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A aprendizagem considerada como fixação de respústas


padronizadas, que ocorre fregiientemente com a abordagem
comportamentalista, é aqui o processo mais arcaico de in- Capítulo 5
organismos
corporação de modificações, característico de
elementares e dos primeiros estágios de desenvolvimento do
ser humano. Abordagem sócio-cultural
É igualmente interessante se mencionar que pesquisas
do CIEEG têm evidenciado que a memória é operativa, ou
mas modifi-
seja, não é apenas um depósito de lembranças,
ca as lembranças, de acordo com o nível de desenvolvimen-
to mental do indivíduo. Essa constatação coloca em ques-
tionamento a aprendizagem de respostas padronizadas 0 a
sus transferência.
Em relação à proposta rogeriana, O não-diretivismo é
aqui considerado principalmente no que se refere ao respei-
to dado ao aluno quanto à sua própria atividade, quanto ao
às oportuni-
“como” ele lrá trabalhar os conceitos, quanto
dades de investigação individual. A forma de solução de Características gerais
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cada problema é pertinente apenas a cada aluno e à ele ca-
berá encontrá-la. Ocorre ênfase no aspecto cognitivo, ao Uma das obras referentes a esse tipo de ubordagem,
passo que em Rogers esse elemento, embora considerado, que enfatiza aspectos sócio-poiitico-culturais, mais signifi-
não é exaustivamente trabalhado em forma de teoria. cativas no contexto brasileiro,e igualmente uma das mais
Decorrente da abordagem cognitivista, nota-se um cuida- difundidas, é a de Paulo Freire, com sus preocupação com
do especial com a educação pré-escolar. À pré-escola deve a cultura popular,
ser considerada em suas peculiaridades, visando o desenvol O fenômeno da prevcupação com a cultura popular sur-
vimento das crianças, e não como propedêutica à qualquer ge após a [1 Guerra Mundial e se liga à problemática da
outro tipo de escola. democratizução da cuitura. Em paises industrializados, o
A educação pré-escolar, que se dirige à criança durante 0 Movimento de Cultura Popular volta se para os vainres que
período que precede à idade da escolaridade obrigatória, deve caracterizam um povo em geral Já nos países do Terceiro
&
constituir uma das preocupações das autoridades escolares Mundo. esse movimento tem-se voltado fregiientemente, por
tornar-se acessível à maioria das crianças. (Plaget, 19704, p. 97) exemplo, para as camadas sócio-econômicas inferiores, e
tem a finalidade de acele: uma de suas tarefas tem sido a de alfabetização de adultos,
A educação pré-escolar não
con- Parte sempre do que é inerente ao povo, sobretudo do que
rar a aquisição de noções, mas simplesmente a de criar
estruturas as pessoas assimilaram como sujeitos, rão lhes fomecendo,
dições para que a criança possa desenvolver as Portanto, coisas prontas, mas procurando trazer valores que
inerentes a essa fase.
são inerentes a essas camadas da população e criar condi-
Por último, deve-se mencionar a necessidade de uma
sistematização mais completa no sentido de uma teoria de
ções para que os individuos vs assumam e não somente os
consumam,
instrução com fundamentação psicogenética, que possa for- im Pp de Cultura Popular no Brasil, até 194,
necer diretrizes à ação pedagógica do professor, tanto em
uiu para a elaboração de uma verdadeira cultura, à
diferentes níveis de ensino, quanto em diferentes éreas do partir de uma motivação de cunho vivencial. Tratava-se de
conhecimento,
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crítica, cujas características serão analisadas


parti. consciência
o objetivo de possibilitar uma real cada vez mais esse papel
um trabalho com posteriormente, que ela assumirá
cipação do povo enquanto “sujeito de um processo cultural. de sujeito, escolhendo e decidindo, Hhertan
do-se, enfim.
A proposta de Paulo Freire é também aqui analisada, O homem é um ser que possui raizes
espaço-temporais:
brasileiros, ou pelo menos é um ser situado no & com à mundo. E um ser da práxis,
pois supõe-se que Os educadores respeito, dos homens
compreendida por Freire como ação e reflexão
ter tido informações a scu
parte deles, possam
ores, quer na lite-
quer nos cursos de formação de profess sobre à mundo, com 0 objetivo de transformáilo.
pode ter influenciado
ratura disponível, o que, igualmente,
educação, as-
suas concepções de homem, mundo, cultura,
sim como a sua ação educativa, 5.3 Suciedade-cultura
de Paulo Freire
Em termos de posicionamento, a obra O integrando-
O homem cria a cultura na medida em que,
pessoal de tendências tais como:
consiste numa síntese
a fenomenologia, o existencia= context o de vida, reilete sobre ela.
neotomismo, o humanismo, —e -se nas condiçõ es de seu
Ê cd . é Cultura, aqui,
lismo e o neomarxistão, e dá respostas aos desafios que encontra.
entendida como
estorço criador
“ todo o resultado da atividade humana, do
52. Homem e mundo por transformar e es-
e recriador do homem, de seu trabalho
homens, (Frelre, 1074a,
aqui ambas as categorias conjuntamente, tabelecer relações dialogais com outros
Consideram-se
interacionista, embora com ên- p. 4)
pois se trata de abordagem
e criador do conhecimento. da
fase no sujeito como elaborador forme, cultura constitui a aquisição sistemática
é O sujeito da educação e, Desta
Na obra de Freire, o homem aquisição esta que será critica e cria-
experiência humana,
no sujeito, evidenciase uma de informações
dora é não simplesmente armazenamento
apesar de uma grande ênfase
ão o, homem-mund
tendência interacionista, já que a interaç justapostas, que não foram incorporadas ao
individuo total.
queo ser humano se
sujeito-objeto é imprescindivel para e cria a
e se tome sujeito de sua práxis. . Nesse sentido é lícito dizer qua o homem se cultiva
desenvolva aos
senão homens cultura no ato de estabelecer relações, no ato de responder
Segundo esta abordagem, não existem desafios que a natureza coloca, como também
no próprio ato
espaço, inseridos num,
concretos, situados no tempo e no da criticar, de incorporar a seu próprio ser
& de traduzir por
enfim, pum con-
contexto sócio-coonômiço-cultural-político, uma ação criadora a experiência humana feita pelos homens
texto histórico. o rodelam ou que o precoderam. (Freire, 19743, p. 4
que
ão, para ser vá.
Considerando-se esta inserção, a educaç
tanto a vocação
lida, deve levar em conta necessariamente A história consiste, pois, nas respostas dadas pelo ho.
(vocação de ser sujeito) quanto.as
ontológica do homem mem à natureza, nos outros homens, às estruturas sociais,
condições nas quais ele vive (contexto). e na sua tentativa de ser progressivamente cada
vez mais O
através da reflexão so- desafios de seu com-
O homem chegará a ser sujeito sujeito de sua práxis, ao responder aos
mais ele reflete sobr&e Consiste também numa cadeia contínua de épocas,
pre seu ambiente concreto: quanto texto.
situação concreta, rnais S8.. necessidades, moti-
realidade, sobre a sua própria caracterizadas por valores, aspirações,
consciente, comprometi- em que seus temas
torna progressiva € gradualmente é vos, Uma época se cumprirá na medida
do a intervir na realidade para mudá-la. são captados e suas tarefas realizadas, e torna-se superada
o homem sujeito de sua própria educaç ão, toda os seus temas e tarefas não são mais pertinentes às
Sendo duo e não.
quando
ação educativa deverá promover o próprio indivi graças & novas necessidades que surgem.
de ajuste deste à socieda de. Será
ser instrumento
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codificada) é necessário que ele reconheça q objeto como


A participação do homem como sujeito na sociedade,
uma situação na qual se encontra com outros sujeitos. É ne-
na cultura, na história, se faz na medida de suã conscienti- cessária a análise de sua situação concreta, existencial, co-
. zação, a qual implica a desmitificação. O opressor mitifica dificada. Esta codificação emge que se passe do abstrato
a realidade e o oprimido a capta de maneira mútica e não ao concreto, da parte para o todo, para depois se voltar no-
crítica. Daí a necessidade do trabalho humanizante ser ini- vamente às partes.
“cialmente um trabalho de desmitificação, consistindo a cons- A distribuição das diversas modelidades de consciência
cientização num processo de tomada de consciência crítica ocorrência social relativa-
Os mi». varis do ponto de vista de- sua
de uma realidade que se desvelu progressivamente. pais considerado.
mente à conjuntura histórica do
tos ajudam a manter a realidade da estrutura dominante. É
Quando os temas são ocultos pelas situações-limite, si- ..-& consciência crítica da realidade nacional é requisito
tuações que não são percebidas claramente, as respostas Imprescindível para a revolução que venha a erracur o país
do estado de subdesenvolyimento ecorômico, Mas, é seguro
dos homens, sob forma de uma ação histórica, não poderão
ser cumpridas, quer de maneira autêntica, quer crítica. Os também que essa só ocorrerá pela constituição de uma ideo-
login que, vinculada às massas, por elus compreendida e incor-
homens são incapazes de transcender essas situações-limite
porada, desencadeia um movimento social, de que o aspecto
para veríficar o que existe além delas, Quando o ser huma:
econômico é apenas um setor, que tormina por fazer « comu-
- no percebe estas situaçõeslimite como à fronteira entre ser nidade ascender a outro plano de existência histórica, Nisso
e ser mais humano, começa a trabalhar dé maneira cada
consiste a revolução nacional. (Vieira Pinto, 1960, p, 94
vez mais critica, para alcançar o possível ainda não experi.
mentado. No caso de sociedades latno-americanas, que st apre-
Os indivíduos que são servidos pela existência e manu- sentam, em geral, como sociedades fechudas desde o tempo
tenção de situações-limite momentâneas consideram Oo pos- da conquista por espanhóis e portugueses, a cultura do si-
sível não experimentado como situação ameaçadora, que a lêncio tomou forma. De modo geral, estas sociedades con-
todo o custo deverá ser impedida de realização. Dessa for-
'inuam ainda fechadas, dependentes, sendo que as mudan-
ma, trabalham para à manutenção do status quo. cas que normalmente ocorrem estão relacionadas com os
Para Paulo Freire, o tema fundamental de nossa época
pólos de decisão de que essas sociedades são objeto, em
constitui o da dominação que supõe seu contrário, o tema da diferentes momentos históricos,
nbertação, como objetivo a ser alcançado. tFreire, i97da, p 38 Tais sociedades, em geral, caracterizam-se por: estrutu-
ra social hierárquica € rigida; falta de mercados internos já
A liberação não se chegará por acaso, mas pela práxis de que sua economia é controlada pelo exterior; exportação de
sua busca. matérias primas e importação de produtos manufaturados;
sistema precário e seletivo de educação, sendo a escola um
Para realizar à humanização que supõe a eliminação da
instrumento de manutenção do status quo; alta porcentagem
npressão desumanigadora, é absolutamente necessário transcen-
der as situações-limite nas quals os homens são reduzidos so -. de analfabetismo e de evasão escolar; enfermidades decor-
estado de coisas, (Prelre, I97da, p. d+ : rentes do subdesenvolvimento e da dependência econômica;
Humanização e desumanização, dentro da História, num tênue esperança de vida é elevada taxa de criminalidade,
contexto real, concreto, objetivo, são possibilidades dos homens deri AS sociedades objeto são sociedades dependentes carac
corno seres inconclusos a conscientes de sua inconciusão. iPret Tizadas por processos culturais alienados, onde, obviamens
re, 1975c, p, 301 te, O próprio pensamento-linguagem é alienado. Não há ma.
Muitas vezes, para pi de pensamento autêntico. Seu conceito de rea-
Só a humanização é vocação do homem. e não corresponde à realidade objetiva, mas à realida-
que o sujeito se reconheça no objeto (a situação existencial

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ou modelos de respostas, mas


alienado não ra origina l. Não há receitos
de que o homem alienado imagina. O homem sendo igualmen-
tantas respostas quantos forem os desafios, para
a realidade objetiva, como um verdadeiro um mesmo
se relaciona com O ho- te possivel encontrar respostas diferen
tes
O pensamento é dissociado da ação.
pensante: desafio não só
sujeito
da sociedade do- A resposta que o homem dg a cada
mem alienado é atraído pelo estilo de vida mundo real. Sua
desafio.
inserido, como também
com O seu modifica 8 realidade em que está
minânte e não se compromete modifica a si próprio, cada vez mais e
de maneira sempre
iorma de pensar é reflexo do pensamento e expressões da ação do conhe-
lado, as sociedades dominan- diferente (perspectiva interacionista na elabor
sociedade dominante. Por seu
tes também sofrem processos de alisnação AO Sé convence- cimento).
do conhecimento es-
A elaboração e o desenvolvimento
rem da infalibilidade de seu pensamento. O conhecimen-
transição, no entanto, pelos tão ligados ao processo de conscientização.
Durante os processos de condicionamento,
podem passar, e passarão em virtude to é elaborado e criado à partir do mútuo
quais essas sociedades Como processo e resultado. consist
e
estático da sociedade pensamento € prática.
de mudanças econômicas, o caráter -objeto.
um dinamismo que ele na superação da dicotomia sujeito
fechada Gá lugar progressivamente a inacabado, cor-
vida social. Às con- O processo de conscientização é sempre
se apresenta em todas as aimensões da ade
tradições emergem, provocando conflit
os e os velhos mode- tinuo & progressivo, é uma aproximação crítica da realid
válidos, quando as que vai desde as formas de consciência mais primitivas até
los da sociedade fechada já não são mais mente, cria-
massas se constituem em presença histórica que surge. As a mais crítica e problematizadora e, consegiiente
caracterizadas por a esfera da
Implica a possibilidade de transcender
etapas de transição dessas sociedades são dora.
uma esjera
períodos históricos, que são os mais
problematizadores e Os simples apreensão da realidade para chegar a
o epistemoló-
mais criativos. Numa Aemocracia autêntica, pois,
Os indi- crítica, na qual o homem assume uma posiçã
O poder constit uído, objeto cognoscivel ao ho-
víduos não se reduzem a objetos para gica: a realidade se dá como um

mas são co-responsáveis e co-participant


es desse poder, em mem. Conscientização implica e consiste, portanto, um con-
o
forma deco-gestão tínuo e progressivo des-yelamento da realidade, “quant
Ora, acontece que existe uma diversidade
enorme entre 05 mais se des-vela à realidade, mais se penetra na essência
bomens não só politicamente, mas, também,
social, cultural, fenomenológica do objeto que se pretende analisar” (Frei
uma
econômica e religiosamente. A democracia deve, então, buscar re, 19742, p. 30). A nova realidade torna-se objeto de
a todos pelo mesmo nova reilexão crítica,
a unidade nesta diversidade, mediando
Dai que num Te-
Faz-se necessário, pois, identificar algumas caracteris-
da,
apelo, à nova comunidade 2 ser instaura
devem estar incluídos todos A tipologia
gime autenti camente democrá tico
lugar para todas as ticas definidoras de cada tipo de consciência.
os homens como, igualmente, deve haver
ideologias, CasO tal não se realize, estará acontec
endo uma apresentada a seguir é baseada em A. V. Pinto (1960).
mitificação enganadora sob a capa da democra
cia, «Jorge, 1981, - Consciência intransitiva — É caracterizada pela quase
p. 131 centralização dos interesses do homem em torno das formas
imais vegetativas de vidã. As preocupações do individuo
(se e quando as tem) são circunscritas ao dominio do que
54, Conhecimento nele hã de vital, do ponto de vista biológico. E um tipo de
consciência à qual falta historicidade e é caracteristica das
sujeito na medida.
O homem se constrói e chega a ser populações das regiões pouco desenvolvidas. Representa um
reflete sóbre ele e com-
em que, integrado em seu contexto, quase descompromisso do homem com a sua existência, pois
de sua nistoriel-
ele se cormprómete, tomando consciência realidade dele escapa a apreensão dos problemas que extrapolam a
dade. O homéin é desafiado constantemente pela - esfera estritamente biológica. O indivíduo não percebe de
e a cada um desses desafios deve responder de uma manei
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sentação do real de um pais é produzido e O faz, não apenas


— os condi-
forma clara — e nem tem condições para isso para apreciar à gênese psicológica de tal representação, mas
desafios que
cionanies das ações humanas em resposta a0s principalmente para descobrir a natureza e à extensão
das
« vida Me apresenta, Para cle as características do objeto ações que sobre ela exercem os fatores que a condicionam.
ões
dos estimulos se confundem, e, portanto, as explicaç “Está permanentemente atenta para denunciar as
influências
. Esse
que dá sobre os fenômenos são explicações mágicas a que está submetida e para criticélas. Interessa-se em des-
corresponde a um fe- eles
tipo de consciência, no entanto, não cobrir os determinantes de seu conteúdo, pois sabe que
esmagado por avaliú-los.
chamento absoluto & irreversível do homem, existem, e tem por tarefa lógica gistinguilos e
espaço e tempo todo poderosos. O homem em qualquer ade
aberto. Realiza tal empreendimento indagando subre à legitimid
estágio que esteja, é sempre ontologicamente de seus enunciados e procurando as influências que
os ex-
— Contin uam presentes,. A finalidade que impõe a si própria é = de revela
Consciência transitiva angênua pliquem.
das em relação à. E uma consciência diri
neste nivel, as explicações mágicas forneci ção consciente destas influências.
dade,e à subes- gida à objetividade, aberta às coisas e &0s acontecimentos,
trarsferência da responsabilidadeé «da autori
timação do homem comum. Este tipo de consciência se Ca- é voltada para a convivência com os homens. Vê a si pró
— pertinente &
racteriza por forte inclinação ao gregarismo pria em função do mundo, explica-se em termos de depen-
massiticação — pela impermeabilidade à investigação.
pelo dência histórica, sente-se condicionada pelo processo social
gosto por explicações fabulosas e pela fragilidade de argu-
e justifica-se como variável no processo social, de acordo
mertação. O individuo atém-se ao passado e exibe saudo- com as alterações da realidade. Caracteriza-se igualmente
por ele const individual e por ten-
sismo, prestando pouca atenção ao presente, por não renegar a noção de liberdade
vulgar. Ale-
derado como época sempre inferior, medidere e tar conciliá-la com os fatores que sobre ela atuam, restrin-
dissolução de É necessário que sé diga que a
ga que o período atual é caracterizado por gindo-a e condicionandoa.
valores e instituições. Manifesta pessimismo e visão catas- consciência que investiga a si própria, como é O caso desta
assume atitude de resistência a todos modalidade de consciência, tem como núcleo de todas as
trófica do presente ,
e expõe-se, conse- a propriedade de ser uma cons:
os projetos modificadores da realidade, suas estruturas e reações,
as condições ciência histórica. Sua representação do real é condicionada
qlientemente, a uma contradição: declara que possuindo o caráter de ver
mas se opõe à qualquer modi- por objetividade relativa, não
do presente são miseráveis,
de existência. dade cterna e refletindo, pois, o momento que lhe dá ori-
ficação que estabeleça condições inéditas
ncia é a atitude gem. É sensível aú ritmo das transformações do mundo, à
tma das modalidades deste tipo de consciê
m: defender compreensão da queda e do aparecimento de valores que
reacionária, cujos elementos principais implica Consegliente-
s econômicas proponham modificar as condições de vida,
as regalias de grupos sociais ou de situaçõe
esses condiciona- mente, é uma consciência anti-reacionária e antecipadora.
privilegiadas, em ser cega em relação a
mentos, — julga estar falando em nome da verdade, sem — A passagem da consciência predominantemente intransi
ideologia sua própria condição tiva para a predominantemente transitiva ingênua se faz,
compreender que erigiu em dos
absalutizar esta situação, fazendo dela segundo Paulo Freire, de forma paralela à promoção
privilegiada — e em
padrões econômicos da comunidade. Esta promoção é au
um paradigma lógico e moral. da consciência predomi-
por manifestar tomática; no entanto, a promoção
Consciêncio transitiva — Caracteriza-se nanternente transitivo-ingênua para a predominantemente
os fatores
consciência de sua dependência, indagando sobre a pr
transitivo-crítica não se dá automaticamente, mas apenas
de que depende e, como estes, não se dá a conhecer quando inserida num trabalho educativo com esta destina.
meira vista, exigindo uma análise epistemológica. É ção, A criticidade implicará, portanto, uma crescente apro-
car e
forma critica de pensar, pois que busca identifi Priação, pelo homem, de seu contexto.
quais » repre-
preender os motivos € procedimentos pelos
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educandos. Gerafmente, pensamos aque estamos a trabalhar


5.5. Educação
para os homens, isto 6, com os homens, para a sua libertação
para à sua humanização, contudo, estamos a utilizar os migsirios
Toda ação edueativa, para que seja válida, deve, neces. métodos com os quais impedimos os homens ge se tornarem
o sobre.o ho.
sariamente, ser precedida tafito de uma reflexã livres. Isto passa-se deste modo precisamente porque estamos
homem .
mem como de uma análise do meio de vida desse impregnados de mitos que ros tornam incapazes de desenvol-
que se cduque. O ho.
concreto, a quem se quer ajudar para ver um tipo de ação a Iavor da iberdade, da libertação, Assim
da educação.
mem se torna, nesta abordagem, O sujeito não é apenas necessário saber que é impossível haver neuíta-
o homem implica o
A ausência de uma reflexão sobre lidade da educação, mas é absolutamente necessário definir am-
é diretrizes de tra-
risco de adoção de métodos educativos bas estas ações diferentes, antagônicas. Por isso, preciso de
objeto. Por outro lado,
balho que o reduzem à condição de analisar, de conhecer, de distinguir asses diferentes anmilnlios
implica o risco
a ausência de uma análise do meio cultural no campo da educação (Freire, 1975Db, p. 241
a, não adaptada ao
de se realizar uma educação pré fabricad
homem concreto a quem se destina. A educação t é fator
fare de suma importânci a na passagem
em seus e formas mais primitivas de consciência para a im
É preciso que à educação esteja em seu conteúdo, crítica, que, por sua vez, não é um produto k
que se persegue:
programas é em seus métodos, adaptada ao fim
construir-se como pes: um vir-a-ser continuo. P a
permitir ao homem chegar & ser sujeito,
os outros homens Para Paulo Freire, a educação
aca, transformar o mundo e estabelecer com tem caráter utópico.
relações de reciprocidade, fazer 4 euttura
e a história. . (Prel Quando deixa de ser utópica, não mais enfocandoa unidade
re, Jota, p. 42) anunciar-denunciar, é porque o futuro já não significa nada
da
para O homem ou porque este teme arriscar seu futuro por
perticipará ativamente da história,
OQ homem não ter conseguido Gominar a situação presente. Essa esperan.
se não tiver con-
sociedade, da transformação da realidade, ca utópica implica compromissos cheios de riscosé terá de.
e, mais ainda, da
dições de tomar cunsclência da realidade ne pelas de conhecimento. da realidade denunciada, tanto
sua própria capacidade de transformá-la, nive de sua alfabetização como de sia pós-alfabetização
de consciên-
É preciso que se faça, pois, desta tomada que são, em ambos os casos, ação cultural ,
de toda a educação: provocar € eriar
cia, o objetivo primeiro
atitude de reflexão
condições para que se desenvolva uma
crítica, comprometida com a ação, 3.6. Escola
o, em um contexto
A educação se dá, enquanto process
em consideração. Na obra de Paulo Freire, a educação assume carater
que deve necessariamente ser levado
educação é im-
ue não restrita à escole em si e nem q um processo
Todavia, na verdade, a neutralidade da e Senção formal. Caso a escola seja considerada, deve
dade
possível, como impossível s, por exemplo, à neutrali
importa se como edu- E o à um local onde seja possível o ; crescimenia mútuo
na ciência. [sso quer dizer que não S dm
a nossa atividade desen- essor e dos alunós, no processo de conscientização, -
cadores somos ou não consciontes,
— à sum pumaniza- ps implica uma escola diferente da que se tem utualmen-
volvese cu para a libertação dos homens
sobre eles, + Com seus currículos e prioridades.
cão — ou para a sua domesticação — à dominio o
que é muito importante
Precisamente por causa disso pensa A posição de Paulo Freire fica bastante clara em sua
campo educacion al,
esclarecer as diferentes formas de ação no alii ROD i
contida no livro Cuidado, Escola (Harper et
ra opção ou escolha.
a fim de torner pussívol a mossa verdadei
a da humanização, é-me
se a minha escolha é a da libertação,
metodos, téc- de Ega
absolutamente necessário ser esclarecido de seus
categoria absirata, instituição em si, portadora
dos ma netureza lmucável da qual se diga é boa, é má. a escola
nicas s que tenho de usar quando estou diante
e processo


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mm i m i isciplinarm m -do- -m ipi


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formal, 9 Altitude fatalista: o oprimido introjeta o opressor.


não existe. Enquanto espaço social em que & educação
que não é toda a educação, se dá, à escola na verdade
não é, É ele e ao mesmo tempo 0 outro, dai assumir atitudes fata-
A compreem: concreta de opressão em que se en-
a escola ESTA SENDO HISTORICAMENTE... listas frente à situação
são do seu ESTAR SENDO, porém, não pode ser
lograda lora contru, quando não chega à localizar O opressor e não chega
a socle- O fruto
da compreensão de algo mais abrangente que ela — a ter consciência de si, Este falalismo é muito mais
que é vinda. traço essencial
dade mesma na qual se acha. A educação Iurmal de uma situação histórica e social do que um
.
na escola é um subsistema do sistema meicr. da forma de ser do povo.

As relações entre eles — subsistema e sistema maior 3 Atitude de autodestalia: há, em certos momentos
não são contudo mecânicas, Se não se pode pedir à escola,
das da experiência existencial dos oprimidos, uma irresistível
alavanca
o que vele dizer, à educação formal, que so tone atração pelo opressor, por sua maneira de viver; passam a
transtormações sáciais, não se pensa, por outro lado, que elz com o opressor
querer, em sua alienação, não só parecer
seja um puro reflexo do sistema que à engendra.
como também seguilo e imitálo.
que O medo da liberdade ou u submissão do oprimido:
A escola, pois, para Paulo Freire, é uma instituição
4
relação opressor-oprimido, um dos elementos básicos é
exist mum contexto histórico de uma determinada socieda-
na
a imposição de uma consciência & outra. A consciência que
“de. Para que seja compreendita é necessário que se enter. recebe ordem e se transforma em consciência hospedeira
ie
socledad
titu
da como q poder SE consna é a serviço dê
da consciência opressora. Assim, o comportamento do opri-
quem está atuando, mido se situa dentro dos ditames dios opressores, manifes-
tando por um lado a falta de confiança em si mesmo e, por
outro, à crença mágica no opressor.
5.7, Ensino-aprendizagem
Uria situação de ensino-aprendizagem, entendida em
A pedagogia do oprimido, segundo Paulo Freire, é aque. seu sentido global, devera procurar à superação da relação
Ia que tem dé ser forjada com ele e não para ele, enquanto opressor-oprimido. A superação geste tipo de relação exi-
nomem ou povo, na luta incessante de recuperação de sua ge condições tais como: reconhecer-se, criticamente, como
humanidade. Uma pedagogia que faça da opressão e de oprimido engajando-se na práxis libertadora, onde o diálo-
suas causas o objeto de sua reflexão, resultando dai o enga- go exerce papel fundamental na percepção da realidade
jamento do homem na luta por sua libertação. opressora; solidarizar-se com o oprimido, o que implica
A estrutura de pensar do oprimido está condicionada assumir a sua situação e lutar para transformar a Tealida-
l em
pela contradição vivida na situação concreta, existencia de gue o torna oprimido; transformar radicalmente a situa-
oprimido se forma. resultand o daí consegilê ncias tais ção objetiva, entendida como a transformação da situação
que q
1975c): concreta que gera a opressão (tarefa histórica dos homens),
como (Freire,
fã Ensino e aprendizagem assumem um significado amplo,
Seu ideal é ser mais homem, mas para ele ser hu-
1. qual o que é dado à educação. Não há restrições às si-
mem, na condição em que sempre esteve e cuja superação tuações formais de instrução.
de
não lhe está clara, é ser opressor, Assume uma atitude ca A verdadeira educação, para Freire, consiste na educa-
aderência 90 opressor e assim não consegue descobrilo fora ão problematizadora, que ajudará a superação da relação
ia
de si. Esta aderência ao opressor não permite a consciênc Opressor-oprimido. A educação problematizadora ou cons-
de si mesmo como pessoa e nem a consciência de classe | Dr, ao contrário da educação bancária, objétiva 0
oprimida, Somente na medida em que O oprimido se des- o ma da consciência critica e a liberdade como
opressor poderá contribuir para uma
cobrir hospedeiro do e superar as contradições da educação bancária, e
pedagogia libertadora.
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responde que
à essência de ser da consciênci a,é a sua in. A educação, portanto, é uma pedagogia do conhecimen-
A dialógicidade é a essência desta educa to, e o diálogo, a garantia deste ato de conhecimento. Pa-
rencionalidade. sujeitos de um de alfabe-
Educadoré educando são, portanto, ra que sejam atos de conhecimento, o processo
ção.
processo -em que crescem juntos, porque * . ninguém edu- tização de adultos, assim como qualquer outro tipo de ação
em pedagógica, devem comprometer constantemente os alunos
ca ninguém, ninguém se educa; os homens se educam
tre si, mediatizados pelo mundó”. (Freire, Í975e,
p. 89) com a problemática de suas situações existenciais.
quer
O educador é sempre um sujeito cognoscente,
camen-
quando se prepara, quer quando se encontra dialogi
A educação “problematizadora im- 5.8. Professoraluna
te com os educandos.
plica um constante ato de des-velamento da realidade, &-
do qual os homens vão .. A relação professor-aluno é horizontal e não imposta.
duma esforço permanente, através
Para que U processo educacional seja real é necessário que
O autoritarismo do educador bam- o educador se torne educando e o educando, por sua Vez,
ra educação supera, poís,
cons- educador. Quando esta relação não se efetiva, não há edu-
cário assim como o intelectualismo alienante € à falsa cação. OQ homem assumirá a posição de sujeito de sua pró-
ciência do mundão, pria educação e, para que isto ocorra, deverá estar cons-
práxis
A ação do homem, sem objetivos, não constitui eientizado do processo: é, portanto, muito dificil pretender
processo nistóri.
e sim uma ação ignorante de seu próprio participar de um processo educativo que, por sua vez, é
do ser
co e de sua finalidade. A base da ação planificada processo de conscientização, a menos que se seja conscien-
objeto pro-
humano (inter-relação entre a ronsciência do te de si e de tal processo.
para alcançá-lo) implica
posto e o projeto empreendido Um professor que esteja engajado numa prática trans-
opções de valor, métodos e objetivos. formadora procurará desmitificar e questionar, com o alu-
adul
Em tal contexto, o processo de alfabetização de Ho, à cultura dominante, valorizando a linguagem e “cultu-
ento, que im-
tos é compreendido como um ato de conhecim ra deste, criando condições para que cada um deles ana-
pliea diálogo autêntico entre professor e aluno. “O verda- lise seu contexto e produza cultura. Os conteúdos dos tex-
cog-
ceiro diálogo une os homens na cognição de um objeto tos utilizados serão constantemente analisados no sentido
noscível que se antepõe entre eles” (Freire, 1975d, p. 28), de expressarem pontos de vista do autor e do grupo social
Neste processo, Os alunos deverão assumir desde o início e cultural que representam, e os conhecimentos científicos
de sujeitos criadores. Aqui é necessário que se
o papel analisados como um produto histórico, representando a
pensamento-ação, pois, para Paulo Frei-
considere 2 unidade interpretação física, biológica, psicológica etc. dos fenôme-
cognitivos do processo de alfabetização de-
ve, Os aspectos nos, num determinado momento concreto. O professor
as relações dos sujeitos com
vem incluir necessariamente procurará criar condições para que, juntamente com os alu-
seu mundo. apso lo area ingênua seja superada e que estes pos-
a ler e à escrever deveria ser uma oportunidade receber as contradições
O Aire õ da sociedade
i e grupos em
aprender de
qual é O significado verdadeiro
para que o homem salba
que implica reflexão e ação
“falar 5 palavra”, um ato humano se o preocupação com cada aluno em st, com 0 pro-
direito pumano primordial
Deveriam ser considerados como um o o não com produtos de aprendizagem acadêmica pa-
o privilégi o da poucos. Falar uma palavra não é um Dto
à não a Os. Õ diálogo é desenvolvido, ao mesmo tempo
associado com o dk
verdadeiro se não está ao mesma tempo em que são oporiunizadas a cooperação, a união, a organi-
“expressão do mundo”, erian-
reito de “expressar a si mesmo”, zação, a solução em comum dos problemas. Os alunos,
e. finalmente, participando
do 2 recriando. decidindo, elegendo
do processo histórico da sugiodade.
(Freire, L9T5d, 2. 901 —— Pois, participarão do processo juntamente com o professor.
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h . so . . dor
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verdadeira consiste em transmítir o mundo e em transfor-


5.9. Metodologia
má-lo.
O método de alfabetização elaborado por Paulo Freire 4 palavra destituida de ação transforma-se em verba-
reflete sua abordagem sobre educação. Neste méiodo, a lismo. Quando, porém, se enfatiza a ação, sem reflexão, a
codificação inicial consiste numa espécie de figura, um de. palavra se converte em ativismo, E a ação pela ação, ao
senho representativo de uma situação existencial real ou. minimizar a reflexão, nega a práxis verdadeira, impedindo
construída pelos alunos. Ao elahorar essa representação, o diálogo. Qualquer destas dicotomias gera distorções no
os alunos realizam uma operação de distanciamento do pensar. Somente através do diálogo será possivel demo-
objeto cognoscível. Desta forma, professor e alunos pôde- cratizar à cultura. Esta democratização implica (Maciel,
rão refletir conjuntamente de forma crítica sobre os oble- 1983, p. 30) igualdade ontológica de todos os homens, aces-
tos que os mediatizam. sibilidade ilimitada ao conhecimento c à cultura e comu-
A codificação representa uma dimensão da realidade nicabilidade ilimitada do conhecimento e da cultura.
dos indivíduos. e implica análises realizadas-num contexto É a partir da consciência que se tenha da realidade
diferente daquele no qual eles vivem. Transforma, pois, O que se irá buscar O conteúdo programático da educação.
que consistia numa maneira de viver, no contexto real, em O diglogo da educação como prática da liberdade é inau-
um objeto do contexto teórico, Os alunos poderão receber gurado no momento em que é realizado o que Paulo Frei-
informações e analisar os aspectos de sua própria expe- re denomina de unicerso temático do povo ou o conjunto
riência existencial que foi representada na codificação. de seus temas geradores. A investigação deste universo
A busca do tema gerador objetiva explicitar o pensa. temático implica uma metodologia que não pode contradi-
mento do homem sobre a- realidade € sua ação Sobre ela; ver a dialogicidade da educação libertadora. Sendo gialó.
o que constitui a sua práxis. Na medida em que-os ho- gica e conscientizadora, proporciona não só a apreensão
mens participam ativamente da exploração de suas temáti- dos temas geradores, mas à conscientização destes.
cas, sua consciência crítica da realidade se aprofunda. Freire implica nas seguintes fases:
O método de Paulo
A busca da temática implica busca do pensamento dos levantamento do universo vocabular dos grupos com quem
homens, pensamento este que se encontra somente no meio se trabalha; escolha das palavras geradoras; criação de si
deles, os quais, reunidos, indagam a realidade. A posição tuações existenciais típicas do grupo que será alfabetiza.
interacionista de Freire é bastante clara: Os homens, en- do; criação de fichas-roteiro e elaboração de fichas com
quanto seres em situação, encontram-se imersos em condi- à decomposição das famílias Ionéticas correspondentes aos
ções espaço-temporais que neles influem e nas quais eles vocábulos geradores e ficha de descoberta, contendo as fa-
consistinão o desenvolvimento nesta
igualmente influem, miílias fonêmicas, que é utilizada para a descoberta de no-
interação construtivista.| vas palavras com aquelas sílabas.
utilizando situações vivenciais do grupo, em forma de Na etapa de alfabetização, a educação problematizado-
debate, Paulo Freire delineou seu método de alfabetização,
que tem como caracteristicas básicas: ser ativo, dialógico ha busca investigar a palavra geradora e, na pús-alfabetiza-
cão, os temas geradores. Apesar de intimamente ligada à
e crítico: criar um conteúdo programático próprio, e usar
técnicas tals como redução e codificação.
Educação de adultos, ao processo de alfabetização, a abor-
de pessoa a pes- dagem de Paulo Freire considera a educação como um pro-
O diglogo irplica relação horizontal cesso continuo de tomada de consciência e de modificação
soa, sobre alguma coisa, e nisto reside o novo conteúdo pro:
gramático da educação. A palavra é vista em duas dimen-. de si próprio e do mundo, o que tem prolundas implica-
ções no ensino de 1º, 2º e 3º graus.
sões: a da-ação e a da reflexão. Não há palavra verdadeira
que não seja práxis. Daí se afirmar que dizer a palavra
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na, indivíduos e/ou grupos de indivíduos podem permane-


5.10, Avaliação
cer no período simbólico, intuitivo, ou mesmo no operató-
A verdadeira avaliação do processo consiste na auto- rio concreto, não chegando aos estágios finais de desenvol.
“avaliação e/0u avaliação mútua e permanente. da prática vimento do pensamento hipotético-dedutiv
o.
educativa por professor e glunos. Qualquer processo for- ...por um lado ie isto na evolução mental do indivíduo,
mal de notas, exames etc. deixa de ter sentido em tal abor- como na sucessão histórica das mentalidades),
existem escalas
dagem. No processo de avaliação proposto, tanto os alu.. sucessivas de estruturação lógica, isto é, de inteligência prática.
nos como os professores saberão quais suas dificuldades, intuitiva ou operatória. Por vutro lago, cada uma dessas és-
quais seus progressos. “A avaliaçãoé da prática educati. calas (sendo que várias podem coexistir numa mesma soçieda-
p. 94+ modo de cooperação ou de in-
ve, e não de um pedaço dela” (Freire, 1982, der é caracterizada por certo
teração social, cuja sucessão representa O progresso da socia-
lização técnica ou intelectual mosma Piaget, 1873b, p. 1D3+
5,1. Considerações finais

Numa abordagem sócio-cultural a educação assume ca-.


en-
deis
ráter amplo e não se restringe às situações forma
sino-aprendizagem.
A análise presente no entanto contrapõe-se essencial.
ensi-
mente ao que foi denominado ensino tradicional e ao
no decorrente da abordagem comportamentatista, princi-
mun-
palmente pelos seus pressupostos relativos a homem,
do, educação etc. A ciência, considerada geralmente neu-
tra nesta última abordagem, é explicitada na abordagem
sócio-cultural como um produto histórico; a educação. sem-
pre como um ato político; o conhecimento como transfor-
mação continua e não transmissão de conteúdos programa-
dos: a regulação da aprendizagem como tendo sempre O
sujeito como centro e não à comprovação de desempenhos
com normas ou critérios pré-fixados.
Na abordagem sócio-cultural, no entanto, o aspecto téc
nicc da educação não é descartado. É considerado relacio-
nado a todo um processo do qual não pode ser enfocado
como independente, tampouco ser priorizado.
É interessante se considerar, ainda, as formas de cons-
ciência e todo o processo de conscientização analisados por
Freire, em comparação com o processo de desenvolvimen-
to mental proposto por Piaget, não somente sob à perspeo-
tiva ontogenética mas também filogenética.
Na proposta de Freire, a promoção da conscientização
se faz de estágios mais primitivos aos mais elaborados, po-
déndo tanto o indivíduo, como toda uma sociedade, perrmã-
necer ao nível de consciência ingênua, Na teoria piagetia-
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