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INSTITUTO SUPERIOR DE CIÊNCIAS E EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA

Faculdade de Ciências de Educação

Curso de Licenciatura em Ensino de Biologia

Trabalho de Campo de Pedagogia Geral

A Pedagogia no Campo das Ciências da Educação

Erasto Liuata: Cód. 96230869

Lichinga, Maio de 2023.


INSTITUTO SUPERIOR DE CIÊNCIAS E EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA

Faculdade de Ciências de Educação

Curso de Licenciatura em Ensino de Biologia

Trabalho de Campo de Pedagogia Geral

A Pedagogia no Campo das Ciências da Educação

Trabalho de Campo da Pedagogia Geral a


ser submetido na Coordenação do Curso de
Biologia da UnISCED, sob recomendação
do Tutor:

Erasto Liuata: Cód. 96230869

Lichinga, Maio de 2023.


Índice

1. Introdução ........................................................................................................................... 4
1.1. Objectivo geral: ....................................................................................................... 4
1.2. Objectivos específicos: ............................................................................................ 4
1.3. Metodologia ............................................................................................................. 4
2. A Pedagogia no Campo das Ciências da Educação ............................................................ 5
2.1. Conceitos básicos..................................................................................................... 5
2.1.1. Pedagogia .................................................................................................. 5
2.1.2. Educação ................................................................................................... 5
2.2. O carácter sistemático da ciência pedagógica ......................................................... 7
2.3. Os fundamentos científicos da pedagogia ............................................................... 8
3. Conclusão.......................................................................................................................... 10
4. Referências bibliográficas ................................................................................................. 11
1. Introdução

O presente trabalho da Cadeira de Fundamentos de Pedagogia presa a terminologia de


um trabalho científico e trás uma abordagem virada a Pedagogia no sistema das Ciências da
educação”. Parte-se do pressuposto de que Pedagogia e educação estão numa relação de
interdependência recíproca; a educação depende tanto de uma directriz pedagógica prévia
quanto a pedagogia de uma práxis educacional anterior. Por isso a pedagogia nem pode
tematizar de uma maneira puramente teórica a práxis educacional, como um evento passível de
representação, nem pode se voltar a uma intervenção prática directa, já que ela é uma ciência
da educação somente quando é simultaneamente uma ciência para a educação, e vice-versa. A
pensar a pedagogia como ciência e o pedagogo, em seus diferentes espaços de actuação na
sociedade, como sendo o responsável por realizar estudos e investigar os fenómenos educativos,
sendo reconhecido como o cientista da educação e não apenas reduzindo-se às metodologias no
âmbito de suas práxis, são as discussões que vão balizar esta pesquisa. Desta feita, o presente
trabalho tem como objectivos os seguintes:

1.1. Objectivo geral:

 Compreender a pedagogia no sistema das ciências sociais.

1.2. Objectivos específicos:

 Apresentar os conceitos de pedagogia, educação;


 Reconhecer o carácter sistémico da ciência pedagógica;
 Explicar os fundamentos científicos da pedagogia.

1.3. Metodologia

A metodologia usada para a realização deste trabalho foi de consulta de obras


bibliográficas de alguns autores que abordam sobre o tema e que por nós foram colocadas na
referência bibliográfica do trabalho e quanto a estrutura do trabalho é de salientar que o trabalho
tem a seguinte sequência organizacional: Primeiramente tem a Introdução, depois o
desenvolvimento em seguida a conclusão e por fim a referência bibliográfica do trabalho. No
que concerne as normas de publicação de trabalhos científicos, usou-se a sexta edição das
normas APA.
2. A Pedagogia no Campo das Ciências da Educação

2.1. Conceitos básicos

2.1.1. Pedagogia

O termo pedagogia, deriva do grego antigo “paidagogos”, era inicialmente composto


por “paidos”=criaça e “gogia”=conduzir ou acompanhar.

Outrora, este conceito faz referência dos escravos da antiga Grécia, os paidagogos que
eram encarregados de acompanhar as crianças que iam a escola. Por meio dessas interacções
esses escravos desenvolveram grande habilidade no trato com as crianças. E actualmente, o
pedagogo é um especialista em educação, e pedagogia, é o conjunto de conhecimentos
sistemáticos que competem a educação.

Também a pedagogia pode ser entendida como sendo a filosofia, a ciência e a técnica
daeducação (Piletti, 1986).

A Pedagogia é uma ciência da educação, juntamente com as outras


ciências da educação, embora distinguindo-se delas por causa do seu carácter
científico e, por conseguinte, formando um grupo à parte. As ciências da
educação incluem a Pedagogia: mas a Pedagogia não inclui as "Ciências da
Educação". (...) tenhamos em conta que a pedagogia deve fundamentar-se nas
"Ciências da educação"...”. (J. M.ª. Quintana Cabanas)
Enquanto fenómeno tipicamente social e especificamente humano, trata-se de uma
ciência aplicada de carácter psicossocial, cujo objecto de estudo é a educação.

Assim, mais tarde, o significado deste termo adquiriu outro valor; assim começou-se a
chamar às pessoas que se dedicavam a educação das crianças e, para isso, tinham uma
preparação especial. Dessa maneira, surgiu a Pedagogia como ciência da educação das novas
gerações. Hoje, pedagogo é o especialista em assuntos educacionais.

2.1.2. Educação

É um processo que visa ao desenvolvimento integral (físico, afectivo e intelectual) da


personalidade.

É um processo pelo qual a pessoa se auto-realiza ao mesmo tempo se integra à sociedade


(Karling, 1991).

Segundo o ICCP (1988) se entende por educação o conjunto de influências que exerce
a sociedade sobre o indivíduo. Isso implica que o ser humano se educa durante toda a vida.
A educação consiste, ante todo, em um fenómeno social historicamente condicionado
ecom um marcado carácter classista. Através da educação se garantirá a transmissão de
experiências de uma geração à outra. (ICCP, 1988, p.31)

Segundo Lênin, V (apud. ICCP, 1988), a educação é uma categoria


geral e eterna, pois é parte inerente da sociedade desde seu surgimento.
Também, a educação constitui um elo essencial no sucessivo desenvolvimento
dessa sociedade, a ponto de não conceber progresso histórico-social sem sua
presença.
Para Martins,J (1990), a educação é um processo de acção da sociedade sobre o
educando, visando entregá-lo segundo seus padrões sociais, económicos, políticos, e seus
interesses.

Reconhece-se aqui a necessária preparação para a vida, já referida em outras definições


e que só se logra a através de convicções fortes e bem definidas de acordo com esses padrões.
Para uns, Educação é processo, para outros é categoria, ou fenómeno social, ou preparação, ou
conjunto de influências, e muitos conceitos.

Ainda seguindo a linha de pensamento de J. Martins, (1990),se concorda que a educação


tem as seguintes características:

 É fato histórico, pois se realiza no tempo;


 É um processo que se preocupa com a formação do homem em sua plenitude;
 Busca a integração dos membros de uma sociedade ao modelo social vigente;
 Simultaneamente, busca a transformação da sociedade em benefício de seus
membros;
 É um fenómeno cultural, pois transmite a cultura de um contexto de forma
global;
 Direcciona o educando para o auto consciência;
 É ao mesmo tempo, conservadora e inovadora. (Martins, 1990, p.23)

Deve-se analisar que a educação, mais que processo, mais que conjunto de influências,
e outras, é uma actividade. Como toda actividade tem orientação, por tanto pode ser planejada.
É processo, pois está constituída por acções e operações que devem ser executadas no tempo e
no espaço concreto.

Portanto, a educação é uma actividade social, política e económica, que se manifesta de


diversas formas e que seu sistema de acções e operações exercem influências na formação de
convicções para o desenvolvimento humano do ser social e do ser individual.
2.2. O carácter sistemático da ciência pedagógica

O primeiro carácter do conhecimento científico, reconhecido até por cientistas e


filósofos das mais diversas correntes é a objetividade, no sentido de que a ciência intenta afastar
do seu domínio todo o elemento afectivo e subjectivo, deseja ser plenamente independente dos
gostos e tendências pessoais do sujeito que a elabora.

Numa palavra, o conhecimento verdadeiramente científico deve ser um conhecimento


valido para todos.

De acordo com Vieira Pinto (1969), refere que a objectividade da


ciência, por isso, pode ser também, e talvez melhor, chamado de
intersubjectividade, até porque a evolução recente da ciência, e especialmente
da Física, mostrou a impossibilidade de separar adequadamente o objecto do
sujeito e de eliminar completamente o observador.
Este reconhecimento que essencial na teoria da relatividade e na nova física quântica,
torna o carácter da objectividade mais complexo e problemático do que parecia no século XIX,
todavia, não elimina de modo algum da ciência o propósito radicalmente objectivo.

Outro carácter do conhecimento científico da pedagogia reside na sua Racionalidade.


Não obstante a oposição de toda a corrente empirista, a ciência moderna é essencialmente
racional, isto é, não consta de meros elementos empíricos mas é essencialmente uma construção
do intelecto.

A ciência pode ser definida como um esforço de racionalização do real, partindo de


dados empíricos, através de sínteses cada vez mais vastas, o cientista esforça-se por abraçar
todo domínio dos factos que conhece num sistema raciona, no qual de poucos princípios simples
e universais possam logicamente deduzir-se as leis experimentais mais particulares de campos
a primeira vista aparentemente heterogéneos.

Todos os conhecimentos científicos são aproximados, quer pela


imperfeição das observações experimentais em que se fundam, quer pela
necessária abstracção e esquematização com que são tratados. Os conceitos de
adequação total e perfeita devem ser substituídos pelos de aproximação e
validez limitada. Esta nova mentalidade científica que deve ser mantida num só
equilíbrio é principalmente o fruto de numerosas crises e revoluções da ciência.
(Veiga, 1995)
Finalmente, um último carácter do conhecimento científico é a autonomia relativamente
à Filosofia e à fé. A ciência tem o seu próprio campo de estudo, o seu método próprio de
pesquisa, uma fonte independente de informações que é a Natureza.

Isto não significa que a Filosofia não possa e não deva levar a termo uma indagação
crítica sobre a natureza da ciência, sobre os seus métodos e os seus princípios uma indagação
levada a cabo pela Epistemologia -- nota d'O Canto] e que o cientista não possa tirar vantagem
do conhecimento reflexivo, filosófico e crítico da mesma actividade de cientista.

2.3. Os fundamentos científicos da pedagogia

A pedagogia sendo a ciência dessa educação crítica também precisa ser crítica ao olhar
para os fenómenos educativos, para que no momento da práxis a acção seja consciente.

Para Pimenta: “ [..] A pedagogia precisa revelar de modo crítico/


analítico as contradições sociais, os momentos de alienação na práxis
educacional e socialização anteriores, para daí criar as pré-condições
teoricamente conscientes para uma prática consciente dessa alienação” (1994,
p. 14).
Sendo a pedagogia uma ciência prática, ela possui “a estrutura peculiar de ser uma
ciência da educação para a educação, porque a educação, enquanto seu objecto, representa uma
acção do homem sobre o homem” (Schmied-Kowarzik, 1983, p. 128-129).

Pedagogia e educação estão numa relação de interdependência


recíproca; a educação depende tanto de uma directriz pedagógica prévia quanto
a pedagogia de uma práxis educacional anterior. Por isso a pedagogia nem pode
tematizar de uma maneira puramente teórica a práxis educacional, como um
evento passível de representação, nem pode se voltar a uma intervenção prática
directa, já que ela é uma ciência da educação somente quando é
simultaneamente uma ciência para a educação, e vice-versa. Nesta medida, a
instância medidora entre teoria pedagógica e práxis educativa repousa no
educador, graças ao qual ela pode, enquanto ciência tornar-se prática na
pesquisa e no ensino (Schmied-Kowarzik, 1983, p. 24).
A educação enquanto uma prática social precisa ser crítica, ou torna-se alienada. Nesta
perspectiva, a pedagogia enquanto teoria é entendida como àquela que faz a crítica da práxis na
sociedade e ao fazê-la está tomando partido em relação aos conflitos e as lutas reais da
sociedade. Cabe a pedagogia transformar esta práxis social pela própria prática.

Este olhar transformador que a pedagogia deve estabelecer sobre a realidade, a dialéctica
da práxis social, é o pensamento central da teoria dialéctico materialista de Karl Marx. Neste
contexto a “educação é concebida no momento da prática social [...] é àquela prática que serve
à produção e reprodução à formação dos indivíduos enquanto portadores da práxis social.

Em acordo com Schmied-Kowarzik (1983), entendendo a pedagogia como ciência


apenas quando através da prática educativa do educador a sua teoria assume na práxis carácter
humanizador, buscou-se identificar como pedagogos estão ocupando seus espaços de trabalho
como cientistas.

O termo pedagogia se aplica ao campo teórico-investigativo da


educação (em conexão com as demais ciências da educação) e ao campo
técnicoprofissional de formação do profissional não directamente docente e, o
de “pedagogo”, ao profissional formado nesse curso. É dissolvida, assim, a
designação pedagogia para identificar o curso de formação de professores para
as séries iniciais do ensino fundamental, postulando a regulamentação do curso
de Pedagogia destinado a oferecer formação teórica, científica e técnica para
interessados em aprofundamento na teoria pedagógica, na pesquisa pedagógica
e no exercício de actividades pedagógicas específicas - planeamento de políticas
educacionais, gestão do sistema de ensino e das escolas (Libâneo, 2001, p. 14).
A pedagogia, para além da nomenclatura de um curso, e como descreve Libâneo (2008),
“é um campo de conhecimento sobre a problemática educativa na sua totalidade e historicidade
e, ao mesmo tempo, uma directriz orientadora da acção educativa” (p. 29-30).

É a pedagogia que se ocupa da intencionalidade na acção educativa, investigando e


contribuindo para a construção da sociedade ao passo que contribui para a construção de seres
humanos sociais. Contudo, a pedagogia só é ciência por meio do próprio ser humano, do
pedagogo enquanto cientista, aquele que realiza as acções com base em seus estudos. Por este
motivo é que se faz necessário:

[...] a formação de estudiosos que se dediquem à construção do


conhecimento científico na área, uma vez que a educação também é considerada
como um campo teórico- investigativo e que a produção desse conhecimento é
requisito fundante de toda formação técnica e docente (Libâneo, 2001, p. 15).
Segundo Charlot: Não há sujeito de saber e não há saber senão em uma certa relação
com o mundo, que vem a ser, ao mesmo tempo e por isso mesmo, uma relação com o saber.
Essa relação com o mundo é também relação consigo mesmo e relação com os outros. Implica
uma forma de actividade e, acrescentarei, uma relação com a linguagem e uma relação com o
tempo”. (1997, p.63).

A prática pedagógica, entendida como essência do trabalho profissional dos professores,


é assim revitalizada. Torna-se prática científica e, por isso, metódica, sistemática,
hermeneuticamente elaborada e teoricamente sustentada. Uma prática pedagógica de carácter
social, portanto, socialmente elaborada e organizada conforme intencionalidades,
conhecimentos.
3. Conclusão

Diante das reflexões empreendidas no trabalho aferiu-se que A falta de acordo sobre o
carácter de uma ciência da educação, a Pedagogia, prende-se a dois aspectos principais: o
conceito de ciência subjacente às várias propostas e discussões e o compartilhamento do objecto
com as Ciências Sociais e com a Filosofia. Na realidade, a Pedagogia nunca chegou a se
constituir em ciência que desse conta dos problemas da educação em cada época.
Historicamente esteve sempre sob o império de uma área do saber ou, mais recentemente, de
uma ou mais das chamadas Ciências da Educação, artificialmente agrupadas, cujas formulações
não-educacionais servem mais aos campos dos quais essas disciplinas são originárias do que ao
pedagógico.

Tratando-se a prática educativa de um ofício que mobiliza um repertório de saberes de


procedência variada, faz-se necessário demarcar o domínio da disciplina que, por sua natureza
de saber fronteiriço compartilha o objecto, no âmbito aplicado, com as Ciências da Educação
e, no teórico, com a Filosofia. Essa particularidade do campo e a indiscriminação, na literatura
mais tradicional, das diferentes dimensões do objecto produzem acentuadas dificuldades
conceituais que perpassam a produção teórica sobre o campo e tornam praticamente inviável a
identificação de algum progresso no âmbito dos esforços de demarcação que se tenta
empreender.

Assim sendo, é importante frisar que o trabalho científico nunca é acabado, sempre é

Susceptível de críticas e sugestões para o melhoramento do mesmo.


4. Referências bibliográficas

Charlot, B. (1997). Da relação com o saber. Porto Alegre: Artmed.

Libâneo, J. (2002). “Ainda as perguntas: o que é pedagogia, quem é o pedagogo, o que deve
ser o curso de Pedagogia” IN: PIMENTA, S. G. (Org.) Pedagogia e pedagogos:
caminhos e perspectivas. São Paulo: Cortez,

Libâneo, J. C; Pimenta, S. G. (2002). “Formação dos profissionais de educação: visão crítica


e perspectivas de mudança”. IN: PIMENTA, S. G. (Org.) Pedagogia e pedagogos:
caminhos e perspectivas. São Paulo: Cortez.

Pimenta, S. G. (2006). “Panorama actual da Didáctica no quadro das Ciências da Educação:


Educação, Pedagogia e Didáctica” IN: PIMENTA, S. G. (Coord.) Pedagogia, ciência
da educação? 5 a ed. São Paulo: Cortez.

Schmied-Kowarzik, W. (1983). Pedagogia Dialéctica – de Aristóteles a Paulo Freire. São


Paulo: Brasiliense.

Suchodolski, B. (1977). La educación humana del hombre. Barcelona: Laia.

Veiga, I. A. (1994). A Prática Pedagógica do Professor de Didáctica. SP: Papirus Editora.

Veiga, I. A. (1995). Projecto político-pedagógico da escola. 23a ed. Campinas: Papirus.

Vieira. P. A. (1969). Ciência e existência. Rio de Janeiro: Paz e Terra.

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