Você está na página 1de 5

Universidade Federal do Maranhão

Centro de Ciências Sociais


Departamento de Educação II
Psicologia da Educação I

Eduarda Silva Moraes

São Luís
2017
A psicanálise acredita que nossos comportamentos e sentimentos são
regidos por desejos inconscientes. Para analisar os conteúdos inconscientes, é
preciso acessar os instintos, anseios e impulsos que fornecem a energia para as
ações. Sigmund Freud (1856-1939), criador da Psicanálise, era médico
neurologista. Segundo ele, o inconsciente é a fonte de energias, desejos reprimidos
e velhas lembranças. Assim, coube a ele o mérito da descoberta do nível
inconsciente da personalidade. Freud, arriscou ordenar três componentes básicos
da vida psíquica humana: o id, ego e superego.
O id é o elemento mais primitivo da personalidade, sendo este o sistema
original com o qual já nascemos. Formado por instintos, composto pelo prazer e
impulsos orgânicos. O id é um elemento primordial para a estrutura da
personalidade. A partir dele que são ampliadas outras estruturas. Podemos dizer
que é o componente biológico da personalidade.
O ego é responsável pelo contato com o ambiente e procura o prazer em
contato com a realidade. É um elemento do aparelho psíquico que aumenta a partir
do id, para inteirar e atender as suas exigências. Tem como desígnio garantir a
saúde, sanidade e segurança da personalidade. Procura controlar ou regular os
impulsos presentes do id, de modo que a pessoa busque soluções menos imediatas
e mais realistas. Tem como função enfrentar a necessidade de diminuir a tensão e
elevar o prazer. Sendo assim, podemos o chamar de componente psicológico da
personalidade.
O superego é o componente social da personalidade, representando o
aspecto moral do ser humano. Esta é a última parte da personalidade que é
desenvolvida a partir do ego. Trabalha como censor, informando para o ego o que é
certo e errado sobre as atividades mentais e pensamentos presentes no ego.
Segundo Freud, o conteúdo da mente pode ser: inconsciente, consciente
ou pré-consciente. O inconsciente é a grande parte nossa que não temos
consciência, onde estão guardados os desejos reprimidos, os conteúdos censurados
e as pulsões inacessíveis à consciência, que influencia nossos comportamentos e
ações, sem que a gente perceba. O consciente é apenas uma parte do nosso
funcionamento mental, o que temos de consciência do que pensamos, do que
falamos e do que fazemos, sendo constituído pelas ideias que estamos cientes no
momento. E o pré-consciente é constituído por ideias inconscientes que podem se
tornar conscientes quando direcionamos a atenção para elas, podendo ser
percebidas nos sonhos ou nos atos falhos.
Para Freud, era importante abordar a energia psíquica se o desempenho
deduzisse uma atividade psicológica, podendo uma ser transformada na outra, e o id
fazendo a ligação entre elas. Segundo a teoria, o instinto (impulso instintivo ou
pulsão) é responsável pela ação. As tensões instintivas surgem quando se acumula
uma determinada quantidade de energia. A psique está empenhada em desfazer
essa tensão, tendendo a dissipá-la. Freud classificou os instintos em: os instintos
de vida e os instintos de mortes. Os instintos de vida são aqueles que lidam com a
sobrevivência básica, prazer e reprodução. Esses instintos são importantes para
sustentar a vida do indivíduo, bem como a continuação da espécie. Enquanto eles
são frequentemente chamados de instintos sexuais, essas unidades também
incluem coisas como sede, fome, assim como evitar a dor. A energia criada pelos
instintos de vida é conhecida como libido.  Na visão de Freud, o comportamento
autodestrutivo é uma expressão da energia criada pelos instintos de morte. Quando
esta energia é dirigida para fora e para os outros, é expressada como agressão e
violência. Ele concluiu que as pessoas têm um desejo inconsciente de morrer,
mas que este desejo é amplamente contido pelos instintos de vida.
Os mecanismos de defesa do ego são funções inconscientes, porém
essenciais para o desenvolvimento psíquico pois trata-se de ações psicológicas que
têm o objetivo de proteger a integridade do ego. A repressão, tem como função
bloquear involuntariamente da própria consciência sentimentos, lembranças e
impulsos proibidos. A negação, consiste em recusar-se a reconhecer a existência
de um fato óbvio ou os sentimentos associados a ela. A formação reativa, tem
como objetivo impedir a expressão de pensamentos ou sentimentos inaceitáveis,
exagerando pensamentos ou tipos de comportamentos opostos. A projeção tem
como função atribuir ao outro, sentimentos ou impulsos que se julga inaceitável. A
racionalização é o mecanismo que tenta desculpar ou formular razões lógicas para
justificar sentimentos ou comportamentos inaceitáveis. A fixação ocorre quando
uma pessoa, em seu desenvolvimento, não progride de maneira normal, parando
parcialmente em uma fase do desenvolvimento. A regressão é um mecanismo onde
o ego, em resposta ao estresse, retorna para um estágio anterior à situação que
causou o desconforto. O deslocamento consiste na transferência de sentimentos de
um alvo para o outro, que é considerado menos ameaçador ou é neutro. E por fim a
sublimação, ocorre quando as pessoas transformam suas emoções antagônicas,
em fins produtivos.
Freud percebeu que havia um ciclo dos impulsos sexuais onde os seres
humanos desde o nascimento, possuem uma libido (energia sexual) instintiva que
se desenvolve através de cinco fases. Na fase oral, que vai desde o nascimento até
os 18 meses de idade, a região do corpo com maior prazer na criança é a boca, pois
é onde entra em contato com o mundo. É por esta razão que a criança pequena
tende a levar tudo o que pega à boca. O principal objeto de desejo nesta fase é o
seio da mãe, que além de alimentar proporciona satisfação ao bebê.
Estima-se que a fase anal tenha duração de um ano e meio. É o período que
a criança passa a adquirir controle dos esfíncteres, e sua zona de maior satisfação é
a região do ânus. Freud acreditava que o foco principal da libido estava no controle
das evacuações. A fase fálica surge por volta dos três aos quatro anos de idade e o
foco principal da libido são os órgãos genitais. É também na fase fálica que surge o
denominado complexo de Édipo, termo criado por Freud, inspirado na tragédia
grega Édipo-rei que caracteriza o conjunto de desejos amorosos que o menino,
enquanto ainda criança, experimenta com relação a sua mãe. O fenômeno psíquico
também ocorre nas meninas com relação ao pai. Já o complexo de castração tem
um lugar fundamental na evolução da sexualidade infantil. Sua estruturação e seus
efeitos são diferentes no menino e na menina. O menino teme a castração como a
realização de uma punição paterna, em resposta às suas atividades sexuais (cujo
objetivo original é a mãe). Na menina, a ausência do pênis é vivenciada como um
dano sofrido que ela procura compensar ou reparar. O narcisismo representa um
modo particular de relação com a sexualidade. Ele é basicamente o processo pelo
qual o sujeito assume a imagem do seu corpo próprio como sua, e se identifica com
ela (eu sou essa imagem).
Durante o período de latência, os interesses da libido são suprimidos. O
desenvolvimento do ego e superego contribuem para este período de calma. O
estágio começa na época em que as crianças entram na escola e tornam-se mais
preocupadas com as relações entre colegas e outros interesses. O período de
latência é um tempo de exploração em que a energia sexual ainda está presente,
mas é direcionada para outras áreas, como atividades intelectuais e interações
sociais. Esta etapa é importante para o desenvolvimento de habilidades sociais e de
comunicação e autoconfiança.
Por último a fase genital, onde o período de latência terminará e há uma
retomada dos impulsos sexuais. O início da puberdade faz com que a libido se torne
ativa novamente. Durante esta fase, as pessoas desenvolvem um forte interesse no
sexo oposto, fora do seu grupo familiar.
Freud acreditava que a Psicanálise, pudesse de alguma forma contribuir para
mudanças nos métodos educacionais, exercendo, assim, uma ação preventiva. Por
meio de análises, ele elaborou a concepção de transferência, que hoje é encontrada
na relação professor-aluno, e tornou-se um poderoso recurso para o processo de
aprendizagem. Nos mostrando assim, uma forte colaboração da Psicanálise à
educação. Outra forma de contribuição é usar sua força para conseguir a
estabilidade para correções educativa, mas de forma pacífica. A Psicanálise também
orienta a educador em busca do prazer pessoal e a vontade coletiva.

REFERÊNCIAS:

SHIRAHIGE,E.E. HIGA,M.M. A Contribuição da Psicanálise à Educação. In:


CARRARA, K. Introdução à Psicologia da educação: seis abordagens. São
Paulo: Avercamp, 2004, p.13-42

Você também pode gostar