenil compreende um período da adolescência, que vai dos 15 aos 17/18 anos.
Neste período o estudo continua a ser a actividade principal dos adolescentes. É a idade
correspondente ao fim do estudo na escola secundária.

Os adolescentes desenvolvem o pensamento abstracto ligado ao conteúdo de aprendizagem e tipo


de tarefas de aprendizagem e da cultura da linguagem.

2.6.Desenvolvimento psíquico do adulto

o desenvolvimento psíquico do adulto se refere ao processo de crescimento, mudança e


maturação psicológica que ocorre após a adolescência e ao longo da vida adulta. Isso inclui a
maneira como as pessoas se desenvolvem emocionalmente, cognitivamente e socialmente,
lidando com desafios, buscando significado, estabelecendo relacionamentos, e desenvolvendo
uma compreensão mais profunda de si mesmas e do mundo ao seu redor. O desenvolvimento
psíquico do adulto envolve a adaptação a mudanças, a resolução de conflitos internos, o
crescimento pessoal e a busca por realização e contentamento ao longo da vida adulta.

O desenvolvimento psíquico do adulto através das lentes dos teóricos mencionados


anteriormente:

 Erik Erikson: Para Erikson, o desenvolvimento psíquico do adulto é caracterizado por


uma série de desafios psicossociais que devem ser enfrentados e superados ao longo da
vida adulta. Isso inclui a busca por intimidade e conexão emocional saudável durante os
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anos jovens adultos, a necessidade de encontrar um propósito e uma contribuição


significativa na meia-idade e a reflexão sobre a vida e a aceitação na velhice. Erikson
enfatiza a importância de resolver esses conflitos para alcançar um senso de integridade e
realização pessoal.
 Jean Piaget: Piaget sugere que o desenvolvimento cognitivo na idade adulta continua a
progredir, com os indivíduos adquirindo a capacidade de pensar de forma mais abstracta
e complexa. Isso permite que os adultos resolvam problemas de maneira mais sofisticada,
considerem múltiplas perspectivas e tomem decisões informadas. Piaget destaca a
importância da adaptação contínua e do equilíbrio entre assimilação e acomodação ao
longo da vida adulta.
 Lawrence Kohlberg: Kohlberg postula que o desenvolvimento moral não é limitado à
infância, mas continua ao longo da vida adulta. Os adultos enfrentam dilemas éticos cada
vez mais complexos e são desafiados a refinar sua compreensão de justiça, direitos
humanos e responsabilidade moral. Kohlberg enfatiza a importância do raciocínio moral
autónomo e da internalização de princípios éticos universais na idade adulta.
 Sigmund Freud: Freud argumenta que o desenvolvimento psíquico do adulto é
influenciado pelo funcionamento do ego e pelo equilíbrio entre as demandas do id, do
superego e da realidade. Os adultos enfrentam desafios relacionados à expressão saudável
de seus impulsos sexuais e agressivos, à busca por satisfação emocional e à integração
das experiências passadas em uma identidade coesa.
 Robert Havighurst: Havighurst destaca a importância das tarefas de desenvolvimento
específicas enfrentadas pelos adultos em diferentes estágios da vida adulta. Isso inclui a
adaptação ao envelhecimento, a manutenção de relacionamentos significativos, a busca
por significado e propósito, e a preparação para a aposentadoria e a velhice. Havighurst
enfatiza a necessidade de enfrentar essas tarefas de forma bem-sucedida para alcançar um
desenvolvimento psíquico saudável na idade adulta.

O desenvolvimento psíquico do adulto também pode incluir:

1. Autoconhecimento e Autodesenvolvimento: Os adultos podem se envolver em


processos de auto-exploração e auto-reflexão para compreender melhor suas identidades,
valores, crenças e metas pessoais. Isso pode envolver a busca por terapia, a prática de
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meditação ou o engajamento em actividades introspectivas para promover o crescimento


pessoal.
2. Adaptação a Mudanças: Os adultos enfrentam uma variedade de mudanças ao longo da
vida, como mudanças de carreira, mudanças familiares, envelhecimento e perda de entes
queridos. O desenvolvimento psíquico envolve a capacidade de se adaptar a essas
mudanças de maneira saudável, desenvolvendo resiliência e habilidades de
enfrentamento.
3. Criação de Significado e Senso de Propósito: À medida que os adultos enfrentam
questões existenciais, como o propósito da vida e a busca pela felicidade, eles podem
buscar formas de criar significado em suas vidas. Isso pode envolver a descoberta de
paixões, o engajamento em actividades significativas e o cultivo de relacionamentos que
tragam satisfação e realização.
4. Desenvolvimento de Relacionamentos: Os adultos podem continuar a desenvolver e
aprofundar relacionamentos interpessoais significativos, incluindo amizades, parcerias
românticas e conexões familiares. Isso pode envolver habilidades de comunicação,
empatia, intimidade emocional e comprometimento.
5. Continuidade do Desenvolvimento Moral e Ético: O desenvolvimento moral não
termina na idade adulta; os adultos continuam a enfrentar dilemas éticos e a desenvolver
sua compreensão do que é certo e errado. Isso pode incluir questões como
responsabilidade social, justiça e ética profissional.
6. Crescimento Espiritual e Existencial: Para muitos adultos, o desenvolvimento psíquico
também pode envolver questões espirituais e existenciais, como a busca por significado
além do materialismo, a exploração de crenças religiosas ou espirituais e a contemplação
do destino ou do sentido da vida.

Em suma, o desenvolvimento psíquico do adulto é um processo multifacetado que envolve o


crescimento contínuo em várias áreas da vida psicológica e emocional. É uma jornada de
autoconhecimento, adaptação, relacionamento, reflexão e busca de significado que continua ao
longo da vida adulta.
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3.Conclusão

Ao analisarmos o desenvolvimento psíquico do adulto, é evidente que esse processo não se


encerra na idade adulta, mas continua ao longo de toda a vida. Os desafios e oportunidades
enfrentados pelos adultos, desde a busca por significado até a adaptação a mudanças, reflectem
uma jornada contínua de crescimento e autoconhecimento. Isso ressalta a importância de adoptar
uma abordagem de desenvolvimento ao longo da vida, reconhecendo que o aprendizado e a
mudança são aspectos essenciais da condição humana.

O estudo das teorias do desenvolvimento psíquico destaca a importância dos cuidadores e


educadores no apoio ao crescimento saudável das crianças. Ao compreender as necessidades
emocionais, cognitivas e sociais das crianças em diferentes idades, os adultos podem
desempenhar um papel crucial no fornecimento de um ambiente seguro, estimulante e
enriquecedor que promova o desenvolvimento integral. Isso ressalta a importância de políticas e
programas que apoiem as famílias e os profissionais que trabalham com crianças.
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4.Bibliografia

PIAGET. J. (1999) Seis estudos de Psicologia. Tradução: Maria Alice Magalhães D’Amorim e
Paulo Sérgio Lima Silva. 24ª ed. Rio de Janeiro: Forense Universitária.

ERIKSON, E. , (1991) identidade, juventude e crise. Trad. Maria A.M. D'Amorim; Paulo S.L.
Silva. Rio de Janeiro: Forense, 1967. VYGOTSKY, L. S. Pensamento e Linguagem. São Paulo,
Martins Fontes.

VIGOTSKI. L. S. , (2007) A formação social da mente. 7. ed. São Paulo: Martins Fontes.

ALMEIDA, A. A. F. & BEHLAU, M. (2009) A autopercepção da voz do adolescente. Revista


da Sociedade Brasileira de Fonoaudiologia, v. 14, n. 2, p. 186-91. Disponível em:
<http://www.repositorio.unifesp.br/bitstream/handle/11600/4745/S1516-
80342009000200008.pdf?sequence=1&isAllowed=y>. Acesso em: 18 ago. 2016.

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