Influência Filosófica

Fase Pré-científica

Período Cosmológico
O período pré-socrático ou cosmológico foi o primeiro período da filosofia antiga, tem início no século VI a.C. e é caracterizado por buscar entender a origem do
Cosmos. Os filósofos desse período se fundamentam em princípios naturais, e os que mais se destacarão foram: Tales de Mileto (624 - 547. a.C.).
Os Antigos filósofos gregos foram os primeiros pensadores que procuravam o progresso através da crítica.
Tales Mileto (585 ac) – deu origem à crítica sistemática cujo objetivo era melhorar as ideias existentes acerca do mundo natural.
Defendia as suas ideias como um conjunto de hipóteses a melhorar em lugar de verdades absolutas. Via o erro como uma forma de progresso, mantendo um
pensamento aberto (Karl Popper). Pensamento aberto – Ideias com valor único independentemente de quem ou o que as originou.
Naturalista Matemática Biológica Eclética Humanista
Foco no organismo físico. Homem é um ser superior. Alcmeón Anaxágoras e Sócrates: Distinção de vida humana
(Cérebro): Pensamento correto de que as sensações e de outras formas de vida, realçando a razão, a
pensamentos vinham do cérebro. Equilibrio dos mecanismos linguagem e auto-reflexão, caraterísticas do ser
do corpo explicam a dinâmica da atividade humana. humano. A grande contribuição desta orientação
Empédocles (Estímulos): Ideias precursoras do Empirismo. O foi, ao colocar o homem como superior a todas
Cérebro recolhe informação através dos nossos sentidos. as formas de vida tornou-o centro de um sistema
Hipócrates (Séc. IV) Pai da Medicina: Orientou os seus que defende a verdade geral e absoluta como o
conhecimentos de saúde numa perspetiva científica. objetivo. . Anxágoras defende uma influência da
Precursor do modelo biomédico. Acreditava que cada ser vida orgânica sob o psiquismo.
tinha 4 fluídos, sendo que o predominante definia as Sócrates (V-IV ac): Método Socrático - Técnica de
principais características da sua personalidade. (Melancólico- investigação filosófica feita em diálogo. Consiste
Bílis negra, Colérico-Bílis Amarela, Sanguíneo-Sangue, em o professor conduzir o aluno a um processo
Fleumático-Fleuma). Não acreditava no divino, nem em forças de reflexão e descoberta dos próprios valores.
sagradas ou demoníacas. Fazendo uso de perguntas simples para revelar
ao aluno as contradições do seu pensamento.
Sócrates identificou 3 tipos de alma: Alma
Vegetativa – em todos os seres, Alma Animal –
em todos os animais, Alma Racional – só no ser
humano.
 Período Antropocêntrico
O período Antropocêntrico iniciou no século IV. a.C, e foi dominado em sua grande parte pela investigação da Natureza, buscando um princípio primordial para
todas as coisas existentes.
O ser o humano destaca-se como objeto de estudo. Platão (Inatista/Nativista) e Aristóteles (Empirista) interessavam-se pelo processo pelo qual o ser humano
adquire conhecimento. Procuravam entender características do ser humana como as suas capacidades intelectuais de (unidade, autonomia, consistência e
criatividade); as manifestações comportamentais (de variabilidade, contingência e estereotipia) e os aspetos de finalidade ou determinação da atividade humana.
Platão Aristóteles
Defendia que só através da Razão podemos ter noção da realidade. Sentidos Aluno de Platão mas defendia ideias opostas. Defendia o Empirismo. Considera-
captam projeções da realidade, não a própria realidade. Postulou desta forma: se o fundador da Psicologia pois tenta explicar o comportamento individual e
1. Teoria das formas e das ideias (Existência de dois mundos) baseia-se tanto quanto possível na observação objetiva de factos concretos.
◦ Mundo das ideias/Formas Metafísica – Examina a natureza fundamental da realidade, incluindo a relação
◦ Mundo das coisas /Sombras entre: mente e matéria, substância e atributo, necessidade e possibilidade.
Os objetos materiais são reflexões imperfeitas das ideias e das formas perfeitas, Integra corpo e mente sem os separar.
entidades eternas e imateriais. 1 - Relação entre o mundo das ideias / formas e o mundo material > Metafísica
Ideias são perfeitas, imutáveis e eternas, inatas, Ideias são a verdadeira 1.1 - Mundo das coisas = Realidade (substâncias) (diferente de Platão.
realidade 1.2 - Psique como elemento da Natureza. Rejeita qualquer conceção divina da
Quando pensamos em desenhar um circulo (ideia) é uma linha perfeita, no mente.
entanto quando olhamos para o desenho vemos imperfeições (objeto). 1.3 - Conhecimento adquirido através dos sentidos (Experiência)
Existem então 3 almas: • Alma nutritiva • Alma sensitiva • Alma racional – nível 1.4 - Fundador das ciências como disciplinas. Foi Aristóteles que organizou as
mais elevado que forma as ideias. várias matérias como disciplinas autónomas (Ex: biologia, física, etc…).
2. Atividade Humana > Dualismo do Corpo/Alma 2 - Atividade Humana: Dualismo Corpo / Alma (complementariadade entre
◦ Dualismo Psico-físico (Corpo/Mente) corpo e alma); Importância de experiência;
▪ Alma pertence ao mundo das ideias 2.1 – Corpo
▪ Corpo pertence ao mundo das coisas 2.1.1 - Recebe informação a um nível primitivo / sensorial pelos sentidos.
A atividade humana é caracterizada por este dualismo. O verdadeiro 2.1.2 - Dá existência à essência de cada pessoa
conhecimento só é alcançado pela alma racional, enquanto o corpo se limita às 2.2 - Alma (Anima)
contribuições imperfeitas das sensações. 2.2.1 - Elemento que dá vida a todos os seres;
2.2.2 - Funções da Alma: Emoções, ideias;
Contributos de Aristóteles:
• Corpo deixa de ter um peso tão negativo;
• A experiência é um importante meio para o conhecimento;
• A aprendizagem faz-se pela experiência (Tábua Rasa);
 Período Teocêntrico ((Grego “Théos”, significa Deus, divindade)
Vigorou durante a Idade Média. Ascensão do Cristianismo: Deus passa a ocupar o centro de toda a vida;
Patrística (St. Agostinho séc. V/VI) Escolástica (S. Tomás de Aquino (a partir séc IX)
- Luta contra o paganismo, heresias; São Tomás de Aquino – Reconciliação do pensamento Aristotélico com o
- Defesa de certos dogmas; pensamento Cristão (razão); Lógica Aristotélica como forma de alcançar a
- Cristianismo como religião de salvação; verdade de Deus; Equilíbrio entre a razão e a fé; Só Deus existe por si mesmo,
- Ideia de 2 mundos (Santíssima Trindade/homem); enquanto as criaturas existem porque lhes foi dada existência. A ciência não é
St. Agostinho – Junção do pensamento grego com o cristão (Ênfase na dimensão incompatível com a fé. Procura demonstrar que é possível chegar às ideias do
espiritual do homem; O mundo é fruto da criação de deus; Mundo criado do Cristianismo , através da experiência.
nada, Deus é o criador e o fundamento de toda a realidade; Mente: recetáculo Há uma estagnação da evolução do conhecimento. Dá-se a queda do império
da sabedoria divina). Relação com o pensamento platónico (alma), Romano e a ascensão do Cristianismo.
Cristianização da filosofia grega: Apropriam-se de certos conceitos de Platão
(alma), porque esta se torna a entidade mais importante, visto ser o recetáculo
da sabedoria divina.

Fase Filosófica Moderna

R. Descartes B. Spinoza
Rubricou a Dúvida Metódica: o conhecimento sensorial pode ser errado, porque os sentidos são falíveis;
a tradição é uma verdade desvirtuada por múltiplas influências, logo deve duvidar-se de tudo, duvidar é pensar e pensar é existir, penso, logo
existo.
Com base na dúvida metódica definiu 3 realidades: DEUS, EU e MUNDO
Situa-se filosoficamente entre inatistas e empiristas. É um filósofo racionalista dando primazia da razão. Metodologicamente como um teórico
do empirismo.
A dúvida é o ponto de partida de toda a argumentação e raciocínio, “Penso logo existo”
Rejeita Platão, desafia a dominância da Escolástica, estabelece relações entre mente, corpo, deus, ambiente.
Três influências para a psicologia:
- Psicologia como ciência introspectiva
- Psicologia como estudo do comportamento (dualismo cartesiano)
- Psicologia como ciência fisiológica (psicofisiologia)
Dualismo cartesiano – Descartes acreditava que todo o comportamento animal e processos internos poderiam ser explicados mecanicamente,
assim como muitos comportamentos humanos e processos internos humanos.
Descartes defendia um “Dualismo Psicofísico”, a interacção entre o corpo e a mente, em que a mente entraria em contacto com o corpo pela
glândula pineal.
A importância para a psicologia de Descartes prende-se em três pontos:
• Dualismo Psicofísico
• Interpretação mecanicista do pensamento
• Estabelece as bases para a diferenciação entre psicologia e fisiologia
A escola francesa pega no Dualismo Cartesiano e reduz ao estritamente sensorial, os mecanismos da mente são ignorados.
Escola Francesa Escola Inglesa Escola Alemã
Materialismo Científico Empirismo Racionalismo
Associacionismo
“Senso comum”
Materialismo: filosofia que sustenta ser a matéria a Os filósofos britânicos centravam-se na fé ao empirismo. Empirismo tem sido definido
única realidade do Universo e, portanto, serem todas como a visão de que a única fonte de conhecimento é a experiência, assim, a aquisição
as actividades psíquicas actividades da matéria. de conhecimento verifica-se por meio do acumular progressivo de experiências
acreditava que todas as coisas podiam ser explicadas sensoriais, as quais formariam o quadro de referências psicológicas individuais.
em termos físicos e compreendidas à luz das Empirismo Crítico (Inglaterra)
propriedades físicas da matéria e da energia. A • Preocupação central dos seus filósofos: “Como se adquire o conhecimento?”
consciência seria então descrita em termos da física • Investigação sobre a Natureza dos fenómenos psíquicos
e da química. Os processos mentais seriam então • Filosoficamente, o Empirismo contraste com o Inatismo
considerados pela componente física, isto é, as • Metodologicamente, o empirismo contrasta com o racionalismo
estruturas anatómicas e fisiológicas do cérebro. •
Em França o empirismo desenvolveu o Materialismo A consciência empírica trata de pessoas que respondem à estímulos no exato momento
ou Sensitivismo, em que tudo é sensação. em que tiveram a experiência. A consciência empírica não requer comprovação
cientifica. É o famoso “senso comum”.

Psicologia enquanto Ciência

Correntes contemporâneas Wundt
Psicologia Fenomenológica - Husserl
Fenomenologia: método de introspecção de Stumpf, que examina a
experiência tal como ela ocorreu, sem tentar reduzi-la a seus componentes
elementares.
Também uma abordagem baseada em uma descrição imparcial/pura da
experiência imediata conforme ela ocorre, e não analisada ou reduzida aos
Wilhelm Wundt
O Pai da Psicologia Científica. Recorreu aos métodos experimentais das ciências
naturais, particularmente às técnicas usadas pelos fisiologistas. Deixa de ser o estudo
da vida mental e da alma e passa a ser o estudo da consciência ou dos factos
conscientes (realidade da experiência imediata). Para ele, consciência era
compreendida em muitas partes ou características distintas, suscetível de ser
estudada pelo método de análise ou redução. Neste ponto termina a semelhança
elementos.
Objetivos:
- Conhecer a estrutura do fenómeno, tal como se revela;
- Investigação das origens do fenómeno;
- Procura das formas possíveis de perceber o fenómeno;
Husserl: Fundador da fenomenologia moderna
Compromisso com a Psicologia através das visões anti reducionistas de
Brentano e Stumpf
Procura estabelecer uma filosofia da ciência
Distingue 2 ramos do conhecimento: ciências naturais (experiência do
indivíduo no mundo físico) e filosofia (experiência do indivíduo voltado
sobre si mesmo)
A consciência não existe por si mesma mas antes em função do objecto, a
consciência de algo.
Introduz o método de «redução fenomenológica», para estudar a
consciência, penetrando nas diversas camadas da experiência; descreve 3
tipos de redução:
• «suporte do ser» - especifica relações na experiência entre um indivíduo
e um objecto da
consciência, retendo a unidade essencial da experiência
• relação do mundo cultural com a experiência imediata; reconhece a
assimilação de valores e atitudes que as pessoas adquirem e transportam
consigo
• redução transcendental, que conduz a pessoa de um mundo
fenomenológico de experiências específicas para um nível de
subjectividade que se ergue acima da realidade presente, unificando a
experiência e alcançando a verdadeira existência humana
psicologia fenomenológica é considerada uma disciplina que estuda as
relações entre consciência empírica e transcendental.
Entende o ser humano como protagonista da sua própria vida, e que cada
experiência de vida é única. Dessa forma, mesmo que uma pessoa tenha
uma experiência semelhante, não é o mesmo fenômeno. Isso acontece
porque há uma visão na primeira pessoa dos acontecimentos.
entre Wundt e os empiristas e associacionistas.
Laboratório em Leipzig (1879) • 1º Laboratório de Psicologia • 1ª Revista científica •
Introdução do método - experimental da fisiologia, - aplicado ao estudo dos
processos mentais simples
Devido ao destaque dado à capacidade auto-organizadora da mente ou consciência,
Wundt denominava o seu sistema de voluntarismo, definido como acto ou
capacidade de desejar.
Método Introspetivo
• Observação controlada dos elementos da própria consciência sob certas
condições objetivas.
• Os sujeitos experimentais relatavam o que pensavam e sentiam (estados
subjetivos) relativamente a estímulos visuais (luzes), auditivos (sons) e tácteis (peso).
• Introspeção dos factos psicológicos acompanhada da observação dos factos
fisiológicos que ocorriam no sujeito.
Vantagens:
• Permitiu revelar aspetos importantes e até então desconhecidos da vida mental dos
sujeitos
• O conteúdo da consciência revela-se muito mais rico do que se poderia julgar
Limitações:
• Dependência da subjetividade dos observadores.
• Processo individual (privado), não podendo o desacordo entre observadores ser
resolvido a partir de observações repetidas
• Dificuldade em estudar os processos mentais superiores
• Só se podem estudar os fenómenos psicológicos que possam ser provocados por
estímulos externos
Constatou que a Psicologia Científica teria de se apoiar em outro métodos, para além
da introspeção:
• Método etnográfico
• Método comparativo
Implicações para a Ψ: (mudança e evolução)/ Contribuições
- Estruturou e normatizou a Psicologia
- Classificou e agrupou os elementos da vida mental
- Determinou o seu objeto e objetivo
- Enunciou os seus princípios e problemas
 - Estabeleceu os métodos de estudo
- Deu-lhe uma nova definição
- Estruturalismo (Wundt > Titchener)
- Serviu de inspiração por oposição de outros movimentos
A partir de Wundt a Psicologia passou a ser uma ciência experimental e autónoma
Estruturalismo (Titchener)
Sistema de psicologia que considera a experiência consciente dependente da pessoa que a experimenta (experiência que a pessoa vivenciou é o objeto de
estudo da psicologia).
Díscipulo de Wundt, implementou a metodologia experimental. Apesar de ser díscipulo de Wundt, alterou dramaticamente o sistema deste. Falsamente
afirmou que a sua teoria à qual nomeou de Estruturalismo, era partilhada por Wundt. Wundt reconhecia elementos ou conteúdos da consciência, mas a sua
atenção ia para a organização ou síntese desses elementos em processos cognitivos de nível superior através da apercepção. Isto é oposto aos empiristas e
associacionistas, e por consequência a Titchener. Tichener adoptou a visão empirista e associacionista, descartando a teoria da apercepção de Wundt.
Caracteristicas:
- Sistema elementista, atomista e associacionista (estruturas mentais);
- Procura descrever componentes da consciência, as combinações e relações dos seus elementos;
- Procura quantificar e medir as suas experiências;
- Interesse pelo estudopsicológico da mente normal do homem adulto;
- Aplica leis gerais para todos os indivíduos;
- Influência no construtivismo plagetiano;
- recurso à fisiologia;
Para Titchener Estruturalismo é a ciência da mente ou da consciência
Objectivos da psicologia de Titchener:
- Descrever os componentes da consciência em termos dos seus elementos básicos (estruturas);
- Descrever as combinações desses elementos;
- Explicar as conexões dos elementos da consciência ao sistema nervoso;
Consciência = a soma das nossas experiências num dado momento de tempo;
Mente = a soma das nossas experiências acumuladas ao longo da vida.
Para ele consciência efetivamente existe mas tem que tem uma estrutura física.
Método de Estudo
A psicologia, como todas as ciências, depende da observação, mas da observação da experiência consciente. O Método introspectivo, ou auto-observação, era
realizado por observadores bem treinados que tinham de reaprender a perceber para que pudessem descrever o seu estado consciente e não o estímulo. A sua
versão do método usava relatos detalhados, qualitativos e subjectivos das actividades mentais do sujeito durante o acto de introspecção. Ele opunha-se à
abordagem wundtiana, com recursos a equipamentos e concentração em medidas objectivas, e inclusivamente criticou a mesma.
Para Titchener a estrutura da consciência era formada por sensações e imagens elementares. E estas eram o cerne da psicologia. Titchener enfatizava as partes
enquanto Wundt destacava o todo.
Titchener utilizou o conceito químico de reagente (normalmente um agente passivo que aplicado a algo produz determinada resposta), aplicado aos seus
observadores. Assim estes colaboradores eram considerados instrumentos de registo que anotavam objectivamente as características do estímulo que
observavam. Não passavam de máquinas imparciais e isoladas. E se estes eram considerados máquinas, será fácil de pensar que todos os seres humanos são
máquinas. Esta concepção reflecta a influência de Galileu e Newton na sua visão mecânica do Universo. Titchener acreditava que a psicologia tem de ser
introspectiva e experimental.

Assim, os objectivos da psicologia coincidem com os das ciências naturais.

O conteúdo da consciência são: Sensações, Imagens, Afeições e Sentimentos
Desvantagens:
- analisa processos conscientes decompondo-os em seus elementos;
- a totalidade de uma experiência não pode ser recuperada por nenhuma ligação ou associação de suas partes elementares;
- uma parte da experiência é perdida ao tentar analisá-la artificialmente;
Contribuições:
-Transição para a psicologia ciêntifica
- Contribuiu para que a psicologia se tornasse numa verdadeira ciência
- Serviu de contraposição a outros sistemas e modelos da Psicologia

Em 1890, Wundt desenvolveu um teoria tri-dimensional do sentimento. Em que os sentimentos variam ao longo de três dimensões.
• Agradável – Desagradável
• Tensão – Descontração
• Excitação – Calma Titchener somente aceitou a primeira dimensão, relegando as emoções para reações orgânicas. A visão mais abrangente de Wundt, tornava a
apercepção (sentimento da própria consciência) o processo critativo que agrupava os elementos na percepção total. Ou seja, a apercepção é o foco de atenção no
campo da consciência num determinado momento. Como tal, a apercepção era uma actividade cognitiva que reconhecia a ligação lógica entre o conteúdo
mental; sentimentos eram vistos como o produto da apercepção de conteúdos sensoriais. Desta forma a teoria de Wundt, do sentimento como reflexo da
apercepção mental, aproxima-se de uma interpretação fenomenológica de processos mentais superiores.
Titchener não concordou com esta visão holística, aderindo a uma visão mais reducionista. A sua visão sugeria que o contexto em que uma sensação ocorre na
consciência determina o seu significado. Ou seja, uma sensação não tem significado per si, adquire-o por associação com outras sensações ou imagens.
• A principal crítica que se pode fazer a este sistema, é o facto de reconhecer as componentes da mente separadamente mas ao mesmo tempo reconhecer a
mente como activa, iso é uma incongruência.
• A “percepção” é um encaminhamento para a psicologia humanista. Como a mente se apropria dos fenómenos que se passam consigo, o estudo do processo
interno da mente.

Weber
Este psicofísico, investigou o sentido do tato e criou
a Lei de Weber – primeira lei quantitativa da
psicologia (a cada sentido se dá uma relação
constante entre o aumento ou diminuição da
intensidade do estímulo, necessário para que o
individuo sinta a diferença, e a intensidade do
estímulo de que se parte).
No âmbito desta lei descobriu-se que não existe uma
correspondência direta e constante entre um
estímulo físico e a nossa perceção dele. No entanto,
a sua interpretação da ação mental sobre essas
sensações baseava-se no sistema predominante da
filosofia germânica. Nomeadamente na corrente da
Kant. Ou seja, Weber via as perceções como
governadas por categorias mentais de tempo e
espaço, e não especulou para além disso.
Fase Científica
Psicofísica
Fletchner
Propôs um relacionamento quantitativo entre
mente e corpo. O seu objetivo fundamental era
negar a necessidade de reduzir a mente ao
materialismo, tal como na fisiologia, para estudar
as operações mentais cientificamente. Demonstrou
que a quantidade de sensação (mental) depende da
quantidade de estímulo (material). Sensações só
podem ser testadas através dos estímulos
(modificadas consoante o aumento ou diminuição
dos mesmos). Logo é possível relacionar
quantitativamente os mundos mental e material,
Fechner cruzou a barreira entre mente e corpo ao
ligá-los empiricamente.
Na sequência desta investigação criou o conceito de
limiar absoluto da sensibilidade, que é o ponto
abaixo do qual nenhuma sensação é relatada e
acima do qual se tem uma sensação, e o limiar
diferencial, a menor quantidade de mudança no
estímulo que produz mudança de sensação.
Esta terminologia foi criada primeiramente por
Weber, no entanto Fletchner não sabia.
Criou a Psicofísica, relacionamento entre os
mundos mental e material, criando 3 métodos
fundamentais que ainda hoje são usados: • Método
do erro médio • Método dos estímulos constantes •
Método dos limites
Helmoltz
Metodológicamente, Helmholtz, stressou que o nível
crítico de observação é a pessoa em experiência e
não o objecto estímulo. Numa linha mais britânica,
embora não recusasse o inatismo dos instintos,
acreditava que a experiência de vida explicava a
percepção, e não o contrário. A sua perspectiva dos
processos de percepção, enfatizava a depêndencia
de padrões sensoriais nas funções centrais, tais
como interferência inconsciente e imaginação.
Assim, ele progrediu com o estudo da psicofísica, ao
utilizar uma metodologia empirista para a definição
da percepção como algo mais que fisiologia sensória.
Esta breve descrição, dos maiores psicofísicos, revela
orientações bastante diferentes. Por um lado,
Fechner estudou os eventos sensoriais e perceptuais
a apartir da perspectiva da subjacente actividade
mental, característica da filosofia alemã. Por outro
lado, Helmholtz, estudou o mesmo fenómeno e
interpretou-os de uma forma empírica, mais
relacionada com a filosofia britânica. No entanto
ambos os cientistas foram bem sucedidos, ao
apontar uma área de investigação dificilmente
acomodada pela física, fisiologia, ou filosofia per si, e
essa área era a matéria de estudo da psicologia.
 Surgimento de outros Sistemas da Psicologia
Psicologia da Gestalt Psicanálise Funcionalismo
Funcionalismo
Estudo instrumental da consciência:
- Função de dirigir o comportamento e ajustar o homem às condições ambientais
- Instrumento destinado a resolver problemas
- Função de adaptação

Psicologia como estudo:

- Da vida psíquica: considerada como um instrumento de adaptação do organismo ao meio
- Das operações mentais: estuda as atividades psíquicas/ humanas (processos)
- Da utilidade da consciência (intermediária entre as necessidades e o meio)
- Do corpo e da mente (2 aspetos da mesma realidade)

Um conjunto de psicólogos americanos treinados por Wundt impuseram uma interpretação funcional ao estruturalismo, quando voltaram para o Estados Unidos.
- compreender a vida humana tal como ela se desenvolve no seu meio ambiente natural e social, as leis do comportamento humano na sua totalidade.
- superar a introspecção, e garantir a objectividade e a validade das suas descobertas.
- havia também que considerar psicologia animal e infantil, não se podendo recusá-las só por uma mera incompatibilidade com o método introspectivo.
- tornou-se uma abordagem psicológica que enfatizava os processos mentais, ao invés dos conteúdos mentais, e isso valorizava a utilidade da psicologia.
- não fornecia uma visão compreensiva da actividade psicológica, com substrato filosófico e objectos e metodologias de estudo próprias.
- pretendia-se perceber como a mente funciona e que utilizações a mente tem, não somente quais os conteúdos e estruturas envolvidos nos processos mentais. -
- quem haveria de dar a resposta a esta necessidade de retirar a psicologia do campo da artificialidade académica seria a Biologia.
- o Funcionalismo valorizou a importância da adaptação das espécies e do indivíduo às influências ambientais.
- Graças às teorias evolucionistas de Darwin e à filosofia evolucionista de Spencer a psicologia teve um novo impulso. As ideias evolucionistas que de modo
imediato se repercutiram na psicologia foram as seguintes:
• As espécies vivas procedem da lenta transformação de outras que as precederam;
• Os membros de cada espécie e as próprias espécies acabam por se diferenciar entre si por acumulação de características diferentes.
• Perante as exigências de um meio ambiente em mudança permanente, só conseguem sobreviver os individuos cujas características individuais lhes permitem
melhor adaptação.
• Estas características anatómicas e fisiológicas transmitem-se à sua descêndencia, ao mesmo tempo que as dos indivíduos que perecem na luta pela
desaparecem com eles.
- A psicologia funcional, como sugere o nome, interessa-se pela mente tal como esta funciona ou é usada na adaptação do organismo ao seu ambiente.
- O movimento funcionalista concentrou-se numa questão prática: o que os processos mentais realizam?
- O Funcionalismo não foi somente um protesto contra os métodos estruturalistas, até assumiram algumas das suas metodologias como a introspecção. Pretendia
alargar os horizontes da psicologia e aplicá-la na prática. E esta “psicologia aplicada” desenvolveu-se rapidamente nos EUA e é o maior legado do Funcionalismo.
- O funcionalismo americano teve uma vida relativamente curta.
- Por um lado, o funcionalismo pode ser visto como um período transicional, na América, entre o estruturalismo e o comportalismo. Por outro lado, a psicologia
foi fortemente implantada na América pelos esforços concertados dos funcionalistas, que transmitiram a sua utilidade académica e prática. Podendo afirmar-se
que os funcionalistas deram o tom americano que a psicologia ainda hoje retém. A actual psicologia americana é funcionalista tanto em termos de orientação
como de atitude. Evidencia-o a ênfase nos testes, na aprendizagem, na percepção e em outros processos funcionais que ajudam a nossa adaptação e o nosso
ajustamento ao ambiente.

Teoria da Evolução (Darwin)

- A influência de Darwin chegou através da psicologia americana quando se abandonou o estudo dos conteúdos da consciência e a introspecção, passando para
primeiro plano as ideias de adaptação, ajuste, êxito, fracasso, hereditariedade, meio, etc…
- tudo o que um organismo tem ou é, tem uma função fundamental: adaptar o organismo ao meio ambiente.
Alguns dos novos campos de investigação que se abriram foram:
• Psicologia diferencial, o estudo dos traços psíquicos que diferenciam um indíviduo ou grupo de indivíduos;
• A controvérsia hereditariedade-meio
• A importância dada ao meio ambiente e às exigências deste para o organismo, levam ao estudo da aprendizagem, da aquisição de hábitos e formas de conduta;
• Ao propor uma definição objectiva do instinto animal, Darwin abre o caminho para o entendimento da problemática psicológica da motivação;
• Com o assumir de que entre o homem e o animal não existem diferença de grau, há uma continuidade de comportamentos abre-se a porta à psicologia animal
ao serviço da psicologia humana;