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Po
Dividida em cincopartes,
nas quais se trata
De Deus
Il. Da Natureza e Origem da Mente
Ill. Da Origem e Natureza dos Afetos
IV. Da Servidao Humana, ou das Forgas dos Afetos
Da Poténcia do Intelecto, ou da Liberdade Humana
E T ICA
Parte Primeira,
DE DE U §S
DEFINIGOES
1. Por causa desi entendo! aquilo cuja esséncia envolveexis-
téncia, ou seja*, aquilo cuja natureza nao pode ser concebida
senaoexistente.
II. E dita finita em seu género aquela coisa que pode ser
delimitada® por outra de mesmanatureza. P. ex., um corpo é
dito finito porque concebemos outro sempre maior. Assim,
um pensamento é delimitado por outro pensamento. Porém,
um corponao delimitado por um pensamento, nem um pen-
samento por um corpo.
IIL. Por substancia entendoaquilo que é em sie ¢ concebido
porsi, isto é, aquilo cujo conceitnao precisa do conceito de
outra coisa a partir do qualdeva ser formado.
IV.Por atributo entendoaquilo que intelecto percebe da
substincia* como constituindo a esséncia dela.
V. Por modoentendoafecgées da substancia, ou seja, aquilo
que é em outro, pelo qual também é concebido.
VI. Por Deus entendo o ente absolutamenteinfinito,isto é,
a substAncia que consiste’ em infinitos atributos, cada um dos
quais exprime umaesséncia eterna ¢ infinita.
Parte tl De Deus 47
ExpLrrcagio
Digo absolutamenteinfinito, nao porém em scu géncro; pois, daquilo que €
infinito apenas emseu género, podemos negarinfinitos atributos; porém, ao que
é absolutamente infinito, 4 sua esséncia pertence tudo 0 que exprime uma essén-
nao envolve nenhumanegagio.
VILE dita livre aquela coisa que existe a partir da s6° neces-
sidade de sua natureza ¢ determina-se porsi sé a agir. Porém,
necessaria, ou antes coagida, aquela que ¢ determinada por ou-
tro a existir ¢ a operar de maneira certa ¢ determinada.
VIII. Por eternidade entendo a prépria existéncia enquan-
to concebida seguir necessariamente da sé definigao da coisa
eterna.
Expricagio
Tal existéncia, pois, assim como uma esséncia de coisa, é concebida comover-
dade eterna, ¢ porisso nao pode ser explicada pela duragio ou pelo tempo, ainda
que se conceba a duragio carecer de principio ¢ fim.
AXIOMAS
I. Tudo que é, ou é em si ou em outro.
II. Aquilo que nao pode ser concebido por outro deve ser
concebidopor si.
IIL. De umacausa determinada dada segue necessariamente
um efeito; ¢, ao contrario, se nenhumacausa determinada for
dada ¢ impossivel que siga um cfeito.
IV. O conhecimento do efeito depende do conhecimento
da causa ¢ 0 envolve.
V. Coisas que nada tem em comum umacom a outra tam-
bém nao podem ser entendidas umapela outra,ou seja, 0 con-
ceito de umanao envolve o conceito da outra.
ee
Parre fl Der Deus 9
ProrosigAo I
A substancia é anterior por natureza a suas afecgoes.
dD EMONSTRAGAO
FE patente pelas Definigoes 3 ¢ 5.
ProrosrigAo II
Duas substancias que tématributos diversos nada tém em co-
mum entre Si.
DEMON TRAGAO
£ tambémpatente pela Def 3. Co! efeico, cada uma delas deve ser em
si ¢ deve ser concebida porsi, ou seja, o conceito de uma naoenvolve o
conceito da outra.
ProrposigAo III
Decoisas que nada tém em comumentresi, uma nao pode ser
causa da outra.
DEMONSTRAGAO
Se nada tém em comum uma coma outra, entaio(pelo Ax. 5) nao po-
dem ser entendidas uma pela outra, ¢ por isso (pelo Ax. 4) uma nio pode
ser causa da outra. C. Q. D.”
Prorposigdo IV
Duasou vdrias coisas distintas distinguem-se entre si ou pela
diversidade dos atributos das substancias, ou pela diversidade
das afecgoes das mesmas substancias.
DEMONSTRAGAO
Tudo que é, ou é em si ou em outro (pelo Ax. 1), isto é (pe-
las Def, 3 ¢ 5), fora do intelecto nada é dado exceto substancias e¢
suas afecgdes. Logo, nada é dado fora do intelecto pelo que varias
re:
Pante tl De Deus 3
Prorposigaéo V
Na natureza das coisas nao podem ser dadas duas ou varias
substancias de mesma natureza, ou seja, de mesmo atributo.
DimMonstTRagio
Se fossem dadas varias [substancias] distintas, deveriam distingui!
-se entre si ou pela diversidade dos atributos ou pela diversidade das
afecgoes (pela Prop. preced.). Se apenas pela diversidade dos atributos,
concede-se portanto que nao se dé senao uma [substancia] do mesmo
atributo. Poroutro lado, se pela diversidade das afecgées, como a subs-
tincia € anterior por natureza a suas afecgées (pela Prop. 1), portanto,
afastadas as afecgées ¢ cm si considerada, isto ¢, (pela Def. 3 ¢ Ax. 6)
verdadeiramente considerada,nao se poder4 conceber que seja distin-
guida de outra, isto € (pela Prop. preced.), nao poderaoser dadasvarias
[substancias}, mas apenas uma. C. Q. D.
ProrpostgaAao VI
Uma substancia naopodeserproduzidaporoutra substancia.
DEMONSTRAGKO
| Na naturera das coisas nao podem ser dadas duas substincias de
mesmo atributo (pela Prop. preced.), isto é (pela Prop. 2), que tenham
entre si algo em comum. Eporisso (pela Prop. 3), uma nao pode ser
causa de outra, ou seja, nao podeser produzida por outra. C. Q. D.
COKOLARIO
Daf segue que a substancia nao pode ser produzida por outro. Com
efeito, na natureza das coisas nada é dado exceto substancias ¢ suas
afecgées, comoé patente pelo Ax. 1 ¢ pelas Def. 3 ¢ 5. Ora, nio pode ser
produzida por uma substincia (pela Prop. preced.). Logo, a substancia
nio pode absolutamente ser produzida poroutro. C. Q. D.
Doutra Maneira
Isto também é demonstrado mais facilmente pelo absurdo do con-
traditério. Com efcito, se a substancia pudesse ser produzida por ou-
tro, seu conhecimento deveria depender do conhecimentodesua causa
(pelo Ax. 4), ¢ entio (pela Def. 3) naoseria substancia.
Parte t De Deus 33
ProrposigAo VII
A natureza da substancia pertenceexistir.
DrEMONSTRAGAO
Asubstincia nao pode ser produzida por outro (pelo Corol. da Prop. pre-
ced.). Eassim sera causa desi, isto é (pela Def. 1), sua propria esséncia envolve
necessariamenteexisténcia,ouseja, 4 sua natureza pertenceexistir. C.Q. D.
ProposigAo VIII
Toda substancia é necessariamenteinfinita.
DEMONSTRAGAO
sio produzidos na mente. Se, por outro lado, os homens prestassem aten-
gio 4 natureza da substincia, de jeito nenhum duvidariam da verdade da
Prop. ; € mais, esta Proposigao seria axioma para todos ¢ enumerada en-
tre as nogdes comuns. Pois por substincia entenderiam aquilo que é em
si¢ é concebido por si, isto é, aquilo cujo conhecimento nao precisa do
conhecimentode outracoisa. Por modificagées, porém, aquilo que é em
‘outro ¢ cujo conceito é formadoa partir do conceito da coisa em que sao.
Por isso podemos ter ideias verdadciras de modificagées nao existentes,
visto que, embora nio existam em ato fora do intelecto, todavia a essén-
cia delas é de tal modo compreendida em outro que podem porele ser
concebidas, 20 passo que a verdade das substancias fora do intelecto nao
est senao nelas préprias, 4 que sio concebidas porsi. Logo, se alguém
dissesse ter a ideia clara e distinta, isto ¢, a verdadcira ideia da substancia,
¢ nao obstante dissesse duvidarse porventura tal substancia existe, seria
‘0 mesmo, por Hércules !, se dissesse ter uma ideia verdadeira ¢ contu-
do duvidasse se acaso <nao> seria falsa (como € suficientemente mani-
festo a quem prestar atengao). Ouse alguém sustenta que a substancia é
criada, simultaneamente sustenta que se fez verdadeira uma ideia falsa,
certamente nao podeser concebido maior absurdo.Porisso € necessa
confessar que a existéncia da substancia, assim comosuaesséncia, € uma
verdade eterna. Dai podemosconcluir, dourra maneira, que nio é dada
sendo umatinica de mesmanatureza, 0 que aqui vale a pena mostrar. Mas
para que cu faga isto com ordem, cumpre observar que: I. a verdadei-
ra definigao de cada coisa nada envolve nem exprime exceto a natureza
da coisa definida. Disto segue II. que nenhumadefinigao envolve nem
exprime um certo niimero de individuos, visto que nada outro exprime
senao a natureza da coisa definida.P.ex.: a definigdo de triangulo nada
outro exprime sendo a simples natureza do triangulo, e no um certo
niimero de triangulos.III. E de notar que de cada coisa existente ¢ dada
necessariamente uma certa causa pela qual existe. IV. Enfim, é de notar
que esta causa, pela qual algumacoisa existe, ou deve estar contida na
prépria natureza ¢ definigao da coisa existente (nao é de admirar, jd que a
sua natureza pertence existir), ou deve ser dada fora dela.Isto posto, segue
que, se na natureza existe um certo niimerode individuos, deve necessaria-
menteser dada a causa por que existem aqueles individuos ¢ por que nao
ees
Parte l De Devs ad
mais nem menos. Se, p. ex., na natureza das coisas existem 20 homens (os
quais, « bem da clareca, suponbo que existem simultaneamente € que, saté4
entao, nao tinham existido outros na matureza), nio bastard (para darmo
razdo por que 20 homens existem) mostrar a causa da natureza humanaem
geral. Porém, sera necessirio ademais mostrar a causa por que nem mais
nem menos de 20 existem, visto que (pela Observagio III.) de cada um
deve necessariamente ser dada a causa por que existe. E esta causa (pe/as
Observagées U1.¢ III.) nao podeestar contida na propria natureza humana,
visto que a verdadeira definiggo de homem nioenvolve o niimero 20. E
porisso (pela Observagao IV.) a causa por que estes 20 homens existem, €
consequentementepor que cada um existe, deve necessariamente ser dada
fora de cada um.E, em vista disso, cumpre concluir absolutamente que
rudo de cuja natureza podem existir varios individuos deve ter necessaria-
mente uma causa externa para que existam. Agora, pois que 3 natureza da
substincia(pelojd mostrado neste Esc.) pertence existir, deve sua definigao
envolver existéncia necessiria ¢, consequentemente, de sua s6 definisao
deve ser concluida sua existéncia. Ora, da sua definigao (comojd mostra-
mos nas Observacées Il. ¢ III.) nao pode seguir a existéncia de varias subs-
tancias; logo, dela segue necessariamente queexiste apenas uma nica de
mesma natureza, como propunha-se.
Proposri¢gaAo IX
Quanto mais realidadeou ser cada coisa tem, tanto mais atri-
butos lhe competem.
DemonsTRAGAO
E patente pela Definigao 4.
Prorposi¢gAo X
Cada atributo de uma substancia deveser concebidopor si.
DEMONSTRAGAO
Com efeito, atributo é aquilo que o intelecto percebe da substancia
comoconstituindo a esséncia dela (pela Def. 4) ¢ por conseguinte (pela
Def. 3) deve ser concebidoporsi. C. Q. D.
Parte l De Deus 9
Escéuto
Disto transparece que, embora dois atributos sejam concebidosreal-
mente distintos, isto é, um sem a ajuda do outro, nao podemosdaf con-
cluir, porém, que cles constituem dois entes, ou seja, duas substincias
diversas. Com efeito, é da natureza da substancia que cada um de scus
atributos seja concebido por si, visto que todos os atributos que cla tem
sempre foram simultancamente nela, ¢ nenhum péde ser produzido por
outro, mas cada um exprimea realidade, ouseja, o ser da substancia. Logo,
esta longe de ser absurdoatribuir a uma substincia varios atributos; mais
ainda,nada € mais claro na natureza quanto dever cada ente conceber-se
sob algum atributo, e quanto mais realidade ouser tenha, tanto mais atri-
butos tem,os quais exprimem necessidade, ou seja, eternidade ¢ infinida-
de, e por consequéncia, nada também mais claro do que necessariamente
haver de se definir 0 ente absolutamenteinfinito (conforme demos na Def.
6) como ente que consiste em infinitos atributos, dos quais cada um
exprime umacerta esséncia eterna ¢ infinita. Agora, se alguém perguntar
a partir de quesinal poderemos reconhecer a diversidade das substancias,
leia as proposicéesseguintes, que mostram quenaoexiste na natureza das
coisas sendo umatnica substancia ¢ que cla ¢ absolutamenteinfinita, ra-
zio pela qualeste sinal ser4 procurado em vao.
Prorposi¢gdAo XI
Deus, ou seja, a substancia que consiste em infinitos atributos,
dos quais cada um exprime umaesséncia eterna e infinita, existe
necessariamente.
DEMONSTRAGAO
Se negas, concebe,se possivel, que Deus nao exista. Logo (pelo Ax. 7)
sua esséncia nao envolve existéncia. Ora, isto (pela Prop. 7) € absurdo.
Logo Deus existe necessariamente. C. Q. D.
Doutra Mancira
De toda coisa deve ser assinalada a causa ou razio tanto por que
existe, quanto por que nao existe. P. ex., se existe um tridngulo, deve
ser dada a razio ou causa por queexiste; se, por outro lado, nio existe,
Parte I Dre Deus s
deve ser dada também a razio ou causa que impede que exista, ou seja, que
inibe sua existéncia. Esta razao ou causa, na verdade, deve estar contida
ou na natureza da coisa ou fora dela. P. ex., a razao por que nao existe
um circulo quadrado, sua propria natureza indica; nao é de admirar, ja
que envolve contradi¢ao. Ao contrario, da sé natureza da substancia se-
gue também por que existe, a saber, ja que envolve existéncia (ver Prop.
7). A razao, porém, por que um circulo ou um triangulo cxistem ou por
que nao existem nao segue de sua natureza, mas da ordem da natureza
corpérea inteira; com efeito, disto deve seguir ou que o triangulo existe
agora necessariamente ou que é impossivel que exista agora. E essas coi-
sas sao por si manifestas. Dai segue existir necessariamente isso de que
nao é dada nenhuma razdo nem causa que impega que exista. E assim, se
nao pode ser dada nenhuma razao nem causa que impega que Deusexista,
ou que iniba sua existéncia, certamente cumpre concluir que ele existe
necessariamente. Mas setal razao ou causa fosse dada, deveria ser dada
ou na propria natureza de Deusou fora dela, isto é, em outra substancia
de outra natureza. Pois se fosse de mesma natureza, por isso mesmo seria
concedido que Deus é dado [existe]. Mas uma substancia que fosse de ou-
tra natureza, nada tendo em comum com Deus(pela Prop. z), por isso nao
poderia nem por nem tirar a existéncia dele. Portanto, como uma razao
ou causa que iniba a existéncia divina nao podeser dada fora da natureza
divina, dever4 necessariamente ser dada, conquanto [Deus] nao exista, na
sua prépria natureza, a qual por forga disso envolveria contradi¢ao. Ora,
afirmartal coisa do ente absolutamente infinito ¢ sumamenteperfeito é
absurdo; logo, nem em Deus nem fora de Deus é dada umacausa ou razao
que iniba sua existéncia e, por conseguinte, Deus existe necessariamente.
C.Q.D.
Doutra Maneira
Podernao existir? é impoténcia ¢, ao contrario, poder existir é potén-
cia (como é conhecido por si). E assim, se 0 que agora existe necessariamente
nao sao senao entesfinitos, entao osentes finitos sao mais potentes que
o Ente absolutamenteinfinito; ¢ isto (como é conhecidopor si) ¢ absurdo;
logo, ou nada existe, ou necessariamente o Ente absolutamente infinito
também existe. Ora, nés existimos, ou em nés ou em outro que existe ne-
cessariamente (ver Ax. 1 ¢ Prop. 7). Logo, o ente absolutamenteinfinito,
isto ¢ (pela Def. 6), Deus, existe necessariamente. C. Q. D.
Parte De Deus os
Escotio0
Nesta tiltima demonstragao, quis mostrar a existéncia de Deus 4 pos-
teriori para que a demonstragio fosse mais facilmente percebida, ¢ nio
porque deste mesmo fundamento a existéncia de Deus nio siga a priori.
Pois, como poderexistir é poténcia, segue que quanto mais realidade cabe
A natureza de alguma coisa, tanto mais forgas tem de para existir; por
isso o Ente absolutamente infinito, ouseja, Deus, tem de si poténcia de
existir absolutamente infinita, ¢ por causa disso ele existe absolutamente.
Todavia muitos talvez nao possam ver facilmente a evidéncia desta de-
monstragio, j4 que estao acostumados a contemplar somente as coisas que
fluem de causas externas; dentre clas, veem as que siofeitas rapido, isto é,
que existem facilmente ¢ também perecem facilmente; ao contrario, jul-
gam coisas mais dificeis deser feitas, isto é, nao tio faceis de existir, aque-
las as quais concebem pertencer muita cojsa. Na verdade, para liber4-los
destes prejuizos, nao me dou o trabalho de mostrar aqui por que razao 0
enunciadoo que ¢feito rdpido, rdpidoperece é verdadciro, nem também se,
com respeito a naturezainteira, tudo é ou naoigualmentefacil. Mas basta
notar apenas que nao falo aqui de coisas feitas por causas externas, mas s6
de substancias, que (pela Prop. 6) nao podem serproduzidas por nenhuma
causa externa. Com efeito, coisas feitas por causas externas, constem elas
de muitas ou poucas partes, o que quer que tenham deperfeigao, ou seja, _
realidade, deve-se totalmentea forga da causa externa,¢ porisso a existén-
“cia delas provém dasé perfeigao da causa externa ¢ nao da perfeigao delas.
Ao contrério, o que querque a substancia tenha deperfeicao nao se deve
a nenhumacausa externa;porisso, também desua sé natureza deve seguin
sua existéncia, a qual, por conseguinte, nao é nada mais quesua essénci:
perfeigao, portanto, Jo tira’? a existéncia da coisa, mas ao contrario
a poc; a imperfeigao,ao invés, tira-a, ¢ porisso no podemos estar mais
certosda existéncia de nenhumacoisa do que da existéncia do Ente abso-
lutamenteinfinito ouperfeito,isto é, de Deus. Pois, visto quesua esséncia
exclui toda imperfeigio ¢ envolve absoluta perfeigéo, por isto mesmo su-
primetoda causa de duvidarda sua existéncia, ¢ dela dé a sumacerteza, 0
que,creio, ser4 claro a quem prestar um poucode atengio.
Paxret De Deus 4s
PrRovposigdAo XII
Nao pode verdadeiramente ser concebido nenhumatributo da
substancia do qual siga que a substancia possa ser dividida.
DEMONSTRAGAO
Com efeito, as partes em que se dividiria a substancia, assim coneeb
da, ou conservariam a natureza de substancia, ou nao. Se posto o primeira
caso, entio (pela Prop. 8) cada parte deveria ser infinita ¢ (pela Prop. 6)
causa desi e (pela Prop. 5) deveria constar de um atributo diverso ¢, por
isso, a partir de uma substincia poderiam ser constituidas varias, 0 que
(pela Prop. 6) & absurdo. Acrescente-se que as partes (pela Prop. 2) nada
teriam em comum com seu todo,¢ 0 todo (pela Def. 4 ¢ Prop. 10) poderia
ser ¢ ser concebido sem suas partes, 0 que ninguém duvidara ser absur-
do. Agora, se posto 0 segundo, a saber, que as partes nao conservariam a
natureza de substancia; entio, quando a substancia inteira fosse dividida
em partesiguais, perderia a natureza de substancia ¢ cessaria de ser, 0 que
(pela Prop. 7) € absurdo.
PrRorosigAo XIII
A substancia absolutamenteinfinita ¢ indivistvel.
DEMONSTRAGAO
Comefeito,se fosse divisivel, as partes em quese dividiria, ou conser-
variam a natureza da substincia absolutamenteinfinita, ou nao. Se posto
© primeirocaso, entio scriam dadas varias substancias de mesma natureza,
o que (pela Prop. s) é absurdo. Se posto o segundo, entao (como acima) a
substancia absolutamenteinfinita poderiacessar deser, 0 que (pela Prop.
11) é também absurdo.
CoRoLARIO
Disto segue que nenhumasubstancia, ¢ consequentemente nenhuma
substancia corpérea, enquanto é substancia, é divisivel.
Esc6.rio
Quea substancia seja indivisivel € mais simplesmenteentendidoa par-
0 apenas: a natureza da substincia nao pode ser concebida senao
infinita, ¢ por parte da substancia nada outro pode ser entendido senao
Parte I De Deus a
PrRorposirgéo XIV
Além de Deus nenhuma substancia pode ser dada nem conce-
bida.
DEMONSTRAGAO
Como Deus é 0 ente absolutamente infinito do qual nenhum atribu-
to que exprime a esséncia da substancia pode ser negado (pela Def. 6), €
existe necessariamente (pela Prop. 11), se alguma substancia além de Deus
fosse dada, deveria ser explicada por algum atributo de Deus, ¢ assim duas
substancias de mesmo atributo existiriam, o que (pela Prop. 5) é absurdo.
Por isso nenhumasubstancia fora de Deus pode ser dada ¢, consequente-
mente, nem tampoucoser concebida. Pois se pudesse ser concebida, deve-
ria necessariamente ser concebida comoexistente, mas isto (pela primeira
parte desta Demonstragao) é absurdo. Logo, fora de Deus nenhumasubs-
tancia podeser dada, nem concebida.C. Q. D.
CororAdArRio I
Dai muito claramente segue: I° que Deus€ tinico,isto ¢ (pela Def. 6),
na natureza das coisas nao é dada senao uma substancia,e ela é absoluta-
mente infinita, comoja indicamos no Escélio da Proposigao 10.
CorordARrio II
Segue: II* que a coisa extensa ¢ a coisa pensante sao ou atributos de
Deus ou(pelo Ax. 1) afecgées dosatributos de Deus.
ProrposigAo XV
Tudo que é, é em Deus, e nada sem Deus pode ser nem ser
concebido.
DEMONSTRAGAO
Além de Deus nao é dada nem podeser concebida nenhumasubstan-
cia (pela Prop. 14), isto é (pela Def. 3), uma coisa que é em si ¢ € con-
cebida por si. Modos, por sua vez (pela Def. 5), nao podem ser nem ser
concebidos sem substancia; por isso s6 podem ser na natureza divina e
s6 por ela ser concebidos. Ora, nada é dado além de substancias e modos
Parte l De Deus. oi
(pelo Ax. 1). Logo, nada sem Deus pode ser nemser concebido. C. Q.
D.
scoLi08
Hi os que forjam Deus 4 parecenga do homem, constando de corpo
¢ mente, ¢ submetido as paixdes; mas quio longe estio do verdadciro
conhecimento de Deus,isto consta suficientemente do j4 demonstrado.
Mas deixo-os de lado, pois todos que de alguma maneira contemplaram
a natureza divina negam que Deus seja corpéreo. O que também provam
muito bem pelo fato de entendermosporcorpo uma quantidade qualquer
com comprimento, largura ¢ profundidade, delimitada por uma certa
figura; ¢ nada mais absurdo queisso pode ser dito de Deus, 0 ente ab-
solutamente infinito. Ao mesmo tempo, no entanto, com outras razbes
pelas quais se esforsam em demonstrat o mesmo, mostram claramente que
removem porinteiro da natureza divina a prépria substincia corpérea,
ouseja, extensa, ¢ sustentam que ela é criada por Deus. Ora, por qual po-
réncia divina poderia ter sido criada, ignoram por completo; 0 que mos-
tra claramentenao entenderem 0 que eles préprios dizem. Eu ao menos,
a meujuizo, demonstrei com suficiente clareza (ver (orol. da Prop. 6
&sc. 1 da Prop. 8) que nenhumasubstancia pode ser produzida ou criada
por outro. Ademais, mostramos na ‘Proposigao 14 que além de Deusne-
nhumasubstncia pode ser dada nem concebida; ¢ dai concluimos que a
substancia extensa ¢ umdosinfinitos atributos de Deus. Porém, para uma
explicagao mais completa, refutarei os argumentosdos adversirios, que se
reduzem todos ao seguinte. Primeiro, que a substincia corpérea, enquan-
ro substancia, consta de partes, pensam cles, ¢ por isso negam que possa
ser infinita ¢ que possa consequentemente pertencer a Deus; ¢ explicam-
-no com muitos exemplos, dentre os quais mencionarei um ou outro. Se a
substancia corpérea, acrescentam, ¢ infinita, que se conceba ser dividida
em duas partes; cada umadas partes sera ou finita ou infinita. Se finita,
entio o infinito sera composto de duas partes finitas, o que é absurdo.
Se infinita, entao dar-se-4 um infinito duas vezes maior que outro infi-
0, © que também é absurdo. Além disso, se uma quantidadeinfinita
for medida em partes iguais a um pé, devera constar de infinitas partes
comoessas, bem comose medida em partes iguais a uma polegada; ¢ com
isso um numeroinfinito serd doze vezes maior que outro ntimero infi-
nito. Enfim, que se concebam partir de um ponto em uma quantidade
aaa
Panre d De Devs
senao Unica ¢ senio indivisivel (ver Prop. 8, 5 ¢ 12), eles a concebem for-
mada de partes finitas, multipla e divisivel. Assim também outros, apés
fingirem que a linha é composta de pontos, sabem inventar muitos argu-
mentospelos quais mostram que a linha nao pode ser dividida ao infinito.
E seguramente nao ¢ menos absurdo afirmar que a substancia corpérea é
composta de corpos, ou seja, de partes, do que afirmar que 0 corpo é com-
posto de superficies, as superficies, de linhas, as linhas, enfim, de pontos.
E isto devem confessar todos que sabem ser infalivel a razao clara, ¢ em
primciro lugar aqucles que negam quese dé o vacuo. Pois se a substan-
cia corpérea pudesse ser dividida de tal mancira que suas partes fossem
realmente distintas, por que entao uma parte nao poderia ser aniquilada,
permanecendoas demais, como antes, conectadasentre si? E por que to-
das devem ajustar-se de tal mancira que nao se dé o vacuo? Porcerto, das
coisas que sao realmente distintas entre si, uma pode ser sem a outra ¢
permanecer em seu estado. Portanto, como nao é dado o vacuo na natu-
reza (do quefalci alhures)", mas todas as partes devem concorrerde tal
mancira que naoseja dado 0 vacuo, dai segue também que clas nao podem
distinguir-se realmente, isto ¢, a substancia corpérea, enquanto é subs-
tancia, nao pode ser dividida. Se alguém, todavia, perguntar agora por
que somospor natureza propensosa dividir a quantidade, respondo-lhe
que a quantidade é por nés concebida de duas maneiras: abstratamente,
ou seja, superficialmente, conforme a imaginamos, ou comosubstancia, 0
quesé é feito pelo intelecto. E assim, se prestarmos atengao & quantidade
conformecla é na imaginagao, 0 que é feito amitide ¢ mais facilmente por
nés, sera encontradafinita, divisivel e formada de partes; ja se prestar-
mosatengao a ela conforme é no intelecto, ¢ a concebermos enquanto é
substancia, o que ¢ dificilimo fazer, entao sera encontradainfinita, inica
¢ indivisivel, como ja demonstramossuficientemente. O que serd assaz
manifesto a todos que saibam distinguir entre imaginacao e intelecto;
mormentese também for dada atengao a que a matéria é em todolugar a
mesmace quenela naose distinguem partes senao enquanto a concebemos
afetada de diversos modos, dondesuaspartes se distinguirem apenas mo-
dalmente, mas nao realmente. Por ex., concebemos que a 4gua, enquanto
Parte l Dr Devs
Prorposigdo XVI
Da necessidade da natureza divina devem seguir infinitas
coisas em infinitos modos (isto é, tudo que pode cair sob o inte-
Lecto infinito).
DEMONSTRAGAO
Esta proposigéo deve ser mani sta a qualquer um, conta0 nto que preste
ecto con-
atengio a que, da definigao dada de umacoisa qualquer, intel
clui varias propriedades, que realmente dela 0 é, da propria real esséncia
da coisa) seguem necessariamente, ¢ tantas mais quanto mais idade
a definigao da coisa exprime,isto é, quanto mais realidade a esséncia da
coisa definida envolve. Ora, como a natureza divina tem absolucamente
atributosinfinitos(pela Def 6), dos quais também cada um exprime uma
m
esséncia infinita em seu género, logo, da necessidade da mesma dever
seguir necessariamenteinfinitas coisas ¢m infinitos modos (isto é, tudo
que pode cair sob o intelectoinfinito). C. QD.
Corordrio I
m cair
Dafsegue que Deus é causa eficiente de todas as coisas que pode
sob 0 intclecto infinito.
Paure tl De Deus n”
Cororkanio Il
Segue: II° que Deus é causa porsi, ¢ naopor acidente.
Corordrio Ill
Segue: III® que Deusé absolutamente causa primeira.
ProposigaéAo XVII
|
Deus age somentepelas leis de sua natureza e por ninguém é
| coagido.
|| DEMONSTRAGAO
Dasé necessidade da natureza divina ou (0 que ¢ 0 mesmo) somente
| das Icis de sua natureza, mostramoshi pouco,na Prop. 16, seguirem abso-
lutamenteinfinitas coisas; ¢ na Prop. 15 demonstramosque nada podeser
. nemser concebido sem Deus, mastudo é em Deus;porisso fora dele nada
| podeser pelo que seja determinado ou coagidoa agir, ¢ portanto Deus
age somentepelas leis de sua natureza ¢ por ninguém é coagido. C. Q. D.
CororArio 1
Dondesegue: I* que nao é dada, excctoa perfei¢gao de sua propria natu-
reza, nenhumacausaque extrinseca ou intrinsecamenteincite Deusa agir.
Corordrio Il
Segue:II que s6 Deus € causa livre. Com efeito, sé Deus existe pela s6
necessidade de sua natureza (pela Prop. 11 ¢ Corol. 1 da Prop. 14) e age pela
sb necessidade de sua natureza(pela Prop. preced.). E porisso (pela Def. 7)
86 ele € causa livre. C.Q D.
EscéLio
Outrosjulgam Deussercausalivre porque, como pensam,pode fazerque
as coisas que dissemosseguir de sua natureza, quer dizer, que esto em seu
poder, naoocorram,isto é,nao sejam produzidasporele. Maséomesmo que
se dissessem que Deuspode fazer que da natureza do tringulo naosiga que
seustrésangulossaoiguaisadoisretos, ouseja,quedeumacausadadanaosiga
Parte l De Deus
Parte l De Deus a
ProrposigAo XVIII
Deus é causa imanente de todas as coisas, mas nado transitiva.
Parte l Dr Deus 83
DEMONSTRAGAO
Tudo que é, € em Deus e por Deus deve ser concebido (pela Prop. 15).
¢ por isso (pelo Corol. 1 da Prop. 16) Deus é causa das coisas que sao nele;
co que é 0 primeiro. Além disso, fora de Deus nao podeser dada nenhuma
substancia (pela Prop. 14), isto ¢ (pela Def. 3), uma coisa que seja. cm si fora
de Deus; 0 que era 0 segundo. Logo, Deus é a causa imanente de todas as
coisas, mas nao transitiva. C. QD.
Prorposigdio XIX
Deus, ou seja, todos os atributos de Deus sdo eternos.
DEMONSTRAGAO
Com efeiro, Deus (pela Def. 6) é a substancia que (pela Prop. 11) existe
Ou
necessariamente, isto é (pela Prop. 7), a cuja natureza pertence existir, isso
seja (0 que € 0 mesmo), de cuja definigéo segue que cle existe, ¢ por
ela Def, 8) ¢ eterno. Em seguida, por atributos de Deus cumpre entender
aquilo que(pela Def. 4) exprime a esséncia da substincia divina, isto ¢, 0
que pertence & substancia; ¢ isso mesmo que os préprios atriburos devem
envolver. Ora, natureza da substancia (comojd demonstrei pela Prop. 7)
-
tence a eternidade. Logo, cada um dosatributos deve envolver eterni
dade, ¢ assim todossao eternos. C. QD.
EscoéL10
ao clarissima esta proposigao também se patenteia pela mancira
como(Prop. 11) demonstrei a existéncia de Deus; a partir daquelacia,de-€
monstra¢io, consta que a existéncia de Deus, assim comosua essén
verdade eterna. Ademais, também doutra mancira (Prop. 19 dos Principios
de Descartes) demonstrei a eternidade de Deus ¢ nao me douao trabalho
de repeti-lo aqui.
Prorposigao XX
A existéncia de Deus e sua esséncia sao um sé € 0 mesmo.
DEMONSTRAGAO
Deus (pela Prop. preced.) ¢ todos os seus atributos sio cternos,
isto é (pela Def, 8), cada um de seus atributos exprime existéncia.
Logo, os mesmosatributos de Deus que (pela Def. 4) explicam a es-
séncia eterna de Deus explicam simultaneamente sua existéncia eter-
na, isto & aquilo mesmo que constitui a esséncia de Deus constitui
Panre l De Deus as
Prorposrigéio XXI
Tudo que segue da natureza absoluta de algum atributo de
Deus deve ter existido sempre e infinito, ou seja, pelo mesmo atri-
buto é eterno ¢ infinito.
DeEMONSTRAGAO
Prorposigdéo XXII
Tudo que segue de algum atributo de Deus, enquanto é mo- |
dificado por uma modificagao tal que, pelo mesmo [atributo}, |
existe necessariamente e infinita, deve tambémexistir necessari-
|
amente ¢ infinito.
DEMONSTRAGAO |
Ademonstragao desta Proposigao procede da mesma mancira que a da
demonstragio precedente,
ProrposigAo XXIII
Todo modo queexiste necessariamente ¢ ¢ infinito deveterse-
guido necessariamente ou da natureza absoluta de algumatri-
buto de Deus, ou de algum atributo modificado por uma modifi-
cagao queexiste necessariamente ¢ infinita.
DrMONSTRAGAO
Com efeito, 0 modo é em outro, pelo qual deveser concebido (pela
Def. 5), isto € (pela Prop. 15), & s6 em Deus € x6 por Deus pode ser
Paxrel De Devs id
ir necessariamente
concebido. Se 0 modo, portanto, é concebido existiame
ser infinito, ambos devem ser concluidos necessar nte, ou seja. per
xtbidos por algum atributo de Deus, enquanto 0 mesmo é concebidoex-
primir infinidade ¢ necessidade da existéncia, ou seja (o que pela Def. 8 é0
Presmo), erernidade,isto € (pela Def. 6 ¢ Prop. 19). enquanto€ considerado
absolutamente. Logo, o modoqueexiste necessariamente ¢ € infinito deve
ter seguido da natureza absoluta de algum atriburo de Deus: ¢ isto, ou
imediatamente(sobre o qué, a Prop. 21), ou mediante alguma modificagao
que segue de sua natureza absoluta,isto é (pela Prep. preced.), que existe
necessariamente ¢ infinita. C.Q. D.
ProrposigAéo XXIV
A esséncia das coisas produzidas por Deus nao envolve exis-
téncia.
DEMONSTRAGAO
£ patente pela Definicio L. Com efeito, aquilo cuja natureza (em si
considerada) envolve existéncia é causa desi ¢ existe pela sé necessidade
de sua natureza.
Cororario
Daf segue que Deus é causa nao apenas de que as coisas comecem a
existir, mas também de que perseverem noexistir, ou seja (para usar um
termo Escolistico), Deus é a causa doser das coisas. Pois, quer as coisas
existam, quer nio existam, todas as vezes que prestamos atengio a sua ¢s-
séncia, descobrimos que cla nao envolve nem existéncia nem duragao; por
isso a esséncia delas nao podeser causa nem de sua existéncia nem de sua
duracdo, mas apenas Deus, a cuja s6 natureza pertence existir (pelo Corol.
1da Prop. 14).
Prorposi¢gaéo XXV
Deus é causa eficiente ndo apenas da existéncia dascoisas,
mas também da esséncia.
DEMONSTRAGAO
Se negas, entéo Deus nao é causa da esséncia das coisas, por isso
(pelo Ax. 4) a esséncia das coisas podeser concebida sem Deus; ora, isto
——
Parte t De Drus ”
(pela Prop. 15) é absurdo. Logo, Deus é causa também da esséncia das coi-
sas. CQ. D.
Escéurti0}
Esta proposigao segue mais claramente da Proposigio 16. Com efcito,
desta segue que da natureza divina dada deve concluir-se necessariamente
tanto a esséncia quantoa existéncia das coisas; c, em uma palavra, no sen-
tido em que Deusé dito causade si, cumpre dizé-lo também causa de to-
das as coisas, o que ainda mais claramente constard do Corolario seguinte.
CoroLArio
Ascoisas particulares nada sao senao afecgées dos atributos de Deus,
ou seja, modos, pelos quais os atributos de Deus se exprimem de mancira
certa e determinada. A Demonstragio é patente pela Proposigao 15 ¢ De-
finigao 5.
ProrposigAéao XXVI
Umacoisa que ¢ determinadaa operar algo, assimfoi deter-
minada necessariamente por Deus; e aquela que nao é determi-
nada por Deus nao pode determinar-se a si propria a operar.
DEMONSTRAGAO
Aquilo pelo que as coisas sao ditas determinadas a operar algo é neces-
sariamente um positivo (como é conbecidoporsi). Por conseguinte, Deus,
pela necessidadede sua natureza, é causa eficiente tanto da esséncia quan-
to da existéncia disso (pelas Prop. 15 € 16); 0 que era o primeiro. Do que
também segue clarissimamente 0 que € proposto em segundo; pois, se a
coisa que nao é determinada por Deus puder determinar-se a si prépria,
a primeira parte desta proposigao sera falsa, o que é absurdo, como mos-
tramos.
Prorposig¢géo XXVII
Umacoisa que édeterminada por Deus a operar algo naopode
tornar-se a si prépria indeterminada.
DEMONSTRAGAO
Esta proposicao é patentepelo terceiro Axioma.
>
Parte l De Deus 93
Prorposi¢gAo XXVIII
Escé.Lio0
Comocertas coisas devem ter sido produzidas imediatamente por
Deus, a saber, as que seguem necessariamente de sua natureza absoluta ¢,
ser con-
medianteestas primeiras, outras, sem que todavia possam ser nem
cebidas sem Deus; dai segue, I*, que Deus é causa absolutamente proxima
das coisas produzidas imediatamente por cle, mas nao, como acrescentam,
em seu género; pois oscfcitos de Deus nao podem ser nem ser concebidos
sem sua causa (pela Prop. 13 e Corol. da Prop. 24). Segue, 11°, que Deus
nao pode propriamente ser dito causa remota dascoisas singulares, a nao
ser talvez para que distingamosestas claramente das que produz imedia-
por
ramente, ou melhor, das que seguem de sua natureza absoluta; pois
causa remota entendemos aquela que dejeito nenhum é ligada ao cfeito.
que sem
Ora, tudo o queé, € em Deus, ¢ de Deus dependede tal maneira
ele néo pode ser nem ser concebido.
Prorposigao XXIX
Na natureza das coisas nada é dado de contingente, mas tudo
é determinado pela necessidade da natureza divina a existir €
operar de maneira certa.
DEMONSTRAGAO
Tudo que é, é em Deus (pela Prop. 15), ¢ Deus nao pode ser dito coi-
contin-
sa contingente, porque (pela Prop. 11) existe necesséria ¢ nao
gentemente. Além disso, os modos da nacureza divina também seguem
en-
dela necessaria ¢ nao contingentemente (pela Prop. 16), ¢ isso quer
quanto a natureza divina é considerada absolutamente (pela Prop. 21),
quer enquanto é considerada determinadaa agir de maneira cerca (pela
Prop. 27)". Ademais, Deus nio apenas é causa desses modos enquan-
to simplesmente existem (pelo Coroldrio da Prop. 24), mas também
(pela Prop. 26) enquanto considerados determinados a operar algo.
Pois se nao forem (pela mesma Prop.) determinados por Deus, € im-
possivel, ¢ ndo contingente, que se determinem a si préprios; ao con-
trério (pela Prop. 27), se forem determinados por Deus, ¢ impossivel, ¢
nao contingente, que se tornem si préprios indeterminados. Porisso,
Ee———l_
Parte I De Deus 97
Com efeito, pelo ja exposto, estimo estar estabelecido que por Natureza
naturante nos cumpreentender aquilo que é em si ¢ ¢ concebido por si,
ou seja, os atributos da substancia, que exprimem uma esséncia eterna ¢
en-
infinita, isto ¢ (pelo Corol. 1 da Prop. 14 ¢ Corol. 2 da Prop. 17), Deus
entretanto,
quanto considerado como causa livre. Por Natureza naturada,
Proposigéo XXX
O intelecto, finito em ato ou infinito em ato, deve compreen-
der os atributos de Deus e as afecgées de Deus, e nada outro.
DEMONSTRAGAO
A ideia verdadeira deve convir com seu ideado(pelo Ax.6), isto é (como
é conhecido porsi), 0 que esté contido objetivamente no intelecto deve
necessariamente ser dado na Natureza; ora, na Natureza (pelo Corol. 1 da
Prop. 14) nao é dada senao umatnica substancia, Deus, ¢ nenhumas ou-
tras afecgdes (pela Prop. 15) senao as que so em Deus,as quais (pela mes-
ma Prop.) sem Deus nao podemser nem ser concebidas; logo,o intelecto,
finito em ato ou infinito em ato, deve compreender os atributos de Deus
eas afecgées de Deus, ¢ nadaoutro. C. Q. D.
Prorposigéo XXXI
O intelecto em ato, seja elefinito seja infinito, assim como a
vontade, o desejo, 0 amor, etc., devem ser referidos a Natureza
naturada e nao a naturante.
Parte l De Devs 99
DEMONSTRAGKO
Porintelecto, com efeito (como ¢ conhecide por si), nao entendemos
pensamento absoluto, mas apenas um certo modo de pensar, modo que
difere de outros, a saber, o desejo, o amor, etc., ¢ por isso (pela Def $) deve
ser concebido pelo pensamento absoluto, quer dizer, (pelt Prop. 15 ¢ Def.
6) por algum atribuco de Deus que exprimea esséncia eterna ¢ infinita do
pensamento, € deve ser concebido de tal sorte que sem esse atributo nio
possa ser nem ser concebido; ¢ por consequéncia (pelo Esc. diz Prop. 29)
deve ser referido 4 Narureza naturada ¢ nao & naturante, © mesmo ocor-
rendo com os outros modosde pensar. C. Q. D.
Escé.110
A razaoporque falo aqui de intelecto em ato nao € porque concedo ser
dado algum intelecto em poréncia, mas, por desejar evitar toda confusio,
nio quis falar senio da coisa que por nés é percebida mais claramente, a
saber, a propria intelecgao, nada sendo percebido por nés de mais claro
que ela. Com efeito, nada podemos entender que nio conduza ao conhe-
cimento mais perfeito da intelecgio.
ProrposrgAo XXXII
A vontade nao pode ser chamada causa livre, mas somente
necessaria.
DrEMONSTRAGAO
vontade é somente um certo mododepensar, assim comoo intelec-
to; € porisso (pela Prop. 28) cada voli¢ao nao pode existir nem ser deter-
minada a operar, a nio ser que seja determinadapor outra causa, ¢ essa por
suavez poroutra ¢ assim por diante ao infinito. E se a vontade for suposta
infinita, deve também ser determinadaa existir ¢ a operar por Deus, nio
enquanto é substincia absolutamente infinita, mas enquanto tem um atti
buto que exprimea esséncia eterna ¢ infinita do pensamento (pela Prop.
23). Por conseguinte, qualquer que seja a maneira pela qual[a vontade] é
concebida, seja finita seja infinita, requer uma causa pela qualseja deter-
minada a existir ¢ a operar; € por isso (pela Def. 7) nao pode serdita causa
livre, mas somente necessiria ou coagida. C. Q. D.
Panre l De Deus tor
Cororadnio |
Disso segue: Ique Deus nao opera pela liberdade da vontade.
Cornordrio It
Segue: II* que a vontade € o intelecto estio para a natureza de Deus
assim como © movimento ¢ 0 repouso ¢, absolutamente, todasas coisas
| nacurais, que (pela Prop. 29) devem ser determinadas por Deus a existir €
a operar de maneira certa. Pois a vontade, comotodo o resto, precisa de
a certa.
uma causa pela qual seja determinada a existir ¢ operar de maneir
E, embora de dada vontade ou" intelecto sigam infinitas coisas, nem por
isso Deus podeser dito agir pela liberdade da vontade mais do que, por
tas coisas,
haver coisas que seguem do movimento ¢ do repouso (infini
com efcito, seguem deles também), pode ser dito agir pela liberdade do- \
nature
movimento ¢ do repouso. Portanto a vontade nao pertence mais 3
como ©
zade Deus do queas ourras coisas naturais, mas esta para cla assim
movimento ¢ 0 repouso ¢ todas as outras coisas, que mostramos seguirem
da necessidade da natureza de Deus ¢ pela mesma serem determinadas a
existir ¢ a operar de maneira certa,
ProrpositgAo XXXIII
il!
As coisas nao puderamser produzidas por Deus de nenhbuma
outa mancira e em nenhuma outra ordem do que aquelas em
que foram produsidas.
DuMONSTRAGAO
Comefeito, rodas as coisas seguemnecessariamente(pela Prop. 16) da
r-
natureza de Deus dada ¢,pela necessidade da natureza de Deus, sao dete
minadas a existit ¢ operar de maneira certa (pela Prop. 29), Assim, se as
coisas pudessem ser de outra nacureza ou dererminadas a operar de ourra
maneira, de sorte que a ordem da natureza fosse outra, entio também a
natureza de Deus poderia ser outra doque agora é; ¢ portanto (pela Prep.
11) ela tambémdeveria existir ¢, consequentemente, dois ou mais deuses
poderiam ser dados, o que(pelo Corol. 1 da Prop. 14) éabsurdo.Porisso as
coisas nio puderam ser produzidas por Deus de nenhuma outra maneira ¢
em nenhumaoutra ordem, ete. C. Q. D.
Parte l De Deus 103
Escourto 1
Pois que mostrei mais claramente do que a luz do me que nas
coisas absolutamente nada é dado pelo que sejam ditas contingentes, que-
ro agora explicar em poucas palavras o que nos cumprira entender por
contingente; mas, primeiro, o que [entender] por necessdrio ¢ impossivel.
Umacoisa é dita necessaria ou em razaode sua esséncia ou em razao de sua
causa. Com efeito, a existéncia de umacoisa segue necessariamente ou de
sua propria essénciae defini¢gao, ou de uma dada causa eficiente. Ademais,
também poresses motivos umacoisa é dita impossivel. Nao é de admirar,
scja porque sua esséncia ou definigao envolve contradigao, seja porque nio
é dada nenhumacausa externa determinadaa produzir tal coisa. Ora, por
nenhum outro motivo umacoisa é dita contingente senao com relagio a
um defeito de nosso conhecimento. Com efeito, umacoisa cuja esséncia
ignoramos envolver contradigio, ou da qual sabemos bem que nao envol-
ve nenhumacontradigao ¢ de cuja existéncia, contudo, nao podemosafir-
mar nada de certo porque a ordem das causas nos escapa,tal coisa nunca
podeser vista por nés nem como necessiria, nem comoi possivel, © por
isso chamamo-la ou contingente ou possivel.
Escotuto II
Doque precede segue claramente que as coisas foram produzidas por
Deus com sumaperfeigao, visto que seguiram necessariamente da nature-
za perfeitissima dada.E isso nao imputaa Deus nenhumaimperfeigao; sua
propria perfeigao, com efcito, nos obriga a afirmarisso. E mais, a partir do
contririo disso seguiria claramente (como mostrei ha pouco) que Deus nao
ésumamente perfeito; o que nao é de admirar, porque,se as coisas tivessem
sido produzidas de outra maneira, caberia arribuir a Deus outra narureza,
diferente desta que somos obrigadosa atribuir-lhe pela consideragao do
Ente perfeitissimo. Contudo nao duvido que muitos rechacem violenta-
mente esta opiniao como absurda, ¢ que nao queiram dispor 0 animopara
sopesé-la; ¢ isso por nenhum outro motivo sendo porquese acostumaram
aatribuir a Deus outra liberdade, muito diversa daquela por nésapresen-
tada (Def 7), a saber, a vontadeabsolura, Porém nao duvido também que,
se quisessem meditara coisa € retamente ponderar consigo mesmos série
de nossas demonstragées, por fim rejeitariam plenamentetalliberdade
Partel De Dnus 105
Proposrgéo XXXIV
A poténcia de Deus é sua prépria esséncia.
Paxre l Dre Devs sop
DemMoNnsTRAGAO
Com efeito, da sé necessidade da esséncia de Deus segue que Deus €
causa de si (pela Prop.t1) ¢ (pela Prop. 16 ¢ seu Corol.) de todas as coisas.
Logo, a poténcia de Deus, pela qual cle proprio € todas as coisas sio €
agem, é sua propria esséncia. C. QD.
PrRorposigio XXXV
O que quer que concebamos estar no poder de Deus, necessa-
riamente é.
DEMONSTRAGAO
Comefeito, © que quer que esteja no poder de Deus deve (pela Prop.
preced.) estar compreendido em sua esséncia, de cal mancira que siga ne-
cessariamente dela, ¢ porisso necessariamente é.C. Q. D.
PRoOPosit1¢gao XXXVI
Nadaexiste de cuja natureza nao siga algumefeito.
DEMOoNSTRAGAO
O que quer que exista exprime de maneiracerta e determinada (pelo
Corol. da Prop. 2s) a natureza, ouseja, a esséncia de Deus, isto é (pela
Prop. 34). 0 que quer que exista exprime de mancira certa ¢ determinada a
poréncia de Deus, a qual é causa de todas as coisas, ¢ por conseguinte (pela
Prop. 16) disso deve seguir algum efeito. C. Q. D.
APENDICE
Com isto, expliquei a natureza de Deus ¢ suas propriedades, tais
como: queexiste necessariamente; que tinico; que é € age pela sé ne-
cessidade de sua natureza; que é causa livre de todasas coisas ¢ como o
& que tudo é em Deus ¢ depende dele de tal maneira que sem ele nada
pode ser nem ser concebido; ¢, finalmente, que tudo foi predetermina-
do por Deus, nio decerto pela liberdade da vontade, ou seja, por abso-
luco beneplacito, mas pela natureza absoluta de Deus, ouseja, por sua
poténcia infinita. Ademais, onde quer que houvesse ocasiio, cuidei de
remover preconceitos que poderiam impedir que minhas demonstra-
Ges fossem percebidas; mas comoainda restam nao poucos preconcei-
tos que também, ¢ até mesmo ao maximo, poderiam, e podem, impedir
que os homens possam abragar a concatenagio das coisas da mancira
comoa expliquei, fui levado a pensar que aq} alia a pena convocé-los
ann
Parte i De Deus
come meios, ado puderam crer que se fizeram a si mesmas, mas a partir
Gos meios que costumam proverpara si priprios tiveram de coneluir que
i algum ou alguns dirigentes da natureza, dotadosde liberdade huma-
na, que cuidaram de cudopara eles ¢ tudo fizeram para seu uso. E vis-
co que nada jamais ouviram sobre o engenho destes, tiveram tambémde
jelgi-lo pelo seu ¢, por conseguinte, sustentaram que os Deuses dirigem
redo para o uso dos homens, a fim de que estes Ihes fiquem rendidos¢
hes criburem suma honra; donde sucedeu que cada um, conforme seu
engenho, excogitasse diversas maneiras de culruar Deuspara queeste Ihe
tivesse afci¢o acima dos demais ¢ dirigisse a natureza inteira para uso
de sea cego desejo ¢ de sua insaciavel evareza. E assim esse preconccito
virou supersticao, deitando profundas raizes nas mentes, o que foi causa
de que cada um se dedicasse com maximo esforgo a entender¢ explicar
as causa finais de todas coisas. Porém, enquanto buscavam mostrar que
a natureza nunca age em vio (isto ¢, que nao seja para uso do homem),
nada outro parecem haver mostrado senio que a natureza ¢ os Deuses, a0
igual que os homens,deliram. Vé, pego, a que ponto chegaram as coisas!
Em meio 2 tantas coisas cémodasda natureza, tiveram de deparar com
no poucas incémodas: tempestades, terremotos, doengas, etc., € susten-
taram ento queestas sobrevieram porque os Deuses ficaram irados com
as injarias a eles feitas pelos homens,ou seja, com os pecados cometidos
em seu culto. E embora a experiéncia todo dia protestasse ¢ mostrasse
com infinitos exemplos que o comodo ¢ o incémodo sobrevém igual ¢
indistintamente aos pios ¢ aos impios, nem porisso largaram o arraiga-
do preconceito: com efeito, foi-lhes mais facil por esses acontecimentos
entre as outras coisas incégnitas, cujo uso ignoravam, ¢ assim manter seu
estado presente ¢ inato de ignorancia, em vez de destruir toda essa estru-
tura ¢ excogitar ura nova. Donde terem dado por assentado que osjuizos
dos Deuses de longe ultrapassam a compreensio humana, o que, decer-
to,seria a causa tinica para que a verdade escapasse ao género humano
para sempre, nao fosse a Matematica, que nao se volta parafins, mas so-
mente para esséncias ¢ propriedadesde figuras, ter mostrado aos homens
outra norma da verdad ; ¢ além da Matematica, também outras causas
podem ser apontadas (que aqui é supérfluo enumerar), as quais puderam
fazer que os homens abrissem os olhos para esses preconccitos comuns
—-
Parte t De Deus ug
an-
romam a imaginagao pelo intelecto, por isso creem firmemente, ignor
ces que sio da natureza das coisas ¢ da sua prépria, haver ordem nas coisas.
Pois quandoelas sio de tal mancira dispostas que, a0 nos serem represen-
tadas pelos sentidos, podemos facilmente imaginé-las e, por conseguinte,
facilmente recordé-las, dizemos que sio bem ordenadas; se 0 contrario,
dizemos que sao mal ordenadas, ou seja, confusas. E visto que as coisas
que podemos facilmente imaginar nos sio mais agradaveis que as outras,
porisso os homenspreferem a ordem 4 confusio, comose a ordem fos-
se algo na natureza para além da relagao com nossa imaginagao; ¢ dizem
que Deuscriouw tudo com ordem e¢, desta mancira, sem saber, atribuem
imaginagao a Deus; a naoser talvez que queiram que Deus, provendo 4
imaginagio humana,tenha disposto as coisas de tal maneira que os ho-
mens pudessem facilimamente imagin4-las; ¢ nao lhes sera empecilho que
se encontrem infinitas coisas que de longe superam nossa imaginagao, ¢
muitas que a confundem devidoa sua fraqueza. Mas sobre isso basta. Em
seguida, as nogées restantes também nada sio além de modos de imagi-
nar, pelos quais a imaginagao é afetada de diversas manciras, ¢ nao obs-
tante sao consideradaspelos ignorantes comoosprincipais atributos das
coisas porque, comojé dissemos, creem que todas as coisas sao feitas em
vista deles préprios ¢ dizem que a natureza de algo é boa ou ma, sa ou
podre ¢ corrompida, conforme sao afetados por ela. Por exemplo,se 0
movimento que os nerves recebem dosobjetosrepresentados pelos olhos
conduza boa satide, os objetospelos quais é causado sao ditos belos, ao
asso que os que provocam o movimento contririo, feios. Em seguida, aos
que movem o sentido pelas narinas, chamam cheirososou fétidos; pela
lingua, doces ou amargos, sapidosou insipidos, etc. Pelo tato, duros ou
moles, 4speros ou lisos, etc. E, por fim, os que movem os ouvidos sio di
tos produzir ruido, som ou harmonia, a qual enlouqueceu os homensa
ponto de crerem que também Deusnela se deleita. Nem faltaram Filé-
sofos que se persuadissem de que os movimentos celestes compdem uma
harmonia. Tudoisso mostra suficientemente que cada um julgou acerca
das coisas conformea disposicao do seu cérebro, ou melhor, tomou por
coisas as afecgées da imaginagao. Por isso nao é de admirar (notemo-lo
ainda de passagem) que tenham nascido entre os homenstodasas con-
trovérsias de que temos experiéncia, dentre as quais finalmente o Ceti-
cismo. Pois embora os corpos humanos convenham em muitas coisas,
Panre L De Duus ue
a ou-
discrepa™ contudo em varias, ¢ por isso 0 que a um parece bom,
fro parece Mau; O que a um parece ordenado,a outro, confuso: 0 que a
umé ageadivel, a outro, desagradivel; ¢ assim do restante, de que aqui
me abstenho,tanto porque nio é este o lugar de traté-lo minuciosamente
quanto porque todos jé 0 experimencaram. Com cfeito, est na boca de
rodos: cada cabega uma sentenga, cada qual abunda em opiniées, nio ha
menosdiferenga entre cérebros do que entre gostos: estas sentengas mos-
tram suficientemente que os homens julgam sobre as coisas conformea
disposigao do seu cérebro, ¢ que as imaginam mais do que as encendem.
Com efeito,se entendessem ascoisas, estas, se nao atraissem, no minimo
convenceriam, comoatesta a Matemitica,
E assim vemos que todas as nogées com que o vulgar costuma explicar
a natureza sio tio somente modos de imaginar, ¢ nio indicam a natu-
reza de coisa alguma, mas apenas a constituigao da imaginagao; ¢ por-
que tém nomes, comose fossem entes que existem fora da imaginasio,
chamo-os entes nao de razao, mas de imaginacao; dessa mancira podem
ser facilmenterepelidos todos os argumentoscontra nésdirigidos a partir
de semelhantes nogées. Com efeito, cis como costumam argumentar: se |
tudo segue da necessidade da naturezaperfeitissima de Deus, de onde sur-
gem tantas imperfeigdes na nacureza? a saber, a corrupgio das coisas até
0 fedor, a feitira que provoca nauseas, a confusio, o mal, 0 pecado,etc.?
Todavia, como disse ha pouco,sao facilmente refutados. Pois a perfeicao ' |
das coisas ¢ a estimar pela sé natureza € poténcia delas,¢ porisso as coisas
nao sao mais nem menosperfeitas em vista de deleitarem ou ofenderem o }
sentido dos homens, de contribuirem ou repugnarem 4 natureza humana. |
Aqueles, porém, que indagam porque Deus nao criou todos os homensde
tal maneira que fossem governados exclusivamente pelo comandoda ra-
z4o, nada outro respondosenao: porque naolhe faltou matéria para criar
tudo, desde o sumoaté o infimograu de perfeigao ou, mais propriamente
falando, porqueas leis da natureza foram tao amplas que bastaram para
produzir tudo que pode ser concebidopelo intelecto infinito, como de-
monstrei na Proposi¢ao 16.
Saoestes os preconceitos que aqui me encarreguei de destacar. Se ain-
da restam alguns da mesma farinha, cada um poderd emendé-los com um
Pouco de meditagio.
Fim da Primeira Parte.
>
E T I C A
Parte Segunda,
DA
Natureza e Origem da
M EN T E
Passo agora a explicar 0 que deve seguir necessariamente da
esséncia de Deus, ou seja, do Ente eternoe infinito. Decerto nao |
tudo, jd que na Prop. 16 da parte 1 demonstramos que dela se-
guem infinitas coisas em infinitos modos, mas apenas 0 que nos
pode levar, como que pela mao, ao conbecimento da mente hu-
mana e de sua sumafelicidade'’,
DEFINIGOES
I. Por corpo entendo 0 modoqueexprime, de maneira certa
¢determinada,a esséncia de Deus enquanto considerada como i
coisa extensa; ver Corol. da Prop. 25 da parte 1.
II. Digo pertencer a esséncia de umacoisa aquilo que,dado,
a coisa é necessariamenteposta ¢,tirado,a coisa ¢ necessaria-
mente suprimida; ou aquilo sem 0 que a coisa nao pode ser
nem ser concebida ¢, vice-versa, que sem a coisa nao podeser
nem ser concebido. |
IIL. Porideia entendo 0 conceito da mente, que a mente |
formaporser coisa pensante. }
ExPLicagao
Digo conceito, de preferéncia a percep¢ao, porque o nomepercepsio I
> Panre tt Da Mente 7
parece indicar que # mente padece 0 objeto. Ja conceito parece exprimir a agio
dan ate.
IV. Porideia adequada enctendoa ideia que, enquanto € con-
siderada em si, sem relagao ao objeto, tem todas as propricda-
des ou denominagoes intrinsecas da ideia verdadeira.
ExPpLricagio
Digo inerinsecas para excluir aquela que é extrinseca, a saber, a conveniéncia
daideia com seu ideado.
V. Duragio ¢ a continuagao indefinida do existir.
Exriircagio
Digo indefinida porque jamais pode ser determinada pela prépria natureza
da coisa existente, nem tampoucopela causaeficiente, que necessariamente poe a
existéncia da coisa, ¢ nao a
IL © homem pensa.
IL. Modosde pensar como amor,desejo, ou quaisquer outros
que sejam designados pelo nomedeafeto do animo,nao se dio se no
ee Parte It Da Mente 2
Prorposi¢gAo I
O pensamento é atributo de Deus, ou seja, Deus é coisa pen-
sante.
GAO
DEMONSTRA
Os pensamentos singulares, ou seja, este ou aquele pensamento, sio
modos que exprimem a natureza de Deus de maneira certa ¢ determinada
(pelo Corol. da Prop. 25 da parte 1). Logo, compete a Deus (pela Def. 5
da parte 1) um atributo cujo conceito todos os pensamentossingulares
envolvem ¢ pelo qual rambém sio concebidos. Portanto, o Pensamento é
um dos infinitos atributos de Deus ¢ exprimea esséncia eternae infinita
de Deus(ver Def. 6 da parte 1), ou seja, Deus é coisa pensante. C. Q. D.
Esc6rio
Esta proposicao também é patente por podermos conceber um ente
pensante infinito. Pois quanto mais um ente pensante pode pensar,tanto
mais realidade, ou seja, perfeiga0, concebemo-lo conter; logo, 0 ente que
pode pensar infinitas coisas cm infinitos modos é necessariamenteinfi-
nito pela virtude de pensar. Assim, uma vez que, atendo-nos ao s6 pensa-
mento, concebemos um Enteinfinito, o Pensamento € necessariamente
(pelas Def. 4 ¢ 6 da parte 1) um dosinfinitos atributos de Deus, como
queriamos.
ProrposigAo II
A extensao ¢ atributo de Deus, ou seja, Deusé coisa extensa.
wa Parte Il Da MENTE Bt
DEMONSTRAGAO
Procede da mesma mancira que a demonstragioda Proposigao prece-
dente.
Proposi¢gAo III
ProrposrgaAo IV
A ideia de Deus, da qualsegueminfinitas coisas eminfinitos
modos, s6 pode ser tinica.
DEMONSTRAGAO
0 intelecto infinito nada compreende além dos atributos de Deus €
suas afeccdes (pela Prop. 30 da parte 1). Ora, Deus é tinico (pelo Corel. da
Prop. 4 da parte 1). Logo, a ideia de Deus, da qual seguem infinitas coisas
finitos modos, s6 podeser nica. C. QD.
ProrposigdéAo V
Oserformaldas ideias reconhece como causa Deus apenas en-
quanto considerado comocoisa pensante, e nado enquantoexpli-
cado por outro atributo. Isto é, as ideias, tanto dos atributos de
Deus quanto das coisas singulares, reconhecem como causa efici-
ente nédo os proprios ideados, ou seja, as coisas percebidas, mas o
proprio Deus enquantocoisa pensante.
DEMONSTRAGAO
E patente pela Prop. 3 desta parte. Com efeito, ali concluiamos
que Deus podeformara ideia de sua esséncia ¢ de tudo que dela segue
necessariamente, a partir somente de que Deus ¢ coisa pensante, ¢ nio
de que € objeto de sua ideia. Portanto o ser formal das ideias reconhece
como causa Deus enquanto coisa pensante. Mas isso é demonstrado
também doutra mancira: o ser formal das € modo de pensar (como
¢ conhecido porsi), isto & (pelo Corol. da Prop. 25 da parte 1), modo que
exprime de maneira certa a natureza de Deus enquantocoisa pensante,
© por isso (pela Prop. 10 da parte 1) nao envolve 0 conceito de nenhum
outro atriburo de Deus, ¢ consequentemente (pelo Ax. 4 da parte 1) nio
€efeito de nenhum outro atriburo senio o pensamento;por isso o ser
panre Ut DA Menre 45
ProrposigAo VI
ProrposigdAo VII
A ordem e conexéo das ideias ¢ a mesma que a ordem e cone-
xdo das coisas.
DEMONSTRAGAO
E patente pelo Ax. 4 da parte 1. Pois a ideia de qualquer causado de-
pende do conhecimento da causa de que ele é efeito.
CoRrordRio
Donde segue que a poréncia de pensar de Deus ¢ igual a sua poréncia
atual de agir. Isto é, o que quer que siga formalmenteda natureza infinita
de Deus segue objetivamente em Deus da ideia de Deus, com a mesma
ordem ¢ a mesma conexio.
i Da Menre “7
EscoLtto
Aqui, antes de prosseguir, cumpre-nos trazer A meméria 0 que mos-
eeamos acima: 0 que quer que possa ser percebido pelo intelecto infinito
como constituindoa esséncia da substincia pertence apenas 4 substancia
finica e, por conseguinte, a substincia pensante ¢ a substincia extensa si0
ima s6 ea mesma substincia, compreendida ora sob este, ora sob aquele
‘eributo. Assim tambémum modo da extensio e a ideia dese modo sio
yma $6 ¢ a mesma coisa, expressa todavia de duas maneiras; 0 que parecem
rer visto certos Hebreus, como que porentre a névoa,a0 sustentarem que
Deus, o intelecto de Deus ¢ as coisas porele entendidassio um sé ¢ 0
mesmo. Por exemplo, um circulo existente na naturezaea ideia do circulo
existente, que também esti em Deus, sio umasé ¢ a mesmacoisa, que ¢
cexplicada por atributos diversos; ¢ portanto, quer concebamosa natureza
sob 0 atributo Extensio, quer sob 0 atributo Pensamento, quer sob ou-
tro qualquer, encontraremos umasé € a mesma ordem, ou seja, uma sd
a mesma conexiode causas, isto é, as mesmas coisas seguirem umas das
outras. E porisso, quando eu disse que Deus é causa de umaideia, da de
circulo por exemplo,apenas enquanto é coisa pensante, ¢ do circulo ape-
nas enquantoé coisa extensa, nofoi sendo porque o ser formal da ideia
de circulo sé pode ser percebido por outro modo depensar, como causa
préxima, ¢ este, por sua vez, poroutro,¢ assim ao infinito, de tal maneira
que, enquantoas coisas sio consideradas como modos de pensar, deve-
mos explicar a ordem da natureza inteira, ou seja, a conexio das causas,
pelo sé atriburo Pensamento, € enquantosio consideradas como modos
da Extensio, também a ordem da natureza inteira deveser explicada pelo
s6 atributo Extensio; ¢ entendo o mesmoquantoaosoutrosatributos. Por
isso Deus, enquanto con: ¢ em infinitos atributos, ¢ verdadeiramente
causa das coisas como sio em € por ora nao posso explicar isso mais
claramente.
ProrposigdAo VIII
Asideias das coisas singulares ou modos nao existentes devem
estar compreendidas na ideia infinita de Deus tal comoas essén-
ias formais das coisas singulares ou modos estado contidas nos
atributos de Deus.
Parte Il Da Mente 139
DrMONSTRAGAO
sea proposicio é patente pela anterior, mas é entendida mais clara-
snente pelo Escélio anterior.
Cororknio
Dai segue que, na medida em que as coisas singulares nao existem senao
enquanco compreendidas nos atriburos de Deus, seu ser objetivo, ou seja
Deus existe; ¢
suas ideias, N20 existem sendo enquanto a ideia infinita de
quando se diz que as coisas singulares existem nao apenas enquanto com-
veendidas nos atributos de Deus, mas também enquanto sio ditas durar,
fas ideias também envolvem existéncia, pela qual se diz. que duram.
Escé110
Se alguém precisasse de um exemplo para mais ampla explicacao do
sssunto, nenhum porcerto eu poderia dar que explicasse adequadamente
aquilo de que falo, dado que € nico; esforgar-me-ei, porém, para escla-
recé-lo tanto quanto puder, Sabe-se que o circulo é de natureza tal que os
retangulos tragados a partir dos segmentos de todas as linhas retas secan-
tes no mesmo pontosao iguais entre si; por isso estao contidos nocirculo
infinicos retingulos iguais entre si; porém nenhum deles podeser dito
existir sendo enquanto o circulo existe, nem também ideia de algum des-
tes retangulos pode ser dita existir sendo enquanto compreendida na ideia
do circulo. Dentre aqueles infinitos retangulos,
conceba-se agora existirem apenas dois, a sa-
ber, Ee D.Por certo também suas ideias agora
no apenas existem enquanto compreendidas
somente naideia do circulo, mas também en-
quantoenvolvem a existéncia destes retangulos,
SF 0 que faz quese distingam das outras ideias de
outros retingulos.
Proposr¢gAéo IX
A ideia de uma coisa singular existente em ato tem comocausa
Deus néo enquanto é infinito, mas enquanto considerado afeta-
Parte tl Da Mente un
Proposi¢gaéo X
A esséncia do homem néopertence o ser da substancia, ou seja,
4 substancia nao constitui aforma do homem.
DEMONSTRAGAO
Com feito, o ser da substancia envolve existéncia necess4-
tia (pela Prop. 7 da parte 1). Portanto, se A esséncia do homem
Pertencesse o ser da substancia,
entio, dada a substancia, se-
"ia dado necessariamente 0 homem (pela Def; 2 desta parte) e. por
Parte It Da MENTE 43 ‘N
saince,t, 0 home m existiria necessariamente, 0 que (pelo Ax. 1 desta
co0seBpurdo.Lo ge, ete. C: QD.
me Escéuro
-oposigio também é demonstrada pela Prop. 5 da partena saber,
Ess POP das duas substincias de mesma narureza. E como podem
é 0 ser
so eeeoos homens, logo © que constitui a forma do homem nao
» cia. Além disso, esta proposigio é patente pelas outras proprie-
aes“fe subseancia, a saber, que a substincia é, por sua natureza, infiniea,
#6va indivisivel ete, como cada um pode ver facilmente.
CoRroLrkRio
ai segue que # esséncia do homem ¢ constituida por modificagbes
eras dos atribatosde Deus. O
DEMONSTRAGA
ho-
ser da substincia (pela Prop. preced.) nao pertence i esséncia do¢ que
mem. Esta, portanto (pela Prop. 15 daparte 1), €algo que éem Deus
we, Deus nio pode ser nem ser concebido, ou seja (pelo Carol. da Prop.
de parte 1), ma 2fecGo, ou seja, um modo que exprime a nacureza de
Deosde mancira certa e determinada.
Esc6110
“Todos, por certo, devem conceder que sem Deus nada pode ser nem
sss concebido. Pois todosreconhecem que Deus é a causa tinica de todas
2s coisas, tanto da esséncia quanto da existéncia delas, isto ¢, Deus nio
apenas é causa das coisas segundo 0 vir-a-ser, como dizem, mas também
segundo 0 ser. Ora,a0 mesmo tempo,a maioria dos homens diz pertencer
4 esséncia de umacoisa aquilo sem o que a coisa néo pode ser nem ser
concebida; € porisso creem ou quea natureza de Deus pertence & essén-
cia das coisas criadas, ou queas coisas criadas podem,sem Deus, ser ou
ser concebidas, ou, 0 que mais certo, nio so minimamente coerentes
consigo prdprios. A causa disso creio ter sido que nao se ativeram a or-
dem do Filosofar. Pois a natureza divina, que deviam contemplar antes
de tudo, jé que é anterior tanto por conhecimento quanto por natureza,
screditaram ser a dltima na ordem do conhecimento, ¢ as coisas chama-
as objetos dos sentidos, as primeiras de todas; donde ocorreu que, en-
‘quanto contemplavam as coisas naturais, em nada tenham pensado me-
‘nos do que na natureza divina, ¢ quando depois dirigiram 0 Animopara a
parte tl DA Mente us
Proposi¢gAo XI
te humana
O que primeiramente constitui o ser atual da Men
ro que a ide ia de uma cois a sin gul ar existente em ato.
énada out
DEMONSTRAGAO
Acsstncia do homem (pelo Corol. da Prop.(pel preced.) & constituida por
cert os dos atr ibu ros de Deu s; a sab er o Ax. > desta parte), por
smodos (pelo Ax. 5 desta parte) a ideia é
modesde pensar, dentre todos os quais mod os(aos quais a ideia é ante-
anterior por natureza €, dada, os outros
tiot por natureza) devem ser dados no mesmoient ndividuo (pelo Ax. 3 desta
parte). Ora, porissoa ideia é 0 que primeiram exis e constitui o ser da Men-
ao (pelo
pe humana, Mas nio a ideia de uma coisa nao tente, pois ent
a ser dita existir;
Corol. da Prop. 8 desta parte) a propria ideia nao poderi oisa
logo, sera a ideia de uma coisa existente em ato. Mas nao de umac
da parte 1) deve sempre
finita, pois uma coisa infinita (pelas Prop. 21 ¢ 22 o,
necessariamente existir. Ora, isso (pelo Ax. 1 desta parte) & absurdo; log
0 que primeiramente constitui o ser atual da Mente humana é a ideia de
uma coisasingular existente em ato. C. Q. D.
CoROLARIO
pedi segue que a Mente humana é parte do intelecto infinito de
Deus € portanto, quando dizemos que Mente humana percebe isto
2aguilo, nada outro dizemos sendo que Deus, néo enquanto é infi-
. mas enquanto é explicado pela natureza da Mente humana, ou
Panre dl Da Menre 7
Prorosi¢gdo XII
O que quer que acontega no objeto da ideia que constitui a
Mente humanadeve ser percebido pela Mente humana, ouseja,
dessa coisa serd dada necessariamente na Mentea ideia;isto é, se
0 objeto da ideia que constitui a Mente humanafor corpo, nada
poderd acontecer nesse corpo que nao seja percebido pela Mente.
DeEMONSTRAGAO
Com efeito, o que quer que acontega no objeto de uma ideia qualquer,
dessa coisa é dado necessariamente o conhecimento em Deus (pelo Coral.
da Prop. 9 destaparte) enquanto consideradoafetadopela ideia do objeto,
isto € (pela Prop. 11 desta parte), enquanto constitui a mente de alguma
coisa. Entio, o que quer que acontega no objeto da ideia que constitui a
Mente humana, disso é dado necessariamente 0 conhecimento em Deus
enquanto constitui a natureza da Mente humana,isto é (pelo Corol. da
Prop. 11 desta parte), 0 conhecimento dessa coisa estar necessariamente
‘na Mente,ouseja, a Mente o percebe. C. Q. D.
ProprposigAo XIII
O objeto da ideia que constitui
7 a Mente
° humana é0 Corpo, ou
ja, umn mo! do certo da Extensdo, existente em ato, e nada outro.
DEMONSTRA GAO
, eias
Com efeito, se 0 Corpo nao fosse 0 objeto da Mente humana as id
afeeses do Corpo nio scriam em Deus (pelo Corol. da Prep. 9 desta
oe ) enquanco constituisse a nossa Mente, mas enquanto constituisse
ae ode wma outra coisa, isto & (pelo Corel. da Prop. 11 desta parte),
tetas das afeccées do Corpo néo seriam em nossa Mente. Ora (pelo
“Asioma 4 desta parte), temos as ideias das afecgdes do corpo; portanto, 0
objeto da ideia que constitui a Mente humana ¢ 0 Corpo, ¢ este (pela Prop.
vr esta parte) & existence em ato. Ademais, se além do Corpo houvesse
tumbém um outro objero da Mente, visto que nio existe nada (pela Prop.
36 da parte 1) de que nio siga algum feito, entio em nossa mente deve-
ria dar-se necessariamente (pela Prop. 12 desta parte) uma ideia de algum
‘feito dele. Ora (pelo Axioma 5 desta parte), nenhuma ideia dele & dada.
Logo, 0 objeto da nossa Mente é 0 Corpo existente, ¢ nada outro. C. QD.
CoRrordkrio
Dai segue que o homemconsta de Mente ¢ Corpo, ¢ que 0 Corpo hu-
manoexiste tal como o sentimos.
Escéuto
Disso nao somente entendemos que a Mente humana é unida ao
Corpo, mas também o que se hi de entender por uniio da Mente ¢ do
Corpo. Na verdade, ninguém a poderd entender adequadamente, ou
seja, distintamente, se primeiro nio conhecer a natureza do nosso Cor-
po adequadamente, Com efeito, as coisas que até aqui mostramos sio
bastante comuns ¢ nio pertencem mais aos homens do que aos de-
mais Individuos, os quais, embora em graus diversos, sio entretan-
0 todos animados. Pois, de uma coisa qualquer se d4 necessariamen-
fem Deus uma ideia, da qual Deus ¢ causa, da mesma maneira que
a ideia do Corpo humano; ¢ por consequéncia, tudo 0 que dissemos
da ideia do Corpo humano hi de dizer-se necessariamente da ideia de
‘ima coisa qualquer, Contudo, tampouco podemos negar que as ideias
Fe Pants It Da Menre 151
Axroma I
Todos os corpos ou se movem ou repousam.
Axtoma II F
Todo corpo se move ora mais lentamente, ora mais rapida-
mente.
Lema I }
Os corpos se distinguem uns dos outros em razdo do movimentoe
do repouso, da rapidez e da lentiddo, endo em razao da substancia.
DEmMonsTRAGKO }
Suponhoa primeii parte conhecida por si. E que 0s corpos no se dis-
‘ingam em razio da substincia é patente tanto pela Prop. $, quanto pela
8 da parte 1. Mas, ainda mais claramente, a partir do que foi ito no
Exc. da Prop. 15 da parte 1. P :
> Parte Il DA Mente 13
Lema II
Todos 05 compos convémemalgumas coisas.
To
DEMONSTRAGAO
Com ‘om efeito, todos os corpos convém em que envolvem o conceito de
“ geo mesmo atributo (pela Def. 1 desta parte). Além
Seca
disso, [convém]
ae epodem mover-se ora mais lentamente, ora mais rapidamente c, em
em qu
sre absolutos, OF MOVEF-SE, OFarepousat.
Lema III
Um corpo em movimento ou em repouso deveu ser determina-
do ao movimento ou ao repouso por outro corpo, que tambémfoi
determinado ao movimento ou ao repouso por outro, ¢ este por
sua vez por outro, € assim ao infinito.
DEMONSTRAGAO
Corpos (pela Defin. 1 desta parte) sio coisas singulares que (pelo Lema
1) se distinguem umas das outras em raz4o do movimento ou do repouso;
eportanto (pela Prop. 28 da parte 1), cada um deveuser necessariamente
determinado a0 movimento ou a0 repouso poroutra coisa singular, a sa-
ber (pela Prop. 6 desta parte), pot outro corpo, que também (pelo Axioma
1) ou se move ou repousa. E este também (pela mesma razdo) nao pode
mover-se ou repousar se nao foi determinado ao movimento ouao repou-
80 poroutro, ¢ este, ainda umavez (pela mesma razdo), por outro, ¢ assim
20 infinito. C.Q. D.
Cororirio
Dai segue que um corpo em movimento continua a mover-se até que
scja determinado por outro Corpo a repousar; ¢ um corpo em repou-
= também continua a repousar até que seja determinado por outro a0
evimento. O que também é conhecido porsi. Com efeito,
quando su-
= ee “m corpo, Por ex. A, repousa, € no presto atengao a outro
s
™ movimento, nada poderei dizer sobre 0 corpo A senéo que
panre Ul Da Mente 155
Axroma ITI
Quando um corpo em movimentoatinge outro em repouso
¢ nao pode demové-lo, refletido detal
maneira que continua a mover-se, ¢ o an-
gulo da linha do movimentodereflexio
com o plano do corpo em repouso que
foi atingido sera igual ao angulo que a
linhado movimentode incidéncia formou com o mesmoplano.
Isso quanto 20s corpos simplissimos, a saber, os que se distinguem uns dos
outros sé por movimento ¢ repouso, por rapidez ¢ lentidao. Passemos agora aos
compostos,
DeEFINIGAO
; Quandoalgunscorposdemesmaoudiversagrandezasiocons-
"angidos por outros de tal maneira que aderem uns aos outros,
PaRte i Da Ment
AxromMa III
santo mais as partes de um Individuo ou corpo compos-
Quant mas as outras segundo superficies maiores ou me-
eo aeroo eiais dificil on facilmence’podein sex coagidas'a
aoe ya situacdo¢, Por consequéncia, tanto mais dificil ou
fmt pode ocorrer que 0 préprio Individuo assuma uma
surra figura. E porisso, chamarei duros aqueles corpos cujas
srtesaderem umas 4s outras segundograndes superficies; mo-
Jes, aqueles cujas partes aderem umasas outras segundo peque-
nas superficies; ¢, enfim,fluidos, aqueles cujas partes se movem
‘umas por entre as outras.
Lema IV
Sede um corpo que é compostode vérios corpos, ou seja, de um
Individuo, sdo separados alguns corpos, e simultaneamente tan-
10s outros da mesma natureza ocupam seu lugar, 0 Individuo
manterd a sua natureza de antes, sem nenhuma mudanga de sua
forma.
DEMONSTRAGAO
Com efeito, os corpos (pelo Lema 1) nao se distinguem em razio da
‘tbstincia;e aquilo que constitui a forma do Individuo consiste na uniao
* corpos (pela Def. preced.); ora, esta (por Hipdtese) sera mantida, ainda
erat" uata continua mudanga de corpos; portanto, o Individuo man-
Cig aanatureza de antes tanto em razio da substincia como do modo.
paste tl Da Menre 159
Lema V
tes comp onen tes de um Individuo se tornam maio-
Seas pe nas orgao
em prop tal que, como dantes, todas
oy menor com as outras a mesma proporgao de movi-
nropoUs, da mesma maneira o Individuo mante-
0 ¢gureza de antes sem nenbuma mudanga de forma.
hase
DEMONSTRAGAO
precedente.
fames ma que a do Lema
Lema VI
Se alguns corpos, componentes de um Individuo, sao coagidos
dar a diregao de seu movimento de um lado para outro,
sy de maneira tal que possam continuar seus movimentos ¢ co-
municd-los entre si com a mesma proporsdo de antes, igualmente
4» Individuo manterd sua natureza sem nenhuma mudanga de
forma.
DEMONSTRAGAO
patente por si. Com efeito, supde-se que o Individuo mantém tudo
que,em sua definigao, dissemos constituir a sua forma.
Lema VII
Além disso, um Individuo assim composto mantém a sua na-
lureza, quer se mova por inteiro, quer esteja em repouso, quer se
mova em direcao a este, ou aquele lado, contanto que cada parte
ee 0 seu movimento e que 0 comunique as outras como
es,
DEMONSTRAGAO
E patente pela sua propria defi igo que se vé antes do Lema 4.
Escé.rtro
Com isso, . Portanto, . vemos por que razi um Indii comp
o
Pode ser afetado de varias ma inciras, conservando, viduo osto
contudo, a
2a. Ate aqui, concebemos um Individuo que nao ¢ composto seniosua na-
& coy POS qi iue se distinguem entre si apenas por movimento € repouso,
panne tt Ds Mewre
Proposi¢gAo XIV
4 Mente humana é aptaa perceber muitissimas coisas, ¢ é tio
<apt a quant o maisp odes er dispa sto o seu Corpo de muiltiplas
mal
manciras.
DeMoNsTRAGAO
€ 6) &afecado de miltplas
om eftito, o Corpo humano (pelos Post.a 3afera
“iinpelos corpos externos, € disposto r os corposexternosde
mapas maneiras. Ora, 2 Mence humana deve perceber tudo que acon-
slp ieSrpo humano (pela Prop. 1 desta parte); logo,e.a C.Ment e humana
Sipe perceber muitissimas coisas, ¢ € tao mais apeaet QD.
Prorposi¢gAéo XV
A ideia que constitui o serformal da Mente humana nao é
simples, mas composta de muitissimas ideias.
DEMONSTRAGAO
A ideia que constitui o ser formal da Mente humanaé ideia do corpo
(pela Prop. 13 desta parte), que (pelo Post. 1) é composto de muitissimos
Individuos assaz compostos. Ora, a ideia de cada um dos Individuos com-
ponentes do corpo é necessariamente dada (pelo Corol. da Prop. 8 desta
parte) em Deus; logo(pela Prop. 7 desta parte), a ideia do Corpo humano
€composta dessas muitissimas ideias das partes componentes. C. Q. D.
Proposigio XVI
A ideia de cada maneira como o Corpo humano é afetado por
(Orpos externos deve envolver a natureza do Corpo humano e
simultaneamente a natureza do corpo externo.
Parte i Da Mente 165
DEMONSTRAGAO
venga €0 as maneitas comoum corpo é afetado seguemda
efeitos todas
feieo,
wee aferado ¢ simultancamente da natureza docorpo afe-
pacure emia ipés 0 Coral. do Lema3); portan © a ideia delas (pelo
cance (0182 envolve necessariamente a natureza de ambosos cor-
4. da part 21) nae
Axion orvf isso aa ideia de cada maneira como o Corpo humano€ afetado
os: € P spo extern envolve a narureza do Corpo humano ¢ a decorpo
or um <0
eerno: C.QD.
Corordrio I
segue dai prime iro, que a Ment e humana percebe a natureza de mui-
eee santo com a natureza de seu corpo.
cissinos cOFPOS
Conotkrio Il
segue, segundo, que asideias que temos dos corpos externos indicam
:
a natureza dos corpos
mais sa cotconstituigao do nosso corpo doqueApéndic externos;
ogue & pliquei com muitos exemplos no e da Primeira Parte.
ProrposigAo XVII
Seo Corpo humano é afetado de uma maneira que envolve a
natureza de um Corpo externo, a Mente humana contemplard
esse mesmo corpo externo como existente em ato ou como presente
asi até o Corposer afetado por uma afecgdo"” que exclua a exis-
téncia ou a presenga daquele mesmocorpo.
De ONSTRAGAO
patente. Pois, enquanto [quamdiu)"* 0 Corpo humano é assim afeta-
do, a Mente humana (pela Prop. 12 desta parte) contemplard esta afecgio
do corpo,isto & (pela Prop. preced.), teri a ideia de uma maneira existence
emaro que envolvea natureza do corpo externa, isto é, umaideia que nao
sxclui, mas poe, a existéncia ou a presenga da natureza do corpo externo,
© por isso a Mente (pelo Corel. 1 preced.) contemplara 0 corpo externo
com
ao Sisfente em ato ou como presente até‘ o Corpo ser afetado por uma
afecgio que exelua ete. C.QD.
panne 1 Da Menre 167
CoRoLdAnio
sade rd cont emplar, como se estivessem pres entes, os corpos
a MentPejua
os pelos
is 0 Corpo humanofoi afetado uma ver, da que nio
exer nem este jam presentes.
DEMONSTRAGAO
9s corpos externos determinam as partes fluidas do Corpo
al maneita que atinjam muitas vezes as mais moles, eles mu-
sficies destas (pelo Post. 5), donde acontece (ver Axioma2 apds
) que as partes fluidas sejam refletidas diferentemente
o s t u m a v am antes, ‘¢ que depois também, ao reenconastrar, nosseu
do que
ceexspontinco, esas novas superfics iepeloss, io reflerid da me ma
me, quando foram impulsionada corpos externos para
aancira QO" cies: ¢, por consequéncia, quando assim refletidas conti
aque Per ge,afetam 0 Corpo humano da mesma mancira, no que a
satda Prop. 12. desta arte) pensaré de novo, ito é, a Mente (pela
en Mia parte contemplark de novo o corpo externo comoreenco present:
Prof as as veres que a partes fluidas do Corpo humano ntra-
rem, "seu smovim ento espontineo,aquelas superficies. Por isso, ainda
gue 08 corpo externos Pel Jos quais 0 Corpo humanofoi uma vez afetado
e s
emplari como present toda ass
oe existam, a Mente entretanto os contC.Q
tezes que esta a¢io do corpo se repetir. .D.
EscoLio
Vemos, pois, de que mancira pode ocorrer que contemplemos comoque
presentes coisas que nao 0 sio, tal como ocorre frequentemente. E podeser
que isso acontega por outras causas; para mim, porém, basta ter mostrado
aquiumapela qual eu possa explicara coisa comosea tivesse mostradopela
causa verdadeira; contudo, nao creio desviar-me muito da verdadeira, visto
que todosos postulados que assumi dificilmente contém algo que nao se
constate pela experiéncia, da qualnao nos¢ licito duvidar depois que mos-
ttamos que o Corpo humanoexiste tal comoo sentimos (ver Coral. apds a
Prop. 13 destaparte). Ademais (pelo Corol. preced. e Corol. x da Prop. 16 desta
parte), entendemos claramente qual diferenga ha entre umaidcia, por ex. a
de Pedro, que constitui a esséncia da Mente do préprio Pedro, ¢ a ideia do
Proprio Pedro que est em outro homem, digamos Paulo. Com efeito, a
Primcira explica diretamente a esséncia do Corpodo préprio Pedro, ¢ nio
Parrett Da Menre
PROPOSICAO XVIII
Seo Corpo humano tiver sido afetado uma vez por dois ou
mais corpos em simulténeo, quando depois a Mente imaginar
um deles, imediatamentese recordaré dos outros,
DEMONSTRAGAO
A Mente (pelo Coral. preced.) imagina um corpo pela seguinte causa:
porguc o Corpo humano ¢ aferadoe disposto pelos vestigios de um corpo
externa da mesma maneira que foi afetado quando algumas de suas par-
‘ss foram impulsionadas pelo préprio corpo externa; mas (por hipérese
© Corpo foientio disposto de modo que a Mente imaginasse dois )
em simultaneo; logo, agora também ima corpos
gin os dois em simultanco, ¢
qwando a Mente imaginar um dosdois, imeard diatamente se recordar do
outro. C. QD.
Escétio
Daqui claramente entendemos 0 que scja a Mem
éria. Com efeito, nao
pears tl t dx, Mewre
text om
al ma conc
que saofora aten
5 agio de ideias que envolvema natureza
do Corpo humane,a qual ocorre na Mente se-
é ois ve es 30 das 7
afeegdes do ,
Corpo humano.Digo,
as oo8 yordem € a concatena¢:
pda . ardem €“catenagao & apenas daquelas ideias que envolvem
ir, TE > ideias
pees O28 C0 gs que estio forz do Corpo humano, ¢ nio das
2 nary ceza dess as mesmascoisas. Pois, em verdade, sio(pela
o cexplicam afeegdes do Corpo humano, que envolvem
gd
o arte
na parte) i deias das
|
ve") parureza dele 3 a dos corpos externos. Digo, segundo, que
ordem ¢ a concatenagio das afecgées
ae contaacarenagao ocorre conl formelaa da
ca distingui- concatenasio de ideias que ocorre
i por
goCorpo humane: Pa intelecto, i as coisas
vdem do pela qual a mente percebe
. s primeiras ¢ que a mesma em todos os homens. Além disso,
do pensamento de
sess cans Ps claramente por que a Mente, a partir coisa
sai encanta deimediato no pensamento de outra quedo nenhuma
ances possi com a primeira: come, por exemplo, parti penss-
« ro da palavra pomum™, um Romano imediatamente incide no pensa-
ment com aquele som
mento de um fruco que nio possui nenhuma semelohanga
icu lad o ne m algo emco mum sendo que 0 Corp do mesmo homem foi
art
, isto é,: que esse homem muitas
smuitas vezes afeta do por essas duas coisas e fru ¢ assim, cada um, a
aeoavia a palavra porsun caquanto via est fortos me o costume de cada
pore de um pensamento, ineide em outro, con
Prt ordenow as imagens das coisas no corpo. Pois um soldado, porsam exem-
plo tendo visto na arcia os vestigios de um eavalo, a partic do pen en-
todo cavalo incide imediatamente no pensamento do cavaleiro ¢ent dai no
pensamento da guerra, etc. Mas um Camponés, a partir do pensam o do
tanalo, incide no pensamento do arado, do campo,ete. ¢ assim cada um,
conforme costumou juntar ¢ concatenar as imagens das coisas desta ou |
daquela maneira, a partir de um pensamentoincidird em tal ou taloutro.
Prorposig¢gAo XIX
A Mente humana nao conhece o préprio Corpo humano nem
sabe que ele existe sendo pelas ideias das afecgoes pelas quais 0
Corpo é afetado.
pante tl Da Mente m
DEMONSTRAGAO
humana, com cfeito, ¢ a propria ideia, ou seja, o conheci-
A Menke cpo humano (pelt Prop. 13 desta parte), a qual (pela Prop. 9
re
ment Compempente esti em Deus enquanto considcrado afetado por
cerrfic coisa singular; ou ainda, porque (pelo Post. 4) 0 Cor-
gma outg precisa de muitissimos corpos pelos quais € continuamente
y humane Pherado, ea ordem ¢ conexio das ideias € (pela Prop. 7 des-
como que TBC que a ordem ¢ conexio das causas, aquela ideia estar
us part) repro considerado afetado por ideias de muitissimas coisas
as enim, Deus tem a ideia do Corpo humano,ou seja, conhece
amano, enquanco ¢ afetado por muitissimas outras ideias, €
no constitui a natureza da Mente humana,isto € (pelo Corol.
aa a oe parte).esa Mente humananao conhece 0 corpo humano.
ds PrefXe das afecg do Corpoestio em Deus enquanto constitui a
Mas8d.fenre humana, ou seja, a Mente humana percebe essas afec-
Prop. desta
1% desta parte) ¢, consequentemente(pela Prop. 16
§ cs (pela Corpo humano, ¢ este (pela Prop. 17 desta parte) como
Ue proprio
airee cm ato; logo, 2 Mente humana percebe o Corpo humano apenas
.
nesta medida. C. Q. D
PRorpositgio XX
Também se dé em Deus a ideia ou*° conhecimento da Mente
humana, a qual segue em Deus da mesma maneirae é referida a
Deus da mesma mancira quea ideia ou conhecimento do Corpo
bumano.
DEMONSTRAGAO
O Pensamento ¢ atributo de Deus(pela Prop. 1 desta parte) ¢ por isso
(pela Prop. 3 desta parte) tanto dele quanto de todas as suas afecgoes ¢,
por consequéncia (pela Prop. 11 desta parte), também da Mente humana,
deve necessariamente dar-se em Deusa ideia. Ademais, nao segue que essa
ideia ou conhecimento da Mente se dé em Deus enquantoinfinito, mas
cnquanto afetado por outra idcia de coisa singular (pela Prop. 9 desta par-
te). Mas a ordem ¢ conexio das idcias € a mesma que a ordem e conexio
‘hs causas (pela Prop. 7 desta parte); logo,essa ideia ou conhecimento da
Mente: ‘segue em Deus ¢ é referida a Deus da mesma mancira.
que aideia ou
conhecimento do Corpo. C. Q. D.
Da Mente 175
prorositgio XXI
ProposigAo XXII
‘A Mente humana percebe néo somente as afecgbes do Corpo,
mas também as ideias dessas afecgoes.
DEMONSTRAGAO
cira¢
Asideias das ideias das afecgdes seguem em Deus da mesma man
sio referidas a Deus da mesma mancira que as proprias ideias das afec gdes;
© que é demonstrado da mesma maneira que a Proposigao 20 dest a parte.
Ora,asideias das afecgdes do Corpo esto na Mente humana (pela Prop. 12
Da Mente 7
paate TE
«(pelo Corol. da Prop. 11 desta parte), emDeus enquanto
logo, asideias daquelas ideias esta-
da Mentechounhmeacnimentd, ou seja, ideia da Mente hu.
* cem o
1 ulesta parte), estariona propria Mente humana,
4s afecgoes do Corpo, mas também
prorosigao XXIII
pria sendo enquanto percebe as
4 Mente nao conhece asi pro
das afees do COTPO
DEMONSTRAGAO
Mente(pela Prop. 20 desta parte)a seg ue
jdeia ou combecime! nto daé refe rida a Deu s da mes ma mancir que a
vac
cus da meecsimmento do corpo. Ora, uma vez que (pela Prop. 19 desta
a ma nc il
ena’ on con
a nao con hec e o pro pri o Cor po hum ano , isto € (pelo
paPrte)aMenp te cim3 eln
desparte, wma Xz QUE 0 conhecimentoza do Corpo
fe rd o a Dev s eng uan co con stt ui a nature da Mente
de Dv hec ime nto da Men te é refe rido a Deus enquanco
ano 139 Tm o con ndo ass im (pelo mesmo Corol.
da Men te hum ana : c ‘se
uma aesencia t) nesta medidas Mente humana no conhece a si
cos ea ar as da s afe cgd es pel as qua is o Cor po aferado
7p Aguada, 25 idei ano (pel a Prep . x6 desta par-
do pro pri o Cor po hum
men naturera desta parte), convém com 2 natiers da Mente;
can pea Prop. 13 desss ideas necessariamente envolverd o conhe-
wo coniecimento(pela Prop. preced.), 0 conhecimento dessas ideias
cimento da Mente; ora
Men te hum ana ; logo , som ent e nes ta med ida a Mente hu
cc edpria si propria. C.Q. D.
‘nana conhece a
ProposigAo XXIV
nt e hu ma na né o en vo lv e o co nb ec im ento adequado das
‘A Me
partes que compéem 0 Corpo humano.
DEMONSTRAGAO
As partes que compéem o Corps 0 humano nio pertencem 4 ess éncia
s umas
2 préprio Corpo sendo enquanto comunicam seus movimento
utras numa proporgéo certa (ver Def: depois do Corol. do Lema 3),
Da Mente 7%
parte tl
ser consideradas comoI ndividuos, sem relagio
nco poser 1‘Com
. ahumane efei to, as part es do Cor po humano sio (pelo
oa
pio C postos, cujas partes (pelo Lema 4) podemser
«o o s s s a C O ”
o r yindiv j ** pumano, conservada totalmente a natureza ¢ a forma
pot ys doynic COP "us movimentos (ver Ax. 1 depois do Lema 3) a outros
<p at
sre commie oporglo: € porisso(pela Prop. 5 desta parte) idia
nT mentOg o de qualquer
osbec : to parte estard em Deus, ¢ precisamente (pela
parte )y en guans considerado afetado por uma outra idcia
$ singvla® a qual coisa singular é anterior, na ordemda natureza,
desta
ye cosa arte#8 (pela(pel Prop. 7 deta parte). Ademais, 0 mesmo deve serCordito
quelP de je qualquer parce do proprio Individuo que compoe 0 po
amber dessa mancira, ‘0 conhecimento de cada parte que compoe o
; s
enquanto afetad o por muitissimas ideia
Corpo hum ‘ano esti em Deus
9 ao enquanto tem apenas a ideia do Corpo humane, isto €
cosas
deeil a parte) , a idcia que consticui a natureza da Mente hu-
e ie (pelo Corol. da Prop. 11 desta parte), a Mente humana
mana:pe oconhecimento adequado das partes que compoem o Corpo
jo cnvolv
jumano. C- QD
Prorposigao XXV
en volve o
Aideia de qualquer afecgao do Corpo humano ndo
o.
conhecimento adequado do corpo extern
DEMONSTRAGAO
Mostramos (ver Prop. 16 desta parte) que a ideia de uma afecgio do
Corpo humano cnvolve a nacureza do corpo externo apenas enquanto ©
corpo externodetermina 0 préprio Corpo humanode maneira certa. Ora,
enquanto 0 corpo externo é umIndividuo, que nio é referido a0 Corpo
humano, a ideia ou conhecimento dele esti em Deus (pela Prop. 9 desta
parte) enquanto Deus é considerado afetado pela ideia de ourra coisa, a
qual (pela Prop. 7 desta parte) & por natureza anterior ao préprio corpo
‘saterno. Porisso, 0 conhecimento adequado do corpo externo nao esté
em Deus enquanto tem a ideia de uma afecgio do Corpo humano, ou seja,
+ ideia de uma afecgio do Corpo humano nao envolve o conhecimento
adequadodo corpo externo. C. Q. D.
parte i Da Mente mr
prorostgio XXVI
Proposigéo XXVII
A ideia de qualquer afecgao do Corpo humano ndo envolve o
conhecimento adequado do préprio Corpo humano.
DEMONSTRAGAO
Seja qual for a ideia de qualquer afecgio do Corpo humano, ela en-
vole a nacureza do Corpo humano apenas enquanto este & conside-
‘adoaferado de uma certa maneira (ver Prop. 16 desta parte). Ora, na
‘medida em que o Corpo humano é um Individuo, que podeser afetado
paste i" Da Menre
prorosigAo XXVIII
XXIX |
Prorposigéo
A ideia da ideia de qualquer afecgao do Corpo humano néo |
envolve 0 conhecimento adequado da Mente humana.
DemonsTRAGAO
Com efeito, aideia de uma afecgio do Corpo humano (pela Prop. 27 des-
‘4parte) nio envolve o conhecimento adequado do préprio Corpo, ou seja,
i DA Mente im
Proposig¢io XXX
Da duragéo de nosso Corpo nao podemoster sendo um conhe-
Cimento extremamente inadequado.
DemonsTRAGAO
A duragio de nosso Corpo nao depende de sua esséncia (pelo Ax. 1
>
Parte It Da Mente 187
ProrposigAo XXXI
Da duracéo das coisas singulares que estéo fora de nds néo
podemos ter sendo um conhecimento extremamente inadequado.
DEMONSTRAGAO
Com efeito, cada coisa singular, assim como o Corpo humano, deve ser
determinada a existir ¢ a operar de mancira certa ¢ determinada por outra
coisa singular, ¢ esta, de novo, por outra, ¢ assim ao infinito (pela Prop.
38 da parte 1). E como, a partir desta propriedade comum dascoisas sin-
gulares, demonstramos na Proposigao precedente que nao temos da dura-
gio de nosso Corpo sendo um conhecimento extremamenteinadequado,
logo,sera de concluir 0 mesmo sobre a duragao das coisas singulares, a
saber, que dela nao podemoster senio um conhecimento extremamente
inadequado. C.Q. D.
CororaArRio
Donde segue que todas as coisas particulares sio contingen-
Xs € corruptiveis. Pois da duragéo delas nao podemos ter nenhum
erie adequado (pela Prop. preced.), ¢ ¢ isso que por nés
exe ser entendido por contingéncia ¢ possibilidade de corrup-
part
ai DA Menre
IN iy
prorosigao XXXII
| Propos1gGéo XXXIV
ada ideia que em nbs ¢ absoluta, ou seja, adequada e perfei- |
ta, éverdadeira.
DEMONSTRAGKO
Quando dizemos dar-se em nés umaideia adequada ¢ perfeita, nada
outro dizemos (pelo Corol. da Prop. 11 desta parte) senao que em Deus, |
caquanto constitui a esséncia de nossa Mente,da-se umaidcia adequada ¢
petfeita, ¢ consequentemente(pela Prop. 32 destaparte) nada outro dize-
mos senio quetal ideia € verdadeira. C. Q. D.
Propositgio XXXV
inlfisidade
4 consiste
‘ na privagao
Ba
de conhecimento
‘i
queas ideias
go
vades‘swadas, ou seja, mutiladas
if
e confisas, envolvem.
panre Il Da: Maree
to
DEMONSTRAGAG
xo gdado de positivo nas ideias que constitua a forrma da falsidade
43 desta parte); ora, a falsidade nio pode cons istir na privaca
ils BOP. nsistir privagio
yea (CO™ efeito, nio os Corpos, mas as Mentes sio ditas errar ¢ se
wel tampouco na ignorancia
8 abs ‘oluta, poisaignorar ¢ errar
iwoeat), nem CAMP
igvers05: Jogo, consiste na privagio de conhecimento que 0 conhe-
sio jaxo inadequado, ou seja,
ciet
as idcias inadequadas e confusas das coisas
jem. C-Q D-
Escétio
No Escélio da Proposigio 17 desta Parte, expliquei de que mancira 0
qo consste numa privagio de conhecimento; mas, para uma explicacio
sis ampla de tal coisa, daret um exemplo: os homens equivocam-se 20
sg reputarem livres, opinido que consiste apenas em serem cénscios de
vas agoes € ignorances das causas pelas quais sio determinados. Logo,
idea de liberdade € esta: nao conhecem nenhuma causa de suas agdes.
Com eftto, iso que dizem, que as ages humanas dependem da vontade,
sio palavras das quais nao tém nenhuma ideia. Pois todosignoram o que
sgaavontade € como move o Corpo; ¢ aqueles quese jactam do contririo
¢forjam uma sede ¢ habitéculos da alma costumam provocar ou 0 riso
ou a niusea, Da mesma maneira, ao olharmos o sol, imaginamo-lo distar
denés cerca de duzentos pés, erro que nao consiste nessa imaginagio em
simesma, mas no fato de que quandoassim o imaginamosignoramos a
verdadeira distancia dele ¢ a causa dessa imaginagio. Com efeito, mesmo
se depois conhecermos que ele dista de nés mais de seiscentos diimetros
4a Terra, nao obstante o imaginaremosperto,jd que ndo imaginamos 0
sol tio préximo porque ignoramossua verdadeiradistancia, mas porque
uma afecsio de nosso corpo envolvea esséncia do sol enquanto o proprio
corpo ¢ afetado porcle.
PRorposigio XXXVI
Mdeias inadequadas e confusas se sucedem com a mesma neces-
idade que ideias adequadas, ou seja, claras e distintas.
paate tl Da Mewnre
t 93
DEMONSTRAGAO
Deus (pela Prop. 15 da
estio emdeira
todas ciassao
parte 1) ¢, enquanto
verda s (pela Prop. 32 desta parte) ¢ adequadas
op. 7 desta parte); © porisso nenhuma é inadequada nem
vy nio Cor enquanto referida 4 Mente singular de alguém (sobre
ofess
re 29° 1 ¢ 28 desta parte): por isso, todas, tanto adequadas como
i if wie 5sc 00sucedem com a mesma necessidade (pelo Corol. da Prop.
ae. C.Q D.
Prorposigao XXXVII
#
eécomum a todas as coisas (sobre isso ver acima o Lema
2) aa igualmente na parte eno todo nao constitui a esséncia de
2 ous coisa singular.
DemMoNsSTRAGAO
scnegas. concebe, se puderes, queis so constitua esséncia de ),umasemcoi-B
Ter a saber, a esséncia de B. Logo (pela Def: desta parte
2g poderia ser nem scr concebido, o Bque,nemporé m, € contra a Hlipé-
in0logo isso ndo pertence & esséncia de constituia esséncia de
jurracoisa singular. C.Q.D.
Proposi¢gAo XXXVIII
O que écomum a todasas coisas e estd igualmente na parte e
no todo naopode ser concebido sendo adequadamente.
DEMONSTRAGAO
Scja Aalgo que é comum a todos os corpos ¢ que est igualmente na
parte eno todo de qualquer corpo. Digo A nao poderser concebidose-
io adequadamente. Pois a sua ideia (pelo Corol. da Prop. > desta parte)
seri necessariamente adequada em Deus, tanto enquanto tem a ideia do
Corpo humano, como enquanto tem as ideias das afecsdes do mesmo, as
‘ais (peles Prop. 16, 25 © 27 desta parte) envolvem parcialmente tanto
ee do Corpo humano, como a dos corpos externos, isto é (pelas
Deere 3 desta Parte), essa ideia sera necessariamente adequada em
'0 constitui a Mente humana, ou seja, enquanto tem as ideias
in Da Mewre 195
parte
prorosigdso XXXIX
ideia do que Ecomum e proprio ao Corpo bumanoea al-
humano costuma ser
puns corpos externos, pelos quais 0 Corpo
um deles ¢ no
afetado, € estd igualmente na parte de qualquer
tudo, serd adequada na Mente.
DEMONSTRAGKO
Seja Ao. que é comum € préprio ao Corpo humano ¢ a alguns corpos
cqemnos ¢estd igualmente no Corpo humano ¢ nesses mesmos corpos ex-
temnos c, por fim, igualmente na parte de qualquer desses corpos externos
enotodo. A ideia adequada do proprio A seri dada em Deus (pelo Corol.
ds Prop. 7 desta parte) tanto enquanto tem a ideia do Corpo humano,
como enquanto tem as ideias dos corpos externos supostos. Suponha-se
agora que o Corpo humano afetado por um corpo externo mediante 0
que tem em comum comele,isto é, por A; ideia desta afecgio envolve
(pela Prop. 16 desta parte) a propriedade A, € porisso (pelo mesmo Corol.
da Prop. 7 desta parte) a ideia desta afeccao, enquanto envolve a proprie-
thde A, sera adequada em Deus enquantoafetado pela ideia do Corpo
ee isto € (pela Prop. 13 desta parte), enquantoconstitui a natureza
Mente humana; ¢ porisso (pelo Corol. da Prop. 11 destaparte) esta ideia
‘sdequada também na Mente humana. C. QD.
Cororario
il se que: Monte & tants made agen pana. pereeber adequade:
Da Mente 197
parte ul
prorosigaAo XL
noses que sio chamadas de Universais, como Homem, Cavalo, Cio ete.
sriginaram-se 2 partir de causas semelhantes, a saber, porque se formam
tm simuleineo no Corpo humanotantas imagens, por exemplo de ho-
mens, que a forga de imaginar superada, decerto nio intciramente, mas
jal ponto que a Mente nao pode imaginar as pequenas diferengas dos
singulares (a cor, o tamanhoetc. de cada um), nem o mimero determinado
deles, ¢ ela imagina distintamente apenas aq lo em que todos convém
enquanto 0 corpo € por cles afetado; pois 0 corpo foi por aquilo aferado
maximamente,isto mediante cadasingular; e a Mente exprime aquilo
pelo nomede homem € 0 predica de infinitos singulares. Pois nio pode,
como dissemos, imaginar 0 ntimero determinado dos singulares. Mas é de
notar que estas nogdes nio séo formadas por todos da mesma mancira,
mas variam em cada um conforme a coisa pela qual o corpo foi mais fre-
quentemente afetado ¢ que mais facilmente a Mente imagina ou recorda.
Por exemplo, os que mais frequentemente contemplaram com admiragio
a cstatura dos homens, entendem sob 0 nome de homemo animal de esta-
tura ereta; os que, porém, se acostumaram a contemplar outra coisa, for-
‘mario outra imagem comum dos homens, a saber, o homem é um animal
ue ri, um animal bipede, sem penas, um animal racional; ¢ assim, quanto
20 restante, cada um formara imagens universais das coisas de acordo com
a disposigio de seu corpo. Porisso nao ¢ de admirar que,entre os Filéso-
fos que quiseram explicar as coisas naturais sé pelas imagens das coisas,
tenham nascido tantas controvérsias.
Parte Il DA Mente
EscoLio IT
pe tudo que foi dito acima transparece claram ente que percebemos
es, que
mnuitas coisas € formamos nogécs universais: Ir a partir de singular
confusa ¢ sem
im, sio represenrados pelos sentidos de mancira mutilada,
aoton para 0 incelecto (ver Corel. da Prop. 29 desta parte), por esse mo-
t
give costumei chamar ¢ssas percepgdcs de conhecimento por experién
sex Ile A partir de signos, por exemplo, de que, ouvidasou lidas certas
mamosidcias semelhantes
valavras, ROS recordamos das coisas ¢ delas for
a parte).
aquelas pelas quais imaginamos as coisas (ver Esc. da Prop. 18 dest sas
Ghemarei daqui por diante uma e outra mancira de contempla r as coi
l-
de conhecimento do primeiro género, opinido ou imaginagao. III° Finades
pricda
mente, porque temos nogdes comuns ¢ ideias adequadas das pro
e Prop. 40 des-
sus coisas (ver Coral. da Prop. 38 e Prop. 39 com seu Corel.seg
ta parte); €2 isto chamarci de razio e conhecimento do und o género.
o mostrarei
‘Alem destes dois géneros de conhecimento, ¢ dado, tal comitiva. E este
na sequencia, um terceiro, que chamaremos de ciéncia intu
ginero de conhecimento procede da ideia adequada da ess éncia formal
esséncia
de alguns atributos de Deus para 0 conhecimento adequadoda
das coisas. Explicarei tudo isso pelo exemplo de uma tinica coisa.queSaoesteda-
ja
dos, por exemplo, trés ntimeros para que se obtenha um quarto tém
parao terceiro como o segundo esté para o primeiro. Negociantes nio
Hovida em multiplicar 0 segundo pelo terceiro ¢ dividir produto pelu-o
primero; a saber, porque ainda nao cederam ao esquecimento 0 que escte
faram do mestre sem nenhumademonstracao; ou porque frequentemen
experimentaram-no em nimeros simplissimos; ou pela forga da Demons-
tragio da Proposiao 19 do Livro 7 de Euclides, isto é, pela propriedade
comum dos proporcionais. Ora, nos nimeros simplissimos nao € preciso
nada disto. Dados, por exemplo,1, 2, 3 ninguém deixa de ver que 0 6 € 0
quarto nimero proporcional, ¢ isto muito mais claramente porque, a par-
tir da proporgdo mesmaquepor uma tnica intui¢do vemos ter 0 primeiro
com 0 segundo, concluimos 0 quarto.
ProposigaAo XLI
O conhecimento do primeiro género é a unica causa dafalsi-
dade, o do segundo e doterceiro, por outro lado, ¢ necessariamen-
te verdadeiro.
FO parte tl Da Mente s
DeMONSTRAGAO
sos noEscslio precedente que pertencem ao conhe¢ cimen to do
DiseimosOO odas aquelas ideias que sio inadetoquada s confusas; €
peice Beprop.8 desteparte) exte conhecimen € a inica causa da
por 89 Uefemais, dissemos perte ncer ao conhecimento do segundo edo
fasida AUT uc sio adequadas; © por isso(pela Prop. 44 desta parte) é
de,aque
cciroHame nce verdadeiro. C. Q. D.
ser
eces i
ProposigAo XLII
e nao 0 do
O conbecimento do segundo e do terceiro género,
odofalso.
primeiro, nos ensina a distinguir 0 verdadeir
DEMONSTRAGAO
Esta proposigio € patente por si. Com efeito, quem sabe distinguir
entre verdadciro ¢ 0 falso deve ter a idcia adequada do verdadciro ¢ do
deiro ¢€ 0
falso, isto € (pelo Esc. 2 da Prop. 40 desta parte), conhecer 0 verda
false pelo segundo ou pelo tereciro género de conhecimento.
Prorposi¢gAo XLIII
Quem tem uma ideia verdadeira sabe simultaneamente que
tem uma ideia verdadeira e nao pode duvidar da verdade da
coisa.
DEMONSTRAGAO
Uma ideia verdadeira em nés é aquela que em Deus, enquanto é expli-
cado pela natureza da Mente humana, é adequada (pelo Corol. da Prop.
11 desta parte). Suponhamosentio dar-se em Deus, enquanto é explica-
do pela natureza da Mente humana, uma ideia adequada A. Desta ideia
deve dar-se também necessariamente em Deus umaideia, que referi-
daa Deus da mesma maneira que a ideia A (pela Prop. 20 desta parte,
‘uja Demonstragéo é universal). Porém, supée-se que a ideia A refere-
-se a Deus enquanto é explicado pela natureza da Mente humana; logo,
também a ideia da ideia A deve ser referida a Deus da mesma mancira,
isto € (pelo mesmo Corol. da Prop. 11 desta parte), esta ideia adequada
da ideia A estara na propria Mente que tem ideia adequada A; ¢ por
isso quem tem uma ideia adequada, ou seja (pela Prop. 34 desta par-
‘), quem conhece verdadeiramente uma coisa, deve simulraneamente
Paxre Il Da MENTE 203
ProposigdAo XLIV
as como con-
Nao éda natureza da Razdo contemplaras cois
singentes, mas como necessdrias.
DEMONSTRAGAO.
(pela Prop.
£ da naturezada razao perceber as coisas verdadeiramente
sao em si, isto €
gi desta parte), quer dizer (pelo Ax. 6 da parte 1), como
(pela Prop. 29da parte 1), nao como contingentes, mas como necessirias.
C.QD.
Cororkrio 1
coisas,
Dat segue depender da sé imaginagao que contemplemos as
tanto a respeito do passado quanto dofuturo, como contingentes.
Escoéui0
Explicarei em poucas palavras de que maneira isso ocorre. Mostramos
acima (Prop. 17 desta parte com seu Corol.) que a Mente, ainda queas coisas
nio existam, imagina-as todavia sempre como presentes a si, a nao ser que
ocorram causas que excluam a existéncia presente delas. Ademais (Prop. 18
destaparte) mostramos que, se 0 Corpo humano uma vez tiver sido aferado
simultaneamente pordois corposexternos, quando depois a Mente imagi-
narum deles, de imediato se recordartambém do outro,isto é, contempla-
ria ambos comopresentes a si, a nao ser que ocorram causas que excluam
a existéncia presente deles. Além disso, ninguém duvida que imaginemos
também o tempo a partir do fato de imaginarmos que os corpos se mo-
vem uns mais lentamente que outros, ou mais rapidamente, ou com igual
rapidez. Suponhamospois um menino quepela primeira vez ontem pela
manhatenhavisto Pedro, a meio-dia Paulo ¢ ao entardecer Simeao, ¢ que
hoje de novopela manhatenha visto Pedro. Pela Proposicao 18 desta parte
é patente que tio logo veja a luz matutina, imaginar4 o sol percorrendo a
mesma parte do céu que no dia anteri f, ou seja, um dia inteiro, ¢ simul-
taneamente com o amanhecer imaginaré Pedro, com o meio-dia Paulo €
Parte Il Da Muenre 209
PROPOSsStgGAOo XLV
Cada ideia de qualquer corpo, oude coisa singular, existente
am ato, envolve necessariamentea esséncia eterna € infinita de
Deus. GAO
RA
DEMONST
riamen -
Aideia de uma coisa singular existente em ato envolve necessa
a l. p.
ce tanto a esséncia como a existénci da prépria coisa (pelo Coro da Pro
8 desta parte). Porém, as coisas singulares (pela Prop. 15 da parte 1) nao)
podem ser concebidas sem Deus: mas, porqduoe (pela Prop. 6o desta parte
o era sob o atribut de que elas
rém como causa Deus enquant consid te
proptias sio modos, suas ideias devem necessariamen (pelo Ax. 4 da par-
121) envolver 0 conceito do seu atributo, isto é (pela Def. 6 da parte 1), a
esséncia eterna ¢ infinita de Deus. C. QD.
Escoéouio
Porexisténcia nao entendo aqui a duragao, isto ¢,a existéncia, enquan-
ro é concebida abstratamente € comoalgum aspecto de quantidade.Pois
falo da propria natureza da existéncia, que se atribui 4s coisas singulares
porque da necessidade eterna da natureza de Deus segueminfinitas coi-
sas em infinitos modos (ver Prop. 16 da parte 1). Falo,insisto, da propria
existéncia das coisas singulares enquanto sao em Deus. Pois, ainda que
cada umaseja determinada por outra coisa singular a existir de mancira
certa, todavia a forga pela qual cada uma persevera no existir segue da
necessidade eterna da natureza de Deus. Acercadisso, ver Corol. da Prop.
24 da parte 1.
Proposi¢géao XLVI
Oconhecimento da esséncia eterna e infinita de Deus que cada
ideia envolve é adequadoe perfeito.
DemMonsTRAGAO
ADemonstragao da Proposigao precedente ¢ Universal, ¢ que se consi-
dere a coisa seja como parte, seja comotodo, sua ideia, seja do todo,seja de
nmsParte(pela Prop.preced.),envolverd acsséncia eternacinfinitade Deus.
'or conseguinte, 0 que dé o conhecimento da esséncia eterna ¢ infinita
>
Parte it Da Mente 23
PROPOSIGAO XLVII
ia
A Mente humana temconhecimento adequado da essénc
aernae infinita de Deus.
Demo NSTRACAO
A Mente humanatem ideias (pela Prop. 22 desta parte) a partir das
quais percebe a si (pela Prop. 25 desta parte), a seu Corpo (pela Prop. 19
desta parte) € a0corpos externos (pelo Corol. 1 da Prop. 16 epela Prop. 17
desta parte) como existentes em ato; e por isso (pela Prop. 45 ¢ 46 desta
varte) tem conhecimento adequadoda esséncia eterna e infinita de Deus.
C.QD.
Escério
Dai vemos quea esséncia infinita de Deus ¢ sua eternidade sao co-
nhecidas por todos. E como tudo é em Deus e é concebido por Deus,
segue podermos deduzir desse conhecimento muitissimas coisas que
conheceremos adequadamente, ¢ assim formar aquele terceiro género
de conhecimento de que falamos no Escélio 2 da Proposigio 40 desta
parce, ¢ de cuja exceléncia e utilidade nos caberd falar na Quinta Parte.
Que os homensnao cenham de Deus um conhecimentotio claro quan-
to o das nogdes comuns,isto vem de nao poderem imaginar Deus, como
aos corpos, ¢ de terem ajuntado o nome Deus as imagens das coisas que
costumam ver; 0 que os homens mal podem evitar, porque séo conti-
nuamenteafetados pelos corposexternos. E seguramente a maioria dos
erros consiste s6 em nio aplicarmos corretamente os nomes As coisas.
Com efeito, quando alguémdiz que as linhas tragadas do centro do cir-
culo até sua circunferéncia sio desiguais, ele decerto entendepor circulo,
20 menosnesta ocasiio, outra coisa que os Matemiticos. Assim, quando
os homens erram nocilculo, tm na mente uns niimeros, no papel ou-
tros. Pois se se prestar atengao a suas Mentes, decerto nao erram; pare-
ccm todavia errar porque pensamos que tém na Mente os mimeros que
estio no papel. Se no fosseisto, crerfamos que nao erram em nada; como
nio acreditei errar aquele que ainda ha poucoouvi gritando que suacasa
>
Parte Il Da Mente 215
ProposigAao XLIX
Na Mente nao é dada nenhuma voligdo, ou seja, afirmagao e
negagao, afora aquela envolvida pela ideia enquantoé ideia.
DEMONSTRAGAO
Na Mente (pela Prop. preced.) nao é dada nenhuma faculdade absoluca
de querer ¢ ndo querer, mas apenas voligdes singulares, a saber, esta ou
aquela afirmagao ¢ esta ou aquela negagio. Concebamos, pois, uma voli-
cio singular, a saber, um modo de pensar pelo qual a mente afirma que os
trés angulos do « iangulo sao iguais a dois revos. Esta afirmagio envolve
0, ou seja, a ideia de tridngulo, isto é, nio podeser concebida
cia de triangulo. E 0 mesmo, com efcito, se eu disser que A deve
envolver 0 conceito de B ou que A nio podeser concebido sem B. Além
disso, esta afirmagao (pelo Ax. 3 desta parte) também nao podeser sem a
ideia de triingulo. Logo, esta afirmagao nao podeser nem ser concebida
sem a ideia de triangulo. Ademais,esta ideia de triangulo deve envolver
esta mesma afirmagio: seus trés angulos igualam-se a dois retos. Porisso,
inversamente,esta ideia de triangulo, sem tal afirmagao,nao pode ser nem
ser concebida ¢, portanto (pela Def, 2 desta parte), esta afirmagao pertence
A essincia da ideia do triangulo ¢ nao é outro senaoela propria. E 0 que
dissemos desta voligao (visto que a tomamosao nosso gosto) cumpre dizer
também de qualquer voligao, a saber, que nada é senao a ideia. C.Q. D.
>
Parte Il Da Menre 29
Corordrio |
mesmo.
Vontade ¢ intclecto sio um s6 € 0
DEMONSTRAGAO
DA
Origem e Natureza dos
A F E T O §
Quase todos que escreveram sobre os Afetos ea maneira de vi.
verdos homens parecemtratar nao de coisas naturais, que seguem
leis comuns da natureza, mas de coisas que estao fora da natu-
reza. Parecem, antes, conceber 0 homem na natureza qual um
império num império. Pois creem que o homem mais perturba
do que segue a ordem da natureza, que possui poténcia absoluta
sobre suas agées, e que nao é determinado por nenhum outro que
ele proprio. Ademais, atribuem a causa da impoténcia e incons-
tancia humanas ndo 4 poténcia comum da natureza, mas a ndo
sei que vicio da natureza humana, a qual, porisso, lamentam,
ridicularizam, desprezam ou, 0 que no mais das vezes acontece,
amaldigoam; e aquele que sabe mais arguta ou eloquentemente
recriminar a impoténcia da Mente humanaé tido como Divino.
Nao faltaram, contudo, homens eminentissimos (a cujo labor ¢
indiistria confessamos dever muito) que escrevessem muitas coi-
sas brilhantes acerca da reta maneira de viver, e que dessem aos
mortais consethos cheios deprudéncia; mas ninguém que eu saiba
determinou a natureza e asforgas dos Afetos e 0 que, de sua par-
te, pode a Mente para moderd-los. E claro que sei que o celebér-
rimo Descartes, embora também tenha acreditado que a Mente
Fn
Panre Tt Dos Averos aas
DEFINIGOES
I. Denomino causa adequada aquela cujo feito pode ser
percebido clara ¢ distintamente porela mesma. E inadequada
ou parcial chamo aquela cujo feito nao pode sé por ela ser
entendido.
IL. Digo que agimos quando ocorre em nés ou fora de nds
algo de que somos causa adequada, isto é (pela Def preced.),
quando de nossa natureza segue em nés ou fora de nés algo
que podeser entendidoclara e distintamente sé por cla mes-
ma. Digo, ao contrario, que padecemos quando em nés ocorre
algo, ou de nossa natureza segue algo, de que nao somos causa
senao parcial.
III. Por Afeto entendo as afecgdes do Corpopelas quais a
poténcia de agir do proprio Corpo é aumentada ou diminui-
da, favorecida ou coibida, ¢ simultaneamenteas ideias destas
afecgoes.
‘Assim, se podemos ser causa adequada de alguma destas afecsies, entédo
por Afeto entendo aga caso contrario, paixdo.
PosTULADOS
1. O Corpo humanopode ser afetado de muitas manciras
pelas quais sua poténcia de agir é aumentada ou diminuifda,e
também de outras que nao tornam sua poténcia de agir nem
maior nem menor.
Este Postulado ou Axioma apoia-se no Postulado 1 e Lemas 5 ¢ 7, que
podem ser vistos depois da Prop. 13 daparte 2.
Il. O Corpo humano pode padecer muitas mudangas,re-
tendo, contudo, as impressdes ou vestigios dos objetos (sobre
eee
Prorosi¢gAo I
Nossa Mente age em algumas coisas ¢ padece outras; a saber,
enquanto tem ideias adequadas, nesta medida necessariamente
age em algumas coisas, ¢ enquanto tem ideias inadequadas, nes-
ta medida necessariamente padece outras.
DEMoNsTRAGAO
As ideias de uma Mente humana qualquersio umas adequadas, outras
mutiladas ¢ confusas (pelos Esc. Prop. 40 da parte 2). E as ideias que sio
adequadas na Mente de alguém sio adequadas em Deus enquanto cons-
rirui a esséncia dessa mesma Mente (pelo Corol. Prop. 11 da parte 2), a0
passo que aquelas que sdo inadequadas na Mente sio também adequadas
‘em Deus(pelo mesmo Corol.), nao enquanto contém somente a esséncia |
daquela Mente, mas também enquanto contém em si simultaneamente as |
Mentes de outrascoisas. Ademais, de umaideia dada qualquer deveseguir |
necessariamente um efeito (pela Prop. 36 da parte 1), efeito do qual Deus i
é causa adequada(ver Def. 1 desta parte), nao enquanto infinito, mas en-
quanto é considerado aferado por aquela ideia dada (ver Prop. 9 da parte
2). Ora, deste efeito, de que Deus é causa enquanto é afetado pela ideia
que é adequada na Mente de alguém, esta mesma Mente ¢ causa adequa-
da (pelo Corol. Prop. 11 da parte 2). Logo, nossa Mente (pela Def. > desta
parte), enquanto tem ideias adequadas, necessariamente age em algumas |
coisas, o que era o primeiro. Ademais, a Mente de um tinico homem nao é
causa adequada, mas parcial (pelo mesmo Corel. da Prop. 11 da parte 2), do
que quer que necessariamente siga da ideia que € adequada em Deus nao
enquanto tem em si apenas a Mente desse homem, mas enquanto tem em ]
sias Mentes de outras coisas em simultinco com a Mente desse homem
©. por conseguinte(pela Def. > desta parte), a Mente, enquanto tem ideias
inadequadas, necessariamente padece algumas coisas. O que era o segun- |
do. Logo, nossa Mente etc. C.Q. D. i}
1
|
TY
Parte TI Dos Arnros aan
Corordnio
pai segue que a Mente est submetida a tanto mais paixées qu nto.
nas tem ideias inadequadas ¢, a0 contrario, tanto mais age quanto mais
rem ideias adequadas.
p osi ¢gAo
P r o r II
Nem o Corpo pode determinar a Mente a pensar, nem a Men-
tepode determinaro Corpo ao movimento, ao repouso ou a algu-
ma outra coisa (se isso existe).
DEMONSTRAGAO y
Todosos modosde pensar tém comocausa Deus enquanto é coisa pen-
sante, endo enquanto é explicado poroutro atributo (pela Prop. 6 da parte
2); logo, o que determina a Mente a pensar é um mododepensar, ¢ nao da
Extensio, isto ¢ (pela Def. 1 da parte 2), nao é Corpo. O que era p
ro. Em seguida, o movimento¢ o repouso do Corpo devem originar-se de
outro corpo, que também foi determinado por outro ao movimento ou
20 repouso ¢, absolutamente, o que quer que se origine de um corpo deve
originar-se de Deus enquanto considerado afetado por um modo da Ex-
tensio, ¢ nao enquanto consideradoafetado por um modode pensar(pela
mesma Prop. 6 daparte 2), isto é, nao podeoriginar-se da Mente, que é um
modo de pensar (pela Prop. 11 da parte 2). O que era o segundo. Logo,
nem o Corpo pode determinar a Mente etc. C. Q. D.
Escouio
Isto é mais claramente entendido pelo que foi dito no Escélio da
Proposigao 7 da parte 2, a saber, que a Mente € o Corpo séo umasé €
a mesma coisa que é concebida ora sob 0 atributo do Pensamento,ora
sob o da Extensio. Donde ocorre que a ordem, ou seja, a concatena-
sfodas coisas seja uma s6, quer a natureza seja concebida sob um quer
sob 0 outro atributo, ¢ que, consequentemente, a ordem das agées ¢
paixdes de nosso Corpo scja, por natureza, simultanea com a ordem
das agées € paixdes da Mente. O que também patente pela manci-
ta como demonstramos a Proposigao 12 da parte 2. Ora, embora estas
coisas se deem de tal mancira que nao resta nenhumarazio de duvidar,
contudo nao creio, se nio comprovar pela experiéncia, que eu possa
Parte lit Dos Arrros 243
Prorosrg¢gAo III
; As agoes da Mente se originam apenas das ideias adequadas;
Shas paixées dependem apenas das inadequadas. |
polit ‘ dos Areros
pan
pene pwsiaST RAGAO
esséncia da Mente é nada outroque a
mm aco (pelas Prop. 1 ©outras,
cexistente) é compost
13 da parte 2), ideia que
das quais algumas
a de muitas
1s hey ppante 3)3}. sto adequadas ¢ algumas inadequadas
Logo. tudo que segue da natureza da
paGqusa proxima pela qual deve ser entendido,
ye a Mente ®t" amaideia adequada ou inadequada. Ora,
.i ss Prop. 1 desta parte) com asta,
em ideias inadequa das, nesta
Ment one adeces portanco as agdes da Mente seguem ape-
e Pe por sso a Mente padece apenes porque tm
esat
pci ad
EscoLroe
ss pai xoe s ni o si o referidatos Menteerse ndo enquanto
aoim vemos as3P'go, ou soja, enquan consid ada como parte
o que emvONe Me ser clara distintamente percebida por si sem
po
-
st 2aassimquima
e
yN40
poderia mostrar que as paixes sio referidaperce s &scoisas
€
ootie gena maneira que A Mente, ¢ no podem ser
sow bidas
sieges ence: mas meu intuito tratar da sé Mente humana.
‘leenterentet
propositgAo IV
Nenbuma coisa pode ser destruida sendo por uma causa ex-
sera.
DEMONSTRAGAO
Esta Proposigao ¢ patente por si; com efeito, a definigao de uma coisa
qualquer afirma, e nao nega, a esséncia da prépria coisa; ou seja, poe, ¢ nio
tin, essencia da coisa, E assim, enquanto prestamos atengio 4 propria
«oi, ndo a causas externas, nada nela poderemosencontrar que possa
dearu-la.C. QD.
ProrposigAo V
eCoisas"sas séo
saz de natureza contrari
Fico
a, isto é, .
nao podem estar no
me it a
Yeito, enquanto uma pode destruir a outra.
Dos Arrros asi
paate ait
peMonsTRAGAO
sides sem con avie entre si, owestar simultaneamente no
e h pe
ot He cont
i dar-se no mesmosujeito algo que poderia
s e PO P eced. ) éabs urdo, Logo, coisas ete. C. QD.
go ot ?-
a
prorosigko VI
quanto estd em suasforcas™, esforga-separa per-
jst 0
DEMONSTRAGAO
ares sso mod os pelo s quai s 0s atributos de Deus se ex:
s singuist
asc‘deo man e ver ta ¢ det erm ina da (pe lo Cor el. da Prop. 25 da parte
wo exprimem de maneira certa; €
Prop. 34 da parte 1), coisas queDeus é ¢ age; e nenhuma coisa |
eet rentncia de Deus, pela qual
poerina
pelo qual possa ser destru ida, opde-se
ou seja, que Ihe tire a exis-
(pela Prop. preced.)
else cee. 'q desta parte); contririo,
oe ode rare aexisténcia,e por iso, 0 quanto pode ¢esté em |
" Sonus eforc-se para perseverar em seu ser. C: Q, D.
e |
a |
|
ProposigAo VII |
proposi¢gAo IX
s como
4 Mente, tanto enquanto tem ideias claras e distinta
ser
uanto as tem confusas, esforga-se para perseverar em seu
cia deste seu esforco.
p uma duragao indefinida e é céns
DeMonsTRAGAO
‘Aeséncia da Mente é constituida por ideias adequadas ¢ inadequadas
(ome mosramos na Prop. 3 desta parte), por isso (pela Prop. 7 desta par-
tdvantoenquanto tem umas como enquanto tem outras, esforga-se para
pereverar em seu ser; ¢ isto (pela Prop. & desta parte) por uma duragio
indefinida. Mas como(pela Prop. 23 da parte 2) pelas ideias das afeccoes
doCorpoa Menteé necessariamente cnscia de si, logo (pela Prop. 7 desta
parte), a Mente é cénscia de seu esforgo. C. Q. D.
Esco.uio
Exe esforgo, quando referido a sé Mente, chama-se Vonta-
"mas quando & referido simultaneamente & Mente ¢ 20 Corpo
aoe que portanto nao € nada outro que a prépria es-
esnae mem de cuja narureza necessariamente segue aqui-
sua conservagio; € por isso 0 homem € determinado a
Dos Arrros 255
re i l
paw
c r i t e € d e s e j o nio hd nenhuma diferenga se-
‘entreap
seg ecalmente FCI ferido aos hom ens enquantosao cénscios
1pPixel CBee, podeser assim definido: 0 Desejo ¢ 0 apetite quan-
000€ por 8 0 PT,eudo isso, constata-se entio que nao noscs-
mn a conscience
“a 0s,
jetecemoss nem desejamos nada porque o julgamos
weremoss sigamos que algo € bom porque nos esforsamos por
oj?
a ioNecemos 6 dessja0
we mos
proposi¢ghko X
vec excl a existencia de nosso Corpo nao pode
ua ideia 9
— nossa Mente, é contréria a ela.
mas
wr DemonsTRAGKO
ve pos sa des eraie nosso Co rpo nfo pode dar-senele (pela
ge geaPor isso a idcia desta coisa também nao pode dar-se
pop spartO
s des(pel P ideia de nossoteCorpaoide (pelo Corel. da Prop. 9 da
a De e ‘Prop. 11 ¢ 13 da par 2), ia desta coisa ndo pode
pate) 0 (recmnas, 20 contrario,j4 que (pent la Prop. 11 ¢13 da par-
po
rimeiramente constitui a esséncia da Me e éa ideia do cor
11) 0que Pre ae primeiro e principal no esforgo de nossa Mente
ciseo7 e parte) éafirmar a existéncia de nosso Co: rpo; ¢ por isso
wrque nega a existéncia de nosso Corpo é contréria a nossa Mente
eC-QD.
Proposigdo XI
Oquequer que aumente ou diminua,favoreca ou coiba a po-
tinca deagir de nosso Corpo, a ideia desta mesma coisa aumen-
ismdiminui, favorece ou cotbe a poténcia de pensar de nossa
Mente,
ks DemonsTRAGio
rater iso € patente pela Proposicao 7 da parte 2, ou também
esigio 14 da parte 2.
Escouto
Vines,
" igo asia ms 2, Mente pode padecer grandes mudangas ¢ pas-
Perfeisio maior, seja a uma menor, ¢ certamen-
pant ui Dos Aruros 2 $7
ProrposigAo XIII
Quando a Mente imagina coisas que diminuem ou cotbem a
potincia de agir do Corpo, esforga-se, 0 quanto pode, para recor-
der coisas que excluem a existéncia daquelas. |
DEMONSTRAGAO
Enquanto [quamdiu] a Mente imagina algo assim, a poténcia da Men-
tee do Corpo é diminuida ou coibida (como demonstramos na Prop. pre-
ed), € no entanto, até que imagine algo outro que exclua a existéncia
ose continuard a fmiagini-lo (pela Prop. 17 da parte x), isto é
apence mostramos),a poténcia da Mente ¢ do Corpo continuard
mare a coibida até que a Mente imagine algo outro que exclua
ieeesa lo, porisso a Mente(pela Prop. 9 desta parte), 0 quanto
Para imaginar e recordar este outro. C.Q. D.
ii Dos Arnros 26
parte
COROLARIO
as que di inuemou
jea Mente aversio a imaginar cois
veg" dela €- do Corpo.
paisBrencia
sie ape EscoLio
‘ s t l a c a r mente entendemos 0 que sejam o Amor ¢ 0 Odio.
cir mor énada ‘outro que 4 Alegria conjuntamente é ideia de causa
d i
apaiTg "Odio € 02 da outro que @ Tristeza conjuntamente a ideia de
asideso
Fn 568 segul da, vemosque aquele que ama esforga-se necessa-,
setts een. Em
300ait742 q ama; ¢, inversame¢ nte
conservar a coisa que
pres ‘entsee €para
cmeatao Feca afastare destruir a coisa de que tem dio.
soe ao f remos mais largamente na sequéncia,
Sisdisto®
prorosigAo XIV
por dois afe-
Mentefoi uma vez afetada simultaneamente o
ve ade dep ois for afe tada por um deles o serd também pel
105
7
outro.
DEMONSTRAGAO
o foi uma vez afetado simultaneamente por dois
d oe a Mente imaginar um deles, de imeddes
os, quaner
corpSol iato Se recor.
imaginag da Mente
capes Mero (pela Prop. 18 da parte 2). Ora, asa naru
nosso Corpo do que
ase mais os afetos doProp.1 reza dos corpos ex:
inlet (pelo Coro. 2 da 6 da parte 2); portanto, se o Corpo ¢, por
ta-
tonseguince, ‘a Mente (ver Def: 3 desta parte) foi uma vez afetada simul
conse por dois afeto s, quando depois for aferada por um deles 0 sera
C. QD.
também pelo outro,
Prorposi¢gAéo XV
Qualquer coisa pode ser, por acidente, causa de Alegria, Tris-
texa ou Desejo.
DEMONSTRAGAO
Suponha-se a Mente afetada simultaneamente por dois afe-
o um que no aumenta nem diminui sua poténcia de agir ¢ ou-
opie % aumenta ou a diminui (ver Post. 1 desta parte). Pela
© betsprecedente, € patente que quando depois a Men-
4, como por sua yerdadeira causa, por aquele que
Dos Arnros 265
paat® ut
gina oth e aum enc s nem diminul a poténela de pensar
2) poe da pelo outro, que the aumenta ou diminui a po
nrc sere A (pelo Ese. da Prop. 11 desta parte), sera aferada de
ne yela coisa, naoporsi, mas por acidente,
pela mesma via pode-se facilmente
” aot Fo ROLARIO
Cor
« con rem pla do uma cois a com um afeto de Alegria ou
mo
Saque ea PoP a naoé causa eficiente, podemos amé-la ou odia-
DEMONSTRAGKO
parte) que a Men-
edestefato decorre(pela Prop. 14 desta eto
Poison ois tal coisa, sera afetada por umaf de Alegria ou
= eae? "Exc. da Prop. 1 desta parte), decorre que a poténcia da
eecome seri aumentada ou diminuida etc. E, por conseguinte
Neat oe Jota parte), a Mente desejard imaginé-la ou (pelo Corol. da
1 a rt) aisso werk aversio, isto & (pelo Esc da Prop. v3 desta
13 destpa D.
al ‘la aamard ou a odiaré. C. Q
EscoLro
Daientendemos comopode ocorrer que amemos ou odiemos algumas
coisas sem nenhuma causa que nos seja conhecida, mas apenas por Simpa-
tia (como dizem) ¢ Antipatia. E a isto cabe referir também aqueles objetos
que nosafetam de Alegria ou Tristeza s6 por terem algo semelhante aos
chjetos que coscumam afetar-nos com aqueles afetos, como mostrarei na
Proposigio seguinte. Bem sei que os Autores que primeiro introduziram,
«tes nomes, Simparia ¢ Antipatia, quiseram significar comcles certas
ualidades oculeas das coisas, contudocreio ser-nos licito entender por
‘sisnomes também qualidades conhecidas ou manifestas.
Prorposigéo XVI
56 imacis
a 27 imaginarmos que uma coisa tem algo semelhante
0 objet ; ou Tristeza,
160 que costuma afetar a Mente de Alegria zs
wit Dos Arrros 205
prorosigho XVII
n a m o s J u m a co is a qu e co st uma nos afetar com um
seimag i an te a um a outra que costuma
se me lh
de Tris te za te
ig
m
ua
al
lm
go
en te in te ns o af et o de Al eg ri a, nés a
sostafeeTie :
simultaneamente,
ediaremos ¢ 4 amaremos
DEMONSTRAGAS
Hip éte se) , est a coi sa & por si cau sa de Tri steza ¢ (pelo
om feito (pora pare), enquanto com este afevo a imaginamos, nés a
se op. 13 det que cla re m algo semelhante
dis so, en qu an to im ag in am os
re afem stumanos al fetar com um igualmente intenso afeto de
‘roma oucra que co os om um igualmente intenso impulso de Alegria
Agi, nds a amarem c os simultaneamen-
(pe Prop. preced.); ¢ por isso a odiaremos a amarem
eCQD.
Esco1i0
afetos con-
Esta constituigéo da Mente, a saber, a que se origina de dois
seguinte, esté para
tnrios, échamadaflutuagéo do énimo, a qual, por ocon(ver
ofeto assim como a diivida esta para a imaginaga Esc. Prop. 44 da
sianaoser
parte 2); €a flutuagio do animo ¢ a diivida nao diferem entre
m e ° in cM as cab e not ar que , na Pro pos icé o precedente,
o io causa de um afeto
Sere dnlalas de causas que, por sis mais facilmente de-
im podiam
Efetatene do outro;istofiz porque assue queas flutuagdes do animo
precedentes, ¢ néo porque neg
Dos Avuros Pr
pant i
vezes de umobjeto que seja causa eficiente de
& composto
asYo humano (pelo Post. 1 da parte 2)o Ax,
fos. Pois © COPYycezadiversa, € assim(pel 1 apés 0
os ado de muirissi-
individu’ip. 1 da parte 2) pode ser afet
um 4 8 EST O COM -versa: porque
pa
arjaa pode ser aferada de mu as manciras, entioela
scar de muitas € divers
rsas maneiras umasé © a
si affeet ie disso podemosfacilmente onceber que
ner corpo PI ce causa de miltiplos e contrarios afetos,
objero POY
prorosigdo XVIII
vn apa rti r da imagem de um. a coisa-ste passada ou ftu-:
o me sm a afet od e Ale gri a ou Tri za que a par tir
0
bomel
a dafeta
cae
uma coisapresente.
jaimage™ de
DEMONSTRAGAO
imagem de alguma
{quamdiu] o homem for afetado pelanao Prop.
ance [aa coisa como presente, ainda que exista (pelraa sena
ou futu
«vbacomemP7 Corol.), € nao a imagina como passada sad o
vdpartoS magem esti unida A imagem do tempopas o ou futuro
aanTrop. 44 da parte 2). Por isso, a imagem da coisa, em si 36r
(erHeada, é mesma, quet referida 20 tempo futuro ou passado, que
a constituicio do
comennte, ito (pelo Coro. » da Prop. x6 da parte 2),uma
Grpe ov 0 afeto, € a mesma, quer a imagem seja de o decois a passada
crue, quer de uma coisa presente; ¢ por isso o afet Aleg ria e de
Tistera € 0 mesmo, quer a imagem seja de umacoisa passada ou Futura,
quer de umacoisa presente. C. Q. D.
Escorio 1
Chamo aqui a coisa de passada ou futura enquantoporela fomos ou
seremosafetados. P. ex., enquanto a vimos ou veremos, nos revigorou ou
‘evigorard, nos lesou ou lesard, etc. Comefeito, enquanto assim a imagina-
‘nos, nesta medida afirmamos sua existéncia, isto é, 0 Corpo nao é afetado
ree que suprima a existéncia da coisa; € por isso (pela Prop.
Meieiielaenl as afetado pela imagem desta coisa da mesma manci-
Domisdar Propels coisa se achasse presente. Mas na verdade, porque
Wem engeangis O€0HTE que aquelesexperimentados em muitascoisas flu-
to [quamdiu] contemplam a coisa como futura ou passada,
Dos Areros 209
pa gee TS
dela (ver Ese. da Prop. 44 da parte 2), dai
qcorrenciagin
+ ori am de semelhantes imagens das coisas
nscant es, MAS, a 0 contrario, sio no mais das vezes pertur-
qutras até que os homensestejam mais certos da
Eseori0 IT
am foi dito, entendemos o que sio Esperanga, Medo, Se-
issim fot EHFOs
i aivvro,
4, Desest Gozo € Remorso. Pois
=
a
-
Esperanga €
‘
nada outro que
reve originada da imagemde umacoisa futura ou passada,
ridamos. O Medo,a0 contririo, € a Tristeza incons-
ie ida da imagemde umacoisa duvidosa. Além disso, caso a dii-
vpri mida dessesafetos, da Esperanga faz-se a Seguranga, © do
is PS
9 Desesperos a saber, a Alegria% ou a Tristeza originadas da image
m
edo icg que temiamos ov esperdévamos. O Gozo, ademas, & a Alegria
guns
jn vr da imagem de uma : coisa passada, de cuja ocorréncia duvidéra-
seas, 0 REMOTSO. cenfim,é a tristeza oposta aogozo.
ProrosigAo XIX
Quem imagina que aquilo a que ama é destrutdo,se entriste-
cai; porém se alegrard se imagina que aquilo é conservado.
DEMONSTRAGAO
AMente, 0 quanto pode, esforga-se para imaginar 0 que aumenta ou
finorece a poténcia de agir do Corpo (pela Prop. 12 desta parte), isto é
(pele Ese. da Prop. 13 desta parte), 0 que cla ama. Porém a imaginagao é
fivorecida pelo que poe a existéncia da coisa ¢, ao contririo, é coibidapelo
qeeercluia existéncia da coisa (pela Prop. 17 da parte 2); logo, as imagens
“ coisas que péem a existéncia da coisa amada favorecem 0 esforgo da
oP Pelo qual ela se esforga para imaginar a coisa amada, isto é (pelo Esc.
om i desta parte), afetam de Alegria a Mente; € as que, a0 contritio,
voce da coisa amadacoibem o mesmo esforgo da Mente,
ge a Esc.), afetam a Mentede Tristeza. E assim, quem imagi-
4 que ama é destruido, se entristecerd, etc. C.Q. D.
pos Arrros 271
pant mi
prorostGho XX
proposigdéo XXI
Alegria ou Tris-
Quem imagina aquilo aque ama afetde de
também de Alegria ou Tristeza sera afetado; e cada um
onforme cada um
De afetos seré maior ou menor = amantec
ada.
sgja maior oH menor na coisa am
DEMONSTRAGAO
que
Asimagens das coisas (como demonstramos na Prop. 19 desta parte)qua
lo l
poemacxisténcia da coisa amada favorecem esforgo da Mentepe
a poe a existéncia
vse esforga para imaginar a coisa amada. Mas a Alegri esta
dzcoisa alegre, ¢ tanto mais quanto maioré 0 afeto de Alegria,pois
<lpelo Esc da Prop. 11 destaparte) passagem a uma maior perfeigao: logo,
simagem de Alegria da coisa amada favorece no amante 0 esforgo de sua
Mente,isto-& (pelo Esc. da Prop. 11 desta parte), afeta o amantede Aleg
cesta é tanto maior quanto maior tenhasidoeste afeto na coisa amada.
O que era © primeiro. Depois, enquanto umacoisa ¢ afetada de alguma
Tristeza, nesta medida é destrufda, e tanto mais quanto de maior Tristeza
taletada (pelo mesmo Esc. da Prop. 11 desta parte); porisso (pela Prop. 19
me, quem imagina que aquilo a que ama é afetado de Tristeza,
wae aferado: de Tristeza, ¢ esta ¢ tanto maior quanto maior tenha
to na coisa amada. C. Q. D.
Dos Arntos 273
ostgAo XXII
pror ama-
gue aluém afeta de Alegria a coisa quen
jnamos 3 fo a-
fetados de Amor a ele. Se, ao contrdrio, imagin
re iS fete de Tristez
as a, invers
svers amente tambémseremos
wt we dte a afel4
eecontra ele.2
“ ze Odio
eee DEMONSTRAGAO
coi sa que ama mos de Alegria ou Tristeza, também nos
em 28 ee risteza,decerto se imaginamos a coisa amada afetada
e081ogra ow TH ceza (pela Prop. preced.). Porém supée-se que esta
de tq ris tez a em ns dada conjuntamentea c ideia de causa externa;
Ae da Prop. 13 desta parte), se imaginamos alguém aferar de
loge Est eza @ coisa que amamos, seremos afctados de Amor ou
cloPou Trist
oaioae Je C-Q D-
ria
Ae
Escouio
PRoposigéo XXIII
Quem imagina aquilo a que odeia afetado de Tristeza, se ale-
wii senlee mee que ala é fein de Alegria, se
ea a uum destes afetos serd maior ou menor confor-
s¢ja maior ou menor naquilo a que odeia.
prt Dos A rros 275
paat®
DEMONSTRAGAO
godiosa é aferada de Tristeza, nesta medida é destrul
unto sooge maior Tristeza é afetada (pelo Esc, da Prop. 11
Erato mais qr 50 (pela Prop.P 20 desta parte) imagina que a coisa
"ae Quem”ene
no ). Que Tristeza, serd afetado, a0 contririo, de Alegria; ¢ esta
pl’, gfecad® fanco maior €2.7 isteza de que cle imagina ser afetada a
ae
st? aera o primeio. Depois, a Alegria poc a existéncia da
esos °o vvcamo Esc. da Prop. 11 desta parte), tanto mais quanto
sa aleete ee ebida. Se alguém imagina aquilo a que odeia aferado
ia cacao (pela Prop. 13 desta parte) coibirs seu esforco,
‘ Mt a rep: 1 desta parte), aquele que odeia seri afetado de
é
eee OUD Escoutro
Dificilem cae
esta Alegria podesers6lida e sem conflito do animo. Pois
m o g ? m o s t r a rei na Prop. 27 desta parte), enquanto imagina a coi-
(seo r s1e0melhante 2 fetada por am um afeto afe de Tristeza, deve: nesta medida
senasri istecer semSUS-o contririo; se imaginé-la afetada de Alegria. Mas aqui s6
( d i o prestaremos atengao.
»
Proposigéao XXIV
pemo sTRAGA O
jo partir da Proposigio precedente da mesma ma
g a s t t do a P ty desta parte foi demonstrada a partir da
2 deo oposigae
qe?
cCorordrio II
os o d a de que nos comiseramos pelo fato de que
pose de Testeea- GA: O
08 O N S T R A
DEM
cc p u d é s s e m os odii-la, entio (pela Prop.23 desta parte) nos
on cfcit uaTriste za, 0 que € contra a Hipétese.
mos com s
Corotdrro III
foxe arem os, 0 quan to pude rmos , para liber car da miséria a
os esto iseramos.
deque nos com
Noss
DEMONSTRAGAO
oq ge afeea de Tristeza a coisa de que nos comiseramos também
je uma “Tristeza semelhance (pela Prop. preced.); porisso nos
Jembrar tudo que lhe suprimea existéncia,ou seja, que
(pela Prop. 13 desta parte), isto € (pelo Esc. da Prop. 9 desta
ray aperecseremos destrui-lo, ou seja, seremo s determ
fe inados a destrui-
pst?«Pe. nos esforgaremos para libertar de sua misé a coisa de que
socomiseramos. C. QD,
Escoéuro
fea vontade, ou seja, apetite de fazer bem, que seorigina de nos co-
rarmos da coisa que queremosbeneficiar, chama-se Benevoléncia, que
« conseguinte € nada outro que o Desejo originado da comiseragdo. De
wn, sobre o Amor ¢ 0 Odio aquele que fez bem ou mal a umacoisa que
=giamos semelhante 2 nés, ver o Esc. da Prop, 22 desta parte.
S PrRorpostgao XXVIII
sforcamo-
micn0s para fazer que aconteza tudo 0 que imagina-
luzir & Alegria;
Se ao passo que nos esforgamos para afastar
94hdest ir ind
y 0 queque imagii namos opor-se a isso, ou sejaje , conduziirr aa
Dos Aros
pant
prwonsTRagho
o quantoP odemos, para imaginar o que imaginamos
I 2 desta parte), isto € (pela
Prop.17. da parte
eg ee “{ermos, para contempl4-lo comopre-
am" 105 ela Prop-Py
da: Mente
i
cee °aie em ato. Mas 0 esforgo ou poténcia
os 7, come XETETrez simultineo. ao esforgo ou poténcia do
PND laramente do Core
e eTigual igual € PO
ghE Coroll.. dada PrProp.
coroll. dada Prop.Prop.7 ¢ Core
Fe ie¢e vonos, absolutament e falando, para sque isso
(ate 2) 1B mesmo pelo Esc. da Prop. 9 dessa partgra e), nbs 0 ape-
A Ooo ea 0 primeiro. Ademais, nos ale remos (pela
o que acreditamos secau
es wnamen A aginarmos destruidoa part
ge este ee) (pelo Ese. da Prop.13 deste), se imaginarmosdes-
Peo priso(pela primeira parte desta dem onstra)
a parte), para
ne os para destrus-lo, ou seja (pela Prop. 13 destsente, © que
Br oforaremos 1 Prde que néo o contemplemos como pre
Tere de 968 rgamo-nos para fazer que acontesa,etc. C. QD.
a a gunLOB?>
pProPposigéo xX XIX
snbem nos eforgarenvos para fazer tudo aquilo que imagi-
a , i teremos
seomaue os bomen s’ veer com alegr ia e, ao contr ario,
sesio afazer aquilo que imaginamos dar aversao aos homens.
DEMONSTRAGAO
for imaginarmos os homens amarem ou odiarem algo, amaremos ou
sdaremos 0 mesmo (pela Prop. 27 desta parte), isto € (pelo Esc. da Prop.
‘sdataparte), porisso nos alegraremos ou nos entristeceremos com sua
penga; por conseguinte (pela Prop. preced.), nos esforsaremos para fa-
1 [agit] tudo aquilo que imaginamosque os homens veem comalegria,
«CQD.
EscéLto
mon de fazer e também de se abster de fazer algo sé para
os homens se chama Ambigio, sobretudo quando nos es-
4 40 imponderadamente para agradar o vulgo que, com
Para ng
s ou para outro, fazemos ou nos abstemos de fa-
Ma coisa; no havendo dano, costuma chamar-se Huma-
, propostgho xxx
fez algo que imagina afetar os outros de Alegria,
See :
sil de Alegria conjuntamente & ideia de si como causa,
imJ
ao contrario,
remplard @ si proprio com Alegri: a. Se, :
ig, co a
ue ima gin e afe tar os otr as de Tristeza, inversamente
wit
feeost ga rd a AP réprio com Tristeza.
DEMO NSTRAGAO
q u e steza é por isso mes-
af ca outros de Alegria ou Tri parte). E como 0
s m a g i n a
yser i e Alegria ou “Tristeza (pela Prop. 27 desta
etka d de si através das afecc goes pelas quais ¢ determinado a
ipdesprop- 39 © 5 da parte 2),Aleg
é conscio logo quem fez algo que imagina afecar
gria tendo consciéncia de si préprio
de Alegria sercontemplaré a si préprio com Alegria; ¢ também 0
afet ado de
oo esa, OU SF
csr. CQ D- EscoLrio
desta parte) & a Alegi conjun-
Como o Amor (pelo Esc. da Prop0. Od13 io
mente A ideia de causa externa ¢ é a Tristeza também conjun-
ria ¢ esta Tristeza serio
samente i deia de causa externa, logo esta Aleeg0 Amor ¢ 0 Odio sao re-
cpicies de ‘Amor ¢ Odio. Contudo, visto qu
fuidosa objetos externos, designaremos estesamafet os com outros nomes;
suber, chamaremos Gloria a Alegria conjunt e a icia de causa ex-
nte
se: apenas quando
tem ¢ Vergonha a Tristeza contraria a cla; entenda-
1 Akgtia ow a Tristeza se originam de o homem crer que é louvado ou
to
‘iuperado. Diferenteme ente, chamarei Contentamen consigo mesmo a
{vis conjaneamenc ideia de causa interna, ¢ a Tristeza contraria a
te
i peratmente: Alem disso, como (pelo Corel. da Prop. 17 da par
na ar ou-
ee ee Alegria com que alguém imastgia rtafe)et cadosa um
Siees Kosala Essen (pela Prop. 25 de pa
imaginar sobre si tudo que imagina afeti-lo de Alegria,
parte ait Dos Areros iy
prorostgho ? XXII
mos que a
Iguémgozade uma coisa que sb umpode
nd ; com que ele ndoi a possua.
imsacinarparemosparefazer
a
e
nds 08
DEMONSTRAGAO
n e mos que alguém goza de uma coisa, nés a amaremos
i m a g i l.a 1).queOra,
ae i jela (pela Prop. 27 desta parte comse a r e muosCoro
a r r cle
da
a g i n a m os ser um eobst
) , nacul
d s noa
o s e esta
s f o r gAleg riapele goza
)i m a
st p a r t
(oHtip?geos(epel(peala Prop: 18 de
u a. EscoéLi0
oor?
0, por natureza, a maioria dos homens esta consti-
guese comisera dos que esto mal ¢ inveja os que
Prop. preced .) com um édio tanto maior quanto mais
tem, € (pela , que
ica que imaginam ser possuida pelo outro, Vemos, ainda
pam 2.0 iedade da natureza humana da qual segue que os homens
segue também quesao invejosos ¢ ambiciosos. Por
uo nl isermos consultar a prOpria experiencia, experiment aremos que
aospri-
~ asa todas essas coisas; sobretudo se prestarmos atengio vez que
ee cmos de vida, Pois experimentamos que as criangas, uma
brio, riem ou choram
eeeut esti continuamente como que em equili
peroutros rindo ou chorando¢, além disso, o que quer que vejam os
ets fzendo, de pronto desejam imitar e, enfim, desejam para si tudos
que imaginam deleitar os outros; nao é de admirar, visto que as imagen
dascoisas, como dissemos, sao as préprias afecgdes do Corpo humano, ou
a, as manciras como 0 Corpo humano ¢ afetado por causas externas ¢
disposto a fazer isso ou aquilo.
Prorposigéo XXXIII
Quando amamos uma coisa semelhante a nés, esforgamo-nos 0
‘tuantopodemos parafazer com que também nos ame.
DemonsTRAGAO
Esfor
no(0S8O-NOS,0 quanto podemos, para imaginar antesacoisaqueama-
que outras (pela Prop. 12. desta parte). Se entao a coisa nos ¢ seme-
~<a
panre ttl Dos Areros ao
proposigAo XXXIV
aior 0 afeto por nds com que imaginamos ser a coisa
wate rn, tanto mais nos glorificaremos.
nal JO DEMONSTRAGAO
sageeeeneeoon 1), odemos,
en ‘amadaseja afetada de Alegria conjuntamente & ideia de nés
acoi-
Prorosigko XXXV
Sealguém imaginar que a coisa amadase une a outro por um
vinculo de Amizade igual ou mais estreito do que aquele com
que clepréprio a possula sozinho,serd afetado de Odiopela coisa
amada invejard aquele outro.
DEMONSTRAGAO
Quanto maior o amor com que alguém imagina a coisa amadaser afe-
‘ada em relagio a ele, tanto mais se glorificard (pela Prop. preced.), isto &
pea da Prop. 30 desta parte), se alegrara; por conseguinte(pela Prop.
ed se esforgard, o quanto pode, para imaginar a coisa amada
eiumamente ligada a ele, ¢ este esforgo, ou seja, apetite, é fomenta-
‘magina um outro desejar o mesmoparasi (pela Prop. 31 destaparte).
pare dtl Dos Areros 293
Proposigaéo XXXVI
Quem recorda uma coisa com que se deleitou uma vez, deseja
possui-la com as mesmas circunstancias em quepela primeira vez
deleitou-se com ela.
DEMONSTRAGAO
vecltde que um homem viu simultaneamente com a coisa que delei-
veri (pela Prop. 15 desta parte) por acidente causa de Alegria. Por-
C pos Arrros 29s
paate iit
Escorio
sin eza
teza ,en
. gua nto co nc er au sé nc ia do que am am os, chama-se
sca Tris ]-
saudade (earéncia
proposigAo XXXVII
Odesejo originadopor Tristeza ou Alegria, por Odio ou Amor,
afeto.
tanto maior quanto maior é 0
DEMONSTRAGAO
| ATTiisteza (pelo Ese. da Prop. 11 desta parte) diminui ou coibe a po-
tincia de agit do homem, isto é, (pela Prop. 7 desta parte) diminui ou
caibe o esforco pelo qual o homem se esforga para perseverar noseuser:
por isso (pela Prop. 5 desta parte) ela é contriria a este esforgo, ¢ afas-
tura Tristeza € tudo para que se esforga o homem afetado de Tristeza.
Ona, (pela Def’ de Tristeza) quanto maior é a Tristeza, tanto maior é
aparte da poréncia de agir do homem & qual é necessirio que se opo-
tha; logo, quanto maior é a Tristeza, tanto maior ¢ a poténcia de agir
com que o homem se esforgard para afasté-la, isto ¢ (pelo Esc. da Prop.
— Parte), com tanto maior descjo, ou seja, apetite, se esforga-
Para afastar a Tristeza. Em seguida, como a Alegria (pelo mesmo Esc.
mngett desta parte) aumenta ou favorece a poténcia de agir do ho-
; demonstra-se facilmente pela mesma via que 0 homem afetado
“sria nada outro deseja endo conservi-la, ¢ isso com tanto maior
ee
Dos Areros 297
posigAo XXXVIII
pro
yer comes -ado a odiar a coisa amadadetal manei-
nor sej4se plenamente abolido, nutrir-lhe-d, mantidas
SF mor
dig bes um m Od io ma io r do qu e se nu nca a tivesse
con
to mriaao ior quanto maior tenb a sido antes 0 Amor.
AO
TRAG
DEMONS
a a od iar a coisa que ama, tem coibidos
Cot-am efeito . se alguem comes ria
gens do que se nunca a Civesse amado. Pois o Amor é aAlegrte)
p13 desta parte), que 0 homem (pela Propm. o28Esdecéstlio)pacon-
a 0aTa
ro pode para conservat; ¢ isso (pelo mes a uanto
ando-a de Alegri o q
se cstorgdo coisa amada como presente, ¢ afet
oe ey destca oparte) ersforsoro ,quasesicemrtcam ente (pela Prop. pre
pode olePOP Guan maio 0 am omo o esforgo de fazer
e). Ora,
ela Prop. 33 desta part
ad) eran ea amada também o ame (p a m a d a (p el o Co ro l. da Prop. 13 €
oe ae io s g p co ib id os pe lo dd io co is a
Gus Pp. 23 desta pate); logo. pelo mesmo motivo o amante (peltooEsc. idoar
aoe fata parte) sera aferado de Triste teza, ¢ tanto maior quan ma
io, outra
hs sido 0 Amor,isto é, além da Tris za que foiai ,causa edempOldaré a coisa
wegina por rer amado 2 coisa; €, por consequénc cont op.13 desta
smada com um maior afeto de Tristeza, isto €, (pelo Esc. da Pr
se o, nto
pare) nutrit-Ihe-4 um édio maior do que se nunca a tives amad ¢ ta
rior quanto maior tenha sido o amor. C. QD.
Proposi¢gAéo XXXIX
Quem odeia alguém se esforgard parafazer-lhe mal, andoser
4ue tema originar-se dai um maior mal para si; a0 contrario,
quem ama alguém se esforgard, pela mesma lei, para fazer-lhe
bem,
Dos Areros
prmonsTRagao
da Prop. 15 desta parte) € imaginar alguém
por isso (P ela Prop. 28 desta parte), aquele que
wpa ra afa ses -lo ou des tru b-l o, Mas se rome a partir
ai 9 mesmo), um maior mal para si, €
iste 1 fazendo a quem odeia o mal que meditava,= desejard
© ig? alge mal; ¢ iso (pela
itso ana parte) abster-se de Fazer-the
Jo ns
Cornordrio Tl
na que. por Odio,i fez-the algum mal um, outro por
mn imag ances nenhu afeto, imediatamente se esforgara para
per
se aise mal.
one o mes? mo 7
AO
esto DEMONSTRAG
oodia-
ina al gu ém afetado de Odio para consigo, também
quemyer im ie (pela Prop. 26desta parte) se esfoxcari para inven-
s PP Pree fexd-lo de Tristeza, e tentard (pela Prop. 49desta parte)
a (pe
io 18 PO" (por Hipétese), a primeira coisa que assim imagina é 0
pe
jn BOfai.feito: logos sued iacarnence sc:ciforcard: para fasesslhe'o
rc re
se QD.
com EscoéLi0
mado Ira € 0 esforgo de
srg de fazer mala quem odiamos&chaVing
Oe ea l Gque nos oif eizo € denominado ansa.
a
ProposigdAo XLI
Sealguém imagina ser amado por um outro endo cré ter dado
nenbum motivo para isso (0 que podeocorrer pelo Corol. da Prop.
ssepela Prop. 16 desta parte), também o amard.
DEMONSTRAGAO
ssa Proposigéo é demonstrada pela mesma via que a precedente. Veja-
setambém o seu Escélio.
Escéuio
Com efeito, se cré ter fornecido justo motivo de Amor (pela Prop. 30
destapartecom seu Escélio), ele se glorificar4, 0 que certamente (pela Prop.
asdesta parte) acontece com mais frequéncia; 0 contrario dissemos ocor-
rer quando alguém imagina ser odiado por um outro (ver Esc. da Prop.
preed.). Além disso, este Amor reciproco, ¢ consequentemente (pela
Prp. 39 desta parte) o esforgo de fazer o bem aquele que nos ama ¢ que
la mesma Prop. 39 desta parte) se esforga para nos fazer bem chama-se
Reconhecimento ou Gratidao; porisso se revela que os homensesto bem
‘sais dispostos & Vinganga do que a retribuir o beneficio.
eeatt Dos Areros yes
pan
prorosigAo XLII
vovi do por Amo r ou esperang a de Glir2ia, benefici on
o ser recebido comanimo
* 4.
”
quemse Miiatec erd sevi r 0 bene fici
DEMOoNSTRAGKO
«uma coisa semelhante a si esforga-se, o quanto pode, para
em a3 em aa amad o porc la (pela Prop. 33 desta parte). En-
fixer com aFejou alguempor amor o fz comadopela caréncia de tam-
co quem to € (pela Prop. 34 desta parte), pela esperanga de Gloria,
tensBscda Prop. 30 desta parte) de Alegrins por issoesta(pela Prop.
onsa)se esforgaré, 0 quanto pode, para imagiato, nar causa de
pre ‘cjapara contemplicla como existente em Ora (por Hipé-
civagina outro que exclui a existéncia desta causa; logo (pela Prop. 19
data parte), poreste motivo se entristecerd. C. QD.
ProposigAo XLIII
0 Odio é aumentadopelo édio reciproco e, ao contrdrio, pode
ser apagado pelo Amor.
DEMONSTRAGAO
Quando alguém imagina aquele a quem odeia ser também aferadode
ioparaconsigo,por isso mesmo (pela Prop. 40 desta parte) se origina um
‘ero Odio, durando ainda (por Hipétese) o primeiro. Mas se, ao contritio,
sBatinaquecleéaferado de amor para consigo, enquantoimaginaisto, nesta
"eid (peleProp. sodestaparte) contemplaasi prépriocom Alegriac,nesta
pos Areros 7
prowosrees XLEV
m e n t e v e n c i d o P elo Amo r conve rte-se em Amor;e
io ple a mor é maior do que se 0 Odio néoo tivess
usa i550 07
A
, DEMONSTRAGAO
ye 38 desta
seasioprocede da mesma mancita que a Proposigio
Aodeirs! equer 0 piesa a amar a coisa que odeia, ou seja, a coisa a que
p
com Tristeza, plo fato deamar se alegras ¢ 2 esta
ra gue plas (ver sua Def no Ese. da Prop. xs desta parte) se
aque one envolve ela que se ori gin a de ser diretamente favorecido 0
we ca cambem Trauisteza que 0 dio envolve (como mostramos na Prop.
eo de a8 1 a ideia daquele a quem se odiou como \
oeasa pate conjuntam ente \
aust \
Escouro
ar uma
sinda que seja assim, ninguém todavia se esforgard por odi o ¢,
scisa ou ser afetado de Tristeza para que frua esta Alegria maior; ist
siageém deseard infligir-se um dano na esperanga de recuperar-se dele,
ten caecerd estar doente na esperanga de convalescer. Pois cada um se
sforgari sempre para conservar seu ser ¢ afastar, 0 quanto pode, a Triste-
3. Caso se pudesse, 20 contririo, conceber que um homem pode desejar
‘dir alguém para depois nutrir-lhe um amor maior, entao ele careceria
Sameer alguém. Pois quanto maior tiver sido 0 Odio, tanto
cab«pr in carnesep8 Odio aumente mais
ee qoscis 3 hhomem se esforgari por ficar mais ¢ mais
Picea roeale repeats da satide; portanto, se esforgard
¢, 0 que (pela Prop. 6 desta parte) é absurdo.
pane tn Dos Areros 300
propostgGso XLV
‘ama uma coisaa melbante a si, imagina um
jetado de Odio TRAgrO
a, ele o odiard.
pewonrs
ei (pela Prop. 40 desta parte)
cols amada também odque imagina a coisa amada odiar
feito 8 ae amante,
posieias€
mestPoreina a coisa amadaaferada de Odio, isto é
ms 2 parte deTristeza, ¢ consequentemente(pela
¢ isso conjuntamente3 id
§ eniristecet sa, to (pelo Ese. da Prop.
daquele
ta partite)e) s¢ COMO au is & 13 desta
oisa amada
C.QD.
prorosigxo XLVI
a ou Tristeza por algo
alentsiver sido afitade de Alegriconjunt
oesSyasse om Ad 0 dif ente da esua, agdo, como causa, ele
amente a ideia
so nome universal da class ou n
ied ou odiara Id 0 apenas aquilo mas todos os de mesma classe
su napio. AGAO
DeMONSTR
ta parte.
A demonstracio disto ¢ patente pela Prop. 16 des
ProrpositgdAo XLVII
Alegria que se originaporimaginarmos a coisa que odiamos
desruida ou afetada de outro mal néose origina sem alguma
Tristeza do animo.
DeMONSTRAGAO
a Patemte pela Prop. desea parte. Pois, enquanto imaginamos uma
aferada de ae
isn semelhante a nosral z -
Tristeza, nesta medida nosentristece
Prorposigéo XLVIII
propostgso XLIX \
inamos livre devem \
,e0 Odio a umacoisa que imag
or 69
oa maior O antidas as mesmas condigées, do que a uma
ae
r Arlt DEMONSTRAGAO
smagi namos livre deve (pela Def 7 da parte 1) sex perce
conn cois gteT entdo imaginarmos que cla ¢ causa de Alegria ou
sem outrmrnesmo (pelo Esc. da Prop. 13 desta parte) a amaremos
Po so (pela Prop. preced.) com o sumo Amor ou Odio que
m0, ¢ He sfeto dado. Todavia, se imaginarmos como necessiria
caus ty mesm
povemue ¢ase o afeto, entio (pela mesma Def. 7 da parte 1)
feinee ce causa deste afeto, néo sozinha, mas com outras, ¢
ini (pela Prop. prece id.) 0 Amor ¢ 0 Odio a cla sero menores. C.Q. D.
ae EscoLio
Dai segue ue os homens, por se estimarem livres, nutrem uns aos ou-
* ou Odio maiores do que as demais coisas; ao quese acrescenta
sos Amor Jos afetos, sobre a qual vejam-se as Prop. 27, 34, 40 ¢ 43 desta
aimitagao
pre.
ProrposigadAo L
Qualquer coisa podeser, por acidente, causa de Esperanca ou
Medo.
DEMONSTRAGAO
Esta Proposigio € demonstrada pela mesmavia da Proposigio 15 desta
Fartaqual deve ser vista junto com o Esc. 2 da Prop. 18 desta parte.
Escé110
rag que sio, por acidente, causas de Esperanca ou Medo sio chama-
dpa’ 4 Maus pressigios. Ademais, enquanto tais pressigios sio causa
be woe ou Medo, nesta medida (pela Def. de Esperanga e Medo, que
“3 da Prop. 18 desta parte) sao causa de Alegria ou Tristeza ¢,
pante i Dos Artros ns
Jo Coro, da Prop. 18 desta parte), nesta medida os
emnente PO ail Prop. 28 desta parte), como meios para as coi
wediame’ ¢ Pe mo-nos para empregi-los ¢, como obsticulos
pasamnes: .P SONei-los, Alémdisso,da Proposigio 25 desta
Narituidos de maneira que facilmente cremos no
mos
set ailmente no QUE TEMEMOS, € a estas coisas estima
« isha, Disto se originaramas SuperstigGes com que
Pr quem da Namem
eget, medida. coda ‘ parte. De resto, » nao penso pensoque
4} valha a
ee gs se deteraeuagdes doanimo que se originam da Esperanga
aqui 46 definigdodestes afetos segue que nao se di Es-
visto
1 dos 80Hog Medo sem Esperanga (como
ue das
< explica e remos mais
xt equéncia), ¢ visto que, além disso, enquanto esperamos
gamente n> eat medida 0 amamos ou odiamos, cada um podera
of Esperanga € a0 Medo tudo que dissemos do Amor ¢
jne08 acar
ate Pl
Prorosi¢Ao LI
ProposigAo LIII
proposigio LV
do a Men te ima gin a sua imp oté nci a, por iss o me sm o se
Quan
entistee. -
DemoNsTRAGKO
0 que a Mente € e pode, ou seja,é
jexénca da Mente afirma apenas ent
andarera da Mente imaginar unicam e 0 que pde sua poréncia deplaagicra
{pds Puppreced.). Assim, quando dizemos que a Mence, a0 contema Men-
sppmagia sua impoténcia, nada outro dizemos senio que
‘eoesforgar-se para imaginar algo que pOe sua poténcia de agit, tem este
sevcsforgo coibido,ou seja (pelo Esc. da Prop. 11 desta parte), dizemosque
daseentristece. C.Q D.
CoroLdrio
EstTristeza é mais e mais fomentada se ela imagina ser vituperada
por outros, o que se demonstra da mesma maneira que o Corol. daProp.
sideta pate,
Escétio
Esta za conjuntamente a ideia de nossa debilidade é chamada
Humildade; iia Alegria que se origina da contempl
agéo de nés mesmos
eat Dos Arrros
part
soprio ow Concentamentoconsigo mesmo. E comoesta
ase AmOPPLT quantas o homem contempla suas virtudes, ou seja,
pa ge ANTe ai portanto também ocorre que cada um anscie por
<r ence vgibie as forcas tanto de seu corpo quanto de seu
an
seus cas, por este motivo, sejam molestos uns aos outros,
geo hom os homens saoinvejosos por natureza (ver
Esc. da Prop. 3% desta parte), ow seja, regozijam-se diante
"da Prop. a seus iguais ¢, inversamente, se entristecem por causa da
oa quantas vezes cada um imagina suas agées, tantas vezes
‘Alegria (pela Prop. 53 desta parte), ¢ tanto maior quanto mais
ado de ersaas agées exprimirem € quanto mais distintamente as
feiga° Ioele dite oBsc: vale Prop: 40:da parters); cquanvo'sials
eeet se jas outras e contempli-las como coisas singulares. Por-
| ae da um se regozijara ao maximo com a contemplagao de
ada
si quando
santo, Gt em si algo que nega dosrestantes. Mas se refere aquii lo que
conte! mmpla
r 3 al, nao
zc i a ideia universal de homem ou de anim : se regozijar4
2
afirma «* ersamente, ele se entristecerd se imaginar suas agdcs serem mais
ireradas as dos outros, Tristeza que certamente (pela Prop. 28
inv 7
canto:
a ae esforgar4 para afastar interpretando erradamenteas agées
ae iguais ou adornando, 0 quanto pode, as suas préprias. Revela-se
entio que os homens sdo por natureza inclinados ao Odio e a Inveja, a0
que se ajunta 2 propria educagao. Pois os pais costumam incitar osfilhos
4 virtude somente com o estimulo da Honra e da Inveja. Todavia restara
talvez o escripulo de que nao raro admiramosas virtudes dos homens¢ os
yeneramos. Logo, para afast4-lo, acrescentarei o seguinte corolério.
COROLARIO
Ninguém inveja a virtude de alguém que no seja um igual.
DEMONSTRAGAO
Alnveja é 0 préprio Odio (ver Esc. da Prop. 24 destaparte), ou seja (pelo
£sc.da Prop.13 desta parte), a Tristeza, isto é (pelo Esc. da prop.11 desta parte),
sa Pela qual é coibida a poténcia de agir do homem ouseu esforgo.
= ae omem (pelo Esc. da Prop. 9 desta parte) nao se esforga nem deseja fa-
agir] nada senioo que podeseguir de sua naturezadada;logo,ohomem
Dos Areros i
pas ex 112
the predique 4 enhu ma poténcia de agit, ou (0 que €0
a9ye, que Si* prope A natureza de outro ¢ alheia A sua: por
eect . da Prop. 11 desta
“ao pode ser <1 roibido. isto & (pelo Escuma virtude em al-
nie Peperarecer-se, por concemplParpoderd inveji-lo. Mas
Fee nn = Coigual enen AE reza
Jaum se wr , que supe-s, tem a mesma nacu
ott Escouro
s acim a, no Esc. da Prop . s2 desta parte, que
sando dssemodmirarmos sua prudéncia, fortaleza, ctc.. isso
porc ym ome Por
anto >
ag inamos que estas
nt e pe la pr op ri a Pr op .) po rq ue im
1 pare nt e> ¢ nio com o comuns 4 nossa natureza,
e (e to nc e si ng ul ar me
on
ve ja re mo s ne le mai s do que a altu ra nas arvores, a for-
sierinao as in
yo t
wales 2° ledo, e
proposigao LVI
sp éc ie s de Al eg ri a, Tr is te za e Desejo ¢, conse-
Dito-se ta nt
c
as
a
¢5
d a a f e t o qu es e c o m p é e de le s, c o m o af l u t u a gio
guentementés ve es se deriva, como 0 Amor, o Odi o, a Espe-
do dnimo, ou que del de objeto s pelos quais
ranga, 0 Medo, ett» quantassao as especies
samos afetados.
DEMONSTRAGAO
ria ea Tri ste za ¢, con seq uen tem ent e, os afe ros que delas sio com-
‘AAleg
Prop. 1 desta parte); €
os ou delas derivam, sio paixdes (pelo Esc. da
enquanco temos
nis (pela Prop. 1 desta parte) necessariamente padecemos ta parte), apenas
idcis inadequadas;e, enquanto as temos (pela Prop. 3 dadesparte 2), necessa-
nesta medida padecemos,isto é (ver Esc. da Prop. 40
r Prop. 17 da
/ramente padecemos apenas enquantoimaginamos, ou seja (ve
rex com seu Esc.), enquanto somos afetados por um afeto que envolve
anatureza de nosso Corpo e a natureza de um corpo externo. Portanto,
saureza de cada paixdodeve necessariamente ser explicada de tal mancira
rdizer,
eed objeto pelo qual somos aferados.zaQue
do proprio
que se origina, p. ex., do objeto A envolve a nature
iit Dos Arrros
parté
quesese origina doobjeto B envolve a natureza do
estes di s afecos de Alegria sio diferentes por
jeBr Po de caus as de naturezadiferente, Assim tam:
ye se vera que se origina de m objeto é diferente, por
ina de outra causa; © que cumpre enten-
or, do€ io, da Esperanga,n doAleMedo : , da Flutuagio do
r i s s o s i o dad as tan tas esp écies de gria, tristeza, Amor,
po afetados.
iene quantas $40 as espéi cies de objetos pelos quais somos
ee ropria essénc' ia ou natureza de cada um, enquan to con-
zer [agir] algo por uma dada constit u i g i o sua, seja
yesejo ©
eminada 2 f a
me orme cadaer
logo, conf um afe-
Esc. da Prop. 9 desta parte);
¢a3)for (Fe sas € creenas com esta ou aquela espécie de Alegria, Tristeza,
caus
erie ete ito & conformesua natureza é constituida desta ou
AstIa mancira, assim seu Desejo sera necessariamente um: ou outro, ¢
ager ge um Desejo diferira da de outro tanto quanto diferem entre
s espéc ies de
e , dao-se tanta
gnaturel za de
feros ddeque cada um se origina. Port anto
spat
:t
sosate 3 jo as espécies de Alegria, Tristeza, Amor, etc. ¢, conse-
Des oseee ji moserado), quantas séo as espécies de objetos pelos
Fmomes afetados. C- QD.
? EscoLrio
nue as espécies de afetos, que (pela Prop. preced.) devem sex muitis-
sinus sio insignes a Gula, a Embriaguez, a Lascivia, a Avareza ¢ a Am-
sigio, que no so sendo nogdes do Amorou do Desejo as quais expli-
cama natureza de ambosestes afetos por meio dos objetos aos quais sio
weevidos. Pois por Gula, Embriaguez, Lascivia, Avareza e Ambicao nao
uendemos nada outro que 0 Amorou 0 Desejo imoderado de comer,
de beber, de copular, de riquezas ¢ de gléria. Além disso, estes afetos,
oquanto 05 distinguimos dos outros somente pelo objeto a que sao re-
feridos, ndo tm contrarios. Pois a Temperanga, a Sobriedade ¢ a Casti-
dade,que costumamos oporrespectivamente 4 Gula, 4 Embriaguez ¢ &
Liscivia, ndo sio afetos ou paixdes, mas indicam a poténcia do animo
Temes estes afetos. De resto, nao posso explicar aqui as outras ¢s-
= =afetos (j4 que h4 tantas quantas sio as espécies de objetos), ¢
Recessirio, caso pudesse; pois para aquilo que pretendemos,
pante iit Dos Aretos sn
prorosigdo LVII
qu er afe to de cad a indivi
: duo discrepa do afeto de outro
ual ia do outro.
unto 2 yanto a essincia de um difere da essénc
DEMONSTRAGAO
pos igi o€ par ent e pel o Ax. qu es e vé dep ois do Lema 3 do Esc
0a Pro ini
dupe1da parte 2. Nao obstante,nésa demonstraremos pelas def
caesds ets afetos primitives.
gria ow & Tristeza, como
‘Todos os afetos sio referidos a0 Desejo, & Ale
postram as definigdes que demosdeles. Ora, © Desejo & a prépria nacu-
raaou esséncia de cada um (ver sua Def. no Esc, da Prop. 9 desta parte),
logo.o Desejo de cada individue discrepa do Desejo de outro tanto quan-
rpanatureza ou esséncia de um difere da esséncia de outro. Além disso, a \
Akgria ea Tristeza sao paixdespelas quais a poténcia de cada um,ou seu
esforgo de perseverar em seu ser, é aumentado ou diminuido,favorecido
ou coibido (pela Prop. 11 desta parte e seu Esc.). Ora, por esforgo de perse-
verarem seu ser, enquanto referidosimultancamente & Mente ¢ ao Corpo,
tatendemos 0 Apetite € 0 Desejo (ver Esc. da Prop. 9 desta parte); logo,
+ Alegria ca Tristeza sio 0 préprio Desejo,ou seja, o Apetite, enquanto
“smentado ou diminuido, favorecido ou coibido, por causas externas,
'80€ (pelo mesmo Esc.), éa propria natureza de cada um; ¢ porissoa Ale-
oua Tristeza de cada um também discrepa da Alegria ou da Tristeza
ui Dos Areros 333
parte
a natureza ou esséncia de um difere da esséncia de
ement te, qualquer afer o de cada individuodiscrepa do
.
C.QD
EscoLio
gsa
o s a fet os dos ani mai s que sio ditosirracionais (com efei
ue , nao podemosduvidar
conheci do a origem da Mente
ens
sere 0s bichos scntem) diferem dos afetos dos hom va
n atforezadifereda nacureza humanaar,. Ce rtamente 0 ca
é pela
to yn $30 arrastados pela Lascivia de procri mas aquele o
na s vat e pel a hu ma na . As si m ta mbém as Lascivias ¢ Apetites
equi diferentes uns dos outros. Desta ma-
© s de ve m ser
sesinserosboperaixcaesda i ndividuo viva contente comsua natureza como ela é
ave
eci em
. se regoriie © m ela, contudo ‘det esta vida com que cada umesti: contente €
outr o sf0 que a idei a ou alm a dess e mesmo indi luo, ¢ por
«sen
oe ide um discrepa do gozo de outrotanto quanto a esséncia de
“hs essé ncia do outr o. Por fim , da Prop osis io precedente segue
o e e o goz o pelo qual, p. ex., € conduzido o
o u c a 2 d i s canc ia entr
que nto € p
o F i l é s o f o p o s s u i , o q u e a q u i a d v i r eo de passagem. E
. Resta ainda
q u e
ébrio, € © O2
r e
0
s a f e t o s r e f e r i d o s 0 h o m e m e n q u a n t o p a d e c e
stsob o quanto age.
sav fenaralguma coisa sobre aqueles referidos a ele en
ProposigAo LVIII
proposigAo bLx
Todas as ag6es que seguem dos afetosreferidos & Mente enquanto en-
tende eu refiro a Fortaleza, que distingo em Firmeza e Generosidade. Pois
por Firmeza entendo 0 Desejo pelo qual cada um se esforga para conservar
ux serpelo s6 ditame da razdo. Por Generosidade entendo 0 Desejo pelo
qual cada um se esforga para favorecer os outros homens e uni-los a si por
anizade pelo 56 ditame da razdo. Assim, as ages que visam s6 ao titil do
agente refiro & Firmeza, ¢ as que visam também aoutil do outro, & Ge-
ee Portanto a Temperanga, a Sobriedade, a presenga de espirito
"89S,etc. sio cspécics de Firmeza; ja a Modéstia, a Cleméncia etc.
it Dos Arrros »
part?
Gen cro sid ade . E co m iss o julgo ter explicado ¢ mostrado
eG reas os principals afetos ¢ fluruagbes doinimo que
rime
i composigae
do « trés afetos Pr primitivos: Dese Alegria
nde revel “
q u < somos agitad6 ospor causas externas de mui-
ye fluwamos tal qual ondas do mar agitadas por ventos
Mas afirmei ter
antes de nos 0 desenlace ¢ do destino. rod
ai rnc ipa is conf lito sdo dnimo,c nso
3
or que podem
nas
peo. pela mesma vi a podemos mostrar facilmente que o Amor
ope
imento, 2 Desdém, a Vergonha,etc. Mais ainda, creio m
cada um, a partir do ja dito, que os afetos pode
dem originar-
.s outros de tantas maneiras, € dai po
om que ndo podem ser definidos por nenhum niimero.
i uit o, basaS ter emue merado apenas 0 principals po
sodas .tes
PP que omiti, arenderiam mais 3 curiosidade do que 3 utilidade.
os reset
N po ré m, rest a algo a nota r: 20 fruirmos uma coisa que ape-
sobre © AO , por ¢sta fru igio, 0 Corpo
19s, aconrece mui frequentemente que
cect v a cs determinado di ferentemente
onstituigio pela qual seja
sdg p i r a r m a n o
amente a Mente co-
seexciter nele OUT s imagens de coisas; ¢ simultane do imaginamos
ag in ar um as co is as € a de sc ja r ou cr as . Py ex , qu an
meg? n im
imv gxr uma del eic ar- nos pelo sabor, desejamos frui-lo, quer dizer,
algo a
enq uan to ass im 0 fru imo s, 0 est éma go se enc he ¢ 0 Corpo
comé-lo. Ora, 0 Cor-
j4 disposto diferentemente
édiferentemente constituido. Se entio,
r fom ent ada a ima gem daq uel e ali men to, vis to que est i presente, ¢,
post
comé-lo,
‘onequentemente, também fomentado o esforgo ou Desejo de
en-
anova constituigdo se opors a este Desejo on esforgo ¢, consequentem
teapresenca do alimento que apetectamossera odiosa, © que chamamos
Fatio ¢ Tédio, De resto, negligenciei as afeegdes externas do Corpo que
sio observadas nos aferos, comoo tremor, a lividez, 0 solugo, 0 riso, ete.,
dado que sio referidos s6 ao Corpo, sem nenhumarelagio coma Mente.
Por ima, cumpre notar algumas coisas a respeito das definigdes dos afetos,
‘por isso aqui repetirei por ordem,intercalando-lhes 0 que couber ob-
‘ervarem cada uma.
Dos Arrros
ExpLicagao
osigio 9 desta parte, que 0 Desejo
no Escélio da Propco
nos a ima, Bae
- quando dele s ¢ rem consciéncia; € o apetite é a propria essén-
en qu an co de te rm in ad a a faz er al go qu e se rv e a sua propria
”
ig doervagao.
home Pore m, no mesmo Escdlio, também adverti que na verdade
oO
nhego nenhuma diferenga entre 0 apetite humano ¢ 0 Desejo.
io #000 per-
‘a nio o homem cOnscio de seu apetite, contudo o apetite
para nio parecer que cometia uma
vanece um 56 € o mesm icar¢ oporisso,
pois se}4
Desejo pelo apetite, mas tentei defini-lo de
utaJogia, nao quis expl desse de uma s6 vez todos os esforsos da natu-
ral maneil ra
que compreen
era humana que designamos pelos nome
s de apetite, vontade, desejo ou
ese ia
jo é a propria essénc do
impero. Com efeito, poderia ter dito que o D
tomem enquanco & concebida determinadaa fazer algo, mas desta defini-
cio pela Prop. 25 da parte 2)nao seguiria que a Mente podeser conscia de
sea Desejo, ou seja, de seu apetite. Entao, para que eu envolvesse a causa
dessa consciéncia, foi necessario (pela mesma Prop.) acrescentar enquanto
éconccida determinada afazer algo por uma dada afecgao sua qualquer.
Rois por afecgio da esséncia humana entendemosumaconstituigao qual-
querdesta mesma esséncia, seja ela inata, seja concebida pelo sé atributo
do Pensamento, seja pelo da Extensio,seja enfim referida a ambos simul-
Sscamente, Portanto, entendo aqui pelo nome Desejo quaisquer esfor-
wee ¢ voligdes de um homem que, segundo a varidvel
lo mesmo homem, saovaridveis ¢ nao raro tio opostos uns
tine Quecle é arrastado de diversas
295 outros
di is ¢ nao
maneiras a sabe para onde
Dos Areros at
par en-itl
a Alegria 64 P assagem do homem de uma perfei
aya naio® \ ,
sora greta €a passage do homern de uma perfeigio
ah yma menok. ExrLicagno
aio"
an. ois a Alegria nko &a prépria perfeigio. Com efeito,
pige PAEoma perfcigio a qual passa cle a possuiria sem 0
egtié el™ Moe revela maisémclar
je Almnas
jen home amente a partir doafetode Tris
Mrio, Pois ningu pode negar que a Tristeza consisce
eoecers menor perfeigio, ¢ndo na prépria perfeigio menor,
pepsi 2em, enquanto participa de alguma perfeigio, nio pode
vist QUEmoet também nio podemos dizer que a Tristeza consiste na
eee ‘uma maior perfeigios pois a privagio nada é, a0 passo que 0
cragio de Wi uim 2t0, que por isso ndo pode ser nenhum outro sendo
a de
aio de Tes na menorperfeicio, isto &oatopelo qual a poténci
aeoe “tdiminuida oucoibida (ver o Esc. da Prop. 11 desta parte).
agirdo norco as definigdes de Hilaridade, Caricia, Melancolia e Dor,ja
Derrem peedominantemence 20 Corpo € io sio senio Espécies de
ga ou Teiscera.
ee
Dos Arrros a
pant pul
c, ou de perseverar na presenga e dela,
ese-
uando ela
esta ausent
e c b d l o s me s t e o ua q u e l D
de scr co n ento que se da no amante
3 ane vorortpeondo o Contentam
cv amada e que corrobora, ou pelo menosfomen
~<a
Dos Arrtos a7
paste tll
ExpLicagho
ima é efeito, oSea propriedade do Amor, ¢ 0 Des-
a Superestima pode também ser definida como
oisa amada
ar o homem de tal mancira que estima ac
, 0 Despeito, 0 Odio enquanto afeta ohomem
q u e m da medida aquilo que odeia, Ver sobre
int qe que e s t i m a a
” ve ina 26 desta parte.
“e m rena POP-
wo xu. A rtayejaé 0 Odio enquanto afeta o homem .
de ta
=f
veneristece com a felicidade do outro ¢,inversa~
i iarcom 0 mal dO OUtTO
et e ExPpLIcaGgaAo
”
op ae -se comum: ente a Mise ricérdia, que por isso, forgando a
Invej2 finida:
anyificagao do voc’bulo, Po: de se
r assim de
ExPLicaGgAo
ss eausas deste afetos no Esc. da Prop . s1 desta parte ©
oseames © rataparte bem como no Esc. desta dilkima, Sobre 0,
ys rop- 5%54 0g, ver o Esc.da Prop. 35 da parte 2, Mas, além disso
acetone dM que no é de admirar que em geral sejamos,¢ seguidos de
compe agul nov he costumeiramente chamados depravad de Ale-
ravers odes Ordos ref, Poi, a partirde do que foidito acima, failmen-
asiiso depende antes cudo da educagio. De fato,cen-
pare primeiros ¢ frequentemente repreendendoos filhos por causa
exortando aos segundos s Pals zeram
manic amin, louvando unis sem aosprimeiros ¢ as de Alegria aos
ye as comogoes deTristeza se
eee que também é comprovado pela propria experiéncia.Pois 0
rario, 0
azame ¢a Religiao néo sio os mesmos para todos, mas, ao cont uns €
que é honesto para
sercsgrado para uns € profano para outros,foio edu
or-para outros. Assim, conforme cada um cado, arrepende-se de
am feito ou glorifica-se pelo mesmo.
XXVIII A Soberba é, por amor desi, estimar-se além da
medida,
ExPLricagaAo
Assim, a Soberba difere da Superestima porser esta referida a um obje-
aes a0 passo que a Soberba é referida a0 proprio homem, que se ¢s-
manemedida.De resto, assim como a Superestima ¢ efeito ou pro-
a Soberba o é do Amor-préprio ¢ porisso também pode
como 0 Amordesi, ou seja, 0 Contentamento consigo mesmo,
quanto ‘feta ohomem de tal maneira que se estime além da medida (ver
pent iit Dos Arrros 355
V, O Re co nh ec im en to ou Gr at id io € 0 Desejo ou
XXXI fa ze r be m
empenho de ‘A mo r pe lo qu al no s es fo rg am os pa ra
Ver
aquele que nos benefic jou por um igual afeto de amor.
Prop. 39 com o Esc. da Prop. 41 desta parte.
bem aquele de
XXXV. A Benevoléncia ¢ 0 Desejo de fazer
te.
que nos comiseramos. Ver Esc. da Prop. 27 desta par
0 De se jo pe lo qu al so mo s in citados, por
‘ A Ira é
od ia mo s. Ve r Pr op . 39 de st a pa rt e.
io, a fazer mal a quem
vt Dos A ros 36
pA ars
||
p a Seavinao
pao HuMmMaAaNA
ber se aqueia
ber r a ¢ perfeita
el. obr e ou imper-
e
e i
i r
r aa sSi
i gh
g n i f —
i csa gao destes termes.
dJoo 4 a prim
y e m
r a m a fo rm ar id ei as universai
as homens comepa ir
d e c a s a s , edificios, torres ett, ¢ 4 prefer
Jos
t e c e u q u e c a d a wm veio
l o s d e coisas 4 utros, aconm a ideia universal que
d e te sir co
feito o q
ue via con
p e r f e i t o, ao contririo
a, © im
c n a sobre & cois
jest 14 u modelo concebido, a
inda que 4
m se
em
z na opiniao do artesao. N
a
po r qu e t a m b é m as coisas naturais,
io
ser our m a o hu ma na , eles chamem vul-
sa feitas pe la
pare’ “que nao f e i t a s ; p o i s o s h omens costuma
m,
itas ou imper rideias uni-
rma
iciais, fo
-< como das artif -
ge" jas coisas c o i s a s , € c reem que a natu
lo s d a s
tém como mode r ca us a de algumfim) as
n a o po
nu nca agirSe
c o m o od el os . E assim, quando
mesma
ropoe para si o n v é m m e no s com o modelo
za que c
igo na nature i s a , creem entao qu
e4
, tém d a c o
dessa manelra x o u a q u e l a c o isa imper-
ou e de i
falhou ou pec m a r a m -se 4 chamar
a c o s t u
homens
vemos que os eitas mais 4 p
artir de
l s d e p e r f e i t as ou imperf to dessas coi-
jsas natura 6 0u b e c i m e n
q u e d o verdadeiro ea
um precon c e i t o d o
d ice da Prim eira Parte qu
o A p é n
sas. Com efeito, m
ostr a m o s n
o i s a q u e l e E nte eterno ¢
a o a g e e 7 v i s t a de um fim p esa necessi-
Natureza n ou Nat u r e z a , p e l a m
mamos Deus Prop- 16 da
parce
infinito que cha s t r a m o s (
q u e e x i s t e , a g e . De fato, mo n a t u sa d a parur
dade por ma neces sidade d e re
1) que ag e a pa rt ir da m e s o r q u e Deus o«
au s a p
4? w a zdo ou a C o nae
da qual exi ste . Po rt an to ,
: Logo, com
psma-
N re za a g e e p o r q u e existe éu ma ea me
latu
Da SERVIDAO Human,
Ws
paete
sa de nenbumfim, tambémnio agepor causa de
ai aiaSs assim como para existir néo tem nenhum
ona fonsm assim tambémpara agir néo os tem, Ora, a
nip? ditafinal nada mais é gncio prOprio apetite humano,
f iu : consjderado como principe ou causa primeira de uma
aguar xemplo, quando dizemos que a habitagéofoi a causa
waist "or dlaquela casa, vertamente nao entendemos nada
jn! desta a wen homem, por ter imaginado as comodidades
itt? st! “sortspica, teve 0 apetite de edificar uma casa. Por isso,
dav mn enquanto considerada ane causafinal, nada outro
apetite singular, que na realidade é a causa eficiente,
que da como primeira porque os homens comumente igno-
ausas des cus apetites. Pois sao, como eu ja disse muitas
og
certamente conscios de
suas ages e de seus apetites, mas
caus:
as pelas quais sao determinados a apetecer
za
além disso, vulgarmente afirmam, que a Nature
algo. 04Oefatha ou pecae produz coisas imperfeitas, enumero
Por-
o "aegies de que tratei no Apéndice da Primeira Parte.
onl ‘o perfeigdo e imperfeigao sao realmente sé modosde pensar,
n° Cigd em geral
te por perfeigao entenderei,I, CO) como
ral enten
inte, J ;
ime 64 esséncia de uma coisa qualquer en-
&
é, “isto de manciracerta, ;
sem que se considere sua
er . ; : :
sexi puma coisa singular pode ser dita mais perfeita
wnPols _ip mais tempo Ma existéncia; defato, a duragao
p v “i oH determinada pela esséncia delas, visto que
iy teras nae ee nao envolve nenhum tempocerto e determi-
; 5.
L cot.jsas mas uma coisaA qualquer, quer ela seja mais
dscor”
*pncid Aeils
ip exist os, poderd sempre perseverar na existéncia com
mn ne : :
er menoss J comegou a existir, de maneira que, nisso,
DEFINIGOES
entenderei aquilo que sabemos certamente nos
, bem
geil.
ser vel i partm aquilo que sabemoscertamente impedir
IE Por ms” alquer.
;amos possuidores de um bem qu
ue Ks isto, ver © prefacio precedente, no fim.
Sobre 150"
]. Ch am coisas singulares, enquanto, ao
o con0tingentes asia
ul. mos atenga 4 56 essénc delas, nada encontramos que
estar! . .
mente sua existéncia ou que necessariamente
ponhaa.necessarial
gexclu
, o,
IV. Chamo possiveis as mesmas coisas singulares enquant
s tir das quais devem ser
20 prestarmos atengao As causa a par
adas a produzi-
produzidas, nao sabemos seestas sao determin
-las.
NoEsc. 1 da Prop.33 da parte 1 nao estabeleci nenhuma diferenga entre
possivel e contingente porqueali naoera preciso distingui-los de mancira
acurada.
yerite-
Fail por virtude € poténcia entendo
o mesmo; isto é (pela
ome da parte 3), a virtude, enquanto referida ao homem, éa
-épria esséncia ou natureza do homem,enquanto tem poder
c fazer algumas coisas que sé pelasleis de sua natureza podem
ser entendidas.
AXIOMA
Na natureza das coisas, nao é dada nenhumacoisa singular
tal que nao se dé outra mais potente e mais forte do queela.
Mas, dada umacoisa qualquer, é dada umaoutra mais potente
pela qual aquela pode ser destruida.
Vv Da SeERVIDAO HyUMANA 18)
prorposigao I
a ideia falsa tem de positivo é suprimidg pela
um .
Tof iro, enquanto verdadeiro,
: verdad DEMONSTRAGAO
f’ jete na SO privagio do conhecimentoqueas ideias ina-
idle cons (pale Prop. 35 da pa
rte 2), ¢ estas nao tém nada de
af envoy ditas falsas (pela Prop.
as 33 da parte 2); mas, ao con-
ee das a Deus sao verdadcir
pa pelo ae as (pela Prop. 32 da parte
anco F Jo que uma ideia falsa tem depos
uil
itivo fosse suprimi-
se +. yerdadeiro, enquanto é
verdadeiro, entio uma ideia
a ida por si mesma, 0 que (pela Prop.
ja suprim 4 da parte 3)é
¢ umaideia etc. C.Q. D.
yor” EscoLtio
sigao € mais claramente entendida pelo Corol. 2 da Prop.16
sib imaginagao € uma ideia que indica mais a constitui
ca Propo” -
gape - go Corpo humano do que a natureza do corpo externo,
wor ert distincamente, mas confusamente; donde dizer-se que a
aio 2ra. Por exem plo, quando olhamospara sol, imaginamos que
"inis cerca de duzentos pés; no que nos enganamos
enquan-
dist
jgnoramos a verdadeira distancia dele; porém, conheci-
w (guamndiv] ro ¢ suprimido, mas nao a imaginagio,isto é, a ideia
distancia, 0 &" to o Corpo é¢ afetado
; ¢ explica a natureza dele apenas enquan
te isso, embora conhegamos a verdadeira distancia dele, nao
one imaginaremos que ele estA perto de nés. Pois, como dissemos
aoe da Prop. 35 da parte 2, nao imaginamos sol t4o préximo por-
= ignoramos sua verdadeira distancia, mas porque a Mente concebe
Fopdess do sol apenas enquanto o Corpo afetado porele. Assim,
quando os raios do sol, incidindo na superficie da agua, refletem-se em
nossos olhos, imaginamo-lo comosc estivesse na agua, ainda que saiba-
mos seu verdadeiro lugar; ¢ assim as demais imaginagées, pelas quais a
Mente se engana, quer indiquem a constitui¢ao natural do Corpo, quer
indiquem um aumento ou uma diminuigao da poréncia de agir, nao
yerdadeiro, nemeva
vrne seem pela pp,
falsamente alguesenga
or evancsce: mas, em co m
ntrap
a indo cememos um mal que certamers vied, 0
*G cemor tambémevanesce + &POF isso, ay
‘14
pe : do verdadeiro, enquantoverd, imagina,
presenga
ppeseein PEgs mais fortes que excluem a existén ttdadciro, m aS porque
eee Ons, come MostFamos na Prop. 17 da cia presente das cones
Parte,
PROPOSIGAoO I]
au paddecemas apenas engqua nto somos 4 parte da Naty; re
N i ode ser concebi‘ por si: sem asrm,
vis
o tras, .
wget
naoP' d a “
DEMONSTRACAG
adecemos quando orig
Dine Oe“aparcial (pela Def 2 da ina- par
se algo em nés di
te) , isto € (pela DeDaty ’ Bio so-
cau
enqoupod
saleemtacna a n etosesormdeosduumzia pdoarsétedaslei
d a N
s
a
de Rossa C
natu PorePar
oreeza:. - lt Por tan te
e
os : a outra: s.C.Q.D. t u r e za
: que nao pode sercona-
ida por si sem s
PROPOSIGAO III
Aforca pela qual o homempersevera
no existiy é limitadaeé
i nfinitamente superada pela poténcia de causas externas,
DEMONSTRACiO
ente pelo Axioma desta parte. Pois, dado
a Fotentes digamos A; ¢, dado A,\. é dado também um homem, € dado algo
B, mais potente que o préprio A, ¢ issoao infini um our r0, digamo: s
to; ¢, Por conseguinte, a
:énc homem é definida pela poténcia de outra coisac inficitancr:
fesupeiaraddoa pel a poréncia de causas externas, C.Q. D.
PROPOSICAO IV
Nio pode acontecer que o homem ndoseja parte da Nature
za
eque nao possa padecer outras mudancas a néoseras que podem
srentendidas por sua sb natureza e das quais é causa ade
quada,
serxrvivko HUMANA
DA
pemonsTRagho
as coisas singul ares ¢, conse
quentemente, o ho-
. pela ual ropria poténcia d le Deus, ou
seja, da Natureza
anit PY cer éaP 1) , nao enquanto é infinita, mas enquanto
A pr? serv? ° ad da part
la Prop. 7 da parte
uma esse! ncia humana atual (pe
do homem, enquanto é explicada pela esséncia atual
éncia ,
finita de Deus ou da Natureza, isto ¢ (pela Prop.
éncia in
infinita. O que era o primceiro. Ademais, se
esséncla
homem nao pudesse padecer outras mudangas a
za do homem, seguiria
esse # odem ser ¢ nrendidas pela sé nature
pe is queP da parte 3) que cle nao poderia perecer, mas ecxiseicii
. 4° . ¢ isso deveria seguir de uma causa cuja poténcia
izer, ou a partir da sé poténcia do homem,
ais mudangas que pudessem originar-se
fost capa? eee ua partir da poténcia infinica da Natureza, quediri-
niopudesse sofrer
3 externas i zes:de tal maneira que 0 homem
de jos 0s SINBU a ser as que estao a servigo da conservagao dele. Mas
preced., cuja demonstragao é universal epodeser apli-
singul ares) € absurd o. Logo, se pudesse acontecer que
coisas sem
aquelas que pudes
ee adecesse outras mudangas a naoser
ae tureza do homem e¢, consequentemente (comoja
idas pela s6 na}
), que © homem existisse sempre necessariamente, isso deveria
mos)» -
me infinita poténcia de Deus; por conseguinte (pela Prop. 16 da
da natureza divina, enquanto considerada afetada
ir
it dade
parte 1) di la necess a reza
de algum homem, deveria ser deduzid a ordem da Natu
nsao ¢ do Pensamen-
ae concebida sob os atributos da Exte
que o homemseria
to; ¢, por isso (pela Prop. 21 daparte 1), seguir-se-ia
rdo.E assim,
infinito, o que (pela primeira parte desta demonstragao) é absu
ngas a nao ser
nio pode acontecer que 0 homem nao padega outras muda
aquelas das quais ¢ causa adequada. C. Q. D.
CoROLARIO
Dai segue que o homem esta sempre necessariamente submetidoa pai-
| __x6es, segue a ordem comum da Natureza ¢ a obedece, adaptando-se a cla
tanto quanto exige a natureza dascoisas.
pa Senvipko Humana
prorostgxO ¥
iment o de
uma paixdo qualquer ¢ sua perse-
getter (0 sa 4 definides pela poténcia pela qual nos
| 4/orre existir 4 erar no existir, maspela poténcia da causa
orp
DEMONSTRAGAO
co crescimento de uma paixio qualquer ¢ sua perseveranga
seein definidos pela poténcia da causa externa comparada 3 nossa
snceel) © por iso (pela Prop. 3 desta parte) pode superar a
C- QD.
Frénca do homem ete.
ProrposigAo VII
| Um afeto nao pode ser coibido nem suprimido a néo ser por
um afeto contrdrio ¢ mais forte que 0 afeto a ser coibido,
DEMONSTRAGAO
Um afero, enquanto referido 4 Mente, é uma ideia pela qual a Men-
te afirma de seu corpo umaforga de existir maior ou menor que antes
(pela Definigao geral dos Afetos que se encontra nofim da Terceira Parte).
Portanto, quando a Mente se defronta com um afeto, simultaneamen-
to Corpo é afetado por umaafecgao, pela qual sua poténcia de agir ¢
Servidiao HUMANA
Da
prorpositgaéo VIII
hecimento do bem e do mal nada outro ¢ que o afeto de
ria ou de Tristeza enquanto dele
dlegen
somos cénscios.
DEMONSTRAGAO
ta 4 conservagao de nosso
amos bem ou mal o que serve ou obs
oe ‘Def 1.e 2 desta parte), isto é (pela Prop. 7 da parte 3), 0 que
ia de agir. E assim
st (Pe ou diminui, favorece ou coibe nossa poténc
aisDefines de Alegria ¢ de Tristeza que se veem no Esc. da Prop.
-
— 3), enquanto percebemos que algumacoisa nos afeta de Ale
hecimento
| gra ou de Tristeza, chamamo-la boa ou m4; ¢ por isso o con
Tristeza que
| Gobem e do mal nada outro é que a ideia de Alegria ou de
a
segue necessariamente do préprio afeto de Alegria ou de Tristeza (pel
a
Prop. 22 da parte x). Ora, esta idcia est4 unida ao afeto da mesma mancir
quea Mente est4 unida ao Corpo (pela Prop. 21 da parte 2), isto é (como
mostrado no Esc. da mesma Prop.), esta ideia na verdade nao se distingue
e eal
, da
are Da SERN oa y Huy
Be £5 ”
fero, 8 seja (pela Definigao geral dos Afetos), da id
4 5 jo s6 conceito; log, ' +O tdeia da af,
i oP pore o po, ajutro
Corp naoser pelo o proprio
€‘ que conceito; logo,
afeto esse conhecimente
enquantodel , te
c » do .
bem
y HP) pada O © SOMOS cOnscig >.
PROPOSIGAO [x
iy af po cuja caus
. a im3
aginamosestar 48ora presente
Um if do que se IMALINASS ands é
EMO S a Mesma nao esta
«forte r,
as? DEMONSTRAGAO
if propostgho X
ProrposigAo XI
ginamos comonecessdria
O afeto para com uma coisa que ima
con digées) do que para com
émais intenso (sendo iguais as outras
ou Seja, nao necessdria.
uma coisa posstvel ou contingente,
DEMONSTRAGAO
é proPposigao XII
as oe DEMONSTRAGAO
;namos umacoisa como contingente, nao somosafeta-
agin
yanto im utra que ponhaa‘ existéncia
" dela
‘ (pela Def.
de nenhum: a 0
nte, ¢ que
fe aracom uma coisa que sabemos nao existir no prese
Oafeto P: :
ntingente, € muito mais brando do que se imaginas-
inamos como col
imag . a nos.
mos que 2 coisa esti 4 agora presente
set
DEMONSTRAGAO
Oafeto para com uma coisa que imaginanios existir no presente é mais
intenso do que se a imaginassemos comofutura (pelo Corol. da Prop. 9
desta parte), ¢ muito mais veemente do que se imaginassemos o tempo
futuro distar muito do presente (pela Prop. 10 desta parte). Assim, 0 afeto
para com umacoisa cujo tempo de existir imaginamosdistar bastante do
presente € muito mais brando do que se a imaginassemos comopresente,
econtudo (pela Prop. preced.) é mais intenso do que se imagindssemos a
mesma coisa como contingente; ¢ por isso o afeto para com uma coisa
contingente sera muito mais brando do que se imaginassemos que a coisa
estd agora presente a nés. C.Q. D.
4 Da
part® u
a)
PROPOSICAQ X11]
nap para C0 m uma coisa contingente q
(eto P' e sa bem, -
oat te é mais brando(sendo iguais as es °S nao ex.
as= |
5 5 Condicg,
arn? 4 ifeto para com uma Cotsa passada,
wee Foes)
dod DEMONSTRAC
Ao
. 4 ex
rad a parte): Mas, ao _ contrario (segundo q Hip. isténcia q cl| a (pela
Otese), imagin,
f3 ue excluem a existéncia presente dela. Po amos
m: asom rel : agao ao tempo passado,
rém
nestamedida
gi ea resticui 4 meméria, ou seja
ui , que excita a im,
po1v8updaleparte
mos c2 ocom seu Esc.) ¢, por consegBui
uinte, nesta
mo Se fosse pr medida faz
esente (pelo Co que
rol, da Prop. 1
acopon e0 (pela Prop. 9 desta parte) 7 da ms
32).
). Po! , 0 afeto Para com uma ¢,
que sabemosnaoz exissep
titr nopresente ser4 mais . ‘Oisa contin-
nteeras cond brando (sendo
ig6es) do que o afeto para co . iguais
as ou! m um a coisa pass ada. C.
QD.
PROPOSIGAO XIV
O conhecimento verdadeiro do be
m e do mal, enquanto ver-
dadeiro, nao podecoibir nenhum afeto,
mas apenas enquanto é
considerado como afeto.
DEMONSTRAGAo
Um afeto é uma ideia pela qual a Me
nte afirma de seu Corpo uma forga
deexistir maior ou menor do queantes(pel
a Def.geral dos Afetos); porisso
(pela Prop. 1 desta parte), nada tem de
Positivo que possaser suprimido
pela presenga do verdadeiro e, consequen
temente, o conhecimento ver-
dadeiro do bem e do mal, enquanto ver
dadeiro, nao pode coibir nenhum
afeto. Mas enquantoé afeto (ver Prop. 8 des
ta parte), se for mais forte do
que afeto a coibir, apenas nesta medida (pel
a Prop. 7 desta parte) podera
coibi-lo. C, QD.
S
Iv Da Stavingg
part 5
tibia,
Hu
401
PROPOSIGAGO xy
jo Wee se origina do conhecimentg v
pese ie ser extint
;
o ou coiibi, Z
bido por ™MUitO S outros [y
7
CSej
ajoel
ol natmde afe
- tos com que nos defrontamos . JS que
eons DEMONSTRAGAG
PROPOSIGAO XVI
O Desejo que se origina do conhecimento do bem e do mal,
enquanto este conhecimento se reporta ao futuro, pode ser mais
fucilmente coibido ou extinto do que o Desejo de coisas quesao
agraddveis no presente.
DEMONSTRAGAO
© afeto para com uma coisa que imaginamos futura é mais
brando do que para com uma coisa presente (pelo Corol. da Prop.
9 desta parte). Ora, o Desejo que se origina do conhecimen-
to verdadeiro do bem e do mal, embora este conhecimento ver-
se acerca de coisas que sao boas nopresente, pode ser coibido ou
1Vv Da SE#RVIDKG Huw,
pak re NA 0e
: i D,
um Desejo temerdrio (pela Prop. precedente
po! algun logo: © Desejo que se origina desse me (ja demons.
5M9conhecj-
10 iver se reporta ao futuro, poderser mais faci]
je nquan. Q. D. mente coibido
proPosigaAo XVII
ig que SE origina do conhecimento verdadeiro do bem
ynquars to versa acerca de coisas contingentes
, pode ser
jonah felmente coibido pelo Desejo de coisas
que estao pre-
A
at DEMONSTRAGAO
igio
demonstrada da mesma mancira que a precedente
a proposis° 12 desta parte.
Prop:
pe weCoral. 43 EscoLuio
io ter mostrado a causapor que os homenssao comovidos
Com isso cre" do que pela verdadeira razao, € por que o conhecimento
OFdoes
bem ¢ do mal excita comogoes do animo ¢ frequentemente
mais pela énero de lascivias
verdad donde o dito do poeta: Vejo o melhor eo
je a £0 oe jor. O que é também o mesmo que o Eclesiastes
Parece que-
prot sig0 0P Quem aumenta 0 conhecimento, aumenta
a dor. Porém nao
rer dizet ee fim de concluir queseja preferivel ignorar a saber,
digo isto “te ou que
em nada difira do estulto na moderagao de seus
afetos; mas
ointeliget ¢ énecessario conhecer tanto a poténcia como
a impoténcia de
sim phoe za para que possamos determinar
0 que a razao pode e o que
nossa nie na moderacio dos afetos. E disse também quenesta parte trata-
on impoténcia humana, pois da poténcia da Razio nosafetos
decidi
ratar separadamente.
Prorposi¢gAo XVIII
O Desejo que se origina da Alegria é maisforte (sendo iguais
as outras condigées) do que o Desejo que se origina da Tristeza
DEMONSTRAGAO
0 Desejo ¢ a prépria esséncia do homem (pela 1. Def. dos Afetos),
es-
ito € (pela Prop. 7. da parte 3), 0 ¢sforgo pelo qual o homem se
1v
DA StRVIDAO Hy MA
pak . "4 3
user. Portanto, o Desej P
pepseverar em Se _ “S6J0 que se origina da Ale-
entado pelo préprio afeto de Ale gria ,
est pode ver no Esc. da Prop. 11. da parte ve ae kc
a 4! cigina da Tristeza é diminufdo ou coibido pelo a e,
ratios se (pelo mesmo Esc.). Porisso, a forga do Desejo que E Oe
simultaneamerc
-, deve Sef definida pela poténcia humana ¢
da causa externa, mas a forga do Desejo que se origina da
definida sé pela poténcia humana, ¢ assim aquela é mais
Escouio
poucas palavras, expliquei as causas da impoténcia e da
estas
manas € por que os homens nao observam os Preceitos
cancia hu
jncons o. Falta ago ra mostrar © que a razao nos prescreve ¢ quais afetos
24
da com as regra s da razao humana, quais lhes sio contrarios, Po-
vem
antes que eu inicie a demonstraristo fanossa prolixa ordem Geo-
cei staria de mostrar brevementeaqui os ditames da razio, para
metric cebido mais facilmente por todos 0 que qucro dizer. Como a
pe seit a postula concra a natureza,cla postula portanto que cada um
oa mesmo, que busque o 7 util, o que deveras € titil, que apete-
am
qudo que deveras conduz 0 homem a uma maior perfeicao e¢, falan-
go absolucamente, que cada um, o quanto est em aus forgas, se esforce
rc! nservar o seu Sr. O que decerto é tao necessariamente verdadei-
ro quan| co que o todo é maior do que sua parte (pela Prop. 4. da parte
isso, visto que a virtude (pela Def. 8 desta parte) nada outro é
;). Alem d
que agit pelas leis da propria natureza ¢ que ninguém se esforcga por con-
servar 0 scu Ser (pela Prop.7. da parte 3) senio pelas leis de sua propria
natureza; dai segue, primeiro, que o fundamento davirtude é 0 esforgo
mesmo de conservar 0 proprio ser ¢ que a Felicidade consiste em poder
ohomem conservar 0 seu ser. Segundo, segue que cumpre apetecer a vir-
tude em vista dela propria ¢ que nada nos é dado depreferivel ou mais
itil por causa do quala virtude deveria ser apetecida. Terceiro, segue en-
fim que aqueles que se matam sao impotentes de 4nimo ¢ sao vencidos
pelas causas externas que repugnam A sua natureza. Ademais, do Postu-
lado 4 da Parte 2 segue nunca podermos fazer com que nao precisemos
de nada exterior para conservar o nosso ser e que vivamos sem comércio
Da SERVIDAG HumMawa
Proposi¢gAo XIX
Cada um, pelas leis de sua natureza, necessariamente apetece
on tem aversdo ao quejulga ser bom ou mau.
DEMONSTRAGAO
Oconhecimento do bem e do mal ¢ (pela Prop. 8 desta parte) 0 proprio
evo de Alegria ou de Tristeza enquanto dele somos cénscios; por conse-
Sinte (pela Prop. 28 da parte 3), cada um necessariamente apetece o que
Senvipho Humawa o
Da
porosig ko XX
P
ia um se esforca para buscar o seu til, isto é,
epode [fazk-lo}, tanto mais é dotado de
ia, enquanto negligencia o seu util, isto é, a
o de sen seh nesta medida € impotente.
nse
Te
DEMONSTRAGAO
ia
copia porencia humana, que é definida pela s6 esséncque
te 3)
avirrade o vO. ¢ desta parte), isto &(pela Prop. 7a da par
a perseverar
x ee75 eeforco pelo qual o homem se esforg par
jaefinidt DEVO Tyco, quanco mais cada um se esforca para conservar 0 seue
ent
nse reset tanto mais € dotado de virtude ¢, consequentem
an ie “da parte 3),enquanto alguém negligencia conservar 0 seu
d a € i m p orente. C - QD.
eset P tg i io
Esc6u
a
a n t o , d o s e r v e n c i d o p o r c a u s a s e x t e r nas ¢ contrarias
Jém, port an ar
Ningu é m , PoMj cia apetecer 0 Seu ttl, ou seja, conserv 0 seu Ser
ig en
essidade
a0s alimentos ou se mata pela 0necque
asus nacoezt,TR gm aversiocoa
Nigima mas apenas gido por causas exteriores, pode
o por um outro que
oe ‘de muitas manciras: alguém se mata coagid -o a dirigi-
igando
aeoce a mio que por acaso empunhava.a espada, obrcom
ae conta seu proprio coragio. Ou entdo alguém que,o Séneca, por
sndem de um Tirano é obrigado a cortar os pulsos, isto é,deseja evitar um
de
tal maior por um menor. Ou enfim porque causas externas latentes ste
tal maneira dispdem a imaginagao ¢ afetam o Corpo,queeste se reve
deuma outra natureza contraria A anterior ¢ cuja ideia no pode dar-se
ma Mente (pela Prop. 10 da parte 3). Ora, que o homem,pela necessidade
desua natureza, se esforce para nao existir ou para mudar de forma, é tio
re lV Da Staving,
Rn Huy
AN
i i
o nada se fag
o
a al 0, ¢ 4 ou
yanco que d $a alg, ©OMOcada UMPode :
jossi¥ le meditagio.
jor yc d
po ? r com
PROPOSIC;Ag Xx]
dmpode desejar serfeliz*®
» agir bem eu
Ning!
mente, nao deseja S€7, agire viver, isto
é? €Xistir em
lane DEMON STRACig
ato |
.
adem on: stragao desta Proposicao, ou a NCES
mrbém pela definigao a prép,; |
do Desejo. Com 4
ctooa oo
pot si, «iets de viver, |
ef. agir
498 isto ¢ (pela Prop. etc. felizmente’? ou bem ¢ 3 propria esséncig |
Jahren conservar 0 scu 7. da par¥¢ 3), 0 esforco Pelo qual cada
ser. Logo, nINguém
esforga PAN pode dese; um se |
|
|
XX1]
PROPOSIGAO
| |
Naolio pode ser concebida nenhuma virty,€ anterior 4 esta (a
o esforgo para se conservar).
sabi 27;
DEMONSTRA
Cio
Ocs fo5)rcBoo rt
para se conservar é a prép
antos se ria essénci
pudesse ser concebida u:
da ee esforgo, enta terior
o (pela Def. 8 desta pa: rt
om concebida
anterior a si mesma, e) a prépria ess a esta,
o que € absurd éncia da
co is a o (c om o € conhe-
ci: do por sii).). Logo, nao po de ser concebida nenhu,
a
ma virtude etc, C, QD.
COROLLAR
Y, °
forgo para se conservar éo Primciro € 0 ti
nico fu
me Pois nao pode ser concebido nenhum outro Prin ndamento da Vir-
cipio anterior a es
(pela Prop. preced.) ¢ sem ele (pela Prop. 21 desta Pa te
rte) nenhumavirtude
pode ser concebida.
PROPOSICAO XXIII
O homem nao pode absolutamente ser
dito agir por virtude
enquanto édeterminado a fazer [agir] algo por te
quadas, mas apenas enquanto
r ideias inade-
é determinado por entender.
e
Da SeERVIDAO HUMANA 413
parte IV
DEMONSTRAGAO
s inade-
Enquanto © homem € determinadoa fazer algo por ter idcia
¢ (pelas Def. 1¢
a nesta medida padece(pela Prop. 1 da parte3), isto
, isto
quad 3), faz algo que nao podeser percebidosé pela sua esséncia
virtude. Ora, enquan-
- #1 Def. 8 desta parte), algo que nao segue da sua
,nesta medida(pela imesma Prop. 1 da parte
élpa s
co é determ in ado por entender 2 da parte 3), faz algo que perce
. sé pela sua
bido
3) ) age, age isto éé (pela Def:
eencia, OW seja (pela Def, 8 desta parte), algo que segue adequadamente
Q. D.
da sua virtude. C.
ProrposigAo XXIV
que agir,
Agir absolutamentepor virtude nada outro é em nds
mo) sob a con-
viver e conservar 0 seu ser (os trés significam 0 mes
prio util.
dugdo da razio, € isso pelofundamentode buscar o pro
DEMONSTRAGAO
e) nada outro
Agir absolutamente por virtude (pela Def. 8 desta part
agimos apenas
é que agir segundoasleis de sua propria natureza. Ora,
, agir por virtude
enquanto entendemos (pela Prop. 3 da parte 3). Logo
a condugao
viver e conservar 0 seu ser sob
nada outro éem nds que agir,
amentode
da razao,¢ isso (pelo Corol. da Prop. 22 desta parte) pelo fund
buscar seu util. C. Q. D.
ProrposigAéo0 XXV
a de outra
Ninguém se esforga para conservar 0 seu serpor caus
coisa.
DEMONSTRAGAO
secu
O esforgo pelo qual cada coisa se esforga para perseverar em
ser é definido pela sé esséncia da coisa (pela Prop. 7 da parte 3) ¢, dada
esta, segue necessariamente sé dela, ¢ nao da esséncia de outra coi-
sa (pela Prop. 6 da parte 3), que cada um se esforce para conservar o
seu ser. Além disso, esta Proposigio é patente pelo Corolario da Prop.
22 desta Parte. Pois, se um homem se esforgasse para conservar seu
ser por causa de outra coisa, entio esta coisa seria o primciro funda-
Da Servivoko Humana 415
part!
(pelo Coroldrio
le ic (come éconhecido por si), 0 que é absurdo
J ie ninguém se esforga etc. C.Q.D.
Fy
oi
meh 1), Log?
} rif
propositgaho XXVI
jlo pelo que nos esforgamos pela razao nada outro é
age 4 Mente, enquan to usa arazdo,
qudo nder,
Tu nada outro sro julga
ji
cmt endo 0 que conduz a entender.
q lhe ytil sem
sr DEMONSTRAGAO
prépria esséncia da
ara se conservar nada outro é além da
7 da parte 3), que, enquanto existe comotal, é concebida
coisa Prop:pers
soa (P (pela ara 7 everar na exisisté nciaia (pel(pelaa Prop
ténc Prop.. 6 d.da parte 3) Je ¢ fifazer
a Def. do
segue necessariamente de sua natureza dada (ver
fagit] © que «. da Prop. 9 da parte 3). Ora, a esséncia da razao nada outro
Apetite ne Mente enquanto entendeclara ¢ distintamente (ver sua Def.
eque® se 40 da parte 2). Logo (pela Prop. 40 da parte 2), tudo
no Est. > da c as esforgamos pela razao nadaoutro é que entender. Em
aquilo Peto or ue este esforgo da Mente pelo qualse esforga para conser-
ida, eemenel raciocina, nada outro é que entender (pela primeira
war seu S¢hs
agao), logo, este esforgo para entender (pelo Corol.
rte desta demonstr
¢
da Prop. 22 desta parte) €0 primeiro ¢ o tinico fundamento da virtude,
er as por causa de algum outro
nao nos esforg aremos para entend as cois
fim (pela Prop. 25 desta parte), mas, ao contririo, a Mente, enquanto ra-
ciocina, nao poderd conceber nada de bom parasi senao 0 que conduz a
.C.Q.D.
entender(pela Def, 1 desta parte)
Proposi¢géAéo XXVII
Nada sabemos ao certo ser bom ou mau sendo o que deveras
conduz a entender ou o que pode impedir que entendamos.
DEMONSTRAGAO
A Mente, enquanto raciocina, nada outro apetece senao en-
tender, ¢ n’o julga ser-lhe util sendo o que conduz a entender
(pela Prop. preced.). Ora, a Mente (pelas Prop. 41 ¢ 43 da parte 2,
a 8 dD a Stuvipho Humana “ "7
par
leve # ser 1isto das coisas senio
) nio vemcerteza quanto
uber deve seja (0 que pelo Esc, da Prop. 40 da parte 1é 0
ya s, 04
* adequad ciocinas lo
ao £36!
ida sabemos ao certoser bo "
enqu an
ndny Oy en te nd er €, a0 co ntritio, ser mau o que pode impe-
co
e “Scene mos. CQ. Ds
PR orpostgéo XX
VIII
s ¢ a suma
o bem da Mente é 0 conhecimento de Deu
osm Mente éconhecer Deus.
inude a DEMONSTRAGKO
_elevado que a Mente pode entender é Deus,isto é (pela Def
mais or"ce absolutamente infinito e sem 0 qual (pela Prop. 15
de parte© te ser nem ser concebido: e porisso (pelas Prop. 26 «
rac 1) nada POC TildadeMente, ou seja (pela Def 1 desta parte), seu
3 oseperOmens Deus. Ademais, a Mente, enquanto enten-
om? ne‘da apenas age (pelas Prop. 1 ¢ 3. da parte 3) € nesta medida
de, nesta aire 123 desta parte) pode absolutamente ser dita agir por vir-
apenas (pels POP.Tiabsoluta da Mente é entender. Ora, 0 mais elevado
| rude. Assim, render
ode ent é Deus (comojd demonstramos). Logo, a suma
| queaeaten entender Deus, ou conhecé-lo. C. QD.
vireus
Prorposigéo XXIX
Uma coisa singular qualquer cuja natureza seja inteiramente
de
diversa da nossa néo podefavorecer nem coibir nossa poténcia
agir ¢, absolutamente, nenhumacoisa pode ser-nos boa ou md a
nao ser que tenha algo em comum conosco.
DEMONSTRAGAO
‘A poténcia de uma coisa singular qualquer ¢, consequente-
mente (pelo Corol. da Prop. 10 da parte 2), do homem, poténcia
pela qual ele existe ¢ opera, nao é determinada a nao ser por ou-
tra coisa singular (pela Prop. 18 da parte 1) cuja natureza (pela Prop.
6 da parte 2) deve ser entendida pelo mesmo atributo pelo qual
Da SERVIDAO Humana
I Vv ato
l-
cebceb
concon
yma aé 1 . ,
idaida Partanto;. noses pas de agir, de qua
pode ser determinada e consequente-
que ve coibida pela Porn de outta coisa
singular que
fore enum CONOSCO? © nao pela poténcia de umacoisa cuja
(cr . em oO amente diversa da nossa; ¢ como chamamos bem ou
alg? ne Alegria ou Tristeza (pela Prop. 8 desta
parte), isto é
a vi da parte 3), 0 que aumenta ou diminui, favorece ou
. _ agit. logo uma coisa cuja natureza
é inteiramente
9s PO nao pode seF-n0s nem boa nem ma. C. Q. D.
prorosigaéo XXX
st coisa pode ser md pelo que tem de comum com nossa
He enquanto nos é md, nesta medida nos é contrdria.
New
e mas,
nat DEMONSTRAGAO
mal 0 que € causa de Tristeza (pela Prop. 8 desta parte),
Chamamos
Dede Tristeza, que deve ser vista no Esc. da Prop. 11 da parte
ioe can inuiiou coibe nossa poténcia de agir. Portanto, se umacoisa
ue ills que tem de comum conosco,entao poderia diminuir ou
nos Fosse o que ela tem de comum conosco,o que é absurdo(pela
da parte 3). Portanto, nenhumacoisa pode ser-nos ma pelo que
Prop. +
tem de comum, con' osco; mas, aoes
contrario, enquanto é mi, isto é (como
jimestramos), enquanto pode diminuir ou coibir nossa poténcia de agir,
‘sta medida (pela Prop. 5 da parte 3) nos é contraria. C. Q. D.
PROPOSIGAO XXXI
Enquanto uma coisa convém com nossa natureza, nesta medi-
da é necessariamente boa.
DEMONSTRAGAO
Com efeito, enquanto uma coisa convém com nossa natureza, nao
pode ser ma (pela Prop. preced.). Logo, ser& necessariamente ou boa ou
tv Ss
om
= éu
o
B O D E , un
me
Ja tant mais Convém bs com nossa p, = MIR
nes ca an com nossa NACUFEZA, serg Necessariam,atureza, po;
convel i a cla, Se
ei
nerdria diversa, enti (petaente
p,
diy,
er nem boa nem m4: se porém eontring
ja. ao que convém com nossa natureza, isto ne
ie jo bom, quer dizer, mé. Por conseguins. -
eri : wanco convém COM Nossa natureza, ¢ pei . la pod,
sere
ng! yvém com nossa natureza, tanto mais ¢ oa
coisa con
PROPOSIGXO Xxx]y
Enquanto os homensestéo submetidos as pairées,
em natureza, o 740 podem
ser ditos convir RACA NST
DEMO
isa que sio ditas convir em nature:
Meela
po! cencia (pela P par 3), mas nao
Prop. 7 dadaparte impoténciaque
ementende-se
67a, negaem
ouconvém
«
conse’ quentemente (ver Ese. da Prop. 5 da parte 3), fampouco em paixio;
o os homens, enquanco estio submetidosis
por isse paisdcs nto poe
ditos convir em nature: C.QD.
Escé1i0
A coisa também € patente porsi: comefeito, quem diz que o branco
¢o negro convémtio somente em que nenhum deles é vermelho, afirms
absolutamente que branco € negro no convém em coisa nenhuma. Assim
também,se algué diz que a pedra ¢ 0 homem convém apenas em que
rv Da FOR ea,
OPOSIG
pr AG
XX x I1
dee]frontamcomafe y
nto se em tos
ee n a lureza e,
yisereP r évar i nesta
m h \ ome m idvele i5 nconst medida, fambéry, ton
ho’ ante, 54
n0
Dis Ow e
TR wie,
c én
za ou esse elia dos afetos nio Pode
pacure acure as Def. 162 sey ©xPlicad
za om 7 da d a p a r t e 3).mas dev a yg POF nose,
ancids é eee don parte3), pela natureza dae sey definidg Pela
de oco
an OSSa; écies rre que se d y ee:
eem FaNt
so as esp'
U
aS espécai:cS s€Xternas
s
de objet
com par os Pelos
n! ancas S40 uc os homens quais *°M de cada
04 arte 3)» oe s ejam afetados d O s a f e t a d,
afef 5 WO (ver Pr
op. 51 da Parte e diiy,
O e or f
Preen 2 “at i m , [ocorre] que
urezas oe 3) um s Se m
por mem sda cae seja afetado
d
esmo home
medida seja va e d i v e r ™(
0, ¢ ne ridvel te. Csas MANciras par, pela
.Q.p,
PR OPOSIGAO X
XXIy
d e frontam com afetos
nto se que sto
Engue trdrios UNS aos outros
,
Paixées, os ho
mens
ser con
podem DEMONSTR
AGAg
ir e pl
homem, eae xaelm o Pedro, pode ser cau-sa de
e go semelhante a u
cega P orqui u ma coisa
PrRoposigAo XXXV
Enquanto os homens vivem sob a condugado da razéo, apenas
nesta medida
medi necessariamente
. convém sempre em natureza.
7 Demonstragio
2 ‘Aquanto
wr din Seffontam com aferos que sio paixdes, os homens po-
ct ‘sem natureza (pela Prop. 33 desta parte) ¢ conttirios
4
ix Da Sexvinko Humana 437
PrRoposigAo XXXVI
Osumo bem daqueles que seguem a virtude comum a todos,
ttodos podem igualmente gozar dele.
Demonstragio
,,ir Por vircude é agir sob a condugioda razio (pela Prop. 24 desta
eea que nosesforgamos para fazer [agir] pela razio é en-
= oe 36 desta parte), © porisso (pela Prop. 28 desta parte) 0
Fongo da gles ave segucm a vireude é conhecer Deus, isto € (pela
Parte x ¢ seu Esc.), 0 bem que € comuma todos ¢ que pode
megs
** possuido igual mente por todos os homens
enquanto sio de mesma
XVII
prorostgso XX
da u m qu e se gu e a vi rt ud e ap et ece para si, ele
ue ca 5 ¢ tanto mais quan to
i e r
ja rd pa ra 0s Ou ! tr os ho me ns ,
mbémn0
taO de se
er. -
maior conbecimaent0 de Deus ele tiv
DEMONSTRAGAO
(Os homens, en .quanco vivem sob a condugioda raz
io, sio utilissimos
, ¢ porisso (pela Prop. 19
sehomem (pelo Corol. x da Prop. 35 desta parte)ia
‘eaeparte), sob a condusao da razdo, necessar mente nos esforgaremos
pus fizer que os homens vivam sob a condugio da razio. Ora, 0 bem que
speece para si cada um que vive pelo ditame da razio, isto é (pela Prop.
2) dea parte). que seguea virtude, é entender (pela Prop. 26 desta parte):
logo, o bem que cada um que segue a virtude apetece para si, ele também
‘deearé para os outros homens. Ademais, 0 Desejo, enquanto referido &
Mente é prépria esséncia da Mente (pela 1. Def. dos Afetos): mas a essén-
‘ids Mente consiste em um conhecimento (pela Prop. 11 daparte 2) que
Shr aabcimino de Deus (pela Prop. 47 da parte 2), sem o qual
ten ode ser nem ser concebido (pela Prop. 1s da parte 1)€ por isso,
Unbdn man,°Semhecimento de Deus que a esséncia da Mente envolve,
Prag santo" seré.o Desejo pelo qual aquele que segue a vireude
‘outro o bem que apetece para si. C. Q D.
Obem, Doutra mancira
8.0 homem mem a apetece para sic
i ama, cle amard com mais cons-
a ie COM Os
pe are
sueras amam o mesmo (pela Prop. 31 da parte 3), € por
jn se eeor mesmaProp.) se estorsar& para que os demais amem
i9cane
0 0 nor Core
no OeeS ein
© COO Je, se es
(pela Prop. preced.) &; comum a todose todos
ark (pela meima razda) para que todos gozem
Escottro 1
Prorposi1gAo XXXVIII
E util ao homem o que dispoe 0 Corpo humano tal que possa
ser afetado de miltiplas maneiras ou o que o torna apto a afe-
tar os Corpos externos de miltiplas manetras; e tanto mais util
quanto torna o Corpo mais apto a ser afetado e afetar os outros
corpos de miltiplas manetiras; e, inversamente, € nocivo 0 que
torna 0 Corpo menos apto a isto.
DEMONSTRAGAO
Quanto mais apto a isto torna-se o Corpo, tanto mais apta a perceber
toma-se a Mente (pela Prop. 14 da parte 2); por conseguinte, o que dispde
Corpo desta maneira e o torna apto a isto € necessariamente bom ou util
(pelas Prop. 26 e 27 desta parte), ¢ tanto mais util quanto mais apto a isto
—— © Corpo; ¢, inversamente (pela mesma Prop. 14. da parte 2 in-
erin te pelas Prop. 26¢27 desta parte), é nocivo se tornao corpo
menos
Ptoaisto.C.Q. D.
9 Corps DEMONSTRAGAO
Cor, Umano
d,2°° re .
(pelo Post Pre
Or
cisa, para se conservar, de muitis
® .
simos ou-
“rpo fh u Mano
Me, Atos "4cons;da parte 2). Ora, o que constitui a for-
Lea
q
"mas as our nsiste em suas Partes comunicarem seus
Tas =
Me f } que se vé numa propor¢gao certa (pela Def an-
™ com que depoi i
ao da Prop. 13 da parte 2). Logo, as coi-
conserve a proporgio de movimento e¢
parte Vv Da SERVIDAO HUMANA 442
c.Q.D.
‘pela Prop. preced.) sao mas.
Esc6Li1o
© quantoessas coisas obstam ou servem 4 Menteseré explicado na
Quinta Parte. Mas cumpre aqui notar que entendo que o Corpo morre
quando suas partes sao dispostas de tal mancira que obtenhamentresi
outra proporcio de movimento ¢ repouso. Pois nao ouso negar que o Cor-
po humano, mantidas a circulagao do sangue e¢ outras coisas pelas quais
s¢¢stima que o Corpo vive, contudo possa mudar para uma natureza de
todo diversa da sua. De fato, nenhuma raz4o me obriga a sustentar que
° Corpo nao morre sen’o mudado em cadaver; € mais, a propria expe-
®éncia parece persuadir-me do contrario. Com efeito, as vezes
ocorre a
um homem padecer tais mudangas, que nao é facil dizer que
continue
anes como ouvi contar sobre um Pocta Espanhol que fora tomado
Fes doenca ¢, embora se renha curado, ficou porém tio esquecido de sua
Nida pass, al que nao
, acreditava
. serem ; res que es-
suas as Fabulas e Tragédias
tieae na, cere umente Poderia: ser comado por um bebé adulto se também
‘tevera,
propostgko XL
homens, om
on ducem& Sociedade comum dos nomi
enco2m que os home nsduvivam emconcérdia, séo iteis;
zem discérdia na Cidade,
ns nario as queOinNtrSoTRAGAO
ml #0 DEM
fazem com que 0s homens vivam em concérdia fazem
a {que vivam sob a condusio da razio (pela Prop. 35
Jo boas, boas, sio mas, ;
las Prop. .6 ¢ 27 desta parte) sio
e .C.Q.D.
prorposi¢gaAo XLI
ig nao é diretamente md, mas boa; a Tristeza, a0 con-
ia
AAlegri
irio, édiretamente ma.
a DEMONSTRAGAO
A Ae
Alegria
o l
(pele Prop. xx da parte 3, com seu Esc) & um afeto pel qua
r agit docorpo é aumentada; a Tristeza, a0 contrério, € um
sere sala poréncia de agic do corpo é diminuida ou coibida; ¢ por
oe
io 38 desta parte) a Alegria ¢ diretamente boa, ete. C. QD.
ProposigdAo XLII
AHilaridade néo pode ter excesso, sendo sempre boa, ea Me-
ancolia, ao contrdrio, é sempre md.
DEMONSTRAGAO
AHlilaridade (ver sua Def. no Esc, da Prop. 11 daparte 3) é a Ale-
gi que, enquanto se refere ao Corpo, consiste em que todas as par-
ts do Corpo sto igualmente afetadas, isto & (pela Prop. 11 da parte 3).
s que a poténcia de agir do Corpo é aumentada ou favorecida de tal
Mancina que todas as suas partes obtenham entre sia mesma propor-
a movimento © repouso; por isso (pela Prop. 39 desta parte) a
"idade é sempre boa ¢ nao pode ter excesso. Ji a Melanco lia (cuja
Da SERVIDKO HUMANA 445
proposigAo XLIII
de ter excesso e ser md; a Dor, por sua vez, pode
AG aea a quanto a Caricia ou Alegria é md.
hoa apenas
geboa P DEMONSTRAGAO
ia éa Alegria que, enquanto se refere a0 Corpo, consiste em
a caricia Tas de suaspartes sio mais afetadas do que outras (ver
goes ee ‘3 da Prop. 11 da parte 3), € a poéncia deste afeto pode ser
oa Def wo ESSg outras agdes do Corpo(pela Prop. 6 desta parte) ¢
canta que 4PETS &Jence, impedindo, porcanto, que o Corpoesteja apto
aeraele periras moltiplas maneiras, ¢ por isso (pela Prop. 38 desta
gseraferado de 4, Por sua vez, a Dor, que, ao contrario, € umaTristeza,
gure) pode sheaconsiderada em si mesma (pela Prop. 41 desta parte). Na
nto podefino que sua forca ¢ crescimentosao definidos pela poténcia da
ee comparada com a nossa (pela Prop. s desta parte), podemos
srrecbe infinitos graus ¢ modos das forgas deste afeto (pela Prop. 3 desta
parte); € por isso podemos concebé-lo tal que possa coibir a Caricia para
foenio tena excesso, € nesta medida (pela primeira parte desta Prop.)
fazer com que0 corpo nao se torne menos apto; por conseguinte, nesta
a Dorsera boa. C.Q. D.
Proposrgéo XLIV
OAmore 0 Desejo podem ter excesso.
DEMONSTRAGAO
O Amor (pela 6. Def. dos Afetos) a Alegria conjuntamente & ideia
Guusexterna, portanto a Caricia (pelo Esc. da Prop. 1 da parte
‘njunc 3)
amente i deia de causa externa € Amor; porisso o Amor (pela
Preced.) pode ter excesso. Ademais, o Desejo é tanto maior quant
o
Da Servipso HUMANA 447
aio estepresente, contudo creem té-lo di nte dos olhos; ¢, quando isto
acontece a um homem quenao esté dormindo, dizemos quedelira ou en-
doidece; ¢ aqueles que ardem de Amor ¢ sonham dia ¢ noite com a mesma
amante ou meretriz, ndo € porque costumam causar-nos riso que deixamos
é& consideri-los doidos. E quando 0 avaro nao pensa em outra coisa além
4elucro ou dinheiro, ¢ 0 ambicioso em gléria, etc., ndo se cré que deliram,
Hique costumam ser molestos ¢ estimados dignos de Odio. Mas, na verda-
&,2Avareza, a Ambigio, a Lascivia, etc. sio espécies de delirio, ainda que
‘io sejam enumeradas entre as doengas.
PRoPosigaéo XLV
9 Odio nunca pode ser bom.
DeMonsrragio
denExfotgamo.
y aoe ospara destruir o homem que odiamos (pela Prop. 39 da
"Loge aonap 37 desta parte), esforcamo-nos poralgo que é
Av Da Sexvipso HUMANA 449
past
EscoLi0
uele aos
je na sequéncia entendo por Odioapenas aq
soree se ne aS
Not
home Corordrio I
outros afetos
gscimio, 0 Desprezo, a Ira, a Vingangas,¢ oosque
A lave)® a 3‘o Odio ou dele se originam sio mau também é
ridos
pe 3° a Prop. 39 da parte 3€ Prop.37 desta parte.
ce pe
ee Coxordkere IT
ermos afetados de édio é torpe ¢, na Cida-
bém é patente pela Prop. 39 da parte 3 € pelas Def.
vem servistas nos Esc. da Prop. 37 desta parte.
EscéLi0
io (qu e eu dis se ser ma u no Car ol. 1) ¢0r iso vejo grande
gare oEs cir
a, ¢ por isso, contanto
diferenga- Pois 0 riso, como 0 gracejo, € mera Alegri
te jae xce siv o, ¢ bo m pors i (pe la Pro p. 41desta parte). Certamen-
ee ser uma supersticao ameagadora
renada pro ‘be que nos deleitemos a nao e sede é mais decente do que
cteste. Em que, © om efeito, matar a fom e a nhum
zplsar 2 melancoli ? Esta é minha regra € assim meorientei. Ne
dess,e nem ninguém senio 0 invejoso, se deleita com minhaimpoténcia ¢
‘ncbmodo, nem toma por virtude nossas lagrimas, solugos, medo ¢ outras
coisas deste tipo, que sao sinais de imporéncia do animo; mas, a0 contrario,
quanto maior éa Alegria com que somos afetados, tanto maioréa perfeicao
aque passamos, isto é, tanto mais é necessdrio que participemos da natu-
readivina. E, assim, é do homemsabiousar as coisas ¢, 0 quanto possivel,
dckitar-se com elas (decerto nao ad nauseam, pois isto nao é deleitar-se).
Edohomem sabio, insisto, refazer-se e gozar moderadamente de comida e
‘ebida agradiveis, assim como cada um pode usar, sem qualquer danoaou-
‘rem,dos perfumes, da amenidade dos bosques, do ornamento, da miisica,
}9805 esportivos, do teatro ¢ de outras coisas deste tipo. Pois o Corpo
mee. ee muitissimas partes de natureza diversa, que conti-
“tipaimcns ape ena e variado alimento para que o Corpointeiro
rodas as coisas que podem seguir de sua natureza ¢,
Da SexvipAo HUMANA 4st
a
pont apta a enten
ue a Mence também seja igualmenteviv er" convém
_qu ePAE Sin
intsas ET eo.iE assim esta mancira de mM; Porisso, s¢
coi C cip
o» pev jda é a melhor c cabe recomendi cla de todas
ot rep
& p r
r e c i s o E e vaea r dis so mai s cla ra prolixamente.
ean
prorostgko XLVI
a-se 0 quanto pode
ye sob a condigao da razdo esforg 0 Odio, a
em
vis o n am ar , on se a, co m Generevidade,
”
ef ah ‘tc , do outro para Consiga.
DEMONSTRAGAO
Wao
Gdio sio maus (pelo Corel. 1 da Prop. preced.): por
b a condugao da razao se esforgard o quanto pode para
an ce co m afe ros deO di o (pe la Pr . 19 dest par-
vem viveso fr des ta par te) se esf org ard par a que
nq ns Se (pe la Pro p. 37
w) y,€ consed)
Jpém 0.001 He at er le ga mesmos aferos. Ora, 0 Odio é aumencado
dos or, no contrario, pode ser extinto (pela
amt ¢ pelo Am
lo Odio reciproco, 0 Odio se converta em Amor (pela
1e3).4 etal maneira quesob
Pap 3 Par). Logo, quem vive Generosidade + condugio da razio esforga-se
(cuja Def. deve ser
bore
per s compensar com AMOR isto é, com
0 Odioete. do outro. C. QD.
rte 3)»
Fata no Esc. da Prop. $9 da pa
Esc6110
reciproco, dece rto vive mi-
Quem quer vingar as injirias com Odio se em derrotar 0 Odio
seravelmente. Mas quem, ao contrario, empenha-
pelo Amor, certamente combate alegre e com segunh ranga, resiste com igual
fcilidade a muitos homens ca um sé, ¢ dejeito ne um precisrta odoniaux ilio.
daforcuna. Jé aqueles que cle vence, rendem-se alegres, ¢ dece o pela
filtz, mas pelo crescimento das forgas. Tudoisso segue tio claramente
apenas das definigdes de Amor ¢ intelecto que nioé preciso demonstra-lo
tssoa passo.
Proposigdéo XLVII
Os afetos de Esperanca e Medo nao podem ser bons por si.
7 Da SERVIDAO HUMANA 453
past
DEMONSTRAGAO
sperang a ¢ Medo nio se dio sem Tristeza, Pois 0 Medo
os aleros de eres) ¢ Tristeza €a Esperang (ver explicag da 12.€ 13.
, a do
pee
dos Mer" 44 sem Medo; porisso (pela Prop. 41 desta parte),
odemset + bons por si, mas apenas enquanto podem coi-
fdas fee
od eos nieP egra (pela Prop. 43 desta parte). C. QD.
bie!
excess coLroEs
centa que tais afetos indicam defeito do co nhecimento e
pes
Aisto 8 ae Mente; € por este motivo também a Scguranga, 0 Desespe-
cia Pois, embora
e Remorso sao sinais de impoténcia do Animo.
o supéem terem sido
am afetos de Alegria, contud
jseguransaeo Gozo sej nga e Medo.E assim, quan-
Shor Tristeza, a saber, Por Esperand
Forcamospara viver sob a co ugio da raza, tanto mais
tra depender menosda Esperanga, para noslibertar do
para dirigir nos-
mandar™ a fortuna 0 quanto pudermos,¢
onselho certo da razio.
proposigho XLVIII
Os afetos de Superestima e Despeito sao sempre mans.
DEMONSTRAGAO
Afetos) repugnam 2
Com efeito, estes afetos (pelas 21. ¢ 22. Def: dosmaus
aio, porisso (pelas Prop. 26 ¢ 27 desta parte) sto . C.Q. D.
Prorposigéo XLIX
A Superestimafacilmente torna soberbo 0 homem que é supe-
restimado.
DEMONSTRAGAO
ae ee alguém nos estimar, por amor, além da medida, facilmente
sports (pelo Esc. da Prop. 41 da parte 3), ou scja, seremos afe-
anes (pela 30. Def. dos Afetos); além disso, facilmente acredita-
isontb. 25 daparte 3) no bem que ouvimos dizer sobre nés; ¢ por
he ceimeremos por amor, além da medida, isto é (pela 28. Def. dos
‘ente nosensoberbaremos. C. Q. D.
¥ Da SERVIDKO HUMANA 455
paste!
prorosighko L
mn que vive sob a condugao da razdo, a Comiseragao
No how
de instil.
DEMONSTRAGKO
yy 5h
ProrposigAo LII
O Contentamento consigo mesmopode originar-se da razao, ¢
‘i60 contentamento quese origina
is da razdo
‘ é 0 mais5 elevado que
pode dar-se,
6 DeEmMoNSTRAGAO
aa tame consigo mesmo ¢ a Alegria quesc origina de o ho-
Hens) Pe 4 si proprio e a sua poréncia de agir (pela 25. Def des
Race Gavedadeira poténcia de agir ou virrude do homem a pré-
"rep. 3 da parte 3), que o homem contemplaclara e distin-
+ DA SERvIDAO HUMANA 439
parte
sur Prop. 40 ¢ 4544parte 2)LOGO, 0 Contentamento consign
ent ¢ ginaOEgina d2 12250. Ad lemais, q quando ie contempla ie a si Proprio,
proprio, 0
sno 86° beclara e distintamente, ov sa, adequadamente, a ndo
perecbe c a r
posers dague de sua pore de agie (pela Def. 2 da parte 3),isto & (pela
pe ee Ny, o que segue de sua poténcia de entender: € porisso sé
see, da parte 4 'se © sumo contentamento que pode dar-se.
Escouto
jade, o Conrentamento consigo mesmo é 0 que podemos es-
Na Serie cjevado. Pois (como mostramos na Prop. 25 desta parte) nin-
ards para conservar 0 set ser por causa de algum fim, ¢ dado
e e Cocoa into op& .mais a¢ mais fomentado € corroborado pelos
que oe
Foesd da Pr $3d parte 3) ¢, 20 contratio (pelo Corol. da
xes (eleparte}C ),‘ol,mais e mais |perturbadopelo vitupério, porisso somos
op. dP juzidos pela gloria e mal podemos suportar uma vida de
opribio.
Prorosig¢gAo LIII
AHumildade nao é uma virtude, ouseja, nao se origina da
saci.
DEMONSTRAGAO
AHumildade € a Tristeza que se origina de 0 homem contemplarsua
impoténcia (pel26. Def: dos Afetos). Mas, enquanto homemconhece a
‘ipriprio pela verdadcira razio, nesta medida sup6e-se que entende sua
cnéncia isto & (pela Prop. 7 da parte 3), sua poténcia. Portanto, se 0 ho-
scm, 20 contemplar a si préprio, percebe sua impoténcia, isto nio vem
decmtender-se, mas (como mostramos na Prop. $5 da parte 3) de ter sua
Fetincia de agir coibida. Pois se supomos que o homem concebe sua im-
ici Porque entende algo mais potente que ele, por cujo conhecimen-
forohuits sta poténcia de agir, entio nada outro concebemos senio
Hier cntende a si préprio distintamente, ouseja (pela Prop. 26
Tey ga$14 Porencia de agir € favorecida, Porisso a Humildade
Sign de5S Bina de o homem contemplar sua impoténcia nio se
Wp Pati.C.«dadcira
Q., 2 contemplaga
contemplacio raacai
z € nao é uma vireude, aie mas
plagio ou ou razio,
5. DA SeERVIDAG HUMANA 461
1v
part
P porpostghko LIV
ndo éuma virtude, ou seja, néo se origina
trprepenlinent? -
ms e ar re pende do quefez é duas vezes misera
Oemas qe
“a amporente-
eel oe al DEMONSTRAGAO
arte dese a Pro pos iga o se dem
as ons tra como a precedente.
mira P*tente 4 P: artir da sb definigao deste afeto (ver 27. Def. dos
ap
M a é pa > ece uma derrora,primeiro para um
segun em se arr epende] pad
Me pois [4 depois para a Tristeza.
eg depeasad
EscoLrio
ProrposigAéo LV
A méxima Soberba ou Abjerao ¢ a maxima ignorancia de si.
DrMoNSTRAGAO
Epatentea partir das 28, ¢ 29. Def. dos Afetos.
PROPosigAo LVI
Amdxima Soberba ou Abjegéo
bisina indi a maxima
bjegéo indica shadimpoténciai
ait pa Senvipdo Humana 463
por®
pEMONSTRAGKO
m e nt oda vireude € conservar o.seu ser(pelo Corol.
da
d a
(pela Prop. 24 desta
te) © 850 sob a condugio da razio
u n
imeiro fa
o r2t i a g a par senora a si proprio ignora o fundamento de todas
Po secant, quem ecmen18! te ignora
‘i a redi ea s. Ademai
d as virtude
todas <Atlacsss, agie
my.Poe
pdt ¢ conseatto a : da razio 2 (pela Prop
Fo o que agit sob a condus io
vir eo sane age sob a condugio da razao deve necessariamente
rete pers siienyndusio da razio (pla Prop. 43 da parte 3)por con-
sgher que 28°
senora ao maximo asi proprio, € consequentemente (coma
quitesie mes) a codas as vireades age minimamente por vireu-
bipoue rim patentepela Def ® desta parte), & 20 maximo impotence
ge 0 ( (crt por iss0 (pela
(P Prop. preced.) a maxima soberba ou abjesio
: ©
fe inimo a imporen cia do animo. C. Q. D.
sadca a maxim Ldnio
CoRro
paisegue com grande clareza que os soberbos ¢ abjetosestio a0 méxi-
snosubmeridos a0s afetos.
Escéuto
ProrostgAo LVII
Osoberbo ama a presenga dos parasitas ou aduladores, mas
sdeia a dos generasos,
DemonsTRaGgio
ASobetba é AlegriaSe
ie originada de © homem estimar-se além da me-
28,
cas & Def. des Afetos), opiniae que o homem soberbo se es-
won mo pad pata fomentar (ver Esc. da Prop. 13 daparte 3): €
* amario a presenga dos parasitas ou aduladores(cujas
ities omiti poraue .,
eee ‘Ie sdo por demais conhecidas) ¢ fugitio da dos gene-
mam com justeza. C. Q. D.
1v Da SERVIDAO Humana 465
part?
EscoLio
e d e m a is OPE fopmetidos
enumerar aqui todos os males da Soberba, visto
a todosos afetos; todavia,os afetos a
set a eqbos estoao sul SU
oc nos submeti dos sio o Amor € a Miscricérdia. Masde jeito
6oe Taso menegeveoilNe ie que cambém scrd chamadosoberbo aquele que es-
ils medida, e porisso cumpre definir Soberba nesse
"ia originada da opiniao falsa pela qual o homem se
ra superior 205 Sutros.
E a Abjegio contréria a esta Soberba seria a de-
oeeroriginada da opinizo falsa pela qual o homem se eré
0 raisto posto, facilmente
8 00THN concebemos que 0 soberbo
pferor 30oa 55 da parte), odiando 20
mr s essariamenronejoso (ver 0 Exc. da Prop. ¢ esse
en
s o e ! Jes que fo maximo sao louvados em vista das virtudes,
:
i agz pelo beneficio (ver Esc. da
ogimente vencido pelo Amor ou
ee parte), < de 86 sedelta com a presenga daqueles que con-
p41 4,
t
scene
Pr mx com seu
7
ani mo imporente ¢ fazem deste estulto um insano.
Ab jegio seja contriria & Soberba, 0 abjeto é contudo pré-
se nab e Pois, visto que sua Tristeza se origina de julgar sua
erecia partic da poténcia ou virtude dos outros, sua sees sera
imo dO
prorosigdAo LVIII
dela.
1 Gloria nao repugna a razdo, mas pode originar-se
. DEMONSTRAGAO
proposigAo LIX
determinados a partir de um
4 sodas a5 apies as quais somos
fumetnne ipaixido, podemos, sem ele, ser determinados pela
raza.
DEMONSTRAGAO
da Par
sje peta ezio nto & nada outro (pela Prop. ¢ Def
as en gu an to di natir
mipar po.
l oudescotefbeafena stapo -
fa da Ora, a Tri ste za é md ap en ; log o, a
Prop. 41 desta parte)
encia de agit (pela
o qu e nao poderiam Shan 0s faze!
7.
jemos Ser determ in ad os a ne nh um a ag
ds pela razio. Além disso, a Alegria é m4 ap enas en oe
rmae (pe las Pro p. 41 6 43 de ve reece impe-
eque o homem seja apro a agit
cesta parti dela nao podemosser deateraz rminados a nei Fee
uzidos pel io. Final eurasrnne
wt poderlamosnesfaztaermesedicodandco nvém com a Bais CamChi eine
‘Akgta é boa, eel aes
tm que a poténcia de agi r do homem iaé audemeagintraddo a hiomuVEFavveore cid a), ¢ nao
uma paixio sendo enquan toa po té nc
en ae ea(pe tslo
tada a ponto de que ele concebaVoa rsi laa¢ a su: aFol adequadame Alegria nt e
Fopsy la apar tes co s e Bi c) homem afetado de
fo n eeo cienebt a suas ag6esadequs
foe teci rote queconc este asic in st ag es BY qua le
ceé agora determinado a par tir de pe t c e n
Tri ste za, ou a0 De se jo aix bes . Ora, codos os4.
orrefeemcseh Alegria, a i scjo (ver explicagio da
Da SHeR¥IDAO HUMANA a7
ee iV ‘
aos) nao
(pelt 1. Def. dos Afet é nada outro que 0
' logo. a todasas ages As quais somosdetermina
° Desci?
ys MetenS agit
. ma paixio, podemos, semele, ser conduzi-
Doutra Mancira
er é dita mA apenas enquantose origina de sermos
é
yma 29 er “fe algum afeco mau (ver Corel. 1 da Prop.43 desta
Odie © , ‘em si s6 consider € boa ou m4(como mos-
ada,
* ma ago
Ora, neP hu mas uma ¢ a mesmaagio ce ora € boa, ora é
part» 0 Preficio dest parte).
qu ¢ ag or a é mé , ou sej a, que se origina de algum
4 mesma ago dos pela razi o (pel a Prop . 19 desta parte).
los
* podemos seF COM duzi
oat: PO
car EscoLi0
gq adamais claramente por um exemplo: a agio de bater, en-
splices i fisicamente € 56 prestamos atensioa que um homem
panto consihaa mio € move com forga todo o braso de cima para
santaobras que é concebida pela estrutura do Corpo humane. Se
i movido pela Ira ou Odio, é determinado a fechar a mao
PrRoposigéo LX
ODesejo que se origina de uma Alegria ou Tristeza que se re-
rik uma ou algumas, mas ndo a todas as partes do Corpo, néo
“em conta a utilidade do homem
todo.
pa Sexvipa
DEMONSTRAGAO
que a parte A do Corpo é corroborada de tal ma
oPJe wma ca usa externa, que ela prevalega sobre as demais
for ©
4 partete Esta parte nose : esforgari por isso em perder;
6 dest Po Yemais partes do Corpo desempenhemseu ofl
a
ac ee .
fn forga oupoténcia de perdersuasforcas,
jorPO Ja deve ria
on €beitO> © dda parte 3 ) ¢ absurdo.Portanto, aquela parte, ¢ por
com prop. & se esforgars
Prop. 7 € 12 da Parte 3) também a Mente,
Je estado: ¢, assim, 0 Desejo originadode ral afecode
A
conta 0 todo. Se, a0 contrario, supomos que a parte
ja nso leva
em
as demais prevalesam, demonsera-seigualmente
jade mancit Gque se origina da Tristeza nao leva em conta todo.
9 Desejo que
Esco6Lio
Prorposigdéo LXI
excesso.
O Desejo que se origina da razdo ndo podeter
DEMONSTRAGAO
ODesejo (pela 1. Def. das Afetos), absolutamente considerado,é a pré-
pis eséncia do homem enquanto concebida determinada a fazer (agir]
alge de alguma maneira; € porisso o Desejo que se origina da razio, isto
¢(pela Prop. 3 da parte 3), que é engendrado em nés enquanto agimos, é a
prépriaesséncia ou natureza do homem enquantoconcebida determinada
2fazeroque é concebido adequadamentepela s6 esséncia do homem(pela
Def x da parte 3); portanto, se este Desejo pudesse ter excesso, poderia
«stio a natureza humana, em si s6 considerada, exceder-se a si propria, ou
‘itpoderia mais do que pode, o que é umacontradigio manifesta; € por
‘soeste Desejo nao podeter excesso. C. QD.
¥ Da Sexvipdo Humana 475
pants !
prorposigao LXII
t e c oncebe as coisas pelo ditame da razéo, é
1g
‘ A
a M e
i n
n
t e , r
S€]soj
4 a pe la ide ia de wn a coi sa fa tu ra ou pas-
2 igual lente, sa presente.
z ideia de uma coi
ia pel
DEMONSTRAGAO
co ne duz ida pe la razao, cla o concebe sob o
Mente
Me nt e co nc eb e con
el. 2 da Pro p. 44
de ‘ecernidade ou necessidade (pelo Cor
peso 28P 00 “7"G a pela mes ma certeza (pela Prop. 43 da part e 2 ¢ seu
a)eé al :
daparte>390,5 ja a ideia de uma coisa furura ou passada, seja a de uma : :
Es ) or iso 507 Sncebe a coisa com a mesma necessidade,e é afecada
resent 4. Men!
reezas ¢, sejaaideia de uma
coisa fucura ou passada, sejaade
a e
Ja mesm c ’ via igu:almente verdadeira (pela Prop. 41 da par
te
roa presen ce s se ra S e r a to da
(e la De f. + d a pa rt e 2 ), terd sempre as mesmaspropricdades da
oro quanto a Mente concebeasbe coisas pelo ditame
aa jequada. E assim, cn e l a id ei a d a c o isa furura ou
icda inra2iado,ea a d a d a m e s m a m a n e i r a , se ja p
povada,aja pela de uma presente. c.QD.
Escouro
Se nés pudéssemos ter um conhecimento adequado da duragio das
delas, contempla-
coisas, ¢ determinar pela razdo os tempos de existéncia
tiamos com 0 mesmo afeto as coisas fucuras ¢ presentes; ¢ o bem que a
Mente concebesse comofuturo, ela o apeteceria da mesma mancira que 0
bem presente; por conseguinte, negligenciaria necessariamente um bem
presente menor em prol de um bem futuro maior ¢ apeteceria ao minimo
aquilo que fosse um bem nopresente, mas causa de algum mal futuro,
como logo demonstraremos. Mas nés nao podemos ter da duracao das
coisas sendo um conhecimento extremamente inadequado (pela Prop. 31
ds parte 2), ¢ 36 determinamos os tempos de existéncia das coisas pela
imaginacio (pelo Esc. da Prop. 44 da parte x), que nao afetada igualmen-
<aa da coisa presente ¢ da futura; donde ocorre que 0 conhe-
one me ae semos do bem ¢ do mal nao é sendo abstraro, ou
aede a que fazemos da ordem dascoisas € do nexo das
faege noe termes 9 ze-n0 presen é bom ou mau para
gindrio que real; ¢ assim nao é de admirar se 0 Desejo que
; Da Senvipko Humana 477
proposi1gAo LXIII
o mal,
éconduzido pelo Medo, ¢faz 0 bem para evitar
Qu em duzido pela razdo.
con GAO
DEMONSTRA
ros qu e sio ref eri dos A Me nt e en qu an co age , isto é (pela
afe de Alegria e Desejo
os ospte 3). 2 razao, nada mais sio que faferosAfe
mop 340? or Marte 3): assim (pela 13. De dos tos), quem éo con-a
g jabPced fax 0 bem por temor do mal, nao é conduzid pel
ratio. C- QD.
Esc6L1o
surar os vicios do que de
Os supersticiosos, que entendem mais de cenduz
nao em con
eninar as vireudes, ¢ se empenham par ir os homens pela ra-
a que fujam do mal mais do que
to, mas em conté-los pelo Medo,
os demais tao mise-
amem as virtudes, nada outro intentam: senao tornar es
eels quantoeles proprios; ¢ assim. nao é de admirar se no mais das vez
siomolestos ¢ odiosos aos homens
CoROLARIO
Pelo Desejo que se origina da razio, seguimos diretamente o bem €
fogimos indiretamente do mal.
DEMONSTRAGAO
Fi Pois o Descjo que se origina da razao sé podeoriginar-se (pela Prop. 39
&partes) de um afero de Alegria que nao é paixio,isto é, da Alegria que
Siepode ter excesso (pela Prop. 61 desta parte), © nao da Tristeza; ¢ por
ikeste Desejo (pela Prop. 8 desta parte) origina-se do conheci-
‘m, ¢ nao do conhecimento do mal; ¢ assim, pelo ditame da
aL cggems direramence
Ratio ay 4 o bem, e apenas nesta medida fugimos do
Este coroliri
Esc61i0
5
to. 0 doens't? € sxplicado pelo exemplo do doente ¢ do sa-
tio; 9 i Pe temor da morte, come aquilo a que tem aver-
"mM, se regozija com o alimento ¢ assim frui
pa Sexvipho HUMANA 479
postgso LXIV
pro 5 2
gue! jeci?? nto domal é um conbecimento
M O
O
N S T
inadequado.
RAGA
pD r
a l ( p e la Prop. 8 desta parte) & a propria Tristeza
o do m:
ahecmieomsennrt nsCIO dela. A Triste,za, porém,ué a passagem a uma
att so cOda 3. Def, dos Afefte os) ¢ por ¢ca sa disso nao Ps pode ser
ey menaor (gPe Foreteja do hmoameamixi(op,elasuePr(oppe.la6 P©ro7p.da5 pdaartpear3t)e:
reid pel [r Mia pa 3) € u p uentqemente
,
snc pels De® 1Aquadas ¢ conse q a p.
(pel oPro 29 da
c
Regen4 asdersea
con ci da Tristeza, a saber, o conhecimen do mal. é
Miequado. C- QD:
CoROLARIO
segue que, se a Mente humananiot ivesse senioideias adequa-
Dinos uma nogio do mal.
‘ajo formaria nenh
Proposi1gAo LXV
Soba condugao da razdo, seguiremos, de dois bens, 0 maior, ¢
dedois males, 0 menor.
DeMoNsTRAGAO
bem que impede que fruamos um bem maior é na verdade um mal;
con efito, 0 mal ¢ 0 bem (como mostramos no Preficio desta parte) sio
étos dis coisas enquanto as comparamos entre si, ¢ (pela mesma razdo)
s=malmenor é na verdade um bem; por isso (pelo Corel. da Prop. 63 desta
"sob a conducio
rte), di da razii o, apeteceremos ou
seguiremos somente 0
aioreo mal menor. C. Q. D.
CorordkRio
Sob a conduga 5 seguiremos
:
ke magn nso da razéo, um mal menor em prol de um
8 ig ReBligenciaremos um bem menor que é causa de um mal
ue aqui ¢ dito menor é na verdade um bem, ¢ 0 bem,
DA Servipiko HUMANA 48
pace
1 . po ris so (p el o Co ra l. da Pr op . 63 desta parte) apete-
5 mal. emos este. C.Q. D.
oneriti> ie negligenciar
20008"mo s 24 7iqu ele
o LXVI
prorposigA
du ga o da va zd o, ap et eceremos um bem maiorfuturo
onduga'
be m me no rpr es en te , € u m ma l me norpresentefrente
et a e
ted uD :
Fe al aio?fas?
en
“ DEMONSTRAGAO
nt e pu de ss e re r um co
co nhecimento adeqq) uado da coisa futura,
sea Me que para coma presente (pela
a uj, para com ela
«ti aera
pelo mesmo afero
ra-
62 dest a part e); por isso, enquanto prestamos atengao & prépria
Prop. r ta Proposiga or um maior
o, € 0 mesmo sup
tio, como supomno! .s faze nes © por conseguinte (pela Prop. 65 desta
tem ou mal fururo ou presenti pre-
pure) speteceremos um bem maior fururo frente a um bem menor
sente ete. C.Q. D.
CoRoLrarRio
Sob a condugio da razao, apeteceremos um mal menorpresente que é
causa de um bem maior futuro, ¢ negligenciaremos um bem menorpre-
sente que é causa de um mal maior futuro. Este corolario est para a Prop.
precedente como 0 Corolirio da Prop.65 paraa propria Prop. 6.
Escourio0
Fortanto, se confrontamos
homens nesta parte até a isto com o que mostramos sobre os afetos
dos Pr oposi¢ao 18, facilmente verem o qu
os e se-
Rr ohomem conduzid pelo s6 afeto ses
a razio. Com efcito, o© primeiro, ou opiniao ¢ o homem conduzido
‘Peignora a0 maxim, queira ele ou nao,faz [age] aquilo
Nghe 0; © segundo, porém, nao se comporta 4 mancira de
M,a naose 32
Mondial 1 Vida ¢ 4 sua prépria,
5 e faz - [age] somenteo quesabeser o pri-
bane serve, US POFisso ele deseja ao maximo; porisso, ao primeiro
vier pon Mas ao segundo chamolivre,
j A ; .
aria de fazer ainda
sobre cujo engenho ¢ mancira
:,
algumas observasses.
7‘ Da SeRvipAo HUMANA 483
pant
prop os1géo
LXVII
Ind, weno \a C01 is a e m q u e o h o memlivre pense menos
apvio bd
ua sabedoria néo é uma meditagao sobre a
morte, € 8
ftyea vida.
TRAGAO
morte DEMONS
o, o onduzi-
itame da razi na é c
nem livres istoe é, quae viovpe. p63edlesst6adparte), mas desejadiretamente
o
Ono Niorea(rmeelsmPar Prop., isto & (pela Prop. 24 desta parte)
sopelo edo da a
a bem pelo CoVON eu set a partir do Fansdeameenntoosddeobqusucearnao msoerutper,é¢-
corn5Sser hd nada em que pen m D.
Sojvfacivil;er€€ po
a b e d o r i a é u m a editagio sobre a vida. C. Q
rm
ProrposigAéo LXVIII
proposigao LXIXx
grande tan-
e igualmente
do homem livre é avaliada
udeos peribogos quanto 40 superda-los.
Aviyirt
"nar
=
wane DEMONSTRAGAO
coibido nem suprimidoa nao ser por um afero
Um afero nao pod cdoserque 0 afet o a ser coibido (pela Prop. 7 desta par-
re orce
conttiti ees cega € 0 Medo sio afetos que podem ser concebidos
1.08 Aus (pelas Prop. 5 ¢ 3 desta parte). Logo, é requerida uma
2
walmente ou fortaleza do animo (cuja Def. deveser vista
ice ep 9
ent e nd e virt ude
alm §! so da parte 3) tanto para coibir a Audicia quantopara coi-
(pelas 40. ¢ 41. Def. dos Afetos), 0 homemlivre evita os
fir Medo, isto € ma C.Q D.
perigoscom ames vireude do 4nimo com que tenta superé-los.
CoRoradRio
No homem livre, portanto, igualmente grande a Firm eza tanto a0
fag2 tempo quanto ao ser levado lura, ou seja, o homem livre escol he
afuga com a mesma Firmeza ou presenga de espirito com que escol he 0
combate.
EscoLi0
( que seja a Firmeza ou 0 que entendopor ela expliquei no Escélio da
Prop. 99 da parte 3.Por perigo, porém,entendotudo aquilo que pode ser
causa de algum mal, a saber, de Tristeza, Odio, Discérdia etc.
PrRorposigéio LXX
nee livre que vive entre ignorantes se empenha 0 quanto
em evitar os beneficios dados por eles.
Da Sereave »kO HUMANA 487
AGAO
DEMONSTR
bom (ver Ese. da Prop.
julg apo rseu proprio engenhoo queé
imara
nro, o ignorante que beneficiou a alguém est
engenho, ¢ s¢ vé que obeneficio é subestimado por
fe se encristecera (pela Prop. 42 daparte 3). Ora, o ho-
(pela
> aha em unir os outros homens a si por amizade
i
¢ se empette), ¢ nao em retribuir aos homens beneficios equiva-
ros pelo livre
pane Pe to deles, mas em conduzir a si ¢ aos out
e ser primor-
res segundo er scr [agir] somente o que cle préprio sab
e livre, para que nao seja odiado pel os ignorantes nem
quiz? eeomem
ao . .
Fials logo ° i ce deles, mas 2 s6 razao, se esforgard o quanto pode para
e_carve 30 4PCET” "4dos poreles. C. Q. D.
«ar OS beneficios
sitet EscoLrio
to pode. Pois embora sejam homensignorantes, sio porém
Digo 2 14” o ccisidadles podem oferecer o auxilio humano, que €
a neces-
7 vague: outro; assim, frequentemente ocorre que sej
U m be ne fi ci o dado por eles ¢ consequentemente congratula-
sitio aceitar ta cusar os bene-
que, ao re
do o engenho deles; a isso se acrescen
eee r eles, tambémse deveter cautela para que nao parega que
a, s, do contrario,
bos eee ou rememos retribui-slos por Avarez . poi
emt de seu Odio, acabariamo por ofendé-los Por isso, ao recusar
o.
a beneficios, i deve-se ter em conta o util ¢ o honest
20
PropositgAo LXXI
Somente os homens livres sao muitissimo gratos uns para com
os outros.
DEMONSTRAGAO
Somente os homens livres sao utilissimos uns aos outros ¢ se unem pela
maxima ligacao de amizade (pela Prop. 35 desta parte e seu coroldrio 1), ¢
por um igual empenho de amor esforgam-se para fazer o bem uns aos ou-
tos (pela Prop. 37 desta parte); ¢ assim (pela 34. Def. dos Afetos), somente
oshomenslivres sao muitissimo gratos uns para com osoutros. C. Q. D.
EscoLtio
O Reconhecimento que os homens que sao conduzidos pelo Desejo
pa SERVIDAO HUMANA
gee ‘
ea*
ys é no mais das vezes antes um negdcio ou uma
jclos onuhtehci mento. Ademais, a ingratidio nao é umafet«
* eco
» ma is dazsa vezes : indica que u n homem é afetado
Avare tc. Po quem, por estulticia, nio sabe
Soberba ov AY > € ingrato;
grato;
© muito menosé ingrato
8
ac os Jons recebidos,
dons TM pelas nae de uma meretriz a servir A lascivia
ofertas
“ae vide :
conye nae nele ov lndrio, a esconder os furtos, ou por outros seme-
ot a an pela 9 contr rio, ; mostra ter um 4nimoconstante
anoe, aquele que
:
oOjel pois: 20ferta se deixaixa Per, , Pp para sua ruina ou para a ruina
corromper
rtyumaoF
proPposi¢gaAo LX XE!
Proposigéo LXXIII
Ohomem que é conduzido pela razao é mais livre na cidade,
onde vive pelo decreto comum, do que na solidao, onde obedece
Apenas a si mesmo.
, Da Seaviniao HuMANA aot
part®
DEMONSTRAGAO
pela razio nao ¢ conduzido a obedecer
uc é conduzido 5
° home Z Prop. 63 desta parte); mas, enquantose esforga para con-
. £ r
6 medo (74 Jo ditame da razdo,isto € (pelo Esc. da Prop. 66 desta par-
a * s
er pe ‘ ‘ .
& ee
arse ser sforga para viver livremente, deseja observar a regra da
tt 0 se ©
es enqua’an sided comuns (pela Prop.
Py 377 desta parte), ¢ consequentemen -
ped nos no Esc. » da Prop. 37 desta parte) viver pelo decreto
i 7A sts ‘
‘ most para viver mais livremente, o homem que é con-
emum cla
cidade. 108? direi
Ja raz0 deseja observar os direitos comuns da cidade. dacidade. C0, C. Q.D.
D
guride P Esco6Ltio
li-
coisas semelhantes que mostramos sobre a verdadeira
m referem-se & Fortaleza, isto ¢ (pela Prop. s9 da parte
perdad 3 a Gen erosidade. E nao penso que valha a pena demonstrar
as propriedades da Fortaleza, ¢ muito menos que
tem a nao tem édio a ninguém, nfo se ira com ninguém, nao
. eiadigns. nao tem despeito por ninguém e de modo algum se
inveja 240 Pois estas coisas € tudo mais quediz respeito 4 verdadcira vida
Parte, a saber,
ensobetamente sao provadas pelas Prop. 37 ¢ 46 desta
& Ree éavencer pelo Amorreciproco ¢ que qualquer um que é con-
quee i razio deseja também para os outros 0 bem que apetece para
durido Pe 7 acrescenta 0 que mostramosnoEsc. da Prop. 50 desta Parte
si. pole lugares: que 0 homem forte considera, primeiramente, que
tudo o
i segue da necessidade da natureza divina, ¢ por conseguinte
hor-
que ele pensa ser molesto e mau, ¢ tudo que além disso parece impio,
rendo, injusto € torpe, origina-se de que concebeas préprias coisas desor-
denada, mutilada ¢ confusamente, ¢ porisso ele se esforga primeiramente
ara conceber as coisas comoclas sao em si ¢ para afastar o que impede o
yerdadeiro conhecimento,tal como o Odio,a Ira, a Inveja, o Escdrnio, a
Soberba ¢ outras coisas deste tipo, que mostramosno queprecede; e, as-
sim, esforga-se 0 quanto pode, como dissemos, para agir bem ¢ alegrar-se.
Aré que pontose estende porém a virtude humanapara conseguirisso, co
que cla pode, demonstraremos na Parte seguinte.
t ya Seevipko Humana 4
pon? any
Ap&NDICE
h n e s t 1 Parte sobre a correta mancira de viver ndo estd
pe sentec rado
one Pr" do que possd 5 cer visto de uma sb vez, mas foi demonstzir piors
dem a y
t a b e r1,, ded e m a n
m a n c i r c i r a qqueue eueu P pudesse dedu ma
ancl "a dspers s
m 1 co is a d e outra. Pr rropus-me aqui, portanto, recolber tudo
jal te 1 es principais
Mn capte o l
i t u r
Cap
° ou Desejos seguem da necessidade
Todos os noss
os esforgos
ss a na ce reza de tal man cir a que pode mse r entendidos ou
jeno to somos
como por sua causa préxima, ou enquan nte
rte da natureza que nao pode ser adequadame con-
fe os.
yma pal
si g, po rs i se m ou tr os in di vi du
bi
Cariruro II
0s Desejos que seguem de nossa natureza de tal maneira
refe-
que podem ser entendidos sé por ela sao aqueles que se
tem Mente enquanto é concebida constar de ideias adequa-
das; 0s outros Desejos nao se referem 4 Mente senao enquanto
concebe as coisas inadequadamente, ¢ a forga ¢ o crescimento
deles devem ser definidos nao pela poténcia humana, maspela
poréncia das coisas que estao fora de nés. E assim aqueles De-
sjos io corretamente chamados de agées ¢ estes de paixdes;
pois aqueles sempre indicam nossa poténcia ¢ estes, ao contra-
“io, indicam nossa impoténcia e um conhecimento mutilado.
Capitruto III
As nos
sas
Poténcia d agdes,
Kaa
isto é,
Z
os Desej
es os que séo definidos pela
.
do an
pene
M a s a p e r f e i g oar © intelecto :nada outro é que entender:
‘.
as S atributos de Deus € as agées que seguem da necessi-
“as a nacureza. Por isso, o fim iltimos do homem que é
Deus, O
ede
= nduz ido pela razi0, isto é, 0 sumo lDesejo pelo qual se em-a
aha € em moderar todos os outros, é aquele que o conpoduz
cris dem
pe r ad eq ua da me nt ea si ¢ a to das as coisas que
conee!
air sob sua inreligéncia.
Carpirutro V
Portanto, nenhumavida racional é sem inteligéncia ¢ as coi-
«2s sio boas apenas enquanto favorecem o homem para que
fruaa vida da Mente, que é definidapela inteligéncia. Dizemos
que sio mas, ao contrario, apenasas as que impedem que o
homem possa aperfeigoara razaoe fruir a vida racional.
Carfturto VI
Mas jd que todas as coisas de que o homemé causa eficien-
‘ sio necessariamente boas, nada de mau pode sobrevir ao
= Sendo por causas externas, a saber, enquanto é parte
"sureza inteira, cujas leis a natureza humana é coagida
a
obedecer ¢ 4
mincing. Wa! € Coagida a se adaptar quase que de infinitas
iv Da Sexvipko Humana
pant
Cariru Lo Vii
Nio po!Jeacontecer
je que o homemnaoseja uma parte da na-
ja sua ordemco%: mum; mas se ele se encontra r
wet ac nao SIF:
ividuos tais que convém com a natureza do préprio
ann
entte in dividuos
ncia de agit. do homemser fav. orecid‘ a
isso a pot
homenm, por
0 contrario, estiver entre individuostais
u que
efor smentada. Se2
conve m minimamente com sua natureza, dificilmente poder
seaapts a cles sem sofrer uma grande mudanga.
Capitutro VIII
© que quer que seja dado na natureza das coisas ¢ que jul-
vemos er mau, ou Scja, poder impedir que existamos e frua-
nos a vida racional, é-noslicito remover pela via que parega
mais segura ¢, a0 contrério, © que querque seja dado e que
julguemos bom,ou seja, util para conservar o nosso sere fruir
avida racional, é-noslicito usé-lo de todas as maneiras; ¢, ab-
solutamente, a cada um licito fazer, por sumodireito de na-
tureza, tudo que julgue contribuir para sua prépria utilidade.
Carpfitruro IX
Nio hi nada que possa convir mais com a natureza de algu-
macoisa do que os outros individuos da mesmaespécie; € por
i850 (pelo Capitulo 7) nada é dado de mais titil ao homem,
para
Sjuseconserve seu ser e frua a vida ra
conduzido pela i ci‘ onal, do que o homem
aE raz Além disso, j4 que néo encontramos
ao.
, Te as coisas
si singul
gk ares, de mais7 excelente que o ho-
™M conduz'ziido pela razdo, por co
nseguinte, em coisa alguma
eV DA Sexvindo Humana go
€ na arte
alg! ém mostrar mais sua destreza no engenho
pode
quealsne™"ceticar os homens para que vivampor fimsob 0
ecm
No a 0 prosprio da ra Z40.
npé
CapiruLtro X
os homensc.so levados unscontraA os outrospela
Engija ou por algum afeco de Odio,. nesta* medida sio
Enquanto s x
‘.
contré-
sdo tanto mais a temer
ps outros ¢, por conseguinte,eo
fem mais do queos outros individuosda natureza
uns a0
.
uancopod
CapiruLto XI
Os Animos, no entanto, nao sio vencidos pelas armas ¢ sim
Jo Amor € pela Generosidade.
Capiruto XII
‘Aos homens é primordialmente util estabelecer relagdes ¢
creitar aqueles vinculos pelos quais, de maneira mais apta,
-,zem-se todos eles um sé ¢, absolutamente, [é util] fazer tudo
quilo que serve para firmar as amizades.
Caritruto XIII
Mas para isto requerem-se arte ¢ vigilancia. Com efei-
0, os homenssao varidveis (pois raros sio os que vivem se-
undo a prescrigao da razio), no mais das vezes invejosos ¢
is inclinados & vinganga que & Misericérdia. E assim é
reciso uma singular poténcia de animo para suportar cada
im com o respectivo engenho e conter-se de mancira a nao
imitar tais afetos. Porém so molestos para si ¢ para os ou-
ros aqueles que aprenderam mais a recriminar os homens
censurar os vicios do que a ensinar-lhes as virtudes, ¢ mais
abalar os animos dos homens do que a firmé-los. Dai que
'witos, por demasiada impaciéncia de animo e por falso
iv Da Sexvipko Humana sor
P part
ho «eligio’® tenhampreferido vive
a r antes entre as bes-
epdoea e entre OS homen: comoas criangasou adolescentes
os" jo podem guportar equanimemente as
s desavengas fami-
faggiaiam na vida militar, escolhendo os incémodos
ese refu
ertaé o império dos tiranetes em lugar das comodidades
dag asda admoestagées paternas, ¢ que padecem que
imponh; a qualquer
nus desde que se guem dos pais.
Carviruro XIV
Carpirutro XX
e N © que concerne ao casamento, certamente convém
M a razy
4240 se o desejo
. de conjugar
° x
os corpos é gerado nao
+s i pa Saaviodo Humawa so
pa®
rm nosura,
osura, pelo Amor degerar filhos
mas tambémesd
pela form doria: € se, além disso, o Amor de ambos,
ape™ a yfos CoM
.m ¢ da mulher, tem por causa nao apenas a
joamas
homesobrett do a liberdade do animo.
CapituLro XXI
disso, a adulagio gera a concérdia, porém maculada
‘além disso.
rime de servi dio ou pela perfidia; pois ninguém é mais
Jo ¢! ddo pela adulagao do que os soberbos, que querem ser
ca
con) ist a
neiros € NAO 0 S40.
Fe Ao.
os pri meiros
Capitutro XXII
e religiao. E,
AAbj jegao inere uma falsa espécie de piedad
embora aAbjegao seja contraria & Soberba, 0 abjeto no entan-
ro proxi mo do soberbo.Ver o Esc. da Prop
.57 da parte 4.
Carituro XXIII
AVergonha,porsua vez, contribui para a concérdia apenas
nas coisas que ndo podem ser escondidas. Ademais, como a
Vergonha é uma espécie de Tristeza, no concerne ao uso da
razio.
Carftruro XXIV
Osoutrosafetos de Tristeza para com os homens se opdem
diretamente & justiga, 4 equidade, & honestidade, A picdade ¢
ircligido. E, embora a Indignagio parega ser umaespécie de
equidade, no entanto vive-se sem lei onde licito cada umjul-
& 05 feitos do outro e vingar 0 seu dircito ou dircito do
outro,
Capfruro XXVv
A Modéstia, isto ¢, 0 Desejo de agradar aos homens
que
¥ Da Sexvipio Humana
Carpituro XXIX
Porém este é um vicio apenas daqueles que buscam dinhei-
to naopor indigéncia nem porsuas necessidades, mas porque
aprenderamasartesdelucrar,das quaismuitosegabam. Deresto,
alimentamo corpo, como de costume, mas parcimoniosamente,
Da SeRvipho Humana
pa8 re IV
PREFACIO
Passo, finalmente, @ outra parte da Etica, que versa sobre a
ira, on scja, a via que conduz d Liberdade. Nela me ocu-
i portanto, da poténcia da razao, mostrando 0 que a pré-
se raaio pode sobre os afetos 6, a seguir, 0s que é a Liberda-
vieda Mente ou felicidade; e com isso veremo 0 quanto 0 sdbio
é mais potente do que o ignorante. Entretanto, aqui nao cabe
‘lier de que maneira e por qual via o intelecto deve perfazer-
se, nem, ademais, com que arte o Corpo deve ser cuidado para
cumprir corretamente seu oficio, pois isto concerne a Medicina
eaguilo 4 Logica. Portanto, comodisse, aqui me ocuparei da sb
potincia da Mente ou razdo e mostrarei, antes de tudo, quanto
¢ qual império ela tem sobre os afetos para coibi-los e modera-
-los, Pois jé demonstramos acima que ndo temos império ab-
soluto sobre eles. Os Estoicos, no entanto, consideraram que os
afetos dependem absolutamente de nossa vontade e que podemos
imperar absolutamente sobre eles. Todavia, perante os protestos
da experiencia, e ndo por seus préprios princtpios, foram coagi-
doa admitir que nao sdo pequenos o exerctcio e 0 empenho re-
suede para coibi-los ¢ moderd-los; 0 que alguém se esforcou
mostrar (se bem me lembro) com o exemplo de dois cates,
way Da Lipexpaps Humana ,
ro
ey e outro de casa, jd que, com exercicio, conseguin
domestica © méstico se acostumasse a cacar eo de capa,
gute W""herivesse de perseguir lebres. Nao ¢ pequeno o
eriartes por essa opinido, pois sustenta que a Alma
‘prio tee nida principalmente a uma parte do cérebro, a
Z Mee dula dita pineal, com cujo recurso a Mente sente
ther: *Sqvimentos excitados no corpo, bem como os objetos ex-
mon, Mente, 36 porque 0 quer, pode mové-la de varias
se
ernet Sustenta qi 2 essa glandula esté de tal modo suspe
mancirts évebro que pode ser movida pelo minimo movimen-
a0 mi os animais. Além disso, sustenta que essa glindula
todos Piro meio do cerebro de tantas e téo variadas manci-
othio variadas as maneiras como os espiritos animais
.em: que, ademais, nela séo impressos tantos ¢ tio va-
teiwestigios quanto séo variados os objetos externos que im-
vem esses espiritos animais contra ela. Donde acontece que se,
ppiterormente, pela vontade da Alma que a move de variadas
vvciras, a glandula ficar suspensa desta ou daquela mancira
pea qual uma vez foi suspensa pelos espiritos agitados desta ou
daquela maneira, entao a prépria glandula impelira e determi-
nard os proprios esptritos animais da mesma maneira como antes
haviam sido impelidos por uma suspenséo semelhante da glin-
ula, Sustenta, ainda, que cada vontade da Mente é unida pela
natureza a um movimento preciso dessa glandula. Por exemplo,
‘ealguém tem vontade de dirigir o olbar para umobjeto dis-
je eefard com que a pupila se dilate; mas se pensa
ei diatara pupila, esa vontade de nada the adiancs-
seersc pare aureea no jtuntou 0 movimento da glandula —
etcing ? aS 1 08 espiritos em diregdo ao nervo Orie , de
shew conatder ot contrair a pupila ~ a vontade de dilaté-
os eyes Sits Brecisamente & vontade de dirigir o olbar
ember, Kadarpayct‘antes ou prdximos. Sustenta, finalmente, que,
“4 movimento dessa glandula pareza ter sido ligado
pa Limenpape Humana 531
desde 0 601 meso de nos
sa vida,a a cada umdos nos-
4 , g a r ureae ntretanto eles podemserjuntados a outros pelo
pl a tos e ar rt.
Pensa!
s e nag Ue Descartes se esforga para prov no a
pbitee de PaixOes da Alma. Disso concl ui que nenh uma
yay dye ndo possa, se bem dirigida, adguirir um
iM ee 5
AXI1OMAS
;
aadé explicad
orench gua esséncia : 3
uA pores a ou definida pela essén-
engu
aust ¢ a causa.
a des 7 da parte 3.
m ag parente pela Prop.
se Axio
pProposigAo I
mentos e as ideias das coisas sdo ordena-
Conforme os pens So z
ncatenados 14 Mente, assim também, 4 risca, as afecgoes
secor}mu imagens das coisas so ordenadas ¢concatenadas no
eel ae
Corpo.
DEMONSTRAGAO
Aordem ¢ conexio das ideias ¢ a mesma (pela Prop. 7 da parte 2) que a
éa
‘onde ¢ conexao das coisas ¢, vice-versa, a ordem ¢ conexaodas coisas
sana (pelos corolarios das Prop. 6 © 7 da parte 2) quedasa ord cm ¢ concxio
das ideias. Por isso, assim como a ordem e conexio ideias na Mente
ocorre segundo a ordem ¢ concatenagiodas afecgdes do Corpo (pela Prop.
18 de parte 2), também vice-versa (pela Prop. 2 da parte 3) a ordem € co-
nexio das afecgées do Corpo ocorre conforme os pensamentos € asideias
das coisas sio ordenados ¢ concatenados na Mente. C. Q. D.
Proposig¢gAo II
, Sahetaris uma comogao do dnimo,ou afeto, dopensamen-
a ae externa e€ unirmos
ae : a outros pensamentos, entéo o
= rr 1 1 Odio
ioa& causa externa, assim
i7 como as flutuagoes do ani-
que destes se originam, seréo destruitdos.
¥ Da Lisenpape Humana
pa avt ¥
DEMONSTRAGAO
a constitui 2 forma do Amor ou do Odio é a Alegria
0 BE Menace 2 ideia de causa externa (pelas 6. € 7. Def. dos
2 onjuntat
pel ‘mida esta, simultancamente a forma do: Amor ou :
canto.SUP!
imnida: € PO F i8 80 © stes afetos ¢ 05 quedeles se originam so
QD.
proProsigaso Ill
Prorposr¢gaAo IV
Nio hé nenhuma afecgao do Corpo de que nao possamosfor-
mar um conceito claro e distinto.
DemMonsTRAGAO
que ¢ comum a tudonao podeser conhecido senao adequadamente
ile Prop. 38 da parte 2), © porisso (pela Prop. 12 ¢ Lema > que vem depois
46 Ex. da Prop. 13 da Parte 2) nao ha nenhuma afec¢io do Corpo de que
“o possamos formar um conceito claro e distinto. C. Q. D.
Cororairio
narDajum8S WE AHO hi‘ nenhum afero de que nio possamos for-
sonceito claro ¢ distinto. Pois 0 afero € a ideia de
uma
LiperDave HUMANA 529
part® M *
so (pela Def ger: dos Atos),o ave por causa disso (pela
eso ® Sane cavolver um conceito clar e distinco,
vere Esc61L10
anata € dado de que nso siga algum efeito (pela Prop. 36 da
visto a ren! demosclara ¢ distintamentetudo que segue da ideia
equee™ u
y t s a d e q da (pela Prop. 40 da parte 2), dai segue que cada um
¥ . n € o
n clara ¢ distintamente a si e a seus afetos (se nio
are oder de enre der }
« op mente> 10 menos em parte) €, por conseg cc, de fazer com que
a s
e a e I primordial dar-se .20 trabalho de conhecer*clara
m ¢, E0sqPuaOnto possivel, cada afeto, para que assim a Mente
o n ment
¢ distinin®caa e l o a f e t o a p e n s ar nas coisas que ela percebe clara ¢
seja deere d p nte
s u a i s e c o n a
t e
ent plenam ¢, por isso, para que
ceae c o m a q s
ento da causa externa e unido
t e r s c j a s e p a r a d o d o p e n s a m
s; i s r,
opertos verdadeiro donde ocorrer que nao apena © Amo ©
id os (pela Prop. 2 desta parte), mas que também os
Soe sejam destru
ter
speci es ou Desejos que costumam originar-se de tal afeto nao possam
excesso (pela Prop. 61 da parte 4). Pois antes de tudo cumpre notar que é
porum 0 mesmo apetite que o homem é dito tanto agir quanto padecer.
Porexemplo: mostramoster sido dispostopela natureza humanaque cada
um petece que 0s outros vivam conforme seu engenho(ver Corol.da Prop.
sidearte 3); este apetite, no homem nao conduzidopela razio, decerto é
uma paixio que se chama Ambiio e nao discrepa muito da Soberba,¢, a0
contririo, no homem quevivepelo ditameda razio, € uma agoouvirtude
denominada Piedade (ver Esc. 1 da Prop. 37 daparte 4. 2. Dem. da mesma
Prop). E, desta maneira, todos os apetites ou Desejos sao paixdes apenas
snquanto se originam deideias inadequadas; ao passo que os mesmossio
‘*sociados 4 virtude
quando excitados ou gerados porideias adequadas.
Co
oa osDesejos pelos quais somos determinadosaagir podem
Pas _ de ideias adequadas quanto de inadequadas (ver Prop. $9
siege Para volrar a0 ponto de ondefiz a digressio) nao se pode
“9 afetos nenhum outro remédio, que dependa de nosso
. Da LipERDADE HUMANA su
pa® es V
ProrposigaAo VI
Enquanto a Mente entende todas as coisas como necessdrias,
nesta medida tem maiorpoténcia sobreos afetos, ou deles padece
menos.
DEMONSTRAGAO
A Mente entende que todas as coisas sio necessdrias (pela Prop. 29 da
parte 1) ¢ que sao determinadas a existir e operar pelo nexo infinito das
oo (bela Prop. 28 da parte 1); porisso (pela Prop. preced.), nesta medida
‘om que ela prépria padeca menos osafetos que delasse originam, ¢
*- 48 da parte 3) seja menos afetada em relacao a elas. C. Q. D.
Qua Escoétro
é ento de que as coisas sio necessirias se
nto maiais este conhecim
7 D LiperDave HUMANA su
part
wu ares que imaginamos mais distinta ¢ vividamente,
expe-
coisasweaSinB encia da daMente sobre os afetos, o que a propria
porencia vemos que a Tristeza por um bem pe
gta. Com efcico,
a ti logo homem que 0 perdeu considera que de mancira
o iagoo
jido conservar aq) ele bem. Assim r l a r
também vemos que
, andar, raciocinar
ra “y o b e b é p o r e s t e n a o sa be f a
anos quase inconsciente desi. Or: se a maio-
Meat: be NTascessem adporque
Jros ¢ um ou outro nascesse bebé, entao se
considerariam a infancia nio como
de cada bebé,
Je necessaria, mas como um visi cio ou pecado da natureza; €
s as m.
obpsservar muitos OUEFOS caso
prorposigAo VII
origi-
mais contririos, nesta medida o afero que se
are. C.Q. D-
I
orposigAo VII
PR
snais um afeto é excitado por muitas causas simulta-
m ,
wanto” correntes, tanto maior ele é.
se com zs
eae”! DEMONSTRAGAO
simultaneas
sasTarte podem mais do que se fossem menos causas
uitas ear 3); logo (pela Prop. 5 da parte 4), quanto mais um
(pls PPee
exci or muitas causas simultancamente, tanto mais forte cle
foro
46QD.
EscoLio
Proposi¢géao IX
Um afeto referido a muitas e diversas causas, que a Mente
contempla simultaneamente com 0 proprio afeto, é menos nocivo,
nso padecemos menos e somos menos afetados em relagao a cada
causa, do que um outro afeto igualmente grandereferido a uma
sbou a menos causas.
DEMONSTRAGAO
_Um afeto € mau ou nocivo apenas enquanto a Menteé por ele impe-
oeepoder pennee (pela Prop. 26 € 27 da parte 4); € por isso aquele
mn ogital t Mente € determinada a concemplar simulraneamente
Medan{menos nocive do que um:outra feta igualmente gran-
crabfea Mente na s6 contemplasio de um iinico ou de pou-
Primcito, Ademai modo que nao possa pensar <m outros, 0 que era 0
tee) oe, como a esséncia da Mente, isto é (pela Prop. 7 da
4 pareFe 2), LoyPoeencia. consiste somente no pensamento (pela Prop. 11
tale concernre Mente padece menos um afeto pelo qual é determi-
‘elnence grande umuleaneamente muitas coisas do que um afero
de um ini que mantenha a Mente ocupada na sé contempla-
ico ou Poucos objetos,
a o que era o segundo. Por fim, este
ERDADE HUMANA 337
parte
da parte 3), enquanto referido a muitas causas exter-
da POP e ‘em relagio a cada uma. C. Q. D.
menor
proposighio X
4° nado nos def ron tam os com afetos quesdo contrérios
pug nto r as
0 poder de ordenar e concatena
va nate
psa ®
era , tem os
do intelecto"'.
am edo COP o segundoa ordem
fe DEMONSTRAGAO
go contrarios a nossa natureza, isto é (pela Prop. 30 da
(ps afecos ane simaus apenas enquanto impedem que a Mente
pares que s80 we a parte 4). Entao, enquanto [quamdiu] nao nos
Freenda (pela a que sao contrérios & nossa natureza, a poréncia
oneal se esforga para entender as coisas (pela Prop. 26 da
Mente Per npedida, © por isso tem o poder de formar ideias claras
el duzi-las umas das outras (ver Esc. 2 da Prop. 40 ¢ Ese. da
we pdsparte 2): €, consequentemente (pela Prop. 1 desta parte), temos
° eder de ordenar ¢ concatenar as afeegbes do Corpo segundo a ordem
doinelecro. C. QD.
Escéurro
Por este poder de corretamente ordenare concatenaras afeccdes do
Corpo, podemos fazer com quenao sejamosfacilmente afetadospor afe-
«0s maus, Pois (pela Prop. 7 desta parte) requer-se uma maior forga para
cibic Afetos ordenados € concatenadossegundo a ordem do intelecto
do que para coibir os incertos ¢ vagos. Portanto, o melhor que podemos
fuer enquanto (quamdiu] nao temos 0 conhecimento perfeito de nos-
‘es aferos é conceber uma reta regra de viver ou certos dogmas de vida,
confid-los & meméria e aplica-los continuamente As coisas particulares
{¢frequentemente se apresentam na vida, para que assim nossa imagi-
me elpamence afetada porcles e eles nos estejam sempre & mao.
en >10s dogmas de vida (ver Prop. 46 da parte 4 com
‘com tig seoj nn? Com Amor ou Generosidade, ¢ nio compensi-
Proco. E para que tenhamosesta prescrigio da razio
Da LisexDave Humana 539
pant
mso qo
ado for preciso. cumpre pensar ¢ meditar frequente-
os se injoias vomuns dos homens, bem como na maneira ¢ na via
ents ado repelida ‘otimamente pela Generosidade; com efeito, assim
da injiria 4 imaginagio deste dogma, e cle nos estara
Fos 2 imagem
imag prop. 18 da parte 2) quando sofrermosinjuria. De fato,
’seaopre 3m mioTos
(pela P
(P* A maoa ; nosé verdadciramentedtil, bem
: regra do que
« am om em diver que * _gue da amizade miua ¢ da sociedade comum,e,além
corno 30 ave Sonta que da reta regra de viver se origina o sumo con-
re levar
regmenO
|, necessidade da natureza; entio a injiria, ou seja, o Odio
£03 Bo Pe originar-se, ocuparé umaparte minima da imaginacio €
aoe dela cost
see facil do facilmente superada, contudo, ainda que com flucua-
paren cla sera superada em um espago de tempo muito menor do
we se naoio tivessemos
tiv
meditado previamente sobre estas coisas, como é
. 7 € 8 desta parte. Do mesmo modo, cumprepensar
‘arente pelas Prop. 6, 5
a Fir
: Firmeza para que se derrube o Medo; a saber, cumpre enumerar ¢ ima-
ginar frequentemente os perigos comuns davidaea maneira como podem
fer otimamente evitados ¢ superados pela presengade espirito pela for-
taleza. £ de notar, porém, que ao ordenar nossos pensamentos ¢ imagens,
cumpre-nos sempre prestar atengao (pelo Corol. da Prop. 63 da parte 4 €
Prop. 99 daparte 3) aquilo que é bom em cadacoisa, para que assim sejamos
determinados a agir sempre pelo afeto de Alegria. P.ex.: se alguém vé que
persegue excessivamente a gloria, quecle pense em seu uso correto, no fim
em vista do qual cabe persegui-la ¢ nos meios para poder adquiri-la, mas
nio em seu abuso, vanidade, na inconstancia dos homens ou em outras
coisas deste tipo, sobre as quais ninguém pensa sendo por perturbacao do
inimo; com efeito, tais pensamentos afligem ao maximo os maximamente
anbiciosos quando estes desesperam de alcangar a honra que ambicio-
Sams, a0 vomitar Ira, querem parecer sabios. Por isso é certo que
sio ao
secs se gloria aqueles que 20 miximo clamam contra © seu
eccee pipssadas isto nao é préprio somente 20s ambicio-
weictrinemm acodon sos qutisa fortuna é adversa ¢ que si0 imporen-
Sedo dinheire ca - © pobre, também o avaro néo cessade falar do abu-
‘momar aor oxen Si08 G08 Ficos, € nao faz outra coisa senio afligir-se
uc suporta com dificuldade nao apenas sua pobreza,
Da Limenonon Huwnma ‘
Prorposi¢gAo XI
PROPOSIGAS XL
As imagens das coisas séo unidas maisfacilmente as imagens
que se referemas coisas que entendemos clara e distintamente do
que as outras.
DEMONSTRAGAO
AAs coisas que entendemos clara ¢ disti
dides comuns das coisas ou [propriedades]ntame nte ou sie proprie-
que destas sio deduzi-
das (ver Def. de razdo no Esc. da Prop. 40 da parte 2) ¢. por con-
mente poet rep: preced.), sio excitadas em nés mais frequente-
outer i880 pode ocorrer mais facilmente que contemplemos
“olsas simultaneamente com elas do que comasrestantes, ¢ por-
Da LiIBERDADE HUMANA 543
prorposi¢gdo XIII
0 mas
mais uma imagem* é unida a muitas outras, tanto
pat i iva.
seOavNSTRAG
nnente elaM AO
s f r equense DE
ais]
e f e i t o . g e m é u n i d a a m u i c a s o u t ras, tanto
Com Spo uma i18mada parte 2) pelas quais ela pode ser
maisProp.
uanto(pela
feieo, qdadas
mais = c.Q.D.
exit
Prorposi¢géo XIV
A Mente pode fazer com que todas as afecgoes do Corpo ou
a de Deus,
iimagens das coisas sejam referidas d idei
DEMONSTRAGAO
formar
Nio hi nenhuma afeegio do Corpo de que a Mente nio possa
amconceito cl: jaro distinto (pela Prop. seja
4 desta parte); por isso pode fazer
m referidas & a de Deus.
(pela Prop. 15 da parte 1) com que todas
C.QD.
Prorpositgaio XV
Quem entende clara e distintamentea sic a seus afetos amaa
Deus, ¢ tanto mais quanto mais entende a sie a seus afetos.
DEMONSTRAGAO
Quem entende clara ¢ distintamentea si ¢ a seus afetos alegra-se (pela
Prop. 53 da parte 3), ¢ isso conjuntamentea ideia de Deus (pela Prop. pre-
«ed.); ¢, assim (pela 6. Def. dos Afetos), ama a Deus, ¢ (pela mesma razdo)
‘tanto mais quanto mais entende a si ¢ a seus afetos. C. Q. D.
i PrRorposigéo XVI
te Amor a Deus deve ocupar a Mente ao maximo.
Da Linteoason Homann «
paw’
arte). portodas as quais € fomentada(pela Prop. 15
prop: desta parte)
(pela Pri op. 11 desta parte), deve ocupat a Mente 40
rte) FP A >.
” te)
iwi
prorosigio A WLS
ProrposrigAo XVIII
Ninguém pode odiar Deus.
DEMONSTRAGAO
Aideia de Deus que esté em nés ¢ adequada ¢ perfeita (pelas Prop. 46 ¢
47da parte 2); porisso, enquanto contemplamos Deus, nesta medida agi-
im0s (pela Prop. 3 da parte 3) e, consequentemente (pela Prop. s9 da parte
¥ nio pode dar-se nenhuma Tristeza conjuntamente & ideia de Deus, isto
(pela 7. Def dos Afetos), ninguém pode odiar Deus. C. Q.
D.
6. CoRoLraArRio
Amor a Deus no pode ser convertido em
édio.
Escourio
Pode-se objetar, porém, q jue, ao entendermos Deus como causa de to-
DA Lipenoape Humana say
pant
n asideramos Deus causa de Tristeza. Mas a
_ por is so mqueasnmtooceontendemos as causas da Tristeza, nesta me
sn
35 ondo que sta parte) cla deixa de ser paixio, isto (pela Prop. 59
iss FT, Prop. 3 Ce nets por conseguinte, enquantoentendemos
ee a dinade “Tristeza, nesta medida alegramo-nos.
da, é caus
prorposigho XIX
ma a Deus néo pode esforgar-se para que Deus tam-
quem arm
jem 0 ame
DEMONSTRAGAO
Seo pomcemse esforsasse para isso, desejaria entio (pelo Corol. da Prop.
eve Deus, a quem ama,nao fosse Deus ¢, consequentemen-
Feee ada parte 3), descjaria entristecer-se, 0 que (pela Prop. 28
oC *)gabrurdo. Logo, quem ama a Deus etc. C.Q. D.
Proposi1gAo XX
Este Amor a Deus néo pode ser manchado nem pelo afeto de
Inveja, nem pelo de Citime, mas é tanto maisfomentado quanto
mais imaginamos mais homens unidos a Deus pelo mesmo vin-
culo de Amor.
DEMONSTRAGAO
Este Amor a Deus ¢ 0 sumo bem que podemos aperecer pelo ditame da
razio (pela Prop. 28 da parte 4), € comum a todos os homens (pela Prop.
36 da parte 4) € desejamos que todosgozem dele (pela Prop. 37 da parte
4):porisso (pela 23. Def. dos Afetos) nao podeser maculadopelo afeto de
Inveja, e nem tampouco (pela Prop. 18 desta parte e pela definigao de Citi-
me, que se vé no Esc. da Prop. 35 da parte 3) pelo afeto de Citime; mas, a0
contrario (pela Prop. 31 da parte 3), deve ser
mais imaginamos mais homens gozarem dele.tanto mais fomentado quanto
C.Q. D.
Esco1rio
Da mesma maneira
to we scja diretament: podemos mostrar que nao se dé nenhum afe-
9 ser destruido, i a este Amor ¢ pelo qual cle pos-
fe contrario
€ porisso podemos concluir que aa
este yAmor a Deus
if
y Da Lisrapape. HuHumm ana 549
x
08 af er c, en qu an to é re fe ri do a0 Corpo,
cance de codos o pr op ri o Co rp o. De qual nacureza
ra ai do sc nd o co m E co m isto abar-
f e r i d 3 «6 Men te, ver emo s dep ois .
co & re ‘ara os afetos, ou Seja, tudo que a Mente, con-
dios P tos ; donde transparece que a
a s P O ide fre nte aos afe
yea si nmteesmsobre 05 4 fetos consiste: IP No préprio conhecimento
nda Me par te) , Ut Em sep arar os afetos do
ios (odear Ecasd a Pro p. + des ta (ver Prop.
t na que im ag in am os con fus ame nte
usa ex ver
a a r t e ) ) . III No tempo pelo qual as
da P r o p . 4 d e s t p
* com 0 0 » Escre. ferida: 5 a coisas que ent endemos superam aquelas re-
speees que 5s que conce bemos confusa 0} xu mutiladamente (ver
80 Prop. 7
fa a u s a s p e l a s q u a i s s t o f o m e n ta das as
t a p a r t e I v e N a mult idio das c dades muns dascoisas ou 4 Deus
de f e r i das as propric co
sfeeg o e s 4 : W k ore
, * P o r f i m , n a o r d e m p e l a q u a l a Mente
e pa ze) V
cer Prop. 9 11 estetos ¢ coneatend-los uns com os outros (ver Esc. da
pode orde snar seus af as Prop. 121314 desta parte). Mas, para que seja
Prop. 10 6, além disso, e os aferos, cabe notar an
, -
rnelhor entendida estamapomorésn'osa
t e o b r
s quando compar amos 0a
cia d a M e n s
f e r o s d e g r a n d e
resde tudo, que cha r o ¢ v e m o s q u e u ms e d e f rone
sfeto de um homem com 0 afeto de o eto, ou quando comparamos uns
u t
mais do que 0 outro com 0 9 mesmo af mem ¢ conscatamos que ele €
com 05 outros os afetos de um mesmo hon que por outro. Com feito
mais afetado,ou seja, movido, po! rum afero do é definida pela
(pla Prop, s da parte 4), a forg a de um al ero qualquer
com par ada 4 nos sa. Ora s a poténcia da Mente
potincia da cau sa ext ern a ou paixio é
ss o qu e a im po re n cia
aaa pelo s6 conhecimento, ao pa is co é p o r me l io daquilo pelo
mea pela s6 privagao de conhas; ecimento ,
uad do nd e seg ue F ue pa de c -¢ ao maximo
ideias sio ditas inadeq as in ad eq ua das, de
pa rce é consti cu id a p' ori ‘d ei
a cu ja ma io r qu e pel Jo que ela
"que € discernida mais pelo que ela p2 dece do
r par te €cons
- lage]; €, ac in te cu ja m: aio
tituida 7 ° ss eannkt age ao miximo qu embora nesta estej4 jm tan-
. a Mei
‘ideas inade adequadas, denaquela, mancira id a ma is pelas
lequadas quanto contud'
Resao tribuidas 4 Pe
Potencia hun idas a vireude humana do que ©!
mana. Ademais, é de notar que as enfermidades
¥ DA LimeRDape HUMANA Sst
parte
a origemprincipalmente no Amor excessivo a uma coisa
emsua
gnimo £ 6 " Sa a muitas variagdes € de que nunca podemosser pos-
4 submerida
bere co, ninguém fica agitado ou ansioso senio pela coisa
= comefei aminjirias, suspeitas, inimizadesetc. senao do
ee nemse origin: deveras pode possuir. Por conseguinte, disso
vvoisas que ninguém
sneebemos 0 qu o conhecimentoclaro ¢ distinto ~ ¢ epre r E se.
e c i m e n t o ( s o b r e 0 q u a l , v
terce2),iroCujo
> da parte ro de conh ¢ 0 préprio conhecimento de
génefundamento
ac sobre 0s afet0s, a08 quais, enquanto sio paixdes, se cle nio
Prcolucamente (ver Prop. 3 com o Esc. da Prop. 4 desta parte), 20
S57 eee ieee constituam uma parte minima da Mente (ver Prop. 14
we disso, gera Amor A coisa imutavel 15 ¢ eterna (ver Prop.
detaawe
p aarrtt) eAlt possuidores (ver Prop. 45 da parte 2),
des p Ga qual somos deveras ser manchado por nenhum dos vicios que
seenar} que por isso nao pode
maior (pela Prop. 15
cstio ‘no Amor comum, mas pode ser sempre cada vez
sa parte, ocupat a maior parte da Mente (pela Prop. 16 desta parte)
vida
“Geila amplamente. E comisto termine tudo que diz respeito a esta com
presente, pois o que eu disse no principio deste Escélio, a saber, que
estas poucas [proposigdes] reuni todos os remédios para os afetos, podera
verfacilmente cada um que prestaratengio ao que dissemos neste Escélio
csimultaneamente as definigdes da Mente ¢ de seus afetos, ¢ porfimas
Proposigdes 1 ¢ 3 da Parte 3. Portanto ¢ chegado 0 tempode passar Aquelas
coisas que pertencem A duragio da Mente sem relagio a0 Corpo.
PrRoposigAo XXI
A Mente nao pode imaginar nada, nem recordar-se dascoisas
passadas, a nao ser enquanto** dura o Corpo.
DEMONSTRAGAO
iene exprime aexisténcia atual de seu Corpo, nem tam-
poms de come nals at afecgdes do Corpo, a nio ser en-
Guentemence onc, (pelo Corol. da Prop. 8 da parte 2), ¢, conse-
Pdone ene OA da parte 2), nio concede nenhum cor-
POF isso ng €m ato a nio ser enquanto seu Corpo dura, ¢
os
"0 pode imaginar nada (ver Def, de Imaginagdo no Esc. da
Da LIBERDADE HUMANA 553
part®
nemrecordar-se das coisas passadas, a nio ser et
+ Def, de Memoria no Esc. da Prop. 18 da parte z)
Prtco yea COPS |
prorposi¢gAo XXII
contudo, é dada necessariamentea ideia que expri-
Em De sia deste ou daquele Corpo humano sob o aspecto da
sme a esse
:
ernidade. DEMONSTRAG O A
Deus €¢ qusa no apenas da exiseé
ncia deste ou daquele Corpo huma-
e porisso
£Sihem da sua esseiancmeiant(pe elalPra op.op25ridaa aespasértnceia1).dequDe
no, mas tambe idae necessarso com upmea nece pr us (pelo
dos sewore part 1), € is ssidade eterna (pel Prop. 16
ens
dooms si onccito que decerto deve ser dado necessariamente em Deus
(pea Prop. 3 da parte 3). C. QD.
ProposigAo XXIII
A Mente humana naopodeser absolutamente destruida com
0 Corpo, mas dela permanecealgo que é eterno.
DEMONSTRAGAO
Em Deus é dado necessariamente 0 conceito ou a ideia que exprime a
esséncia do Corpo humano(pela Prop. preced.). [ideia] que porisso é ne-
cessariamente algo que pertence 4 esséncia da Mente humana(pelz Prop.
+3dsparte 2). Mas nao atribuimos & Mente humana nenhumaduragio que
possa ser definida pelo cempo senao enquanto exprimea existéncia actual
40 Corpo, que € explicada pela duracdo e podeser definida pelo tempo.
‘0 €(pelo Corol. da Prop. 8 da parte 2), nao the atribuimos duragdo
senio
sistanto o Corpo dura. Porém, como nio deixa de ser algo aquilo que
qcinecbido pela prépria esséncia de Deus com uma necessidade eterna
be Prep. preced.), cave algo que pececuce Xicstncia da Meanc'serd neces:
samente eterno, C.Q. D.
Coma Esc6étro
a
pe ce Fdissemos, esta ide’ ia que exprime a esséncia do Corpo sob
e
aeternidade é wi im
modo de pensar certo que pertence a es-
Ke © que necessariamente ¢ eterno. Contudo, nio pode
Da Lispetervadt HuMANA sas
Prorposi1gaAo XXIV
Quanto mais entendemos as coisas singulares, tanto mats en-
tendemos Deus.
DeEMONSTRAGAO
Prorpos1gAo XXV
O sumo esforgo ea sumavirtude da Mente é entenderas coisas
pelo terceiro género de conhecimento.
DEMONSTRAGAO
Oterceiro género de conhecimento procede da ideia adequadade al-
buns
un atributos
i ; de Deus para 0 conhecimento
.
adequado da esséncia .
das
coisas
in (ver sua Def.no no Esc.
E 2 da Prop, 40 da parte 2), ¢ quanto mais
: enten-
iOS as coisas
i desta man tanto mais
:
entendemos Deus (pela Prop.
rm
Preced.), ©
-
porisso (pela Prop. 28 daparte 4) a suma virtude da Mente,isto
€ (pel,
ae a 8 daparte 4), a poténcia ou natureza da Mente, ou seja (pela
parte 3), seu sumo esforgo, é
Se]
Bénero de conhecimento entender as coisi as pelo tercci;
. C. QD .
ro
> i; Da Linerpave Humana 387
parte
prorpostgGAo XXVI
yo mais a Mente éaptaa entender ascoisas pelo terceiro
en c nbectimnento, tant5 o mais deseja entenderas coisas por
-y de co
int ‘exh de conhecimento.
e ee mes?
género
DEMONSTRAGAO
“ste
oF
« Pois, enquanto concebemos a Mente ser apta a entender
as co£ isparents.
as genero de conhecimento, nesta medida concebemo-la
Pi gencender o e,
as coisas pelo mesmo género de conheciment
derermina ‘mente (pela 1. Def; dos Afetos), quanto mais a Mente é apta a
consequente! 0 desele: 0:0;
isco, ranco mais
ProrposirgAo XXVII
Prorposirgéo XXVIII
© esforgo ou Desejo de conhecer as coisas pelo terceiro género
de
einconhecis ai : pode origina
nao ae r-se do primeir
aes o, mas certa-
He do segundo género de conhecimento.
Esta Proposigio & p. DEM ONSTRAGAO
atente porsi. Pois tudo que entendemosclara ¢
y c ya t Limenvapn Humana
paste
por si ou por outroque é concebido
cancamente: NOYque sio claras e distintas em nés,ow seja, que io
sae nist OO vencrode conhecimento (ver Ese. 2 Prop. 40 da
pododem Seseguir de ideias mutiladas e confusas, que
(pelo mes-
is 3 eT
). m8Pons aoprimero generode conhecimento, mas de idcias
fac) #80 Ts (pelo mesmoEsc.), do segundo¢ terceiro géneros de
equals: 08 “Cipor isso(pela 1. Def. dos Afetos) 0 Desejo de conhecer
onheci® Ie cerccito género de conhecimento nio pode originar-se do
aecoisas
jo,
Pe + cercament c do segundo. C.Q D.
prime
prorosigdo XXIX
wu o que a Mente entende sob
Jud as
0 aspecto da eternidade, ela
po,
-nio, 0 centende por conceber a existéncia atual presente do Cor
por con ceb er a esé nci a do Co rp o sob o asp ecto da eternidade.
mas
DEMONSTRAGAO
Enquanto a Mente concebe a existéncia presente de seu Corpo, nes-
ta medida conecbe a duragio, que pode ser determinada pelo tempoo,20¢
apenas nesta medida tema poténcia de conceber as coisas com relagi
tempo (pela Prop. 21 desta parte ¢ Prop. 26 da parte 2). Ora, a eternidade
nio pode ser explicada pela duragio(pela Def. 8 da parte 1 ¢ sua explica-
fio). Logo, nesta medida a Mente nao tem o poder de conceber as coisas
sob 0 aspecto da eternidade. Porém,j4 que ¢ da natureza da razao conce:
bers coisas sob o aspecto da eternidade (pelo corol. 2 da Prop. 44 da parte
2),etambém pertence & natureza da Mente conceber a esséncia do Corpo
sob o aspecto da erernidade (pela Prop. 23 desta parte), ¢, além desses dois,
nada outro pertence a esséncia da Mente(pela Prop. 13 da parte 2); logo,
«sta poréncia de conceber as coisas sob 0 aspecto da eternidade nao per
tence 4 Mente senao enquanto concebea esséncia do Corpo sob 0 aspecto
dacternidade. C.Q.D.
EscoLio
‘ Deduas manciras as coisas sio concebidas por nds como atuais: ou en-
ant as concebemos cxistir com relagio a um tempo € um lugar certos,
Santo
engi
‘quanto as concebemos estar contidas em Deuse seguijir da necessidad
i e
LimexDane Humana se
proposigio XXX
proposighkio XXXII
sud o aqu ilo que ent end emo s pel o terc
: eiro gén ero defe co-co
Com ea ideia
nés nos deleitamos, e decerto conjuntament
nheciment0,
usa
de Deus como ca
DEMON STRAGAO
Desse terceiro geénero de conhecimento origina-se o sumo contenta-
isto & (pela
inento da Mente que pode ser dado (pela Prop. 27 desta parte),
as, DefDef dos Afetos), a suma Alegria, ¢ isso conjuntame nte 4 ideia de si, €
rearin
porconseguinte (pela Prop. x0 desta parte) também a ideia de Deus, como
causa. C.Q.D.
Cororikrio
Do terceiro género de conhecimento origina-se necessariamente 0
Amorintelectual de Deus. Pois deste género de conhecimento origina-se
(pela Prop. preced.) a Alegria conjuntamente ideia de Deus como causa,
isto ¢ (pela 6. Def. dos Afetos), 0 Amor de Deus, nao enquanto o imagina-
mos como presente (pela Prop. 29 desta parte), mas enquanto entendemos
que Deus é eterno, ¢ é isto o que chamo de amor intelectual de Deus.
PrRoposigéo XXXIII
4 oO Amor intel
; ectual de Deus, que se orig
aina do terceiro
i género
‘ conhecimento, é eterno.
Da LiBERDADE HUMANA S65
paaté
DEMONSTRAGAO
qo, ro genero de conhecime
ico, 0 eerceiiom " nto € eterno (pela Prop.
feitorice peIere a 3 da‘einaéparte 1); € assim (pelo ; mesmo Axioma da
ceMique dele se origina é também necessariamente eterno. C.
QP EscoLi0
ue este Amor 2 Deus nao tenha tido inicio (pela Prop. preced.),
ae js perfeigdes do Amor, comose tivessetido origem, tal
ha
com pore(Oe FY no Corol. da Prop. preced. E nenhuma diferengafin-
como 0 FinBiMO™ fente reve eternas estas mesmas perfeidedes que nés
aqui send diothe agora, e isso conjunt _ amente 4 ideia Deus como
nosa e rs0Fe
e r n a . P O F q u e s e a alegria consiste na passage
t i r e m q u emaaMumama
e n t e ior
s e j a d orada
perfei-
m
c i d a d e ’ d e v e c e r t amente consis
gatsoa ria perfeigao.
da prop
Proposigkio XXXIV
erem as pai-
Amente nao esta submetida aos afetos que se ref
6 0 corpo.
xies a nao ser enq uan to dura *®
DEMONSTRAGAO
‘A imaginagéo é a ideia pela qual a Mente contempla alguma coisa
como presente (ver sua Def. no Esc. da Prop. 17 da parte 2), ideia que,
porém, indica mais a constituigao presente do Corpo humano do que a
natureza da coisa externa (pelo Corol. 2 da Prop. 16 da parte 2). Portanto,
oafeto é uma imaginagao (pela Def. geral dos Afetos) enquantoele indica
a constituiggo presente do Corpo; ¢ assim (pela Prop. 21 desta parte) a
Mente nao esta submetida aos afetos que se referem a paixdes a nao ser
enquanto dura o corpo. C. QD.
CoroLradrio
Disso segue que nenhum Amor, além do Amorintelectual, é eterno.
Escoé.Li0
tamSeat
tentFmOs 8nies opiniéo comum dos homens, veremos que eles cer-
lente sto
sa cdnscios
. da eternidade da sua Mente, mas a confundem
¥ Da LiseRDADE HUMANA 567
pa nT 5
eles créem
soe 2 a ribuem & imaginasao ou A meméria, que
co 4 juragae
reer ap 05 2 mort ei
onre sane’
proposigGko XXXV
i pr dprio com um Amor intelectual infinito.
ama ae
Dews DEMONSTRAGAO
Def, 6 da parte1) , isto é (pela Def.
ys é absolucar mente infinito (pela feigao infinita, ¢ isso
a nacureza de Deus goza de uma per
da parte A Myte 2) conjuntamente & ideia de si, ou seja (pel a Prop.
(P e a dei n de sua caus a,¢€ isto 0 que no Coral. da Prop.
De. 1 dissemos ser o Amor
intelectual.
se desta parte
ProposigAéo XXXVI
o Amor de
0 Amor intelectual da Mente a Deus é 0 prépri
infinito,
eus pelo qual Deus ama a si préprio, ndéo enquanto é a-
en onquanto pode ser explicado pela esséncia da Mente hum
0 Amor inte-
na considerada sob o aspecto da eternidade; isto é,
pelo qual Deus
lectual da Mente a Deus é parte do amorinfinito
ama asi proprio.
DEMONSTRAGAO
Este Amor da Mente deveser referido As agdes da Mente(pelo Corol.
ds Prop. 32 desta parte epela Prop. 3 da parte 3), ¢ por isso é uma agio pela
qual a Mente contempla a si prépria, conjuntamente a ideia de Deus como
causa (pela Prop. 32 desta parte e seu Corol.), isto € (pelo corol. da Prop. 25
da parte 1 ¢ Corol. da Prop. 11 da parte x), uma agao pela qual Deus, en-
uanto podeser explicado pela Mente humana, contempla a si proprio,
conjuntamente 4 ideia de si; ¢ assim (pela Prop. preced.), este Amor da
Mente é parte do amorinfinito pelo qual Deus amaa si préprio. C. Q. D.
Cororkrio
maDg
iseso Segue que Deus, enquan ama a si pr
t o
Meeelente eenté: due @ amor de Doeus aos homepnrsio¢, oaAmmaoorsinhtomens, ¢,
a Deus sao um séc 0
electual
mes mo.
> part
7 Da Limennaon Howawa fy
Recéuto
d i s s o emque coisa consiste no
entend Jemos claramo ente
i c
ticulade 0 berdade: n Am 1 constante ¢ eterna a De
if
10a ror de Deus aos homens. F.ndo é sem razio que exte Amu
sei 3 1 i hamadoGloria nos cbdices Sagradon, Pois seja este Amor re
Dews a 4 Mente,pode corretamente ser chamad
felicidadKoeus,sej o de contenca-
Joa
fer do nimo, 0 qual nio se distingue verdadeiramente da Gloria (pelas
mento ro df. dos Afetos). Pois, enquantose refere a Deus, ¢ (pela Prop. 35
‘Alegria (que se nospermita utilizar ainda este vocab:
enquantoestéreferido
! mente & ideia de si, tal comoporqu
fo) contFuna
prop. 27 desta parte). Além disso, e 2 esséncia de nossa mente
to ¢ Deus
myste apenas no conhecimento, cujo principio fundamenficacl aro de
(pele Prop. 15 da parte xe Esc. da Prop. 47 da parte 2), dai nos
existén-
re mancira ¢ €m que £2240 nossa Mente, segundo a esséncia ¢ a i
inuamente de Deus. Pense
a fegue da natureza divina e depende conteste
gue valiaa pena noté-lo aqui, para que, por exemplo, eu mostrasse 0
Guanco o conhecimento das coisas singulares, que eu chamei de incuitivo,
guseja, de terceiro género (ver Ese. 2 da Prop. 40 da parte 2), prepondera
é mais potente do que o conhecimento universal, que eu disse ser do
segundo género. Pois, embora na Primeira Parte eu tenha mostrado de
mancira geral que tudo(¢ por conseguinte a Mente humana) depende de
Deus segundo a esséncia ¢ a existéncia, aquela demonstragio, embora seja
legitima ¢ posta fora do risco de divida, todavia nio afeta tanto nossa
Mente como quandoisso mesmoé concluido da propria esséncia de uma
coisa singular qualquer, que nés dizemos depender de Deus.
Proposi¢gAo XXXVII
Nada ¢ dado na natureza queseja contrdrio a este Amorinte-
lectual, ou seja, que 0 possa suprimir.
DEMONSTRAGAO
Este intelectual segue necessariamente da natureza da Mente en-
quanAmor
teantoe: i
po cst2éconsiderada, pela natureza de Deus, como verdade exerna (p
TOP. 33 ¢ 29 destaparte) ). Se portanto houvesse algo que fosse contririo
‘A este Amor,
isto seria contririo ao verdadciro ¢, consequentemente, isto
pante V DA Limenpane Humana 57
ue puoesse suprimir este Amor faria com que 0. verdadeiro fosse falso, 0
que ( .me * conbecido porsi) € absurdo. Logo, nada é dado na natureza etc.
C.QD
scOLIO
© Axioma da Quarta Parte diz respeito as coisas singulareso enqua nto
r, do que crei que nin-
consideradas ‘emrelagio a umcerto tempo ¢ luga
guem duvida,
Proposigéo XXXVIII
Quanto mais a Mente entendeas coisas pelo segundo e pelo ter-
ceiro géneros de conhecimento, tanto menos padece dos afetos que
siio maus, € menos teme a morte.
DEMONSTRAGAO
Acsséncia da Mente consiste no conhecimento(pela Prop. da parte 2);
portanto, quanto mais a Mente conhece muitas coisas pelo segundo ¢ pelo
terceiro géneros de conhecimento, tanto maior¢ a sua parte que permanece
(pelas Prop. 23 ¢ 29 desta parte), ¢ consequentemente (pela Prop. preced.),
tanto maior sua parte nao atingida por afetos que sao contrarios 4 nossa
hatureza, isto é (pela Prop. 30 da parte 4), que sio maus. E assim, quanto
de
géneros
mais a Mente entende muitas coisas pelo segundo pelo terceiroconsequ
Conhecimento, tanto maior é sua parte que permaneD.ceilesa, ¢, en-
temente, tanto menos padece dosafetosetc. C. Q.
Escéuio
Donde entendemos aquilo que mencionei no Esc. da Prop. 39 damenosparte
4 € que prometi explicar nesta parte; a saber, que a morte é tanto ¢, por
fociva, quanto maior é 0 conhecimentoclaro € distinto da Mente (pela
conseguinte, quanto mais a Mente ama a Deus. Em seguida, porque0 sumo
Prop. 27desta parte) do terceiro genero de conhecimento origina-se
contentamento que pode dar-se, segue que a Mente humanapode ser de
uma natureza tal que aquilo que mostramos dela perecer com 0 corpo (ver
Prop. 21desta parte) nao tem nenhum peso com relagao aquilo que dela per-
manece. Massobreisso logo nosestenderemos.
Prorposrgéo XXXIX
Quem tem um Corpo apto a muitissimas coisas, tem uma Men-
te cuja maior parte é eterna.
UU
parte v Da Limernvape HuMANA s 3
DEMONSTRAGAO
nta-
Quem rem um Corpo apto a fazer [agir] muitissimas coisas, defro
veamente com os afetos que sio maus (pela Prop. 38 da parte 4).
eae Prop. 30 da parte 4), com os afetos que so contrarios a nossa
x su ‘ assimn (pela Prop. 10 desta parte) tem o poder de ordenare con-
acenat afecgoes do Corpo segun
ccare
doa ordemdointelecto, ¢, consequen-
(pela Prop. 14 desta parte), de fazer com que todasas afecgdes se
remente scja
retrain 3 ideia de Deus: disso ocorrers (pela Prop. 1s desta parte) que
sfetado de um Amor a Deus que (pela Prop. 16 desta parte) deve ocupat.
su seja, constituir a maior parte da Mente, ¢ porisso (pela Prop. 33 desta
parte) cem uma Mente cuja maior parte é eterna, C. Q. D.
Escouio
Porque os Corpos humanossao aptos a muitissimas coisas, nao ha da-
vida de que podem ser de umaral natureza que se refiram a Mentes que
sém um grande conhecimentodesi ¢ de Deus, ¢ cuja maior ou principal
parte € eterna, ¢ assim dificilmente temem a morte. Maspara queisso
seja mais claramente entendido, cumpre aqui advertir que nds vivemos em
continuavariagio, ¢ conforme mudamospara melhor ou pior, tanto mais
somosditosfelizes*” ou infelizes. Com efeito, quem de bebé ou menino se
converte cadaver, é dito infeliz, e, ao contrario, atribui-se a felicidade ter-
mos podidopercorrer todo 0 espago de uma vida com uma Mente si num
Corposao. E, em verdade, quem tem um Corpo como 0 do bebé ou do
menino, apto a pouquissimas coisas ¢ maximamente dependentede causas
externas, tem uma Mente que, em si sé considerada, quase nao é cénscia
de si, nem de Deus, nem das coisas. Ao contrario, quem tem um Corpo
apto a muitissimas coisas, tem uma Mente que, em si sé considerada, é
muito cénscia de si, de Deus € das coisas. Portanto, esforgamo-nosantes
de tudo,nesta vida, para que o Corpoda infancia, o quanto sua natureza
Permite € a isso o conduz, transforme-se num outro que seja apto a mui-
tissimas coisas, ¢ que se refira a uma Mente que seja muito cénscia de si,
de Deus e das coisas; ¢ de tal maneira que tudo aquilo quese refere a sua
Prépria meméria ou imaginagao quase nao tenha peso em relagao ao seu
intelecto, como eu ja disse no Esc. da Prop. preced.
>
pense! ¥ DA Limenbane Humana 975
PROPOSIGAO XL
age €
1 to mais cada coisa ; tem mais perfe‘ igdo, tanto mais
Quan
me pade ce, ¢ 40 contrdvio, quanto mais age, tanto mais é per-
mend
pita
te DEMONSTRAGAO
Quanto mais cada coisa é perfeita, tanto mais temrealidade (pela Def. 6
s),¢ consequentemente (pela Prop. 3 da parte 3 com seu Est.) tanto
daparte>” Senos padece: demonstragio que seguramente procede da mes-
mam:vaneira na ordem inyersa,
. donde segue, ao contrario, que tanto mais
ae é uma coisa quanto mais age. C.Q. D.
perfeita
CororakRio
Disso segue que a parte da Mente que permancce, qualquer que seja sua
grandeza, é mais perfeita do que a outra, Pois a parte eterna da Mente (pelas
Grup. 23 € 29 desta parte) & 0 intelecto, somente pelo qual somos ditos agit
a Prop. 3 daparte 3); mas a que mostramosperecer é a propria imagina-
(ho(pela Prop. 21desta parte), somente pela qual somos ditos padecer (pela
Prop. 3 da parte 3 ¢ Def.geral dos Afetos); ¢ assim (pela Prop. preced.) aquela,
qualquer que seja sta grandeza, é mais perfeica do que esta dltima. C. QD.
Esc6éLi10
Estas sio as coisas que havia proposto mostrar sobre a Mente enquanto
considerada sem relagio com a existéncia do Corpo; pelo que, ¢ simultanea-
mente pela Prop. 21 da parte 1 ¢ outras, fica claro que nossa Mente, enquanto
entende, é um modo de pensar eterno, que é determinado por outro modo
de pensar eterno, ¢ este por outro, ¢ assim ao infinito, de mancira que todos
simultaneamente constituem o intelecto eterno ¢ infinito de Deus.
Proposir¢gaéo XLI
Ainda que nao soubéssemos que nossa Mente é eterna, teriamos
como primeiros a Piedade, a Religiao e, absolutamente, tudo que
mostramos na Quarta Parte referir-se a Firmeza e a Generosidade.
DEMONSTRAGAO
J Sr Beta € ttinico fundamento da virtude ou da reta manei-
a ciUne lo Corol. da Prop. 22 ¢ Prop. 24 da parte 4) € buscar 0 seu
ntudo, para determinar aquelas coisas que a razio dita serem
nao haviamos levado em conta a eternidade da Mente, a qual
7 Da LimerDape Humana 377
naquele mo-
hecemos nesta Quinta Parte. Portanto, embora
mos que a Mente é eterna, tivemospor primeiro aquilo
mento IBNeferir-s
sc e A Firmeza ¢ 4 Generosidade; assim, mesmose
;
ue MO: "gora ignoréssemosisto, teriamos os mesmospreceitos da razio
im
ambél
camepimeitos: C- QD. .
<o Escouio
© vulgar parece estar comumente persuadido de outra coisa. Pois a
ve Brrece crer que é livre enquantolhe é permitido obedecer & las-
maioria Pa"ede seu direito enquanto tem que viver pela prescrigao da
ciCreer, portanto, que a Piedade, a Religido e, absolutamente,
senue se refere a Fortaleza do animo sio um énus de que cles esperam
uae-se apés a morte, recebendo a recompensa de sua servidio, a saber,
ihpiedade ¢ da Religido. E nao sé por esta esperanga, mas também ¢
grineipalmente pelo medo de serem punidos com terriveis suplicios apés de e
prjorte, é que eles s40 induzidos, tanto quanto o suporta sua fragilida
seu animo impotente,a viver segundo a prescrigao dalei divina. E se esta
Fsperanga ¢ este Medo nao inerissem aos homens, mas, 20 contrario,eles
ceressem que as mentes perecem com 0 corpo, naorestando aos miseraveis,
Gauridos pelo fardo da Piedade, uma vida no além,eles se voltariam a0
seu engenho ¢ quereriam moderar tudo pelalascivia ¢ obedecer antes &
fortuna do que a si mesmos. O que a mim nio parece menos absurdo do
quese alguém, por nao crer que possa nutrir eternamente 0 corpo com
bons alimentos, preferisse antes se saciar de venenos ¢ coisas letais; ou,
por ver que a Mente nao eterna ou imortal, preferisse ser demente e vi-
ver sem razao — coisas que s4o tao absurdas que mal merecem ser levadas
em conta.
ProrposrgéAo XLII
A Felicidade** nao é 0 prémio da virtude, mas a propria vir-
tude. E nao gozamos dela porque coibimos a lasctvia, mas, ao
contrario, éporque gozamos dela que podemoscoibir a lasctvia.
DEMONSTRAGAO
Fach Felicidade consiste no Amor a Deus(pela Prop. 36 desta parte ¢ seu
c.), Amor que certamentese origina do terceiro género de conhec!
pxare Da Lisexoane Humana 979
Parte I
Parte I
tanto aponta para uma alteragio do substantivo. A expre ssio que escolhemos
na tradugio (“das6 necessidade’, “dos6 conceito”), apesar de causar algum
estranhamentoem portugués, pareceu-nos mais préxima do sentido original.
2. “Como queriamos demonstrat”.
8. O verbo latimfingere remete a fingir ¢ a0 tema da idcia ficticia, examina-
do longamente porEspinosa no Tratado da Emenda do Intelecto. Em porcu-
gués, porém,fingir nao é verbo transitivo directo (naose finge algo), dai nossa
opsio porforjar.
9. Seria mais coerente com espinosismodizer “nao poderexistir’, em vez
de “poder naoexistir”1", visto queesta tiltima formulagio sugerea existéncia de
meras potencialidades. Todavia, para nao impor umainterpretagio ao leitor,
mantivemosa ordem das palavras do latim.
10. O verbo sollere sera traduzidoporinibir ou suprimir, exceto quando em
direta contraposigio com pér (ponere), como neste caso, em quea tradugio
serd tirar.
1, Sobre isso, ver 0s Principios da Filosofia Cartesiana ca Carta 12.
12, Alguns comentadores ¢ tradutores remetem Prop. 28, especificamente
Gueroulr e Curley.
13. Aqui nao traduzimosSive por “ou seja” apenas para nao prejudicar 2
fluéncia da frase, mas 0 sentido permanecesendoo de identidade, ¢ nao mera
alternativa.
14. Nolatim verbo esté no singular.
15. O verbo agir é fundamental em Espinosa, mas como em portugues est
verbo € intransitivo, a tradugio nos obriga a utilizarfazer quando ha objeto
direto, Nestes casos, colocaremosagir entre colchetes.
Notas De TRravugio $83
Pasre II
Parte III
Parte IV
Sui juris.
is.
|. Fortunac jur
Beaturn.
a9. Beate.
inigao 1.
Nao hé ax. 3, talvez seja a def
O e r m o l a t i n o i n s t i t u t um pode ser traduzido por instituigao, de eviden-
s t
ragao P olitica, mas aquisignifica apenas maneira de viver. Este sentido
| aparecic Pio no
se conorags?
jaavia Tratado da Emenda do Intelecto.
sa dmperare.
3.Nolatim,desiderium. Aqui, a tradugaoanteriormenteutilizada (caréncia
ousmdade) reve que ser substituida por necessidade, mas cumpre destacar que
gna palavra é aqui tomada no sentido corriqueiro de indigéncia ou preciso de
digo,eno no sentido ontolégico de necessidade (por oposigio a contingén-
| eh
js. Libido (habitualmente traduzido por “lascivia”).
ss. Cupiditas.
36. Quamdiu.
37 Escélio L
38Tiata-se do mesmo termofide, que no contexto da Prop. 72 teve de ser
ttaduzido comobox
SS
$88 Notas De Travugio
Parte V
39. Beatitudo. q
40. Quamdine /
«41 Ordo ad intelectum. Aqui seguimos a tradusio mais habitual (7s ordem
do intelecto”), em vez da opgioliteral “a ordem para o intelecto”
42. Excepcionalmente, nesta proposi¢ao “enquanto” nao é tradugio de gua-
tenus, nem de quamdin, mas exprime o geriindio durante.
43. Beatior.
44. Dolatimfingere . Vera teoria das ideias ficticias no Tratado da Emenda
do Intelecto. Anteriormente, este mesmoverbo foi traduzido com “forjar”.
45. Beatitudo. §
4
46. Durante.
47. Neste Escélio,diferentemente de todo o resto da parte 5,feliz/felicidade ’
nao traduzem beatus/beatitudo, masfelix/felicitas. !
48. Beatitudo. 4
'
'
t
0
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1
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cas da USP. Adaptada
de, 1632-1677.
Espe osa: tradusio Grupode Estudos Espinosanos; coc
Marilena Chaui. - 1. ed.. 1. reimpr. ~ Sao Paulo: Editora da U
de Sao Paulo, 2018. ¢. 1677
600 ps 15% 23cm
ISBN 978-85-314-15524
1, Filosofia. 2. Erica. 3. Spinoza, Benedictus de, 1632-1677. 1. Ticu-
lo. 1 Universidadede Sio Paulo. Faculdadede Filosofia, Letras ¢ Ciéncias
Hamanas. Grupo de Estudos Espinosanos. III. Chaui, Marilena de Souza.
CDD-170
Dircitosreservados &