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A Vida Sensível

 Dr. Laércio Fidelis Dias


 Universidade Estadual Paulista (Unesp)
 DSA-Unesp/Marília
 Abril de 2023
O significado do ser vivo

 “Estudar o homem como ser vivente e as faculdades com as quais


exerce este viver, são os objetivos dos primeiros capítulos desta
obra” (pg. 19).
O significado do ser vivo

 O que é o homem?

 1) “vivo é aquele que tem dentro de si mesmo o princípio de si


mesmo e de seu movimento” (pg. 19-20)

 2) Uma unidade: todos os seres vivos, cada um, são um (único).


O significado do ser vivo

 3) É imanente: in-manare, permanece em.


Característica que fala da interiorização que se dá
em todo vivente.

 4) Auto-realização: o vivo se dilata ao longo do


tempo em direção a uma plenitude de
desenvolvimento até a morte. Viver é crescer.
Crescer é auto-realizar-se.
O significado do ser vivo

 5) A vida tem um ritmo cíclico e harmônico; vai se


desdobrando à base de movimentos repetidos,
cujas partes estão em proporção umas às outras
até formarem um todo unitário, uma harmonia, que
os clássicos chamavam de Cosmo.
O significado do ser vivo

 Junto a estas características, nos seres vivos, há que


se falar em uma gradação: escala sucessiva de
perfeição.

 Pode-se dividir essa escala segundo graus de


imanência:
 capacidade de um ser vivo de reter dentro de si;
 de desfrutar de um mundo interior;
 de conhecer a si próprio.
O significado do ser vivo

 Hierarquia na escala de vida

 1) Grau primeiro – vida vegetativa:


 própria das plantas e de todas as formas de vida
superiores a ela.
 Há três funções principais neste grau de vida:
nutrição, crescimento e reprodução.
O significado do ser vivo

 2) Grau segundo – vida sensível:


 que distingue os animais das plantas.

 Consiste em ter um sistema perceptível que ajude a


realizar as funções vegetativas mediante a
captação de diversos estímulos: presente, distante,
passado, futuro.
O significado do ser vivo

 Quando captados, estes quatro estímulos


provocam um outro tipo de resposta.

 A captação se realiza mediante a sensibilidade


externa ou interna.

 A estimulação captada através da vida sensível


produz uma resposta: o instinto.

O significado do ser vivo

 Instinto é a tendência do organismo


biológico a seus objetivos mais básicos
mediada pelo conhecimento: a fome
e a pulsão sexual, por exemplo.
O significado do ser vivo

 3) Grau terceiro – vida intelectiva


 Própria do homem.

 Nela se rompe a necessidade do circuito estímulo-


resposta.
 A conduta humana é mediada pelo
conhecimento.
 Os meios que conduzem aos fins não são dados,
mas precisam ser encontrados.
Princípio Intelectual da
Conduta Humana

 “O homem é um ser que está acima da ditadura do instinto” pg. 23.

 Sua reação não é automática, pois em seu ser está rompido o


circuito estímulo-resposta.
Princípio Intelectual da
Conduta Humana

 Isto quer dizer que a biologia humana é interrompida pela vida


intelectiva.

 No homem o pensamento é tão radical e tão natural como a


biologia.

 Por isso, a mesma biologia somente se entende a partir da condição


intelectual do homem.
Princípio Intelectual da
Conduta Humana

 Duas consequências:

 1) Se o homem não dirige seus instintos


e tendências mediante o intelecto,
não os controla de maneira alguma.
Princípio Intelectual da
Conduta Humana

 2) Daí a necessidade de moldar a vontade de


modo a conformá-la à razão (ou intelecto), ou seja,
aprender a querer os bens apresentados pela razão
e não os bens, não raro ilusórios, frutos de caprichos
e tendências desordenadas.
Corpo como Sistema

 A idêntica radicalidade (raiz) de biologia e razão


no homem pode ser apreciada na morfologia do
corpo.

 No corpo, a biologia está a serviço das funções


intelectivas: corpo inteligente; inteligência
corporeizada. (pg. 24).
Corpo como Sistema

 Existe uma correspondência entre inteligência e a


morfologia do corpo.

 O corpo do homem é um corpo não-especializado.

 É um corpo aberto a certas possibilidades.


Exemplos:
Corpo como Sistema

 1. Não tem uma lugar onde viver, mas pode habitar


quaisquer partes do planeta terra;
 2. Fabrica roupas e constrói moradas;
 3. As mãos são um instrumento que medeia a
relação do homem com a natureza (mundo) a fim
de humanizá-lo.
Corpo como Sistema

 4. Possui um rosto expressivo. Não por outro motivo


chama-se face.

 5. Por andar com a coluna vertebral ereta libera os


braços e as mãos para outras atividades;

 6. Possui um corpo comunicativo;


Corpo como Sistema

 7. A união sexual é frontal, face-a-face;

 8. Pode falar, realizar gestos simbólicos, usa e


fabrica instrumentos/ ferramentas;

 9.Olha o mundo de frente, pois os olhos não


estão ao lado da cabeça, mas à frente.
Corpo como Sistema

Enfim, se não dispuséssemos de um corpo aberto a


possibilidades, adequado às funções
intelectivas, elas ficariam aprisionadas sem
poder expressarem-se no mundo onde
habitamos.
O homem tem um corpo apto às funções
intelectivas.
Dualismo e Dualidade
 Técnicas:

 Pode-sedizer, portanto, que o homem


tem uma dupla constituição:

 1)uma dimensão corporal/biológica,


constituída pela vida vegetativa e vida
sensível;
 2)uma dimensão intelectiva, que não é
outra coisa senão a vida intelectual.
Dualismo e Dualidade
 Técnicas:

É preciso, não obstante, cautela para


não transformar a dupla constituição
humana em dualismo.
 Dualismo acentua em excesso um dos
pólos, de modo a separá-los ou opô-los.
 Mais especificamente trata-se da
clássica oposição: corpo-alma; matéria-
espírito.
Dualismo e Dualidade

 Segundo esta perspectiva dualista


(dualismo), corpo e alma convertem-se em
realidades separadas.

 Na linguagem de René Descartes: seria


preciso distinguir a res cogitans e a res
extensa.
Dualismo e Dualidade

 Dois exemplos de visão cindida do


homem:
 1) Pitagóras (VI a.c.). Difusor do
dualismo espiritualista na Grécia, que
passou ao humanismo clássico, em
especial, Platão, e, por meio dele, a um
certa parte da tradição cristã.
Dualismo e Dualidade

 Segundo esta perspectiva de Pitágoras, o


corpo (soma) seria o túmulo da alma (psique).

 O corpo seria a prisão da alma, que aspiraria


romper a união entre ambos para correr em
direção às alturas celestes e deixar esta terra
corruptível, que é um nada, uma maldição, um
acidente, um castigo (pg. 26).
Dualismo e Dualidade

 2. Descartes (dualismo cartesiano):


 É o tipo de materialismo que se encontra
bastante presente nas ciências a partir de
meados do século XIX. Por exemplo, em certas
escolas de filosofia da mente e neuro-anatomia.

 Segundo os materialistas, quaisquer emoção ou


pensamento seriam apenas um determinada
reação bioquímica nos neurônios, um estado da
matéria.
Dualismo e Dualidade

 A partir desta perspectiva, o espiritual


seria apenas um epifenômeno fisiológico,
um reflexo de realidades da matéria, no
caso, a massa encefálica.
 O que existe de fato seria apenas a res
extensa.
 Neste sentido, o homem coisifica-se, ou
seja, é, tão-somente, um coisa.
Dualismo e Dualidade

 Todas as visões, de Pitágoras, Descartes e


neuroanatomia, aceitam o dualismo.

 Uma perspectiva nega a coisa extensa


(corpo, matéria): Pitágoras. A única
realidade verdadeira e boa seria a alma.

 A outra, mais contemporânea, nega a


coisa pensante (alma, espírito); filosofia
da mente e neuro-anatomia.
Dualismo e Dualidade

 Descartes vê o homem, pode-se


argumentar, como uma mistura
entre res cogitans e res extensa,
mas não uma unidade.
Dualismo e Dualidade

 O problema do dualismo é que ele


presume o ser humano como
resultado de uma soma de duas
realidades já existentes de per si.
Dualismo e Dualidade

 A dualidade, por seu turno, afirma a


existência de corpos animandos, corpos
que só existem se estiverem
formalizados pela alma.
 Apenas há um corpo humano enquanto
animado pela alma humana.
Dualismo e Dualidade

 Poder-se-ia dizer que o corpo humano


é incompreensível sem a realidade da
inteligência (núcleo da alma).
 A expressão “corpo do homem” talvez
seja equivocada, pois a alma do
homem é no corpo. (p. 27).
O que é a alma?

 Em poucas palavras: princípio vital e


forma.

 Para alguns segmentos da filosofia


analítica, e para a tradição aristotélica,
a alma é um conceito biológico.
O que é a alma?

 Pois ela designa, “o que constitui um


organismo vivo como tal”.

 Designa aquilo que o diferencia dos


entres inertes, inanimados ou mortos.
O que é a alma?

 A partir desta perspectiva


plantas e animais também a
possuem, já que é evidente que
não se confundem com o inerte.
O que é a alma?

 Por exemplo, uma garrafa plástica distingue-se


de uma roseira, pois comportam-se de modos
bastante distintos.

 A garrafa existe pasmada em sua quietude.

 Já a roseira (planta) move-se sozinha. Apresenta


uma unidade. Tem um projeto de
desenvolvimento (move-se por si).
O que é a alma?

 A roseira distende-se ao longo


tempo em direção a uma
plenitude de desenvolvimento.

 Ela cresce e realiza seu designo.


O que é a alma?

 Um corpo animado, como o é o corpo


humano, não é um corpo mais uma
alma, mas sim um corpo determinado.

 Não há oposição entre corpo e alma.


O que é a alma?

 O ser vivo tem uma dimensão referente


à matéria orgânica e um princípio vital,
que ordena e dá vida a essa matéria.

 Este princípio vital é o que torna um ser


(algo que existe) num ser vivo.
O que é a alma?

 Neste sentido, “ a alma é, portanto, o


princípio vital dos seres vivos; a forma do
corpo; a essência do corpo vivo. Sem
alma não corpo algum” (pg. 28).
Faculdades do princípio vital

 Sensibilidade e funções sensíveis:

 Tratar das faculdades da alma é tratar das


diversas possibilidades dela atuar,
sensibilidade e as funções sensíveis:
 1)sensação; 2) percepção; 3) imaginação;
4) avaliação; 5) memória.
Faculdades do princípio vital

 1.Sensação: capta as qualidades


sensíveis ou acidentes (não essenciais)
dos seres, mas não a sua natureza,
essência ou totalidade.

 Tais qualidades são captadas pelo


receptor especializado, ou seja, pelo
sentido externo receptivo: paladar,
tato, olfato, audição e visão.
Faculdades do princípio vital

 Sentidos Internos:

 2.Percepção: realiza uma atividade


cognitiva que realiza a unificação das
sensações mediante uma síntese
sensorial. EX: ruido de motor; odor de
gasolina; forma característica. Essas três
características nos leva a uma síntese
sensorial, ou seja, trata-se de uma carro.
Faculdades do princípio vital

 Mediante a percepção, captam-se os


chamados sensíveis comuns: número,
movimento ou repouso, figura, tamanho ou
quantidade.

 A percepção, também chamada de


sentido comum, é chamada de 1o Sentido
Interno (pg. 29).
Faculdades do princípio vital

 3. Imaginação: É o arquivo das percepções. São


sínteses novas não percebidas. É a continuidade
da sensibilidade, pois permite construir imagens dos
objetos percebidos e reconhecê-los.

 Ao construir uma sucessão de imagens, o homem


constrói um mapa do mundo que o rodeia.

 É a partir destas imagens que a inteligência obtém


idéias que desenvolve ao pensar.
Faculdades do princípio vital

 “A criatividade humana é o uso


inteligente da imaginação” (pg. 30).

 A imaginação é chamada de 2o Sentido


Interno.
Faculdades do princípio vital

 4. Avaliação: consiste em relacionar


uma realidade exterior com a própria
situação orgânica. Preferir alguma
coisa a outra.
 É uma certa antecipação do futuro, já
que rege o comportamento que vou
ter a respeito do objeto apreciado.

 A avaliação é 3o sentido interno.


Faculdades do princípio vital

 5. Memória: conserva as apreciações da


avaliação e os atos viventes. Retém a
sucessão temporal do próprio viver.

 A memória tem uma base orgânica, por


isso pode ser: sensível (cerebralmente localizável) e
intelectual (não cerebralmente localizável, ao menos em parte).
Funções Apetitivas

 Funções apetitivas: movem os seres vivos em direção


à sua auto-realização, em função de uma inclinação
que emana dele.

 As funções apetitivas do homem dão origem aos


desejos e impulsos, que são a origem da conduta.

 “Apetecer e apetite usa-se no sentido de inclinação,


tendência: o apetite em um ser vivo é a tendência
ou inclinação à própria plenitude” (pg. 31).

Funções Apetitivas

 Realizar a própria plenitude e crescer.

 Crescer é inclinar-se ao que convém a uma


coisa.
 E o que conveniente para algo é aquilo que se
pode chamar de seu bem, pois ajuda a viver.

 Bem não apenas no sentido moral, mas, bem


porque a todos apetece, porque se nos
apresenta como tendência natural; e, o
contrário, como algo nocivo.
Funções Apetitivas

 Ingerir veneno não é um bem, pois vai


frontalmente de encontro ao
significado do ato de beber que visa à
conservação da vida.

 Bem é o que a todos apetece porque


é adequado para os fins naturais que
têm todo homem, animal ou planta.
Funções Apetitivas

 As inclinações e apetites que nos dirigem em


sentido aos nossos bens próprios podem ser:
sensíveis ou intelectuais.
Funções Apetitivas

 1. Tendências sensíveis: realizam-


se mediante à avaliação. Ingerir
água, proteger-se do calor ou
frio.
 Visam a satisfazer os instintos
sensíveis da nutrição e da
reprodução.
Funções Apetitivas

 2. Tendências intelectivas: realizam-se


mediante à razão prática e vontade.

 Visam à verdade, à justiça, ao belo; ou,


por exemplo, ao cumprimento de uma
promessa.
Funções Apetitivas

 As tendências sensíveis nos animais e no


homem dividem-se em dois grandes
tipos, os desejos e os impulsos, e se
dirigem para satisfazer os instintos
sensíveis da nutrição e reprodução.

 A dualidade de faculdades apetitivas –


desejos e impulsos – tem início na
capacitação de dois tipos distintos de
valores no passado e no tempo:
Funções Apetitivas

 1. Apetite concupiscente: captação dos valores


dados no presente da sensibilidade. Isto chama-se
desejo.

 2. Apetite irascível: captação dos valores no


passado e no futuro, que articula a sensibilidade
interna, dando início ao impulso, permitindo referir o
desejo de valores que estão mais distantes do
presente imediato da sensibilidade.
Funções Apetitivas

 A satisfação do desejo, no entanto, logo acaba.

 Se nada apetece, no caso do homem, pode-se


provocar a repetição do prazer das sensações
presentes (desejo).

 O homem é o único animal que reitera as


sensações presentes sem necessidade orgânica,
pois é capaz de racionar e propor a repetição do
prazer. Ex. romanos que vomitavam de propósito
para poder comer mais.
Funções Apetitivas

 Os bens árduos, obtidos pelo impulso ou


apetite irascível, instigam, por meio, da
agressividade - entendida como esforço para
afastar ou transpor dificuldades interpostas
entre o sujeito e o bem que se almeja,
experiências mais ricas.

 “A aventura só aparece quando existem


metas suficientemente altas para ter, na maior
parte delas, obstáculos para vencer” (pg. 33).
Funções Apetitivas

 “O dinamismo das tendências


humanas exige harmonizar e
completar os desejos com impulsos, a
satisfação do alcançado e os novos
projetos”.
Percepção Humana
e
Percepção Animal.
 Quatro grandes diferenças:

 1) O animal refere os objetos às suas


necessidades orgânicas.
 O homem tem a capacidade as coisas
sem relacioná-la com sua situação
orgânica. “Nosso conhecer não é
determinado pelo interesse da satisfação
de nossos instintos” (pg. 34).
Percepção Humana
e
Percepção Animal.

 2) No animal os meios para satisfazer


as suas necessidades animais estão
determinados pelos desejos.
 “O homem escolhe o modo de
satisfazer suas necessidades
instintivas”, por meio da inteligência.
Percepção Humana
e
Percepção Animal.

 3) O animal não propõe por si próprios


novos fins que extrapolam suas
necessidades vegetativas-orgânicas.
 O homem acrescenta às suas
necessidades vegetativas finalidades
mais altas, do tipo técnico, cultural,
religioso etc.
Percepção Humana
e
Percepção Animal.

 4) Os animais não têm hábitos.

 O homem, por seu turno, é capaz de hábitos:


inclinações não-naturais, adquiridas a fim de
realizar certos atos que, considerada a
amplitude de possibilidades às quais as
tendências (instintos) humanas inclinam-se,
cabe cada um realizar.
Percepção Humana
e
Percepção Animal.
 Hábitos podem ser bons ou ruins,
favoráveis ou prejudiciais.
 O discernimento e aprendizado de
cada um deles desloca o homem da
seara do instinto.
 O decisivo no homem é a
aprendizagem.
A Origem do Homem

 A origem do homem só pode ser tratada no


contexto da evolução da vida dentro do
cosmos (universo).
 No entanto, são bastante incertos os fatos
passados passíveis de testemunho pela
ciência.
 Por isso, para interpretar tais fatos, hipóteses
ligadas a visões filosóficas do mundo são
necessárias.
 Hipóteses estas que não são fornecidas pela
ciência.
A Origem do Homem

 Primeira hipótese: a lei da vida é fruto


do acaso, e se formou por
combinações espontâneas de
mutações genéticas, a partir de seres
muito elementares.

 A ordem e o equilíbrio não surgem de


um equilíbrio exterior e superior.
A Origem do Homem

 A evolução não segue um caminho


ascendente e previsível.

 Toda espécie é, em certo sentido, um


acidente (acaso).
A Origem do Homem

 Quais as limitações desta hipótese?

 1) acaso como causa da ordem e equilíbrio.


 O acaso não tem, nem em gérmen, ordem e equilíbrio.
Por definição, acaso é ausência de ordem e equilíbrio.
 Ordem e equilíbrio emanam precisamente de uma
intenção.
 O grau de perfeição é diretamente proporcional ao
grau de intenção.
 Esta hipótese desafia o princípio filosófico-racional de
que tudo o que existe, existe porque há uma razão
suficiente (4 causas de Aristóteles).
A Origem do Homem

 Segunda hipótese: a lei da vida


faz parte de uma lei cósmica, e
de ordem inteligente,
organizada por um inteligência
criadora, a qual dotou o universo
com um dinamismo intrínseco
que se move em direção aos
seus próprios fins.
A Origem do Homem

 Quais as limitações desta hipótese?

 Ela é racionalmente mais plausível, a considerar os 3


princípios lógico-racionais, porém empiricamente difícil de
demonstrar.

 3 princípios lógico-racionais:
 1) identidade [o que é, é.];
 2) não contradição [o que não é, é, e não pode ser
outra cosia];
 3) terceiro excluído [ou é ou não é, não pode ser um
terceira coisa].
A Origem do Homem

 Ambas as hipóteses, primeira e


segunda, aceitam, em princípio, que a
evolução da vida ‘preparou’ a
aparição do Homem mediante a
presença na terra de animais
evoluídos: hominídeos.
 Preparou aqui quer dizer que seu
advento foi progressivo.
A Origem do Homem

 A diferença entre as duas explicações


mencionadas é o que acontece
depois:
 A aparição da pessoa humana e sua
progressiva tomada de consciência a
respeito de si próprio: humanização.
A Origem do Homem

 Para a hipótese primeira


(evolucionismo emergencista), a
aparição das mutações e da pessoa
humana (humanização) seria um
processo contínuo e casual, fruto de
mutações espontâneas, e/ou nascidas
da estratégia adaptativa dos
indivíduos sobreviventes frente a uma
mudança do ambiente.
The Human Career: Human
Baiological and Culture Origins
The Human Career: Human
Baiological and Culture Origins

 Resenha em português, por Walter Neves:


 KLEIN, Richard G. The Human Career: Human
Biological and Cultural Origins, Chicago/London,
The University of Chicago Press, 2009, pp. 989.
[https://www.revistas.usp.br/ra/article/view/38610
 ].
A Origem do Homem

 A segunda hipótese (criacionista), não


vê como crível que a complexidade
do homem e do universo seja fruto do
acaso.
 O homem tem um tipo especial de
princípio vital, dotado de inteligência.
Este princípio vital – alma - supera o
tempo, pensa, quer, ama etc, realiza
atividades que transcendem a
matéria.
A Origem do Homem

 A vida propriamente humana não se encerra


apenas na luta pela sobrevivência: nutrição,
abrigo, crescimento e reprodução.

 Ainda que garantir a sobrevivência seja necessária,


tal garantia se faz revestida de sentidos que
extrapolam a própria sobrevivência.

 Os alimentos que compõem a dieta de um povo,


os arranjos matrimoniais donde nascem as novas
pessoas, ocorrem dentro de valores e sentidos que
superam os fins da nutrição e reprodução.
A Origem do Homem

 Os elementos especificamente humanos são irredutíveis à


matéria, ainda que inseparáveis dela.

 A perspectiva criacionista, segunda hipótese, distingui


claramente a humanização da hominização.

 A instância que origina a pessoa humana está adiante do


homem e do mundo: Deus.
Referências

STORK, Ricardo Yepes; ECHEVARRÍA, Javier Aranguren. “A vida


sensível”. In: Fundamentos de Antropologia – um ideal de
excelência humana. São Paulo: Instituto Brasileiro de Filosofia e
Ciência “Raimundo Llull”, 2016.

KLEIN, Richard G. The Human Career: Human Biological and Cultural


Origins, Chicago/London, The University of Chicago Press, 2009, pp.
989.

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