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Impressões e ideias
A teoria do conhecimento de Descartes baseia-se inteiramente
na razão. Descartes pensa que as crenças básicas, nas quais se funda
todo o conhecimento, em nada dependem dos sentidos. Na verdade,
sem as crenças básicas racionais, Descartes pensa que não pode
haver justificação para aceitar as impressões dos sentidos. Hume,
contudo, tem uma perspetiva inteiramente oposta.
Hume defende que tudo o que ocorre na nossa mente mais não
é do que perceções. No entanto, todos compreendemos a diferença
entre sentir e pensar. Essa diferença é explicada porque, segundo
Hume, há duas classes de perceções: as impressões e as ideias.
Sentir é lidar com impressões, as quais tanto podem incluir as
nossas sensações externas –
sensações auditivas,
visuais, olfativas, tácteis e
gustativas – como os
nossos sentimentos internos
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– emoções e desejos. Pensar é uma questão de ideias. Quando, por
exemplo, recordamos ou imaginamos algo, estamos a lidar com
ideias e não diretamente com impressões.
Mas ainda que, quando pensamos, não estejamos a lidar
diretamente com as impressões, todas as nossas ideias são cópias
das nossas impressões. Não há ideias que não sejam precedidas por
impressões, sustenta Hume. Ele defende que a diferença entre as
impressões e as ideias reside apenas na sua intensidade e
vivacidade: as impressões são mais intensas e vivazes do que as
ideias (estas são cópias enfraquecidas daquelas). Por exemplo,
quando vemos algo e temos uma impressão de azul (por exemplo o
azul do céu), temos uma impressão mais intensa e permanente do
que quando pensamos ou recordamos o azul do céu. Como é
natural, a cópia é menos intensa e permanente do que a impressão
que lhe dá origem.
Tudo isto tem implicações óbvias
quanto à origem das nossas ideias e
ao tipo de conhecimento que
podemos alcançar. A origem e o
fundamento das nossas ideias e
crenças só pode encontrar-se nas
nossas impressões.
A tese defendida por David Hume é a seguinte: “Todas as nossas
ideias, ou perceções mais fracas, são cópias das nossas impressões
ou perceções mais intensas”.
Daqui se conclui a posição de David Hume sobre o problema da
origem do conhecimento: é na experiência que se encontra a origem
ou fundamento do conhecimento, em resultado das ideias derivarem
das impressões. David Hume (à semelhança de John Locke) é
empirista. À nascença, a nossa mente é uma tábua rasa ou uma folha
em branco, que vai ser preenchida a partir dos dados da experiência.
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Todo o conteúdo da nossa mente é constituído por ideias e
impressões, derivando todo ele, num primeiro momento, da
experiência. É uma perspetiva contrária à de Descartes.
Relembremos a propósito que o filósofo francês defendia a
existência de ideias inatas (racionalismo inatista).
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quanto à sua inteligência, quando conhece alguma coisa ou
quando pratica boas ações).
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memória de ver coisas com asas. Mais uma vez, as primeiras são
mais intensas e vivazes do que as segundas: a memória, ou ideia
simples de cavalo é mais intensa e vivaz do que a imaginação, ou
ideia complexa, de cavalo alado.
Assim, Hume conclui que todas as nossas ideias são uma
espécie de imagens mentais, cuja origem está nas nossas
impressões e que mesmo as ideias mais complexas têm origem na
experiência.
Mais uma vez, para Hume todo o nosso conhecimento está limitado
à experiência.
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Hume defende que todo o nosso conhecimento, tudo o que
podemos afirmar, se refere a questões de facto ou a relações de
ideias. O que distingue o conhecimento ou as afirmações sobre
questões de facto do conhecimento ou das afirmações sobre relações
de ideias? A resposta é a seguinte:
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Uma verdade é contingente se sendo assim, poderia não o ser. Ou
seja, se sendo verdadeira poderia ser falsa. Uma verdade é
necessária se não poderia ser diferente do que é. Se sendo
verdadeira não poderia ser falsa.
É uma verdade contingente que a Escola Secundária Jaime Moniz se
situa perto do Mercado dos Lavradores, pois poderia estar longe.
Também é uma verdade contingente que Aristóteles foi o fundador
da Lógica, pois poderia ter sido outro em vez dele. Mas é uma
verdade necessária que um triângulo tem três lados, pois a ideia de
um triângulo com outro número de lados é inconcebível.
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sobre este, pois a sua verdade é independente de qualquer
observação do mundo.
Em conclusão e sintetizando
Tipos ou modos de conhecimento
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Dá-nos informações sobre o O conhecimento das relações de
que existe no mundo, sobre ideias é independente dos factos,
os seus factos e objetos. é analítico, não nos dá nenhuma
informação substancial do
mundo.
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conexão necessária não tem um fundamento na razão nem na
experiência. Ela é o resultado do mecanismo psicológico do hábito
ou costume. O hábito de vermos um dado acontecimento ser
seguido por outro leva-nos a crer que existe uma conexão necessária
entre esses acontecimentos. Por conseguinte, a ideia de relação de
causa e efeito é o produto de uma tendência psicológica (da
subjetividade humana) e não temos razões para afirmar que tem
correspondência na realidade objetiva.
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