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Índice

1.Introdução .................................................................................................................................... 3

2.Teorias psicológicas da orientação vocacional ............................................................................ 4

2.1.Teorias decisionais .................................................................................................................... 4

2.2.Tipos de decisão ........................................................................................................................ 4

2.3.Escolha intertemporal ............................................................................................................... 4

2.4.Interacção dos tomadores de decisão ........................................................................................ 5

2.5.Decisões complexas .................................................................................................................. 5

2.6. Principais teorias decisionais no campo da orientação vocacional .......................................... 5

2.7.Teorias psicanalíticas ................................................................................................................ 8

2.8.Objectivo de estudo das teorias psicanalíticas na orientação vocacional ................................. 8

2.9.Principais teorias psicanalíticas no campo da orientação vocacional ..................................... 10

3.abordagem de Bohoslavsky sobre orientação ............................................................................ 11

3.1.Princípios e funções ................................................................................................................ 12

3.2.Objectivo da abordagem de Bohoslavsky sobre orientação ................................................... 12

3.3.Estratégia, táctica e técnica ..................................................................................................... 14

3.4.A orientação vocacional e o adolescente ................................................................................ 14

3.5.Sobre a identidade vocacional e o processo de escolha .......................................................... 16

4.Conclusão................................................................................................................................... 17

5.Bibliografia ................................................................................................................................ 18
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1.Introdução

No presente trabalho, exploraremos um campo fascinante da psicologia: as teorias psicológicas


da orientação vocacional. A escolha de uma carreira é uma das decisões mais importantes que
uma pessoa pode fazer em sua vida, e compreender os factores psicológicos por trás dessa
escolha é essencial para orientar indivíduos em sua jornada profissional. Neste contexto,
destacam-se três principais abordagens teóricas: as teorias decisionais, as abordagens
psicanalíticas e as perspectivas inovadoras, como a abordagem de Bohoslavsky.

As teorias decisionais encaram o processo de escolha de carreira como um ato de tomada de


decisão racional. Indivíduos são vistos como agentes racionais que avaliam cuidadosamente suas
alternativas, considerando seus interesses, habilidades e valores antes de tomar uma decisão que
influenciará suas vidas profissionais.

Por outro lado, as teorias psicanalíticas propõem uma abordagem mais profunda, sugerindo que a
escolha de carreira é influenciada por elementos inconscientes e emocionais. Essas teorias
exploram as complexas interacções entre o ego, o id e o superego na decisão de carreira,
lançando luz sobre como factores subconscientes podem moldar nossas escolhas profissionais.

Além disso, abordaremos a visão inovadora de Bohoslavsky, que vai além do mero
aconselhamento e considera a orientação vocacional como um espaço de reflexão e
autoconhecimento. Ele enfatiza a importância de explorar a fundo a identidade e os desejos
pessoais ao escolher uma carreira, o que pode levar a decisões mais alinhadas com o verdadeiro
eu de cada indivíduo.

Nossa investigação foi guiada pelos objectivos traçados para este trabalho, que incluem o
conhecimento aprofundado das teorias psicológicas da orientação vocacional, a descrição
detalhada dessas teorias, a compreensão dos conceitos-chave das teorias decisionais e a
exploração dos princípios fundamentais da abordagem de Bohoslavsky. Vamos agora mergulhar
nesse intrigante mundo das teorias psicológicas da orientação vocacional, explorando como elas
moldam as escolhas de carreira das pessoas.

Usou-se o método de consultas bibliográficas em diferentes obras literárias patentes na


bibliografia.
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2.Teorias psicológicas da orientação vocacional

As teorias psicológicas da escolha ocupacional concentram-se mais no indivíduo como variável


crucial do processo de tomada de decisão. Estas teorias têm em comum o pressuposto de que o
indivíduo tem certa liberdade na escolha de uma ocupação, isto, é, pode exercer algum controle
sobre seu futuro vocacional. Afirmam que a escolha determinada principalmente pelas
características ou funcionamento do indivíduo e somente indirectamente pelo meio em que vive.

2.1.Teorias decisionais

As teorias decisionais são um conjunto de abordagens psicológicas que buscam entender como
as pessoas tomam decisões relacionadas à escolha de carreira ou orientação vocacional. Essas
teorias examinam os processos cognitivos, emocionais e sociais envolvidos na tomada de decisão
de carreira.

Teorias decisionais visam a racionalidade das escolhas, a decisão deve ser fruto de análise
minuciosa dos elementos que intervêm no processo. A racionalidade propõe três etapas:

1.Preditiva: identificar as possibilidades oferecidas e analisar as consequências de cada uma


dessas possibilidades.

2.Avaliativa: analisar a desejabilidade das consequências arroladas na etapa anterior.

3.Decisória: avaliar as decisões e finalmente chegar à escolha.

2.2.Tipos de decisão

2.3.Escolha intertemporal

A escolha intertemporal se preocupa com o tipo de escolha em que diferentes acções levam a
resultados que são realizados em diferentes estágios ao longo do tempo. Também é descrito
como tomada de decisão de custo-benefício, pois envolve a escolha entre recompensas que
variam de acordo com a magnitude e o tempo de chegada. Se alguém recebesse um lucro
inesperado de vários milhares de dólares, poderia gastá-lo em umas férias caras, dando-lhe
prazer imediato, ou poderia investi-lo em um plano de aposentadoria, dando-lhe uma renda em
algum momento no futuro. Qual é a melhor coisa a fazer? A resposta depende parcialmente de
factores como as taxas de juros e inflação esperadas, a expectativa de vida da pessoa e sua
confiança no sector de previdência. No entanto, mesmo com todos esses factores levados em
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consideração, o comportamento humano novamente se desvia muito das previsões da teoria da


decisão prescritiva, levando a modelos alternativos nos quais, por exemplo, taxas de juros
objectivas são substituídas por taxas de desconto subjectivas.

2.4.Interacção dos tomadores de decisão

Algumas decisões são difíceis devido à necessidade de levar em consideração como outras
pessoas na situação responderão à decisão tomada. A análise de tais decisões sociais é mais
frequentemente tratada sob o rótulo de teoria dos jogos, em vez de teoria da decisão, embora
envolva os mesmos métodos matemáticos. Do ponto de vista da teoria dos jogos, a maioria dos
problemas tratados na teoria da decisão são jogos de um só jogador (ou o jogador solo é visto
como jogando contra uma situação de fundo impessoal). No campo emergente da engenharia
sociocognitiva, a investigação está especialmente focada nos diferentes tipos de tomada de
decisão distribuída nas organizações humanas, em situações normais e anormais / de emergência
/ crise.

2.5.Decisões complexas

Outras áreas da teoria da decisão estão preocupadas com decisões que são difíceis simplesmente
por causa de sua complexidade ou da complexidade da organização que deve tomá-las. Os
indivíduos que tomam decisões são limitados em recursos (isto é, tempo e inteligência) e,
portanto, são extremamente racionais; a questão é, portanto, mais do que o desvio entre o
comportamento real e o óptimo, a dificuldade de determinar o comportamento óptimo em
primeiro lugar. Um exemplo é o modelo de crescimento económico e uso de recursos
desenvolvido pelo Clube de Roma para ajudar os políticos a tomar decisões na vida real em
situações complexas. As decisões também são afectadas pelo fato de as opções serem
enquadradas em conjunto ou separadamente; isso é conhecido como viés de distinção.

2.6. Principais teorias decisionais no campo da orientação vocacional

1.Teoria da Escolha Racional: Esta teoria assume que os indivíduos tomam decisões de carreira
com base em uma análise objectiva de suas opções, pesando os prós e contras de cada
alternativa. Ela enfatiza a colecta de informações, avaliação das alternativas e selecção da opção
que maximiza a utilidade.
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2.Teoria do Desenvolvimento de Carreira de Ginzberg, Ginsburg e Axelrad: Essa teoria


divide o processo de desenvolvimento de carreira em estágios, desde a infância até a vida adulta.
Os estágios incluem a fantasia, o período de interesses, o período de capacidades e o período de
valores. Cada estágio é marcado por mudanças no entendimento da criança ou do jovem sobre o
trabalho e a carreira.

3.Teoria da Escolha Vocacional de Tiedeman e O'Hara: Esta teoria enfatiza a interacção entre
a pessoa e o ambiente. Os indivíduos são vistos como activos na busca de oportunidades de
carreira que se ajustem às suas necessidades, interesses e valores. A tomada de decisão é
considerada um processo contínuo, influenciado pelas mudanças na pessoa e no ambiente.

4.Teoria do Ciclo de Vida de Super: John D. Super propôs uma teoria que descreve como as
escolhas vocacionais são moldadas pelas fases da vida de uma pessoa. Ela identifica estágios de
crescimento, exploração, estabelecimento, manutenção e declínio. As pessoas passam por esses
estágios ao longo de suas vidas, cada um com diferentes preocupações e objectivos de carreira.

5.Modelo de Decisão Social-Cognitiva de Lent, Brown e Hackett: Esse modelo integra


factores sociais e cognitivos na tomada de decisão de carreira. Ele destaca a importância da auto-
eficácia (crença na própria capacidade de desempenho) na busca de metas de carreira e
exploração vocacional. Também considera factores contextuais e influências sociais.

6. Teoria da Carreira com Base nos Valores de Holland: John L. Holland desenvolveu uma
teoria que relaciona personalidades e preferências vocacionais. Ele identificou seis tipos
vocacionais: Realista, Investigativo, Artístico, Social, Empreendedor e Convencional (RIASEC).
A teoria postula que as pessoas são atraídas por carreiras que correspondem às suas
características pessoais.

7.Teoria do Papel da Auto conceituação de Savickas: Essa teoria destaca a importância do


autoconceito na tomada de decisão de carreira. Ela sugere que as escolhas vocacionais são
influenciadas pela busca de congruência entre o autoconceito actual e o futuro desejado.

Essas teorias decisionais oferecem perspectivas diferentes sobre como os indivíduos abordam a
tomada de decisão de carreira. No entanto, é importante notar que os processos de orientação
vocacional são complexos e podem ser influenciados por uma combinação de factores, incluindo
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personalidade, valores, interesses, habilidades, contexto socioeconómico e oportunidades


disponíveis.

A chave para que o processo seja bem-sucedido está no autoconhecimento, na análise da


problemática da situação e, em geral, na busca de informações relevantes. A eficácia do processo
de tomada de decisão está em admitir aspectos de cunho pessoal, valorização de opções
vocacionais e alternativas de acções sob a responsabilidade do próprio sujeito, dentro de um
processo estruturado. Busca perceber o sujeito como indivíduo psicológico, que organiza seu
problema, age conforme seus interesses e os condicionantes sociais. Por outro lado, os modelos
de tomada de decisão falham em especificar como este processo vária, dependendo do tipo de
decisão, de personalidade e nível de maturidade do sujeito.

Dentro de mais essa gama de conceitos, podemos citar quatro autores que se destacam: Gellat
(1962), Thomas Hilton (1962), Hemerson e Roth (1966).

Neste parágrafo, o autor discute a "Teoria do Papel da Autoconceituação de Savickas" e seu


impacto na tomada de decisões de carreira. A teoria destaca a importância do autoconceito actual
e sua congruência com o futuro desejado no processo de tomada de decisão.

Segundo Levenfus (Rosane, 1997), Gellat considera que em qualquer tomada de decisão sempre
há um indivíduo que irá escolher entre várias opções, baseando-se sempre nas informações que
possui. Para o autor, uma decisão pode ser tanto definitiva quanto exploratória, sendo que esta,
tem o poder de modificar a primeira.

Propõe que o indivíduo adopta um sistema racional para poder decidir. A partir do momento em
que o indivíduo define o problema a ser enfrentado, passa por um momento preditivo. Neste
momento, irá avaliar as possibilidades, tentar prever as consequências das possíveis tomadas de
decisão e a probabilidade da concretização de cada uma dessas consequências. Logo em seguida,
passa a um momento de avaliação no qual pesa o desejo dessas consequências, avaliando suas
preferências dentre os distintos resultados. Finalmente, utiliza um critério pessoal de decisão,
avaliando e fixando cada uma de suas escolhas, a priori definitivas, que poderão ou não sofrer
mudanças ao longo do caminho.

Thomas Hilton relaciona o processo de tomada de decisão com uma teoria geral do
comportamento na escolha ocupacional: “uma tentativa de redução do nível de dissonância
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cognitiva, elevado a níveis intoleráveis por estímulo ambiental” (Apud Ferretti, 1974 45p.).
Trata-se de um modelo complexo, baseado nas teorias do processamento da informação.
Podemos dividi-la em três elementos chave:

 Premissas, crenças ou expectativas sobre si mesmo e o mundo.


 Planos, imagens ou representações de acções globais associadas ao mundo vocacional
particular.
 Dissonância cognitiva como método de prova e confrontação das premissas com os
planos para a solução do problema vocacional.

A teoria de Hilton se constrói no fato de que a observação dos estímulos ambientais pode
interferir, o que é uma ideia comum a mais de uma das teorias de desenvolvimento vocacional já
abordadas anteriormente. Segundo Hilton, observa se de que forma os estímulos ambientais
podem interferir, alterando e distorcendo as premissas e planos do sujeito.

Por fim, Hershenson e Roth enfatizam que as escolhas ocupacionais ao longo do


desenvolvimento vocacional, são presididas por duas tendências principais: progressiva
eliminação de alternativas e a reafirmação das alternativas não excluídas, restringindo assim,
gradativamente, a gama de opções, aumentando cada vez mais a certeza da decisão tomada. Tal
processo é diferencial e privativo de cada sujeito, e tem a ver com a base experiencial
relacionada à história pessoal de cada um.

2.7.Teorias psicanalíticas

As teorias psicanalíticas da orientação vocacional exploram as influências inconscientes e


emocionais que moldam as escolhas de carreira das pessoas. Essas teorias são baseadas nos
princípios da psicanálise desenvolvida por Sigmund Freud e em ideias relacionadas à
compreensão das motivações e dos conflitos internos.

2.8. Objectivo de estudo das teorias psicanalíticas na orientação vocacional

As teorias psicanalíticas da orientação vocacional tinham como objectivo principal explorar e


compreender como os princípios e conceitos da psicanálise, desenvolvidos por Sigmund Freud e
outros psicanalistas, poderiam ser aplicados ao processo de escolha de carreira. Embora as
teorias psicanalíticas não tenham sido originalmente desenvolvidas com o propósito específico
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de orientação vocacional, alguns psicólogos começaram a investigar como os aspectos


inconscientes e emocionais poderiam influenciar as escolhas de carreira das pessoas.

Os principais objectivos de estudo das teorias psicanalíticas na orientação vocacional são:

Compreensão dos conflitos inconscientes: As teorias psicanalíticas buscaram identificar


os conflitos inconscientes e os impulsos emocionais que podem influenciar as escolhas de
carreira. Isso incluiu a exploração de como traumas passados, complexos psicológicos e
desejos reprimidos podem afectar as decisões de carreira.
Exploração das influências parentais e familiares: As teorias psicanalíticas
examinaram como as relações com os pais e a dinâmica familiar podem moldar as
aspirações profissionais de uma pessoa. Isso envolveu a investigação de fenómenos como
identificação com figuras parentais e conflitos edípicos.
Análise das defesas psicológicas: As teorias psicanalíticas consideraram como as
defesas psicológicas, como a negação ou a projecção, podem ser usadas para evitar a
confrontação com escolhas de carreira desafiadoras ou ansiedades relacionadas ao
trabalho.
Avaliação da influência do inconsciente nas preferências profissionais: Os psicólogos
interessados na aplicação das teorias psicanalíticas procuraram entender como os desejos
e fantasias inconscientes podem influenciar as preferências profissionais, levando as
pessoas a escolherem carreiras que expressam essas questões emocionais subjacentes.
Desenvolvimento de abordagens terapêuticas: Além de compreender os processos
psicológicos subjacentes à escolha de carreira, algumas abordagens psicanalíticas
visavam desenvolver estratégias terapêuticas para ajudar as pessoas a superar bloqueios
ou ansiedades relacionados à sua trajectória profissional.
Exploração das influências inconscientes na escolha de carreira: As teorias
psicanalíticas visavam investigar como desejos, impulsos e conflitos inconscientes podem
afectar as escolhas de carreira. Por exemplo, considerou-se como questões não resolvidas
da infância ou traumas emocionais podem influenciar a direcção profissional escolhida.
Compreensão das dinâmicas emocionais no ambiente de trabalho: Além de se
concentrar na escolha de carreira em si, algumas teorias psicanalíticas também
exploraram como as dinâmicas emocionais, como relacionamentos interpessoais e
conflitos no local de trabalho, podem influenciar a satisfação e o sucesso profissional.
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Identificação de padrões repetitivos: As teorias psicanalíticas buscaram identificar


padrões repetitivos de comportamento ou escolhas de carreira entre indivíduos e entender
como esses padrões podem ser explicados por questões inconscientes. Por exemplo,
como algumas pessoas podem repetidamente escolher carreiras que as coloquem em
situações de poder ou submissão devido a questões não resolvidas.
Desenvolvimento de estratégias de aconselhamento e intervenção: Os estudiosos das
teorias psicanalíticas da orientação vocacional também buscaram desenvolver abordagens
terapêuticas e estratégias de aconselhamento que ajudassem os indivíduos a explorar e
resolver questões inconscientes que podem estar afectando suas escolhas de carreira.
Promoção do autoconhecimento: Um objectivo fundamental era promover o
autoconhecimento entre os orientandos, permitindo que eles explorassem aspectos
ocultos de suas motivações e desejos em relação à carreira. Isso poderia ajudá-los a tomar
decisões mais conscientes e alinhadas com suas necessidades e objectivos pessoais.

Em suma, o objectivo das teorias psicanalíticas da orientação vocacional era explorar as


dimensões emocionais e inconscientes que influenciam as escolhas de carreira das pessoas. Essas
teorias buscavam compreender como as motivações e conflitos internos podem desempenhar um
papel importante na formação das aspirações e decisões de carreira, fornecendo assim uma
perspectiva mais profunda para orientadores e psicólogos que trabalham com questões
vocacionais.

2.9.Principais teorias psicanalíticas no campo da orientação vocacional

1.Teoria da Escolha Vocacional de Anna Freud: Anna Freud, filha de Sigmund Freud, propôs
que as escolhas de carreira são influenciadas por processos psicodinâmicos, como a busca por
expressar desejos e evitar conflitos inconscientes. Ela acreditava que as escolhas vocacionais
poderiam reflectir a resolução de conflitos não resolvidos da infância.

2.Teoria da Escolha Vocacional de Ginzberg, Ginsburg e Axelrad (Abordagem


Psicodinâmica): Além de sua teoria desenvolvimental mencionada anteriormente, essa
abordagem também explora os elementos psicodinâmicos das escolhas vocacionais. Ela enfatiza
a importância de factores emocionais e inconscientes na decisão de carreira.

3.Teoria do Desenvolvimento de Carreira de Vocacionais de Donald Super (Abordagem


Psicanalítica): Além da abordagem de ciclo de vida, Super também considerou os elementos
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psicanalíticos em suas teorias. Ele sugeriu que as escolhas de carreira podem ser influenciadas
por desejos inconscientes, complexos de Édipo e outros factores emocionais.

4.Teoria do Complexo de Édipo na Escolha de Carreira: Alguns psicólogos exploraram a


possibilidade de que o complexo de Édipo, um conceito da teoria freudiana, possa influenciar
indirectamente as escolhas de carreira. Por exemplo, conflitos não resolvidos com figuras
parentais podem se reflectir em escolhas de carreira que buscam agradar ou evitar desafiar essas
figuras.

5.Abordagem Psicanalítica da Orientação Vocacional: Essa abordagem considera que as


escolhas de carreira podem ser uma expressão simbólica dos desejos e necessidades
inconscientes. Por exemplo, uma pessoa pode escolher uma carreira que simbolize uma tentativa
de superar traumas ou resolver conflitos internos.

6.Abordagem Psicodinâmica da Autoconceituação de Savickas: Enquanto Savickas é mais


conhecido por sua teoria centrada no construcionismo, também há elementos psicodinâmicos em
suas ideias. Ele sugere que as escolhas de carreira são influenciadas pelo desenvolvimento da
identidade e pelo autoconceito, que por sua vez são moldados por processos psicodinâmicos.

É importante observar que as teorias psicanalíticas da orientação vocacional podem ser mais
especulativas e difíceis de validar empiricamente em comparação com abordagens mais
cognitivas ou desenvolvimentais. A psicologia da orientação vocacional é um campo amplo e
multidisciplinar, e diferentes teorias podem oferecer insights valiosos sobre as complexidades
envolvidas na escolha de carreira das pessoas.

3.abordagem de Bohoslavsky sobre orientação

O argentino Rodolfo Bohoslavsky inicia na década de sessenta, os fundamentos teóricos do


enfoque clínico na orientação vocacional, sob a influência da psicanálise inglesa, na figura de
Melanie Klein, através dos conceitos de instâncias psíquicas: ego, id e superego; de inconsciente,
de narcisismo, de mecanismos de defesa, de idealização (ideal-de-ego), de identificação, de
sublimação e de reparação. Como também da Psicologia do Ego de Kurt Lewin, da “psicanálise
clínica”, preconizada pelo argentino José Bleger e do “Grupo Operativo” de Pichon-Rivière.
(Lehman, Silva, Ribeiro & Uvaldo, 2011).
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Em 1960, ele lança o livro “Orientação Vocacional: uma estratégia clínica”, que traz os
fundamentos da sua abordagem. Nesta obra, “propõe a compreensão do indivíduo como sujeito
de escolhas, numa crítica à modalidade psicométrica em Orientação Vocacional que tomava o
indivíduo como objecto de sua intervenção”. De nítidas bases psicanalíticas, ele preconizava que:
“o vocacional seria uma resposta do sujeito a quem ele é, não ao que ele faz, da ordem do
ocupacional” (Ibid., p. 120).

3.1.Princípios e funções

A estratégia clínica busca:

 Entender a psicodinâmica vocacional do sujeito;


 Compreender a problemática vocacional (conflito vocacional básico), que seria o tipo
específico de problemas de personalidade que envolve mecanismos de decisão diante de
papéis ocupacionais;
 Possibilitar a integração do devir vocacional com as possibilidades ocupacionais
(Veinstein, 1997);
 Dar oportunidade para os indivíduos se expressar como sujeito de escolhas; um indivíduo
em acção, no sentido de Arenet (1958/1987) lhe dá, como actividade existencial, não só
existente (Veinstein, 1994), sendo esta a proposta ética da estratégia clínica em
Orientação profissional.

3.2.Objectivo da abordagem de Bohoslavsky sobre orientação

A abordagem de Bohoslavsky sobre orientação teve como objectivo principal compreender e


abordar as questões relacionadas à orientação vocacional de forma mais ampla e holística. Entre
os principais objetivos dessa abordagem, destacam-se:

Consideração do contexto social e cultural: Bohoslavsky reconheceu a importância de


levar em conta factores socioeconómicos, culturais e ambientais ao abordar questões de
orientação vocacional. Seu objectivo era integrar esses factores no processo de
orientação, reconhecendo que as escolhas de carreira são influenciadas por condições
externas.
Desenvolvimento pessoal e autoconsciência: A abordagem de Bohoslavsky enfatizou o
desenvolvimento pessoal como um componente central da orientação. Seu objectivo era
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ajudar os indivíduos a desenvolverem uma compreensão mais profunda de si mesmos, de


suas motivações, interesses e valores, a fim de tomar decisões de carreira mais
informadas.
Uso de métodos práticos e interactivos: Bohoslavsky propôs o uso de métodos práticos
e interactivos, como entrevistas, jogos de papéis e actividades de exploração vocacional,
como parte do processo de orientação. Seu objectivo era proporcionar aos indivíduos a
oportunidade de se envolverem activamente na exploração de suas opções de carreira.
Atenção à dimensão de género: Bohoslavsky também destacou a importância de
considerar as questões de género na orientação vocacional. Seu objectivo era abordar as
desigualdades de género no mercado de trabalho e ajudar as pessoas a tomar decisões de
carreira que fossem congruentes com seus interesses e habilidades, independentemente de
seu género.
Avaliação e adaptação contínuas: A abordagem de Bohoslavsky enfatizou a
necessidade de avaliação contínua e adaptação das estratégias de orientação com base nas
necessidades e no progresso de cada indivíduo. Seu objectivo era criar um processo
dinâmico e personalizado de orientação.
Promover a auto-estima e autoconfiança: Bohoslavsky reconhecia que a autoestima e a
autoconfiança desempenham um papel crítico na tomada de decisões de carreira. Seu
objectivo era ajudar os indivíduos a desenvolver uma visão mais positiva de si mesmos e
de suas capacidades, capacitando-os a enfrentar os desafios da escolha de carreira com
mais confiança.
Fornecer apoio emocional: A abordagem de Bohoslavsky também valorizava o aspecto
emocional da orientação. Seu objectivo era oferecer um espaço seguro para os indivíduos
explorarem suas preocupações, ansiedades e emoções relacionadas à escolha de carreira e
fornecer apoio emocional quando necessário.
Flexibilidade e adaptação às mudanças: Bohoslavsky enfatizava a necessidade de ser
flexível e adaptar abordagens de orientação de acordo com as mudanças nas
circunstâncias e aspirações dos indivíduos. Seu objectivo era garantir que a orientação
pudesse se ajustar às evoluções na vida dos orientandos.
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Promover o bem-estar integral: Além de se concentrar apenas na carreira profissional,


Bohoslavsky buscava promover o bem-estar integral dos indivíduos, incluindo aspectos
como equilíbrio entre vida pessoal e profissional, qualidade de vida e satisfação geral.
Desenvolver um senso de Auto direcção: Um objectivo fundamental da abordagem de
Bohoslavsky era capacitar os indivíduos a se tornarem autodirigidos em sua busca por
uma carreira significativa. Isso incluía ajudá-los a aprender a tomar decisões informadas
por conta própria.

3.3.Estratégia, táctica e técnica

Para Bohoslavsky (2001), a Orientação Profissional seria uma estratégia de observação e


intervenção sobre o comportamento humano e necessitaria de uma logística (quadro de
referência teórico) de uma estratégia (operacionalização da logística, transformando-a em acção
planejada e intencional sobre dada situação com finalidade de modificá-la, segundo
determinados propósitos) e de uma táctica (recursos práticos a serem utilizados).

 Instrumentos – a entrevista clínica é o principal instrumento técnico. Alguns testes


projectivos e técnicas de informação ocupacional (por exemplo, a técnica do RO),
técnicas complementar básicas.
 A Orientação Profissional pode ser, então, realizada na modalidade individual ou grupal,
sendo que ambas, guardadas as devidas especificidades, obedecem aos mesmos
princípios e etapas de intervenção: diagnóstico, prognóstico e orientação profissional.

3.4.A orientação vocacional e o adolescente

Bohoslavsky (2015) refere-se ao termo orientação vocacional, quanto às distintas actividades


como aquelas correspondentes aos quadros de referências, as teorias que orientam tal prática,
como também as concepções filosóficas e de ciências; além de se utilizar de técnicas diversas,
apesar de tais diferenças não aparecerem de forma tão clara. De posse de um conhecimento
sólido, o orientador conduzirá o processo de forma mais segura e, com isso, logrando maior
êxito.

No parágrafo citado, Bohoslavsky (2015) explora a complexidade da orientação vocacional,


abrangendo aspectos que vão desde os fundamentos teóricos até as técnicas práticas. O autor
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destaca a importância de um conhecimento sólido para os orientadores, destacando que isso leva
a uma condução mais segura e ao aumento do sucesso no processo de orientação.

Percebe-se que tal tarefa carrega em si grande complexidade, desse modo, exigindo-se do
orientador, um conhecimento profundo na área, isso pressupõe também uma contínua formação a
fim de levar a cabo tal tarefa. Pois sua prática, que atende a uma imperiosa necessidade actual,
requer não só a explicitação de técnicas e recursos para uma análise exaustiva dos mesmos, como
também a formulação de esquemas conceituais pertinentes à sua temática específica”
(Bohoslavsky, 2015, p. 2).

Neste parágrafo, destaca-se a complexidade inerente à tarefa de orientação vocacional, que


implica um profundo conhecimento por parte do orientador. O autor enfatiza a importância da
educação continuada para que o orientador possa realizar essa tarefa de maneira eficaz.

Segundo Bohoslavsky (2015,) a actividade de orientação vocacional não é tarefa exclusiva de


psicólogo, pois pedagogos, sociólogos, professores secundários e outros, também estão
implicados na tarefa do “processo de orientação frente à situação de escolha”. Porém, “existe
uma dimensão da tarefa que é campo privado do psicólogo: o do diagnóstico e solução dos
problemas que os indivíduos têm em relação a seu futuro, como estudante e profissionais, no
sistema económico da sociedade a que pertencem” (Id.)

Ainda, segundo Bohoslavsky (Id.) a orientação vocacional, são procedimentos de psicólogos


especializados para esse fim, e que tem como cliente, as pessoas que, em certo momento de suas
vidas, se deparam com a necessidade de se decidir. Isso pode acontecer no momento da escolha
por um curso. Desse modo, a escolha passa a ser momento crítico, pois se constitui num processo
de mudança. E a depender da forma como as pessoas enfrentam e elaboram tais mudanças,
dependerá o seu desenvolvimento futuro, se para a saúde ou para a doença.

A abordagem proposta por Bohoslavsky, segundo Moura (2014, pp. 26-27), “considera
fundamental que o orientando chegue a uma decisão autónoma a partir da elaboração dos
conflitos e ansiedades que experiencia em relação ao futuro; que o orientando seja capaz de
conhecer seus interesses e os motivos que os sustentam”; observa ainda que: “o orientando
aprenda a escolher e desenvolva maturidade para enfrentar obstáculos futuros através da
elaboração dos seus conflitos”. Isso se deve porque, segundo essa abordagem, “as profissões são
dinâmicas e as potencialidades para exercê-las são variáveis”. Nessa visão, não é função do
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orientador “buscar medi-las ou defini-las”. Em consequência disso, a participação activa do


adolescente, no processo decisório de uma escolha profissional, proporcionará ao mesmo, o
exercício de autonomia necessário para as decisões futuras.

Bohoslavsky (2015, p. 28) coloca que “para um adolescente, definir o futuro não é somente
definir o que fazer, mas, fundamentalmente, definir quem ser e, ao mesmo tempo, definir quem
não ser. Ainda, segundo o autor, se o adolescente se preocupar “somente com o que fazer, o
psicólogo deve restituir-lhe a parte da realidade que esteja escamoteada”, desse modo, “terá que
lhe mostrar que forma deve ser escolhe ou quer escolher. E quando se preocupa somente com
que coisa ser, terá que lhe mostrar que relação tem a ocupação com (sic) concreta com esse modo
de ser que se propõe a assumir”. Assim, o psicólogo orientador, estará à disposição do
orientando, no sentido de guiá-lo à Auto percepção, que se faz tão necessária no processo de
tomada de decisão.

3.5.Sobre a identidade vocacional e o processo de escolha

Outro conceito discutido por Bohoslavsky (2015) é a questão da identidade ocupacional e


identidade profissional. O autor não considera a identidade ocupacional como algo definido, mas
tão-somente como “momento de um processo submetido às mesmas leis e dificuldades daquele
que conduz à conquista de identidade pessoal. Esta colocação elimina a ideia de que a vocação é
algo definido, um “chamado” ou destino preestabelecido, que deve descobrir” (p. 30). E
considera ainda que, “como a identidade ocupacional é um aspecto da identidade do sujeito,
parte de seu sistema mais amplo que a compreende, é determinada e determinante na relação
com toda a personalidade”. Por conseguinte, “os problemas vocacionais terão que ser entendidos
como problemas de personalidade determinados por falhas, obstáculos ou erros das pessoas, no
alcance da identidade ocupacional” (Id.)
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4.Conclusão

Cegado ao fim do presente trabalho, percebemos que, as teorias psicológicas da orientação


vocacional fornecem uma base sólida para a compreensão das complexas decisões que os
indivíduos enfrentam ao escolher uma carreira. Essas teorias abordam desde os aspectos mais
racionais e cognitivos até os elementos emocionais e inconscientes que moldam as escolhas
profissionais. As teorias decisionais destacam a importância da análise racional e da busca pela
maximização da utilidade, enquanto as abordagens psicanalíticas revelam as profundas
influências dos desejos não realizados, traumas passados e conflitos internos.

É claro que as escolhas de carreira não podem ser reduzidas a um único factor, mas sim a uma
interacção complexa entre múltiplas variáveis. O papel do desenvolvimento pessoal ao longo da
vida, a influência de figuras significativas e a busca por congruência entre o self interno e as
oportunidades externas são temas recorrentes nas teorias psicológicas da orientação vocacional.
Essas teorias não apenas nos ajudam a entender como as escolhas de carreira são feitas, mas
também ressaltam a importância de uma abordagem individualizada, considerando a
singularidade de cada pessoa.

Além disso, a abordagem inovadora de Bohoslavsky destaca a necessidade de um espaço seguro


para a auto-reflexão e a exploração interna. Isso ressalta que a orientação vocacional não é
apenas sobre escolher entre opções, mas também sobre autoconhecimento, autenticidade e
alinhamento com os valores e aspirações mais profundos.

Em última análise, as teorias psicológicas da orientação vocacional fornecem um mosaico de


perspectivas que enriquecem nossa compreensão da complexidade por trás das decisões de
carreira. A combinação dessas abordagens oferece insights valiosos para orientadores, psicólogos
e indivíduos que buscam navegar pelo intricado processo de escolher uma trajectória profissional
significativa e realizadora.
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5.Bibliografia

BOHOSLAVSKY, R.(2015) Orientação Vocacional: a estratégia clínica. 12. ed.. Trad. José
Maria Valeije Bojart. São Paulo: Martins Fontes.

Holland, J. L. (1997). Making vocational choices: A theory of vocational personalities and work
environments. Psychological Assessment Resources.

Super, D. E. (1980). A life-span, life-space approach to career development. Journal of


Vocational Behavior, 16(3), 282-298.

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