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Capítulo I - As Aberrações Sexuais

A inversão pode ser vista como um estado natural ou uma compulsão patológica.

A inversão e o hermafroditismo são independentes um do outro.

Pessoas que escolhem pessoas sexualmente imaturas (crianças) como objeto sexual são
consideradas aberrações isoladas. Também é válido para relações sexuais com animais.

A utilização da boca como órgão sexual é tida como perversão se entrar em contacto com os
órgãos genitais da outra pessoa.

O elemento de repulsa funciona como obstáculo à sobrevalorização libidinosa do objeto sexual.


Reconhece-se como uma das forças que conduzem à redução do alvo sexual. A utilização do
ânus revela que é a repulsa que imprime ao alvo sexual o cunho da perversão.

O substituto do objeto sexual é uma parte do corpo geralmente desadequada para fins sexuais
(pés, cabelos) ou um objeto inanimado (roupa interior). Comparação justificável com fetiche.
Torna-se patológico quando o fetiche passa a tomar o lugar do alvo normal. A escolha do
fetiche é um efeito tardio de uma impressão sexual.

O sadismo e o masoquismo ocupam uma posição de especial interesse entre as perversões. Para
alguns autores, esta agressividade constitui um vestígio de desejos canibalescos.

“Quem sente prazer em infligir dor aos outros durante uma relação sexual terá também
tendência, na maioria das vezes, a sentir como prazer toda a dor que eventualmente sofra
durante essa relação.” Um sádico é simultaneamente um masoquista.

“O estudo das perversões levou-nos à noção de que o instinto sexual tem de combater
determinadas forças mentais que se lhe opõem, das quais se destacam a vergonha e a repulsa.”

A única forma de obter informações sobre a vida sexual dos psiconeuróticos é através de uma
investigação psicanalítica (procedimento de J. Breuer – 1893). A psicanálise remove sintomas
de histeria utilizado como substituto dos processos mentais, desejos que são impedidos de
atingir a satisfação por uma atividade física admissível. Estes processos são mantidos num
estado inconsciente. A psicanálise demonstrou que os sintomas são um substituto de impulsos.

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Capítulo II - A Sexualidade Infantil

Desconsideração do fator infantil

De acordo com o senso comum, o instinto sexual está ausente na infância e só é despertado na
puberdade, no entanto, Freud argumenta que existe atividade sexual precoce em crianças,
nomeadamente ereções, masturbação, etc.

O motivo para esta desconsideração remete à peculiar amnésia que se estende sobre os
primeiros anos da maioria das pessoas até ao sexto ou oitavo ano de vida, sendo ela a
responsável pelo facto de habitualmente não se atribuir grande importância ao papel da infância
no desenvolvimento da vida sexual.

O Período de Latência Sexual da Infância e as suas Ruturas


Um recém nascido já traz consigo impulsos sexuais que continuam a desenvolver-se durante
algum tempo mas que, posteriormente, incorrem a uma progressiva supressão. Na maior parte
dos casos, a vida sexual das crianças manifesta-se de uma forma claramente notável a partir do
terceiro ou quarto ano de vida.

As Inibições Sexuais

No decorrer de um período de latência total ou simplesmente parcial, são edificadas forças


mentais que serão um obstáculo ao instinto sexual e que restringirão o seu fluxo. São elas, por
exemplo, a vergonha ou a repulsa).

Acredita-se que estes obstáculos podem ser resultado das forças educativas. Mas, para Freud,
este desenvolvimento é condicionado organicamente e fixado pela hereditariedade, e pode
surgir sem o impacto da educação.

Formação de Reações e Sublimação

Estas construções que são significativas para a dita normalidade de um sujeito, emergem às
custas dos próprios impulsos sexuais infantis, cujos não são estancados nem no período de
latência, mas que ao invés, a sua energia é desviada. A este desvio de forças instintivas de alvos
sexuais para novos alvos dá-se o nome de sublimação.

A sublimação desempenha um papel importante no desenvolvimento do indivíduo e inicia-se no


período de latência da infância.

As Manifestações da Sexualidade Infantil

Numa primeira instância, a atividade sexual serve funções necessárias à preservação da vida
(por exemplo, o mamar), vindo mais tarde a afastar-se das delas.

O chuchar é tomado como uma amostra das manifestações sexuais infantis. A sucção alia-se a
uma absorção da atenção e conduz ao adormecimento ou, então, a uma reação motora
semelhante a um orgasmo. Será desta forma que muitas crianças passam da sucção à
masturbação.

O autoerotismo será outra manifestação, onde a criança procura satisfazer o próprio corpo.

No chuchar, é possível observar as três características principais da manifestação sexual infantil:


o ato serve uma função corporal necessária à vida; não possui um objeto sexual (é auto erótica)
e o seu alvo sexual está ainda dominado por uma zona erógena (a boca?)

O Alvo da Sexualidade Infantil

Uma zona erógena remete a uma parte da pele na qual estímulos de certo tipo provocam uma
sensação de prazer. Ora, acontece que o alvo sexual do instinto infantil, consiste em obter
prazer através de estímulos apropriados das zonas erógenas escolhidas.

Em referência ás zonas genitais, as atividades sexuais destas zonas erógenas, pertencem aos
órgãos sexuais e constituem o início de uma posterior vida sexual "normal".

É possível distinguir três fases da masturbação infantil: a 1ª, existente em crianças recém
nascidas; a 2ª ao aparecimento da atividade sexual (por volta dos 4 anos); e a 3ª corresponde à
puberdade.
A masturbação, referente à 1ª fase desaparece após um curto período, sendo por volta dos 4
anos que esta atividade genital volta a reaparecer, persistindo até ser mais uma vez suprimido,
ou então continuar interruptamente. São os constituintes desta 2ª fase que deixam impressões
inconscientes na memória de uma pessoa e que determinam o desenvolvimento do seu carácter.

A excitação sexual dos tempos de bebé volta a ocorrer nos anos da infância, sendo que este
reaparecimento é determinado por causas internas e externas. Em relação às causas internas,
marca-se a influência da sedução que ensina a criança a obter satisfação das zonas genitais.

A Indagação Sexual Infantil

Ao mesmo tempo que a vida sexual da criança começa a florescer, começam também a definir-
se os primeiros sinais de uma atividade resultante do instinto do conhecimento ou indagação.

Complexo de castração: ocorre quando os rapazes sentem falta de um pénis nas mulheres.

Inveja do Pénis: quando as raparigas percebem uma diferença entre os órgãos sexuais
masculinos e femininos.

Se numa idade precoce, uma criança testemunhar um ato sexual entre adultos, ela poderá
compreendê-lo como uma espécie de mau trato, sendo que esta impressão poderá conduzir a um
posterior desvio do objeto sexual.

Organizações Pré- Genitais

Ás organizações da vida sexual em que as zonas genitais ainda não assumiram o seu papel
predominante dá-se o nome de pré-genitais. A primeira fase desta organização é a oral, onde a
atividade sexual ainda não está separada da ingestão do objeto.

A segunda fase é a sádico-anal, onde já é possível identificar a polaridade sexual e o objeto


externo.

Também a escolha do objeto sexual irá ocorrer em duas fases, por volta dos dois e cinco anos de
idade e mais tarde na puberdade, determinando a configuração definitiva da vida sexual. A
escolha do objeto na puberdade tem de renunciar aos objetos infantis.

Fontes da Sexualidade Infantil

A excitação sexual surge como reprodução de uma satisfação vivida por ação de processos
orgânicos; mediante um estímulo apropriado e periférico das zonas erógenas; como expressão
de "instintos" e; por meio de agitação rítmica do corpo (excitação mecânica). As sensações de
prazer sentidas por certas agitações podem ser confirmadas pelo gosto, por exemplo, que uma
criança sente ao baloiçar-se.

Várias pessoas relatam que sentiram os primeiros sinais de excitação genital enquanto
brincavam, por exemplo, aos puxões ou à luta com os amigos.

Apesar de estas fontes influenciaram todos os indivíduos, elas não têm a mesma intensidade em
toda a gente.

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Capítulo III - As Transformações da Puberdade


Freud inicia este ensaio a afirmar que com a chegada da puberdade introduzem-se as
mudanças que levam a vida sexual infantil à sua configuração normal definitiva.
Diz também que é nessa fase que o impulso sexual, que até então era essencialmente
autoerótico, encontre o objeto sexual que inclui as fases oral, anal, fálica e latência e quando
atinge a puberdade há a fase genital. Completa escrevendo que a normalidade sexual só é
assegurada pela ‘exata convergência’ das duas correntes, do objeto sexual e da meta sexual: a
corrente de ternura e a corrente sensual. A primeira arrecada o que restou do crescimento da
parte primitiva infantil e a segunda coloca-se ao serviço da função reprodutora.
Conclui referindo que perturbações patológicas podem levar a inibições no
desenvolvimento da vida sexual.

O PRIMADO DAS ZONAS GENITAIS E O PRAZER PRELIMINAR


Freud narra que o que mais se destaca nos processos da puberdade é o crescimento
manifesto da genitália externa, que era exibida no período de latência de infância. O
desenvolvimento visa a reprodução. É através dos estímulos que o aparelho reprodutor vai ser
ativado. Estes são afetados por 3 vias: a partir do ambiente externo, através da excitação das
zonas erógenas, do interior do organismo e a partir da vida anímica.

TENSÃO SEXUAL
A sensação de tensão traz consigo um certo desprazer, sendo acompanhada por uma
pressão para alterar a situação psíquica que tem um efeito impulsionador completamente
contrário à sensação de prazer.

MECANISMO DO PRAZER PRELIMINAR


O prazer derivado da excitação das zonas erógenas é o prazer preliminar, enquanto que
o que é produzido pela expulsão das substâncias sexuais é o prazer final. O prazer preliminar é o
que já era produzido pelo instinto sexual infantil. O prazer final, pelo contrário, é novo e
provavelmente está ligado a condições que só surgem na puberdade.

TEORIA DA LÍBIDO
(NOTA: DEFINIÇÃO DE LÍBIDO)

DIFERENCIAÇÃO ENTRE HOMEM E MULHER

A DESCOBERTA DO OBJETO
No início da satisfação, o instinto sexual encontrava no seio da mãe um objecto sexual
exterior ao próprio corpo da criança, só mais tarde perde esse objecto pois começa a ser capaz
de criar uma representação completa da pessoa a quem pertence esse órgão que lhe dá
satisfação.

OBJETO SEXUAL DA INFÂNCIA EM FASE DE AMAMENTAÇÃO


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Conceitos:

 OBJECTO SEXUAL – pessoa de quem provém a atração sexual.


 ALVO SEXUAL – acto ao qual o instinto impele.
 SEXUALIDADE INVERTIDA – homens cujo objeto sexual são homens e mulheres
cujo objeto sexual são mulheres.
 INVERTIDOS ABSOLUTOS – seu objeto sexual é exclusivamente do mesmo sexo.
 INVERTIDOS ANFIGÉNICOS – objeto sexual pode pertencer ao mesmo sexo ou ao
sexo oposto.
 INVERTIDOS OCASIONAIS – objeto sexual é uma pessoa do mesmo sexo e podem
sentir satisfação sexual com essa mesma pessoa.
 HERMAFRODITISMO – genitais combinam caracteres masculinos e femininos.
 HERMAFRODITISMO VERDADEIRO – coexistem lado a lado.
 HERMAFRDITISMO PSÍQUICO – objeto sexual dos invertidos é o oposto do
normal. Não é do mesmo sexo, mas sim a união dos caracteres de ambos os sexos. É o
reflexo da natureza bissexual.
 TEORIA DA BISSEXUALIDADE – “cérebro feminino num corpo masculino”.
 ALVO SEXUAL NORMAL – união dos órgãos genitais no ato que conduz à extinção
da tensão sexual e à extinção temporária do instinto sexual.
 SADISMO – componente agressiva do instinto sexual.
 MASOQUISMOS – forma mais extrema de comportamento, a satisfação depende do
sofrimento, dor física ou mental perante o objeto sexual.
 Período de latência: intervalo no desenvolvimento da sexualidade infantil,
 Instinto Sexual: força que nos excita e atua de forma contínua. Este instinto existe e
atua de forma a realizar um determinado objetivo
 Impulsos Sexuais: conjunto de comportamentos dirigidos ao ato sexual. Sigmund Freud
afirmou que este impulso nasce connosco, estando relacionado com a libido.
 Orgasmo: conclusão do ciclo de resposta sexual que corresponde ao momento de maior
prazer sexual
 Auto erotismo: comportamento sexual de tipo infantil, em virtude
do qual o sujeito encontra prazer unicamente com seu próprio corpo,
sem recorrer a qualquer objeto externo.
 Zona erógena: determinadas partes do corpo onde o toque pode causar excitação sexual
 Puberdade: período em que ocorrem mudanças biológicas e fisiológicas.
 Indagação: ato ou efeito de indagar; busca

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