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O LIVRO DOS ESPÍRITOS

PARTE PRIMEIRA – DAS CAUSAS PRIMÁRIAS


CAPÍTULO IV – Do Princípio Vital
Por Eurípedes Barbosa

om o objetivo de compreender melhor o significado de seres orgânicos e


C inorgânicos, torna-se mister consultar os dicionários:
Ser – O fato de ser, definição de ser, a existência, o que existe realmente no sentido
substancial e no sentido objetivo;
Orgânico – Relativo aos órgãos, à organização, a seres organizados. Vida orgânica,
disposição orgânica.
Inorgânico – Que não tem órgãos; que não é orgânico. Anorgânico, que não tem
vida, que não é de origem orgânica. Reino inorgânico, o conjunto de corpos brutos
ou desprovidos de vitalidade.

A princípio, é imperioso compreender a acepção do vocábulo vida, que geralmente é


tomado em sentidos diversos. Muitas vezes, costuma-se conferir-lhe uma significação
genérica, abstrata, para designar o conjunto das coisas existentes, quando se fala da
vida universal; outras vezes, e mais comumente, empregamo-lo para caracterizar
os seres animados.
Entretanto, é sumamente impossível falar em órgãos, sem falar em vida. Em
fisiologia, por exemplo, a palavra vida corresponde a qualquer coisa objetiva,
como seja, para o ser animado, a faculdade de responder, por movimentos, a
uma excitação exterior.
Os seres orgânicos são aqueles que têm, em si, mesmos, uma fonte de
atividade íntima que lhes dá a vida. Nascem, crescem, reproduzem-se e
morrem. São dotados de órgãos especiais, para realizar os diferentes atos da vida, e
que são apropriados às suas necessidades de conservação. Nessa classe, estão
compreendidos os homens, os animais e as plantas.
Os seres inorgânicos são todos aqueles que não têm vitalidade, nem
movimento próprio, e não se formam senão pela agregação da matéria. Por
exemplo: os minerais, a água, o ar etc. A força que une os elementos da matéria
nos corpos orgânicos é a mesma, visto que a lei da atração é igual para tudo. A
diferença entre os seres orgânicos e inorgânicos é que nos seres orgânicos a
matéria é animalizada; o que responde por tudo isto é o princípio vital por
união, e, como já se sabe, o princípio vital tem a sua fonte no fluido universal.

Observe que tudo se inicia no Fluido Universal. É dele que parte toda a criação nos
planetas. Na crosta terrestre o espírito utiliza-se do fluido vital (que também é fluido
cósmico modificado) para “ligar-se” à matéria e assim dar VITALIDADE a um organismo
e torná-lo vivo.
Esse processo se dá para a formação dos animais, dos vegetais e do HOMEM.

Vale esclarecer que o princípio vital que anima todos os seres orgânicos é um só, mas
sofre modificações segundo as espécies. É ele que lhes dá movimento e atividade e os
distingue da matéria inerte, porquanto o movimento da matéria não é a vida. O efeito
do fluido vital em um vegetal é diferente daquele que ocasiona a um animal.

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Allan Kardec no item 1, capítulo IV, de O livro dos espíritos diz que os seres orgânicos
são os que têm em si uma fonte de atividade íntima que lhes dá a vida.
Nascem, reproduzem-se por si mesmos e morrem. São providos de órgãos especiais
para a execução dos diferentes atos da vida, órgãos esses apropriados às necessidades
que a conservação própria lhes impõe. Nessa classe estão compreendidos os
homens, os animais e as plantas. Seres inorgânicos são todos os que carecem
de vitalidade, de movimentos próprios e que se formam apenas pela agregação
da matéria. Tais são os minerais, a água, o ar, etc.

Neste capítulo, o Codificador patenteia que os corpos orgânicos são, assim, uma
espécie de pilhas ou aparelhos elétricos, nos quais a atividade do fluido determina
o fenômeno da vida. A cessação dessa atividade causa a morte.
A quantidade de fluido vital não é absoluta em todos os seres orgânicos.
Alguns há, que se acham, por assim dizer, saturados desse fluido, enquanto outros o
possuem em quantidade apenas suficiente. Daí, para alguns, vida mais ativa, mais
tenaz e, de certo modo, superabundade.
A quantidade de fluido vital se esgota. Pode tornar-se insuficiente para a
conservação da vida, se não for renovada pela absorção e assimilação das
substâncias que o contêm.
O fluido vital se transmite de um indivíduo a outro.
Mas, para clarear, definamos logo o princípio vital: Ele tem origem na matéria
universal modificada e é um os elementos necessários à constituição do
universo. É a força motriz dos corpos orgânicos. Tem por fonte o fluido universal
(questão 65 do livro). Ele dá a vida. A vitalidade se desenvolve com o corpo. É uma
modificação do fluido universal. Se transmite de indivíduo para outro (transfusão de
sangue, passe, etc.). Fluido elétrico animalizado. Fluido magnético. Ele não é absoluto a
todos os seres.

Fluido vital e Princípio vital são a mesma coisa? De ordinário, usam-se os dois
termos indistintamente. Todavia, parece haver uma colocação sutil na interpretação de
um e de outro. Kardec explica essas duas posições, didaticamente, na Introdução de O
Livro dos Espíritos. O Princípio Vital traduz uma ideia mais ampla, generalizada. É
o princípio da vida material e orgânica. Há duas hipóteses sobre sua origem. A primeira
diz que ele é uma propriedade da matéria. Produzir-se-ia como efeito, quando esta se
achasse em determinadas circunstâncias. A segunda qualifica-o como fluido. Segundo
seus defensores, em maior número que os da primeira hipótese, o Princípio Vital estaria
universalmente espalhado, como uma modificação do fluido universal. Dele, cada
ser absorveria uma parcela durante a vida, tal como os corpos inertes
absorvem a luz.

Onde se encontra este princípio vital? Disseminado no meio em que vivemos. Quando
nos alimentamos, estamos provendo o nosso corpo de fluido vital, o qual se encontra
no ar que respiramos, em radiações sutis que nos cercam, na água que bebemos, etc.
Por ser transformação do fluido universal, o princípio vital também está espalhado no
universo.

Mas, por onde circula a Força Vital? No corpo físico ela circula principalmente através
do sistema nervoso. E desde que o Espírito atua sobre a matéria mediante a Força
Vital, qualquer defeito na rede nervosa do corpo físico ocasiona prejuízo de ação para o

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Perispírito que não consegue mais atuar sobre esse órgão correspondente ou setor
orgânico. Também desordens no cérebro impedem as manifestações da alma (vide
Gabriel Delanne, em Evolução Anímica, pág. 137 e 157). Ao circular pelo sistema
nervoso, reprodução material dos estados perispirituais, segundo Delanne, a Força Vital
é denominada: força nêurica, por Barthez; força psíquica, por William Crookes;
força ódica, por Reichem-bach; fluido magnético por defensores do magnetismo; e
influxo nervoso, pela medicina clássica.

O fluido vital forma uma estrutura especial em nós? Ou está como que... solto? Ele
forma um “corpo” de certa forma sim. Constitui o chamado corpo vital, também
conhecido como corpo etérico ou duplo etérico. É um corpo vaporoso e com o
desencarne do Espírito, desintegra-se, podendo ser rápido ou muito lento, dependendo
da evolução espiritual e dos fatos que levaram ao desencarne.

Mais adiante no capítulo, Kardec trata sobre Inteligência e Instinto. Então, qual a
diferença entre eles?
INTELIGENCIA: Faculdade de conceber, de compreender e de raciocinar. Seria injusto
recusar aos animais uma espécie de inteligência e acreditar que apenas seguem
maquinalmente o impulso cego do instinto. A observação demonstra que, em muitos
casos, eles agem com propósito deliberado e segundo as circunstâncias; mas essa
inteligência, por mais admirável que seja, é sempre limitada à satisfação das
necessidades materiais, enquanto a do homem lhe permite elevar-se acima da condição
da humanidade. A linha de demarcação entre os animais e o homem é traçada pelo
senso moral, a consciência do bem e do mal, a faculdade progressiva e o conhecimento
dado a este último de que existe um Ser supremo.
INSTINTO: Espécie de inteligência rudimentar que dirige os seres vivos em suas ações
independentemente de sua vontade e no interesse de sua conservação. O instinto
torna-se inteligência quando existe deliberação.
Pelo instinto age-se sem raciocinar; pela inteligência, raciocina-se antes de agir. No
homem, confunde-se muito frequentemente as ideias instintivas com as ideias
intuitivas. Estas últimas são aquelas que ele adquiriu, seja no estado de Espírito, seja
nas existências anteriores, e das quais conserva uma vaga lembrança. (O Livro dos
Espíritos, questão 71).

Bibliografia básica consultada:


1. Curso Básico de Espiritismo – 1º ano – Área de ensino – Edições FEESP – 3ª aula – SP
2. Dr. Wagner C. Gabriel. A Formação dos Seres e o Aparecimento de Doenças -
http://www.escelsanet.com.br
3. O livro dos espíritos – Primeira parte, capítulo IV – FEB
4. Helena M. Craveiro Carvalho - Coleção: "Estudos Espíritas". Nº III - 1ª edição - Lake
5. Caderno de exercícios do monitor – L. E. – 1ª Parte – ESDE/GAEEB
6. Artigo de Nélio Furtado dos Santos sobre Princípio Vital e Fluido Vital. GAEEB/2014

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