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Catarina Nelson Estêvão

Estela Raimundo

Pensamento e Imaginação

(Licenciatura em Ensino de Português)

Universidade Rovuma
Lichinga
2021
Catarina Nelson Estêvão

Estela Raimundo

Pensamento e Imaginação

(Licenciatura em Ensino de Português)

Trabalho de Pesquisa de Carácter Avaliativo do 1º Ano


do Curso de Licenciatura em Ensino de Português, a ser
Apresentado no Departamento de Letras e Ciências
Sociais na Disciplina de Psicologia Geral, Sob
Orientação de Msc: Fernando Lourenço Fernandes.

Universidade Rovuma
Lichinga

2021
Índice

1 Introdução. ........................................................................................................................... 4

1.1. Objectivo Geral ................................................................................................................ 4

1.2. Objectivos Específicos ..................................................................................................... 4

1.3. Metodologias ................................................................................................................... 4

2. Pensamento e Imaginação ................................................................................................... 5

2.1. Conceito de Pensamento .................................................................................................. 5

2.1.1. Conceito de Pensamento segundo Cognitivismo: Piaget e Vigotsky ........................... 5

2.1.2. Conceito de Pensamento segundo Gestaltismo ............................................................ 6

2.1.3. Como se desenvolve o pensamento lógico?.................................................................. 6

2.1.4. Elementos do pensamento............................................................................................. 8

2.1.5. Tipos de pensamento .................................................................................................... 9

2.1.6. Relação do Pensamento com outros Processos Cognitivos ........................................ 10

4. Imaginação ........................................................................................................................ 11

3.1. Tipos de imaginação ...................................................................................................... 12

3.2. Importância de Jogos no Desenvolvimento da Imaginação ........................................... 12

3.3. Relação entre Pensamento e Imaginação……………………………………………...13

4. Conclusão.......................................................................................................................... 15

5. Referências Bibliográficas ................................................................................................ 16


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1. Introdução

A psicologia é a ciência que estuda o comportamento humano os processos cognitivos


(sentimentos, pensamentos, imaginação, linguagem, emoção, aprendizagem, etc.). Desse
modo, processo cognitivo segundo Nascimento (2009), é a realização das funções estruturais
de representação (pensar e imaginar), aquilo que concebemos do mundo.

O presente trabalho surge no âmbito da disciplina de Introdução à Psicologia tem como tema
Processos Cognitivos: Pensamento e Imaginação. Visando a análise e a relação dos vários
processos cognitivos, bem como a sua importância na vida dos indivíduos. O trabalho tem
como foco o pensamento e a imaginação enquanto dois processos psicológicos e interligados.
Essa pesquisa apresenta a seguinte estrutura: a presente Introdução; Definição de Conceitos-
chave; Pensamento Segundo Piaget e Vigotsky; Pensamento segundo Gestalt; Imaginação;
Tipos de imaginação; Importância de Jogos no Desenvolvimento da Imaginação; Relação do
Pensamento com outros Processos Cognitivos; e a Discussão-reflexiva do tema culminando
com uma breve conclusão.

1.1. Objectivo Geral


 Compreender a construção e a importância do pensamento e da imaginação para o
desenvolvimento psicológico do ser humano.

1.2. Objectivos Específicos


 Descrever as teorias psicológicas do pensamento e da imaginação;
 Analisar caracterizando o desenvolvimento do pensamento e da imaginação;
 Identificar a relação entre o pensamento e a imaginação com outros processos
cognitivos.

1.3. Metodologias

Para elaboração deste trabalho recorreu-se ao método bibliográfico que consistiu na consulta
de obras bibliográficas e internet, método descritivo que consistiu na descrição de
informações recolhidas nas diferentes obras onde cada autor está devidamente referenciado no
final do trabalho. Segundo Lakatos e Marconi (1987, p. 66) a pesquisa bibliográfica trata-se
do levantamento, selecção e documentação de toda bibliografia já publicada sobre o assunto
que está sendo pesquisado, em livros, revistas, jornais, boletins, monografias, teses,
dissertações, material cartográfico, com o objectivo de colocar o pesquisador em contacto
directo com todo material já escrito sobre o mesmo.
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2. Pensamento e Imaginação

2.1. Conceito de Pensamento

2.1.1. Conceito de Pensamento segundo Cognitivismo: Piaget e Vigotsky

O pensamento para Piaget citado por Nascimento (2009) é o mecanismo de adaptação do


organismo a uma situação nova e, como tal, implica a construção contínua de novas
estruturas.

Os indivíduos desenvolvem o pensamento a partir de exercícios e estímulos oferecidos pelo


meio que os cercam. O pensamento humano pode ser exercitado, buscando um
aperfeiçoamento, que evolui desde o nível mais primitivo da existência.

O pensamento se desenvolve em níveis, ou seja, em idade, a elaboração do pensamento surge


de um processo interno, através do processo de assimilação, acomodação e equilibração.
Piaget focaliza o processo interno dessa construção.

O pensamento se caracteriza por operar mediante conceitos e raciocínios, o pensar sempre


responde a uma motivação, que pode estar originada no ambiente natural, social, cultural ou
no sujeito pensante. O pensar é uma resolução de problemas.

Segundo Piaget citado por Ariel (1996)

Pode-se afirmar que o pensamento e a linguagem têm raízes genéticas diferentes; o


pensamento aparece antes da linguagem, e que a linguagem é apenas uma das suas
formas de expressão; as duas funções (pensamento e linguagem) desenvolvem-se
segundo trajectórias diferentes e independentes; e a formação do pensamento
depende basicamente da coordenação dos esquemas sensório motores e não da
linguagem.

Por outro lado, Vigotsky citado por Machado (2009), defende que:

Pensamento e linguagem são processos interdependentes, desde o início da vida. A


aquisição da linguagem pela criança modifica suas funções mentais superiores. A
linguagem dá forma e define o pensamento, possibilitando o aparecimento da
imaginação, o uso da memória e o planeamento da acção.

Vygotsky observa que o pensamento da criança inicialmente evolui sem a linguagem; assim
como os seus primeiros balbucios são uma forma de comunicação sem pensamento.

Entretanto, já nos primeiros meses, na fase pré-intelectual, a função social da linguagem já é


aparente, a criança tenta atrair a atenção do adulto por meio de sons variados. Até por volta
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dos dois anos, a criança possui um pensamento pré-linguístico e uma linguagem pré-
intelectual, mas a partir daí, eles se encontram e se unem, iniciando um novo tipo de
organização do pensamento e da linguagem. Nesse momento, surge o pensamento verbal e a
linguagem racional.

Assim, segundo Vygotsky citado por Gomma (1998), o desenvolvimento do pensamento é


determinado pela linguagem, pelos instrumentos linguísticos do pensamento e pela
experiência sócio-cultural da criança.

2.1.2. Conceito de Pensamento segundo Gestaltismo

A percepção é o pensamento que temos dos objectos ou dos movimentos por contacto directo
e actual.

Segundo Wertheimer, as estruturas do pensamento pré-existem no todo ou em parte, desde o


primeiro momento, sob a forma de organizações comuns à percepção.

Hering afirma que a intervenção do pensamento em nada modificava uma percepção, ou seja,
experimentamos a mesma ilusão de óptica mesmo depois de conhecer os dados percebidos
(Nascimento, 2009).

2.1.3. Como se desenvolve o pensamento lógico?

Algumas correntes advogam que o pensamento é condicionado socialmente e está


estritamente ligada a linguagem. Entende-se por linguagem a forma de exteriorização do
pensamento.

A abordagem de Vigotsky sobre o pensamento baseia-se na teoria marxista na qual refere que
as mudanças históricas na sociedade e a vida material produzem mudanças na natureza
humana. Este teórico vê o desenvolvimento do pensamento (desenvolvimento cognitivo) como
condicionado pelas relações sociais.

Para Vygostsky

Não é possível separar o desenvolvimento do contexto social e o pensamento é afectado


pela cultura onde o indivíduo se encontra inserido. Neste processo a linguagem
assume um papel importante no desenvolvimento das capacidades cognitivas da
criança. Cada criança possui o seu próprio desenvolvimento havendo diferenças entre
uma criança e outra.

Um outro psicólogo bem conhecido que se dedicou sobre o desenvolvimento do pensamento,


o desenvolvimento cognitivo portanto, foi PIAGET.
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Na sua óptica considerava o desenvolvimento do pensamento como sendo condicionado pela


maturação biológica e que as mudanças que possam ocorrer no pensamento da criança são
apenas mudanças qualitativas e não quantitativas.

Para determinar o desenvolvimento da criança Piaget usava diversos métodos os quais penso
que você também usa com as suas crianças, seja com os seus alunos ou seus filhos.

Piaget usava as seguintes perguntas: “ De onde vem o vento”? “ O que faz você sonhar”. Para
além deste método usava o de observação das actividades do indivíduo (da criança).

Piaget observou como as crianças lidam com os conceitos de número, espaço, velocidade,
tempo e outros e a partir dos resultados obtidos formulou a sua teoria de desenvolvimento do
pensamento. Para ele o pensamento se desenvolve em etapas diferentes que ele próprio
designou de estágios. Os estágios que caracterizam o pensamento da criança segundo Piaget
são quatro a saber:

 Estádio sensório-motor

(do nascimento aos 2/3 anos) - a criança desenvolve um conjunto de "esquemas de acção" sobre o
objecto, que lhe permitem construir um conhecimento físico da realidade. Nesta etapa desenvolve o
conceito de permanência do objecto, constrói esquemas sensório-motores e é capaz de fazer
imitações, construindo representações mentais cada vez mais complexas

 Estádio pré-operatório

(ou intuitivo) (dos 2/3 aos 6/7 anos) - a criança inicia a construção da relação causa e efeito,
bem como das simbolizações. É a chamada idade dos porquês e do faz-de-conta.

 Estádio operatório-concreto

(dos 6/7 aos 10/11 anos) - a criança começa a construir conceitos, através de estruturas
lógicas, consolida a conservação de quantidade e constrói o conceito de número. Seu
pensamento apesar de lógico, ainda está preso aos conceitos concretos, não fazendo ainda
abstracções.
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 Estádio operatório-formal

(dos 10/11 aos 15/16 anos) - fase em que o adolescente constrói o pensamento abstracto,
conceptual, conseguindo ter em conta as hipóteses possíveis, os diferentes pontos de vista e
sendo capaz de pensar cientificamente.

Apesar de Piaget ter dado grande contributo no estudo do pensamento da criança a sua teoria
não era de todo perfeito. Ele tem sido criticado por as tarefas usadas para determinar o
desenvolvimento do pensamento da criança serem muito complexas e envolverem o uso das
aptidões verbais. Piaget não deu importância o aspecto social (a cultura) e baseou-se mais nas
mudanças qualitativas que quantitativas.

O seu mérito reside em que a sua teoria permite captar as grandes tendências de
desenvolvimento da criança e também permite encarar as crianças como sujeitos activos na
aprendizagem.

A teoria de Piaget teve influencia na educação através dos princípios de:

a) Aprendizagem por descoberta;


b) Prontidão para aprendizagem; e
c) Diferenças individuais.

A teoria de Piaget parte de uma abordagem construtivista onde o papel do professor é o de


facilitar e não o de direccionar.

2.1.4. Elementos do pensamento

O pensamento caracteriza-se por três elementos a saber:


 Imagem;  Acção;  Representação

A imagem refere-se a aparência física dos objectos e fenómenos. Por ex. se quiser descrever a
aparência física de seu pai você formará uma imagem visual do seu pai A acção acompanha o
pensamento. As pessoas geralmente limitam os seus movimentos a gestos como franzir a cara,
morder o lápis, coçar a cabeça. Estas acções ocorrem quando estamos a pensar. Quando isso
acontece as pessoas que estão perto de nós nos perguntam: “ o que estás a pensar”? “
Aconteceu alguma coisa”
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A acção refere-se a movimentos relacionados com a linguagem, atitudes, manifestações e


comportamentos.

A representação constitui a componente básica do pensamento. O pensamento envolve a


representação de itens que não estão imediatamente presentes. Ao conversar ou escrever
compartilhamos os nossos conceitos com as pessoas.

2.1.5. Tipos de pensamento

O processo de pensamento actua de diversas formas. Diferentes indivíduos podem também


evidenciar diferentes tipos de pensamento. No inicio da nossa discussão sobre o pensamento
afirmamos que o pensamento ocorre sob forma de imagens segundo os resultados de
pesquisas realizadas. Isto quer dizer que ao pensamos sobre um objecto ou fenómeno este é
representado sob forma de imagem. Para compreendermos como decorre o processo de
pensamento importa referirmos sobre alguns dos tipos de pensamento mais conhecidos:
Pensamento visual figurativo, pensamento abstracto, pensamento reprodutivo e pensamento
criador.

 Pensamento Visual-Figurado

Este tipo de pensamento baseia-se nas representações (gravuras, modelos, etc.) e permite a
que o indivíduo possa reflectir de uma forma diversificada a realidade dos objectos. Este tipo
de pensamento é mais comum em crianças em idade pré-escolar (entre os quatro e sete anos
de idade). As crianças nesta idade ainda não dominam as noções e o pensamento encontra-se
ainda ligado às acções práticas uma característica peculiar de desenvolvimento das crianças
em idade pré-escolar

 Pensamento Abstracto

No pensamento abstracto o indivíduo não só usa imagens mentais como pressuposto básico
para a resolução de problemas ou para descrever as características dos objectos ou fenómenos.
Ele usa conceitos abstractos, isto é, abstrai-se dos modelos e das gravuras usando também o
processo verbal. Imaginemos que você pensa sobre um assunto por exemplo em química ou
matemática. Você vai utilizar noções e conceitos abstractos, vai dar nomes aos fenómenos
mesmo que não seja possível observa-los. A aquisição de conceitos e noções abstractas ocorre
num determinado período de desenvolvimento da criança (veja os estádios de
desenvolvimento de Piaget).
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 Pensamento Criador

O pensamento criador consiste sobretudo em conjugar elementos que normalmente são tidos
como independente, isto é, que não pertençam ao conjunto de características do objecto ou
fenómeno objecto do nosso pensamento para com eles produzir algo de novo. O pensamento
criador ou inovador é muito importante porque permite imaginar sobre coisas novas que não
existem no fenómeno objecto do nosso pensamento. Os cientistas usam muito o pensamento
criador para fabricar objectos novos.

 Raciocínio

Uma das formas do pensamento é o raciocínio. O raciocínio é uma operação mental que faz
inferências de novos conhecimentos a partir do conhecimento dado. Neste caso, o pensamento
parte da análise de duas ou mais relações conhecidas, neste caso podem ser relações de
afirmação ou de negação, para concluir uma outra relação que estava implicitamente contida.

2.1.6. Relação do Pensamento com outros Processos Cognitivos

Todos os processos cognitivos estão em estreita ligação um com o outro, por exemplo, o
pensamento é fundamental no processo de aprendizagem, é construto e construtivo do
conhecimento e da inteligência. É impossível inventar ou até mesmo compreender fórmulas e
teorias sem imaginação. A criança deve reforçar a sua imaginação para criar e, através da
criatividade, desenvolver o seu pensamento.

O pensamento e a imaginação não se constroem uma pela outra, deve-se


auxiliar a criança a manipular essa a imaginação com mais habilidade. Uma
criança sem imaginação será mais tarde um adulto intelectualmente pobre.
Além disso, o pensamento também está relacionado com a intuição, sensação e
sentimentos, onde o sentimento é um factor consciente enquanto a intuição e
sensação são factores inconscientes (Ariel, 1996).

Apesar de Watson ter defendido que quando alguém se mantém em silêncio, embora imagine
cantando uma canção ou lendo um texto, nenhum processo do pensamento se envolve, essa
ideia já foi ultrapassada na medida em que hoje se acredita que há uma fusão entre o
pensamento e a linguagem, tanto nos adultos como nas crianças, enquanto imaginamos,
também estamos pensando.

Vygotsky citado por Gomma (1998), defende que o desenvolvimento do pensamento é


determinado pela linguagem, pelos instrumentos linguísticos do pensamento e pela
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experiência sócio-cultural da criança. E, na mesma linhagem, Piaget afirma que a linguagem


possibilita a criança narrar um objecto ou acontecimento ausente, anteriormente percebido.
Esses dados faz com que se conclua que o desenvolvimento do pensamento está intimamente
com a aquisição da linguagem, não interessando da maneira como isso é abordado pelos
autores.

4. Imaginação

A imaginação e pensamento caminham em paralelo.

Vigotsky citado por Clark (2000), afirma que a imaginação é a base de toda actividade
criadora, se manifesta igualmente em todos os aspectos da vida cultural, possibilitando a
criação artística, científica e técnica.

Wallon citado por Clark (2000), diz que a imaginação é indispensável ao psicólogo, ao
matemático, ao físico, ou seja, quem não imagina nada descobre.

Segundo Jung citado por Clark (2000)


A imaginação é um processo pelo qual o ser humano interage com os seus
semelhantes e com o meio em que vive, sem perder a sua identidade existencial. A
imaginação começa com a captação dos sentidos e em seguida ocorre a percepção.

É portanto, um processo de pensamento, que tem como material a informação do meio em que
vivemos e o que já está registado na nossa memória. Por outro lado, Aristóteles citado por
Clark (2000), defende que o pensamento procede da imaginação.

Após a imaginação, como acontece quando nos distanciamos daquilo que estávamos a ver,
uma imagem deve permanecer na mente sobre o qual construímos um pensamento mais
avançado.

Para Clark (2000)


A imaginação é o processo de pensamento que evoca o uso dos sentidos:
visão, audição, olfacto, gustação, o sentido do movimento, posição e toque. É
o mecanismo não-verbal e não-lógico de comunicação entre a percepção, a
emoção e a mudança corporal.

Freud citado por Clark (2000), defende que a criatividade está relacionada com imaginação,
que estaria presente nas brincadeiras e nos jogos da infância. A criança produz um mundo
imaginário, com o qual interage rearranjando os componentes desse mundo de novas
maneiras.
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Da mesma forma, o indivíduo criativo na vida adulta comporta-se de maneira semelhante,


fantasiando sobre um mundo imaginário, que, porém, discrimina da realidade.

3.1. Tipos de imaginação

Muitos autores defendem a existência de três maneiras que os indivíduos usam para imaginar.
Imaginação dirigida é imaginação consciente. Para o sábio, imaginar é ver. A imaginação
consciente é o meio translúcido que reflecte o firmamento, os mistérios da vida e da morte, o
ser, o real; imaginação mecânica é formada pelos resíduos da memória; é a fantasia.

É óbvio que as pessoas, com sua fantasia, com sua imaginação mecânica, não vêem a
si próprias como realmente são, mas sim de acordo com sua forma de fantasia; e
imaginação produtiva, é entendida como um poder activo espontâneo, um processo
que se inicia por si mesmo, através de um poder sintético que combina os dados
puramente sensoriais com apreensão puramente intelectual. Ela é essencialmente
vital, não somente é fonte da arte, mas o poder e o agente de toda a percepção
humana. Uma maneira de estabelecer uma relação com o mundo (Clark, 2000).

3.2. Importância de Jogos no Desenvolvimento da Imaginação

Segundo Piaget citado por Pocinho (2007), o jogo simbólico é a representação corporal da
imaginação, e apesar da imaginação predominar a fantasia, a actividade psico-motora exercida
acaba por prender a criança à realidade.

Na sua imaginação ela pode modificar sua vontade, usando o faz de conta, mas quando
expressa corporalmente as actividades, ela precisa respeitar a realidade concreta e as relações
do mundo real.

Piaget citado por Ariel (1996)

Defende que um dos objectivos do jogo é criar um contexto favorável ao


desenvolvimento da imaginação. A necessidade de inventar regras leva as crianças a
mobilizar conhecimentos, analisar diferentes possibilidades, seleccionar as melhores
ideias, e reflectir através da imaginação. Os jogos, além de enriquecer o quotidiano
com actividades divertidas, deverão provocar uma melhoria dos resultados na
construção de imaginação forte e consequentemente um pensamento brilhante.

Por outro lado, Vigotsky citado por Ariel (1996), detecta no jogo outro elemento a que atribui
grande importância: o papel da imaginação que coloca em estreita relação com a actividade
criadora.

Vigotsky, defende que não é o carácter de espontaneidade do jogo que o torna uma actividade
importante para o desenvolvimento da criança, mas sim, o exercício no plano da imaginação
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da capacidade de planear, imaginar situações diversas, representar papéis e situações do


quotidiano, bem como, o carácter social das situações.

A actuação nesse mundo imaginário cria uma Zona de Desenvolvimento Proximal formada
por conceitos ou processos em desenvolvimento. O jogo da criança não é uma recordação
simples do vivido, mas sim a transformação criadora das impressões para a formação de uma
nova realidade que responda às exigências e inclinações da própria criança.

3.3. Relação entre Pensamento e Imaginação

A imaginação e o pensamento sempre têm uma relação quer positiva ou negativa, no sentido
em o ser humano imagina-se como pensa, pensa como sente e sente como deseja. Desta regra,
deduz-se que, para pensar bem, devemos ter bons desejos e bons sentimentos e sobre tudo
boas imaginações. Essa tese é também defendida por Jung, o autor afirma que além do
pensamento, existem mais quatro funções da consciência que servem de canal para a
consciência relacionar-se com o mundo: imaginação, intuição, sensação e sentimento. Junto a
essas funções, temos o símbolo como uma linguagem polifônica e polissêmica que abarca
todos os níveis possíveis de comunicação da psique e nos remete a uma experiência total do
sentido. Vêm-se que todos autores comungam a ideia de que oprocesso cognitivos estão
interligados entre si.

Portanto, o pensamento não se reflecte na palavra; mas sim manifesta-se nela, a


medida em que é a linguagem que permite a transmissão do seu pensamento para
outra pessoa. Finalmente, cabe destacar que o pensamento não é o último plano
analisável da linguagem. Podemos encontrar um último plano interior: a motivação
do pensamento, a esfera motivacional de nossa consciência, que abrange nossas
inclinações e necessidades, nossos interesses e impulsos, nossos afectos e emoções.
Tudo isso vai reflectir imensamente na nossa linguagem e no nosso pensamento como
defende (Vigotsky, 1998 citado por Nascimento, (2009).

Com visão de Pascal, o pensamento é a própria essência do homem; o homem é o animal mais
frágil, mas é o mais digno porque pensa; e o pensamento eleva o homem sobre o universo.
Além disso, o entendimento também está ligado aos modos de raciocinar e aos diferentes
princípios pré-existentes. Associado à essa tese, Piaget, defende que o pensamento é
consciente, isto é, prossegue objectivos presentes no espírito de quem pensa, É inteligente,
isto é, encontra-se adaptado a realidade e esforça-se por influenciá-la.

O pensamento é também social. À medida que se desenvolve vai sendo progressivamente


influenciado pelas leis da experiência. Porém, na tenra idade, a criança apresenta um
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pensamento egocêntrico (pensamento autístico), é individualista e obedece a um conjunto de


leis especiais que lhe são próprias. O pensamento se constrói com a representação da
realidade, todavia, nem toda forma de capitar a realidade pode ser considerada um
pensamento lógico. Enquanto que a imaginação, é a faculdade mental de ordenar imagens que
imitam os factos da natureza. Nesse caso é realizado um processo de compreensão visto que a
imaginação direciona-se a natureza como faz o pensamento.

Fazendo um cruzamento das teorias notam-se que a imaginação sustenta o pensamento, visto
que imaginar é criar um pensamento. A imaginação é a vontade do íntimo actuando através do
pensamento. A imaginação em si, actuando sozinha, não resolve problemas ou produz novos
insights, mas é uma condição necessária para a criatividade, pois é a capacidade do indivíduo
para conceber possibilidades interessantes que o ajudam a criar ideias que nunca antes haviam
sido pensadas. A imaginação é essencial para promover o pensamento crítico e com ele novas
possibilidades teóricas.

Para que a imaginação resulte em criatividade é preciso que essa seja necessariamente
combinada com o pensamento, isto é, não adianta ter uma imaginação profunda se não
tivermos conhecimento do assunto o qual estamos tratando. A imaginação é algo totalmente
diferente da realidade, ela cria situações não necessariamente reais ou existentes. Por
exemplo, quando estamos nos vendo como vencedores da loteria, com muito dinheiro, numa
casa de luxo, ficamos a imaginar como seria nossa vida se essa situação se concretizasse.
Antes de algo vir a ter existência no mundo real, esse algo já está presente na nossa vida
interior, na forma de imaginação.

Fazendo um cruzamento entre as várias teorias percebe-se que a construção do pensamento


centra-se na imaginação. A teoria Gestaltista, afirma que o pensamento jamais se constitui
pela associação de elementos ou dados em isolados, mas sim constrói-se a partir de uma
organização e estruturação mental do todo. Assim, o pensamento não é a soma das sensações,
mas sim um entendimento da totalidade do que é vivido. Para Gestalt, a imaginação é regida
em todos os níveis por um campo, cujos elementos são interdependentes pelo mesmo facto de
serem percebidos em conjunto através do pensamento.
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4. Conclusão

Como conclusão, pode-se afirmar que o pensamento não coincide de forma exacta com os
significados das palavras. O pensamento vai além, porque capta as relações entre as palavras
de uma forma mais complexa e completa que a gramática faz na linguagem escrita e falada.
Para a expressão verbal do pensamento, às vezes é preciso um esforço grande para concentrar
todo o conteúdo de uma reflexão em uma frase ou em um discurso.
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5. Referências Bibliográficas

ARIEL, L. S. A formação social da mente em Vigotsky e Piaget. Rio de Janeiro: Martins


Fontes, 1996

CLARK, G. H. (2000). Imaginação: estudos psicológicos, uma visão cognitivista.


Disponível em: http:/www.monergismo.com/textos/apologenetica/imaginação.pdf,
Acesso aos 27/08/2021, às 14hrs

GOMMA, T. I. Pensamento e Linguagem: uma visão cognitivista. Rio de Janeiro: Martins


Fontes, 1998

MACHADO, F. R. O Pensamento Sistémico em Psicologia. 4ªEdição, ISSN 1981-7371.


Brasil: Maceió-Alagoas, 2009

MARCONI, Mariana de Andrade e LAKATOS, Eva Maria; (2009). Fundamentos de


Metodologia Científica, 6ª edição. São Paulo, Editora Atlas S.A

NASCIMENTO, R. O. (2009). Processos cognitivos como elementos fundamentais para uma


educação crítica: Ciências & Cognição. Vol 14 (1). ISSN 1806-5821. Brasil: Minas
Gerais. Disponível em: http://pepsic.bvsalud.org/pdf/cc/v14n1/v14n1a18.pdf, Acesso
aos 21/04/2011, às 13hrs06min.

POCINHO, M. M. F. D. D. (2007). Prevenção da iliteracia: processos cognitivos implicados


na lectura. Portugal: Universidade da Madeira. Disponível em:
http://www.rieoei.org/deloslectores/1895Pocinho.pdf, Acesso aos 21/04/2011, às
13hrs30min.

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