Manuela Raposo – Prótese Fixa II – 2018.2/2023.
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Terapia Pulpar
A importância do dente
decíduo
- Tem importância mastigatória, fonética, estética
- Importante para a manutenção dos espaços
para os dentes permanentes para que o dente
permanente erupcione no seu devido lugar. Ajuda
a manter o perímetro do arco.
- Contém o antagonista no plano oclusal
- Estimula o desenvolvimento dos maxilares
Por isso a terapia pulpar objetiva manter a
integridade/saúde dos dentes decíduos e dos
tecidos suportes.
Complexo dentino pulpar
- Tem ação de reação de defesa, reparo,
nutrição, proteção e sensibilidade.
- Mantém a vitalidade do dente
Obs.: Quando tenho lesão de cárie ainda em
esmalte, tenho uma resposta da dentina. Quando
essa lesão atinge o primeiro terço de dentina,
tenho uma resposta da polpa.
Quando tenho a dentina exposta, ou o cemento...
a polpa está em risco!
Características do dente
decíduo
- A camada de esmalte de esmalte e dentina é
mais delgada que o permanente.
- É menos calcificado que o dente permanente.
- O volume pulpar é maior, se comparado com o
permamente.
- Os cornos pulpares são mais proeminentes que o
permanente
- Tem maior diâmetro
- Tem maior permeabilidade dos túbulos
dentinários.
Logo, a progressão da cárie no dente decíduo é
mais rápida do que nos permanentes. E tem maior
risco de acometimento e/ou exposição pulpar.
- Tem muita proximidade com o germe do dente
permanente. As raízes do decíduo estão em íntimo
contato com o germe do permanente.
- Câmara pulpar está localizada muito próxima à
região de furca. E o assoalho da câmara pulpar
apresenta anatomia irregular que, associado a
rizólise favorece a trepanação por instrumentos
endodônticos.
Obs.: Vamos refinar o acesso com a broca Endo Z,
porque a ponta dela não é ativa, e isso vai reduzir
as chances de perfuração.
RIZOGÊNESE X RIZÓLISE
- Na rizogênese temos alta atividade metabólica.
Tenho um dente com mais chance de responder
a um tratamento de forma positiva.
- Na rizólise tenho baixa atividade metabólica. É
como se o dente estivesse com uma inflamação
pulpar crônica (não que o meu dente esteja
inflamado, é que histologicamente tem
semelhanças com inflamação pulpar crônica). E
tem também a redução do número de células.
Logo, foi normatizado que os dentes que têm até
2/3 de raiz íntegra são ELEGÍVEIS para os
tratamentos pulpares.
Em contrapartida, os dentes que têm MAIS de 2/3
de reabsorção fisiológica não são elegíveis para
as terapias pulpares.
Anatomia do dente decíduo
1) Dentes anteriores:
- Possuem raiz única e, em gera, um canal
radicular.
- Cavidade pulpar segue o formato da
forma externa do dente.
- Comprimento radicular geralmente é 2x
maior que a coroa.
- Ligeira inclinação apical para a vestibular
(porque o permanente está pela palatina).
2) Primeiro molar superior
- Em geral possui 3 raízes: 2 vestibulares e 1
palatina, bastante divergentes entre si por
causa do germe do permanente.
- Raiz palatina é a mais longa e curvada, e
a DV mais curta e reta.
 - Cavidade pulpar: câmara ampla com 3
ou 4 cornos pulpares, sendo o MV o mais
proeminente, um canal radicular para
cada raiz
3) Segundo molar superior
- Também possui 3 raízes
- Raiz MV pode ser tão longa quanto a
palatina.
- Raiz DV é a mais curta das 3
- Câmara pulpar espelha (segue
formato) da face externa.
- 4 cornos pulpares. O MV é o mais
proeminente.
- Geralmente são 3 raízes e 3 canais
radiculares.
4) Primeiro molar inferior
- Possui 2 raízes, uma mesial e outra distal.
- Cavidade pulpar: câmara pulpar
apresenta 4 cornos pulpares, sento o MV o
mais pronunciado.
- Raiz mesial geralmente com 2 canais
radiculares, enquanto a raiz distal
apresenta apenas 1 canal (não é raro
encontrar 4 canais nesse dente (2 na
mesial e 2 na distal).
5) Segundo molar inferior
- 2 raízes (uma mesial e outra distal).
- Câmara pulpar com 5 cornos pulpares.
- Raiz mesial tem geralmente 2 canais. A
raiz distal pode ter 1-2 canais.
Particularidades
atendimento infantil
- Controlar o comportamento da criança de
acordo com as instruções dadas na aula de
manejo do comportamento infantil.
- História médica do paciente: Crianças com
endocardite infecciosa, nefrite, leucemia, tumores
sólidos, ou qualquer alteração que leve a redução
da resposta imune do paciente não devem ser
submetidas a procedimentos mais radicais.
Em pediatria nós não vamos tentar fazer a
endodontia a qualquer custo. Óbvio que sabemos
da importância do dente decíduo.
Se o dente NÃO DER PARA ISOLAR, vamos fazer a
exodontia (se fosse um permanente, faríamos
aumento de coroa clínica). E outras
particularidades de saúde do paciente (citadas
acima) NÃO SÃO ELEITOS para fazer endodontia.
- O diagnóstico da criança vai ser pautado
através da dor. Infelizmente isso não é um dado
confiável, principalmente em crianças muito
pequenas. Além disso também tem a diferença
da dor espontânea da dor provocada.
E não é raro que tenhamos um quadro de necrose
o pulpar sem relato de sintomatologia dolorosa.
- Testes de vitalidade NÃO são realizados em
pacientes infantis, EXCETO em casos de trauma,
ou pacientes mais velhos.
Não fazemos, porque podemos perder o controle
da criança. E a criança não vai conseguir
entender e verbalizar a resposta ao teste de
vitalidade.
Logo, o diagnóstico será com base em:
- História médica e dor
- Lesão cariosa; mobilidade; presença de fístula
e/ou abscesso;
- Extensão da lesão e relação com a polpa;
reabsorção, grau de rizólise e rizogênese.
- Radiografia
Pulpite Reversível
- Dor provocada
- Sangramento vermelho vivo
do - Ausência de sinais radiográficos
Pulpite Irreversível
- Dor espontânea
- Sangramento escurecido
Necrose Pulpar
- Ausência de sangramento
- Presença de sinais radiográficos
 Antigamente usava-se muito cimento de
Hidróxido de Cálcio, pois ele tem pontos
positivos (bactericida; estimula a formação
de dentina terciária), e pontos negativos
(altamente solúvel; baixa resistência à
compressão e ausência de adesão ao
substrato).

Mas, em 2007, tiveram estudos que

relataram que NÃO FAZIA DIFERENÇA usar
Hidróxido de Cálcio para forramento. Foi
Obs.: essa foto acima é um esquema muito observado que é mais eficaz um bom
importante dos tratamentos para os diferentes selamento da cavidade, do que
diagnósticos! propriamente a escolha do material.

Capeamento Pulpar Indireto Logo, foi concluído que a camada de

Hidróxido de Cálcio não influencia no
sucesso do tratamento de lesões de cáries
- Remoção parcial da dentina cariada e proteção
profundas de molares decíduos ou
do complexo dentino pulpar com material
permanentes.
biocompatível.
Tem lesão profunda de cárie? Vou remover
- Objetivos: Induzir formação de dentina terciária;
e fazer RESTAURAÇÃO.
preservação da vitalidade pulpar;

Proteção pulpar contra estímulos negativos do

meio bucal; minimizar a microinfiltração
bacteriana.

1) INDICAÇÕES
- Lesão de cárie profunda;
- Polpa saudável
- Pulpite reversível
- 2/3 de raiz intacta

2) CONTRAINDICAÇÕES

- Dor espontânea

- Exposição Pulpar
Capeamento Pulpar
- Pulpite Irreversível

- Mobilidade patológica
Direto
- Alteração periapical - Inserir um material biocompatível
diretamente sobre a polpa exposta
- Rizólise avançada acidentalmente
3) REMOÇÃO SELETIVA - O objetivo é manter a vitalidade do dente,
promovendo restabelecimento da polpa e
Deixamos a dentina AFETADA e retiramos a
proteger de uma irritação adicional.
dentina INFECTADA.
1) INDICAÇÕES
- Dentina INFECTADA: Mais externa;
amolecida; não remineraliza; removida em - Exposição acidental em preparo
lascas; aspecto úmido; coloração clara. cavitário sem remanescente de dentina
infectada.
- Dentina AFETADA: Mais escura; Menos
amolecida; parcialmente - Atendimento imediato em casos de
desmineralizada; remineraliza. exposição pulpar em casos de trauma
(nessa situação, tem que ser no mesmo
4) TRATAMENTOS
dia/hora que ocorreu o trauma. Se o
paciente procurar vários dias após o
 trauma, vai ser indicado uma
pulpectomia).
- Dentes com processo inflamatório
reversível (sem alteração de cor,
mobilidade e sintomatologia dolorosa
espontânea).
- Tecido pulpar vital (sangramento de
coloração normal)
- Ausência de reabsorção patológica
(interna ou externa)
- Ausência de radiolucidez interradicular
e/ou periapical.
Obs.: Gente, esses tópicos em roxo a
professora não falou. Estavam só no slide. Na
aula ela disse que as principais indicações
s]ao apenas os 2 primeiros tópicos
(exposição acidental e trauma).
2) CONTRAINDICAÇÕES
- São muitas, e geralmente são situações
que envolvem indicações de outros
tratamentos.
3) TRATAMENTO
- O material biocompatível mais utilizado para
o capeamento direto em dentes decíduos é
o hidróxido de cálcio P.A.
- Tem capacidade de estimular a formação
de dentina reparadora e a manutenção da
vitalidade pulpar.
- Se estivermos numa situação de exposição
acidental da polpa, devemos controlar o
sangramento: pressionar levemente uma
bolinha de algodão estéril embebida com
solução salina fisiológica sobre o local de
exposição.
Obs.: O sangramento excessivo é indicativo
de inflamação irreversível, e nesse caso serão
indicados outros tratamentos (pulpotomia ou
pulpectomia)
Pulpotomia
- É a amputação do tecido pulpar CORONÁRIO
em um dente com polpa VITAL.
- Objetivo: manter a polpa radicular vital e
assintomática. E promover a cicatrização do
tecido dentário.
1) INDICAÇÕES
- Exposição pulpar durante a remoção de tecido
cariado ou traumatismo.
Nesses casos, a gente expôs a polpa, mas ainda
tem tecido cariado infectado pra remover. E, com
relação ao trauma, o paciente levou dias para ir
ao dentista após o trauma que causou exposição.
Se o sangramento não parar com a colocação de
bolinha de algodão embebida em soro fisiológico,
a indicação é PULPOTOMIA.
- Dor provocada
- Vitalidade pulpar caracterizada pelo
sangramento pulpar com coloração vermelho
rutilante (vermelho vivo). Tecido pulpar de
consistência firme ao ser amputado e
capacidade de hemostaria.
- Estrutura dental remanescente que permita
isolamento absoluto e/ou restauração
subsequente.
Parei em: 54:36
2) CONTRAINDICAÇÕES
- Dor espontânea, edema, supuração, necrose.
- Sangramento que não cessa espontaneamente
- Espesssamento do ligamento periodontal
- Reabsorção radicular patológica ou fisiológica
acometendo mais de 1/3 das raízes
- Lesão radiolúcida inter ou perirradicular.
3) TRATAMENTOS
Na odontopediatria usamos FORMOCRESOL.
Abaixo está um resumo dos materiais usados na
pulpotomia, e suas respectivas vantagens e
desvantagens.
Obs.: vou colocar as informações apenas para
curiosidade, porque a professora passou muito
rápido por esse slide.
a) FORMOCRESOL
- Vantagens: antimicrobiano, impede autólise do
tecido, custo reduzido.
- Desvantagens: Provoca desvitalização, não
ocorre reparação pulpar, difícil controle da
penetração.
b) SULFATO FÉRRICO
- Vantagens: produz coagulação e hemostasia,
atua como barreira para componentes irritantes
de materiais aplicados sobre ele.
- Desvantagens: Menor eficácia quando
comparado ao formocresol e MTA.
c) MTA
- Vantagens: antimicrobiano, biocompatível, não
tóxico, não reabsorvível, promove regeneração
tecidual em contato com tecido pulpar e
perirradicular.
- Desvantagens: Custo elevado, manchamento
coronário, dificuldade de manipulação, longo
tempo de presa.
d) BIODENTINE
- Vantagens: Biocompatível, não tóxico, não
reabsorvível, promove regeneração tecidual em
contato com tecido pulpar e perirradicular, não
provoca manchamento coronário, tempo de
presa mais curto.
- Desvantagens: Custo elevado, poucos estudos
clínicos até o momento.
4) SEQUÊNCIA CLÍNICA
Paciente com dor provocada
anestesia Isolamento Remoção de dentina
cariada e acesso remoção da polpa coronária
Soro fisiológico bolinha de algodão estéril
remoção do excesso de formocresol colocar o
formocresol por 5 minutos e depois tirar (nesse
momento o sangramento deve cessar. Se o
sangramento não cessar, significa um quadro de
IRREVERSIBILIDADE, sendo indicada a
PULPECTOMIA).
Pulpectomia
É a extirpação de todo o tecido pulpar, coronário
e radicular, de um dente cuja polpa apresenta
inflamação irreversível ou necrose, devido à cárie
ou traumatismo dental.
O objetivo é a manutenção do dente na
cavidade bucal o máximo de tempo possível.
1) INDICAÇÕES
- Dentes com lesão de cárie ou restauração
defeituosa associada a sinais ou sintomas de
pulpite irreversível ou necrose.
- Dor espontânea ou persistente que
desparece após algum tempo.
- Estrutura dental que permita isolamento
absoluto e restauração posterior: se não
conseguir fazer isolamento absoluto para
posterior restauração, a INDICAÇÃO é
EXOSONTIA.
- Presença de eritema localizado, fístula,
edema ou mobilidade acentuada.
- Reabsorção radicular interna e/ou periapical.
2) CONTRAINDICAÇÕES
- Estrutura dental remanescente que NÃO
permita isolamento absoluto e/ou restauração
subsequente.
- Quando a lesão periapical já atingiu o germe
do dente permanente: nesse caso é
EXODONTIA.
3) SEQUÊNCIA CLÍNICA
Mensurar na radiografia o comprimento
aparente reduzir 1 mm desse tamanho
O CT será o mesmo para TODAS AS LIMAS (ou
seja, NÃO FAZEMOS pré-alargamento,
escalonamento etc.) Entrar com a lima
que ficar melhor adaptada (usamos apenas
as limas do tipo KERR, e não usamos a
Hedtstroem) e usar as duas limas acima
da que melhor se adaptou no mesmo CT
(logo, usamos 3 limas nessa terapia pulpar), no
movimento de força equilibrada, usando
rotação no sentido horário para engatar
dentina e rotação no sentido anti-horário para
cortar dentina. SEMPRE COM ¼ de volta.
Irrigar os canais radiculares com Hipoclorito de
Sódio.
- Vantagens de irrigar com hipoclorito de
sódio: amplo espectro antimicrobiano;
capacidade de dissolver restos de tecido
necrótico.
- Desvantagens do Hipoclorito: baixa
capacidade contra Enterococcus faecalis ;
não remove smear layer.
Para remover smear layer, podemos utilizar
Ácido Cítrico, ou EDTA. A odontopediatria Ufrj
costuma usar o Ácido Cítrico a 6% com 10ml.
Para obturar após a
Pulpectomia
Existem vários materiais para obturar.
- Cimento de OZE: tem várias desvantagens.
- Pasta iodoformada: ótimo potencial
antimicrobiano, mas parou de ser fabricada.
- Pastas mistas que misturam iodofórmio com
Hidróxido de Cálcio: são excelentes, mas não
são comercializadas no Brasil.
- Pastas similares à estas mistas acima, como
por exemplo a Hydropast.
 - Pasta Calen espessada com Óxido de Zinco: é MANDATÓRIO, e evita a polpa sofrer
muito utilizada na odontopediatria. contaminação externa. A remoção seletiva
diminui o risco de exposição pulpar. As avaliações
OZE não reabsorve na mesma frequência que
clínicas devem ser realizadas de forma
o dente decíduo. E por isso deixaram de utilizá-
mandatória a cada 6 meses, com exames
lo.
radiográficos (se tiver aumento ou aparecimento
1) Passo a passo da obturação da lesão é insucesso). E, não existe retratamento
Depois de toda instrumentação, vamos em dente decíduo. Se a terapia pulpar tiver
colocar 10 ml de ácido cítrico a 6% , e insucesso, a saída será EXODONTIA.
depois utilizamos o soro para neutralizar
esse ácido. Depois secamos o canal
radicular e fazemos a obturação com a
Lentulo Fazer proteção com bastão
de guta percha, a fim de isolar a pasta
obturadora do material restaurador
e realizar a restauração.

Técnica não-instrumental
Também chamada de técnica CTZ (composta por
Cloranfenicol, Tetraciclina e Oxido de Zinco e
Eugenol). Essa técnica utiliza antibiótico para
matar os microrganismos. É uma técnica
controversa. E o que a Academia Americana de
Odontopediatria diz que vamos utilizar esta
técnica para os dentes que iriam ser indicados
para a exodontia (com menos de 2/3 de raiz).
Nesta técnica nós não vamos instrumentar as
raízes.

A técnica de tratamento com a pasta CTZ consiste

na remoção de todo o conteúdo da câmara
pulpar até a entrada dos canais, e acomodar a
pasta antibiótica.

Dentre as pastas utilizadas, temos a ‘TRIMIX’, e a

“CTZ”.

O grande problema desta técnica é que que ela

traz muito insucesso radiográfico

1) PASSO A PASSO DA TÉCNICA:

Anestesia + isolamento + acesso
irrigação com 5ml de hipoclorito, e espero
o sangramento cessar Fazer a
“cavidade” para colocar a medicação
Colocar a pasta CTZ (e tomar cuidado
para não manchar o dente)
proteção (pode ser com bastão de guta
percha ou fita teflon estéril)
Restauração final.

Conclusão
Todos os procedimentos devem ser realizados
com condições assépticas. O isolamento absoluto