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RESUMO: Esse artigo tem como objetivo abrir um novo espaço para
discussões sobre temas que não são usualmente tratados sobre como
podemos curar uma doença mental ou espiritual dentro de um ambiente
psicoterapêutico.
INTRODUÇÃO
1
O texto em questão já não se encontra mais disponível nas redes sociais do autor, seja qual for o
mo vo. Apesar disso, devo os créditos ao Dr. Paulo de Andrada Pacheco por ven lar a ideia que se
tornou o pressuposto deste ar go. Vale ressaltar que apesar de parecer efêmero como uma fonte que
abre o pressuposto deste ar go, o texto em questão dá voz a um desconforto crescente dos
profissionais de saúde e de seus pacientes que são enormemente afetados por esse po de a tude
por parte dos pretendidos “terapeutas”.
sua vida, é preocupante a maneira com que essas ideias são manejadas e
absorvidas por elas.
2
Evidenciando que um terapeuta e um psicólogo convergem e se distanciam
na medida que se entende melhor o itinerário de prevenção-intervenções
associadas a profissão
3
O psiquismo para o intuito deste texto é o movimento inverso da psicologia
experimental de Wundt, sendo assim, é o termo que achei mais próximo a
antítese do fisicalismo,
Entretanto, para uma maior imersão dentro da técnica e dos procedimentos
da psicoterapia se faz necessário um mergulho na linguagem, Afinal, ela
existe dentro de um cenário de domínio etimológico profundo e flexível,
objetivo das “talking cure”. A base da análise deve partir de um referencial
claro e a capacidade de articulação de diferentes tipos humanos que
complementam a razão em busca da totalidade da experiência. Como o
próprio Freud diz, devemos “olhar para dentro de si mesmo, para sua própria
profundeza, aprendendo a se conhecer”. Temos no próprio referencial o
abismo no qual devemos mergulhar para encontrar o inconsciente, anterior
ao próprio anímico do homem.
Todo e qualquer método terapêutico deve ter como o seu centro a psique
integra, sã e a dignidade do ser humano. Não há nenhuma dúvida de que o
ser humano se desdobra em uma infinidade de traços e particularidades que
seriam impossíveis descrever com precisão e justiça a cada uma destas. A
grande questão a responder, ao observarmos os métodos disponíveis, é
descobrir até onde cada tipo de abordagem pode nos levar dentro do
progresso terapêutico e a dignidade do paciente que nos busca como uma
oportunidade de ascender nos degraus de tornar-se pessoa.
4
Olavo de Carvalho. O saber e o Enigma: Introdução ao estudo dos Esoterismos Editora
Vide, Campinas. SP., 2022.
● Transcendência: é a abertura ao metafísico ou as facetas da realidade
que o levam a uma unidade que preencha sua inteligência além do
impacto direto da matéria e da sua inconstância.
Mas é preciso deixar claro que deve ser respeitado todo o referencial deixado
pelo criador e seus estudiosos.
A aplicabilidade da psicanálise precisa ser levada em consideração, como
citado em diversas passagens da obra “Fundamentos da Clínica
Psicanalítica”5.
5
Freud, Sigmund. Obras Incompletas; Fundamentos da Clínica Psicanalítica.
Editora Grupo Autêntica, tradução Claudia Dornbusch. 2021, Belo Horizonte -
MG
diz que para as técnicas analíticas e as demais existe um enorme contraste,
o mesmo contraste que: “[...] o grande Leonardo Da Vinci condensou para as
artes nas fórmulas per via de porre e per via di levare. A pintura, diz Da Vinci,
trabalha per via de porre; é que ela coloca montinhos de tinta onde eles não
existiam antes, na tela sem cores; a escultura, por sua vez, procede per via di
levare, já que retira da pedra o necessário para revelar a superfície da
estátua. [...]”.
São as figuras essenciais que sondam nossa vida noturna, a linha fronteiriça
entre o conhecido e o mistério da natureza humana.
Há, entretanto, uma faceta pouco explorada dentro desse jogo de opostos; as
pulsões sendo anteriores ao aparelho psíquico e ao Ego, é, também, veículo
da natureza humana, a qual foi ignorada nos séculos XIX e XX.
Podemos traçar junto da técnica a ser aplicada uma “via purgativa” pessoal
para cada sofrimento de nossos pacientes.
O sofrimento é o júri da vida moral de cada um que o vive, de modo que sem
a investigação do sofrimento o homem estará fadado à escuridão e ao exílio
de sua própria circunstância.
6
CARVALHO, Olavo de. O abandono dos ideais, Aula do curso “Introdução à vida
intelectual”, setembro de 1987, reproduzida sem alterações. Transcrição de aula. Disponível
em: https://olavodecarvalho.org/o-abandono-dos-ideais/ Acesso em 10 de jul. 2022.
alinhar a vida moral daquele que está sofrendo. Todo ser humano tem
potências para realizar-se em pessoa.
O Ego nos serve como uma linha fronteiriça do interno com o externo, é a
pele de nossa mente que experimenta o mundo com a intensidade e reage
ao mesmo. É a instância do consciente que absorve em si dois tipos de
função: a narrativa e a social, estando distante das raízes do Eu humano que
rege toda a estrutura psíquica.
7
FREUD, Sigmund. EU e o ID, tradutor Bernard Jolibert. Editora Massangana, Recife – Pernambuco
1920[2010], pg. 16
Há uma gama de sofrimentos humanos que começam quando não se
reconhece como uma “Individua substantia rationale” (indivíduo de substância
racional pessoal na filosofia clássica) e torna-se incapaz de traduzir por si só
aquilo que vê e experimenta. A tradução dos fenômenos em narrativa é o
fator primeiro da ordenação moral.
8
GASSET, José Ortega Y. “O que é filosofia?”, Tradutor Felipe Denardi. VIDE Editorial –
Campinas, São Paulo. 1971[1958], p. 168.
9
TANQUERREY, Adolphe, Teologia Ascética e Mística. Tradutor Dalton César Zimmermann.
Editora Ecclesiae Campinas - São Paulo 1924[2018].
esforços para corresponder e progredir. Por isso precisamos estar bem
convencidos da sua necessidade e meios para reavivá-lo.”10
Podemos citar alguns meios para a perfeição, porém o mais efetivo e que se
reaviva com cada manhã é a sexualidade, que não é mero deleite
momentâneo que vive entre picos de dopamina e vazios existenciais infinitos.
O ciclo sexual hedonista que a modernidade instaurou reduziu o tamanho da
sexualidade humana em uma simples fruição.
Tudo aquilo que diminui a estatura dessa substância que busca dizer um Eu
perfeito é cilada e fechamento. O terapeuta é o descobridor de abismos e um
peregrino que busca a fonte da perfeição de cada pessoa que passa em seu
consultório.
O ofício próprio do tratamento é dar forças o suficiente para que essa força,
até então oculta, jorre em um gozo perfeito de sua capacidade e sublime na
imagem mais perfeita do homem. Nossa função como pessoas singulares é
estarmos dispostos a pagar o preço para ter-se a si mesmo, todo o resto é
remediável, menos a sua biografia e como você leva a cabo sua existência.
Tendo unido (por uma das várias vias possíveis) aquilo que está para baixo
com aquilo que está para cima, como na passagem bíblica onde Jacó, no
livro de gênesis, capítulo 28:11-12, o homem tem a revelação de Deus (ou
como expressão simbólica do conceito hermético de unidade):
10
TANQUERREY, Adolphe. Teologia Ascética e Mística. Tradutor Dalton César Zimmermann.
Editora Ecclesiae, Campinas - São Paulo 1924[2020].
“E chegou a um lugar onde passou a noite, porque já o
sol era posto; e tomou uma das pedras daquele lugar, e a
pôs por sua cabeceira, e deitou-se naquele lugar. E
sonhou: e eis era posta na terra uma escada cujo topo
tocava nos céus; e eis que os anjos de Deus subiam e
desciam por ela.”11
Inscrito numa comunidade, o homem passa a lidar com uma camada do ego
que antes não havia percebido: abre-se aí o Eu social ou responsável,
13
Platão, Dialógos II - Eutidemo 278a, Tradutor Edson Bini, Editora Edipro. São Paulo - São
Paulo, 2020. pg, 184
uma conversa dialógica entre punições e recompensas. A circunstância
também é constituída dessa faceta, mas há nela algo menos situacional que
as reações biológicas ou vegetativas, circunstância vem da palavra latina
circun-stare14 que tem como um de seus vários signos aquilo que circunda,
aquilo que abraça, porém, aquilo que mais interessa ao sentido aqui descrito
é compreender a palavra fora da sua expressão literal; mas buscar uma
possibilidade melhor para a direção para a qual a psicoterapia precisa
apontar, e definir um como e um porquê. É importante que se saiba, dentro
de um processo terapêutico, que o porquê de tal ação e padrão ser
recorrente não só a nível pessoal, mas coletivo, e como se desenrolou a
sucessão de fatos de maneira que me impactasse mesmo sem que eu
precisasse, necessariamente, estar num determinado espaço-tempo. O
porquê precede o como da mesma maneira que justifica a sucessão. A
circunstância é, então, constituída de uma parte acidental a si mesma e outra
tensional, isto é, somos inscritos (jogados, se assim preferir) num certo
tempo, família, sociedade e crenças que sustentam a mesma certeza de que
o sol nasce pelas manhãs e de uma faceta que pertence a mim salvar.
14
Ortega, durante toda a sua obra, nos coloca frente a essa palavra. Circunstância, dever, Dharma para
o autor são sinônimos de uma tragédia cômica ao qual o homem é jogado, como que à deriva para
solucionar o mistério de si mesmo. Há tantas passagens especificas as quais poderíamos salientar
nesta nota. Creio que seja mais proveitoso explicar o sen do geral da palavra para o ar go em
questão.
Circunstância nos serve como a inscrição do homem no solo de sua própria vida, nas crenças e na
vivência. A ex-periência de si mesmo.
narrativa com a qualidade distinta como os dois personagens excepcionais
(um sendo quase divino, o Odisseu e o outro sendo demasiadamente
humano – e por consequência falho -, nosso querido e intrigante Julién
Sorel), busquemos antes uma abordagem mais próxima do cotidiano do
homem comum, talvez algo como os personagens do nosso saudoso judeu,
Philipp Roth em seu “Homem comum”15 . A vida humana é um perpétuo
naufrágio, pode-se até duvidar em algum grau de que a interface da sua
existência seja uma interrogação, uma questão de prioridade máxima. Ortega
y Gasset afirma de forma categórica em rebelião das massas que:
E continua em seguida:
15
Todos os personagens citados acima são pertencentes a literatura clássica. As aventuras de Ulisses
(ou Odisseu) podem ser vistas em Iliada e Odisséia. A história de nosso querido padre Sorel em
Vermelho e o Negro – Stendhal. Não irei recomendar alguma edição em específico, há inúmeras
traduções das obras e a preferência por uma ou outra é pessoal.
16
ORTEGA, José Ortega Y. A Rebelião das Massas. Tradutor Felipe Denardi. Vide Editorial, Campinas
-São Paulo. 2016 p. 239
“Instintivamente, como o náufrago, buscará algo para se
agarrar, e esse olhar trágico, peremptório, absolutamente
veraz porque se trata de salvar-se, lhe facultará pôr
ordem no caos de sua vida. Estas são as únicas idéias
verdadeiras; as idéias dos náufragos. O resto é retórica,
postura, íntima farsa. Quem não se sente de verdade
perdido perde-se inexoravelmente; é dizer, não se
encontra jamais, não topa nunca com a própria
realidade.”17
18
ORTEGA, José Ortega Y. O homem e os outros. Tradutor Felipe Denardi. Vide Editorial,
Campinas, São Paulo, 1983[2017]. pg, 31.
19
Os termos que envolvam como o ente está inserido dentro da realidade da qual é par cipante e não
o motor dos acontecimentos, ressaltando o local próprio de uma criatura que conta uma biografia, são
todos dados fenomenológicos, ou seja, viver é um fenômeno que o homem precisa aprender a
observar par ndo do centro de sua existência (leia-se como seus ques onamentos essenciais
referentes a espécie e aqueles que surgem de si como indivíduo de substância pessoal) para os
acidentes à sua volta. Afinal de contas, nossa vida é cons tuída de poucos fatores essenciais e uma
miríade de acidentes que personalizam o percurso de ter-se dominado.
20 [1]
A ciência de viver, página 215; (1929) 1930. Adler, Alfred. Editora George Allen Unwin
LMTDA. (Tradução feita pelo autor do artigo em questão devido às severas limitações
linguísticas das traduções encontradas em fontes de grande circulação (internet e algumas
editoras em específico)
esquisita e distante. Não há uma personalidade estável que não saiba
descrever a tradição à qual está inserida, mesmo que com recursos limitados.
22
O uso dos termos citados até então seguiam com a maior fidelidade possível as fontes de pesquisa
u lizadas para o ar go. Sudra é uma tradução em português para o termo em sânscrito, assim como
Xátria pode ser escrito como Ksátria ou Kxatra, a opção pelas grafias aqui citadas se deu pela
sonoridade e compreensão dos leitores.
Beleza/Prudência essa que se encontra em oferecer utilidade e facilitar a vida
alheia, no primeiro momento, num segundo ponto do desenvolvimento da
Beleza abre-se a possibilidade de dar sentido ao esforço que se emprega.
Beleza é o bem transcendental da proporcionalidade ou harmonia entre as
partes. A apreensão dela oferece à pessoa a capacidade de ajustar o mundo
num nível imediato de existência e fazê-lo manter-se de pé.
Conclusão
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS