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Mateus Salvadori

Mateus Salvadori

1ª Edição - Copyright© 2017 Editora Prismas


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Talita Borosch

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Elaborado por: Isabel Schiavon Kinasz
Bibliotecária CRB 9-626

Nome do Autor
XXXX Nome do Livro

ISBN: XXX-XX-XXXXX-XX-X
1.XXX. 2. XXX. 3. XXX. 4. XXX. 5. XXX. I. Título.

CDD xxx.xxx(xx.ed)
CDU xxx(xx)

Coleção XXXXXX

XXXXXXX

Editora Prismas Ltda.


Fone: (41) 3030-1962

www.editoraprismas.com.br
5
6 Mateus Salvadori
-

-
-

7
8 Mateus Salvadori
À

Aos meus colegas professores e alunos dos cursos de


Graduação e Pós-Graduação da Universidade de Caxias do Sul

9
10 Mateus Salvadori
-
-

os aspectos da sociedade chinesa por milhares de anos. Quando

-
-

-
veria sempre rever aquilo que aprendeu. Neste processo ela

maiores pensadores do idealismo alemão.


-
-

de orientação no reconhecimento da vinculação constante da

teórica que quiser encontrar o seu caminho com maior segu-

histórica referente ao problema abordado.


11
-

ponto de vista temporal. Isto resulta que o historiador que re-

de vista imortal? A resposta pode surgir de uma comprovação


-
dor pode ser completamente independente de seu ambiente e

-
lósofos e a necessidade da reconstrução histórica como funda-

a concepção historicista encontra em Hegel um grande teori-


-

No começo de sua -

procedente de um impulso de vida totalmente interior.


-
-

12 Mateus Salvadori
conseguida por meio da compreensão do processo histórico

-
-
-
peração –

de fantasias arbitrárias que se destroem reciprocamente.

-
-
-

igualmente demolida como produto arbitrário de uma fantasia


-
monstração hegeliana de uma necessidade interior no processo
-
nuo e desconexo.
-
-
mentos sucessivos estão estreitamente vinculados um ao ou-
-

que existe entre cada momento do desenvolvimento histórico

13
desenvolvimento progressivo dos problemas formulados pela

com o seu idealismo absoluto. Hegel declara estar preparado

-
luta: o Espírito que se conhece a si mesmo como a inteira reali-

destas categorias tem que ter a -


cognoscível. Ao prescindir da

-
-
dor de todo o mundo real.
-
-

-
-

14 Mateus Salvadori
-
lação das conquistas da história anterior da humanidade.

-
-

considera

-
vel isolar uma lei moral intemporal ou de moral individual.
-
-

Isto não implica – prossegue Jacques d’Hondt – que Hegel não

permanece a herança do historicismo: o profundo conceito so-

-
nhecimentos e a conquista da agudeza do intelecto.
-

mais necessário precisamente do que a jovialidade? Coisa al-

15
chega aos astros.

16 Mateus Salvadori
Tenho o prazer de fazer o prefácio do livro do Prof. Dr.

ler no decorrer do livro.

qual o Prof. Dr. Salvadori coloca em diálogo dois dos maiores

-
-

-
-

seus movimentos por meio do pensamento.

-
fo do Königsberg fundamenta sua concepção de Estado sob os
auspícios dos direitos individuais e da ideia republicana de go-

-
ções e nos costumes da sociedade.
-
-
17
e as ins-

saudosa Universidade de Caxias do Sul (UCS). O livro tornar-se-


-

versar sobre dois dos grandes pensadores da história da huma-


-

ocidental e afeta nossas relações sociais diariamente.

Prof. Dr. Keberson Bresolin


-
dade Federal de Pelotas

18 Mateus Salvadori
-

-
-

a impossibilidade de conhecer a coisa-em-si e o Absoluto e o


-

validez para as coisas mesmas. Kant diz que o saber se encerra


no sujeito. Já Hegel diz que o verdadeiro saber deve abarcar
-

separado do Absoluto e da substância. Há um elemento exte-


-

-
-
19
As teorias de Kant e de Hegel são fundamentais para
-

ela cairia em contradição.

o direito e seus operadores visam uma defesa de seus valores


no interior de
uma -

sociais (Hegel). O -
sível pensar o indivíduo dentro de uma comunidade. Somente

20 Mateus Salvadori
21
22 Mateus Salvadori
conhecer novamente o Absoluto? Enquanto Kant tem como ob-

idealismo transcendental sustenta o conhecimento somente de

Outras questões centrais desta obra são as seguintes:

sendo se os seres humanos são independentes uns em relação

moldados pelo grupo em que estão inseridos.


Como explicitar uma fundamentação moral do direito?
Por que Kant não resolve o problema do direito da equidade
23
-

pelo saber e pelo querer? O agente pode ser responsabilizado

-
-

-
-

-
-

24 Mateus Salvadori
-
rizar a ação como injusta. Hegel diz que não pode haver con-

mediação não há contradição. Um exemplo tratado por Hegel

à
à
-
-

25
O presente livro sobre Kant e Hegel visa inves-
.
-

O segundo capítulo analisa o idealismo absoluto e a

-
-
nerário desenvolvido na propunha-

entre o ser e o pensar e a possibilidade de conhecer o Absoluto.


O terceiro capítulo estuda a superação do idealismo
-
geliano. Aqui será provado que Hegel consegue superar o dualis-

seu formalismo. As leis da liberdade – leis morais – englobam

26 Mateus Salvadori
-
. Ele refere-
-

não pode ser


definido a partir do

-
rico não faz isso.
-

direitos – equidade e direito de necessidade – apenas interna-


mente. Apesar de realizar uma fundamentação moral e meta-

-
-
-

-
diante o nível da objetividade (e não da subjetividade) e do
conteúdo histórico (e não da validade apriorística do imperativo

27
-
-

-
-

fraude e o crime. O -

-
estudada a teoria da responsabilidade em

contextos concretos e jamais em um vazio formalismo. O impe-

28 Mateus Salvadori
-

-
-

para resolver problemas provindos da má administração. Em

de um povo

a liberdade e com a história. Não se pode abstrair o conteúdo


empírico e histórico da repercussão de um ato e de uma teo-

reconstrução feita não pretende ser uma análise completa dos


ão alinhavados tópicos relevantes para
o objetivo pretendido.

29
30 Mateus Salvadori
1
Kant se diferencia

não conhecemos as coisas tal como elas são nelas mesmas. Por-

foco a delimitação do conhecimento a objetos conhecidos es-

Ideia de uma história universal de um ponto de vista cosmopolita (Idee). As obras

31
-

Este capítulo estuda o idealismo transcendental kan-


-

-
-
-

32 Mateus Salvadori
-

-
-

pura.2
à intenção de Kant de pronunciar-se apenas sobre o valor dos

-
-
bilidades e dos limites da razão para um projeto tão ambicioso.
-

-
-

– na
.

33
-
sunção de seguir a diante apenas com um conheci-

-
-

conceito de -

possível

-
vel
os quais inerem estruturas
-

condi-
-

34 Mateus Salvadori
(conhecimento

conhecimento
-

ampliam o conhecimento.

. Estes são o verdadeiro núcleo da Teoria

Em torno dessa questão (de como são possíveis os juí-


.
-

-
-
e
não como

35
aquela. Isso se denomina revolução copernicana.4 Ela irá ques-

[...] aquele que primeiro demonstrou o


(fosse ele Tales ou como quer que se cha-
-

pensava e o que representava por conceitos

nada devia atribuir-lhe senão o que fosse consequ -

com o conceito

necessários e propiciam avanço no conhecimento.


Kant discorda tanto dos empiristas como dos raciona-

36 Mateus Salvadori
-
-

conhecimento não surge somente com o sujeito ou somente


-

um elemento – objeto. Kant irá descobrir os juízos

-
jeto por parte do sujeito. Isso o leva a negar a possibilidade da

elemento


-

caminho ou quando se torna igualmente impossível aos diversos

37
colaboradores porem-se de acordo com a maneira como o ob-

que mediante simples conceitos se eleva completamente acima

e quanto à unanimidade de seus colaboradores isso está longe

-
do vir à mente essa questão (de como são possíveis os juízos

que os objetos se deveriam regular pelo nosso conhe-

38 Mateus Salvadori
-
mento

Esse possibilita que emitamos juízos universais e

-
tos princípios

-
Eles são a condição de possibilidade

39
-
pressão sensível.

-
-
-

com suas formas

obtendo a cada aplicação uma síntese.

-
5
o ser humano
conhece a si mesmo somente como ele lhe aparece e jamais

aparecem ao sujeito) e os númenos (as coisas tais como são ne-


-

-
cimento em si.

40 Mateus Salvadori
-
-
camos nelas as categorias de nossa mente. Conforme

7
tão relevantes para

dada pelas sensações singulares e pode existir apenas somente

-
nhecimento sensível.
-

-
rie das condições. As sínteses do entendimento são o objeto da

existe um objeto a elas correspondente no mundo sensível. Por

41
os princípios sem os quais não pode haver conhecimento. A
-
tende fazer um uso indevido desse conhecimento . Por

42 Mateus Salvadori
-

-
-

-
-

respeito à alma e a Deus (paralogismos). São inconcludentes os

demonstrar a imortalidade da alma. Os erros transcendentais nos


são denominados

-
tese são defensáveis em nível de pura razão e nenhuma pode ser

-
43
são inconcludentes. Existem bons argumentos tanto a favor
como contra acerca da tese da origem do mundo no tempo.8

ideias inatas da coisa

p. 372).

44 Mateus Salvadori
-
-
-

perfeito não pode ser somente uma representação. O perfeito

o aspecto formal e vazio da representação – e a Ideia Absoluta.

do condicionado para o incondicionado. A prova cosmológica

-
-

45
-

-
-

-
-

enquadrada em outra dimensão que não seja a da razão pura

46 Mateus Salvadori
aplicação. Cada uma representa um modo pelo qual o conheci-
mento da razão se dirige ao objeto: a) para determiná-lo e con-

-
bretudo em uma teoria do ser considerado como au-

possibilidade do conhecimento -

pois seus objetos residem acima do espaço e do tempo. Há uma


restrição do uso da razão. Mas essa utilidade se torna

47
-

possível pensá-los.9
O idealismo transcendental10 -
vel conhecer o supra-sensível. O incondicionado somente pode
-

-
temente que tudo o que se intui no espaço ou no

são incognoscíveis. Dado que em todo conhecimento se exige que as intuições sejam

Kant trata desse assunto no decorrer de toda a obra Em várias

48 Mateus Salvadori
-

chamo eu

a mente somente pode ter acesso imediato a nossas próprias

11
O
-

-
cessidade de um acesso não imediato ao mundo exterior na Aí a prova
-
te. A sensação nos indica a realidade do mundo exterior pelo fato das impressões

49
-

teorias levam a aporias que Kant tenta superar com


sua nova solução: espaço e tempo são algo totalmente

são as formas da nossa intuição externa e da

-
-
jetos da intuição externa como reais. Mas à diferença do idea-

que não efetuou o fim dessa cisão.

que os princípios mais básicos do pensamento hu-


-

que a natureza do nosso próprio pensamento e da

-
-

50 Mateus Salvadori
-

O idealismo transcendental se traduz na teoria dos


-

que ela somente pode pensar.

51
52 Mateus Salvadori
Hegel pretende superar o idealismo transcendental
12
-

-
13

de uma mesma totalidade. Tudo o que há está no Absoluto. As-

Este capítulo discorre acerca do idealismo absoluto14


-
-
-

de
Wartenberg de Pippin.

53
-

em que deixe de chamar-se amor ao saber para ser saber efe-

54 Mateus Salvadori
-

15
Superando
-

16
A

-
-

-
nhas ou nossas representações sensoriais. Tal doutrina não pode fazer jus à depen-

55
-
-

17
Hegel en-

do entendimento comum e aproximar-se do ponto de vista do

Pode-se comparar o Absoluto de Hegel com o Deus em outros


-

na Natureza e no Espírito.
-
-

So

56 Mateus Salvadori
18
No prefácio da

os seus momentos.

-
-
lidade da coisa-em-si gera um afastamento do conhecimento
-
tende superar a incognoscibilidade da coisa-em-si. Com a

-
cionar os problemas levantados por Kant. Se para Kant há uma

-
e a exposição comple-
ta na
mais importantes são a inseparáveis por sua vez das

57
-

razão

Hegel buscava com a de-


-

não deve ser somente uma Teoria do Conhecimento. Se o saber

A -

-
-
zir o indivíduo do seu ponto de vista natural ao ponto de vista

58 Mateus Salvadori
observação do mundo como sendo diferente e independente
-
-

-
19
-de-si.

59
seu contrário: o universal. Considerando o sujeito como essen-

a verdade da sua certeza. Tanto no objeto quanto no sujeito a


verdade se transformou num universal indeterminado. A certe-

existem cisões entre o sujeito e o objeto e entre a universalida-

estranho. A realidade está dada para ela. O saber imediato da

se dá conta de que eles estão dentro de seus próprios limites.


A

um suposto saber imediato de um objeto imediato. Ela supos-

isso no momento em que ela não consegue exprimi-lo. O singu-

20

-
-

60 Mateus Salvadori
-

-
-

aceita como verdade somente aquilo que ela considera imune

-
ou

e pelo

A certeza sensível busca capturar a verdade do objeto conheci-

mostrará que este encontro do que

61
mero indicar do objeto que aparece no aqui e no agora. O modo
-

nessas coordenadas. Isso faz com que não exista nenhuma ca-
pacidade de os determinar em sua individualidade. Na coorde-
nada

-
ender-se a si mesma. O objeto não se mostrou como o imedia-

-
-

-
ma coisa. Sei sobre os objetos porque eu tenho um saber sobre
-

-
-

universal imediato.
Tanto o sujeito como o objeto são universais. A expe-

62 Mateus Salvadori
-

minutos...). O mesmo ocorre com o

transformou num universal indeterminado. A certeza sensível


-

63
-

-
te objeto. Hegel combate essas ideias superando o momento
-
-

O que movimenta a -
-

64 Mateus Salvadori
.A

-
-

-
-

de -

65
-

-
priedade está determinada entre si e acaba excluindo a outra.

das propriedades entre si. O meio deve ser uno. Justamente por

mostrando que existe sim uma cisão entre o sujeito e o objeto e

vacila entre a sua unidade e as várias propriedades que se ma-

mantendo a coisa na pureza da sua verdade incontraditória.

-
-

outro. Busca fugir dessa contradição recorrendo ao

66 Mateus Salvadori
e com o

do objeto ocorre mediante uma relação de diferenciação com

(Insofern) como forma de manter na coisa o


-

-
díamos pensar que o essencial era a coisa e o não essencial sua

ao estágio do entendimento.

67
-
cação de que ambos os mundos são o mesmo implica o conceito

de universal incondicionado – não está condicionado ou em re-

assim como foi a imediatez para a certeza sensível e a incon-


-

[...] ao colocar sobre a coisa tanto a universalidade

excludente (singularidade) e o desdobramento das


-

68 Mateus Salvadori
meio termo entre duas forças [...]. Mas o rejeitar de
tal desaparecer revelará o caminho verdadeiro da
-
-

ambos carregam em si a contradição de serem para si e para o

unidade e o movimento numa ação conjunta. Existe uma força

69
-
-

[...] a noção de força permite captar o momento

-
-
gem semelhante a do próprio pensamento quando o
conceito se desenvolve em realidade concreta: este

-
-

-
-

70 Mateus Salvadori
-

de sua li-

o mundo invertido. A segunda maneira de tentar explicar o

e
desdobramento da própria coisa.

no qual o entendimento visa salvar as diferenças. A realidade

se separa se move: a diversidade que o ani-

71
engendra as partes do todo por seu próprio movimen-
to. A eo das coisas são

O entendimento descobre que há um interior nas coi-

dualista da realidade. Não há um fosso intransponível entre o

diversidade de leis em uma única lei.

uma duplicação do mundo sensível. O intelecto busca encon-

A verdade do entendimento não são as leis determina-

72 Mateus Salvadori
pretensa necessidade da lei move-se dentro desta ine-

Se a necessidade da lei se sustenta em algo que não

como a conexão necessária entre diferentes elemen-


-

não a explicação do ou da
mas unicamente do
-

depois de ter aceito que o relâmpago deriva de duas

-
-

-
tológica: consiste em concentrar toda realidade em elementos

73
mundo suprassensível.21 Vimos que o primeiro mundo supras-

permite ao delinquente reconquistar a honra que ele havia per-

-
-

-
-

-
-

74 Mateus Salvadori
que a diferença está no pensamento e para salvar a unidade o

Só que essas leis criadas pelo intelecto são meras abstrações do


-

-
gia

75
A segunda etapa da
-

-
zendo tudo depender de si. Busca o outro para poder ser e acaba

-
-

-
renças e determinações. A singularidade de cada ser vivo se re-

mostra-se incapaz de exercer a mediação exigida


-

76 Mateus Salvadori
quer um objeto que realiza a mesma operação que o sujeito.

da outra exige – portanto faz somente o que faz en-


quanto a outra faz o mesmo. O agir unilateral seria

-
-

-
lação não ocorre um reconhecimento verdadeiro. Hegel deno-

77
verdade nenhuma. Isso só ocorreria se seu ser-para-si fosse um
objeto independente. Mas conforme o conceito

dos lados não levaria adiante o processo do reconhecimento.


Aquele que não arriscou a sua vida pode ser reconhecido como

-
-

78 Mateus Salvadori
escrava faltaria que o senhor operasse sobre si o que faz ao

79
-

as suas limitações. Ei-las: de -

apenas a universalidade.

80 Mateus Salvadori
-

-
-

o possui. Com isso ocorre uma unidade na duplicidade da cons-

81
-
-

e para-si na ação de graças (quando busca contrabalançar a graça

[...] na primeira relação era somente o conceito da

-
-

-
-

82 Mateus Salvadori
-

-
-

que toda a renúncia realizada lhe trouxe o universal.

do mundo como sendo diferente e independente de si. Os seus

83
-

senhor se limita a desfrutar das coisas produzidas pelo trabalho

certeza em verdade.

-
-

84 Mateus Salvadori
-
-

-
-

se fosse pela primeira vez.

-
-

85
-

só ocorrerá no saber absoluto.

empirismo que queriam evitar: um idealismo vazio não realiza o


que proclama. A realização plena de sua proposta passa por ou-

relação entre orgânica e inorgânica e a própria estrutura do

o próprio apaziguamento na unidade com outras autoconsci-

86 Mateus Salvadori
coletando dados como fazia na certeza sensível e na percepção.

-
-
ção entre espírito e seu mundo. Os resultados dessa busca são

A razão busca conhecer-se reexaminando o conteúdo

-
tre ambos como ser sensível.

87
-

espírito. Busca encontrar uma correlação entre o espírito e o

-
zão observadora encontrou no mundo inorgânico o conceito

o conceito como conceito.


-
-

-
proco. O indivíduo vive imerso no e nos costumes de um

-
-

88 Mateus Salvadori
-
vidualidade. A virtude e o curso do mundo mostra o homem virtu-

da sociedade e do povo em que vive.

essa se descobre como razão (na união do ser-em-si e do ser-

-
-

89
a lei humana está representada pela comunidade (universal) e a

e o singular faz com que a comunidade e a família se comple-

a ação segundo uma delas seja delito e culpa para a outra lei. A

da cultura e nele não se reconhece. Há uma alienação no mun-

-
-

-
-

90 Mateus Salvadori
-
-se o espírito certo de si mesmo (a moralidade).

meio que o espírito toma para chegar ao saber absoluto. Na

ainda está no elemento da representação.

que o espírito consciente de si supera toda a dualidade.

do Espírito. Todos os momentos e as figuras do itinerário

saber que se sabe a si mesmo ou o momento em que o espírito

91
92 Mateus Salvadori
-

-
22
cer a coisa-em-si e o Absoluto. Isso ocorre porque Kant per-

-
-

93
-
-

-
telecto apresenta um conhecimento inadequado. O conteúdo

-
-

intelecto se transforma numa determinação contrária. Confor-

-
trando estreita ligação com ele (não podendo pensar
o de modo rigoroso e adequado sem a relação
que o liga com os
-

que cada oposto revela quando se defronta com o outro. Essa

94 Mateus Salvadori
-

de Kant. Na obra -

-
23
zão.

95
a forma mais adequada de pensar o real. A raiz das contradições

busca restabelecer as relações que unem os diferentes momen-


tos do conhecimento.

concreta. A razão ontológica revela-se como totalidade dinâmi-

fora dela. Hegel tem a necessidade de superar as abstrações

dizer que tudo na realidade está em relação e a relação sujeito-

As grandes concepções de verdade anteriores a He-

96 Mateus Salvadori
se conhece dinamicamente. A razão supera o entendimento e a

uma visão relacional.

-
-

são duas formas de tratar o mesmo objeto.

mostra que os conceitos puros do entendimento não podem re-


97
presentar objeto algum e as ideias da razão estão mais afastadas

idealismo transcendental ao idealismo absoluto faz-se mediante

-
-

-
-
te ao processo mediante o qual a substância se torna sujeito

-
cesso. A razão deixa de ser meramente gnoseológica e passa

esferas do saber.

98 Mateus Salvadori
lógica formal nem uma lógica transcendental. As categorias

encontra o seu cerne na

pensando assim que se pudesse chegar ao conhecimento do

as determinações-de-pensamento como as determi-


nações fundamentais das coisas. [...] Aquela meta-

do absoluto se poderia obter desta maneira: por lhe

as determinações-de-entendimento segundo seu


-

99
-

-
de conhecer o Absoluto.
-

-
-

-
gos está no modo de apreender os objetos: não mais por meio

os objetos isoladamente e eles são a soma das determinações

. Kant
-

100 Mateus Salvadori


-

-
-

-
-

e em seu devir histórico.

-
-

101
que exclui qualquer forma de relação ou de mútua referenciali-

Hegel conclui que o pensamento de Kant tem por base


um dualismo intransponível entre a razão e o entendimento.
-

de apreender a realidade em sua verdade. Kant cinde o sujeito


-
-relação entre ambos. O sujeito jamais encontrará a sua própria
-

que possibilite o conhecimento. Enquanto Kant anuncia o que

102 Mateus Salvadori


-

na obra . Os conceitos
e são centrais para o presente capítulo. O direito está

-
-

serem -

-
-

103
do direito de necessidade e do direito de equidade. Segundo o
-
sos em que isso não ocorre: no direito de equidade (direito sem
coerção) e no direito de necessidade (coerção sem direito). Por

-
-

meio da representação de uma coisa futura considerada como

104 Mateus Salvadori


-

a um mendigo. Pode-se dizer que ele tem desejo de receber

-
trato de compra e venda não importam as relações subjetivas

vantagens ou desvantagens em um contrato de compra e venda

condições formais do contrato.


O direito não trata da intenção do sujeito agente. Ele
refere-se apenas a ações externas e à sua conformidade à lei.
-

105
condições segundo as quais os homens podem convi-

maneira de que todas as liberdades externas possam

-
cedida pelo direito de todos os outros de usufruir de

Dessa concepção formal acerca do conceito do direi-

duas formas de faculdade: a inferior e a superior. A faculdade de


-
-
-

A faculdade de desejar superior refere-se às leis puramente for-

-
-

põem o fundamento
determinante da vontade na

106 Mateus Salvadori


-

faculdade de desejar superior. A faculdade de desejar inferior

tenha valor moral.

-
mina a vontade para que ela seja universalizável. Os princípios
-
mos da moralidade e da legalidade. No momento em que se in-

-
pírico não pode determinar a criação das leis. Se determinas-

. No teorema III da

-
-

107
ente racional ou não pode absolutamente represen-
-

A prova disso se encontra nas mediações sociais. A

contradição formal. A contradição somente se põe quando se


fere uma determinação ou um princípio que diz o que deve ser
-
-

imperativo categórico e o procedimento do IC são

Determina um princípio que se aplica a todos os seres

e para os seres razoáveis presentes em outras partes

108 Mateus Salvadori


como uma restrição. Na qualidade de seres assim

lei deve aplicar-se a nós [...]. Para que o imperativo

se às nossas circunstâncias na ordem da natureza. Essa

medida em que leva em conta as condições normais


da vida humana por meio da formulação da lei da na-

Por máxima Kant entende proposições fundamentais


-
ção universal da vontade e dependem de diversas
-
mentais
indivíduo. (2) Como determinações da
-

que o ator mesmo reconhece como seus. (3) Como


de que dependem diver-

109
as pessoas conduzem o todo de sua vida em relação
a determinados aspectos fundamentais da vida e da

à produção de leis e não às ações. Já as máximas procedem de

deve seguir apenas as máximas morais. Na

de apresentar o procedimento da universalização. Ei-los:

de uma ação consiste no respeito à lei prática pelo puro dever

110 Mateus Salvadori


-
-

indiferença em relação aos outros? A generalização do compor-


tamento egoísta pode tornar-se prejuízo para o próprio egoísta.

-
sim as promessas desapareceriam. Esses dois exemplos tratam

alguma (nem no nem no


-
-

[...] não se pode querer que a máxima se transforme

-
gundo a qual os que vivem na riqueza não ajudem

seja assim. Não se pode querer que as pessoas não

diferentemente dos deveres perfeitos (que não podem ser pen-

111
[...] adotei como máxima aumentar minha fortuna
-

faleceu e não deixou nenhuma manifestação escrita


-

imediatamente de que um tal princípio enquanto lei

-
-

A máxima de negar o depósito se destrói a si mesma

-
ma devido a sua universalidade e não pelas possíveis exceções
ou conteúdos materiais.
-

-
-

112 Mateus Salvadori


-

há determinação de um conteúdo. A contradição em Kant trata

113
24
Na Kant

Já na obra
ves-
-

-
dade dizem o que

grande proposta da universalização da moralidade. Querendo propor um procedi-

elaboração do seu princípio da universalidade parte de elementos oriundos

sempre de maneira que


-
-

-
-

114 Mateus Salvadori


O presente livro

-
berdade são denominadas . Enquanto diri-
gidas meramente a ações externas e à sua conformi-

adicionalmente requerem que elas próprias (as leis)

-
-
dade à qual as primeiras leis se referem só pode ser

leis morais ( -
Esse conceito de
-
-

desejos e inclinações não pode estar menos condicionado que

Na obra
-

115
A relação interna
) e a relação externa

-
-

-
-

116 Mateus Salvadori


juízos -
pa-se apenas com prescrições universais e não com conteúdos.
A legislação jurídica25 -

-
-
-

Preocupa-se apenas com a concordância da ação com a lei.

A lei jurídica [...] admite um outro móbil que não a

sendo exigido ainda que o móbil da ação seja o res-

constatar que enquanto a liberdade interna diz respeito à mo-


legalidade.

conhecido

(pena de

117
-
dade de adequação às leis que a nossa razão dá a nós

-
nando os obstáculos que derivam da nossa faculdade

-
-

forma como Kant diferencia as duas legislações. Ao responder

Denomina-se ( ) a soma da-

versado – o jurista (
na lei ( ) quando não somente conhece leis

118 Mateus Salvadori


-
cia (

direito natural (
nesta tenha que suprir os princípios imutáveis a qual-

atos lícitos e ilícitos) do direito natural e racional (que trata do

-
possível que ela seja governada apenas por leis advindas da ra-

no direito natural. Kant trata de uma

muito bem ser designada como uma dedução trans-


-
-

Os conceitos justo e injusto não podem ser

ou ao

119
-

26

[...] enquanto vinculado a uma obrigação a este cor-

-
-
-

-
lação com a escolha do outro. Em -

algum em conta a
que cada um tem em mente com o objeto de seu de-

elementos:
I) o direito diz respeito somente com a relação externa
-

120 Mateus Salvadori


-

II) o direito caracteriza-se por ser uma relação de arbí-


27
trios.

-
-

interesses e os desejos dos arbítrios não são considerados pelo

-
mia ( -
bocar em um solipsismo – individualismo – ou em um formalismo abstrato. Ao tratar

121
-

externamente de modo que o livre uso de teu arbítrio possa co-


-

pode ser unida à escolha de outrem de acordo com uma lei uni-

reguladora dos arbítrios. Isso impede a ditadura do arbítrio de

-
-

122 Mateus Salvadori


28

-
monizar a liberdade de cada indivíduo com a liberdade de todos

sociedade devem ter um espaço para desenvolver sua própria


-
29

dada pela razão (autonomia da vontade). A vontade que obe-

Imediatamente se põe a função autolegisladora da razão. Espontaneidade pressupõe

-
mal. Não se está dando conteúdo empírico da liberdade.

123
As inclinações externas vindas da sensibilidade não afetam a

limitada pela presença da liberdade dos outros.

fato que não pode repeli-lo a não ser por meio da


-
dade cumprido para repelir o ato de não-liberdade

A
dois conceitos sejam
-

sob leis exteriores encontra-se ligada no mais alto grau a um

124 Mateus Salvadori


considerados princípios da faculdade de desejar inferior. Eles
devem determinar a vontade segundo a forma e não segundo a

-
ve-se saber o que se deve fazer.

dever ser ( ) formal e abstrato. Defender princípios univer-

contrário ao direito acaba sendo um obstáculo à liberdade.


-

-
to e não com o ser do mesmo. Compreendendo o direito como
um conjunto de condições por meio das quais o arbítrio de um

125
-
mentação que são dados pela razão (direito natural) e não pelo

-
ção pudesse ser determinada. Destes verdadeiros ou
pretensos direitos há dois: a eo

não resolve o problema do direito da equidade e do direito da


126 Mateus Salvadori
-
do a não resolução desses

-
-

Há duas formas de direito:


e .O

construir uma doutrina

p. 79). O contrato que fundamenta a passagem ao estado civil


-

127
nhecimento de um dever e da condição da liberdade. O sujeito

-
ca dizer que o Estado não devia intrometer-se em questões de

-
no) para fazer cumprir as obrigações decorrentes da legislação

As-

(coerção) meramente externa e não por causa do dever de res-


.
Kant destaca duas situações em que não há uma relação neces-

128 Mateus Salvadori


sária entre coerção30 e direito: a equidade (direito sem coerção)
e o estado de necessidade (coerção sem direito).
-

-
dade e a coerção.

-
culo à liberdade de acordo com leis universais (isto

exemplos: direito de equidade e direito de necessidade. A


31
(

-
mas. [...] O que em Direito tornou-se necessário foi eleger os termos que marcassem

(
situado no domínio do )e (
domínio do -

129
-

um juiz para determinar em quanto ou de que maneira sua rein-

Supõe que os termos nos quais uma companhia co-


mercial foi formada foram que os sócios deveriam di-
-

quando a companhia se defrontou com reveses. Por


meio da equidade ele pode exigir mais da companhia

Todo aquele que investe mais em uma empresa deveria

modo que não pode comprar com ele o que poderia ter compra-

de ser cumprido.

130 Mateus Salvadori


A divisa ( -

Mas este mal não pode ser remediado por meio do


-
-
vindicação pertence apenas ao
(
estabelecido como direito tem que ser apresentada
ante o (

ele realiza uma fundamentação moral do jurídico?


-

131
-

Por que Kant não resolve o proble-

do direito? eo
. Enquanto o primeiro tem como carac-

-
-
-

Outro
( ).32

Lon. F. Fuller trata do estado de

sociedade espeleológica que entraram em uma caverna e acabaram soterrados. As

sobreviventes vão a julgamento por homicídio. Começa então um debate entre os

exploradores em juízo neste caso: encontra-se em julgamento a própria lei. Se este


-

132 Mateus Salvadori


-

Não pode haver lei penal que condene à morte al-

ameaça não poderia ser maior do que a perda de sua

-
pável (
-
o tem lei (

condição. Não hesito em dizer que segundo este princípio eles não são culpados de

quer que intencionalmente prive a outrem da vida será punido com a morte’. Devo

133
a vida de outrem para salvar a própria vida ou refere-se à punição

A necessidade não precisa de lei. O estado de necessi-

-
-

-
cito ( ) fazer uso de todos os meios disponíveis

134 Mateus Salvadori


equidade e o direito de necessidade são dois direitos que não
-

contratos que deverão ser cumpridos.

entre os casos de equidade e estado de necessida-

-
-

anomalia desses dois casos está portanto no fato de


-

razão e negada a quem não a tem. Nos dois casos


-

para que aplicá-lo? Kant prende-se ao .

em uma abstração indeterminada. Nos direitos de equidade e


135
não soluciona o problema desses dois direitos.
Por que aplicar leis injustas? Justamente são os
que precisam que se aplique a equidade. Kant não resol-

resposta puramente formal. Não se pode minimizar esses dois

joga esses direitos para o âmbito do

-
-

-
cias injustas. Por que então falar em direito à equi-

-
-

136 Mateus Salvadori


buscar nos princípios naturais a aplicação do direito de equida-

deve-se abandonar a lei e recorrer aos princípios. Segundo uma

termos de um direito de equidade e um direito de

-
conhece com bons fundamentos como não
será confirmado por uma corte e o que ele deve
necessariamente julgar como sendo por si

direitos previstos
-

grave que surge em concepções formais do direito.

-
-
malismo jurídico proposto por Kant e defendido por algumas

137
-
-

Embora se possa sustentar um conceito moral do

-
-

-
to o direito da equidade quanto o da necessidade são
-

Nem mesmo o resolve o proble-

semelhante ao caso do sujeito que mente para salvar a vida de


-

Não somente quando Kant analisa os direitos de equi-


dade e o direito de necessidad -
138 Mateus Salvadori
-

pois isso seria destruir a dignidade do ser humano.

daria a seguinte razão: (1) Devemos executar apenas


aquelas ações que se adaptam às regras que pode-

-
-
-

de determinadas circunstâncias? Se ele vale de forma

desvantagem que daí decorre para ele ou para outrem. Juridica-

139
gera

Somos tentados a fazer exceções à regra contra men-


-
-

ações serão – não podemos se implicarão bons


-

-
cias acontecerem à sua forma. Mesmo se elas forem

Assim como seremos responsáveis por qualquer má


-
-

dizermos a verdade. Kant parece entender que seríamos ino-

de princípios)33

eram parados pelo barco da patrulha nazista. O capitão nazista gritava e perguntava

140 Mateus Salvadori


omo para salvar a vida de um inocente.

Kant não defende aqui nenhum rigorismo problemá-

uma validade incondicionada do dever de veracida-


de torna toda sociedade impossível. De acordo com

-
salva de que os parceiros de contrato fazem uso de

-
-

-
-

141
-

142 Mateus Salvadori


A fundamentação racional do direito realizada por

normas externas de uma pessoa em relação à outra. O direito


-
tre dois indivíduos com capacidades conscientes de alcançar o
objeto desejado. O direito fornece apenas a forma do agir dos
-

-
-

-
-

em contextos concretos e não em um vazio formalismo.

34
Con-

143
-

de Bem representa a ideia de dever (uma obrigação para o su-

-
-
nação empírica que move o sujeito para agir. Deve-se cumprir
o
nos

-
-
-

144 Mateus Salvadori


do tempo. Não depende de conteúdo empírico. Hegel reconhe-

-
-
necer no mero ponto de vista moral sem passar ao conceito da

agir seguindo ou não a moral.


Kant permanece em um puro formalismo.35
-
-
-

p. 36). O dever somente pode ser sabido dentro de um contex-


-

forma de vida moral que a doutrina de Kant requer exclui tanto desejos e aspirações

liberdade.

145
-

não tem para si mais contradição do que a de que

e supuser que a propriedade e a vida humana devem


-
ar um assassínio ou um roubo. Uma contradição só

conteúdo antecipadamente estabelecido como prin-


cípio rigoroso. Só para com esse princípio a ação está

-
rizar atos que desrespeitam esses princípios como atos injustos.

os hábitos e as tradições.36

Hegel ao

146 Mateus Salvadori


A ideia jusnaturalista contratualista acerca do direito

demais indivíduos de sua comunidade. Se não há esse reconhe-

criar as condições para tal. Quando a falta de reconhecimento


-
-
-

-
ção de Hegel ao

: uma vez que

147
duas teorias modernas acerca do direito natural – a empirista e
-
-
-

seres humanos completos. Assim como não se pode imaginar

-
-

determinação da liberdade.
Platão e Aristóteles pensaram a harmonia da gre-
-

148 Mateus Salvadori


-

-
37
mado por indivíduos livres. Essa liberdade somente existe
-
teresse público deve representar o interesse privado mediante
mediações sociais.
-
-
sseau e os juristas ligados à Escola Histórica. Eles partem das
coisas observáveis da realidade e acabam descobrindo uma va-

ao azar para que ele possa ser um princípio que fundamente a

149
-
-

o empirismo aborda apenas uma das determinidades do todo.

unidade necessária.

-
-

150 Mateus Salvadori


-
malismo reduz o conteúdo do direito ao conteúdo da moral.
-

-
vel no momento em que Kant aborda o direito de equidade e de
necessidade. Kant e Fichte partem do conceito transcendental

-
secamente ligados.

-
-

em lei suprema nada mais que a forma da da


máxima do livre-arbítrio. A máxima do livre-arbítrio

151
-

diz nada de novo. A forma da lei só diz o que já está dito. Para

-
-

Hegel não admite uma contradição apenas formal. Ao

Kant responde que se deve cumprir o

Não existe liberdade natural. Somente existe liberdade


-
-

-
152 Mateus Salvadori
-

-
-
-

Só há uma determinidade quando se coloca outra de-

e só pode ser

possa empreender esta operação fácil da qual se tem

exemplo da questão se a máxima de aumentar minha

153
teria assim por conteúdo que cada um tem o direito
-

conceito que deve decidir sobre a justeza da primeira


ou da segunda hipótese [...]. Se a determinidade da
-

nada de novo.

154 Mateus Salvadori


da teoria formal e da teoria empirista. Não há como criar um

pura -
mando ao acaso uma determinação empírica e colocando-a
-
-

-
trar como este princípio pode ser relacionado a um sis-
-

uma luta por autoconservação. Essa visão considera o homem

em que havia uma harmonia entre a liberdade individual e os

-
-

155
-

que sua concepção do reconhecimento não podia mais apelar a

-
-
mento.38
-

as mudanças sociais por meio da luta por reconhecimento e propõe uma concepção
-

156 Mateus Salvadori


-
mento por meio de torturas – na maioria das vezes – são carac-

cura e da via da expiação em Hegel. Esse debate se insere no Es-


-
39
.
-
diato como expressão da vontade livre. Se não houvesse con-
-
ria mais como tratar de conteúdo posteriormente. O direito de
posse se reporta ao direito de troca. O direito de troca só se
-
to formal da posse.
-

-
-
so de mediação do conceito.

(dividida na seguinte tríade:

do conceito – o conceito realizado.

157
-
-
do exterior. A propósito da pessoa em sua primeira

caráter ele mesmo imediato e não de determinações

O direito abstrato apresenta as formas mais imediatas


-

pode realizar-se graças às relações do direito vigente


numa comunidade determinada. Abstrato porque a
-
de no que se refere às suas próprias determinações

40
primeiro momento do di-

-
dade com relação a todas as coisas. [...] Nossos direitos de propriedade baseiam-se
como pessoas. [...] O sis-

demonstramos respeito pelas pessoas demonstrando respeito pela integridade de


-

158 Mateus Salvadori


-
-

-
de de uso (mas não de troca).

-
cional se estabelece na mediação e não na imediatez. Ao dizer
racionalidade. O

-
senta as formas mais imediatas da expressão da vontade livre.
Somente há a possibilidade da troca quando a posse se torna

outras vontades. Hegel introduz o direito de propriedade como


expressão da vontade livre reconhecida.

O que há de racional na relação com as coisas exte-

159
No d

-
-
mento formal da propriedade de outro.
-
-

-
ma: não há nada que impõe limites sobre as vontades e uma

A igualdade deve ser tratada na condição de perso-


-

do direito abstrato.
160 Mateus Salvadori
-

relação à propriedade (objeto) e não em relação ao direito. Por

mas ela só passa a ser introduzida no crime. O

do direito se dá por meio do conceito de vontade do Espírito

-
-

161
-
-

a universalidade que por si mesmo o criminoso reco-


nheceu e à qual se deve submeter como ao seu pró-

punição: a via da expiação e a via da cura. A teoria da expiação

-
41
e da

organização da sociedade. As relações entre os homens se dão por meio de regras.


-

162 Mateus Salvadori


-

-
dário. O delinquente está doente e precisa ser curado. Nessa

tratado por Hegel na . Considerar o


-

Ambas as vias (expiação e cura) são adotadas por He-

expiação como a função da cura.


-
-

-
sumem estarem inversamente relacionadas às taxas de reabilitação e de dissuasão.

163
-

doente que tem a possibilidade de curar-se. A punição torna o

cura consiste em um tratamento: passar-se-ia de um estado do-

(ser em-si) à sua reconciliação. A lei imediata da vingança sa-


-

da lei reconcilia o criminoso consigo mesmo e tem

164 Mateus Salvadori


anular um mal causado e restabelecer a ordem jurídica. Se a lei

imposição da pena pelo mal do crime.42

-
-
-

visando uma compensação justa. (MARQUES apud TRAVESSONI

Moderna predominou a pena como


-
-

165
-
-

-
-

estado de guerra.

166 Mateus Salvadori


-
co enquanto agentes livres e responsáveis apenas na
medida em que pautam seus comportamentos por
-
lutas a cada um de respeitar os direitos básicos de
todos os demais. Quando criminosos rompem com

próprias condições que sabem ser necessárias para


sua liberdade e seu respeito próprio. O criminoso
que rouba outra pessoa não pode consistentemente
-

coação de algo que o direito protege e garante. A vontade desta


-

punição como sua própria manifestação? [...] O cen-

167
-
-

-
ação pedagógica ou coação exercida contra a selva-
geria e a ferocidade aparece sem dúvida como a pri-

defendida de uma tal vontade sem cultura: ou o ser

visto empiricamente pode ser subjugado. A vontade livre somen-


-

afirmação da subjugação do direito abstrato. Mesmo havendo

-
-
168 Mateus Salvadori
consideração a complexidade de sua estrutura. A

-
mento deve ao mesmo tempo mostrar o caráter vão

torna-se necessário saber se a indenização mediante


o valor pode ter lugar no caso em questão. A univer-

medida que o prejuízo pode ser indenizado por uma


-

-
-

169
-

permite que o direito se reconcilie consigo mesmo.

cura ou da expiação. A punição caracterizada pela cura visa uma

caracterizada pela expiação visa gerar um sofrimento compen-


-

um mal e a punição como um bem). O mal não se caracteriza

da negação do direito. A pena visa restabelecer a ordem jurídica


e a vontade geral que foi negada pela vontade do delinquen-

direito e a vontade geral.


170 Mateus Salvadori
-

-
rar a sua honra (via da cura).
-
-

adianta criar procedimentos formais para guiar a ação do ho-

-
-
-

171
-

vontade livre. A moralidade representa a intenção interior dos


-
te se responsabiliza o agente pelo saber e pelo querer. A pessoa

legal não poderá ser contradito com o direito da moralidade. O


direito não se preocupa com as intenções ou com o propósito.

na discussão do direito.

. Reconhece-

-
-

a moralidade trata d -
172 Mateus Salvadori
-

aquilo que tem origem na vontade do sujeito. Como posso res-


-

sujeito agente. A moralidade trata das condições da responsa-

o seu lado formal enquanto autodeterminação da vontade. Isso


não depende de conteúdo. Hegel concorda com o fato de Kant

Hegel visa uma complementaridade em relação a Kant.

173
se permanece no aspecto formal.

diz respeito ao reconhecimento da vontade livre como princí-


pio universal. Todo nível da moralidade trata da fundamentação

-
do em outro nível. Percebe-se que em Hegel há um reconheci-
mento da liberdade como princípio universal e há uma teoria

-
tros
direito de posse e do direito de propriedade não reconhecendo
o direito da vontade livre.
-

174 Mateus Salvadori


querer que a máxima se torne
uma lei universal?). Isso não depende do reconhecimento dos

da vontade enquanto vontade pura. A vontade subjetiva está


presente na ação.
Algumas perguntas centrais nesse debate – entre a
-

por aquilo que foi premeditado (saber e querer)? Se uma ação

da minha ação? O agente pode ser responsabilizado pelas con-

consciente de serem minhas quando passarem a ser exterio-

complementa o outro.

só reconhecer como ação sua aquilo que ela se representou e

imputado à medida que ele se enquadra no direito do saber.

175
-
-

se desenvolve em todos os seus aspectos segundo


as suas relações com a necessidade exterior tem re-

lhe acrescentam algo de muito diferente daquilo que


-

aquilo que ele sabia e queria. O sujeito pode ser responsabili-

mostra os passos das instâncias mediadoras decorrentes da res-

resolvido em nível da eticidade.


-

176 Mateus Salvadori


-
cou fogo na casa do vizinho e queimou um quarteirão inteiro

ação coincide com a realização do propósito.


-

próprias imanentes que indicam a natureza da própria ação e

-
jeito deveria saber.

o ato individual envolvido no -

Citando um exemplo de Kant sobre dois náufragos e

177
-

pelo ato tomado não são de responsabilidade do sujeito agente.

-
-
-

efeitos de uma ação permanecem no âmbito da responsabilida-

178 Mateus Salvadori


-
lismo

-
-

em face de uma realidade externa que não se encontra total-

de Kant consiste na pressuposição de princípios

A concepção acerca do justo e do jurídico somente supera o

-
siderado um direito fundamental. Podem ser usados todos os

se for necessário.

179
Isso mostr -

um direito que pode fazer valer (não como concessão

tempo reconhecidos o direito como tal e a capacida-

-
-

-
-

injusto considerar essa ação como um roubo ordinário. O ne-

180 Mateus Salvadori


Hegel com a filosofia kantiana sobre o problema das exceções
acerca do imperativo categórico. O formalismo kantiano não

As exceções ferem a validade apriorística do imperativo


categórico e da lei moral.

Hegel considera que refere-se apenas às ações que


se contrapõem a um conteúdo histórico determinado.

A -
-

-
-
tre direitos. A vida tem um direito ante o direito abstrato. Dessa

Hegel está preocupado com a discussão em torno do

Kant tratou do conceito de

181
não trata do -
e não ao
-

-
vo formal). A fundamentação moral se impõe para resolver uma
formal. O direito no

Já o direito no

vista do -

182 Mateus Salvadori


Assim como a atribui responsabilidade so-

-
-

por uma boa intenção ou uma boa razão ou funda-

(
ou de adquirir propriedade. Outras pessoas não podem violar es-

e
-

183
184 Mateus Salvadori
-

-
-
-

da autonomia individual e o modo como o sujeito se liberta


do imediato e entra na segunda natureza. Ela preenche a
-
-
rada pelo Estado.

mediação social da vontade livre enquanto princípio orien-

dos deveres [...] não deve reduzir-se ao princípio vazio da

doutrina do dever busca o seu conteúdo? Como elaborar uma

185
-

noutras relações morais bem como no bem-estar e


na opinião. Mas uma teoria coerente e imanente dos
deveres só pode ser o desenvolvimento das relações

-
ções? Qual a implicação disso com o conceito de liberdade? A
-

43
ocorre pela mediação.

Mas o que na realidade o indivíduo encontra no de-

assim da opressão em que se encontra como sub-

-
ceito ontológico de espírito me parecem hoje passíveis de serem de algum modo
-

-
mentada na forma de uma reconstrução das condições necessárias da autonomia

186 Mateus Salvadori


-
-

sociais que se pode falar de liberdade mediada e reconhecida

-
-

187
vontades livres. Hegel abandona a primeira natureza por ela não

-
-
-

-
-

procedimento do IC. Somente adquirimos conhecimento moral


naquilo que Hegel denomina

-
-
188 Mateus Salvadori
-

o conceito

meio das mediações. A primeira natureza corresponde ao ime-

-
de (vontade livre) e ela se realiza por meio das determinações.

189
com capacidade jurídica (deveres e direitos). Qualquer pessoa
-

44

190 Mateus Salvadori


-

cidadãos de se manifestarem contra o ordenamento jurídico ca-


racterizado como injusto. Apesar de parecer um direito contra
-
veis reformas na legislação.
-
-

indivíduo passa a ser tratado como membro ( ) e não


mais como pessoa (direito abstrato) e sujeito (moralidade). A

se houver o consentimento de ambos. O mero formalismo não

sujeito encontra-se dissolvida e superada na relação mediada


que ocorre nessa primeira forma de vida comunitária. A reali-
191
-

das famílias geram novas famílias e pessoas reconhecidas. Faz-

uma realização plena do indivíduo. Somente com a mediação

em corporações devido à necessidade. Elas são a segunda famí-

do trabalho na sociedade civil divide-se em vários


-

como universal. O membro da sociedade civil torna-

-
to e não sai dos limites que são próprios aos negócios

A sociedade civil45 -

quais o homem se torna um ser concretamente livre. A substancialidade imanente

192 Mateus Salvadori


-
sidade ocorre mediante a possessão da propriedade e pelo tra-

preenche o vazio deixado na dissolução da família. A corpora-


-

-
-
-

encontrar os meios de se exprimir e de fazer valer a opinião


-
dadãos podem expressar o seu ponto de vista e seus desejos.46

193
opinião sobre os assuntos públicos manifesta-se no
-
-
tancial e verdadeiro encontram-se associados ao que

dos estamentos. A opinião pública tem o direito de não aceitar

A base deve ser os hábitos e os costumes dos povos.

razão de ser se torna uma relação contraditória. Esta ligação contraditória universal-
-

143-144).

194 Mateus Salvadori


-

na sua totalidade da trata de uma

opinião pública faz parte desta totalidade lógica do


-

-
blicos. O Estado não pode interferir nisso. A liberdade de co-
-
prensa ( ) e pelo discurso oral ( ). A opi-

195
A opinião pública tem duas funções importantes.

-
tercâmbio ocorre nos debates da assembleia dos Es-
tados [

Se os indivíduos concluírem que os encarregados das


-

quando os encarregados das funções públicas são os mais capa-

possível manipulá-lo.

-
sencial para os cidadãos superarem a atuação injusta do Estado.

-
ter passivamente à opressão existente. Compete aos

196 Mateus Salvadori


-
-
víduos comportam-se em relação ao Estado como se
-
ríodo de degradação da livre organização social. [...]

pensar do cidadão perfazem e desenvolvem o concei-

O Estado não pode impor decisões sobre os cidadãos

o injusto somente porque ele foi imposto.

-
-

os que discordam dele e querem reclamar seus di-

-
veria dominar e impor a sua vontade sobre o sujeito. O Estado
-

197
sem a qual qualquer comunidade pode vir a ser opres-
sora em relação à vida individual. Trata-se de criar as
-

jurisdição se faz necessária para gerar a ordem. Por meio da


-

povo está exercendo a sua liberdade por meio de sua opinião. A

os assuntos de forma descompromissada. Claro que a opinião

embasada no imediato e não no racional.

-
-

198 Mateus Salvadori


A força da opinião pública e o direito de oposição
precisam estar assegurados. Aí está a importância
-
verno e o povo. Sem os estamentos (com a função

-
-

Os cidadãos devem conhecer as leis e devem aceitar

estuda a acessibilidade e o conhecimento das leis.

a lei injusta e se opor a ela. A lei ( ) simboliza o direito

do

-
199
-

do juiz)47

-
-

48

Pela razão ou por qualquer condição precisa que o

delito corresponde uma punição corporal de catorze

prisão de um ano ou de trezentos e sessenta e quatro

200 Mateus Salvadori


um

arbitrariedade e contradição fazem parte do conteúdo e da

As leis visam proteger os indivíduos – pessoa de direito

homem vale enquanto homem e não devido a sua nacionalida-

tal modo que o conhecimento do direito em vigor só


seja acessível àqueles que especialmente se instru-
201
-

O direito e as leis devem ser um conhecimento para


todos e não apenas para alguns que dominam um pretenso
-

[...] são erros que assentam no desconhecimento da natureza

está sempre sendo construído e reformulado para tal.


Hegel rompe com toda dicotomia entre conteúdo e

Há momentos históricos que foram decisivos para a conquista


-
-

um indivíduo determinado e como diferenciando-se fora dele


-

202 Mateus Salvadori


-

) e uma forma

-
ceu do processo de mediação do real. O princípio da liberdade

). O conceito nunca se realiza plenamente.


-
-

a necessidade de os libertar da sua forma de determinismo natu-

-
-

-
-

203
As extravagâncias da liberdade da comunicação públi-
ca são cobradas pelas leis do Estado. Os excessos devem ser

-
sabilizar por aquilo que expressou.

ser responsável por aquilo que se diz e se faz. Por meio da opi-
-
co. A elaboração das leis deve levar em consideração a opinião

204 Mateus Salvadori


-
-

-
sig-
-

-
senta o -

-
-

demonstra a diferença da concepção hegeliana acerca


-
tos fundamentais da liberdade e a separação dos poderes.

vida do Estado.

pró-
205
-
-

parte da cultura do país.

cada povo depende da natureza e cultura da consci-

-
-
tuição

em conta o elemento que faz dela mais do que um ser


-

Hegel visa superar.


-

206 Mateus Salvadori


-
ção entre o governo e o povo.

-
-
-

-
bleias de ordem situam-se entre o governo em geral
e o povo disperso em círculos e indivíduos diferentes.

mediação com o poder governamental organizado de


modo a que o poder do príncipe não apareça como

corporações e dos indivíduos. Graças a essa media-


-

de uma sociedade dividida em grupos com interesses diversos.

-
-
207
-

-
mente transcendem os limites e as imperfeições de
-

e expandir (e aprofundar) nossa liberdade e nossa


igualdade – estão implícitos desde o início junto com
-

-
nária normalmente são orientadas para preservar a

208 Mateus Salvadori


-
-
cidade. A solidariedade faz parte de uma sociedade unida e coesa.

-
-
de dos indivíduos. Hegel não aceita uma forma estatal que se im-

) universal e os inte-

culminação do processo do desenvolvimento do conceito ocorre


-
lações humanas são substanciais e não contratuais.
-

209
-
-

medições culturais transformando-se historicamente.

Os indivíduos que são responsáveis por cargos públi-


cos exercem-nos porque há um reconhecimento por parte dos
-

possibilidade de examinar a vida pública.


-
rias formalistas idealistas acerca do direito. Ambas as teorias

210 Mateus Salvadori


da razão -

-
-
lidade e não admitem exceções. Querer que um princípio seja

entre a lei universal e a máxima. Hegel discorda de Kant. As leis

Uma explicação estritamente formal do direito natu-

Hegel concorda com Kant que a unidade racional


deve estar na base dessa pluralidade. Mas a unidade

as funções jurídicas diferenciadas como mutuamente

maneira. A grande inovação de Hegel foi mostrar que


-

direito designa direitos e deveres que nos são impos-

a moralidade e a juridicidade podem colidir. No entan-

as pessoas exercendo a liberdade moral fora de um


quadro jurídico. Ao limitar nossa liberdade de infrin-

torna primeiramente possível. E desse modo nossas

211
-

-
-

somente um poder exercido de cima para baixo. As classes são

uma sociedade dividida em classes. A passagem da sociedade


civil para o Estado ocorre justamente devido à presença de uma

-
-
temente necessário decidir sobre pontos de detalhe
de uma forma arbitrária: a proibição e punição de

212 Mateus Salvadori


-
-

autoridade. Mas as leis não são simplesmente uma

prefere uma ordem jurídica a uma ordem meramen-

espírito do tempo não marcham necessariamente no mesmo

213
-
do dada
-

Existe liberdade? Ou tudo está previamente determi-


-

espaço para o livre-arbítrio?

-
-

eo (tribunal
-
-

interesses públicos. O ( )eo


( ) são centrais para a compreensão da histó-

-
214 Mateus Salvadori
-

49

o saber pensante do que existe no tempo. Da mesma

[...] Na

215
50

conceitos e estão inter-


-
51

poderia falar em liberdade.

que a vontade se autodetermina de modo plenamen-


-
de se determina? Sabemos que em Hegel determinar

que simplesmente adota quaisquer desejos e impulsos que porventura tenha. Hegel

-
para o conceito de si mesma como uma vontade

o conceito de uma vontade livre (ou da liberdade). Notem a importância da edu-


cação ( ). Temos que ter em mente que Hegel não está falando de vontades

sobre o e se realiza no

216 Mateus Salvadori


conceito responsável pela negação-determinação.

(leitura da necessidade)52 -

-
-

pelo Estado e na

possibilidade de uma razão necessária governar o mundo. Vale dizer que o mundo
-

217
-
no. .

continua existindo e não está eliminada. A história ainda está

-
-

218 Mateus Salvadori


-

-
-
-

-
-

-
tão na síntese em iguais proporções.

219
Se não ho

si. Assumindo que na síntese não há a preponderância da ne-

-
-

de desenvolvimento da ideia da liberdade na mes-


ma medida da necessidade. Só assim se poderá fa-

-
-

220 Mateus Salvadori


do mundo [...]. Aqui na terra Deus caminha . Que

liberdade e da racionalidade que as grandes civilizações alcan-


-

-
-

-
-

-
-
nada à liberdade. A liberdade só se realiza mediante a vontade

A vontade – de um indivíduo – somente se determina


-

221
-
-

-
-

do

de de-

A história tem um princípio que a perpassa. O movi-


-

222 Mateus Salvadori


-

-
-

-
cessariamente a realização da liberdade. Quando Hegel diz que

O só se realiza plenamente no pensamento e na

223
-
na. O conceito nunca se realiza empiricamente de forma de-

p. 201). Os povos diferenciam-se devido aos diferentes graus de


-

em em parte ao fato de que [...] o ‘tribunal de julgamento

( -

da história. Como se dá a relação entre o substancial e o direito


da liberdade individual? Como se dá a unidade na diversidade?

224 Mateus Salvadori


possuir o seu pleno desenvolvimento e o reconheci-
mento dos seus direitos para si (nos sistemas da fa-

consciente e voluntariamente o reconhecem como

-
-
-

-
ma de tratados e de direito internacional [...] que se baseia mais
-

225
-
-

necessário e defendendo que somos livres apenas quando obe-

A verdadeira liberdade requer a co-autoria do ho-

história. O caminho a ser trilhado pelo homem não


-
-

226 Mateus Salvadori


-

-
gir essa meta plenamente. Esses são os realizadores do espírito
-

do herói brota e irrompe o âmago dinâmico da História. [...] O

Nada de grande acontece no mundo sem paixão. São


-

tapete da história universal que se desenrola perante

Algumas das grandes revoluções somente foram pos-

-
ções que eclodem aparentemente de forma brusca no palco do

227
e acelerar o processo de adequação do próprio povo à maturi-

de aceleração histórica [...]. A adequação do espírito


do tempo precede e de algum modo força a mudan-

que na interpretação da história o espírito do povo

-
-

228 Mateus Salvadori


-
-

53

. O conceito

229
-

e oriundos

com a condição de que o futuro penetre no presente não de maneira imediata (

230 Mateus Salvadori


-
-

-
ria compreende o desenvolvimento linear das civilizações que
se sucederam ao longo do tempo histórico e o desenvolvimento
horizontal da sociedade planetária ocupada por tantos povos e
-
-

outros Estados. O segundo momento deste desenvol-


-
-

do mesmo em reconhecer a liberdade e a autono-


mia dos outros Estados. Trata-se de uma totalidade

um Estado cosmopolita universal como queria Kant.

231
-
-

Por meio do estudo dos conceitos


e

-
54
Na negação

55
A

-
-

232 Mateus Salvadori


-
-

exatamente porque estaria retornando ao Direito abstrato da

233
234 Mateus Salvadori
-

para todo o real desde as suas partes como em seu todo. Ele
-

-
-

rejeita qualquer conteúdo empírico para a fundamentação da

teoria da mesma. Os princípios não podem ser pensados a par-

vazio e indeterminado.
-

235
-

agir precisa ter validade universal para ter caráter moral. Antes

aceitariam a escolha que faço? Seria possível um mundo no qual

caráter universal justamente por estar fundamentada na razão.

A razão manda categoricamente. Não há espaço para abrir ex-


-
versalmente e eu não posso abrir para uma exceção para
-

-
teriza-se por ser uma relação de arbítrios e refere-se apenas à

-
teúdo das escolhas. Trata das ações em relação a sua conformi-
dade ao dever e não por dever. Dessa visão formal acerca do

236 Mateus Salvadori


ternamente de modo que o livre uso de teu arbítrio possa coe-
-
-

acaba se contradizendo.

nível do direito abstrato. O conceito do direito inclui a morali-

237
-
-
-

princípio da liberdade.

e não em nome do direito abstrato. Recorre-se ao princípio para

medida a moralidade avança em relação ao direito abstrato. O

238 Mateus Salvadori


-

-
nações do que a moralidade. A moralidade trata da fundamen-
-

-
táveis? Kant parte do de que os homens sabem

para alcançar a moralidade.


-
-
-
preciso
saber o que devo fazer).

239
. A universalidade deve ser concreta e não

-
-

obra quanto na obra


-

-
-

jurídico. Hegel supera o formalismo do direito natural e ataca a

240 Mateus Salvadori


uma interpre-

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