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2º Teste de Filosofia

Descartes
Argumento ontológico
Deus existe
“Pode-se demonstrar que existe um Deus, apenas porque a necessidade de
ser ou de existir está compreendida na noção que temos dele”. Isto é, segundo o
argumento ontológico, se o ser humano tem ideia de um ser perfeito, a existência
está contida necessariamente na essência, logo, Deus é e existe.
Se Deus é perfeito, tem que possuir todas as perfeições, isto inclui a
existência, se Deus não existisse não seria perfeito, logo, Deus existe.
Este argumento é a priori.

Argumento da Marca Impressa


Causa da ideia de Deus
Segundo o argumento da marca ou marca impressa, o ser humano, um ser
imperfeito visto que duvida, tem a ideia de um ser perfeito (Deus). Se tem tal ideia,
esta só pode ser causada por um ser perfeito (Deus). Se tenho tal ideia, e a mesma
só pode ser causada por um ser perfeito, então esse ser existe. Logo, Deus existe.
Este argumento é a posteriori / a priori.

Tipos de Ideias
 Ideias Inatas – ideias que já nascem connosco e que são descobertas
racionalmente. Ex: ideia de existência, de verdade, ideias de
matemática
 Ideias Adventícias – ideias que têm origem na experiência sensível.
Ex: oceano, cavalo, árvore
 Ideias Factícias – ideias fabricadas pela imaginação. Ex: sereia,
centauro, lobisomem

Argumento da causa da existência do cogito


Este argumento está bastante relacionado com o argumento anterior, e
também é a posteriori.
O cogito é um ser pensante que duvida, se duvida, é imperfeito. Como ser
imperfeito, finito e contingente, o cogito não pode ser a causa de si mesmo. Se
existe é porque um ser superior o criou. Assim conclui-se que Deus existe e é a
causa criadora e conservadora da existência do cogito. Deus existe por si e não
depende outra causa, é causa sui (causa própria).

Deus como o princípio fundante de toda a verdade e de toda a


realidade
Após provar a existência do cogito, Descartes ficou preso ao solipsismo: a
um sujeito isolado que pensa e às suas ideias. Isto porque não podia provar que
outros existem ou que tem um corpo, etc…
A existência de Deus resolve esse problema, agora já não está só, pra lá do
seu pensamento, existe um ser divino. Quebra-se o solipsismo, a clausura em que o
cogito estava mergulhado.
Ao demonstrar a existência de Deus, um ser perfeito afasta-se a hipótese do
génio maligno, visto que se Deus é perfeito, este não é enganador, como tal,
podemos confiar na razão.
O cogito e Deus são duas crenças fundacionais para a reconstrução do
edifício do conhecimento de Descartes.
David Hume
O conteúdo da mente
Segundo David Hume, adquirimos conhecimento sobre o mundo através da
perceção, começando pelos nossos sentidos.
 Tese
o O conhecimento é possível
o A experiência é a fonte de justificação das nossas crenças

Impressões e Ideias
As perceções (conteúdos da mente) podem ser:
 Impressões (sentir) – dados fornecidos pela experiência imediata
o Internas – emoções (sentimentos e desejos)
 Simples – não se podem decompor
 Complexas – associação de várias impressões simples
o Externas – sentidos (sensações provenientes dos cinco sentidos)
 Simples – não se podem decompor. Ex: sensação de doce ou
sensação visual de azul
 Complexas – associação de várias impressões simples. Ex:
visão de uma casa ou audição de uma canção

 Ideias (pensar)
o Simples – não se podem decompor, derivam das impressões
correspondentes. Ex: ideia de azul ou ideia de doce;
o Complexas – associação de várias impressões simples. Ex: ideia de
mar ou ideia de bolo de chocolate.

As impressões / sensações são as perceções mais vivas e fortes. As ideias ou


pensamentos são cópias das impressões, e como tal, menos vivas e intensas, estas
são produto da memória ou da imaginação.
Segundo Hume, se as ideias são cópias das impressões não há ideias inatas
Todas as ideias derivam de impressões, desta forma não haveria pensamento
sem sentidos, por exemplo, um cego não consegue pensar em cor, um surdo não
consegue pensar em som.
Segundo Hume, o pensamento tem limites, estes limitam são os materiais a
nós fornecidos pelos sentidos e pela experiência.
Em suma, as impressões são sensações, internas (emoções) ou externas
(sentidos). As ideias são produtos da memória (recordações) ou produtos da
imaginação (combinação de ideias simples).

Associação de ideias
Segundo Hume, as ideias seguem princípios de associação, a capacidade de
associar ideias rege-se por leis:
 Semelhança – quando dois objetos se assemelhem, por exemplo, quando
uma pintura de um papagaio faz lembrar o papagaio original;
 Contiguidade no tempo e no espaço – quando duas ideias são contiguas no
tempo e espaço, por exemplo, pensar no meu aniversário faz me lembrar do
bolo, dos convidados, da decoração, etc…
 Relação entre causa e efeito – quando dois objetos ou acontecimento estão
ligados, sendo um a causa e outro o efeito, por exemplo, ao recordar uma
pessoa ferida penso na dor que deve ter sentido, causa: ferida; efeito: dor.

Tipo de Conhecimento
Apesar de ser empirista, Hume não nega a existência de conhecimento a
priori. Hume considera que podemos obter dois tipos de conhecimento:
 Relações de ideias (a priori)
o Não usam impressões, estes conhecimentos são verdades necessárias,
nega-las seria uma contradição. Estes conhecimentos não acrescentam
conhecimento extra sobre o mundo. Por exemplo: filhos únicos não
têm irmãos, um triângulo tem três lados, etc…
 Questões de facto (a posteriori)
o Usam a experiência (impressões) e dão-nos conhecimento sobre o
mundo, a sua verdade depende da experiência sensível. Negar
questões de facto não implica contradição. Por exemplo: a camisa do
João é verde, Lisboa é a capital de Portugal, etc…
O Princípio da Causalidade (relação causa-efeito)
O princípio da causalidade diz que um acontecimento de algo é sempre
precedido por uma causa e que existe uma conexão necessária entre uma causa e o
seu efeito. A relação de causalidade é a priori.
Mas Hume apresenta outra perspetiva da ideia de causalidade, defendendo
que esta não pode ser conhecida pela razão. Por exemplo, se um homem que
desconhece a ideia de gravidade vê um espetáculo com um objeto a flutuar deverá
prever que este vai cair? A ideia de gravidade vem da experiência, por vermos
objetos a cair concluímos que há uma relação de causalidade, tendo por base a
conjunção constante e não uma conexão necessária.

Conexão Necessária e Conjunção Constante


A repetição de acontecimentos levamos a acreditar que A leva a B quando
isto não é verdade, pensamos que isto seja uma conexão necessária, ou seja, uma
relação causal quando na verdade é uma conjunção constante.

Costume ou Hábito
O hábito é o guia da vida humana, sem este seriamos ignorantes em toda a
questão de facto para além do que está presente à memória e aos sentidos.
Quanto observamos uma conjunção constante repetidamente cria-se a
expectativa de que a mesma ocorrerá no futuro. Um exemplo seria o nascimento e
pôr do Sol, desde sempre que acontece todos os dias, logo, baseado no hábito
presumimos que irá nascer amanhã, mas mesmo assim nunca teremos
conhecimento de que irá realmente nascer amanhã

A uniformidade da natureza
O hábito leva a um problema, a indução. O pensamento de que o sol irá
nascer amanhã é um raciocínio indutivo, que se esse acontecimento ocorreu no
passado, também ocorrerá no futuro. Mas que razões temos para pensar que o
futuro será como o passado?
O raciocínio indutivo tem por base a uniformidade da natureza, isto é, parte
do pressuposto de que a natureza é uniforme e regular, admitindo que o futuro se
assemelhará ao passado. As nossas bases para estas crenças baseiam-se no que
temos observado até aqui, ou seja, uma indução. Isto faz da nossa justificação
circular, fazendo com que não justifique nada.
Hume considera que apesar de errada, esta crença e o hábito são uteis para a
vida humana, sem elas, a vida seria caótica.

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