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O problema da origem do
conhecimento céticos radicais. Teremos, pois, de
partir da experiência e não da razão.
As características do
conhecimento de factos são
diferentes.
Exemplo
recordamo-nos de ter visto aquilo que
denominamos "fogo" e de ter experimentado a
sensação que denominamos "calor". Também
observámos, até agora, que ao fogo sempre se
seguiu o calor. Assim, chamamos causa ao
fogo e efeito ao calor, e inferimos a existência
de um da existência do outro. Estamos perante
uma inferência causal.
A análise da relação de causa e efeito
assume particular relevância na teoria do
conhecimento de Hume.
De acordo com Hume, o conhecimento da
relação de causa e efeito não é obtido por
Se o limite dos nossos conhecimentos é
raciocínios a priori (pela razão), mas deriva
imposto pelas impressões, então, em rigor,
totalmente da experiência, ao apercebermo-
o nosso conhecimento dos factos
nos de que certos objetos ou fenómenos
restringe-se às impressões atuais e às
particulares se combinam constantemente uns
recordações de impressões passadas. Só
com os outros. Trata-se, portanto, de um
com base nessas impressões e recordações
conhecimento a posteriori e não a priori - a
é que podemos justificar as nossas crenças.
razão, sem a ajuda da experiência, é incapaz
Uma vez que não dispomos de impressões
de fazer qualquer inferência a respeito de
do que acontecerá no futuro, também não
questões de facto.
podemos ter conhecimento de factos
futuros.
Por outro lado, a relação de causa e efeito é
normalmente concebida como sendo uma
Apesar disso, há factos que esperamos que
ligação ou conexão necessária. Ou seja,
se verifiquem no futuro e há afirmações
acreditamos que aquilo a que chamamos causa
que fazemos e que não podemos justificar
produzirá necessariamente aquilo a que
se nos basearmos apenas no testemunho da
chamamos efeito. Por outras palavras,
memória ou na experiência imediata dos
consideramos que a causa tem o poder de
sentidos, ou seja, tais afirmações dizem
produzir necessariamente o efeito.
algo que vai para além da experiência e
da informação que os sentidos nos
No entanto, não dispomos de qualquer
fornecem.
impressão que corresponda à ideia de conexão
necessária entre dois fenómenos, eventos ou
objetos singulares. A única coisa que a
Exemplos: experiência nos revela é que entre dois
fenómenos, eventos ou objetos se verifica uma
1. Todos os gatos são carnívoros conjunção constante: um deles - a que
2. O fogo é a causa do calor chamamos efeito - ocorreu sempre a seguir ao
outro - a que chamamos causa. Concluímos
3. Amanhã vai chover então que existe entre eles uma relação de
causalidade e consideramos que esta
constitui uma conexão necessária.
Não havendo um fundamento objetivo para a
Por isso, a ideia de conexão necessária tem ideia de conexão necessária entre causas e
apenas um fundamento psicológico. Após a efeitos, e sendo essa ideia projetada no mundo
experiência repetida de uma conjunção pela nossa mente, Hume apresenta uma
constante entre dois fenómenos, perspetiva cética a respeito do
acontecimentos ou objetos, somos levados conhecimento científico dos fenómenos.
pelo hábito ou costume a esperar que apareça
um a partir do aparecimento do outro. É, As ciências empíricas assentam em
portanto, o hábito que cria em nós a raciocínios acerca de causas e efeitos. Ora,
expectativa de que essa conjunção continuará uma vez que a experiência não nos mostra que
a verificar-se no futuro, levando-nos à crença há relações causais reais entre os fenómenos e
de que entre tais fenómenos, acontecimentos visto que o princípio de causalidade não é
ou objetos há uma relação causal, entendida objetivo, o conhecimento científico dos
como conexão necessária. fenómenos naturais é posto em causa