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MOTRICIDADE HUMANA E SAÚDE

HUMAN MOTRICITY AND HEALTH

*
Manuel Sérgio

RESUMO
Se a ciência da motricidade humana procura estudar as condutas motores (ou ações) em que o ser humano persegue a
transcendência (ou a superação), ela refere-se inevitavelmente à vasta problemática da saúde. E quais os aspectos que ela
salienta? A transdisciplinaridade, a solidariedade entre os vários tipos de conhecimento (sem esquecer o poético), a
complexidade (onde o físico está integral mas superado) e a certeza de que ter saúde é ter em nós, viva e atuante, a
capacidade de superação.
Palavras-chave: motricidade, motricidade humana, saúde, condutas motoras.

INTRODUÇÃO humano é um corpo que se faz consciência, é


matéria donde brota um espírito. Antes do mais,
O presente trabalho situa-se ao nível da o corpo surge como um objecto natural, que se
investigação filosófica. Ora, um dos objetivos da vê e se apalpa. Dir-se-á que emerge daqui uma
filosofia é oferecer às ciências as categorias de perspectiva exclusivamente biológica do corpo.
que elas têm necessidade ao seu próprio Mas não foi isso mesmo que fomentou o
desenvolvimento. Foi isso o que procuramos desenvolvimento das ciências da natureza, a
fazer, não na tentativa de converter, mas de partir do século XVIII e a hodierna sociedade de
subverter. consumo, que realça tão só os corpos
Tem sido, assim, que as ciências se fisicamente belos? A fenomenologia adentra-se
incorporam na filosofia e a filosofia nas no corpo vivido, no corpo-sujeito.
ciências. Este ensaio, publicado inicialmente na Reconheçamos, no entanto, que as ciências da
Revista Portuguesa de Medicina Desportiva, saúde acentuam, no corpo, a sua dimensão
quer ser uma lição de trabalho interdisciplinar e objetiva e visível. Façamos aqui um parêntese
que será tanto mais eficiente quanto mais para sublinhar que as doutrinas racistas e étnicas
hostilidade provocar. também hipervalorizam, no corpo, a sua
dimensão sensível. Os corpos dos indivíduos
negros ou amarelos, os desviantes da norma da
MATERIAL E MÉTODOS
cor, são olhados com suspeita e desagrado, pelas
ideologias retrógradas. O nazismo celebrou as
Leitura (e a reflexão adequada) das
excelências inultrapassáveis da raça ariana e o
principais obras de Jürgen Habermas e
“poder negro”, nos Estados Unidos, fez outro
M.Merleau-Ponty.
tanto, em relação à corporalidade de cor negra.
Porém, o direito à saúde não pertence somente
MOTRICIDADE HUMANA E SAÚDE ao corpo-objeto, mas ao corpo enquanto torna
possível um corpo vivo, uma expressão, um
O primeiro nível que manifesta o ser e o estilo, numa palavra, a unidade dum
aparecer da pessoa é, de fato, o corpo. O ser comportamento humano (RENAUD, 1994, p.

1
Artigo publicado na Revista portuguesa de Medicina Desportiva, v. 19, p. 5-18, jan./fev./marc. 2001.
*
Professor catedrático reformado da Escola de Motricidade Humana, Lisboa, Portugal.

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327). A ecologia encontra-se também associada compreender o ser humano quer dizer captar as
à saúde. Somos seres de uma infinita, digamos suas incontáveis possibilidades.
assim, complexidade, dado que, conforme A fenomenologia da percepção, o objeto de
Michel Serres o sublinha, ocupamos todas as estudo da obra mais conseguida de Maurice
escalas dos seres: espirituais, vivos e inertes; Merleau-Ponty procura provar que a própria
pensamos como pessoas, vivemos como animais reflexão tem uma raiz corpórea e, por isso,
coletivos e os nossos conjuntos alcançam a nunca se absolutiza, nunca transforma a
dimensão dos mares (SERRES, 1991, p.57). realidade "numa totalidade acabada,
Mas esta complexidade decorre e desenvolve-se configurada, perfeitamente determinada, a partir
num determinado meio. Só que, ao invocar-se o de uma subjetividade autônoma" (CANTISTA,
meio, logo o referimos a nós mesmos, ou seja, a 1985, p. 385). O racionalismo na sua dupla
idéia que circula acerca do meio é uma ideia vertente (a intelectualista e a empirista) "deixa
centrada no homem - antropocêntrica - que, no esquecimento a realidade originária, ignora a
mesmo quando se recobre de um discurso estrutura perceptiva e, com ela, o vínculo que
protecionista do (meio ecologismo ou ecologia une o sujeito e o objeto, o espírito e a matéria,
radical, que defende a necessidade de proteger o numa palavra, a existência" (CANTISTA, 1985,
cosmos, enquanto tal, das ameaças do homem) p.386). Tanto no intelectualismo, como no
pressupõe a nossa instalação no centro de um empirismo, o reducionismo é nítido: naquele,
sistema, como se fôssemos senhores e donos da sublinha-se um interior sem exterior; neste, um
natureza (MARQUES-TEIXEIRA, 1995). exterior sem interior. E, porque cartesianos-
Ora, a vontade de domínio do Homem sobre newtonianos, tentando uma explicação acabada
a Natureza resultou numa catástrofe de toda a realidade, liberta de qualquer incerteza
generalizada que, segundo alguns, poderá até e desordem. Segundo Merleau-Ponty, a
erradicar o ser humano da face da Terra. percepção evoca uma constituição pré-teorética,
Percebe-se por que Adorno escreveu no Minima onde a conexão entre a essência e a existência
Moralia: O Todo é o não-verdadeiro. É evidente emerge da experiência. Eu sou o meu corpo
que este autor não se referia só ao ecosistema, próprio, aberto ao mundo por uma
inquinado pelo sistema capitalista, mas tinha intencionalidade operante, por um saber que me
presente que não se pode intervir na Natureza, vem do ente que vou sendo corporalmente, e não
desrespeitando as suas leis fundamentais. A de uma razão que é espiritualmente. Só que o
saúde não se confunde com a ausência de corpo não é físico, é a significação primordial
doença, mas com uma perfeita harmonia entre onde se produz o imbrincamento entre o pré-
todos os processos vitais ambientais e humanos. reflexivo e o reflexivo. Saber-se corpo é ver-se
A pessoa humana (cabe aqui uma pitada de no, em, pelo e desde o ser. E assim se casam
epistemologia) tem uma natureza Apolo e Dionísio, compreensão e explicação, a
multidimensional como, no fim de contas, os razão técnico- científica e a razão poética. A.J.
fenômenos sociais. Mas, como o assinala Edgar Greimas, no seu conhecido livro, Semiótica e
Morin, no seu princípio ecológico da ação, a Ciências Sociais, afirma que "o espaço não tem
ação escapa à vontade da pessoa, porque emerge necessidade de ser falado para significar".
frequentemente da imprevisibilidade das Podemos dizer o mesmo do corpo: em si mesmo,
relações que constituem a totalidade social. é o discurso de um sistema de inter-relações, que
Multidimensionalidade, contradição, processos se revela em função da complexidade humana.
permanentes de ordem e desordem, construção e E, se o Habermas não erra e a estrutura
desconstrução, probabilidade, configuração comunicativa do mundo-da-vida se orienta para
sistêmica, o próprio caos (o fenômeno criador a ação, eu direi, neste caso, que se orienta para a
donde nasce a ordem nova) e a incerteza são ação que visa a transcendência ou a superação.
atributos do pensamento complexo e refletem Antônio Teixeira Fernandes, analisando a
um real, ele também complexo. Daí, que o antropologia subjacente à obra de Vergílio
equilíbrio seja necessariamente instável, porque Ferreira, escreve: "Pela corporalidade, o homem
tudo é processo, tudo o tempo transforma, nada adquire a sua subjetividade e a sua consciência.
pode fruir-se definitivamente. Para mim, Aquela não se reveste de um mero caráter

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instrumental, como um outro de si. A dissimula a ruptura entre a ciência


corporalidade é um eu, matéria contemporânea e as visões ultrapassadas do
consciencializada, que abre o acesso do mundo a mundo”. Por fim, a Declaração de Veneza
nós (FERNANDES, 1999, p.162). E eu atribui aos cientistas pesadas responsabilidades,
acrescentaria: através da intencionalidade dado que é preciso criar uma opinião pública
operante ou motricidade humana. Quando rigorosamente informada e orgãos de orientação
Ricoeur assevera que a acção atravessa o corpo, e decisão: “os desafios da nossa época - o
no Le voluntaire et l'involuntaire (RICOEUR, desafio da auto-destruição da nossa espécie, o
1950), quer significar que o corpo é orgão e não desafio informático, o desafio genético, etc. -
objeto da vontade. E, porque é orgão, ele esclarecem de novo a responsabilidade social
atualiza o todo de que é um dos elementos. Mas dos cientistas, tanto na iniciativa como na
o todo (o ser humano, afinal) constitui, em aplicação da investigação. Se os cientistas não
termos pascalianos, algo que excede podem decidir da aplicação das suas próprias
infinitamente o homem. Como diria Vergílio descobertas, não devem assistir passivamente à
Ferreira, "o homem está sempre além de si" aplicação cega destas mesmas descobertas”.
(FERREIRA, 1978, p. 17). Por isso, a Segundo a opinião dos subscritores deste
corporeidade, como muito bem o refere José Gil, documento, a amplitude dos desafios
"não concerne o corpo anatômico, mas a unidade contemporâneos exige, por um lado, a
da alma e do corpo vivido"(GIL, 1988, p.156). E informação rigorosa e permanente da opinião
assim o corpo não é só estrutura anátomo- pública e, por outro, a criação de orgãos de
fisiológica, mas conteúdo e sentido existenciais. orientação e mesmo de decisão de natureza pluri
Poderia até invocar, aqui, o Pierre Bourdieu: "o e transdisciplinar (DECLARAÇÃO DE
corpo está no mundo social, mas o mundo social VENISE, 1987). Aflora, no que acabamos de ler,
está no corpo"(BOURDIEU, 1996, p.36). De um pensamento holístico ou sistêmico, em que
fato, o ser humano não é um objeto num mundo os grandes pilares da ciência atual (a teoria
já feito, é um ser práxico num mundo por fazer. quântica, o ADN, os computadores, a
Costumo dizer que o Homem é corpo-alma- complexidade, a historicidade, a dimensão
natureza-sociedade, num desejo imparável de ontológico-existencial da verdade, etc.) se
transcendência. Desenha-se deste modo uma fundem e se interpenetram como elementos do
leitura nova da Medicina, com especial mesmo ser, sem o estrangulamento positivista,
incidência no sentido da relação alma corpo. Se que obnubilava a dimensão sapiencial da razão,
na raiz do quantum físico está a intervenção do a consciência corporal, a estética e o desejo.
sujeito e da natureza, através da onda das suas Desta forma, invocar os beneficios para a
possibilidades, também no quantum corpóreo da saúde, da atividade fisica, bem é: já lá vão longe
nossa realidade somática intervém a consciência os tempos em que a prática desportiva era
que desempenha o papel da atividade do desaconselhada, por estar associada à idéia de
observador da Física Quântica (PEREIRA, doença. Era o tempo do flagelo social da
1992). tuberculose, que predominava nos estratos
A Declaração de Veneza, subscrita em sócio-econômicos mais desfavorecidos, que
Março de 1986 por cientistas de renome forneciam o maior contingente de praticantes
universal, de 16 nacionalidades, sublinha a desportivos [...]. A necessidade do exercício
necessidade de encontrar-se um ponto de físico, para uma boa saúde, é intuitiva, mas foi
mutação, apelando a um novo paradigma atento só em 1953 que surgiu o primeiro estudo
às Autuações e modificações e não à legalidade publicado, que relacionou a atividade fisica com
estática de qualquer determinismo. Por outro a incidência da doença coronária, ao comparar
lado, nota que o “conhecimento científico, pelo os motoristas dos autocarros de dois andares de
seu próprio movimento interno, chegou a um Londres, com os revisores que, ao longo do dia
ponto onde pode começar o diálogo com outras de trabalho, subiam ao segundo piso inúmeras
formas do conhecimento.Infelizmente, o ensino vezes [...]. É já inquestionável que a prática
convencional das ciências, mediante uma regular do exercício físico é benéfica para a
apresentação linear dos conhecimentos, saúde, em termos gerais (BARATA,
THEMUDO et al., 1997). Mas que não se

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esqueça que O.M.S. define a saúde como "um simultaneamente subjetivas e objetivas -não há,
estado de completo bem-estar físico, mental e no conhecimento científico, fundamentos
social e não consiste apenas na ausência de lógicos absolutos. Nada nos é dado, tudo é
doença ou de enfermidade". E, por isso, a construido. E assim não é de surpreender que a
atividade fisica é saudável tão só quando se física e a química e a biologia tenham evoluído
integra num processo harmônico onde a pessoa "‘de ciências da natureza’ para ‘ciências de
humana se sabe e sente na via da sua realização artefato’, verdadeiras engenharias, capazes de
integral. Que o mesmo é dizer: capaz de superar, manipularem e reconstruírem átomos, moléculas
com alegria, as suas atuais limitações, a todos os e genes" (JORGE, 1996, p.207).
níveis. Uma defesa intransigente da vida; o Na área das ciências do Homem, também a
respeito inalienável pela pessoa humana; uma criatividade é o caminho certo da sobrevivência.
atitude permanente de solidariedade - parecem Até aos finais do século XIX, o destino das
ser as idéias básicas onde radica uma política da ciências do Homem vinculara-se ao destino da
saúde; uma pastoral da saúde; qualquer filosofia. Hoje, constata-se, no interior destas
dimensão inovadora, tanto individual como ciências, uma pluralidade de discursos, sinal
social, no campo da saúde. Uma atividade fisica, seguro da existência de várias problemáticas ou
portanto, não deve circunscrever-se a níveis paradigmas. Só que, de todas as ciências do
mecânicos das condutas motoras porque, se se Homem, emerge o “vivido”, o inobjetivo, o
pretende dar mais vida aos anos, dar mais anos à subjetivo e o “homem em geral” etiquetado,
vida e dar mais saúde à vida, é preciso reafirmar estereotipado, matematizado não o encontramos
a prioridade da complexidade bio-sócio- nunca. Por isso, o indócil Jacques Lacan, nos
antropológica sobre a simplicidade de um físico Écrits, asseverava, como se sabe, que a
que se resume ao determinismo da máquina e à psicanálise demonstrara já a impossibilidade da
ordem que excomunga a desordem e o ato existência das ciências do Homem (ou ciências
criativo. humanas). O que existe, de fato, é o “sujeito”,
“Os desafios da complexidade encontrá-los- aquele que fala, o lugar de toda a enunciação.
emos em todo o lado. Se pretendemos um Na medicina, já vai sendo rotina afirmar-se que
pensamento segmentado, refechado sobre um "não há doenças, há doentes". Há dimensões
objeto, para o manipular, podemos eliminar toda recônditas, no humano, onde a qualidade
a preocupação de religar; contextualizar, predomina, que o pensamento iluminista não
globalizar mas se queremos um conhecimento teve (não tem) em conta. Também na chamada
atualizado e pertinente, há necessidade “atividade física”, se os aspectos quantitativos,
imperiosa de religar; de contextualizar, de tais como o “volume” e a “intensidade”, são os
globalizar as nossas informações e os nossos mais publicitados, não fica mal um cauteloso
saberes, de procurar enfim um conhecimento ceticismo diante dos que apregoam uma relação
complexo. O pensamento clássico, inevitável entre atividade física e uma
compartimento tornava impossível a esplêndida saúde, atendendo aos aspectos
contextualização dos conhecimentos, qualitativos inerentes à motricidade humana. Por
transformava os especialistas em idiotas outro lado, nem sempre o rendimento respeita as
culturais, ignaros, no atinente aos problemas possibilidades de adaptação fisiológica e
globais e gerais, de resto o mais concreto” resistência psíquica dos praticantes, dado o
(MORIN, 1999). Vivemos tempos em que a stress resultante de um treino excessivo e
incerteza incarnou na ação, no conhecimento, na disperso e de uma competição desmesurada. O
própria vida. Com Descartes e Newton, o desporto profissional, por exemplo, rodeado,
Homem proclamou-se a si mesmo, com alguma quase sempre, de multidões ululantes supõe um
expressão épica, dono e senhor da Natureza. duplo risco: o do rendimento insuficiente que
Bem perto de nós, Stephen Hawking sustenta leva ao sentimento de fracasso e à frustração e o
que a ciência está prestes a conhecer os "planos do super-treino onde o atleta é espoliado do que
de Deus". Se o real é complexo; se nada pode resta de si próprio e contempla, por vezes, em
reduzir-se a um programa curto de computador; desespero, as ruínas da sua personalidade
se as teorias não são tão só objetivas, mas violada. A propósito, seria de levantar a questão

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seguinte: qual o preço que lhes cobramos (aos violência individual e coletiva não cessa de
atletas de altos rendimentos) pela nossa expandir-se” (BARTOLI, 1999).De um século
veneração? A prisão perpétua de terem de assim, cheio de indecifradas armadilhas e de
alcançar, não o que somos, mas o que feridas e ossadas de um sem número de guerras
desejaríamos ser. A nossa idolatria aos astros (embora os oásis de comunicabilidade
dos estádios exige deles que façam, prazenteira) nem sempre a saúde é possível. Por
escrupulosamente, aquilo que lhes impusemos: seu turno, o paternalismo médico, impondo aos
que sublimem o nosso quotidiano rotineiro, a doentes determinadas opções, como o
nossa descolorida vulgaridade. internamente compulsivo, por exemplo; os
Com o desenvolvimento científico hodierno, regimes ditatoriais e as suas estruturas
passaram a utilizar-se, no desporto, na dança, na ancilosadas, que rangem sob os imperativos
ergonomia e na reabilitação, produtos de alta inflexíveis de um ditador: também, aqui e além,
tecnologia, incluindo os fármacos de efeitos há um imenso cardápio de patologias
biológicos mais que suspeitos. Habermas refere provenientes das causas mais diversas.
que “o positivismo assinala o fim da teoria do Mas que traz de excitante e novo à saúde a
conhecimento. Em seu lugar, instala-se uma Ciência da Motricidade Humana (CMH)?
teoria das ciências [...]. Conhecimento define-se, Quero citar, como nota prévia, uma afirmação de
implicitamente, pelas realizações da ciência [...]. Paul Ricoeur: "Quando trabalhamos, fazêmo-lo
À medida que o positivismo dogmatiza a fé das dentro de um sistema de convenções. Não
ciências nelas mesmas, ele assume a função podemos definir a práxis apenas em termos de
proibitiva de blindar a pesquisa contra uma técnicas do trabalho que aplicamos. A nossa
autoreflexão, em termos de teoria do práxis, propriamente dita, incorpora um certo
conhecimento.O único traço filosófico do quadro institucional" (RICOEUR, 1991, p. 381).
positivismo é a necessidade de imunizar as Isto, para dizer que a CMH precisa de condições
ciências contra a filosofia” (HABERMAS, favoráveis, ideológicas e políticas, para
1968). Ora, atendendo a que o positivismo ainda concretizar-se. A subjetividade, por si só, não
é dominante no mundo do desporto, não resolve os problemas do conhecimento, como o
surpreende a forma acrítica como os praticantes pretende Michel Henry: "o conceito de ser é a
se entregam nas mãos de técnicos que, conforme subjetividade. A subjetividade é o que permite
o mesmo Habermas (1968) o denuncia, reduzem ao ente ser" (HENRY, 1976, p. 325). Eu quero
a práxis a técnica, alardeando a mais refinada acrescentar tão só que a saúde individual está
neutralidade valorativa social e política. Peço em dialética relação com a saúde social e
desculpa de acrescentar, aqui, a expressão de política. A CMH, porém, sem pôr de lado as
Valery, que me ocorre agora: "Tantôt je pense et transformações fisiológicas e de âmbito afetivo,
tantôt je suis". E, porque nos ocupamos (com associadas ao treino fisico; sem ladear os efeitos
demorado deleite?) do tema motricidade humana fisiológicos negativos da ausência de
e saúde, não podemos esquecer que o direito movimento; sabendo que o desporto, sem
para todos a um nível de vida aceitável desencantos, violências e hostilidades
pressupõe também a existência de condições provocadoras, pode ser uma prática salutar
ambientais e de vida, que sejam a base de uma (BAFIUELOS, 1996), recusa, na análise do ser
sociedade saudável. Foram carrancudos, humano, unicamente a via quantitativa, o
agressivos e deploráveis os tempos em que o determinismo, o mecanicismo, a ordem, a
século XX se desentranhou. Henri Bartoli, em certeza inamovível e defende também a
estilo vivo, assim nos retrata o século em existência da complexidade, da via qualitativa,
questão: “século de brutalidade e desumanidade, do carater organicista, do indeterminismo, da
o século que finda inclino-me a crer ter sido um imprevisibilidade (onde o mistério se inclui), da
século de guerra, segundo a fórmula de G. incerteza, já que os métodos analíticos e
Kolko [...], desde os 8,5 milhões de mortos da sintéticos são complementares e não
primeira guerra mundial até aos 50 ou 60 antagônicos. Em Fevereiro do ano em curso, os
milhões da segunda grande guerra, ao mesmo fundistas portugueses, que participaram nos
tempo que se banalizam os massacres e que a Jogos Olímpicos de Sidney, foram submetidos a

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uma bateria de testes, entre os quais o saúde. O objeto da medicina é [...] cada vez mais
sofisticado K4, controlado pela metodóloga do o corpo de uma doença a identificar e, depois, a
treino da seleção francesa de atletismo, erradicar, o corpo cuja mecânica deve ser
Véronique Billat. Se é verdade que a reparada. É a doença que constitui objeto de
generosidade não tem preço e é bom fruí-la em investigação, de reparação ou de erradicação, o
doses avantajadas, não me parece que, sujeito que vive a doença torna-se um
cientificamente, o Antônio Pinto e a Femanda epifenômeno (COLLIERE, 1999). Por sua vez,
Ribeiro se aprestem para ser campeões as tarefas de enfermagem repartem-se por dois
olímpicos só porque os testes da senhora tipos de prescrições médicas: as ligadas aos
Véronique Billat assim o indicam. A ênfase exames de investigação e a vigilância dos
excessiva na fisiologia conduz ao reducionismo, tratamentos (COLLIERE, 1999). Só que, tanto o
à alienação. Karl Jaspers (l883-1869), médico ato médico, como as tarefas do enfermeiro,
ilustre e filósofo de um aguerrido representam (tantíssimas vezes) um dramático
inconformismo, escreveu que a prática científica bloqueio à solidariedade. O doente é uma
exige do estudioso ou do investigador o pessoa-objeto. Nos hospitais, o doente sente-se
seguinte: um estranho, entre o labirinto vocabular e
– apreender serenamente os fatos particulares, esquivo dos médicos e enfermeiros e o grupo
através da análise, da explicação, da descrição denso, lamentoso, egocêntrico dos outros
fenomenológica; doentes. Em A Ideologia Alemã, Marx e Engels
asseguram que a natureza humana é o conjunto
– relacionar a explicação e a compreensão;
das relações sociais. Quase dou razão a estes
percepcionar os fenômenos sem a
autores, nos corredores escassos e promíscuos
esquizofrenia atabalhoada dos que não têm
de muitos hospitais.
uma perspectiva de totalidade, na qual e pela
A existência de metaprincípios pressupõe a
qual as partes componentes subsistem
existência de metapatologias. Sem me referir à
(JASPERS, 1979).
hermenêutica filosófica de Gadamer, nem à
A íntima relação da análise e da síntese teoria da ação comunicativa de Jürgen Habermas
deriva do fato da sua mútua pertença a uma (que não toca, ao de leve que seja, na
totalidade mais ampla que, no fundo, é a inteligência artificial, nem na ciência cognitiva,
condição de possibilidade da sua relação o que é de lastimar) mas vincando, com
dialética. A independência absoluta da análise Humberto Maturana, o meu direito ao erro e o
ou da síntese só subsiste em perspectivas meu direito a mudar de opinião (MATURANA,
abstratas, incapazes de compreenderem o lugar 1997), aqui deixo os metaprincípios que a CMH
da totalidade como fundamental e constitutivo defende, na promoção da cultura da vida e de
horizonte de referência, na investigação uma civilização fraterna:
científica. Com isto, no caso vertente, a – Todo o conhecimento é transdisciplinar, isto
dimensão anátomo-fisiológica e laboratorial não é, entre duas coisas ou pessoas há sempre
perdem significado, ou existência. Ao invés, hipóteses de estabelecer relações. A
ganham a possibilidade de ver definidos, transdisciplinaridade é o acesso a uma
adequada e corretamente, o seu estatuto e história holística.
dimensões. O termo religião provém do verbo – E assim existe um parentesco profundo entre
latino religare, religação da parte ao todo e, daí, a arte, por um lado, e a filosofia e a ciência,
os seus metaprincípios. De igual modo, a CMH, por outro. Não só vemos num e noutro caso a
ao apelar para uma perspectiva de totalidade (e imaginação criadora em ação, como vemos
complexidade) apresenta os seus metaprincípios também que tanto a arte como a filosofia e a
autônomos, não só porque a CMH resulta de ciência tentam dar uma forma ao caos que
uma revolução científica (a passagem do físico à subjaz ao cosmos, ao mundo, ao caos que está
motricidade humana), mas também porque esta por trás dos estratos sucessivos das aparências
ciência visa estudar e libertar o ser humano no (CASTORIADIS, 1999) – A ciência tem a sua
movimento da superação, tanto no lazer ou na retórica muito própria (LOCKE, 1997), tendo
escola, como na educação, no trabalho e na até em conta as inúmeras especializações. Da

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retórica científica hodierna, no entanto, já vai se verifique antagonismo entre o cognitivo e o


emergindo o reducionismo do modelo afetivo. Uma relação fundamentada no
biomédico tradicional, que obteve um sucesso autoritarismo, donde não ressalta a partilha e
espetacular nas intervenções cirúrgicas, na a troca, não pode ser o radical fundante de
redução do número de mortes causadas por qualquer movimento social, ou individual,
determinadas doenças (tuberculose, libertador (o movimento verdadeiramente
pneumonia, sarampo, etc.), mas convive mal salutar). A cultura profissional do técnico de
com doenças de carater marcadamente social saúde (e do professor) caracteriza-se pela
e psíquico, dado que são doenças cuja desconfiança diante do saber do doente (e do
resolução depende de um trabalho inter e aluno). Ora, porque o doente é uma pessoa
transdisciplinar. Ocorre, desta forma, uma com capacidade de decidir, com formas
funda discrepância entre algumas soluções concretas de expressar-se, com necessidades a
preconizadas pelo modelo biomédico e os procurarem respostas", há que "propor de
tipos de problemas que as pessoas enfrentam maneira clara e comprometida novas atitudes
no seu dia-a-dia. A interseção dinâmica que, atentas às pessoas, contribuam para a sua
corpo-mente-sociedade-cosmos é um dos recuperação integral" (PINTO, 1999, p.57).
metaprincípios em que CMH radica. Só o que respeita o doente, e com ele aprende,
– Nesta conformidade, deficientes somos nós pode assumir papel relevante, no processo
todos, porque em cada um de nós é possível saúde-doença.
encontrar qualquer tipo de lesão (a miopia, a – O objeto da medicina é a doença e, se
diabetes, a hipertensão, etc.) ou de possível, a doença sem os doentes. A CMH
psicopatologias. Mas continuamos denuncia, no ato médico tradicional, tanto o
deficientes, numa sociedade corroída pela apartamento res cogintans res extensa como a
divisão estrutural entre as classes. E o corpo separação doença-doente, porque, no vivido é
individual está em relação entranhada com o o homem todo que se encontra em situação.
corpo social. Tudo o que nos rodeia é
– E, por conseqüência, há que estudar o corpo
recolhido, absorvido pelos músculos, pelos
como algo de marginal, não limitado pela
orgãos, pela carne (BRETON, 2000). A CMH
autocracia da razão técnico-científica; há que
descobre na deficiência uma raiz social e
assumir um conhecimento íntimo e
política. Não há pessoas deficientes, há
compreensivo, dado que é o corpo o lugar
pessoas diferentes. De educação especial é
donde se visiona o sentido da vida, donde se
bem possível que todos precisemos. Por isso,
intui o possível. Uma pessoa é bem mais do
a CMH, assumindo a época em que vivemos e
que uma patologia.
no seu discreto mas tenaz plantio de mais
ciência e melhor consciência, define a saúde – A CMH rejeita a rude sobranceria de muitos
como "a capacidade de o ser humano tentar técnicos de saúde, centrados tão só numa
superar as suas limitações atuais, de modo a prática instrumental, que lhes permita
concretizar o seu projeto de vida, visando um responder, com brevidade, a um problema e
bem-estar holístico ou sistêmico". A CMH, ao dando ao olvido a "transposição do campo de
estudar a energia para o movimento observação analítico da biomedicina para um
intencional da transcendência, afirma que o campo de observação sistêmico e holístico do
ser humano supera e supera-se, no processo ser humano, interpretado nas suas relações
de construção da sua identidade própria. contextuais "(SILVA, 1999, p. 22). Por isso, a
CMH quer integrar, de forma singular, a
– Segundo Humberto Maturana, “a emoção cultura da saúde, a educação para a saúde,
fundamental, que torna possível a história da numa tal racionalidade aberta que não possam
hominização, é o amor [...]. Sem a aceitação suprimir-se, no seu currículo universitário, as
do outro na convivência, não há fenômeno contribuições incontornáveis das ciências
social” (MATURANA, 1999, p. 57). A médicas, das ciências cuidativas (ou da
relação com os técnicos da saúde deverá enfermagem) e das demais ciências sociais e
processar-se num clima de reciprocidade, humanas e ainda da Filosofia e da
onde a corresponsabilização predomine e não Epistemologia.

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Sabe-se que a aceitação de uma ciência é um pensamento sobre as Atividades Físicas aplica-
fato socialmente determinado, decorrente da se ao universo pensado das ciências, mormente
colméia humana a que se chama comunidade as biomédicas, não ao mundo percepcionado dos
científica e é bem verdade que a inércia do fenômenos. A CMH, ao invés, não faz do corpo
tradicional e do corporativo (e a ideologia do um mero objeto epistêmico, dado o seu peso
corporativismo assemelha-se a uma religião) são ontológico. De fato, o corpo é, pela motricidade,
obstáculos epistemológicos a superar. Paul o lugar do sentido, o lugar também do possível.
Feyerabend, no Against Method, cita o caso A CMH transmite à educação para a saúde, pelo
Galileu e adianta que, na defesa que Galileu faz desporto (sem esquecer o jogo desportivo), pela
da teoria de Copérnico, se encontra muita dança (incluo, aqui, a dançoterapia), pela
retórica típica da mera propaganda. Galileu não ergonomia, pela reabilitação, etc., a recusa à
desconhecia que são muitos os fatores não- ação que se poluiu pelos exageros do universo
epistêmicos a quem os defensores de todos os tecnológico e pelas taras da sociedade neo-
paradigmas prestam um tributo sem regateio e liberal, que é a nossa. Por esta razão muito
dificultam, por isso, a implantação de novas e simples: a CMH teoriza e pratica o movimento
bem fundamentadas teorias. Na esteira de Bas da transcendência, o movimento do mais-ser,
van Fraassen, no seu conhecido livro The afinal o movimento especificamente humano.
Scientific Image, editado pela Clarendon Press Devem ser multiprofissionais as equipes
(Oxford), em 1980, inclino-me a crer que uma promotoras da saúde, pois que nenhuma
teoria nova há de apresentar qualidades disciplina ou área de intervenção pode reclamar
epistêmicas e qualidades pragmáticas: aquelas para si o monopólio da explicação e da
que respeitam à relação entre a teoria e o mundo, resolução dos problemas da saúde". Só que, em
relação de caráter marcadamente empírico; estas todas estas equipes, há de ser presente a
concernem ao contexto de aplicação, dado que dignidade da pessoa humana, anterior à
uma teoria não se implanta, independentemente medicina, ao direito, etc.; há de ser presente a
de contextos políticos, sociais, institucionais, complexidade humana e o apelo do juízo moral
corporativos. De todos estes emerge, quase que dela decorre.
sempre, a convicção de que o progresso nas Recordo uma bela e terrível frase de
ciências é cumulativo. Carnap, na obra The Montherlant: “os velhos morrem, por já não
Logical Structure the World (CARNAP, 1969) serem amados”. E não será o amor o primeiro
continua a tradição cumulativista que o fator de saúde? Um outro ponto ainda a
falibilismo de Popper foi o primeiro a contrariar, salientar: a CMH denuncia, na medicina e na
de forma decidida e radical. E mesmo que Boyd, educação fisica, o uso e o abuso da investigação
refeito do aturdimento da mensagem de Kuhn quantitativa e o demasiado desconhecimento da
que acentua serem as revoluções científicas investigação qualitativa. E isto porque a
fenômenos de descontinuidade e ruptura, retome epistemologia de uma ciência do homem há de
a idéia de progresso cumulativo, nas ciências - assumir, até às últimas conseqüências, o caráter
julgo dever referir que uma teoria não pode histórico-cultural do seu objeto (neste caso, a
viver tão somente, com lucidez desencantada da motricidade humana) e do próprio conhecimento
tradição, porque ela só parece plausível se como criação humana. A epistemologia
decorre da episteme liberta e desalienadora do positivista sempre foi hostil à introdução, nas
seu tempo. E, se não me engano, é o que ciências, da subjetividade, da emoção, do
distingue a CMH, que passa da simplicidade do desejo, etc. Se todo o real é complexo, o
fisico à complexidade da motricidade humana. quantitativo e o qualitativo devem integrar
A CMH pode exigir a interdisciplinaridade, qualquer investigação científica. Com isto, não
porque soube construir o seu próprio paradigma, se entra numa fase ocamente retórica, nem se
a sua própria disciplinaridade. dispensam os métodos laboratoriais ou
As Atividades Físicas, porque produto da experimentais. Mas acentua-se que o
modernidade, instituíram o corpo como uma conhecimento é uma produção interpretativa e
totalidade sem interior ou então com um falso criadora, para além dos resultados empíricos. O
interior apenas empírico. Por seu turno, o conhecimento de um paciente ou de um atleta

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não se consegue unicamente através de tecnocrática e instrumentalista em que


categorias a priori, inscritas nos manuais descambaram a medicina, a educação fisica e o
escolares, mas apresentam um caráter interativo desporto. Todos sabemos o que escreve
onde as relações (e o contexto que as envolve) Feyerabend, no seu Tratado contra o Método,
técnico de saúde-doente, ou treinador-atleta, logo na página 3: “A história da ciência, no fim
onde a singularidade da pessoa estudada - de tudo, não consta só de fatos e de conclusões
constituem dimensão essencial. Como o autor decorrentes dos fatos. Contém idéias também,
que, em língua portuguesa, pela primeira vez interpretações de fatos, problemas criados por
defendeu a existência da CMH e, para ela, interpretações conflituantes, erros, etc”. A
definiu um paradigma, não me parece demasiada investigação qualitativa quer dizer afinal que até
ousadia sublinhar neste momento que a pesquisa os números são cultura e não marcos rígidos e
qualitativa representa uma iniludível opção pré-estabelecidos.É a investigação qualitativa
ideológica e teórica, refreadora da visão que dá sentido à investigação empírica.

HUMAN MOTRICITY AND HEALTH

ABSTRACT
If human motricity science intends to study motor conduct (or actions) in which the human being pursues transcendence (or
surmounting), it inevitably relates to the large realm of health. What are the aspects it evinces? Transdisciplinarity, solidarity
among the various knowledge types (including poetical), complexity, (where the physical is integrated but surmounted) and
the firm belief that to be healthy is to have in ourselves, alive and working, the capacity for surmounting anything.
Key words: motricity, human motricity, health, motor behavior.

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Endereço para correspondência: Departamento de Educação Física, Universidade Estadual de Maringá, Av. Colombo,
5790, Cep. 87020-900, Maringá, Paraná, Brasil.

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