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O empirismo de David Hume

David Hume tinha o objetivo de desenvolver uma teoria de Natureza Humana, com o
objetivo de explicar o funcionamento da mente humana. Ao contrário de Descartes, o
filósofo defende que o ceticismo não pode ser totalmente refutado e que a nossa exigência
ao conhecimento do devem ser mais modestas.
Mesmo que a dúvida permita chegar ao “Penso logo existo”, impede-nos de saber
algo sobre mais do que isto, pois para nós conseguirmos deduzir temos de confiar naquilo
que desconfiamos. Hume acredita que a dúvida colocada pelos céticos, é impraticável, não
podemos viver a duvidar de tudo, a vida é para ser vivida e para isso é preciso que se
acredite em algumas coisas.
O empirismo defendido por David Hume considera que o conhecimento a priori, está
limitado à lógica, à matemática e às verdades linguísticas. Os empiristas defendem que
todos os acontecimentos a priori referidos são verdadeiros por definição mas nada nos
dizem em relação ao mundo, como se fossem estéreis. Por este motivo defenderem que
não é possível obter conhecimento a priori, mas sim a posteriori ou empírico, para eles
todo o conhecimento do mundo deriva da experiência e a razão pode se comparar a uma
folha branca onde, antes de qualquer experiência nada tem escrito.
Em que argumentos se apoia David Hume para justificar a tese que defende?

David Hume fala de perceções para se referir a conteúdo da nossa mente. O filósofo
distingue dois tipos de perceções: as ideias e as impressões; elas diferem a nível puramente
qualitativa, as impressões são mais vivenciadas e sentidas que as ideias. Em suma, as ideias
são pensadas e as impressões são vividas. As impressões são as nossas sensações
externas(visão, audição e tato) e os nossos sentimentos internos (emoções e desejos). O
pensamento são ideias.Imaginemos, se tivermos a observar uns sapatos pretos estamos a
ter uma impressão da cor preta , ao invés de quando imaginamos algo preto estamos a ter
uma ideia de preto. DO mesmo modo, o sentimento de solidão é uma impressão, mas
quando recordamos o mesmo já é uma ideia.
Para David Hume, as ideias não são mais do que cópias das impressões. As ideias são
menos fortes, menos intensas, menos vividas do que as impressões. Em suma, as
impressões são mais detalhadas, e mais claras e nítidas, do que as ideias. A origem e
fundamentação advém das nossas impressões.
David Hume usou o princípio da cópia: “Todas as nossas ideias, ou perceções mais
fracas, são cópias das nossas impressões ou perceções mais intensas”.
Da tese defendida pelo empirista podemos concluir a sua posição sobre o problema da
origem do conhecimento que é, na origem é que se encontra a origem ou a fundamentação
do conhecimento, resultado das ideias que derivam das impressões. Como referido no
início quando nascemos a nossa mente é como uma folha branca, que vai sendo preenchida
ao longo da nossa vida(experiência). Esta é uma ideia contrária à proposta por Descartes,
que defendia a existência de ideias inatas. Resumindo, para Hume todo o conhecimento
deriva da experiência.
Argumentos que justificam a tese
 O primeiro argumento consiste no seguinte: todos os nossos pensamentos ou ideias
resultam de impressões;
 O segundo argumento é o seguinte: Se alguém tiver um defeito em algum órgão
sensível, como por exemplo ser cego ou surdo, não experimenta as sensações ou
impressões ligadas a essas funções sensoriais, tendo como consequência a
impossibilidade de formar as ideias correspondentes.
Em que diferem as relações de ideias e questões de facto?
Todos os objetos da razão podem ser divididos em dois tipos: as relações de ideia e
as questões de facto. As relações de ideia são as ciências da geometria, da álgebra e da
aritmética, ou seja, toda a afirmação que seja indutiva e demonstrativamente certa. Por
exemplo, nenhum solteiro é casado ou três vezes cinco é igual à metade de 30. As questões
de facto são conhecimentos a posteriori que precisamos de recorrer à experiência. Como
por exemplo: O sol vai nascer amanhã ou o Paris é a capital de França.
As questões de factos e as relações de ideias diferem:
Nas relações de ideias contradizer uma afirmação implica uma contradição (a sua verdade é
necessária), envolvem certeza, o seu conhecimento não é substancial e pode ser obtido a
priori. Já nas questões de facto negar umas das afirmações não implica uma contradição (a
sua verdade é contingente), não envolvem certeza, mas sim probabilidade, o seu
conhecimento é substancial e só pode ser conhecido a posteriori.
Hume dedicou muita atenção ao estudo da causalidade , pois considera a um
elemento fundamental para compreender o mundo.
O que é uma relação de causalidade?
A causalidade é o agente que liga dois processos, sendo um a causa e outro o efeito,
em que o primeiro é entendido como sendo, responsável pela existência do segundo, de tal
modo que o segundo é dependente do primeiro.
Que posição toma Hume acerca do problema da causalidade?
Segundo o filósofo, todo o conhecimento e raciocínios baseiam-se nas relações de
causa e efeito. O nosso conhecimento dos factos limita nos às impressões atuais e às
recordações de impressões passadas, muitas vezes fazemos afirmações sobre o mundo que
nos levam além da experiência imediata. Por exemplo, se uma pessoa nunca ouviu dizer
que o metal dilata com o calor, não consegue prever que o pedaço de metal que tem na
mão dilatará se for posto no fogo.
Temos realmente experiência de quê?
A resposta de Hume é que temos apenas experiência do acontecimento A depois do
acontecimento B. Se vermos esta sequência acontecer muitas vezes acabamos por criar
uma expectativa de vai voltar a acontecer. Depois projetamos esse hábito no mundo e
acreditamos que ele é real. A conclusão de Hume acerca da causalidade tem um carater
notoriamente cético.
No nosso dia fazemos inúmeros raciocínios indutivos, generalizações e previsões, por
exemplo:
- Já estive muitas vezes em salas como esta e o teto não caiu. Por isso, o teto não vai cair
durante esta aula.
As generalizações e previsões partem da experiência, mas levam nos mais além na
medida em que as suas conclusões se referem a casos não observados quer do presente
quer do passado, usando o exemplo anteriormente dado, a aula está no inicio a maior parte
dos momentos que a constituirão ainda não ocorreram e no entanto existe a conclusão
deste raciocínio (previsão).
Terá a indução uma justificação racional?
Para Hume, qualquer raciocino indutivo tem o pressuposto do princípio da
uniformidade da natureza, o filosofo não quer dizer que na natureza as coisas são sempre
iguais e que não ocorrem mudanças mas que as transformações que ocorrem são regulares
e não arbitrárias.
Este principio afirma que a Natureza é regular, ou seja, não muda arbitrariamente.
Por exemplo, quando prevemos que o Sol vai nascer amanhã estamos também a pressupor
que a Terra irá continuar a girar em torno do Sol.
Como é que podemos justificar o princípio da uniformidade da Natureza?
O facto de a Natureza ser regular é uma questão de facto e não uma relação de
ideias, é uma verdade contingente e não necessária, já a ideia de uma natureza irregular é
falsa, mas não contraditória. Não consegues imaginar uma bola quadrada mas consegue
imaginar qualquer planeta com um movimento de rotação irregular e inesperado. Ou seja:
consegues facilmente imaginar uma natureza irregular. Portanto este princípio não pode
ser justificado a priori.
Tentarmos justificar a indução e o seu princípio é entrar num raciocínio circular. Se
precisamos de justificar a indução não podemos justifica-la com a sua referência, logo não é
possível justificar a posteriori.
Hume é um cético moderado.
Hume mostrou se um cético moderado pois acredita que cada individuo sabe menos
do que julga saber, acredita que cada pessoa tem conhecimento, por isso ser o seu
ceticismo moderado. A sua resposta á existência do conhecimento envolve um, “sim, mas”.
Temos conhecimento sobre o mundo, questões de facto; e, das relações de ideias, não é
um conhecimento substancial. A experiência imediata limita o conhecimento humano,
consequentemente isto é uma consequência muito forte e com profundas implicações na
maneira como olhamos para o mundo e a forma como entendemos a ciência mas, isto não
faz de Hume um cético radical mas sim, um influenciador de ideias atualmente aceites no
mundo filosófico e cientifico.
Outra das razões para Hume não se considerar um cético radical é o facto de
ele achar que não devemos deixar de fazer raciocínios indutivos , apesar de ele achar que
não têm qualquer justificação racional mas, a verdade é que temos uma tendência
psicológica a fazer inferências indutivas e acreditar na causalidade pois isso é algo que faz
parte da Natureza humana, com isto podemos continuar a fazer este tipo de induções
mesmo não tendo justificação racional.

O senso comum ou conhecimento vulgar é o primeiro nível de conhecimento que se


constituí partir da apreensão espontânea e imediata do real, adquire se no trato direito
com as coisas e com o contacto com outros homens, não resulta de nenhuma procura
sistemática e metódica e não exige um estudo prévio, como o conhecimento científico. Ao
contrário do senso comum o conhecimento científico resulta de um esforço intelectual,
metódico e controlado pela experiência para explicar os fenómenos conhecidos. Os
manuais de filosofia apresentam como principais características distintivas da ciência
relativamente ao senso-comum a objetividade, a sistematicidade e o método. Sendo o
senso comum um conhecimento subjetivo, assistemático, espontâneo, superficial e
dogmático e a ciência um conhecimento objetivo, sistemático, metódico e critico.
Quais as razões que justificam a necessidade de encontrar o critério de cientificidade?
As razões teóricas, ou seja, a importância de delimitarmos e compreendermos o objeto de
estudo; as práticas, saber identificar quando é que ocorrem discursos pseudocientíficos e
como agir nas situações em que isso acontece; e, as educacionais, saber o que ensinar na
escola.

O método científico remonta a antiguidade. O conhecimento científico é adquirido e


confirmado por um processo de indução. Fundamentamos que o conhecimento humano é
e da base da metodologia sistemática de indigação empírica assente na observação,
experimentação e indução.
O método científico refere-se ao caminho que o cientista percorre até descobrir e alcançar
os seus objetivos. Por norma, confunde se muito o método indutivo com o método
experimental. O método experimental começa pelas observações, a partir destas
constroem se hipóteses ou teorias. A partir delas deduzem se as suas consequências que,
se confirmam na experimentação, produzem uma generalização ou um enunciado universal
que permite fazer previsões precisas, lei. Se a experimentação não verificar a hipóteses esta
é abandonada e tem de se contruir outra que passará pelos mesmos processos.

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