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Resumo- Freud - Vol.

VII - Três ensaios sobre a Teoria da


Sexualidade (1905) -caps. 02
CAPITULO II - SEXUALIDADE INFANTIL
Freud começa o presente capítulo criticando o descaso em que é tratado a existência da pulsão
sexual na infância. Ele afirma que é inútil ignorar essa existência e tratar a sexualidade infantil
como curiosidade ou casos excepcionais. Ele afirma que a hereditariedade tem importância nesse
sentido, mas que a experiência também é fundamental.
Essa falta em atribuir fundamentalidade à sexualidade na primeira infância pode ser explicada pela
amnésia infantil (presente não em todas as pessoas, mas por volta dos 6-8 anos de idade). Freud
acredita arduamente que a capacidade de recepção e reprodução é maior nos primeiros anos da
infância. Por resistência da consciência (recalcamento), e repressões, fazemos isso. Através dessa
amnésia, pôde-se discutir o estado anímico da infância x estado anímico de psiconeuróticos
(histéricos). No ponto que a sexualidade dos psiconeuroticos preserva o estado infantil ou
reconduzida a ele, cabe lembrar que a amnésia infantil também está relacionada à sexualidade na
infância: a amnésia histérica (que apresenta recalcamentos) só se dá pela existência da amnésia
infantil.
Freud então vai falar do período de latência sexual da infância, afirmando ter o recem-nascido
pisões sexuais que são suprimidas em algum momento e rompidas pelos avanços do
desenvolvimento sexual. De forma acessível, a criança costuma expressar-se por volta dos 3-4 anos.
Esse desenvolvimento psíquico é posto junto à formação anatômica, datando a puberdade que
ocorre na adolescência como uma segunda puberdade, afinal. As inibições sexuais ficam a par dos
diques (asco, vergonha, moralidade) geradas pela educação civilizada e pela hereditariedade
também. A energia então é desviada do uso sexual (meta sexual) para outros fins (sublimação),
ainda dentro do período de latência sexual da infância. Essa sublimação faz via da formação reativa,
embora sejam distintos. Sendo as moções sexuais infantis perversas em si, elas provocariam
sensações desprazerosas, formando moções reativas, que são suprimidas pelos diques psíquicos
(asco, vergonha e moral). Freud acha sério romper com o período de latência, e afirma ser a
sexualidade infantil fonte de estudo para entender a origem da pulsão sexual, embora não seja a
concepção dos educadores de sua época.
Freud vai então firmar as manifestações da sexualidade infantil, citando o chuchar (ato de sugar o
deleite), que aparece no período latente e pode mesmo se estender pelo resto da vida. A sucção sem
motivação nutricional apresenta intenções de satisfação e mesmo orgasmo. Esse chuçar pode ser
equiparado a outra “maus costumes” na infância.
Freud ilustra então o auto-erotismo (a pulsão e excitação sexual é dirigida a si e brota em si
mesmo). Para a psicanálise, o essencial não é onde nasce a excitação, mas é sua relação com o
objeto. O ato de chucar, por exemplo, é uma busca do auto-prazer, vivenciado primeiramente com o
seio da mãe: nesse caso, os lábios se comportam como zona erógena (a satisfação aqui dialoga com
a precisão de alimento). Dissociando-se a satisfação da nutrição, surge outras zonas erogenas pra
compensar. Mais tarde, a pessoa irá buscar os lábios, correspondente à pele. Muitas crianças não
desenvolvem o ato de chuchar, e quando “obrigadas”, mais tarde serão indivíduos quem beijam
muito, tendendo a beber e fumar. Sobre recalcamento, sentirão nojo de comida. Pessoas com
distúrbios alimentares foram na infância firmes do chuchar. Ou seja, trata-se uma manifestação
sexual infantil: NÃO HAVENDO OBJETO SEXUAL (autoerotica), TENDO ALVO SEXUAL NO
DOMINIO DE UMA ZONA ERÓGENA, características essas válidas também para outras
atividades das pulsões sexuais infantis.
Freud após citar o chuchar como exemplo, conceitua zona erógena como sendo uma parte da pele/
mucosa onde certos tipos de estimulação provocam uma sensação prazerias de determinada
qualidade. Afirma ter uma qualidade particular da sensação prazerosa, mas é prudente quanto a isso.
Essa carac erógena é mais marcante em certas partes do corpo, sendo a qualidade do estímulo mais
fundamental que necessariamente à parte do corpo responsável pela sensação de prazer. Há uma
possibilidade de deslocamento na histeria: o recalcamento nessa neurose afeta as zonas genitais,
fazendo com que elas transmitam suas excitabilidades a outras zonas erógenas, comportando-se
como genitais.
O alvo sexual infantil pretende provocar satisfação dentro da zona erógena escolhida (satisfação
essa que já foi vivenciada antes -> vc vai querer repetir -> seja pq sente tensão/desprazer, seja sob
uma sensação de prurido ou estimulação centralmente condicionada para a zona erógena.
Entendido que a pulsão vem de uma única zona erogena, Freud afirma que quanto à satisfação, é
sabido que o indivíduo irá substituir o sugar por outras ações musculares conforme posição e a
natureza das ZEs. Aqui ele fala do ânus enquanto zona erogena com fortes excitações na infância.
Ele afirma que é ele grande sinal de somáticas doenças nos neuróticos. Ele afirma que é um ponto
forte de satisfação devecar, algo vivenciado na infância: o ser se sente dócil e obstinado. Para ele,
reter a massa fecal gera muito prazer, e ter que elimina-lo pode ser horrivel, embora necessário.
Freud então vai falar a zona genital, ligada à estimulações por secreções que atiçam precocemente
a excitação sexual em crianças. A sensação prazerosa é sentida sim (e eliciada a se repetir) ainda na
infância! A ação que elimina o estímulo, provocando satisfação é feita pelo contato de fricção
manual ou por uma pressão exercida pela mão ou unindo as coxas (meninas).
Freud disntingue tres fases da masturbação infantil (latência, 4o ano e puberdade).
Na segunda fase, essa questão pode ser suprimida ou prosseguida sem interrupção. Todos os
detalhes dessa fase deixam marcas inconscientes na pessoa, podendo deixá-la sadia ou neurótica.
Ele afirma que a amnésia infantil pode datar dessa fase, podendo a psicanálise intervir e trazer à
consciência. Na lactância, essa excitação sexual retorna, seja de forma condicionada, seja por
polução (a enurese noturna é um exemplo).
Fatores internos e externos, inferidas a partir de sintomas nos casos de doenças neuróticas, são
decisivas para fazer reaparecer a atividade sexual. Os externos envolvem a sedução. Essa criança se
tornaria perversa polimorfa (sendo induzida a transgressões); nesse ponto, os diques psíquicos, que
agem contra excessos sexuais, como a moral e a vergonha ainda estão em construção. Em condição
normal, ela permanece sexualmente normal, mas sob ação de um sedutor, desenvolverá perversões e
as fixará em sua ativ sexual, que se farão notar como aspirações autônomas, incialmente seperadas
da ativ sexual erógena. Inicialmente é desprovida de vergonha… a pulsão de ver (genital do outro)
surge na criança numa manifestação sexual espontânea. A vontade de ver, e não ver, pode gerar
pressão que pode originar sintomas. A crueldade da pulsão sexual se desenvolve. Atrelando pulsão
cruel e sexual, esses indivíduos terão, então, atividade sexual intensa e precoce.
Na medida que a vida sexual infantil começa dos 3-5 anos, se instaura também a execução da
pulsão de saber/investigar. Tudo isso por causa da relação com a vida sexual, sendo despertada por
eles. O anseio de vir um novo bebê (e assim perder amor) torna a criança mais pensativa e
perspicaz. Surge, então, o enigma da esfinge, e ela se pergunta de onde vêm os bebês. O fato de
existirem dois sexos é mais aceito com hesitação que a origem dos bebês. Com a observação, e após
sérias lutas internas, a convicção dos meninos de que todos têm pênis cai (complexo de castração);
as meninas também consideram que já tiveram o órgão: ha casos em que o menino se convence de
que a menina nunca teve pênis, criando desprezo pelo sexo oposto. As meninas reconhecendo o
pênis, têm inveja dele, podendo querer ser um menino.
Por tudo isso, surge também as teorias do nascimento: saída pelo intestino, umbigo, etc. Quando a
criança não ouve sobre sexo dos pais e vê a relação sexual, ela o concebe como sendo sádico,
podendo trazer essa perversão à mesma. Procurando saber em que consiste o sexo, elas se
aventuram pelas funções de micção e defecação, por exemplo. O fato de não saberem a forma
verdadeira pela qual foram concebidos, pode trazer renúncia para a pulsão do saber. Sendo a
investigação sexual infantil feita na solidão, segue-se uma orientação autônoma no mundo, gerando
desconfiança na criança.
ATÉ AQUI FREUD FALA DO AUTO-EROTISMO (obg sexual no próprio corpo) E DE SUAS
PULSÕES PARCIAIS (independentes entre si em seus esforços para obter prazer. Tudo isso então
deve vir a compor uma organização para a consecução do alvo sexual num objeto sexual alheio (o
normal!).
Ele circunda então se organiz pré-genitais (organizações da vida sexual em que as genitais não têm
preponderância). A primeira delas é a oral/canibalesca, ligada à nutrição (se incorpora um mesmo
objeto para as duas funções); a segunda é a sádica-anal, com a divisão de opostos que perpassa a
vida sexual (ativo e passivo e não masculino e feminino nesse estágio); nessas duas aspirações
opostas, os objetos não coincidem. Essa forma de organização sexual exposta pode conservar-se por
toda a vida e atrair para si boa parte da atividade sexual. Essa organização é que também traz
indícios das neuroses. Pela zona anal, é que os pares de opostos de pulsões se desenvolvam
(ambivalência). Na infância, em algumas vezes, a escolha objetal já se faz. Mas é na última fase
pela qual passa a organização sexual, é que se tem a concentração das pulsões parciais ao primado
da genitália. Ou seja, a escolha do objeto vem dos 2-5 anos e na puberdade, quando há uma
configuração definitiva da vida sexual: essa via bitemporal produz recalcamentos, lembranças que
prosseguem, mas a não confluência das duas fases pode gerar a impossibilidade de conseguir a
união de todos os desejos em um único objeto.
Freud, ao buscar a origem da pulsão sexual, descobriu que as excitações sexuais nascem pela
reprodução de uma satisfação vivenciada, pela estimulação periférica apropriada das ZEs, e por
algumas pulsões que ainda têm origem desconhecida (como a de ver e a da crueldade). Freud fala
ainda da produção de excitação sexual a partir da agitação mecânica e ritmada do corpo: o
recalcamento da mesma pode gerar em adultos náuseas aos balanços; criam pavor de ferrovias; ele
afirma ainda nesse ponto que conjugando o susto com a agitação mecânica, tem-se uma neurose
traumática histeriforme. Em excesso, esses movimentos fontes de excitação sexual realmente
podem provocar desordem no mecanismo sexual.
Cita também a atividade muscular como método pra atingir satisfação, tendo os esportes e as lutas
musculares grandes conquistas para o ganho de prazer. Processos afetivos intensos também
dialogam com a sexualidade a fim de trazer excitação sexual: a dor, angústia, dentre outros
sentimentos podem trazer sim excitação (transa pós-briga) -> gerador do sadomasoquismo erógeno.
O trabalho e ocupação intelectual também é fonte de excitação sexual: e explica a prática de derivar
as perturbações nervosas do “excesso de trabalho” intelectual.
Freud afirma que as ZEs sao constituídas de forma múltipla por organiz sexuais inatas. Nesse
sentido, ele inclui fontes indiretas de excitação sexual, afirmando ter diferentes constituições
sexuais nas pessoas de modo geral quanto à intensidade (fator quantitativo) e à qualidade, de forma
a responder se a mesma é normal ou neurótica. Freud conclui ainda nesse capítulo que as vias de
ligação que levam à sexualidade podem também ser percorridas de forma inversa. As mesmas vias
que as perturbações sexuais passam para outras funções do corpo prestam, também, outra função.
Por elas, se atrairia forças pulsionais da sexualidade para outros alvos não-sexuais (sublimação da
sexualidade). Confissão essa que Freud pretendeu trabalhar melhor.

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