Você está na página 1de 2

Filosofia 11.

º ano
Docente: Rita Cunha
DAVID HUME

Todas as perceções (conteúdos da mente humana) que temos reduzem-se a:

Impressões: Ideias:
• Perceções que se manifestam com mais • Imagens das impressões quando
força; pensamos e raciocinamos;
• Abrangem as nossas sensações externas • São as perceções que constituem os
(auditivas, olfativas, visuais, etc.) e os nossos pensamentos;
nossos sentimentos internos (paixões, • São as memórias guardadas acerca
emoções e desejos); das impressões.
• Correspondem aos dados da experiência
presente ou atual.

A diferença entre elas é o grau de força e de vivacidade. As impressões são mais vívidas e
intensas do que as ideias. As impressões causam as ideias: “Nada passa pela mente sem
antes ter passado pelos sentidos.”

Para Hume, não há ideias inatas (ideias que nascem connosco e, como tal, não precisam da
experiência para serem formadas), porque todas as ideias têm uma origem empírica, ou seja,
têm origem na experiência.

Impressões:
• Simples – dizem respeito a dados individuais das sensações, ou seja, correspondem a uma
característica particular percecionada (ex: a cor de um automóvel);
• Complexas – dizem respeito a um conjunto de elementos percecionados pelo sujeito (ex: a
cor, o formato, os estofos, o guiador, etc., do automóvel).

Ideias:
• Simples – dizem respeito a dados individuais das ideias, ou seja, correspondem a uma
característica particular recordada (ex: a recordação da cor de um automóvel que vimos
esta manhã);
• Complexas – dizem respeito a um conjunto de elementos recordados pelo sujeito (ex: a
recordação da cor, do formato, dos estofos, do guiador, etc., do automóvel que vimos esta
manhã).

O que dizer das ideias que não correspondem a qualquer impressão que tenhamos tido?
Como é que se explicam os dados da nossa imaginação? Como se explica a ideia de Deus,
uma vez que nunca tivemos contacto direto com esta entidade?
Por exemplo, podemos ter a ideia de um cavalo azul, mas nunca ter observado um
cavalo azul. Hume sugere que os exemplos deste género, na verdade, apoiam o princípio da
cópia. Nunca tivemos uma impressão de um cavalo azul, mas já observámos cavalos e já
observámos objetos azuis, pelo que temos a ideia de cavalo e a ideia de azul. A partir destas
ideias podemos formar a ideia mais complexa de cavalo azul. Assim, ainda que todas as
nossas ideias simples sejam cópias diretas de impressões, o nosso pensamento combina
Filosofia 11.º ano
Docente: Rita Cunha
imaginativamente essas ideias, de modo a formar ideias mais complexas, que, no seu todo,
muitas vezes não correspondem a nada que tenhamos observado ou sentido alguma vez.
A ideia de Deus é uma ideia complexa, uma junção de várias ideias simples: a ideia
de que Deus é omnisciente, a ideia de que Deus é omnipotente, a ideia de que Deus é
omnipresente, por exemplo. Hume afirma que os sentidos não conseguem comprovar a
existência de uma divindade, uma vez que não nos é possível tocar ou ver Deus.

Tipos de conhecimento:
• Conhecimento de ideias (relações de ideias) – conhecimentos a priori (conhecimentos
que não precisam da comprovação pela experiência). Consiste em analisar o
significado dos elementos de uma proposição, em estabelecer relações entre as
ideias que ela contém;
• Conhecimento de questões de facto – implica um confronto de proposições com a
experiência (são conhecimentos a posteriori) temos de investigar o mundo dos factos
para verificar se as proposições são verdadeiras ou falsas.

Conhecimento de facto e relação de causalidade:


• Conhecimentos de factos baseiam-se no raciocínio indutivo e na relação causa-efeito,
dando-nos vários enunciados, os quais temos de estabelecer uma relação causa-
efeito entre eles;
• O que é uma relação causal? Relação causal ou causalidade é uma conexão ou
ligação necessária entre acontecimentos;
• Um dos princípios que Hume formulou foi o princípio de causalidade. Mas em que
consiste? Segundo Hume, só a partir da experiência é que se pode conhecer a
relação entre causa e efeito. Para Hume, se nós observamos o fenómeno A preceder
o fenómeno B, então partimos do pressuposto que A e a causa de B;
• Hume afirma que o princípio da causalidade é um princípio universal e importante
para o nosso dia a dia, mas tem o seu fundamento no hábito. Nós inferimos uma
relação necessária (que, na realidade, não existe) entre causa e efeito pelo facto de
nos termos habituado a constatar uma relação constante entre factos semelhantes e
sucessivos. A experiência mostra que um certo facto se sucede a outro, havendo, por
isso, a perceção de causa-efeito. Para Hume, a ideia de causalidade não deriva da
razão, mas de fatores psicológicos, ou seja, da nossa vontade que o futuro seja
previsível e, portanto, controlável;
• O princípio da causalidade é, para Hume, uma crença subjetiva, produto do hábito, o
desejo de transformação de uma expetativa em realidade. Por exemplo, eu sei que se
fizer tudo o que o meu pai me pedir, durante um dia, sem resmungar, ela irá deixar-
me sair com os meus amigos. Como isso, a maior parte das vezes, acontece, eu
pressuponho que vai sempre acontecer. Porém, o ser humano não reage sempre da
mesma forma em todas as situações. Uma prova disso é que o meu pai não me deixa
sair sempre que faço o que me pede.

O problema da existência do mundo exterior:


• Será que os objetos que percecionamos têm uma existência independente da nossa
perceção? Será que, sem estarmos a percecionar as coisas, através das impressões,
elas continuam a existir?
• A resposta de Hume é “não”. A nossa mente conhece unicamente as nossas próprias
perceções, isto é, as impressões e as ideias que derivam das impressões sensíveis;
• É a aparente constância das coisas (as coisas que vemos são mais ou menos iguais
às que vimos ontem), que nos leva a acreditar que têm uma existência independente
das nossas perceções. Não podemos conhecer a existência do mundo externo, mas
podemos acreditar que este existe. Trata-se de uma crença que até pode ser
verdadeira e que, não sendo racionalmente justificável, é, contudo, tão natural que,
segundo Hume, devemos perguntar que razões nos levam a acreditar que o mundo
externo existe e não propriamente se ele existe.

Você também pode gostar