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Introdução

De acordo com MWAMWENDA (2004), desenvolvimento humano é conjunto de


transformações e mudanças qualitativas e quantitativas que ocorrem no individuo, da
concepção até a velhice. O presente trabalho tem como tema: Teoria de
Desenvolvimento Psicossexual de Freud. A teoria de desenvolvimento Psicossexual foi
desenvolvida por Sigmund Freud, criador do paradigma psicanalítico, que nasceu, em
1856, na cidade de Morávia, hoje, uma região da República Tcheca. Ao desenvolver a
sua teoria Freud defendia que a sexualidade, uma das características mais importantes
do ser humano, está presente desde os primórdios da vida, e que o ser humano é movido
por suas pulsões libidinais direccionadas a busca do prazer (LEVIN, 1969; DOLTO,
1977). O presente trabalho tem como objectivo geral compreender a teoria de
desenvolvimento psicossexual de Freud, e tem como objectivos específicos: (i)
Identificar os aspectos relevantes da teoria de Freud; (ii) Descrever as fases do
desenvolvimento psicossexual de Freud e (iii) propor estratégias para um
desenvolvimento infantil saudável tendo com base a teoria de Freud.

Quanto a metodologia, recorremos revisão bibliográfica, que baseou-se na


revisão de algumas literaturas que abordam sobre o tema em causa. Quanto a estrutura o
trabalho é composto pela introdução ( que contem uma breve introdução do trabalho e a
metodologia aplicada), o desenvolvimento ( que constitui o desenrolar do assunto em
causa), a conclusão( breve resenha do assunto identificado) e as referências
bibliográficas:
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1. Teoria de Desenvolvimento Psicossexual de Freud

Ao desenvolver a sua teoria Freud defendia que a sexualidade, uma das


características mais importantes do ser humano, está presente desde os primórdios da
vida, e que o ser humano é movido por suas pulsões libidinais direccionadas a busca do
prazer (LEVIN, 1969; DOLTO, 1977). Freud afirma que, sem nos apercebermos, somos
controlados por forcas externas tais como desejos, medos, emoções e conflitos e sua
teoria pretende, ao tornar o processo inconsciente conhecido, que o individuo possa
estar em posição de compreender o seu comportamento e efectuar mudanças quando a
satisfação o justifica (BALDWIN, 1980 apud MWAMWENDA, 2004). Ainda segundo
o autor acima citado, a teoria de desenvolvimento psicossexual de Freud concentra-se
nos seguintes aspectos a saber, níveis da psique, estrutura do aparelho psíquico, os
estádios de desenvolvimento psicossexual e os mecanismos de defesa.

1.1. Estrutura da psique

A estrutura do aparelho psíquico é composta por três elementos, o Id, o ego e o


superego, elementos que trabalham juntos interactivamente para manter e ajustar o
comportamento humano, sendo que o seu fracasso pode resultar em comportamentos
desajustados (LEFRANCOIS, 1980).

Id

O id é o primeiro elemento da estrutura da psique humana e tem como objectivo


primário a busca do prazer e o evitamento de experiencias dolorosas, representando o
aspecto mais insocial do Individuo (MWAMWENDA, 2004). ADAMS (2000), defende
que o Id é:

 Controlado pelo prazer;


 Não possui contacto com a realidade;
 Dominado pelos impulsos do sexo e da agressão, desejos, fantasias e tendências;
 Operado segundo o princípio da gratificação imediata.

Ego

O ego é a imagem que o individuo tem de si próprio enquanto ser auto-consciente, a sua
noção de si próprio enquanto separado do mundo que o rodeia (THURSCHWELL,
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2000). Em outras palavras o Ego é parte consciente e própria do individuo que é


determinado pelo princípio da realidade. Enquanto o id é dominado pelo prazer
imediato o ego busca a satisfação do prazer apenas quando for possível o fazer através
de um modo socialmente aceite. O Ego procura através de um processo realístico
procurar formas de responder as exigências pressionantes do Id, ao mesmo tempo que
desempenha a função mediadora e reconciliadora entre o id e o superego (PERVIN,
1970; MWAMWENDA, 2004).

Superego

O superego é a terceira instância do aparelho psíquico é o representa as influências e


exigências socias (pais, família, comunidade) no individuo. O superego contém os
princípios morais e valores sociais que bloqueiam e controlam as tendências sexuais e
agressivas do Id (CRAIM, 2000).

1.2. Níveis da Psique

De acordo com Freud, existem três níveis da psique humana, que se apoiam
numa ordem contínua, do consciente, pré-consciente e o inconsciente. O consciente é
tomado activa da realidade do que acontece, no exacto momento em que ocorre, como
por exemplo enquanto lemos, estamos activamente atentos ao processo de leitura.

O Pré-consciente por sua vez, contem as experiências de vida que podem ser trazidas a
consciência se a atenção suficiente lhes for dirigida, como por exemplo enquanto lê uma
obra, não esta activamente atento ao facto de possuir uma conta no BCI, mas que se lhe
for requisitada essa informação que esta no subconsciente pode facilmente dá-la
(MWAMWENDA, 2004).

O inconsciente por sua, é o conjunto de acontecimentos, experiencias, que foram


reprimidas e que não estão no rápido acesso da consciência do individuo, e que por
vezes podem se manifestar através de erros ou sonhos. Como por exemplo, estar
apaixonado por uma colega, mas ainda não possui consciência do desejo que possui pela
colega.
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1.3. Estádios do Desenvolvimento Psicossexual

A teoria de desenvolvimento psicossexual de Freud defende que o


desenvolvimento psicossocial do indivíduo inicia desde os primeiros anos de vida, em
fases ou estágios psicossexuais definidas por regiões do corpo, nos quais surgem
necessidades que exigem ser satisfeitas. A maneira como essas necessidades são
satisfeitas determina como a criança se relaciona com outras pessoas e quais
sentimentos ela tem para consigo mesma. As fases se seguem umas às outras em uma
ordem fixa e, apesar de uma fase se desenvolver a partir da anterior, os processos
desencadeados em uma fase nunca estão plenamente completos e continuam agindo
durante toda a vida da pessoa (MORAIS, 2011). Os estágios são denominados sexuais,
por se orientarem para o prazer, o que significa que o sujeito experimenta prazer similar
ao sexual na medida em que atravessa cada estágio. Freud divide o desenvolvimento
psicossexual em cinco (5) estágios que são: oral, anal, fálico, latente e fálico.

1.3.1 Estagio oral (0- 1 ano)

Nesta fase de desenvolvimento a boca é a principal fonte de prazer. A boca, a


língua, e os lábios estão envolvidos para gerar este prazer. Esta não se presta apenas à
satisfação das necessidades alimentares do bebé, como também se constitui como zona
erógena, ou seja, como fonte de prazer sensual. por isso, nesta fase, trate-se ou não de
alimento, tudo o que a criança consegue agarrar é levado à boca. O seio materno, é
fonte de grande satisfação que lhe permite estabelecer uma relação afectiva de
proximidade com a mãe, cuja natureza marca o modo como futuramente se relacionará
com o mundo. No início deste estádio, a criança vive num estado de indiferenciação eu -
mundo com o qual contacta fundamentalmente através da boca. Por isso, durante alguns
meses limita-se passivamente mamar no seio, na chupeta ou no biberão. Posteriormente,
ela própria procura agarrar qualquer objecto, chegando a morde-lo, de acordo com o
desenvolvimento de uma ora mais agressiva, para a qual contribui o aparecimento da
dentição.
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1.3.2. Estagio Anal (1 – 3 anos de idade)

Nesta etapa o ânus constitui a zona central da busca pelo prazer. Após a
digestão dos alimentos, estes vão-se acumulando na área rectal, ate que a pressão nos
músculos do esfíncter anal provoca a descarga reflexa. Esta descarga alivia a tensão,
pelo que se torna agradável. É, normalmente durante o segundo ano de vida que as
crianças começam a desenvolver o controlo muscular ligado à defecação; é também por
esta altura que os pais se preocupam com a criação de hábitos de higiene. Se a exigência
dos pais é demasiado rígida, a criança tanto pode tender a reter as fezes como a libertá-
las nos momentos mais inoportunos. Quer reter, quer expulsar as fezes se torna fonte de
prazer, pelo que a região anal é a zona erógena desta fase (MWAMWENDA, 2004). O
sucesso no treino da ida a casa de banho, quando a criança se apercebe quando e onde
aliviar, é uma conquista de domínio que contribui para o autodomínio anos mais tarde
(ADAMS, 2000).

1.3.3. Estágio fálico

Neste estágio os órgãos genitais constituem o foco principal da busca pelo


prazer. O objecto da libido é nesta fase, constituindo pelos órgãos genitais, pelo que a
criança obtêm prazer ao tocar-lhes. Se os pais ensinam os filhos que isso é vergonhoso,
os rapazes podem contrair o medo da castração e as raparigas a “inveja do pénis”.
Rapazes ou raparigas podem apresentar, futuramente, dificuldades de relacionamento
sexual. É nesta fase que as crianças vivem a primeira experiencia de amor heterossexual
(MWAMWENDA, 2004). O rapaz alimenta um atracão especial pela mãe, ao mesmo
tempo que desenvolve uma agressão competitiva em relação ao pai. A rapariga sente-se
atraída pelo pai, vendo a mãe como um obstáculo à realização dos seus desejos. Estas
vivências foram designadas, no caso do rapaz, por “complexo de Édipo”, e, no da
rapariga, por “complexo de Electra”.

1.3.4 Estagio Latente

Após a vivência da situação edipiana, a criança entra numa fase em que os


desejos sexuais estão praticamente ausentes. Segundo Freud, o apaziguamento das
pulsões sexuais é devido à amnésia infantil, processo pelo qual a criança esquece,
reprime no inconsciente as experiencias fortes do estádio fálico. A criança canaliza a
energia psíquica para actividades de outro tipo. A curiosidade sexual cede lugar à
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curiosidade intelectual que a entrada na escola ajuda a desenvolver. O conhecimento do


mundo físico e social amplia-se, afastando-se dos limites do mundo familiar carregado
de afectividade. A convivência com professores, colegas, ou outras pessoas, e a
participação no grupo exigem a adopção de condutas reguladas por normas bem
diferentes das que regiam o grupo familiar. Durante este período de acalmia sexual, a
criança assume atitudes, manifesta sentimentos e desenvolve actuações de modo a
cumprir o que se espera dela. Deseja obter sucesso na escola ou noutras actividades,
procurando tornar-se uma espécie de “criança-modelo” bem comportada, e apreciada
pelos pais, professores e amigos.

1.3.5. Estagio Genital (Adolescência)

Ao período de uma sexualidade latente sucede-se um estádio em que a


sexualidade desperta de novo e com grande intensidade. Isso deve-se ao fenómeno de
maturação orgânica e os impulsos desencadeados pela consequente produção de
hormonas sexuais. Para Freud, este estádio é uma repetição dos precedentes, pelo que se
reactivam os conflitos vividos na infância. O complexo de Édipo é revivido pelo
adolescente de uma forma muito especial. O amor vivido no período fálico em relação
ao progenitor do sexo oposto é agora canalizado para um atracão heterossexual por
pessoas alheias ao universo familiar. A satisfação dos impulsos da libido é agora
procurada pela prática de actividades sexuais de natureza genital (HALL & LINDZEY,
1970). Nesta fase os adolescentes, ficam interessados nos outros por razões recíprocas e
altruísticas, e desenvolvem um interesse especial por pessoas do sexo oposto. Entre as
raparigas a vagina sobrepõe-se ao clitóris enquanto centro de prazer. Nos rapazes, o
interesse, sexual muda da sua mãe para alguém fora da família com quem podem viver
uma relação intima e socialmente legitimada e aceitável (MWAMWENDA, 2004).

1.4. Mecanismos de defesa

Os mecanismos de defesa são estratégias especiais usadas como protectoras contra


qualquer fenómeno ou coisa que represente uma ameaça ou perigo ao Ego. A operação
destes mecanismos de defesa acarreta escapar de uma situação ameaçadora ou atenuar
essa situação, sendo que o Ego usa desses mecanismos para dar uma aparência normal a
esta situação (LEFRANCOIS, 1980, MWAMWENDA, 2004), em que podemos citar os
seguintes mecanismos:
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Repressão

Este mecanismo permite ao individuo impedir que certas experiências se tornem partes
da consciência, optando-se pela transferência dessas experiencia para um inconsciente.
Na repreensão além do bloqueio também pode se recorrer ao esquecimento como forma
de inibir a ocorrência de certos comportamentos. Como por exemplo: Um individuo
ansioso com a chegada dos Pais pode esquecer quanto tempo falta, para poder estar
mais tranquilo.

Intelectualização

Envolve o uso de desculpas para justificar um comportamento não aceitável. Por


exemplo: Um aluno pode justificar o seu fraco rendimento, alegando que os testes eram
muito difíceis.

Sublimação

A sublimação é a substituição de comportamentos indesejáveis por comportamentos que


são aceitáveis. Um individuo que sabe que a sua religião proíbe o consumo de álcool, e
prefere substituir por refrigerantes e sumos.

Deslocamento

O deslocamento envolve a focagem de desejos ou hostilidades próprias nos objectos


errados. Um polícia briga com sua esposa e descarrega sua raiva com os reclusos da
instituição em que trabalha.

Regressão

Envolve a reversão a um estado anterior de desenvolvimento porque a pessoa é incapaz


de lidar com a nova situação. Por exemplo um aluno que não consegue lidar com a
classe actual e é rebaixado a classe anterior.

Formação reactiva

Consiste na actuação oposta a maneira como o individuo sente em relação a uma certa
situação ou individuo. Os alunos odeiam o professor, mas em sua presença tende a agir
como se o adorassem.
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Projecção

A projecção envolve a atribuição de características indesejáveis aos outros. Por exemplo


um estudante que copia o teste dos outros, mas que frequentemente acusa os outros de o
fazerem.

Identificação

O individuo identifica-se ou associa-se a alguém (geralmente popular, ou influente) e


passa a gozar de suas características de forma indirecta.
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Conclusão

Referencias Bibliográficas

DOLTO, F. Psicanálise e pediatria. Rio de Janeiro: Zahar. 1977

LEVIN, M. Healthy sexual behavior. Pediatr. 1969

MORAES, Jossana. Teoria Desenvolvimento Psicossexual. FADEUP. 2011. Porto

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