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Psicanálise

Freud e a Psicanálise

Prof. Dra. Katya de Azevedo Araújo


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Sigmund Freud – vida e obra

Um dos nomes mais influentes e polêmicos do século XX, Sigmund Freud


foi um médico neurologista que morou em Viena, capital da Áustria, por quase
todos os seus 83 anos de vida. Ele realizou diversas contribuições para as áreas
de medicina, psicologia, literatura, filosofia, política, entre outras. No entanto, seu
principal feito, enquanto profissional da área de saúde e especialmente da mente
humana, é ter criado uma importante teoria, a psicanálise ou teoria freudiana.
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Sigmund Schlomo Freud nasceu no dia 6 de maio de 1856, na cidade de
Freiberg, na Morávia (hoje Tchéquia), a 160 km de Viena, capital da Áustria.

Os pais de Freud chamavam-se Jacob e Amália. Ele foi o primeiro dos


oito filhos do casal. Seu pai era judeu e trabalhava como comerciante de lã. A
família enfrentava dificuldades econômicas.

Quando o futuro pai da psicanálise tinha quatro anos, sua família mudou-
se para Viena — à época berço de grandes produções nas áreas de cultura, arte,
música, literatura e ciências.

Desde criança, os pais de Freud dedicavam-lhe tratamento especial em


relação aos irmãos. Sua mãe chamava-o de “meu Sig de ouro”. Ele sempre foi
muito estudioso, tirava notas altas e estudava línguas estrangeiras por conta
própria.

Autodidata, quando tinha 12 anos Freud já lia obras de William


Shakespeare. Na adolescência, ele começou a escrever um diário dos seus
sonhos. Entrou na Faculdade de Medicina da Universidade de Viena em 1873.
Depois de formar-se, em 1881, queria trabalhar com pesquisa, mas, para juntar
dinheiro para o seu casamento, escolheu atender em um consultório situado na
capital (hoje, o Museu Freud de Viena)
.

Aos 26 anos, Freud apaixonou-se por uma moça chamada Martha


Bernays. Com dois meses de relacionamento, ficaram noivos. O médico casou-
se com ela aos 30 anos e, juntos, tiveram seis filhos.

O médico austríaco era um homem reservado, tímido e discreto. Tinha


fobia de viajar, era viciado em charutos e chegava a fumar de 20 a 25 desses
por dia. Segundo ele, precisava fumar o charuto para manter-se criativo.

Em 1923, Freud foi diagnosticado com câncer na mandíbula e na boca.


Passou por várias cirurgias para retirar tumores. Tirou também parte da sua
mandíbula e passou a usar uma prótese. Nos 16 anos seguintes, continuou 3
sofrendo com a doença.

Quando os nazistas chegaram à Áustria em 1938, Freud e sua família


tiveram que fugir para Londres. No entanto, quatro das suas irmãs morreram,
mais tarde, em campos de concentração. Na ocasião, alguns livros de Freud
foram queimados.

Sigmund Freud morreu em 23 de setembro 1939, na sua casa, em


Londres, onde hoje funciona o Museu Freud de Londres. Relatos apontam que
ele faleceu depois que seu médico aplicou três doses de morfina.

Em 1885, antes de tornar-se famoso, Sigmund Freud ingressou como


interno no Hospital Geral de Viena. Ele escolheu especializar-se em doenças
nervosas (neurologia), por ser uma área pouco procurada e por questões
práticas.

Enquanto estudante e profissional, Freud fez diversas pesquisas que


contribuíram para áreas da medicina e da biologia, tais como fisiologia, anatomia,
histologia, anestesia e pediatria. Outras de suas contribuições foram
investigações sobre temas como a natureza das afasias (distúrbios de
linguagem), a paralisia cerebral na infância e as propriedades anestésicas da
cocaína. Uma curiosidade é que, na época, ele chegou a fazer uso constante
dessa droga.
No início da carreira, Freud passou uma temporada em Paris para estudar
com o neurologista francês Jean-Martin Charcot, que hipnotizava pacientes
considerados histéricos diante do público. Na ocasião, Freud passou a
questionar-se sobre doenças que não estavam somente no corpo, mas também
na mente, mais especificamente em uma parte chamada segunda mente.
Posteriormente, ele denominou essa parte de inconsciente.

Em 1886, Freud abriu seu consultório em Viena para atender pacientes


com distúrbios nervosos. Ele tentou usar a hipnose de forma terapêutica, mas
acabou desenvolvendo outra técnica: tratar pessoas com a chamada talking cure
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(tratamento pela palavra), que se tornou a base de toda psicoterapia.

Após diversos estudos e aplicações sobre o referido tratamento, Freud


desenvolveu a teoria da psicanálise, cujo objetivo era entender como funcionava
a mente dos homens, em especial daqueles que tinham sofrimento mental.

Freud entendeu que as pessoas que não expressavam seus sentimentos


tinham a mente doente, e que, ao aplicar técnicas da psicanálise, como a livre
associação e a interpretação dos sonhos, por exemplo, os pacientes eram
estimulados a externar seus pensamentos e memórias que causavam as
neuroses.

As obras mais famosas de Sigmund Freud foram:

Estudos sobre a histeria (1895)

A interpretação dos sonhos (1900)

A psicopatologia da vida cotidiana (1901)

Três ensaios sobre a teoria da sexualidade (1905)

Piadas e sua relação com o inconsciente (1905)

Além do princípio do prazer (1920)

O mal-estar na civilização (1930)


Civilização e seus descontentes (1931)

Em 1897, Freud passou a estudar a natureza sexual dos traumas infantis


causadores das neuroses e começou a delinear a teoria do “Complexo de Édipo”,
segundo o qual seria parte da estrutura mental dos homens o amor físico pela
mãe.

Nesse mesmo ano, já observava a importância dos sonhos na psicanálise.


Em 1900 publica A Interpretação dos Sonhos, a primeira obra psicanalítica
propriamente dita.
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Em pouco tempo, Freud conseguiu dar um passo decisivo e original que
abriu perspectivas para o desenvolvimento da psicanálise ao abandonar a
hipnose, substituindo-a pelo método das livres associações, passando então a
penetrar nas regiões mais obscuras do inconsciente, sendo o primeiro a
descobrir o instrumento capaz de atingi-lo e explorá-lo em sua essência.

Durante dez anos, Freud trabalhou sozinho no desenvolvimento da


psicanálise. Em 1906, a ele juntou-se Adler, Jung, Jones e Stekel, que em 1908
se reuniram O primeiro sinal de aceitação da Psicanálise no meio acadêmico
surgiu em 1909, quando foi convidado a dar conferências nos EUA, na Clark
University, em Worcester.

Em 1910, por ocasião do segundo congresso internacional de psicanálise,


realizado em Nuremberg, o grupo fundou a Associação Psicanalítica
Internacional, que consagrou os psicanalistas em vários países.

Entre 1911 e 1913, Freud foi vítima de hostilidades, principalmente dos


próprios cientistas, que, indignados com as novas ideias, tudo fizeram para
desmoralizá-lo. Adler, Jung e toda a chamada escola de Zurique separaram-se
de Freud no primeiro Congresso Internacional de Psicanálise, em Salzburg.
O Inconsciente

Essa palavra define todos aqueles processos mentais que ocorrem sem
que o indivíduo se dê conta. Sem que tenha consciência sobre eles. Esse é o
significado mais amplo, – ou genérico – atribuído ao termo.

Uma metáfora comum para compreender o sentido psicanalítico do


inconsciente é a do iceberg. Como sabemos, a parte emersa do iceberg, aquela
facilmente visível, representa apenas um pequeno pedaço de sua verdadeira
dimensão. Sua maior parte permanece submersa, escondida sob as águas.
Assim é a mente humana. Aquilo que comumente entendemos como nossa 6
mente é apenas a ponta do iceberg, o consciente. Enquanto o inconsciente é
esse pedaço submerso e insondável.

O inconsciente seria o conjunto de processos psíquicos misteriosos para


nós mesmos. Nele, estariam explicados os nossos atos falhos, nossos
esquecimentos, nossos sonhos e até mesmo paixões. Uma explicação, no
entanto, inacessível para nós mesmos. Desejos ou memória reprimidas,
emoções banidas do nosso consciente – por serem dolorosas, ou de difícil
controle – se encontram no inconsciente, praticamente inacessíveis para a razão.

Essa definição varia dentro da própria psicanálise, porque diferentes


autores identificaram diferentes aspectos dessa parte de nossa mente.

Para Freud, o inconsciente seria como a caixa-preta do indivíduo. Ela não


seria a parte mais profunda da consciência, nem a que possui menos lógica, mas
uma outra estrutura que se distingue da consciência. A questão do inconsciente
é abordada por Freud principalmente nos livros “Psicopatologia da vida cotidiana”
e “A Interpretação dos sonhos”, que são, respectivamente, de 1901 e 1899.
Freud utiliza esse termo para se referir a qualquer conteúdo que se encontre fora
da consciência. Outras vezes, ainda, refere-se ao inconsciente não para tratar
dele em si, mas de sua função enquanto estado mental: é nele que se encontram
as forças sublimadas por algum agente repressor, que as impede de chegar ao
nível da consciência.
São exemplos de expressões do inconsciente os sonhos. O mesmo vale
para ato de trocar o nome de alguém ou soltar alguma palavra
descontextualizada. Coisas que fazemos sem perceber (atos falhos) Além disso,
quando fazemos algo que parece não ser do nosso feitio, ou não corresponder
com nossa forma de agir, também temos uma expressão do inconsciente que se
impõe.

Existem algumas divergências, entre os principais teóricos, nos seus


modos de entender e estudar esse elemento. Porém, é correto afirmar que o
entendimento do inconsciente, e seus desdobramentos, são a base inicial do
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estudo psicanalítico.

Entender o que acontece no inconsciente, permite ao paciente tratar


problemas, traumas, defesas que ele poderia nem saber possuir.

A Transferência

O ser humano é essencialmente um ser relacional. O processo de


socialização, pelo qual todos os seres humanos passam, é gradual e se inicia,
desde os primeiros anos de vida. Transferência e contratransferência são
conceitos centrais na compreensão da relação terapêutica nas diversas
vertentes da psicanálise. Esses constructos sofreram grandes modificações
conceituais no decorrer da obra freudiana.

O termo "transferência" foi utilizado pela primeira vez por Freud em 1895,
como uma forma de resistência, ou seja, um obstáculo ao processo analítico,
como meio de evitação aos conteúdos da sexualidade infantil que ainda
permanece ligada às "zonas erógenas", as quais, na evolução normal, já
deveriam estar desligadas. (ISOLAN, 2005)
Foi em 1912 que Freud publicou a primeira obra exclusivamente dedicada
à transferência, denominada “A dinâmica da transferência”, na qual explica como
a transferência é necessariamente relacionada ao tratamento psicanalítico.
Freud enfatiza que a transferência não se deve ao tratamento psicanalítico, mas
é devido à neurose. Ele explica que se a necessidade de amar de algum
indivíduo não é totalmente satisfeita pela realidade, ele irá se aproximar de cada
pessoa que conhecer inclusive o médico. Por isso, para ele, a transferência é
um dos elementos fundamentais para caracterizar o método de tratamento
psicanalítico. (BARTOLOMEI, 2008)
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Para Freud: transferências são reedições, reduções das reações e
fantasias que, durante o avanço da análise, costumam despertar-se e tornar-se
conscientes, mas com a característica de substituir uma pessoa anterior pela
pessoa do médico. Dito de outra maneira: toda uma série de experiências
psíquicas prévias é revivida, não como algo do passado, mas como um vínculo
atual com a pessoa do médico. Algumas são simples reimpressões, reedições
inalteradas. Outras se fazem com mais arte: passam por uma moderação do seu
conteúdo, uma sublimação. São, por tanto, edições revistas, e não mais
reimpressões. (FREUD, 1969. v. 7, p. 109-19)

Bion (2000) diz que a importância da transferência está em seu uso na


prática da psicanálise e que ela deve ser observada tanto por analisandos como
por analistas, essa é a sua força e sua fraqueza. A sua força é devido a estar
disponível às duas pessoas e, portanto, passível de ser discutido por elas; sua
fraqueza, porque o fato é inefável e não pode ser discutido por mais ninguém”.

“Foi apenas em 1909 que Freud parou de considerar a transferência como


algo contra-produtivo para o processo analítico. Pois, até então, a transferência
era considerada um obstáculo para a análise, uma resistência do paciente”
(LÖSCH, s.d.).

“Em 1912 Freud descreveu três diferentes tipos de transferência: a


negativa, a erótica e a positiva. Sendo que a negativa e a erótica eram
consideradas como as que dificultavam o trabalho terapêutico, e a positiva
como a que auxiliava o trabalho terapêutico” (LÖSCH, s.d.).

A transferência negativa era considerada como transferência de


sentimentos hostis em relação ao analista, podendo também representar uma
forma de defesa contra o aparecimento da transferência positiva, podendo
coexistir, mesmo que com a transferência positiva.

A transferência erótica era considerada aquela onde o analisando


transfere para a pessoa do analista sentimento de amor, ou seja, quando o
paciente diz estar apaixonado pela pessoa do analista. Quando isso acontece, o 9
paciente perde o interesse no tratamento e fica “inteiramente sem compreensão
interna e absorvido em seu amor”. O foco das sessões será o amor que o
paciente exige que seja retribuído e esse é exatamente o objetivo do paciente.
O paciente está resistindo à análise. Ele coloca suas defesas em prática para
não se lembrar ou admitir certas situações passadas. (LÖSCH, s.d.)

“ Transferência positiva é ainda divisível em transferência de sentimentos


amistosos ou afetuosos, que são admissíveis à consciência, e transferência de
prolongamentos desses sentimentos no inconsciente.” (FREUD, vol. 12, 1912,
p.140)

“A transferência positiva é compreendida em termos dos sentimentos de


simpatia e afetivos conscientes, dirigidos à figura do analista e também
inconscientes, sendo esses últimos de natureza invariavelmente
erótica ”(ROBERT, s.d).

Resistência e transferência são mecanismos de defesa imprescindíveis


para a realização do tratamento. Sem elas, não há psicanálise. Uma aparece na
tentativa de encobrir e se defender de lembranças dolorosas, a outra como a
repetição de uma relação objetal passada, e as duas trazem consigo pilares
fundamentais com material riquíssimo. Uma vez que, para que a transferência
adquira contornos de resistência é necessário o suporte da transferência
afetuosa (ROBERT, s.d).

Freud pontua: “Cada associação isolada, cada ato da pessoa em


tratamento tem de levar em conta a resistência e representa uma conciliação
entre as forças que estão lutando no sentido do restabelecimento e as que se
lhe opõe, já descritas por mim” (FREUD, 1912, p. 115).

É sabido que FREUD não deixou nenhum estudo sistematizado sobre a


contratransferência, embora tenha reconhecido a sua existência e a necessidade
de mantê-la sob rigoroso controle, a fim de evitar os seus perigos.

O conceito de contratransferência foi considerado como sendo uma


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reação do analista provocada pela transferência do paciente, e, como tal, algo a
ser superado ou ultrapassado para que o analista volte a trabalhar em condições
adequadas.

No trabalho de 1912, Freud conclui que o médico tenta compelir o


paciente a ajustar seus impulsos emocionais ao nexo do tratamento e da história
de sua vida, submetendo-os à consideração intelectual e a compreendê-los à luz
de seus valores psíquicos. E que “esta luta, entre o médico e o paciente, entre o
intelecto e a vida instintual, entre a compreensão e a procura da ação, é travada,
quase exclusivamente nos fenômenos das transferências”.

Após Freud, o conceito tomou novas conotações, ampliando


consideravelmente a sua compreensão. Pode-se dizer que quase cada autor que
escreveu sobre o fenômeno da contratransferência nestas últimas décadas,
apresentou sua própria versão. Há desde os que consideram como
contratransferência a totalidade das reações do analista como relação ao
paciente, aos que limitam o conceito às respostas eliciadas pela
contratransferência do paciente, sem falar na concepção atualmente mais
divulgada, segundo a qual a contrantransferência compreende as reações
oriundas do inconsciente do analista, vinculadas experiências da infância do
analista, projetadas na relação analítica (ANDRADE, 1983).
Os estágios Psicossexuais do desenvolvimento da
personalidade

Sigmund Freud escandaliza o mundo ao falar que as crianças, desde


muito cedo, apresentam vida sexual.

Ao revelar que a sexualidade inicia desde os primórdios da vida, Freud


situa a sexualidade existente já na base da estruturação psíquica, a partir da
relação bebê (mãe-pai), após seu nascimento. A sexualidade se instaura
gradativamente passando por fases onde o prazer das crianças está colocado
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em uma parte do corpo de acordo com sua idade. São as fases psicossexuais
do desenvolvimento infantil onde o prazer é parcial e não total, como o é na
relação sexual genital dos adultos.

A sexualidade se apoia nas satisfações ligadas à preservação da vida-


alimentação, excreção, proteção, reprodução. O psiquismo se constitui à medida
que vão sendo registrados na crianças cuidados auto conservativos associados
à experiência de prazer.

A sexualidade é uma invenção moderna, é o resultado dos discursos


sábios (psicanalíticos, médicos, psicológicos...) e das regras e imperativos dos
poderes que estabelecem ( religioso, judicial, médico, pedagógico) e finalmente
também resultado do sentido e do valor de cada um, de sua conduta, da série
de deveres que adota, dos prazeres que conhece ou aos quais aspira, seus
sentimentos, seus sonhos.

A sexualidade não é sexo e sim é um modo de ser que se incorpora a um


corpo mediante as práticas.

LIBIDO- energia sexual dos seres humano. Esta energia se instaura ao


longo da vida a cada cuidado físico com o bebê, na troca de fraldas, na
alimentação, na hora de brincar, na discriminação dos desconfortos que a
criança sofre.
PULSÃO – origina-se da palavra trieb em alemão –significa impulsão –
energia que se origina no corpo e que se torna psíquica para depois ser
descarregada. Isto distinguiria o s seres humanos dos outros animais. É algo
mais do que um comportamento animal. A pulsão de vida está ligada à libido-
energia sexual. A pulsão de morte está ligada aos aspectos destrutivos,
agressivos dos seres humanos.

INSTINTO-designa os comportamentos herdados, próprios de uma


espécie animal, que pouco varia de um indivíduo para outro é um comportamento
animal característico da espécie.
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Freud denominou a primeira classe de pulsões de auto conservação - a
alimentação, o leito em si, os cuidados básicos, aquilo que não pode ser adiado
e a segunda classe de pulsões como sendo as sexuais, ligadas à satisfação e
que não tem um objeto específico e pode ser satisfeita com a pele, o roçar de
um lençol, como movimento de um carinho e, além disso, não exigem satisfação
imediata.

O cuidado e o amor instauram algo que se traduz em energia ligadora,


libido – energia de vida. É Eros em ação!

Freud irá falar nas fases do desenvolvimento onde constata que em cada
idade, a criança sente mais satisfação em uma parte do corpo e estes registros
vão se somando de forma parcial no psiquismo até chegar à totalização das
pulsões, caracterizada pela resolução do Complexo de Édipo e do Complexo de
castração, culminando então com a realização sexual, no coito genital através
do orgasmo na vida adulta.

ESTÁGIO ORAL

É aquele primeiro período onde a fonte corporal das excitações pulsionais


se dá predominantemente na zona bucal, inicia no nascimento a vai até
aproximadamente os dois anos.
Como o bebê vivencia as sensações de ser tocado, contido, acarinhado,
alimentado, cuidado? Como ouve a fala da mãe? O que ocasiona a falta disto na
vida de uma criança?

Nesta fase o vínculo mãe-bebê se faz presente proporcionando uma


vivência para a criança que irá se repetir em outras relações mais tarde. O
sentimento de segurança, de autoconfiança, de uma boa autoestima inicia nesta
fase, sendo continuado nas outras que seguem. A própria capacidade de amar
origina-se de se amado desde aqui.

Falhas na etapa oral do desenvolvimento da libido poderão ocasionar 13


doenças ou transtornos mentais importantes.

Patologias: doenças psicossomáticas- asma brônquica, alergias, doenças


de pele; vícios também chamados de adições – tabagismo, drogadicção,
alcoolismo; depressão; anorexia; bulimia; obesidade; psicoses como a
esquizofrenia; as neuroses no que dizem respeito aos aspectos mais primitivos
coma insegurança de ser amado ou não; o transtornos de humor, transtorno
borderline de personalidade até psicopatas tiveram falhas importantes na fase
oral do desenvolvimento, sofreram privação de afeto e de amor, maus tratos.

Esta também é uma fase de grande dependência da criança em relação


ao mundo externo. Adultos com fixações importantes nesta fase poderão
apresentar-se muito dependentes dos demais.

FASE ANAL

No segundo e terceiro anos de vida a criança independente, possui uma


série de funções que lhe permitem um afastamento progressivo e relativamente
autônomo dos pais.

O engatinhar e o andar; a linguagem; o progressivo aprendizado do


controle das funções fisiológicas que requerem controle motor: comer sozinho,
controle dos esfíncteres. Nesta etapa o prazer da criança se encontra na região
anal de seu corpo. Anal porque o ato de defecação ocupa um lugar
importantíssimo no desenvolvimento psicossexual da criança. Não se resume
apenas no controle motor em geral, mas nas sensações de domínio, de prazer
pela expulsão ou retenção que os movimentos corporais permitem.

A zona erógena é a mucosa retal.

A etapa anal é herdeira da etapa oral. a mãe continua sendo o objeto


privilegiado da criança só que agora ela o vê por completo.

Simbolicamente para a criança as fezes representam um presente que ela


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dá par aos adultos quando quiser. E assim vai brincando de controlar o meio
externo e constituindo seu psiquismo.

Aos poucos as fezes são substituídas por brinquedos como massinha de


modelar, argila, mas de qualquer forma as crianças gostam de se sujar ou brincar
com materiais de higiene e limpeza. Nesta fase aparecem sentimentos de
agressividade, de brabeza, teimosia, quando podem se travar verdadeiras
batalhas em relação à hora do banho. A criança deseja exercer domínio sobre
os outros e ao mesmo tempo se independizar.

As patologias –pessoas sádicas, perversas, masoquistas que gostam de


submeter e humilhar os outros, avarentas ou os neuróticos obsessivo-
compulsivos que apresentam rituais e uma vida restrita ao aprisionamento de
seus sintomas.

ESTÁGIO FÁLICO

No terceiro ano de vida, os órgãos genitais são o alvo da concentração


energética pulsional. Não se trata de genitalização adulta, mas do interesse das
crianças: De onde vêm os bebês? Qual a diferença entre meninos e meninas?

Para a criança o conceito de sexo é vago e ambíguo, mas é alvo de sua


curiosidade. Inicialmente as crianças acreditam que todos os seres humanos são
iguais. A masturbação ou o brinquedo onde os jogos manipulativos estão
presentes são características da etapa fálica. A exploração do próprio corpo é a
atividade central deste estágio.

COMPLEXO DE ÉDIPO – crianças em pelo enamoramento de seu genitor


do sexo oposto e rivalizando como progenitor do mesmo sexo, criam teorias
oriundas de suas fantasias, provocadas pela curiosidade infantil:

A –a descoberta da diferença dos sexos

B- a cena primária ou primitiva- fantasia de ter testemunhado o relacionamento


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sexual dos pais

C-a escopofilia ou pulsão epistemofílica – é a curiosidade- se converte em


espírito de investigação presente nos cientistas em geral e nas crianças em
idade escolar.

Falhas nesta fase: histerias, dificuldades para desempenhar a vida sexual


adulta, neuroses fóbicas, síndrome do pânico, enurese infantil, terrores noturnos
nas crianças.

ESTÁGIO DE LATÊNCIA

Inicia desde os seis anos até a puberdade, coincide com o da escolaridade,


com intenso contato com objetos reais-concretos que funcionam como
substitutos dos objetos primários: pai, mãe, irmãos. É período da socialização,
grande satisfação nos jogos, nas piadas de conteúdo sexual, nas brincadeiras
com os amiguinhos. Meninos e meninas brincam em grupos separados, rivalizam
entre si naturalmente.

Neste período há uma certa dessexualização, um amortecimento das


pulsões sexuais, mas não uma desistência. Toda força pulsional retornará no
próximo estágio em decorrência de transformações fisiológicas e maturacionais
do desenvolvimento.
ESTÁGIO GENITAL

Após a puberdade e em plena adolescência inicia-se o estágio genital


onde a primazia do ato sexual é ponto central. O prazer inclui o ato sexual
prosseguido de orgasmo. Não se trata apenas do sexo em si, mas de um
conjunto de desejos e sentimentos culminando numa realização afetiva. Para
Freud a grande dificuldade da vida adulta é encontrar o parceiro que possa amar
realmente, porque sito implica em unir estas duas forças a favor do desejo.

As vivências infantis somadas aos fatores hereditários culminarão ou não


em patologia, dependendo da estrutura de personalidade do indivíduo e do 16
contexto social em que vive.

As patologias: desde sintomas neuróticos como as inibições sexuais


caracterizadas pro impedimentos internos de obter prazer e orgasmo, até as
perversões (desvios de sexualidade normal, caracterizadas pelas distintas
parafilias a exemplo do fetichismo, voyeurismo, exibicionismo.

As Pulsões

No fim do século XIX, o austríaco Sigmund Freud desenvolveu a noção


de pulsão, o que ocorreu quando ele começou a pensar sobre os
comportamentos humanos que além de excederem o instinto, também o
contradizem (PESTANA, 2005).

Para que se entenda os fatores relativos a Pulsão faz-se necessário


diferenciá-la do que significa instinto, em função de que esses termos podem vir
a ser considerados como sinônimos por algumas pessoas.

No entanto Pulsão trata-se de uma conduta não advinda de precedentes,


e nem possui um objeto em especifico, ou seja, é um comportamento que ocorre
em função de fatores próprios e em determinados momentos, enquanto que o
instinto diz respeito a uma força biológica que motiva seres de uma determinada
espécie a agirem sempre com o mesmo objetivo, sendo então um
comportamento oriundo da hereditariedade, e por isso pré-formado.
(PESTANA, 2005).

Hans (1996, p.178) diz que Freud objetivava a realização de três


atividades: a) Formulação de um padrão de funcionamento psíquico; b)
Estabelecimento de bases fisiológicas do psiquismo; c) Buscava situar os
aspectos biológicos da conduta humana.

Em A pulsão e suas vicissitudes (1915), Freud formula sobre a passagem


do psíquico para o somático. Ele define a pulsão como um conceito “situado na
fronteira entre o mental e o somático” ou ainda, como “o representante psíquico 17
dos estímulos que se originam dentro do organismo e alcançam a mente”. Neste
momento, acontece um conflito acerca do conceito de pulsão. (FREUD apud
PESTANA, 2005, p.6).

Assim, o processo de pulsão pode ser considerado como sendo algo que
tanto pode surgir na esfera mental como também pode ter origem no interior do
organismo vindo posteriormente a chegar na mente. O que não deixa claro de
onde se origina desse fenômeno psíquico.

Alvo, objeto, pressão e fonte são os quatro termos utilizados por Freud
para montagem do conceito de pulsão.

1-Pressão é entendido como o fator motor, a soma de força ou a medida de


trabalho representada por ela, o que a faz ser considerada como uma quantidade
de descarga que resulta na excitação.

2-A satisfação é o alvo da pulsão, cujo alcance ocorre pelo cancelamento do


estado que estimulou a fonte pulsional. Alvo este que não é variável, onde
somente o que pode ser modificado é o trajeto para se chegar nele.

3-O objeto de um instinto é a coisa relacionada ao instinto ou por meio do qual a


finalidade deste é alcançada. A pulsão precisa de um objeto para que consiga
ser satisfeita, ainda que parcialmente. Objeto este que não é especificado, mas
sim que tenha a capacidade de promover a satisfação da pulsão.
4-A fonte pulsional não é psíquica mas sim corporal, vindo então a se originar
no corpo. Por isso condiz a um processo somático que acontece em uma das
partes ou órgão do corpo, onde a excitação é representada na mente através da
pulsão. (MOURA, 2008).

Segundo Moura (2008, p.4): “Uma pulsão não pode ser destruída nem
inibida, uma vez tendo surgido, ela tende de forma coerciva para a satisfação.
Aquilo sobre o qual vai incidir a defesa é sobre os representantes psíquicos da
pulsão”. Isso mostra que o sujeito não consegue impedir a busca em satisfazer
o objeto da pulsão, pois a partir do momento em que surge há todo um processo
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de emprego de energia para que o objetivo da pulsão seja alcançado.

Na psicanálise, a pulsão é a energia psíquica profunda que direciona a


ação até um fim, descarregando-se ao consegui-lo. O conceito refere-se a algo
dinâmico que é influenciado pela experiência do sujeito. Isto diferencia a pulsão
do instinto, que é congênito (herdado pela genética) (REEVE, 2006, p.2).

Dessa forma diz respeito a uma força interna voltada a atingir um


determinado objetivo, por parte de uma pessoa, que ao conseguir realizar seu
objetivo, esta é descarregada, por isso é algo que acontece em certo momento
da vivência do ser humano.

Freud estabeleceu que a pulsão era a tensão corporal que tende para
diversos objetos e que se descarrega ao aceder aos mesmos, ainda que
momentaneamente, uma vez que a pulsão nunca é completamente satisfeita”.
Percebe-se que a pulsão é um fato que pode acontecer em determinados
momentos da vida de um indivíduo, e por não ser satisfeita por completo ela
tende a voltar a se manifestar.

O Recalcamento e repressão

Recalque ou repressão foram os termos advindos da tradução da palavra


alemã, criada por Freud, Verdrängung, a qual é oriunda do verbo verdrängen.
Cujo significado pode ser: desalojar, empurrar para o lado, e ainda pode
vir a ser sinônimo de incomodo, sufoco. (SILVA, 2010, p.5).

Recalque e repressão são terminologias que para muitos autores


possuem o mesmo significado no campo psicanalítico. Fato este que envolve as
questões da tradução da terminologia criada por Sigmund Freud. Isto porque a
origem da palavra por muitos foi traduzida como tendo significado semelhante
em ambos os casos.

Uma das principais diferenças entre estes dois mecanismos de defesa


foram evidenciadas no que se refere a forma de seu processamento na estrutura 19
psicanalítica, pois cada um deles acontece em esferas divergentes da estrutura
mental humana, a qual fora idealizada por Freud, uma vez que estes se originam
em espaços diferentes, no que diz respeito ao Id, Ego e o Superego.

A repressão é um mecanismo mental inconsciente, pelo qual as ideias ou


os impulsos indesejáveis e inaceitáveis para a consciência são suprimidos por
ela e impedidos de entrar no estado consciente. Este material indesejável não
está geralmente sujeito à recordação voluntária consciente. A essência da
repressão consiste em afastar uma determinada coisa do consciente, mantendo-
a à distância (no inconsciente). Entretanto, o material reprimido continua a fazer
parte da psique, apesar de inconsciente, e continua a causar problemas.
Segundo Freud, a repressão nunca é realizada de uma vez por todas e
definitivamente, mas exige um continuado consumo de energia para se manter
o material reprimido. A ansiedade é a força que leva à repressão e é sentida se
houver perigo de o material reprimido se tornar consciente.

Para Freud os sintomas histéricos têm origem em alguma antiga


repressão. Algumas doenças psicossomáticas, tais como a asma, artrite e úlcera,
também poderiam estar relacionadas com a repressão. Também é possível que
o cansaço excessivo, as fobias e a impotência ou a frigidez derivem de
sentimentos reprimidos. A repressão é o melhor mecanismo de defesa,
especialmente contra as exigências dos impulsos sexuais.
Considerando-se o material mantido no ambiente intrapsíquico, onde o
sujeito se ver obrigado a retirar de sua consciência tudo o que lhe causa
desconforto, e que advém desse material. Porém este material continua
integrado ao sujeito, no entanto se concentra em um espaço onde o material que
foi rejeitado fica separado da consciência. Em função de que há a recusa, por
parte desse material, de se manter afastado, se mantendo desapercebido, este
por sua vez procura caminhos que o tragam de volta, e que por isso o sujeito
sente-se obrigado a desprender energias a fim de mantê-lo fora de ação. (HANS,
1996).
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Hans (1996, p. 358) o significado original atribuído ao termo recalque é o
“rebaixamento de terra ou paredes [...] calcar é conceituado como calcar a terra,
o terreno = pressionar-pisar-apertar, podendo também ser utilizado como
“oprimir, vexar, desprazer”. Percebe-se que essa terminologia refere-se a uma
ação em que existe a sobreposição de algo sobre outrem, com vista a forçar uma
situação que provoque desconforto, angústia.

Recalcar é o processo pelo qual ocorre a sobreposição de uma força


sobre algo indesejável, cuja finalidade é fazer com que esse fato se torne
inoperante, impossibilitado de ser mantido na consciência a fim de que o sujeito
não venha a sofrer, apesar de não poder ser excluído do aparelho psíquico, mas
sim mantendo-se guardado em outro espaço deste.

As pulsões ao serem recalcadas, continuam em constante movimento


objetivando obter o acesso a consciência. Portanto a função do recalque é
investir energias capazes de manter o objeto recalcado na esfera do inconsciente,
com a finalidade de que se evite o desprazer, o qual pode surgir quando este
material retorna, assim como o desequilíbrio psicológico do indivíduo.

O objetivo do recalque é o de manter fora do consciente tudo o que for


percebido pelo ego como sendo inaceitável pelo sujeito. Este mecanismo é
constituído através de um modus operandi primevo na esfera psíquica, o qual se
origina ainda quando o indivíduo é um bebê.
O recalque esforça-se para realizar-se na estruturação do neurótico, nas
ocasiões em que haja a necessidade de defender-se contra as frustrações.
Desse modo, o recalque, o qual busca proteger o princípio de prazer, contorna
a realidade angustiante para a garantia do bem estar do aparelho psicológico.
(FREUD, apud BRITO, 2015).

Todavia, este mecanismo não impede que o conteúdo que fora omitido da
consciência volte a se manifestar; o recalque é imperfeito, e não impossibilita
que o retorno do recalcado sob nova representação aconteça (FREUD, 2006c).
Desta forma, como o conteúdo recalcado não está banido eternamente da
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consciência, ele se elabora, fica em um período de incubação (FREUD, 2006a),
onde ele, sem a influência da consciência, se prolifera e transforma, de forma
que não mais seja reconhecido, e possa se manifestar, Ele se move pelos traços
mnêmicos construídos em cadeia, composta pelo conteúdo recalcado (FREUD,
2006b). A pulsão, desta forma, se desloca a representantes que tem a
possibilidade de satisfazê-la parcialmente, omitindo sua verdadeira face ao ego,
mas não necessariamente, impedindo o seu sofrimento. É neste momento que
podemos intitular o retorno do recalcado de sintoma (FREUD, 2006a).

Freud diz que o recalque não é um mecanismo defensivo presente desde


o início; só pode surgir quando tiver ocorrido uma cisão marcante entre a
atividade mental consciente e a inconsciente (o recalcamento só está presente
a partir da divisão entre sistema consciente/pré-consciente e sistema
inconsciente). E que antes da organização mental alcançar essa fase a tarefa de
rechaçar os impulsos pulsionais cabia à outras vicissitudes, as quais as pulsões
podem estar sujeitas. (MOURA, 2008, p.6).

O mecanismo do recalque opera em três fases distintas, as quais são: o


recalque primário ou original, o recalque secundário ou o recalque propriamente
dito e o retorno do recalcado.

1- No recalque primário, estão as experiências vivenciadas pelo sujeito, na


infância, mas que por ainda não ter o seu aparelho psíquico completo, ou seja,
com as três estruturas formadas, o id, o ego e o superego, tudo o que for uma
representação maléfica fica mantida no inconsciente, por ainda não ser
reconhecida pela criança como algo que lhe provoca desconforto, em função de
a mesma ainda não possuir consciência, noção das coisas, ou seja, saber
distinguir entre certo e errado, tornando-se uma fixação.

2- No recalcamento propriamente dito, os representantes da pulsão que até


então se encontravam alojados no inconsciente, começam a tentar ascenderem
a esfera da consciência, o que é entendido pelo ego como uma ameaça à
integridade psíquica da pessoa, e a partir daí este age no intuito de manter esses
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representantes ideativos das pulsões no inconsciente, para que assim o
indivíduo não venha a sofrer em função de tais representações, ou seja, o acesso
do objeto pulsional é impedido de se manter na consciência, sendo recuado ao
inconsciente.

3-O retorno do recalcado, os representantes ideativos das pulsões, que foram


empurrados para o inconsciente retornam a esfera do consciente com um novo
formato, e por não ser reconhecido pelo ego, acaba por se fazer presente no
consciente, de maneira menos ofensiva ao ego, em alguns casos, mas em outros
se tornam altamente patológicos.

O retorno do recalcado pode consistir ou em uma simples “escapada” do


processo de recalcamento, válvula de escape funcional e útil (sonho, fantasias),
ou em uma forma às vezes que acaba com os efeitos da dor (lapsos, atos falhos),
ou, ainda, em manifestações francamente patológicas de fracasso real do
recalcamento (sintomas) (BERGERET, 2006, p.52).

O recalcado, se transforma, assume nova aparência, para que consiga


ser aceito, ou mesmo, não ser notado pelo ego, buscando cumprir a satisfação
pulsional, a qual pode tanto não trazer problemas ao aparelho psíquico como
também pode se mostrar patológica ao mesmo.

Para Hans (1996, p.358) repressão é: “reprimir, esmagar, oprimir, impedir


de se manifestar” [...] “reprimir sentimentos, refrear”. Observa-se que a repressão
é um movimento que acontece na consciência do indivíduo, em que o
mesmo está consciente desse fenômeno, e por isso o controla, e depende de
sua vontade para que esse processo ocorra.

[...] a repressão é uma operação do aparelho psíquico que faz


desaparecer uma ideia ou um afeto, na maioria das vezes desagradáveis, da
consciência. Essa operação é realizada no espaço consciente e irá direcionar o
material que deve ser reprimido para o pré-consciente. A atuação ocorre no
campo da ‘segunda censura’, situada por Freud entre o consciente o pré-
consciente. Para Freud não há como o afeto ser alojado no inconsciente, ou se
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torna outro afeto ou é reprimido. (LAPLACHE; PONTALIS apud ISOTTON, 2001,
p.4).

Nesse sentido a repressão é uma ação da consciência do sujeito que ao


se deparar com algo que lhe incomoda, o qual pode ser em termos ideativos ou
afetivos, onde o objeto do desprazer é reprimido para a esfera pré-consciente,
ou seja, censurado, mas não é lançado no inconsciente, ficando então no espaço
consciente, no entanto em segundo plano da própria consciência.

Recalque e repressão são mecanismos de defesa, no entanto o que difere


um do outro é a questão do espaço em que cada um se processa no aparelho
psíquico.

O recalque é um ato que faz com que o objeto indesejado seja empurrado
para o inconsciente do sujeito e a repressão age no sentido de manter o desejo
desagradável em um segundo plano da consciência, na pré-consciência.

A repressão acontece quando em função de exigências exteriores o ego


percebe algo nocivo ao psiquismo do sujeito, no caso, o objeto pulsional e por
isso impede que este se mantenha no consciente, enquanto que o recalque
ocorre quando o objeto pulsional advindo do inconsciente, internamente ao
indivíduo, é entendido pelo ego como inaceitável e por isso é bloqueado por ele,
tem seu acesso a consciência negado.
Apesar de exercerem funções semelhantes, como no caso a de impedir
que o objeto pulsional seja impedido de ficar no consciente, esses mecanismos
de defesa se processam em espaços diferentes do aparelho psíquico.

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Referências

https://psicologado.com.br/abordagens/psicanalise/transferencia-e-
contratransferencia

https://www.ebiografia.com/sigmund_freud/

SOUZA, Reginaldo Silva. A Repressão e o Recalque na Psicanálise.


Psicologado, [S.l.]. (2019). Disponível em
https://psicologado.com.br/abordagens/psicanalise/a-repressao-e-o-recalque-
na-psicanalise . Acesso em 3 Set 2020.
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