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Hume começa por formular uma crítica ao Racionalismo de Descartes. Esta assenta na
desconfiança de Descartes em relação à experiência, que, não colocando a razão de
parte, será para David Hume a principal fonte do conhecimento.
“O mais vivo pensamento é ainda inferior à mais baça sensação.” - David Hume
Para Hume, todo o nosso conhecimento só pode ser feito a posteriori, ou seja, está
dependente da experiência e só pode ser feito através da mesma.
Impressão: Sensação, vinda dos 5 sentidos ou das nossas emoções. (Por exemplo, o
sabor de um sumo de laranja quando o bebemos).
Todavia, é também verdade que não experimentámos tudo aquilo que dizemos
conhecer. Esses conhecimentos, sem experiência, resultam da associação de ideias:
Semelhança -> Ligação entre ideias similares. (um retrato de alguém faz-nos,
naturalmente, pensar na pessoa retratada).
Causalidade -> Estabelece a relação entre um objeto e a causa ou efeito que originou.
(Ao ver um ferimento, por causalidade pensamos na dor que a pessoa sente).
Para além disto, existe outra questão problematizada por Hume: Se a experiência é
necessária para ter o conhecimento:
Porque não preciso de me queimar sempre para saber que o fogo queima?
David Hume explica que é por causa de algo denominado hábito. Ou seja,
normalmente o fogo queima, pelo que temos legitimidade para acreditar que ele
queimará da próxima vez que lá colocamos a mão. O hábito implica 3 conceitos:
Mas, o hábito de o fogo queimar, dá-nos a garantia de que o fogo sempre queimará?
Ainda que tenhamos legitimidade para estar convictos de que o sol nascerá amanhã,
ou que uma mesa de madeira não se irá transformar em betão, por exemplo, apoiados
nas provas causais, para Hume, esta convicção nunca se pode constituir como uma
verdade de facto, apenas como uma verdade provável. Apesar de o hábito ser a nossa
grande bússola, este não pode oferecer ao homem a garantia de verdade, pelo que
não existiria contradição em dizer que o sol não nascerá amanhã, já que é apenas
provável que ocorra.
“ O costume é, assim, o grande guia da vida humana. É só esse o princípio que torna
útil a nossa experiência de eventos semelhantes àqueles que ocorreram no passado.
Sem influência do hábito, seriamos completamente ignorantes.” – David Hume
Relações de ideias –> Verdades matemáticas e tudo o que nos chega por hábito.
Questões de facto -> Quando é retirada uma conclusão a partir de uma experiência
sensível. Só este conhecimento é verdadeiro.
Causalidade e raciocínio indutivo
A relação causa-efeito baseia-se em raciocínios acerca de factos. Está restrita a
impressões atuais ou recordações de impressões passadas.
Induzir -> Retirar uma conclusão geral a partir de casos particulares. A indução é o
inverso da dedução e só nos dá um conhecimento provável.
David Hume afirma que não é possível atingir um conhecimento verdadeiro através da
indução, já que existirá sempre incerteza em relação a como seriam os casos que
faltam provar.
Mesmo perante a causalidade dos fenómenos, na qual a nossa mente liga a causa e o
efeito por uma conexão necessária, ou seja, uma ligação inquebrável entre os
fenómenos, Hume diz que não podemos ter a verdadeira certeza de que sempre
sucederá assim no futuro.
É correto considerar que David Hume é um cético moderado, já que este, não negando
totalmente a possibilidade de conhecer, admite apenas que possamos chegar a uma
verdade provável, através do hábito, graças a experiências anteriores.
Para além disso, o facto de rejeitar as leis da causalidade, física e ciência, torna
a sua teoria algo radical. Por fim, é-nos possível questionar se será realmente possível
guiarmo-nos na vida apenas pela experiência ou hábito, sem colocarmos a hipótese de
algo de interior, pessoal, ou mesmo metafísico.