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ETI CHA

Demonstrada em Ordem Geométrica

Po
Dividida em cincopartes,
nas quais se trata
De Deus
Il. Da Natureza e Origem da Mente
Ill. Da Origem e Natureza dos Afetos
IV. Da Servidao Humana, ou das Forgas dos Afetos
Da Poténcia do Intelecto, ou da Liberdade Humana
E T ICA
Parte Primeira,
DE DE U §S
DEFINIGOES
1. Por causa desi entendo! aquilo cuja esséncia envolveexis-
téncia, ou seja*, aquilo cuja natureza nao pode ser concebida
senaoexistente.
II. E dita finita em seu género aquela coisa que pode ser
delimitada® por outra de mesmanatureza. P. ex., um corpo é
dito finito porque concebemos outro sempre maior. Assim,
um pensamento é delimitado por outro pensamento. Porém,
um corponao delimitado por um pensamento, nem um pen-
samento por um corpo.
IIL. Por substancia entendoaquilo que é em sie ¢ concebido
porsi, isto é, aquilo cujo conceitnao precisa do conceito de
outra coisa a partir do qualdeva ser formado.
IV.Por atributo entendoaquilo que intelecto percebe da
substincia* como constituindo a esséncia dela.
V. Por modoentendoafecgées da substancia, ou seja, aquilo
que é em outro, pelo qual também é concebido.
VI. Por Deus entendo o ente absolutamenteinfinito,isto é,
a substAncia que consiste’ em infinitos atributos, cada um dos
quais exprime umaesséncia eterna ¢ infinita.
Parte tl De Deus 47

ExpLrrcagio
Digo absolutamenteinfinito, nao porém em scu géncro; pois, daquilo que €
infinito apenas emseu género, podemos negarinfinitos atributos; porém, ao que
é absolutamente infinito, 4 sua esséncia pertence tudo 0 que exprime uma essén-
nao envolve nenhumanegagio.

VILE dita livre aquela coisa que existe a partir da s6° neces-
sidade de sua natureza ¢ determina-se porsi sé a agir. Porém,
necessaria, ou antes coagida, aquela que ¢ determinada por ou-
tro a existir ¢ a operar de maneira certa ¢ determinada.
VIII. Por eternidade entendo a prépria existéncia enquan-
to concebida seguir necessariamente da sé definigao da coisa
eterna.
Expricagio
Tal existéncia, pois, assim como uma esséncia de coisa, é concebida comover-
dade eterna, ¢ porisso nao pode ser explicada pela duragio ou pelo tempo, ainda
que se conceba a duragio carecer de principio ¢ fim.

AXIOMAS
I. Tudo que é, ou é em si ou em outro.
II. Aquilo que nao pode ser concebido por outro deve ser
concebidopor si.
IIL. De umacausa determinada dada segue necessariamente
um efeito; ¢, ao contrario, se nenhumacausa determinada for
dada ¢ impossivel que siga um cfeito.
IV. O conhecimento do efeito depende do conhecimento
da causa ¢ 0 envolve.
V. Coisas que nada tem em comum umacom a outra tam-
bém nao podem ser entendidas umapela outra,ou seja, 0 con-
ceito de umanao envolve o conceito da outra.
ee
Parre fl Der Deus 9

VI. A ideia verdadeira deve convir como seu ideado.


VII. O que quer que possa ser concebido como naoexisten-
te, sua esséncia nao envolve existéncia.

ProrosigAo I
A substancia é anterior por natureza a suas afecgoes.
dD EMONSTRAGAO
FE patente pelas Definigoes 3 ¢ 5.

ProrosrigAo II
Duas substancias que tématributos diversos nada tém em co-
mum entre Si.
DEMON TRAGAO

£ tambémpatente pela Def 3. Co! efeico, cada uma delas deve ser em
si ¢ deve ser concebida porsi, ou seja, o conceito de uma naoenvolve o
conceito da outra.

ProrposigAo III
Decoisas que nada tém em comumentresi, uma nao pode ser
causa da outra.
DEMONSTRAGAO
Se nada tém em comum uma coma outra, entaio(pelo Ax. 5) nao po-
dem ser entendidas uma pela outra, ¢ por isso (pelo Ax. 4) uma nio pode
ser causa da outra. C. Q. D.”

Prorposigdo IV
Duasou vdrias coisas distintas distinguem-se entre si ou pela
diversidade dos atributos das substancias, ou pela diversidade
das afecgoes das mesmas substancias.
DEMONSTRAGAO
Tudo que é, ou é em si ou em outro (pelo Ax. 1), isto é (pe-
las Def, 3 ¢ 5), fora do intelecto nada é dado exceto substancias e¢
suas afecgdes. Logo, nada é dado fora do intelecto pelo que varias
re:

Pante tl De Deus 3

coisas possamdistinguir-se entresi, exceto substancias, ou seja, 0 que € 0


mesmo(pela Def, 4), seus atributos, ¢ suas afecgdes. C. Q. D.

Prorposigaéo V
Na natureza das coisas nao podem ser dadas duas ou varias
substancias de mesma natureza, ou seja, de mesmo atributo.
DimMonstTRagio
Se fossem dadas varias [substancias] distintas, deveriam distingui!
-se entre si ou pela diversidade dos atributos ou pela diversidade das
afecgoes (pela Prop. preced.). Se apenas pela diversidade dos atributos,
concede-se portanto que nao se dé senao uma [substancia] do mesmo
atributo. Poroutro lado, se pela diversidade das afecgées, como a subs-
tincia € anterior por natureza a suas afecgées (pela Prop. 1), portanto,
afastadas as afecgées ¢ cm si considerada, isto ¢, (pela Def. 3 ¢ Ax. 6)
verdadeiramente considerada,nao se poder4 conceber que seja distin-
guida de outra, isto € (pela Prop. preced.), nao poderaoser dadasvarias
[substancias}, mas apenas uma. C. Q. D.

ProrpostgaAao VI
Uma substancia naopodeserproduzidaporoutra substancia.
DEMONSTRAGKO
| Na naturera das coisas nao podem ser dadas duas substincias de
mesmo atributo (pela Prop. preced.), isto é (pela Prop. 2), que tenham
entre si algo em comum. Eporisso (pela Prop. 3), uma nao pode ser
causa de outra, ou seja, nao podeser produzida por outra. C. Q. D.
COKOLARIO
Daf segue que a substancia nao pode ser produzida por outro. Com
efeito, na natureza das coisas nada é dado exceto substancias ¢ suas
afecgées, comoé patente pelo Ax. 1 ¢ pelas Def. 3 ¢ 5. Ora, nio pode ser
produzida por uma substincia (pela Prop. preced.). Logo, a substancia
nio pode absolutamente ser produzida poroutro. C. Q. D.
Doutra Maneira
Isto também é demonstrado mais facilmente pelo absurdo do con-
traditério. Com efcito, se a substancia pudesse ser produzida por ou-
tro, seu conhecimento deveria depender do conhecimentodesua causa
(pelo Ax. 4), ¢ entio (pela Def. 3) naoseria substancia.
Parte t De Deus 33

ProrposigAo VII
A natureza da substancia pertenceexistir.
DrEMONSTRAGAO
Asubstincia nao pode ser produzida por outro (pelo Corol. da Prop. pre-
ced.). Eassim sera causa desi, isto é (pela Def. 1), sua propria esséncia envolve
necessariamenteexisténcia,ouseja, 4 sua natureza pertenceexistir. C.Q. D.

ProposigAo VIII
Toda substancia é necessariamenteinfinita.
DEMONSTRAGAO

‘A substancia de um atributo naoexiste senao anica (pela Prop. 5) ¢


sua propria natureza pertenceexistir (pela Prop. 7). De sua propria natu-
reza, pois, ha de existir ou finita ou infinita, Mas nao finita. Com efei-
to, (pela Def, 2) deveria ser delimitada por outra de mesma natureza, que
também deveria necessariamente existir (pela Prop. 7). Dar-se-iam entio
duas substancias de mesmoatributo, o que é absurdo (pela Prop. 5). Logo,
existe infinita. C.Q. D.
Escén1o 1
Comoser finito é deveras negagao parcial, ¢ ser infinito é a afirmagio
absoluca da existéncia de alguma natureza, logo, segue da s6 Prop. 7 que
toda substancia deveser infinita.
Esc6Lro 2
Nao duvido que, a todos que julgam confusamente as coisas ¢ nio se
acostumaram a conhecé-las por suas causas primciras, seja dificil conce-
ber a demonstragao da Prop. 7. Nao é de admirar,j4 que nao distinguem
entre modificagées das substancias ¢ as préprias substancias nem sabem
comoas coisas sio produzidas. Donde ocorre que imputem as substin-
cias 0 principio que veem ter as coisas naturais. Com efeito, os que ig-
noram as verdadeiras causas das coisas confundem tudo, ¢ sem nenhu-
ma repugnancia da mente forjam® falantes tanto arvores como homens,
¢ homensformadostanto a partir de pedras como de sémen, ¢ imaginam
quaisquer formas mudadas em quaisquer outras. Assim também,os que
confundem a natureza divina com a humanafacilmente atribuem a Deus
afetos humanos, sobretudo enquanto ignoram também comoosafetos
Parte l De Deus ss

sio produzidos na mente. Se, por outro lado, os homens prestassem aten-
gio 4 natureza da substincia, de jeito nenhum duvidariam da verdade da
Prop. ; € mais, esta Proposigao seria axioma para todos ¢ enumerada en-
tre as nogdes comuns. Pois por substincia entenderiam aquilo que é em
si¢ é concebido por si, isto é, aquilo cujo conhecimento nao precisa do
conhecimentode outracoisa. Por modificagées, porém, aquilo que é em
‘outro ¢ cujo conceito é formadoa partir do conceito da coisa em que sao.
Por isso podemos ter ideias verdadciras de modificagées nao existentes,
visto que, embora nio existam em ato fora do intelecto, todavia a essén-
cia delas é de tal modo compreendida em outro que podem porele ser
concebidas, 20 passo que a verdade das substancias fora do intelecto nao
est senao nelas préprias, 4 que sio concebidas porsi. Logo, se alguém
dissesse ter a ideia clara e distinta, isto ¢, a verdadcira ideia da substancia,
¢ nao obstante dissesse duvidarse porventura tal substancia existe, seria
‘0 mesmo, por Hércules !, se dissesse ter uma ideia verdadeira ¢ contu-
do duvidasse se acaso <nao> seria falsa (como € suficientemente mani-
festo a quem prestar atengao). Ouse alguém sustenta que a substancia é
criada, simultaneamente sustenta que se fez verdadeira uma ideia falsa,
certamente nao podeser concebido maior absurdo.Porisso € necessa
confessar que a existéncia da substancia, assim comosuaesséncia, € uma
verdade eterna. Dai podemosconcluir, dourra maneira, que nio é dada
sendo umatinica de mesmanatureza, 0 que aqui vale a pena mostrar. Mas
para que cu faga isto com ordem, cumpre observar que: I. a verdadei-
ra definigao de cada coisa nada envolve nem exprime exceto a natureza
da coisa definida. Disto segue II. que nenhumadefinigao envolve nem
exprime um certo niimero de individuos, visto que nada outro exprime
senao a natureza da coisa definida.P.ex.: a definigdo de triangulo nada
outro exprime sendo a simples natureza do triangulo, e no um certo
niimero de triangulos.III. E de notar que de cada coisa existente ¢ dada
necessariamente uma certa causa pela qual existe. IV. Enfim, é de notar
que esta causa, pela qual algumacoisa existe, ou deve estar contida na
prépria natureza ¢ definigao da coisa existente (nao é de admirar, jd que a
sua natureza pertence existir), ou deve ser dada fora dela.Isto posto, segue
que, se na natureza existe um certo niimerode individuos, deve necessaria-
menteser dada a causa por que existem aqueles individuos ¢ por que nao
ees

Parte l De Devs ad

mais nem menos. Se, p. ex., na natureza das coisas existem 20 homens (os
quais, « bem da clareca, suponbo que existem simultaneamente € que, saté4
entao, nao tinham existido outros na matureza), nio bastard (para darmo
razdo por que 20 homens existem) mostrar a causa da natureza humanaem
geral. Porém, sera necessirio ademais mostrar a causa por que nem mais
nem menos de 20 existem, visto que (pela Observagio III.) de cada um
deve necessariamente ser dada a causa por que existe. E esta causa (pe/as
Observagées U1.¢ III.) nao podeestar contida na propria natureza humana,
visto que a verdadeira definiggo de homem nioenvolve o niimero 20. E
porisso (pela Observagao IV.) a causa por que estes 20 homens existem, €
consequentementepor que cada um existe, deve necessariamente ser dada
fora de cada um.E, em vista disso, cumpre concluir absolutamente que
rudo de cuja natureza podem existir varios individuos deve ter necessaria-
mente uma causa externa para que existam. Agora, pois que 3 natureza da
substincia(pelojd mostrado neste Esc.) pertence existir, deve sua definigao
envolver existéncia necessiria ¢, consequentemente, de sua s6 definisao
deve ser concluida sua existéncia. Ora, da sua definigao (comojd mostra-
mos nas Observacées Il. ¢ III.) nao pode seguir a existéncia de varias subs-
tancias; logo, dela segue necessariamente queexiste apenas uma nica de
mesma natureza, como propunha-se.

Proposri¢gaAo IX
Quanto mais realidadeou ser cada coisa tem, tanto mais atri-
butos lhe competem.
DemonsTRAGAO
E patente pela Definigao 4.

Prorposi¢gAo X
Cada atributo de uma substancia deveser concebidopor si.
DEMONSTRAGAO
Com efeito, atributo é aquilo que o intelecto percebe da substancia
comoconstituindo a esséncia dela (pela Def. 4) ¢ por conseguinte (pela
Def. 3) deve ser concebidoporsi. C. Q. D.
Parte l De Deus 9

Escéuto
Disto transparece que, embora dois atributos sejam concebidosreal-
mente distintos, isto é, um sem a ajuda do outro, nao podemosdaf con-
cluir, porém, que cles constituem dois entes, ou seja, duas substincias
diversas. Com efeito, é da natureza da substancia que cada um de scus
atributos seja concebido por si, visto que todos os atributos que cla tem
sempre foram simultancamente nela, ¢ nenhum péde ser produzido por
outro, mas cada um exprimea realidade, ouseja, o ser da substancia. Logo,
esta longe de ser absurdoatribuir a uma substincia varios atributos; mais
ainda,nada € mais claro na natureza quanto dever cada ente conceber-se
sob algum atributo, e quanto mais realidade ouser tenha, tanto mais atri-
butos tem,os quais exprimem necessidade, ou seja, eternidade ¢ infinida-
de, e por consequéncia, nada também mais claro do que necessariamente
haver de se definir 0 ente absolutamenteinfinito (conforme demos na Def.
6) como ente que consiste em infinitos atributos, dos quais cada um
exprime umacerta esséncia eterna ¢ infinita. Agora, se alguém perguntar
a partir de quesinal poderemos reconhecer a diversidade das substancias,
leia as proposicéesseguintes, que mostram quenaoexiste na natureza das
coisas sendo umatnica substancia ¢ que cla ¢ absolutamenteinfinita, ra-
zio pela qualeste sinal ser4 procurado em vao.

Prorposi¢gdAo XI
Deus, ou seja, a substancia que consiste em infinitos atributos,
dos quais cada um exprime umaesséncia eterna e infinita, existe
necessariamente.
DEMONSTRAGAO
Se negas, concebe,se possivel, que Deus nao exista. Logo (pelo Ax. 7)
sua esséncia nao envolve existéncia. Ora, isto (pela Prop. 7) € absurdo.
Logo Deus existe necessariamente. C. Q. D.
Doutra Mancira
De toda coisa deve ser assinalada a causa ou razio tanto por que
existe, quanto por que nao existe. P. ex., se existe um tridngulo, deve
ser dada a razio ou causa por queexiste; se, por outro lado, nio existe,
Parte I Dre Deus s

deve ser dada também a razio ou causa que impede que exista, ou seja, que
inibe sua existéncia. Esta razao ou causa, na verdade, deve estar contida
ou na natureza da coisa ou fora dela. P. ex., a razao por que nao existe
um circulo quadrado, sua propria natureza indica; nao é de admirar, ja
que envolve contradi¢ao. Ao contrario, da sé natureza da substancia se-
gue também por que existe, a saber, ja que envolve existéncia (ver Prop.
7). A razao, porém, por que um circulo ou um triangulo cxistem ou por
que nao existem nao segue de sua natureza, mas da ordem da natureza
corpérea inteira; com efeito, disto deve seguir ou que o triangulo existe
agora necessariamente ou que é impossivel que exista agora. E essas coi-
sas sao por si manifestas. Dai segue existir necessariamente isso de que
nao é dada nenhuma razdo nem causa que impega que exista. E assim, se
nao pode ser dada nenhuma razao nem causa que impega que Deusexista,
ou que iniba sua existéncia, certamente cumpre concluir que ele existe
necessariamente. Mas setal razao ou causa fosse dada, deveria ser dada
ou na propria natureza de Deusou fora dela, isto é, em outra substancia
de outra natureza. Pois se fosse de mesma natureza, por isso mesmo seria
concedido que Deus é dado [existe]. Mas uma substancia que fosse de ou-
tra natureza, nada tendo em comum com Deus(pela Prop. z), por isso nao
poderia nem por nem tirar a existéncia dele. Portanto, como uma razao
ou causa que iniba a existéncia divina nao podeser dada fora da natureza
divina, dever4 necessariamente ser dada, conquanto [Deus] nao exista, na
sua prépria natureza, a qual por forga disso envolveria contradi¢ao. Ora,
afirmartal coisa do ente absolutamente infinito ¢ sumamenteperfeito é
absurdo; logo, nem em Deus nem fora de Deus é dada umacausa ou razao
que iniba sua existéncia e, por conseguinte, Deus existe necessariamente.
C.Q.D.
Doutra Maneira
Podernao existir? é impoténcia ¢, ao contrario, poder existir é potén-
cia (como é conhecido por si). E assim, se 0 que agora existe necessariamente
nao sao senao entesfinitos, entao osentes finitos sao mais potentes que
o Ente absolutamenteinfinito; ¢ isto (como é conhecidopor si) ¢ absurdo;
logo, ou nada existe, ou necessariamente o Ente absolutamente infinito
também existe. Ora, nés existimos, ou em nés ou em outro que existe ne-
cessariamente (ver Ax. 1 ¢ Prop. 7). Logo, o ente absolutamenteinfinito,
isto ¢ (pela Def. 6), Deus, existe necessariamente. C. Q. D.
Parte De Deus os

Escotio0
Nesta tiltima demonstragao, quis mostrar a existéncia de Deus 4 pos-
teriori para que a demonstragio fosse mais facilmente percebida, ¢ nio
porque deste mesmo fundamento a existéncia de Deus nio siga a priori.
Pois, como poderexistir é poténcia, segue que quanto mais realidade cabe
A natureza de alguma coisa, tanto mais forgas tem de para existir; por
isso o Ente absolutamente infinito, ouseja, Deus, tem de si poténcia de
existir absolutamente infinita, ¢ por causa disso ele existe absolutamente.
Todavia muitos talvez nao possam ver facilmente a evidéncia desta de-
monstragio, j4 que estao acostumados a contemplar somente as coisas que
fluem de causas externas; dentre clas, veem as que siofeitas rapido, isto é,
que existem facilmente ¢ também perecem facilmente; ao contrario, jul-
gam coisas mais dificeis deser feitas, isto é, nao tio faceis de existir, aque-
las as quais concebem pertencer muita cojsa. Na verdade, para liber4-los
destes prejuizos, nao me dou o trabalho de mostrar aqui por que razao 0
enunciadoo que ¢feito rdpido, rdpidoperece é verdadciro, nem também se,
com respeito a naturezainteira, tudo é ou naoigualmentefacil. Mas basta
notar apenas que nao falo aqui de coisas feitas por causas externas, mas s6
de substancias, que (pela Prop. 6) nao podem serproduzidas por nenhuma
causa externa. Com efeito, coisas feitas por causas externas, constem elas
de muitas ou poucas partes, o que quer que tenham deperfeigao, ou seja, _
realidade, deve-se totalmentea forga da causa externa,¢ porisso a existén-
“cia delas provém dasé perfeigao da causa externa ¢ nao da perfeigao delas.
Ao contrério, o que querque a substancia tenha deperfeicao nao se deve
a nenhumacausa externa;porisso, também desua sé natureza deve seguin
sua existéncia, a qual, por conseguinte, nao é nada mais quesua essénci:
perfeigao, portanto, Jo tira’? a existéncia da coisa, mas ao contrario
a poc; a imperfeigao,ao invés, tira-a, ¢ porisso no podemos estar mais
certosda existéncia de nenhumacoisa do que da existéncia do Ente abso-
lutamenteinfinito ouperfeito,isto é, de Deus. Pois, visto quesua esséncia
exclui toda imperfeigio ¢ envolve absoluta perfeigéo, por isto mesmo su-
primetoda causa de duvidarda sua existéncia, ¢ dela dé a sumacerteza, 0
que,creio, ser4 claro a quem prestar um poucode atengio.
Paxret De Deus 4s

PrRovposigdAo XII
Nao pode verdadeiramente ser concebido nenhumatributo da
substancia do qual siga que a substancia possa ser dividida.
DEMONSTRAGAO
Com efeito, as partes em que se dividiria a substancia, assim coneeb
da, ou conservariam a natureza de substancia, ou nao. Se posto o primeira
caso, entio (pela Prop. 8) cada parte deveria ser infinita ¢ (pela Prop. 6)
causa desi e (pela Prop. 5) deveria constar de um atributo diverso ¢, por
isso, a partir de uma substincia poderiam ser constituidas varias, 0 que
(pela Prop. 6) & absurdo. Acrescente-se que as partes (pela Prop. 2) nada
teriam em comum com seu todo,¢ 0 todo (pela Def. 4 ¢ Prop. 10) poderia
ser ¢ ser concebido sem suas partes, 0 que ninguém duvidara ser absur-
do. Agora, se posto 0 segundo, a saber, que as partes nao conservariam a
natureza de substancia; entio, quando a substancia inteira fosse dividida
em partesiguais, perderia a natureza de substancia ¢ cessaria de ser, 0 que
(pela Prop. 7) € absurdo.

PrRorosigAo XIII
A substancia absolutamenteinfinita ¢ indivistvel.
DEMONSTRAGAO
Comefeito,se fosse divisivel, as partes em quese dividiria, ou conser-
variam a natureza da substincia absolutamenteinfinita, ou nao. Se posto
© primeirocaso, entio scriam dadas varias substancias de mesma natureza,
o que (pela Prop. s) é absurdo. Se posto o segundo, entao (como acima) a
substancia absolutamenteinfinita poderiacessar deser, 0 que (pela Prop.
11) é também absurdo.
CoRoLARIO
Disto segue que nenhumasubstancia, ¢ consequentemente nenhuma
substancia corpérea, enquanto é substancia, é divisivel.
Esc6.rio
Quea substancia seja indivisivel € mais simplesmenteentendidoa par-
0 apenas: a natureza da substincia nao pode ser concebida senao
infinita, ¢ por parte da substancia nada outro pode ser entendido senao
Parte I De Deus a

substancia finita, o que (pela Prop. 8) implica contradigao manifesta.

PrRorposirgéo XIV
Além de Deus nenhuma substancia pode ser dada nem conce-
bida.
DEMONSTRAGAO
Como Deus é 0 ente absolutamente infinito do qual nenhum atribu-
to que exprime a esséncia da substancia pode ser negado (pela Def. 6), €
existe necessariamente (pela Prop. 11), se alguma substancia além de Deus
fosse dada, deveria ser explicada por algum atributo de Deus, ¢ assim duas
substancias de mesmo atributo existiriam, o que (pela Prop. 5) é absurdo.
Por isso nenhumasubstancia fora de Deus pode ser dada ¢, consequente-
mente, nem tampoucoser concebida. Pois se pudesse ser concebida, deve-
ria necessariamente ser concebida comoexistente, mas isto (pela primeira
parte desta Demonstragao) é absurdo. Logo, fora de Deus nenhumasubs-
tancia podeser dada, nem concebida.C. Q. D.
CororAdArRio I
Dai muito claramente segue: I° que Deus€ tinico,isto ¢ (pela Def. 6),
na natureza das coisas nao é dada senao uma substancia,e ela é absoluta-
mente infinita, comoja indicamos no Escélio da Proposigao 10.
CorordARrio II
Segue: II* que a coisa extensa ¢ a coisa pensante sao ou atributos de
Deus ou(pelo Ax. 1) afecgées dosatributos de Deus.

ProrposigAo XV
Tudo que é, é em Deus, e nada sem Deus pode ser nem ser
concebido.
DEMONSTRAGAO
Além de Deus nao é dada nem podeser concebida nenhumasubstan-
cia (pela Prop. 14), isto é (pela Def. 3), uma coisa que é em si ¢ € con-
cebida por si. Modos, por sua vez (pela Def. 5), nao podem ser nem ser
concebidos sem substancia; por isso s6 podem ser na natureza divina e
s6 por ela ser concebidos. Ora, nada é dado além de substancias e modos
Parte l De Deus. oi

(pelo Ax. 1). Logo, nada sem Deus pode ser nemser concebido. C. Q.
D.
scoLi08
Hi os que forjam Deus 4 parecenga do homem, constando de corpo
¢ mente, ¢ submetido as paixdes; mas quio longe estio do verdadciro
conhecimento de Deus,isto consta suficientemente do j4 demonstrado.
Mas deixo-os de lado, pois todos que de alguma maneira contemplaram
a natureza divina negam que Deus seja corpéreo. O que também provam
muito bem pelo fato de entendermosporcorpo uma quantidade qualquer
com comprimento, largura ¢ profundidade, delimitada por uma certa
figura; ¢ nada mais absurdo queisso pode ser dito de Deus, 0 ente ab-
solutamente infinito. Ao mesmo tempo, no entanto, com outras razbes
pelas quais se esforsam em demonstrat o mesmo, mostram claramente que
removem porinteiro da natureza divina a prépria substincia corpérea,
ouseja, extensa, ¢ sustentam que ela é criada por Deus. Ora, por qual po-
réncia divina poderia ter sido criada, ignoram por completo; 0 que mos-
tra claramentenao entenderem 0 que eles préprios dizem. Eu ao menos,
a meujuizo, demonstrei com suficiente clareza (ver (orol. da Prop. 6
&sc. 1 da Prop. 8) que nenhumasubstancia pode ser produzida ou criada
por outro. Ademais, mostramos na ‘Proposigao 14 que além de Deusne-
nhumasubstncia pode ser dada nem concebida; ¢ dai concluimos que a
substancia extensa ¢ umdosinfinitos atributos de Deus. Porém, para uma
explicagao mais completa, refutarei os argumentosdos adversirios, que se
reduzem todos ao seguinte. Primeiro, que a substincia corpérea, enquan-
ro substancia, consta de partes, pensam cles, ¢ por isso negam que possa
ser infinita ¢ que possa consequentemente pertencer a Deus; ¢ explicam-
-no com muitos exemplos, dentre os quais mencionarei um ou outro. Se a
substancia corpérea, acrescentam, ¢ infinita, que se conceba ser dividida
em duas partes; cada umadas partes sera ou finita ou infinita. Se finita,
entio o infinito sera composto de duas partes finitas, o que é absurdo.
Se infinita, entao dar-se-4 um infinito duas vezes maior que outro infi-
0, © que também é absurdo. Além disso, se uma quantidadeinfinita
for medida em partes iguais a um pé, devera constar de infinitas partes
comoessas, bem comose medida em partes iguais a uma polegada; ¢ com
isso um numeroinfinito serd doze vezes maior que outro ntimero infi-
nito. Enfim, que se concebam partir de um ponto em uma quantidade
aaa

Panre d De Devs

B._ infinita qualquer duas linhas, como AB


¢ AC, no inicio com umadistancia certa
& ¢ determinada¢ estendidas ao infinitos é
certo que a distancia entre Be C é aumen-
tada continuamente ¢, por fim, de decer-
c minada torna-se indeterminavel.
Portanto,visto que esses absurdos seguem, como pensam, de supor-se a
quantidadeinfinita, dai concluem quea substancia corpérea deve ser finita
€ que, consequentemente, nao pertence 4 esséncia de Deus. O segundo ar-
gumento também é romado A sumaperfeigio de Deus. Com efeito, dizem,
como Deus ¢ umente sumamenteperfeito, nio pode padecer; ora, a subs-
tancia corpérea, visto ser divisivel, pode padecer: logo, segue que cla nao
pertence & esséncia de Deus. Sao esses os argumentos que encontro entre
0s doutos, pelos quais se esforgam em mostrar que a substincia corpérea é
indigna da nacureza divina ¢ nao pode pertencer a ela. Mas na verdade, se
alguém atentar corretamente, constatard queja o respondi, visto que tais
argumentos fundam-se apenas nisto: supdem composta de partes a subs-
tancia corpérea, 0 que jd mostrei (Prop. 12 com o Corel. da Prop. 13) ser ab-
surdo, Ademais, se alguém quiser ponderar corretamente 0 assunto, verd
que todos aqueles absurdos (pois sao todos absurdos, 0 quejd nao dispute),
pelos quais querem concluir que a substan extensa finita, de maneira
alguma seguem de queseja suposta a quant jade infinita, mas de que su-
ponham a quantidadeinfinita mensuravel ¢ formada departesfinita: or
isso, a partir dos absurdos que dai seguem, nada outro podem concluir se-
naoque a quantidadeinfinita nao é mensuravel ¢ nao podeser formada de
partes finitas. E é isto mesmo que acima (Prop. 12 etc.) j4 demonstramos.
Porisso, 0 golpe que nos pretendemdesferir, na verdadeacerta a eles mes-
mos, Portanto, se apesar disso querem concluir a partir desse absurdo que
a substancia extensa deve ser fi ita, nada mais fazem, por Hércules, senao
como alguém que, de forjar um circulo que tenha as propriedades do qua-
drado, conclui que o circulo néo tem um centro a partir do qual todas as
linhas tragadas até a circunferéncia sejam iguais. Pois para concluir que ¢
finita a substincia corpérea, a qual nio podeser concebida senaoinfinita,
Parte l De Deus 73

senao Unica ¢ senio indivisivel (ver Prop. 8, 5 ¢ 12), eles a concebem for-
mada de partes finitas, multipla e divisivel. Assim também outros, apés
fingirem que a linha é composta de pontos, sabem inventar muitos argu-
mentospelos quais mostram que a linha nao pode ser dividida ao infinito.
E seguramente nao ¢ menos absurdo afirmar que a substancia corpérea é
composta de corpos, ou seja, de partes, do que afirmar que 0 corpo é com-
posto de superficies, as superficies, de linhas, as linhas, enfim, de pontos.
E isto devem confessar todos que sabem ser infalivel a razao clara, ¢ em
primciro lugar aqucles que negam quese dé o vacuo. Pois se a substan-
cia corpérea pudesse ser dividida de tal mancira que suas partes fossem
realmente distintas, por que entao uma parte nao poderia ser aniquilada,
permanecendoas demais, como antes, conectadasentre si? E por que to-
das devem ajustar-se de tal mancira que nao se dé o vacuo? Porcerto, das
coisas que sao realmente distintas entre si, uma pode ser sem a outra ¢
permanecer em seu estado. Portanto, como nao é dado o vacuo na natu-
reza (do quefalci alhures)", mas todas as partes devem concorrerde tal
mancira que naoseja dado 0 vacuo, dai segue também que clas nao podem
distinguir-se realmente, isto ¢, a substancia corpérea, enquanto é subs-
tancia, nao pode ser dividida. Se alguém, todavia, perguntar agora por
que somospor natureza propensosa dividir a quantidade, respondo-lhe
que a quantidade é por nés concebida de duas maneiras: abstratamente,
ou seja, superficialmente, conforme a imaginamos, ou comosubstancia, 0
quesé é feito pelo intelecto. E assim, se prestarmos atengao & quantidade
conformecla é na imaginagao, 0 que é feito amitide ¢ mais facilmente por
nés, sera encontradafinita, divisivel e formada de partes; ja se prestar-
mosatengao a ela conforme é no intelecto, ¢ a concebermos enquanto é
substancia, o que ¢ dificilimo fazer, entao sera encontradainfinita, inica
¢ indivisivel, como ja demonstramossuficientemente. O que serd assaz
manifesto a todos que saibam distinguir entre imaginacao e intelecto;
mormentese também for dada atengao a que a matéria é em todolugar a
mesmace quenela naose distinguem partes senao enquanto a concebemos
afetada de diversos modos, dondesuaspartes se distinguirem apenas mo-
dalmente, mas nao realmente. Por ex., concebemos que a 4gua, enquanto
Parte l Dr Devs

divide, ¢ suas parc


gua, sesubst es separam-se umas das oucras: mas nfo en-
quanto é incia corpérea, pois, como tal, nem se separa nemse divide.
Ademais, a 4gua, enquantoAgua, é gerada ¢ corrompida; mas, enquanto
substincia, nem é gerada nemcorrompida. E. com isso penso ter respon-
ido também ao segundo argumento, visto que este igualmente se fundaE
emser a matéria, enquanto substincia, divisivel ¢ formada de partes.
da natureza
ainda que naofosse assim, nao sei por que ela seria indigna
nenhuma
divina, visto que (pela Prop. 14) fora de Deus nao pode ser dada
substancia pela qual[essa narureza] padeca. Tudo, insisto, é em Deus.
tudo que é feito, somente é feito pelas leis infinitas da natureza de Deus
e segue da necessidade de sua csséncia (como ha pouco mostramo:ou que
ois
por nenhuma razio podemos dizer que Deus padega por outro
nha
substincia extensa seja indigna da natureza divina, ainda que se a supo
divisivel, contanto que se conceda que é eterna ¢ infinita, Mas sobre isso
por ora basta.

Prorposigdo XVI
Da necessidade da natureza divina devem seguir infinitas
coisas em infinitos modos (isto é, tudo que pode cair sob o inte-
Lecto infinito).
DEMONSTRAGAO
Esta proposigéo deve ser mani sta a qualquer um, conta0 nto que preste
ecto con-
atengio a que, da definigao dada de umacoisa qualquer, intel
clui varias propriedades, que realmente dela 0 é, da propria real esséncia
da coisa) seguem necessariamente, ¢ tantas mais quanto mais idade
a definigao da coisa exprime,isto é, quanto mais realidade a esséncia da
coisa definida envolve. Ora, como a natureza divina tem absolucamente
atributosinfinitos(pela Def 6), dos quais também cada um exprime uma
m
esséncia infinita em seu género, logo, da necessidade da mesma dever
seguir necessariamenteinfinitas coisas ¢m infinitos modos (isto é, tudo
que pode cair sob o intelectoinfinito). C. QD.
Corordrio I
m cair
Dafsegue que Deus é causa eficiente de todas as coisas que pode
sob 0 intclecto infinito.
Paure tl De Deus n”

Cororkanio Il
Segue: II° que Deus é causa porsi, ¢ naopor acidente.
Corordrio Ill
Segue: III® que Deusé absolutamente causa primeira.

ProposigaéAo XVII
|
Deus age somentepelas leis de sua natureza e por ninguém é
| coagido.
|| DEMONSTRAGAO
Dasé necessidade da natureza divina ou (0 que ¢ 0 mesmo) somente
| das Icis de sua natureza, mostramoshi pouco,na Prop. 16, seguirem abso-
lutamenteinfinitas coisas; ¢ na Prop. 15 demonstramosque nada podeser
. nemser concebido sem Deus, mastudo é em Deus;porisso fora dele nada
| podeser pelo que seja determinado ou coagidoa agir, ¢ portanto Deus
age somentepelas leis de sua natureza ¢ por ninguém é coagido. C. Q. D.
CororArio 1
Dondesegue: I* que nao é dada, excctoa perfei¢gao de sua propria natu-
reza, nenhumacausaque extrinseca ou intrinsecamenteincite Deusa agir.
Corordrio Il
Segue:II que s6 Deus € causa livre. Com efeito, sé Deus existe pela s6
necessidade de sua natureza (pela Prop. 11 ¢ Corol. 1 da Prop. 14) e age pela
sb necessidade de sua natureza(pela Prop. preced.). E porisso (pela Def. 7)
86 ele € causa livre. C.Q D.
EscéLio
Outrosjulgam Deussercausalivre porque, como pensam,pode fazerque
as coisas que dissemosseguir de sua natureza, quer dizer, que esto em seu
poder, naoocorram,isto é,nao sejam produzidasporele. Maséomesmo que
se dissessem que Deuspode fazer que da natureza do tringulo naosiga que
seustrésangulossaoiguaisadoisretos, ouseja,quedeumacausadadanaosiga
Parte l De Deus

o efeito, o que é absurdo. Ademais, mostrarei abaixo, sei m recorrer a esta


proposigao, que nio pertencem A natureza de Deus nem int electo nem
a vontade, Bemsei que ha muitos que julgam poder demonstrar que a
natureza de Deus pertencem 0 sumointelecto ¢ a vontade livre, pois di-
zem nada conhecer de mais perfeito que possam atribuir a Deus do que
aquilo que emnés é a sumaperfeigio. Ademais, embora concebam Deus
sumamente inteligente em ato, contudo nao creem que cle possa fazer
que existam todas as coisas que entende em ato, pois desta maneira jul-
gam destruir a poténcia de Deus. Se, dizem, tivesse criado todas as coisas
que estio em seu intelecto, entio nada mai poderia criar, o que creem
repugnar a onipoténcia de Deus, ¢ porisso preferiram sustentar que Deus
é indiferente a tudo ¢ nao cria outra coisa sendo 0 que decretou criar por
alguma vontade absoluta. De minhaparte, julgo ter mostrado assaz clara-
mente (ver Prop. 16) que da suma poténcia, ouseja, da infinita natureza
de Deus, fluiram necessariamente ou sempre seguem com a mesma ne-
cessidade infinitas coisas em infinitos modos, isto é, tudo, assim como da
natureza do triingulo, desde toda a eternidade ¢ pela eternidade, segue
que seus trés angulos igualam dois retos. Porisso a onipotén: de Deus
desde toda a eternidade tem sido em ato pela eternidade permaneceré
na mesma atualidade. E, sustentada desta mancira, a onipoténcia de Deus
é delonge, mais perfeita, pelo menos em meu juizo. Ao contririo, os
adversirios (que me seja dado falar abertamente) parecem negar a oni-
poténcia de Deus. Com efeito, sio coagidos a confessar que Deus enten-
de infinitas coisas criéveis que contudo nunca poder criar. Pois doutra
mancira, a saber, se Deuscriasse tudo que entende, exauriria, segundo
cles, sua onipoténcia ¢ tornar-se-ia imperfeito. Portanto, para que sus-
tentem Deusperfeito, sio coagidos simultaneamente a sustentar que ele
nio pode fazer tudo a que se estende sua poténcia, ¢ nio vejo 0 que se
possa forjar de mais absurdo ou mais repugnante a onipoténcia divina.
Além disso, para aqui dizer também algo acerca do intelecto ¢ da von-
tade que comumenteatribuimos a Deus: se intelecto ¢ vontade perten-
cem de fato 3 esséncia eterna de Deus, ha que se entenderpor estes dois
atributosoutra coisa que aquilo que os homens vulgarmente entendem.
Pois um intelecto ¢ uma vontade que constituissem a esséncia de Deus
a

Parte l De Deus a

deveriamdiferir, do céu a terra, de nosso intelecto ¢ de nossa vontade ¢,


nao doutra mancira
exceto em nome, emcoisa alguma poderiam convir,
que aquela em que convém cao, constelagao celeste, ¢ 0 C40, animal que
ladra. O que assim demonstrarei: se o intelecto pertence 2 natureza divi-
na, nao poderd, como o nosso, ser por natureza ou posterior (como quer
or a
a maioria) ou simultanco as coisas entendidas, visto que Deus ¢ anteri
todasas coisas por causalidade (pelo Corol. 1 da Prop. 16); mas, a0 contra-
nte
rio, a verdade ¢ a esséncia formal das coisas sio tais porque objetivame
existem assim no intelecto de Deus. Por isso 0 intelecto de Deus, enquan-
,
to é concebido constituir a esséncia de Deus, ¢ realmente causa das coisas
tanto da esséncia comoda existéncia delas, o que também parece ter sido
de
notado pelos que afirmaram que o intelecto, a vontade ¢ a poténcia
Deus sao um sé e o mesmo.E assim, uma vez que 0 intelecto de Deus
ia
éa tinica causa das coisas, a saber (como mostramos), tanto da essénc
tanto em
comoda existéncia delas, deve necessariamentediferir das coisas
razio da esséncia quanto em razao da existéncia. Pois o causado difere de
sua causa precisamente no que dela obtém. P. ex.: um homem € causa da
existéncia, mas naodaesséncia, de outro homem,poisesta ultima é verda-
de eterna, ¢ por isso podem convir intciramente segundoa esséncia, mas
devem diferir no existir; ¢ por conseguinte,se a existéncia de um perecer,
nem porisso a do outro perecerd; todavia, se a esséncia de um pudesse ser
destruida ¢ tornadafalsa, seria também destruida a esséncia do outro. Por
esta razao, a coisa que é causa da esséncia ¢ da existéncia de algum efeito
deve diferir de tal efeito tanto em razio da esséncia quanto em razao da
existéncia. Ora, o intelecto de Deusé causa da esséncia bem comoda exis-
téncia de nosso intelecto, logo o intelecto de Deus, enquanto é concebido
constituir a esséncia divina, difere de nosso intelecto tanto em razao da es-
séncia quanto em raz4o da existéncia ¢, exceto em nome, com ele nao pode
convir em coisa alguma, como queriamos. Acerca da vontade procede-se
da mesma mancira, como qualquer um podever facilmente.

ProrposigAo XVIII
Deus é causa imanente de todas as coisas, mas nado transitiva.
Parte l Dr Deus 83

DEMONSTRAGAO
Tudo que é, € em Deus e por Deus deve ser concebido (pela Prop. 15).
¢ por isso (pelo Corol. 1 da Prop. 16) Deus é causa das coisas que sao nele;
co que é 0 primeiro. Além disso, fora de Deus nao podeser dada nenhuma
substancia (pela Prop. 14), isto ¢ (pela Def. 3), uma coisa que seja. cm si fora
de Deus; 0 que era 0 segundo. Logo, Deus é a causa imanente de todas as
coisas, mas nao transitiva. C. QD.

Prorposigdio XIX
Deus, ou seja, todos os atributos de Deus sdo eternos.
DEMONSTRAGAO
Com efeiro, Deus (pela Def. 6) é a substancia que (pela Prop. 11) existe
Ou
necessariamente, isto é (pela Prop. 7), a cuja natureza pertence existir, isso
seja (0 que € 0 mesmo), de cuja definigéo segue que cle existe, ¢ por
ela Def, 8) ¢ eterno. Em seguida, por atributos de Deus cumpre entender
aquilo que(pela Def. 4) exprime a esséncia da substincia divina, isto ¢, 0
que pertence & substancia; ¢ isso mesmo que os préprios atriburos devem
envolver. Ora, natureza da substancia (comojd demonstrei pela Prop. 7)
-
tence a eternidade. Logo, cada um dosatributos deve envolver eterni
dade, ¢ assim todossao eternos. C. QD.
EscoéL10
ao clarissima esta proposigao também se patenteia pela mancira
como(Prop. 11) demonstrei a existéncia de Deus; a partir daquelacia,de-€
monstra¢io, consta que a existéncia de Deus, assim comosua essén
verdade eterna. Ademais, também doutra mancira (Prop. 19 dos Principios
de Descartes) demonstrei a eternidade de Deus ¢ nao me douao trabalho
de repeti-lo aqui.

Prorposigao XX
A existéncia de Deus e sua esséncia sao um sé € 0 mesmo.
DEMONSTRAGAO
Deus (pela Prop. preced.) ¢ todos os seus atributos sio cternos,
isto é (pela Def, 8), cada um de seus atributos exprime existéncia.
Logo, os mesmosatributos de Deus que (pela Def. 4) explicam a es-
séncia eterna de Deus explicam simultaneamente sua existéncia eter-
na, isto & aquilo mesmo que constitui a esséncia de Deus constitui
Panre l De Deus as

simultancamente sua existéncia, € por


um sé co mesmo. C. QD.
Corordrio l
Donde segue: Ie que a cxisténcia de Deus, assim comosua esséncia, é
verdade eterna.
Corordrto I
Segue: I° que Deus, ou scja, todos os atributos de Deus sio imutaveis.
Prop.
Pois, se mudassem cm razao da existéncia, deveriam também (pela
de
ced.) mudar em razio da esséncia, isto ¢ (como é conhecido porsi),
verdadeiros tornar-se falsos, 0 que é absurdo.

Prorposrigéio XXI
Tudo que segue da natureza absoluta de algum atributo de
Deus deve ter existido sempre e infinito, ou seja, pelo mesmo atri-
buto é eterno ¢ infinito.
DeEMONSTRAGAO

Concebe, se puderes (caso o negues), que em algum atriburo de Deus


ede sua natureza absoluta segue algo que seja finito ¢ tenha existéncia de-
terminada, ou seja, duragao dererminada; por exemplo,a ideia de Deus ,no¢
ensamento. Ora, 0 pensamento,visto supor-se que ¢ atributo de Deus
(pela Prop. 11) por sua natureza necessariamente infinito. Porém, enquan-
to tem aideia de Deus, supée-se que é finito. Ora (pela Def 2), nao pode
ser concebidofinito a menosqueseja delimitado pelo préprio pensamen-
to. Mas nao pelo proprio pensamento enquantoconstituia ideia de Deus,
pois neste caso sup6e-se serfinito; logo o pelo pensamento enquanto
itui a ideia de Deus, [pensamento] que contudo (pela Prop. 11)
a indo
aidcia de Deus, e por isso, enquanto é pensamentoabsoluto,de sua natu-
reza nao segue necessariamentea ideia de Deus (com efeito, é concebido
constituindo ¢ nao constituindoa ideia de Deus). O que € contra a hipé-
tese. Por conseguinte,se a ideia de Deus no pensamento,ouse algo (sera
‘0 mesmo, o que quer que se tome, visto que a demonstragaoé universal),
em algum atributo de Deus, segue da necessidade da natureza absoluta do
préprio atributo, deve necessariamente ser infinito; 0 que era o primciro.
Isto posto, o que assim segue da necessidade da nacureza de algum atri-
Paxre De Deus 87 |

da, ou seja, duragao determinada.


puro m4 jo pode ter existéncia determina uma coisa
foisse negas, suponha-se ser dada emalgum atriburo de Deus
ve vegue da necessidade da natureza deste atributo, por exemplo, a ideia
J Deus no pensamento, ¢ suponha-se nao ter ela alguma vez existido ou |
oe a nio existit. Como se supde que o pensamento é atriburo de Deus,
Jere existir necessariamente ¢ imutivel (pela Prop. 11 ¢ Corol. 2 da Prop.
5). Por isso, para além dos limites da duragio da ideia de Deus (ja que se
supée nao ter cla algumavezexistido ou vir a nao existir), o pensamento
deverd existir sem a ideia de Deus; ora, isto é contra a hipdtese, pois se
supée que do pensamento dado segue necessariamente a idcia de Deus.
Logo, a ideia de Deus no pensamento, ou algo que sign necessariamente |
da natureza absoluca de algum acriburo de Deus,nao pode ter duragio de- |
terminada, mas pelo mesmo atributo eterno; 0 que era 0 segundo . Nora
ques hi de afirmar o mesmo de qualquer coisa que, em algum atributo de | |
Deus, segue necessariamenteda natureza absoluta de Deus.

Prorposigdéo XXII
Tudo que segue de algum atributo de Deus, enquanto é mo- |
dificado por uma modificagao tal que, pelo mesmo [atributo}, |
existe necessariamente e infinita, deve tambémexistir necessari-
|
amente ¢ infinito.
DEMONSTRAGAO |
Ademonstragao desta Proposigao procede da mesma mancira que a da
demonstragio precedente,

ProrposigAo XXIII
Todo modo queexiste necessariamente ¢ ¢ infinito deveterse-
guido necessariamente ou da natureza absoluta de algumatri-
buto de Deus, ou de algum atributo modificado por uma modifi-
cagao queexiste necessariamente ¢ infinita.
DrMONSTRAGAO
Com efeito, 0 modo é em outro, pelo qual deveser concebido (pela
Def. 5), isto € (pela Prop. 15), & s6 em Deus € x6 por Deus pode ser
Paxrel De Devs id

ir necessariamente
concebido. Se 0 modo, portanto, é concebido existiame
ser infinito, ambos devem ser concluidos necessar nte, ou seja. per
xtbidos por algum atributo de Deus, enquanto 0 mesmo é concebidoex-
primir infinidade ¢ necessidade da existéncia, ou seja (o que pela Def. 8 é0
Presmo), erernidade,isto € (pela Def. 6 ¢ Prop. 19). enquanto€ considerado
absolutamente. Logo, o modoqueexiste necessariamente ¢ € infinito deve
ter seguido da natureza absoluta de algum atriburo de Deus: ¢ isto, ou
imediatamente(sobre o qué, a Prop. 21), ou mediante alguma modificagao
que segue de sua natureza absoluta,isto é (pela Prep. preced.), que existe
necessariamente ¢ infinita. C.Q. D.

ProrposigAéo XXIV
A esséncia das coisas produzidas por Deus nao envolve exis-
téncia.
DEMONSTRAGAO
£ patente pela Definicio L. Com efeito, aquilo cuja natureza (em si
considerada) envolve existéncia é causa desi ¢ existe pela sé necessidade
de sua natureza.
Cororario
Daf segue que Deus é causa nao apenas de que as coisas comecem a
existir, mas também de que perseverem noexistir, ou seja (para usar um
termo Escolistico), Deus é a causa doser das coisas. Pois, quer as coisas
existam, quer nio existam, todas as vezes que prestamos atengio a sua ¢s-
séncia, descobrimos que cla nao envolve nem existéncia nem duragao; por
isso a esséncia delas nao podeser causa nem de sua existéncia nem de sua
duracdo, mas apenas Deus, a cuja s6 natureza pertence existir (pelo Corol.
1da Prop. 14).

Prorposi¢gaéo XXV
Deus é causa eficiente ndo apenas da existéncia dascoisas,
mas também da esséncia.
DEMONSTRAGAO
Se negas, entéo Deus nao é causa da esséncia das coisas, por isso
(pelo Ax. 4) a esséncia das coisas podeser concebida sem Deus; ora, isto
——
Parte t De Drus ”

(pela Prop. 15) é absurdo. Logo, Deus é causa também da esséncia das coi-
sas. CQ. D.
Escéurti0}
Esta proposigao segue mais claramente da Proposigio 16. Com efcito,
desta segue que da natureza divina dada deve concluir-se necessariamente
tanto a esséncia quantoa existéncia das coisas; c, em uma palavra, no sen-
tido em que Deusé dito causade si, cumpre dizé-lo também causa de to-
das as coisas, o que ainda mais claramente constard do Corolario seguinte.
CoroLArio
Ascoisas particulares nada sao senao afecgées dos atributos de Deus,
ou seja, modos, pelos quais os atributos de Deus se exprimem de mancira
certa e determinada. A Demonstragio é patente pela Proposigao 15 ¢ De-
finigao 5.

ProrposigAéao XXVI
Umacoisa que ¢ determinadaa operar algo, assimfoi deter-
minada necessariamente por Deus; e aquela que nao é determi-
nada por Deus nao pode determinar-se a si propria a operar.
DEMONSTRAGAO
Aquilo pelo que as coisas sao ditas determinadas a operar algo é neces-
sariamente um positivo (como é conbecidoporsi). Por conseguinte, Deus,
pela necessidadede sua natureza, é causa eficiente tanto da esséncia quan-
to da existéncia disso (pelas Prop. 15 € 16); 0 que era o primeiro. Do que
também segue clarissimamente 0 que € proposto em segundo; pois, se a
coisa que nao é determinada por Deus puder determinar-se a si prépria,
a primeira parte desta proposigao sera falsa, o que é absurdo, como mos-
tramos.

Prorposig¢géo XXVII
Umacoisa que édeterminada por Deus a operar algo naopode
tornar-se a si prépria indeterminada.
DEMONSTRAGAO
Esta proposicao é patentepelo terceiro Axioma.
>
Parte l De Deus 93

Prorposi¢gAo XXVIII

Qualquer singular, ou seja, qualquercoisa que éfinita e tem


existéncia determinada, naopode existir nemser determinado a }
operar a nao ser que seja determinadoa existir e operar por outra
causa, que também sejafinita e tenha existéncia determinada, ¢
por sua vez esta causa também nao pode existir nem ser determi-
nada a operar a naoser que seja determinada a existir e operar
por outra que também sejafinita e tenha existéncia determina-
da, ¢ assim ao infinito.
DEMONSTRAGAO

Tudo que ¢ determinadoa existir ¢ operar, assim € determinado por


Deus (pela Prop. 26 ¢ Corol. da Prop. 24). Mas aquilo que é¢ finito ¢ tem
existéncia determinada nao péde ser produzido pela natureza absoluta
de algum atriburo de Deus, pois tudo que segue da natureza absoluca de
algum atributo de Deus é infinito ¢ eterno (pela Prop. 21). Logo, deve
ter seguido ou de Deus ou de algum atributo dele enquanto considerado
| a
afetado por algum modo; com efeito, além da substancia ¢ dos modos
nada é dado(pelo Ax. 1 ¢ Def. 3 ¢ 5); ¢ 0s modos(pelo Corol. da Prop. 25)
nada sao senio afecgées dos atributos de Deus. Ora, também nao péde
seguir de Deus ou de algum atributo dele enquanto afetado por uma mo-
dificagio que é cterna ¢ infinita (pela Prop. 22). Logo, deve ter seguido
ou sido determinadoa existir ¢ operar por Deus ou algum atributo dele
enquanto modificado por uma modificagao que ¢ finita ¢ tem existéncia
determinada; 0 que era o primciro. Ademais, por sua vez, esta causa, ou
seja, este modo (pela mesma razdo pela qual demonstramos, hd pouco, a
primeira parte desta), deve também ter sido determinada por outra, que
também é finita ¢ tem existéncia determinada, ¢ por sua vez esta dltima
(pela mesma razdo) o & por outra, ¢ assim sempre (pela mesma razdo) ao fi
infinito. C.Q. D.
Panre I De Deus 9s

Escé.Lio0
Comocertas coisas devem ter sido produzidas imediatamente por
Deus, a saber, as que seguem necessariamente de sua natureza absoluta ¢,
ser con-
medianteestas primeiras, outras, sem que todavia possam ser nem
cebidas sem Deus; dai segue, I*, que Deus é causa absolutamente proxima
das coisas produzidas imediatamente por cle, mas nao, como acrescentam,
em seu género; pois oscfcitos de Deus nao podem ser nem ser concebidos
sem sua causa (pela Prop. 13 e Corol. da Prop. 24). Segue, 11°, que Deus
nao pode propriamente ser dito causa remota dascoisas singulares, a nao
ser talvez para que distingamosestas claramente das que produz imedia-
por
ramente, ou melhor, das que seguem de sua natureza absoluta; pois
causa remota entendemos aquela que dejeito nenhum é ligada ao cfeito.
que sem
Ora, tudo o queé, € em Deus, ¢ de Deus dependede tal maneira
ele néo pode ser nem ser concebido.

Prorposigao XXIX
Na natureza das coisas nada é dado de contingente, mas tudo
é determinado pela necessidade da natureza divina a existir €
operar de maneira certa.
DEMONSTRAGAO
Tudo que é, é em Deus (pela Prop. 15), ¢ Deus nao pode ser dito coi-
contin-
sa contingente, porque (pela Prop. 11) existe necesséria ¢ nao
gentemente. Além disso, os modos da nacureza divina também seguem
en-
dela necessaria ¢ nao contingentemente (pela Prop. 16), ¢ isso quer
quanto a natureza divina é considerada absolutamente (pela Prop. 21),
quer enquanto é considerada determinadaa agir de maneira cerca (pela
Prop. 27)". Ademais, Deus nio apenas é causa desses modos enquan-
to simplesmente existem (pelo Coroldrio da Prop. 24), mas também
(pela Prop. 26) enquanto considerados determinados a operar algo.
Pois se nao forem (pela mesma Prop.) determinados por Deus, € im-
possivel, ¢ ndo contingente, que se determinem a si préprios; ao con-
trério (pela Prop. 27), se forem determinados por Deus, ¢ impossivel, ¢
nao contingente, que se tornem si préprios indeterminados. Porisso,
Ee———l_
Parte I De Deus 97

divina nao apenas a exis-


tudo é dererminadopela necessidade da natureza
tir, mas também a existir ¢ operar de maneira certa, ¢ nada é dado de con-
tingente. C. Q. D.
E:sc'6 L100
Antes de prosseguir, quero aqui explicar, ou melhor, advertir, o que
Natureza naturada.
nos cumpre entender por Natureza naturante ¢ por

Com efeito, pelo ja exposto, estimo estar estabelecido que por Natureza
naturante nos cumpreentender aquilo que é em si ¢ ¢ concebido por si,
ou seja, os atributos da substancia, que exprimem uma esséncia eterna ¢
en-
infinita, isto ¢ (pelo Corol. 1 da Prop. 14 ¢ Corol. 2 da Prop. 17), Deus
entretanto,
quanto considerado como causa livre. Por Natureza naturada,

entendo tudo aquilo que segue da necessidade da natureza de Deus, ou


seja, de cada um dosatributos de Deus,isto ¢, todos os modosdos atribu-
tos de Deus, enquanto considerados como coisas que sao em Deus, e que
sem Deus nao podem ser nem ser concebidas.

Proposigéo XXX
O intelecto, finito em ato ou infinito em ato, deve compreen-
der os atributos de Deus e as afecgées de Deus, e nada outro.
DEMONSTRAGAO
A ideia verdadeira deve convir com seu ideado(pelo Ax.6), isto é (como
é conhecido porsi), 0 que esté contido objetivamente no intelecto deve
necessariamente ser dado na Natureza; ora, na Natureza (pelo Corol. 1 da
Prop. 14) nao é dada senao umatnica substancia, Deus, ¢ nenhumas ou-
tras afecgdes (pela Prop. 15) senao as que so em Deus,as quais (pela mes-
ma Prop.) sem Deus nao podemser nem ser concebidas; logo,o intelecto,
finito em ato ou infinito em ato, deve compreender os atributos de Deus
eas afecgées de Deus, ¢ nadaoutro. C. Q. D.

Prorposigéo XXXI
O intelecto em ato, seja elefinito seja infinito, assim como a
vontade, o desejo, 0 amor, etc., devem ser referidos a Natureza
naturada e nao a naturante.
Parte l De Devs 99

DEMONSTRAGKO
Porintelecto, com efeito (como ¢ conhecide por si), nao entendemos
pensamento absoluto, mas apenas um certo modo de pensar, modo que
difere de outros, a saber, o desejo, o amor, etc., ¢ por isso (pela Def $) deve
ser concebido pelo pensamento absoluto, quer dizer, (pelt Prop. 15 ¢ Def.
6) por algum atribuco de Deus que exprimea esséncia eterna ¢ infinita do
pensamento, € deve ser concebido de tal sorte que sem esse atributo nio
possa ser nem ser concebido; ¢ por consequéncia (pelo Esc. diz Prop. 29)
deve ser referido 4 Narureza naturada ¢ nao & naturante, © mesmo ocor-
rendo com os outros modosde pensar. C. Q. D.
Escé.110
A razaoporque falo aqui de intelecto em ato nao € porque concedo ser
dado algum intelecto em poréncia, mas, por desejar evitar toda confusio,
nio quis falar senio da coisa que por nés é percebida mais claramente, a
saber, a propria intelecgao, nada sendo percebido por nés de mais claro
que ela. Com efeito, nada podemos entender que nio conduza ao conhe-
cimento mais perfeito da intelecgio.

ProrposrgAo XXXII
A vontade nao pode ser chamada causa livre, mas somente
necessaria.
DrEMONSTRAGAO
vontade é somente um certo mododepensar, assim comoo intelec-
to; € porisso (pela Prop. 28) cada voli¢ao nao pode existir nem ser deter-
minada a operar, a nio ser que seja determinadapor outra causa, ¢ essa por
suavez poroutra ¢ assim por diante ao infinito. E se a vontade for suposta
infinita, deve também ser determinadaa existir ¢ a operar por Deus, nio
enquanto é substincia absolutamente infinita, mas enquanto tem um atti
buto que exprimea esséncia eterna ¢ infinita do pensamento (pela Prop.
23). Por conseguinte, qualquer que seja a maneira pela qual[a vontade] é
concebida, seja finita seja infinita, requer uma causa pela qualseja deter-
minada a existir ¢ a operar; € por isso (pela Def. 7) nao pode serdita causa
livre, mas somente necessiria ou coagida. C. Q. D.
Panre l De Deus tor

Cororadnio |
Disso segue: Ique Deus nao opera pela liberdade da vontade.
Cornordrio It
Segue: II* que a vontade € o intelecto estio para a natureza de Deus
assim como © movimento ¢ 0 repouso ¢, absolutamente, todasas coisas
| nacurais, que (pela Prop. 29) devem ser determinadas por Deus a existir €
a operar de maneira certa. Pois a vontade, comotodo o resto, precisa de
a certa.
uma causa pela qual seja determinada a existir ¢ operar de maneir
E, embora de dada vontade ou" intelecto sigam infinitas coisas, nem por
isso Deus podeser dito agir pela liberdade da vontade mais do que, por
tas coisas,
haver coisas que seguem do movimento ¢ do repouso (infini
com efcito, seguem deles também), pode ser dito agir pela liberdade do- \
nature
movimento ¢ do repouso. Portanto a vontade nao pertence mais 3
como ©
zade Deus do queas ourras coisas naturais, mas esta para cla assim
movimento ¢ 0 repouso ¢ todas as outras coisas, que mostramos seguirem
da necessidade da natureza de Deus ¢ pela mesma serem determinadas a
existir ¢ a operar de maneira certa,

ProrpositgAo XXXIII
il!
As coisas nao puderamser produzidas por Deus de nenhbuma
outa mancira e em nenhuma outra ordem do que aquelas em
que foram produsidas.
DuMONSTRAGAO
Comefeito, rodas as coisas seguemnecessariamente(pela Prop. 16) da
r-
natureza de Deus dada ¢,pela necessidade da natureza de Deus, sao dete
minadas a existit ¢ operar de maneira certa (pela Prop. 29), Assim, se as
coisas pudessem ser de outra nacureza ou dererminadas a operar de ourra
maneira, de sorte que a ordem da natureza fosse outra, entio também a
natureza de Deus poderia ser outra doque agora é; ¢ portanto (pela Prep.
11) ela tambémdeveria existir ¢, consequentemente, dois ou mais deuses
poderiam ser dados, o que(pelo Corol. 1 da Prop. 14) éabsurdo.Porisso as
coisas nio puderam ser produzidas por Deus de nenhuma outra maneira ¢
em nenhumaoutra ordem, ete. C. Q. D.
Parte l De Deus 103

Escourto 1
Pois que mostrei mais claramente do que a luz do me que nas
coisas absolutamente nada é dado pelo que sejam ditas contingentes, que-
ro agora explicar em poucas palavras o que nos cumprira entender por
contingente; mas, primeiro, o que [entender] por necessdrio ¢ impossivel.
Umacoisa é dita necessaria ou em razaode sua esséncia ou em razao de sua
causa. Com efeito, a existéncia de umacoisa segue necessariamente ou de
sua propria essénciae defini¢gao, ou de uma dada causa eficiente. Ademais,
também poresses motivos umacoisa é dita impossivel. Nao é de admirar,
scja porque sua esséncia ou definigao envolve contradigao, seja porque nio
é dada nenhumacausa externa determinadaa produzir tal coisa. Ora, por
nenhum outro motivo umacoisa é dita contingente senao com relagio a
um defeito de nosso conhecimento. Com efeito, umacoisa cuja esséncia
ignoramos envolver contradigio, ou da qual sabemos bem que nao envol-
ve nenhumacontradigao ¢ de cuja existéncia, contudo, nao podemosafir-
mar nada de certo porque a ordem das causas nos escapa,tal coisa nunca
podeser vista por nés nem como necessiria, nem comoi possivel, © por
isso chamamo-la ou contingente ou possivel.
Escotuto II
Doque precede segue claramente que as coisas foram produzidas por
Deus com sumaperfeigao, visto que seguiram necessariamente da nature-
za perfeitissima dada.E isso nao imputaa Deus nenhumaimperfeigao; sua
propria perfeigao, com efcito, nos obriga a afirmarisso. E mais, a partir do
contririo disso seguiria claramente (como mostrei ha pouco) que Deus nao
ésumamente perfeito; o que nao é de admirar, porque,se as coisas tivessem
sido produzidas de outra maneira, caberia arribuir a Deus outra narureza,
diferente desta que somos obrigadosa atribuir-lhe pela consideragao do
Ente perfeitissimo. Contudo nao duvido que muitos rechacem violenta-
mente esta opiniao como absurda, ¢ que nao queiram dispor 0 animopara
sopesé-la; ¢ isso por nenhum outro motivo sendo porquese acostumaram
aatribuir a Deus outra liberdade, muito diversa daquela por nésapresen-
tada (Def 7), a saber, a vontadeabsolura, Porém nao duvido também que,
se quisessem meditara coisa € retamente ponderar consigo mesmos série
de nossas demonstragées, por fim rejeitariam plenamentetalliberdade
Partel De Dnus 105

seribyem a Deus, nio simplesmente como frivola, mas como0


se *£0""jaculo A cigncia. E nem & preciso dar-se ao trabalho de repetir
ar So no Escélio da Proposigio 17. Mas para agraa dar- Ihes mostrarci
QUE embor a se conceda a vontadepertencer esséncia de Deus,
sds de sua perfeigio que as coisas nio puderam ser criadas
ako SESE MENOS em nenhuma outra ordem; ©
por Dus s de nen hum a out ra man cir a nem
sess facil mostrar se primeiro considerarmos aquilo que eles mesmos
or
do sé decre to € vonta de de Deus depende que cada coisa seja
concede:
ogee Poi js, do contrério, Deus nio seria causa de todas as coisas.s Ade-
mais, [oon edem} que todos os decretos de Deus foram sancionado pelo
wra p Dea sde coda a erernidad: e,P do contririo, ; ser-Ihe-iam im-
sdeor
PFe jas imperfeigdo c inconstincia. Ora, como na eternidade nao se da
ecnde, ants, nem depot, segue disso, x saber, dasé perfeigio de Deus,
que Deus nto pode nunca decretar outramente, nem jamais 0 péde; ou
wa. Devsno foi antes de seus decretos, nem sem eles pode ser. Ora,
diskn que, até mesmo supondo que Deus tivesse feito outra natureza das
coisas 04 que desde rods eternidade tivesse decretado outramente sobre
a natureza ¢ sua ordem, disso naoteria seguido nenhuma imperfeigao em
Devs. Porém, seo dizem, concedem simultancamente que Deus pode mu-
dar seas decretos. Pois se Deus tivesse decretado sobre a natureza ¢ sua
osdem outramente do que decrerou, isto é, se tivesse querido € concebi-
dos nataseza outramente, teria necessariamente outro intelecto ¢ outra
vontade do que 08 que agora tem. E se ¢ licito atribuir a Deus outro in-
tclectn ¢ outra vontade, sem nenhuma mudangadesua esséncia e de sua
pefeigio, por que nto pode mudar agora seus decretos sobre as coisas
ctiadas € no eptanto permanccer igualmente perfeito? Com efeito, seu
inuclecto © vontade acerca dascoisas criadas ¢ da ordemdelas se mantém
ignais com respeito a sua esséncia ¢ perfeigio, como quer que se os conce-
ba. Ademais, codos 0s filésofos que vi concedem que nao se dé em Deus
nenhum intelecen em poténcia, mas somente em ato; porém, visto que 0
intclecto de Deus, bem comosua vontade,no se distinguem de sua essén-
*i8, 0 que também todos concedem, logo disso ainda segue que, se Deus
7
tide 9outro intelecto em ato ¢ outra vontade, também sua esséncia
tives e ‘esse tide
Nécessariamente se outra; por conseguinte (como desde o principio
UU
Parte l De Deus 107

conclui), se as coisas tivessem sido produzidas por Deus outramente do


que agora sao, o intelecto de Deus ¢ sua vontade, isto é (como é concedi-
do), sua esséncia deveria ser outra, o que é absurdo.
E assim, como as coisas nio puderam'* ser produzidas por Deus de
nenhumaoutra mancira ¢ ordem, ¢ segue da sumaperfeigao de Deus que
isso ¢ verdadeiro, certamente nenhuma si razao nos pode persuadir a crer
que Deus nao tenha queridocriar todas as coisas que estao em seu intelec-
to com aquela mesmaperfeicio com queas entende. Ora, 40 que nao
hd nas coisas nenhumaperfeigao nem imperfeic4o, mas que nelas aquilo
pelo que sao perfeitas ou imperfeitas, ¢ ditas boas ou més, depende ape-
nas da vontade de Deus; ¢ a tal ponto que, se Deustivesse querido, teria
podido efetuar que 0 que agora é perfeigao fosse sumaimperfeigao, ¢ vice-
-yersa. Porém 0 queseria isso senao afirmar abertamente que Deus, que
necessariamente entende 0 que quer, pode efetuar, por sua vontade, que
entenda ascoisas outramente do que as entende, o que (como mostrei ha
pouco) é um grande absurdo? Portanto posso devolver-lhes 0 argumen-
to da seguinte mancita. Tudo depende do poder de Deus. Assim, para
que as coisas pudessem portar-se dourra mancira, também a vontade de
Deus deveria necessariamente portar-se doutra maneira; ora, a vontade
de Deus nao pode portar-se doutra maneira (como ha pouco mostramos
evidentissimamente a partir da perfeigao de Deus). Logo, nem as coisas
podem portar-se doutra maneira. Confesso que esta opiniao que sujeita
tudo a uma vontadeindiferente de Deus ¢ sustenta que tudo depende do
seu beneplicito se afasta menosda verdade do que a daqueles que susten-
tam que Deus age em tudo em razdo do bem. Pois estes parecem colocar
fora de Deusalgo que de Deusnao depende, a que, ao operar, Deus presta
atengio como a um exemplar, ou a que visa comoum certo escopo. O que
seguramente naoé nada outro que subjugar Deusao destino, e nada mais
absurdo pode ser sustentado acerca de Deus, que mostramosser a primei
rae nica causa livre tanto da esséncia quanto da existéncia de todas as
coisas. Por isso nao hei de perder tempo a refutaresse absurdo.

Proposrgéo XXXIV
A poténcia de Deus é sua prépria esséncia.
Paxre l Dre Devs sop

DemMoNnsTRAGAO
Com efeito, da sé necessidade da esséncia de Deus segue que Deus €
causa de si (pela Prop.t1) ¢ (pela Prop. 16 ¢ seu Corol.) de todas as coisas.
Logo, a poténcia de Deus, pela qual cle proprio € todas as coisas sio €
agem, é sua propria esséncia. C. QD.

PrRorposigio XXXV
O que quer que concebamos estar no poder de Deus, necessa-
riamente é.
DEMONSTRAGAO
Comefeito, © que quer que esteja no poder de Deus deve (pela Prop.
preced.) estar compreendido em sua esséncia, de cal mancira que siga ne-
cessariamente dela, ¢ porisso necessariamente é.C. Q. D.

PRoOPosit1¢gao XXXVI
Nadaexiste de cuja natureza nao siga algumefeito.
DEMOoNSTRAGAO
O que quer que exista exprime de maneiracerta e determinada (pelo
Corol. da Prop. 2s) a natureza, ouseja, a esséncia de Deus, isto é (pela
Prop. 34). 0 que quer que exista exprime de mancira certa ¢ determinada a
poréncia de Deus, a qual é causa de todas as coisas, ¢ por conseguinte (pela
Prop. 16) disso deve seguir algum efeito. C. Q. D.
APENDICE
Com isto, expliquei a natureza de Deus ¢ suas propriedades, tais
como: queexiste necessariamente; que tinico; que é € age pela sé ne-
cessidade de sua natureza; que é causa livre de todasas coisas ¢ como o
& que tudo é em Deus ¢ depende dele de tal maneira que sem ele nada
pode ser nem ser concebido; ¢, finalmente, que tudo foi predetermina-
do por Deus, nio decerto pela liberdade da vontade, ou seja, por abso-
luco beneplacito, mas pela natureza absoluta de Deus, ouseja, por sua
poténcia infinita. Ademais, onde quer que houvesse ocasiio, cuidei de
remover preconceitos que poderiam impedir que minhas demonstra-
Ges fossem percebidas; mas comoainda restam nao poucos preconcei-
tos que também, ¢ até mesmo ao maximo, poderiam, e podem, impedir
que os homens possam abragar a concatenagio das coisas da mancira
comoa expliquei, fui levado a pensar que aq} alia a pena convocé-los
ann
Parte i De Deus

ao exame da razdo. De fato, todos os preconceitos que aqui me incumbo


de denuns iar dependemde um tinico, a saber, os homens¢ umente su-
poem que as coisas naturais agem, como cles préprios, emvista de umfim;
mais ainda, dio por assentado que o préprio Deus dirige todas as coisas
para algum fim certo: dizem, com efeito, que Deus fez tudo em vista do
homem,¢ o homem, porsua vez, para que o cultuasse. Esse tinico precon-
ceito, portanto, considerarei antes de tudo, buscando primeira a causa por
que a maioria Ihe di aquiescéncia ¢ por que todossio por natureza tio
propensosa abragi-lo. Em seguida, mostrarei sua falsidade ¢, enfim, como
dele se originam os preconccitos sobre bem ¢ mal, mérito ¢ pecado, lou-
vor ¢ vitupério, ordem¢ confuséo, beleza ¢feitra, e outros desse género. A
bem da verdade, no ¢ este o lugar para deduzir isso da natureza da mente
humana. Aqui, bastar4 que cu tome por fundamento aquilo que deve ser
admitido por todos,a saber, que todos os homens nascem ignorantes das
causas das coisas, ¢ que todos tém o apetite de buscar o que lhes € til
sendo cénscios disto. Dai segue, primeiro, que os homens opinam serem
livres porquanto sao cénsciosde suas voligées ¢ de seu apetite, ¢ nem por
sonho cogitam das causas que os dispdem a apetecer ¢ querer, pois delas
sio ignorantes, Segue, segundo, que em tudo os homens agem emvista de
um fim, qual seja, em vista do util que apetecem, donde sempre ansiarem
por saber somenteas causas finais dascoisas realizadas € sossegarem tio
logo as tenham ouvido; nao é de admirar,j4 que nao tém causa nenhuma
para duvidarulteriormente. Porém,se no conseguem ouv' las de outrem,
nadalhes resta sendo voltar-se para si ¢ refletir sobre os fins pelos quais
costumam ser determinados em casos semelhantes, ¢ assim, necessaria-
mente, julgam pelo seu o engenhoalheio. Ademais, como encontram em
sie fora de si nao poucos meios que em muito levam a conseguir o que
Ihes é til, como, por exemplo,olhospara ver, dentes para mastigar, er-
vas ¢ animais para alimento, sol para alumiar, mar para nutrir peixes, dai
sucede que considerem todas as coisas naturais como mcios para o que
Ihes é til. E como sabem que esses meios foram achados ¢ nio providos
por eles, tiveram causa para crer em algum outro ser que proveu aque-
les meios para uso deles. Com efeito, depois que con: leraram as coisas
—-
Paarel De Deus 3

come meios, ado puderam crer que se fizeram a si mesmas, mas a partir
Gos meios que costumam proverpara si priprios tiveram de coneluir que
i algum ou alguns dirigentes da natureza, dotadosde liberdade huma-
na, que cuidaram de cudopara eles ¢ tudo fizeram para seu uso. E vis-
co que nada jamais ouviram sobre o engenho destes, tiveram tambémde
jelgi-lo pelo seu ¢, por conseguinte, sustentaram que os Deuses dirigem
redo para o uso dos homens, a fim de que estes Ihes fiquem rendidos¢
hes criburem suma honra; donde sucedeu que cada um, conforme seu
engenho, excogitasse diversas maneiras de culruar Deuspara queeste Ihe
tivesse afci¢o acima dos demais ¢ dirigisse a natureza inteira para uso
de sea cego desejo ¢ de sua insaciavel evareza. E assim esse preconccito
virou supersticao, deitando profundas raizes nas mentes, o que foi causa
de que cada um se dedicasse com maximo esforgo a entender¢ explicar
as causa finais de todas coisas. Porém, enquanto buscavam mostrar que
a natureza nunca age em vio (isto ¢, que nao seja para uso do homem),
nada outro parecem haver mostrado senio que a natureza ¢ os Deuses, a0
igual que os homens,deliram. Vé, pego, a que ponto chegaram as coisas!
Em meio 2 tantas coisas cémodasda natureza, tiveram de deparar com
no poucas incémodas: tempestades, terremotos, doengas, etc., € susten-
taram ento queestas sobrevieram porque os Deuses ficaram irados com
as injarias a eles feitas pelos homens,ou seja, com os pecados cometidos
em seu culto. E embora a experiéncia todo dia protestasse ¢ mostrasse
com infinitos exemplos que o comodo ¢ o incémodo sobrevém igual ¢
indistintamente aos pios ¢ aos impios, nem porisso largaram o arraiga-
do preconceito: com efeito, foi-lhes mais facil por esses acontecimentos
entre as outras coisas incégnitas, cujo uso ignoravam, ¢ assim manter seu
estado presente ¢ inato de ignorancia, em vez de destruir toda essa estru-
tura ¢ excogitar ura nova. Donde terem dado por assentado que osjuizos
dos Deuses de longe ultrapassam a compreensio humana, o que, decer-
to,seria a causa tinica para que a verdade escapasse ao género humano
para sempre, nao fosse a Matematica, que nao se volta parafins, mas so-
mente para esséncias ¢ propriedadesde figuras, ter mostrado aos homens
outra norma da verdad ; ¢ além da Matematica, também outras causas
podem ser apontadas (que aqui é supérfluo enumerar), as quais puderam
fazer que os homens abrissem os olhos para esses preconccitos comuns
—-
Parte t De Deus ug

ese dirigissem 20 verdadeiro conhecimentodas coisas.


Comisso expliquei suficientemente 0 que prometiem primeiro lugar. }
Por outro lado, nao é preciso muito trabalho para que agora eu mostre
que 2 natureza ndo tem para si nenhum fim prefixado ¢ que todasas cau-
sas finais nao sao senao humanas ficgdes. Creio, com efeito, que isso ja
esti suficientemente estabelecido tanto pelos fundamentos ¢ causas de
onde mostrei que tal preconceito tirou sua origem, como pela Proposi-
cdo 16 ¢ pelos Corolérios da Proposigao 32 ¢, além descas, por todas aque-
las nas quais mostrei que tudo procede de uma necessidade eterna ¢ da
suma perfeigao da natureza. Naoobstante,ainda acrescentarci 0 seguinte:
essa doutrina da finalidade inverteinteiramente a natureza. Pois o que é
deveras causa, considera comoefeito, ¢ vice-versa. O que é primeiro por
natureza, faz posterior. E ao cabo, o que é supremoe perfeitissimo,tor-
na imperfeitissimo. Pois (omitidos os dois primeiros pontos, porque s40
manifestos porsi), como est4 estabelecido pelas Proposigées 21, 22 € 23, €
perfeitissimo aquele efeito que ¢ produzido imediatamente por Deus, ¢
quanto maisalgo precisa de muitas causas intermedidrias para ser produ-
zido, tanto mais é imperfeito. Ora, se as coisas imediatamenteproduzidas
por Deus tivessem sido feitas para que Deusperseguisse seu fim, entao
necessariamente as Ultimas, para as quais as primeiras teriam sido feitas,
seriam as mais excelentes de todas. Ademais, tal doutrina suprimea per-
feigao de Deus, pois se Deus age em vista de um fim, necessariamente
apetece algo de que carece. E ainda que Tedlogos ¢ Metafisicos distingam
| entre fim de indigéncia c fim de assimilagao, nao obstante admitem que
Deus fez {agiu"'] tudo em vistade si c ndo emvista das coisas a criar, por-
que, antes da criagao, nada podem assinalar, afora Deus, em vista do que
Deus agisse; por conseguinte,sio necessariamente coagidos a admitir que
Deus carecia daquelas [coisas] emvista das quais quis prover os meios,¢
as desejava, como é claro por si. Nem ha quesilenciar aquique os Seguido-
res dessa doutrina, que quiseram dar mostras de seu engenhoassinalando
fins para as coisas, a fim de prové-la tenham ineroduzido um nove modo
de argumentar, a saber, nao a redugio ao impossivel, mas a ignorincia,
© que mostra nao ter havido para essa doutrina nenhum outro meio de
argumentar. Com efeito, por exemplo,se uma pedra cair de um telhado
sobre a cabega de alguém ¢ o matar, demonstrario do seguinte modo que
4 pedra caiu para matar esse homem: de fato, se nio caiu com este fim ¢
UU
Paatel De Deus "7

pelo querer de Deus, como ¢ quetantas circunstincias (pois amidide mui-


cas concorrem simultaneamente) puderam concorrer por acaso? Respon-
deris talvez que isso ocorreu porque soprou um vento ¢ o homemfazia
sew caminho porali. Insistirio, porém: por que o vento soprou naquele
momento? por que o homem fazia o caminho por ali naquele mesmo mo-
mento? Se, ainda uma vez, responderes que o vento se levantou naocasiio
porque, na véspera, quando o tempo ainda estava calmo, © mar comegara
a agitar-se, ¢ porque o homem fora convidado por um amigo,insistirao
jnovamente, porquanto o perguntar nuncafinda: por que o mar se agitara?
por que o homem fora convidado naquela ocasiio? E assim, mais € mais,
nao cessarao de interrogar pelas causas das causas, até que te refugies na
vontade de Deus,isto ¢, no asilo da ignorancia. Assim também, ficam es-
cupefatos quando veem a estrutura do corpo humano e,porignorarem as
causas de tamanhaarte, concluem naoser ela fabricada por arte mecanica,
mas divina ou sobrenatural, ¢ constituida de tal maneira que uma parte
no lese outra. E disso decorre que quem indagaas verdadeiras causas dos
| milagres ¢ se empenha em entenderas coisas naturais como 0 douto, ¢ nio
em admir4-las como 0 estulto, ¢ em todaparte tido como herético ¢ impio
¢ [assim] proclamadopor aqueles que o vulgar adora comointérpretes da
natureza ¢ dos Deuses. Pois sabem que, suprimida a ignorancia, é suprimi-
do oestupor, isto é, 0 tinico meio que tém para argumentar ¢ manter sua
autoridade. Mas deixo isso ¢ passo a0 que decidi aqui tratar em terceiro
lugar.
Depois que os homensse persuadiram de que tudo que ocorre, ocor-
re em vista deles préprios, deveram julgar por principal em cada coi-
sa aquilo que Ihes é utilissimo, ¢ estimar excelentissimo tudo aquilo
pelo que cram afetados da melhor maneira. Donde terem devido for-
mar, para explicar as naturezas das coisas, estas nogées: Bem, Mal, Or-
dem, Confuséo, Quente, Frio, Beleza e Feitira; ¢ porque se reputam
vres, disso nasceram estas nogées: Louvor, Vitupério, Pecado ¢ Mérito.
Explicarei as ultimas mais a frente, depois que metiver ocupado da na-
tureza humana;as primeiras, porém, aqui brevemente. Defato, chama-
ram Bem a tudo que conduz a boa satide ¢ a0 culto de Deus, ¢ Mal, por
outro lado, a0 que é contrario a isso. E comoesses que nao entendem a
natureza dascoisas nada afirmam sobre elas, mas apenas as imaginam €
-—UlUU™
Panre t De Deus 119

an-
romam a imaginagao pelo intelecto, por isso creem firmemente, ignor
ces que sio da natureza das coisas ¢ da sua prépria, haver ordem nas coisas.
Pois quandoelas sio de tal mancira dispostas que, a0 nos serem represen-
tadas pelos sentidos, podemos facilmente imaginé-las e, por conseguinte,
facilmente recordé-las, dizemos que sio bem ordenadas; se 0 contrario,
dizemos que sao mal ordenadas, ou seja, confusas. E visto que as coisas
que podemos facilmente imaginar nos sio mais agradaveis que as outras,
porisso os homenspreferem a ordem 4 confusio, comose a ordem fos-
se algo na natureza para além da relagao com nossa imaginagao; ¢ dizem
que Deuscriouw tudo com ordem e¢, desta mancira, sem saber, atribuem
imaginagao a Deus; a naoser talvez que queiram que Deus, provendo 4
imaginagio humana,tenha disposto as coisas de tal maneira que os ho-
mens pudessem facilimamente imagin4-las; ¢ nao lhes sera empecilho que
se encontrem infinitas coisas que de longe superam nossa imaginagao, ¢
muitas que a confundem devidoa sua fraqueza. Mas sobre isso basta. Em
seguida, as nogées restantes também nada sio além de modos de imagi-
nar, pelos quais a imaginagao é afetada de diversas manciras, ¢ nao obs-
tante sao consideradaspelos ignorantes comoosprincipais atributos das
coisas porque, comojé dissemos, creem que todas as coisas sao feitas em
vista deles préprios ¢ dizem que a natureza de algo é boa ou ma, sa ou
podre ¢ corrompida, conforme sao afetados por ela. Por exemplo,se 0
movimento que os nerves recebem dosobjetosrepresentados pelos olhos
conduza boa satide, os objetospelos quais é causado sao ditos belos, ao
asso que os que provocam o movimento contririo, feios. Em seguida, aos
que movem o sentido pelas narinas, chamam cheirososou fétidos; pela
lingua, doces ou amargos, sapidosou insipidos, etc. Pelo tato, duros ou
moles, 4speros ou lisos, etc. E, por fim, os que movem os ouvidos sio di
tos produzir ruido, som ou harmonia, a qual enlouqueceu os homensa
ponto de crerem que também Deusnela se deleita. Nem faltaram Filé-
sofos que se persuadissem de que os movimentos celestes compdem uma
harmonia. Tudoisso mostra suficientemente que cada um julgou acerca
das coisas conformea disposicao do seu cérebro, ou melhor, tomou por
coisas as afecgées da imaginagao. Por isso nao é de admirar (notemo-lo
ainda de passagem) que tenham nascido entre os homenstodasas con-
trovérsias de que temos experiéncia, dentre as quais finalmente o Ceti-
cismo. Pois embora os corpos humanos convenham em muitas coisas,
Panre L De Duus ue

a ou-
discrepa™ contudo em varias, ¢ por isso 0 que a um parece bom,
fro parece Mau; O que a um parece ordenado,a outro, confuso: 0 que a
umé ageadivel, a outro, desagradivel; ¢ assim do restante, de que aqui
me abstenho,tanto porque nio é este o lugar de traté-lo minuciosamente
quanto porque todos jé 0 experimencaram. Com cfeito, est na boca de
rodos: cada cabega uma sentenga, cada qual abunda em opiniées, nio ha
menosdiferenga entre cérebros do que entre gostos: estas sentengas mos-
tram suficientemente que os homens julgam sobre as coisas conformea
disposigao do seu cérebro, ¢ que as imaginam mais do que as encendem.
Com efeito,se entendessem ascoisas, estas, se nao atraissem, no minimo
convenceriam, comoatesta a Matemitica,
E assim vemos que todas as nogées com que o vulgar costuma explicar
a natureza sio tio somente modos de imaginar, ¢ nio indicam a natu-
reza de coisa alguma, mas apenas a constituigao da imaginagao; ¢ por-
que tém nomes, comose fossem entes que existem fora da imaginasio,
chamo-os entes nao de razao, mas de imaginacao; dessa mancira podem
ser facilmenterepelidos todos os argumentoscontra nésdirigidos a partir
de semelhantes nogées. Com efeito, cis como costumam argumentar: se |
tudo segue da necessidade da naturezaperfeitissima de Deus, de onde sur-
gem tantas imperfeigdes na nacureza? a saber, a corrupgio das coisas até
0 fedor, a feitira que provoca nauseas, a confusio, o mal, 0 pecado,etc.?
Todavia, como disse ha pouco,sao facilmente refutados. Pois a perfeicao ' |
das coisas ¢ a estimar pela sé natureza € poténcia delas,¢ porisso as coisas
nao sao mais nem menosperfeitas em vista de deleitarem ou ofenderem o }
sentido dos homens, de contribuirem ou repugnarem 4 natureza humana. |
Aqueles, porém, que indagam porque Deus nao criou todos os homensde
tal maneira que fossem governados exclusivamente pelo comandoda ra-
z4o, nada outro respondosenao: porque naolhe faltou matéria para criar
tudo, desde o sumoaté o infimograu de perfeigao ou, mais propriamente
falando, porqueas leis da natureza foram tao amplas que bastaram para
produzir tudo que pode ser concebidopelo intelecto infinito, como de-
monstrei na Proposi¢ao 16.
Saoestes os preconceitos que aqui me encarreguei de destacar. Se ain-
da restam alguns da mesma farinha, cada um poderd emendé-los com um
Pouco de meditagio.
Fim da Primeira Parte.
>

E T I C A
Parte Segunda,
DA
Natureza e Origem da
M EN T E
Passo agora a explicar 0 que deve seguir necessariamente da
esséncia de Deus, ou seja, do Ente eternoe infinito. Decerto nao |
tudo, jd que na Prop. 16 da parte 1 demonstramos que dela se-
guem infinitas coisas em infinitos modos, mas apenas 0 que nos
pode levar, como que pela mao, ao conbecimento da mente hu-
mana e de sua sumafelicidade'’,

DEFINIGOES
I. Por corpo entendo 0 modoqueexprime, de maneira certa
¢determinada,a esséncia de Deus enquanto considerada como i
coisa extensa; ver Corol. da Prop. 25 da parte 1.
II. Digo pertencer a esséncia de umacoisa aquilo que,dado,
a coisa é necessariamenteposta ¢,tirado,a coisa ¢ necessaria-
mente suprimida; ou aquilo sem 0 que a coisa nao pode ser
nem ser concebida ¢, vice-versa, que sem a coisa nao podeser
nem ser concebido. |
IIL. Porideia entendo 0 conceito da mente, que a mente |
formaporser coisa pensante. }
ExPLicagao
Digo conceito, de preferéncia a percep¢ao, porque o nomepercepsio I
> Panre tt Da Mente 7

parece indicar que # mente padece 0 objeto. Ja conceito parece exprimir a agio
dan ate.
IV. Porideia adequada enctendoa ideia que, enquanto € con-
siderada em si, sem relagao ao objeto, tem todas as propricda-
des ou denominagoes intrinsecas da ideia verdadeira.
ExPpLricagio
Digo inerinsecas para excluir aquela que é extrinseca, a saber, a conveniéncia
daideia com seu ideado.
V. Duragio ¢ a continuagao indefinida do existir.
Exriircagio
Digo indefinida porque jamais pode ser determinada pela prépria natureza
da coisa existente, nem tampoucopela causaeficiente, que necessariamente poe a
existéncia da coisa, ¢ nao a

VI. Porrealidade ¢ perfeigao entendo o mesmo.


VII. Por coisas singulares entendo coisas que sao finitas ¢
tém existéncia determinada. Se varios individuos concorrem
para uma tinica a¢do de maneira que todos sejam simultanea-
mente causa de um tinico efeito, nesta medida considero-os
todos como umatinica coisa singular.
AXIOMAS
I. A esséncia do homem nfo envolve existéncia necessdria,
isto é, pela ordem da natureza tanto podeocorrer que este ou
aquele homem exista como naoexista.

IL © homem pensa.
IL. Modosde pensar como amor,desejo, ou quaisquer outros
que sejam designados pelo nomedeafeto do animo,nao se dio se no
ee Parte It Da Mente 2

nao se der a ideia da coisa amada, desejada,


mesmo in dividuo 5 z x
ere. Mas a ideia pode dar-se ainda que nao se dé nenhumoutro
modode pensar.
IV. Sentimos um corposer afetado de muitas manciras.
V, Nio sentimos nem percebemos nenhuma coisa singular
r.
além de corpos ¢ modosdepensa
Yer os Postuladosapés a Prop. 13.

Prorposi¢gAo I
O pensamento é atributo de Deus, ou seja, Deus é coisa pen-
sante.
GAO
DEMONSTRA
Os pensamentos singulares, ou seja, este ou aquele pensamento, sio
modos que exprimem a natureza de Deus de maneira certa ¢ determinada
(pelo Corol. da Prop. 25 da parte 1). Logo, compete a Deus (pela Def. 5
da parte 1) um atributo cujo conceito todos os pensamentossingulares
envolvem ¢ pelo qual rambém sio concebidos. Portanto, o Pensamento é
um dos infinitos atributos de Deus ¢ exprimea esséncia eternae infinita
de Deus(ver Def. 6 da parte 1), ou seja, Deus é coisa pensante. C. Q. D.
Esc6rio
Esta proposicao também é patente por podermos conceber um ente
pensante infinito. Pois quanto mais um ente pensante pode pensar,tanto
mais realidade, ou seja, perfeiga0, concebemo-lo conter; logo, 0 ente que
pode pensar infinitas coisas cm infinitos modos é necessariamenteinfi-
nito pela virtude de pensar. Assim, uma vez que, atendo-nos ao s6 pensa-
mento, concebemos um Enteinfinito, o Pensamento € necessariamente
(pelas Def. 4 ¢ 6 da parte 1) um dosinfinitos atributos de Deus, como
queriamos.

ProrposigAo II
A extensao ¢ atributo de Deus, ou seja, Deusé coisa extensa.
wa Parte Il Da MENTE Bt

DEMONSTRAGAO
Procede da mesma mancira que a demonstragioda Proposigao prece-
dente.

Proposi¢gAo III

Em Deus, ¢ dada necessariamente a ideia tanto de sua essén-


cia quanto de tudo que dela segue necessariamente.
DEMONSTRAGAO
Com efeito, Deus (pela Prop. 1 desta parte) pode pensar infinitas coisas
em infinitos modos, ou seja (0 que ¢ 0 mesmo, pela Prop. 16 da parte 1),
formar a ideia de sua esséncia e de tudo que dela segue necessariamente.
Ora, tudo que esté no poder de Deus, necessariamente (pela Prop. 35 da
parte 1); logo, tal ideia necessariamente ¢ dada ¢ (pela Prop. 15 da parte 1)
apenas em Deus. c.Q.D.
Escéurro
Por poténciade Deus o vulgar entendea livre vontade de Deus e seu di-
reito sobre tudo que é e que, em vista disso, écomumente considerado como
contingente. Com efeito, dizem que Deus tem o poderde tudo destruir
reduzir a nada. Ademais, amitide comparam a poténcia de Deus com a po-
téncia dosreis. Mas isso refutamos nos Corol. 1 ¢ 2 da Prop. 32 da parte 1¢
mostramos,na Prop.16 daparte 1, que Deus age com a mesmanecessidade
com queentendea si préprio,isto é, assim como segueda necessidade da
natureza divina (comotodossustentam a umasé voz) que Deus entende a
si préprio, também com a mesmanecessidade segue que Deusfaz infinitas
coisas em infinitos modos. Em seguida, mostramos, na Prop. 34 da parte
1, que a poténcia de Deus nao é nada além daesséncia atuosa de Deus; €
por isso nos é tao impossivel conceber que Deus nao age quanto conce-
ber que Deus nao é. Alids, se eu quisesse prosseguir, poderia aqui mostrar
que aquela poténcia que o vulgar imputa a Deus nao apenas é humana(0
que mostra que o vulgar concebe Deus como homemoua semelhanga de
um homem), mas também envolve impoténcia. Nao quero, porém,vol-
‘ar tantas vezes ao mesmo assunto. Apenas rogo insistentementeao leitor
>
Paxre Il Da ENTE m8

syesopese mais de uma vez o que foidito a esse respeito na parte


Atnrop. 16 até 0 fim, Pois ninguémpoderi perceber corretamente o que
aay aizer se nio tiver grande cuidado emnaoconfundir a poténcia de
Deus ‘com a humana poténcia dos Reis ou comseudircito.

ProrposrgaAo IV
A ideia de Deus, da qualsegueminfinitas coisas eminfinitos
modos, s6 pode ser tinica.
DEMONSTRAGAO
0 intelecto infinito nada compreende além dos atributos de Deus €
suas afeccdes (pela Prop. 30 da parte 1). Ora, Deus é tinico (pelo Corel. da
Prop. 4 da parte 1). Logo, a ideia de Deus, da qual seguem infinitas coisas
finitos modos, s6 podeser nica. C. QD.

ProrposigdéAo V
Oserformaldas ideias reconhece como causa Deus apenas en-
quanto considerado comocoisa pensante, e nado enquantoexpli-
cado por outro atributo. Isto é, as ideias, tanto dos atributos de
Deus quanto das coisas singulares, reconhecem como causa efici-
ente nédo os proprios ideados, ou seja, as coisas percebidas, mas o
proprio Deus enquantocoisa pensante.
DEMONSTRAGAO
E patente pela Prop. 3 desta parte. Com efeito, ali concluiamos
que Deus podeformara ideia de sua esséncia ¢ de tudo que dela segue
necessariamente, a partir somente de que Deus ¢ coisa pensante, ¢ nio
de que € objeto de sua ideia. Portanto o ser formal das ideias reconhece
como causa Deus enquanto coisa pensante. Mas isso é demonstrado
também doutra mancira: o ser formal das € modo de pensar (como
¢ conhecido porsi), isto & (pelo Corol. da Prop. 25 da parte 1), modo que
exprime de maneira certa a natureza de Deus enquantocoisa pensante,
© por isso (pela Prop. 10 da parte 1) nao envolve 0 conceito de nenhum
outro atriburo de Deus, ¢ consequentemente (pelo Ax. 4 da parte 1) nio
€efeito de nenhum outro atriburo senio o pensamento;por isso o ser
panre Ut DA Menre 45

as ideias reconh ece como causa Deus apenas enquanto considera-


formal nsanteetc. C.Q. D.
mo coisa Pe!
go co

ProrposigAo VI

Os modos de qualquer atributo tém como causa Deus enquan-


k0 considerado apenas sob aquele atributo de que sao modos, e
outro.
ig enquanto considerado sob algum
DEMONSTRAGAO
Com efeito, cada atributo ¢ coneebido por si, sem outro(pela Prop. 10
ds parte 1). Portanto os modos de cada atriburo envolvem o conceito de
parte 1) tem como
eu atriburo, ¢ nao o de outro; porisso (pelo Ax. 4 da que so
causa Deus enquanto considerado apenas sob aquele atributo de
wrodos, e ndo enquanto considerado sob algum outro. C. QD.
CoRroLdrio
Dondesegue que o ser formal das coisas que nao sio modos de pensar
nio segue da natureza divina por esta ter conhecido antes as coisas; 20
fontririo, as coisas ideadas seguem ¢ se concluem de seus atributos da
mesma maneira ¢ com a mesma necessidade com que mostramos que as
ideias seguem do atributo Pensamento,

ProrposigdAo VII
A ordem e conexéo das ideias ¢ a mesma que a ordem e cone-
xdo das coisas.
DEMONSTRAGAO
E patente pelo Ax. 4 da parte 1. Pois a ideia de qualquer causado de-
pende do conhecimento da causa de que ele é efeito.
CoRrordRio
Donde segue que a poréncia de pensar de Deus ¢ igual a sua poréncia
atual de agir. Isto é, o que quer que siga formalmenteda natureza infinita
de Deus segue objetivamente em Deus da ideia de Deus, com a mesma
ordem ¢ a mesma conexio.
i Da Menre “7

EscoLtto
Aqui, antes de prosseguir, cumpre-nos trazer A meméria 0 que mos-
eeamos acima: 0 que quer que possa ser percebido pelo intelecto infinito
como constituindoa esséncia da substincia pertence apenas 4 substancia
finica e, por conseguinte, a substincia pensante ¢ a substincia extensa si0
ima s6 ea mesma substincia, compreendida ora sob este, ora sob aquele
‘eributo. Assim tambémum modo da extensio e a ideia dese modo sio
yma $6 ¢ a mesma coisa, expressa todavia de duas maneiras; 0 que parecem
rer visto certos Hebreus, como que porentre a névoa,a0 sustentarem que
Deus, o intelecto de Deus ¢ as coisas porele entendidassio um sé ¢ 0
mesmo. Por exemplo, um circulo existente na naturezaea ideia do circulo
existente, que também esti em Deus, sio umasé ¢ a mesmacoisa, que ¢
cexplicada por atributos diversos; ¢ portanto, quer concebamosa natureza
sob 0 atributo Extensio, quer sob 0 atributo Pensamento, quer sob ou-
tro qualquer, encontraremos umasé € a mesma ordem, ou seja, uma sd
a mesma conexiode causas, isto é, as mesmas coisas seguirem umas das
outras. E porisso, quando eu disse que Deus é causa de umaideia, da de
circulo por exemplo,apenas enquanto é coisa pensante, ¢ do circulo ape-
nas enquantoé coisa extensa, nofoi sendo porque o ser formal da ideia
de circulo sé pode ser percebido por outro modo depensar, como causa
préxima, ¢ este, por sua vez, poroutro,¢ assim ao infinito, de tal maneira
que, enquantoas coisas sio consideradas como modos de pensar, deve-
mos explicar a ordem da natureza inteira, ou seja, a conexio das causas,
pelo sé atriburo Pensamento, € enquantosio consideradas como modos
da Extensio, também a ordem da natureza inteira deveser explicada pelo
s6 atributo Extensio; ¢ entendo o mesmoquantoaosoutrosatributos. Por
isso Deus, enquanto con: ¢ em infinitos atributos, ¢ verdadeiramente
causa das coisas como sio em € por ora nao posso explicar isso mais
claramente.

ProrposigdAo VIII
Asideias das coisas singulares ou modos nao existentes devem
estar compreendidas na ideia infinita de Deus tal comoas essén-
ias formais das coisas singulares ou modos estado contidas nos
atributos de Deus.
Parte Il Da Mente 139

DrMONSTRAGAO
sea proposicio é patente pela anterior, mas é entendida mais clara-
snente pelo Escélio anterior.
Cororknio
Dai segue que, na medida em que as coisas singulares nao existem senao
enquanco compreendidas nos atriburos de Deus, seu ser objetivo, ou seja
Deus existe; ¢
suas ideias, N20 existem sendo enquanto a ideia infinita de
quando se diz que as coisas singulares existem nao apenas enquanto com-
veendidas nos atributos de Deus, mas também enquanto sio ditas durar,
fas ideias também envolvem existéncia, pela qual se diz. que duram.
Escé110
Se alguém precisasse de um exemplo para mais ampla explicacao do
sssunto, nenhum porcerto eu poderia dar que explicasse adequadamente
aquilo de que falo, dado que € nico; esforgar-me-ei, porém, para escla-
recé-lo tanto quanto puder, Sabe-se que o circulo é de natureza tal que os
retangulos tragados a partir dos segmentos de todas as linhas retas secan-
tes no mesmo pontosao iguais entre si; por isso estao contidos nocirculo
infinicos retingulos iguais entre si; porém nenhum deles podeser dito
existir sendo enquanto o circulo existe, nem também ideia de algum des-
tes retangulos pode ser dita existir sendo enquanto compreendida na ideia
do circulo. Dentre aqueles infinitos retangulos,
conceba-se agora existirem apenas dois, a sa-
ber, Ee D.Por certo também suas ideias agora
no apenas existem enquanto compreendidas
somente naideia do circulo, mas também en-
quantoenvolvem a existéncia destes retangulos,
SF 0 que faz quese distingam das outras ideias de
outros retingulos.

Proposr¢gAéo IX
A ideia de uma coisa singular existente em ato tem comocausa
Deus néo enquanto é infinito, mas enquanto considerado afeta-
Parte tl Da Mente un

lo por outra idciadecoisa singular existente emato, cuja causa


C “ 7
rambem& Deus enquanto a) fetado por umaterceira, ¢ assim ao
infinito.
DEMONSTRAGAO
A ideia de uma coisa singular existente em ato é um modode pensar
singular, distinto dos outros (pelo Corol. e Esc. da Prop. 8 desta parte), €
(pela Prop. 6 desta parte) tem comocausa Deus enquanto € apenas
toisa pensante. Nao (pela Prop. 28 da parte 1) enquanto é coisa absoluta-
srente pensante, mas enquanto considerado afetado por outro modo de
pensar, do qual Deus também é causa enquanto é afetado por outro, €
Prim aoinfinito, Ora, a ordeme conexio das ideias (pela Prop. 7 desta
parte) éa mesma que a ordem ¢ conexio das causas: logo, a causa da ideia
fe umacoisa singular € outra ideia, ou seja, Deus enquanto considerado
gfetado por outra ideia, e desta também, enquanto ¢ afetadopor outra, €
assim aoinfinito. 2. QD.
Cororkrio
© que quer que acontega no objeto singular de uma ideia qualquer,
disso€ dado 0 conhecimento em Deus apenas enquantotem a ideia desse
objeto.
DrEMONSTRAGAO
O que quer que acontega noobjeto de umaideia qualquer, disso é dada
aideia cm Deus (pela Prop. 3 desta parte) nio enquanto ¢ infinito, mas
enquantoconsiderado afetado por outra ideia de uma coisa singular (pela
Prop. preced.), mas (pela Prop. 7 desta parte) a orem e conexiodasideias
éamesma que a ordem¢ conexao das coisas; logo, o conhecimento do que
acontece em algum objeto singular estaré em Deus apenas enquanto rem
aideia desse objeto. C. Q. D.

Proposi¢gaéo X
A esséncia do homem néopertence o ser da substancia, ou seja,
4 substancia nao constitui aforma do homem.
DEMONSTRAGAO
Com feito, o ser da substancia envolve existéncia necess4-
tia (pela Prop. 7 da parte 1). Portanto, se A esséncia do homem
Pertencesse o ser da substancia,
entio, dada a substancia, se-
"ia dado necessariamente 0 homem (pela Def; 2 desta parte) e. por
Parte It Da MENTE 43 ‘N
saince,t, 0 home m existiria necessariamente, 0 que (pelo Ax. 1 desta
co0seBpurdo.Lo ge, ete. C: QD.
me Escéuro
-oposigio também é demonstrada pela Prop. 5 da partena saber,
Ess POP das duas substincias de mesma narureza. E como podem
é 0 ser
so eeeoos homens, logo © que constitui a forma do homem nao
» cia. Além disso, esta proposigio é patente pelas outras proprie-
aes“fe subseancia, a saber, que a substincia é, por sua natureza, infiniea,
#6va indivisivel ete, como cada um pode ver facilmente.
CoRroLrkRio
ai segue que # esséncia do homem ¢ constituida por modificagbes
eras dos atribatosde Deus. O
DEMONSTRAGA
ho-
ser da substincia (pela Prop. preced.) nao pertence i esséncia do¢ que
mem. Esta, portanto (pela Prop. 15 daparte 1), €algo que éem Deus
we, Deus nio pode ser nem ser concebido, ou seja (pelo Carol. da Prop.
de parte 1), ma 2fecGo, ou seja, um modo que exprime a nacureza de
Deosde mancira certa e determinada.
Esc6110
“Todos, por certo, devem conceder que sem Deus nada pode ser nem
sss concebido. Pois todosreconhecem que Deus é a causa tinica de todas
2s coisas, tanto da esséncia quanto da existéncia delas, isto ¢, Deus nio
apenas é causa das coisas segundo 0 vir-a-ser, como dizem, mas também
segundo 0 ser. Ora,a0 mesmo tempo,a maioria dos homens diz pertencer
4 esséncia de umacoisa aquilo sem o que a coisa néo pode ser nem ser
concebida; € porisso creem ou quea natureza de Deus pertence & essén-
cia das coisas criadas, ou queas coisas criadas podem,sem Deus, ser ou
ser concebidas, ou, 0 que mais certo, nio so minimamente coerentes
consigo prdprios. A causa disso creio ter sido que nao se ativeram a or-
dem do Filosofar. Pois a natureza divina, que deviam contemplar antes
de tudo, jé que é anterior tanto por conhecimento quanto por natureza,
screditaram ser a dltima na ordem do conhecimento, ¢ as coisas chama-
as objetos dos sentidos, as primeiras de todas; donde ocorreu que, en-
‘quanto contemplavam as coisas naturais, em nada tenham pensado me-
‘nos do que na natureza divina, ¢ quando depois dirigiram 0 Animopara a
parte tl DA Mente us

za divi a, em nada puderampensar menos doque


agio 4 2 nacu re
ficgde: s sobre as qus hav im construide © conheci-
conte
su
imeitas
NATUEAIS: da do q u e aquelas emnada podiam ajudar para
o pisas ivina; € por isso naoé de admirar que a cada
Se da natureza
met900recent
ioemeaido emconttadigio. Masquedeixo isso de lado. Pois mew
ccna apenas dar 0 motivopor eu nao disse que pertence &
csa a coisa aquilo sem o que a coisa nfo pode ser neiser con-
soencia de UE“jmirar,jé que, sem Deus, as coisas singulares nao podem
c o n c e l idas, e contudo Deus nao pertence a esséncia delas; mas
r e
secvconstitu necessariamente a esséncia de uma coisa aquilo que,
cad ‘a coisa € Posts &> tirado, a coisa suprimida; ou aquilo sem o que
dani pode ser nem Ser concebida e, vice-versa, que sem a coisa nao
ide ser nem ser Con

Proposi¢gAo XI
te humana
O que primeiramente constitui o ser atual da Men
ro que a ide ia de uma cois a sin gul ar existente em ato.
énada out
DEMONSTRAGAO
Acsstncia do homem (pelo Corol. da Prop.(pel preced.) & constituida por
cert os dos atr ibu ros de Deu s; a sab er o Ax. > desta parte), por
smodos (pelo Ax. 5 desta parte) a ideia é
modesde pensar, dentre todos os quais mod os(aos quais a ideia é ante-
anterior por natureza €, dada, os outros
tiot por natureza) devem ser dados no mesmoient ndividuo (pelo Ax. 3 desta
parte). Ora, porissoa ideia é 0 que primeiram exis e constitui o ser da Men-
ao (pelo
pe humana, Mas nio a ideia de uma coisa nao tente, pois ent
a ser dita existir;
Corol. da Prop. 8 desta parte) a propria ideia nao poderi oisa
logo, sera a ideia de uma coisa existente em ato. Mas nao de umac
da parte 1) deve sempre
finita, pois uma coisa infinita (pelas Prop. 21 ¢ 22 o,
necessariamente existir. Ora, isso (pelo Ax. 1 desta parte) & absurdo; log
0 que primeiramente constitui o ser atual da Mente humana é a ideia de
uma coisasingular existente em ato. C. Q. D.
CoROLARIO
pedi segue que a Mente humana é parte do intelecto infinito de
Deus € portanto, quando dizemos que Mente humana percebe isto
2aguilo, nada outro dizemos sendo que Deus, néo enquanto é infi-
. mas enquanto é explicado pela natureza da Mente humana, ou
Panre dl Da Menre 7

enquanto ai a esséncia da Mente humana, tem esta ouaquela


ndo apenas
vd jas € {juando dizemos que Deus temesta ou aquela ideia
e humana, mas enquanto, em
re
enquanto constitui a natureza da Ment
oles neo com a Mente
humana, tem tambéma ideia de outra coisa, entio.
e m o s u e # Mente percebe a coisa parcialmente, ou seja, inadequada-
diz q
mente
rio
Esco

Aqui. sem diivida, os Leitores estario oe;starrecidos ¢ hes passard pela


cabeca muita coisa que sirva de empecilh eis por que rogo que prossi
am comigo em passos lentos, ¢ que nio julguem isso até que tenham lido
tudo do comego a0 fim.

Prorosi¢gdo XII
O que quer que acontega no objeto da ideia que constitui a
Mente humanadeve ser percebido pela Mente humana, ouseja,
dessa coisa serd dada necessariamente na Mentea ideia;isto é, se
0 objeto da ideia que constitui a Mente humanafor corpo, nada
poderd acontecer nesse corpo que nao seja percebido pela Mente.
DeEMONSTRAGAO
Com efeito, o que quer que acontega no objeto de uma ideia qualquer,
dessa coisa é dado necessariamente o conhecimento em Deus (pelo Coral.
da Prop. 9 destaparte) enquanto consideradoafetadopela ideia do objeto,
isto € (pela Prop. 11 desta parte), enquanto constitui a mente de alguma
coisa. Entio, o que quer que acontega no objeto da ideia que constitui a
Mente humana, disso é dado necessariamente 0 conhecimento em Deus
enquanto constitui a natureza da Mente humana,isto é (pelo Corol. da
Prop. 11 desta parte), 0 conhecimento dessa coisa estar necessariamente
‘na Mente,ouseja, a Mente o percebe. C. Q. D.

Esta proposigéo € também patente ¢ m: claramente entendida pelo


Esc, a Prop. 7 desta parte.
Parte Il DA Mente 149

ProprposigAo XIII
O objeto da ideia que constitui
7 a Mente
° humana é0 Corpo, ou
ja, umn mo! do certo da Extensdo, existente em ato, e nada outro.
DEMONSTRA GAO
, eias
Com efeito, se 0 Corpo nao fosse 0 objeto da Mente humana as id
afeeses do Corpo nio scriam em Deus (pelo Corol. da Prep. 9 desta
oe ) enquanco constituisse a nossa Mente, mas enquanto constituisse
ae ode wma outra coisa, isto & (pelo Corel. da Prop. 11 desta parte),
tetas das afeccées do Corpo néo seriam em nossa Mente. Ora (pelo
“Asioma 4 desta parte), temos as ideias das afecgdes do corpo; portanto, 0
objeto da ideia que constitui a Mente humana ¢ 0 Corpo, ¢ este (pela Prop.
vr esta parte) & existence em ato. Ademais, se além do Corpo houvesse
tumbém um outro objero da Mente, visto que nio existe nada (pela Prop.
36 da parte 1) de que nio siga algum feito, entio em nossa mente deve-
ria dar-se necessariamente (pela Prop. 12 desta parte) uma ideia de algum
‘feito dele. Ora (pelo Axioma 5 desta parte), nenhuma ideia dele & dada.
Logo, 0 objeto da nossa Mente é 0 Corpo existente, ¢ nada outro. C. QD.
CoRrordkrio
Dai segue que o homemconsta de Mente ¢ Corpo, ¢ que 0 Corpo hu-
manoexiste tal como o sentimos.
Escéuto
Disso nao somente entendemos que a Mente humana é unida ao
Corpo, mas também o que se hi de entender por uniio da Mente ¢ do
Corpo. Na verdade, ninguém a poderd entender adequadamente, ou
seja, distintamente, se primeiro nio conhecer a natureza do nosso Cor-
po adequadamente, Com efeito, as coisas que até aqui mostramos sio
bastante comuns ¢ nio pertencem mais aos homens do que aos de-
mais Individuos, os quais, embora em graus diversos, sio entretan-
0 todos animados. Pois, de uma coisa qualquer se d4 necessariamen-
fem Deus uma ideia, da qual Deus ¢ causa, da mesma maneira que
a ideia do Corpo humano; ¢ por consequéncia, tudo 0 que dissemos
da ideia do Corpo humano hi de dizer-se necessariamente da ideia de
‘ima coisa qualquer, Contudo, tampouco podemos negar que as ideias
Fe Pants It Da Menre 151

«i eal como os préprios objetos, ¢ que uma é superior ¢ con-


pie SOETe do que 2 outra, conforme o objeto de umaseja superior
s eke ‘mais realidade do que o objeto da outra; por essa razio, para
¢ conse em que a Mente humana difere das demais ideias ¢ em que lhes ¢
sn ¢ necessi conhecer a natureza do seu obje-
rio, como dissemo,s,aqui
sapetiet 8tpo humano. No entanto nao posso explicar isso, nem € }
2,fst ea as coisas que quero demonstrar. Contudo,digo de mancira
ae Parte mais um Corpoé mais apto do queoutros para fazer (agir]
a sua Mente € mais
oes cer maitas coisas simultaneamente, tanto maisaneame
que ‘outras para perceber muitas coisas simult nte; ¢ quanto
25 aoes de um corpo dependem somente dele proprio, ¢ quanto menos
sis carpor concorrem com ele para agir,tanto mais apta é a sua mente-
sender distintamente. E a partir disto podemos conhecer a superio
Pas ie ama mente diante de outras; podemos, ademais, ver 0 motivo por
sdsds' emos sendo um conhecimento bastante confuso de nosso Corpo,
6 Tas outras coisas que em seguida dai deduzir ei. Por esse motivo, achei
Sir alsa pena explicar ¢ demonstrar tudo isso com mais cuidado, para 0
que Enecessério antepor umas poucas coisas sobre a natureza do corpo.

Axroma I
Todos os corpos ou se movem ou repousam.

Axtoma II F
Todo corpo se move ora mais lentamente, ora mais rapida-
mente.

Lema I }
Os corpos se distinguem uns dos outros em razdo do movimentoe
do repouso, da rapidez e da lentiddo, endo em razao da substancia.
DEmMonsTRAGKO }
Suponhoa primeii parte conhecida por si. E que 0s corpos no se dis-
‘ingam em razio da substincia é patente tanto pela Prop. $, quanto pela
8 da parte 1. Mas, ainda mais claramente, a partir do que foi ito no
Exc. da Prop. 15 da parte 1. P :
> Parte Il DA Mente 13

Lema II
Todos 05 compos convémemalgumas coisas.
To
DEMONSTRAGAO
Com ‘om efeito, todos os corpos convém em que envolvem o conceito de
“ geo mesmo atributo (pela Def. 1 desta parte). Além
Seca
disso, [convém]
ae epodem mover-se ora mais lentamente, ora mais rapidamente c, em
em qu
sre absolutos, OF MOVEF-SE, OFarepousat.

Lema III
Um corpo em movimento ou em repouso deveu ser determina-
do ao movimento ou ao repouso por outro corpo, que tambémfoi
determinado ao movimento ou ao repouso por outro, ¢ este por
sua vez por outro, € assim ao infinito.
DEMONSTRAGAO
Corpos (pela Defin. 1 desta parte) sio coisas singulares que (pelo Lema
1) se distinguem umas das outras em raz4o do movimento ou do repouso;
eportanto (pela Prop. 28 da parte 1), cada um deveuser necessariamente
determinado a0 movimento ou a0 repouso poroutra coisa singular, a sa-
ber (pela Prop. 6 desta parte), pot outro corpo, que também (pelo Axioma
1) ou se move ou repousa. E este também (pela mesma razdo) nao pode
mover-se ou repousar se nao foi determinado ao movimento ouao repou-
80 poroutro, ¢ este, ainda umavez (pela mesma razdo), por outro, ¢ assim
20 infinito. C.Q. D.
Cororirio
Dai segue que um corpo em movimento continua a mover-se até que
scja determinado por outro Corpo a repousar; ¢ um corpo em repou-
= também continua a repousar até que seja determinado por outro a0
evimento. O que também é conhecido porsi. Com efeito,
quando su-
= ee “m corpo, Por ex. A, repousa, € no presto atengao a outro
s
™ movimento, nada poderei dizer sobre 0 corpo A senéo que
panre Ul Da Mente 155

Se, depois, acontecer de 0 corpo A se mover, isso decerto nio


ccpoust $6que repousava,uma vex que dai nada outro podia seguir se-
pode advit scepo A Fepousasse. Se, a0 contririo, se supée A em movimen-
que 0 60°Fes que prestarmos atengao somente a A nada poderemos
0, 0 425 4Nnio que se move. Se depois acontecer de A repousar, isso
dele aftrwm nao pode advir do movimento que tinha, umavez que
decerto co nada outro podia seguir senao que A se movesse; assim
do movimnen! por umacoisa que nao cstava em A, a saber, por uma causa
iss0 requal foi deerminadoa repousar.
exe!
Axroma I
To das as maneiras como um corpo afetado por outro cor-
‘em da natureza do corpo afetado e simultaneamente da
Povgreza do corpo afetante; de tal maneira que um sé 0 mes-
mo corpo & movido diferentemente conformea diversidade de
mureza dos COrpos moventes ¢, inversamente, corpos diver-
tos io movidos diferentemente por um s6 ¢ o mesmocorpo.

Axroma ITI
Quando um corpo em movimentoatinge outro em repouso
¢ nao pode demové-lo, refletido detal
maneira que continua a mover-se, ¢ o an-
gulo da linha do movimentodereflexio
com o plano do corpo em repouso que
foi atingido sera igual ao angulo que a
linhado movimentode incidéncia formou com o mesmoplano.
Isso quanto 20s corpos simplissimos, a saber, os que se distinguem uns dos
outros sé por movimento ¢ repouso, por rapidez ¢ lentidao. Passemos agora aos
compostos,

DeEFINIGAO
; Quandoalgunscorposdemesmaoudiversagrandezasiocons-
"angidos por outros de tal maneira que aderem uns aos outros,
PaRte i Da Ment

mesmo ou diversograu de rapidez, de


se move cocomm0
u n i cam seus movimentos uns aos outros
q u e c
ou sseir io certa, izemos que esses corpos estio unidos
a
opors
l mat rurros
anuma ¢ todosemsimultineo compéem um sé corpo
uns 203 ue
4 Individuo, q) se distingue dos outros por essa uniao de
o
corpos”

AxromMa III
santo mais as partes de um Individuo ou corpo compos-
Quant mas as outras segundo superficies maiores ou me-
eo aeroo eiais dificil on facilmence’podein sex coagidas'a
aoe ya situacdo¢, Por consequéncia, tanto mais dificil ou
fmt pode ocorrer que 0 préprio Individuo assuma uma
surra figura. E porisso, chamarei duros aqueles corpos cujas
srtesaderem umas 4s outras segundograndes superficies; mo-
Jes, aqueles cujas partes aderem umasas outras segundo peque-
nas superficies; ¢, enfim,fluidos, aqueles cujas partes se movem
‘umas por entre as outras.

Lema IV
Sede um corpo que é compostode vérios corpos, ou seja, de um
Individuo, sdo separados alguns corpos, e simultaneamente tan-
10s outros da mesma natureza ocupam seu lugar, 0 Individuo
manterd a sua natureza de antes, sem nenhuma mudanga de sua
forma.
DEMONSTRAGAO
Com efeito, os corpos (pelo Lema 1) nao se distinguem em razio da
‘tbstincia;e aquilo que constitui a forma do Individuo consiste na uniao
* corpos (pela Def. preced.); ora, esta (por Hipdtese) sera mantida, ainda
erat" uata continua mudanga de corpos; portanto, o Individuo man-
Cig aanatureza de antes tanto em razio da substincia como do modo.
paste tl Da Menre 159

Lema V
tes comp onen tes de um Individuo se tornam maio-
Seas pe nas orgao
em prop tal que, como dantes, todas
oy menor com as outras a mesma proporgao de movi-
nropoUs, da mesma maneira o Individuo mante-
0 ¢gureza de antes sem nenbuma mudanga de forma.
hase
DEMONSTRAGAO
precedente.
fames ma que a do Lema
Lema VI
Se alguns corpos, componentes de um Individuo, sao coagidos
dar a diregao de seu movimento de um lado para outro,
sy de maneira tal que possam continuar seus movimentos ¢ co-
municd-los entre si com a mesma proporsdo de antes, igualmente
4» Individuo manterd sua natureza sem nenhuma mudanga de
forma.
DEMONSTRAGAO
patente por si. Com efeito, supde-se que o Individuo mantém tudo
que,em sua definigao, dissemos constituir a sua forma.

Lema VII
Além disso, um Individuo assim composto mantém a sua na-
lureza, quer se mova por inteiro, quer esteja em repouso, quer se
mova em direcao a este, ou aquele lado, contanto que cada parte
ee 0 seu movimento e que 0 comunique as outras como
es,
DEMONSTRAGAO
E patente pela sua propria defi igo que se vé antes do Lema 4.
Escé.rtro
Com isso, . Portanto, . vemos por que razi um Indii comp
o
Pode ser afetado de varias ma inciras, conservando, viduo osto
contudo, a
2a. Ate aqui, concebemos um Individuo que nao ¢ composto seniosua na-
& coy POS qi iue se distinguem entre si apenas por movimento € repouso,
panne tt Ds Mewre

Isto é, que é composto de corpos simpliesion


outro comp to de muitos Individuos de natureza
nce descobriremosquepode ser afetado de muitas outras
onse rvan do cont udo a sua natureza, De fato, visto que cada
ganeltje suas partes é composta de muitos corpos, cada uma delas poders
yma dh lo Lema preced.) mover-se ora mais lentamen teora mais rapida-
¢ por cor nsequéncia comunicar os seus movimentos as outras ora
ressa ora mais devagar, sem nenhuma mudanga de sua natureza.
emdi sso, conc eber mos imt erce iro génerode Individuos, compostos
Seal ndo gé ro, da mesma mancira descobriremos
de Individ juos destete adseosgude muitas outras maneiras, sem nenhuma mu-
que podem ser af
Sanga de sua Form: Ese continuarmosassim ao infinito, conceberemos
, o -
um Individuo, cujas partes ist é, co
i mence que a naturcza intcira € manciras
fafacil
dos os corpos, variam de infinitas , sem nenhuma mudanga do
individuo inteiro.Se eu tivesse tido a intengao de tratar do corpo minu-
ciosamente, deveria ter explicado ¢ demonstrado essas coisas de forma
tnais prolixa. Mas ja disse que minhaintengao é outra, € nao me referi 2
essas coisas sendo porque a partir delas posso facilmente deduzir o que
decidi demonstrat.
PostuLapos
1.0 Corpo humanoé composto de muitissimos individuos
(de natureza diversa), cada um dos quais é assaz composto.
Il. Dos individuos de que 0 Corpo humanoé composto,
alguns sio fluidos, alguns moles e, por fim, alguns duros.
III. Os individuos componentes do Corpo humano e, con-
sequentemente, o préprio Corpo humano, sao afetadospelos
corpos externos de muiltiplas maneiras.
IV. O Corpo humanoprecisa, para se conservar, de muitis-
Simos outros corpos, pelos quais ¢ continuamente como que
tegenerado,
V. Quando umaparte fluida do Corpo humanoé determi-
paave tl DA Menre 165

compoexterno a atingir amitide uma outra mole,


as perficie desta iltimao ec mo que imprime nela
tigios do corpo extern que ai
© Corpo humano pode mover os scor pos externos de
Vi. a v c man eir as ¢ dis pd- los de miiltipla manciras.
milciph

Proposi¢gAo XIV
4 Mente humana é aptaa perceber muitissimas coisas, ¢ é tio
<apt a quant o maisp odes er dispa sto o seu Corpo de muiltiplas
mal
manciras.
DeMoNsTRAGAO
€ 6) &afecado de miltplas
om eftito, o Corpo humano (pelos Post.a 3afera
“iinpelos corpos externos, € disposto r os corposexternosde
mapas maneiras. Ora, 2 Mence humana deve perceber tudo que acon-
slp ieSrpo humano (pela Prop. 1 desta parte); logo,e.a C.Ment e humana
Sipe perceber muitissimas coisas, ¢ € tao mais apeaet QD.

Prorposi¢gAéo XV
A ideia que constitui o serformal da Mente humana nao é
simples, mas composta de muitissimas ideias.
DEMONSTRAGAO
A ideia que constitui o ser formal da Mente humanaé ideia do corpo
(pela Prop. 13 desta parte), que (pelo Post. 1) é composto de muitissimos
Individuos assaz compostos. Ora, a ideia de cada um dos Individuos com-
ponentes do corpo é necessariamente dada (pelo Corol. da Prop. 8 desta
parte) em Deus; logo(pela Prop. 7 desta parte), a ideia do Corpo humano
€composta dessas muitissimas ideias das partes componentes. C. Q. D.

Proposigio XVI
A ideia de cada maneira como o Corpo humano é afetado por
(Orpos externos deve envolver a natureza do Corpo humano e
simultaneamente a natureza do corpo externo.
Parte i Da Mente 165

DEMONSTRAGAO
venga €0 as maneitas comoum corpo é afetado seguemda
efeitos todas
feieo,
wee aferado ¢ simultancamente da natureza docorpo afe-
pacure emia ipés 0 Coral. do Lema3); portan © a ideia delas (pelo
cance (0182 envolve necessariamente a natureza de ambosos cor-
4. da part 21) nae
Axion orvf isso aa ideia de cada maneira como o Corpo humano€ afetado
os: € P spo extern envolve a narureza do Corpo humano ¢ a decorpo
or um <0
eerno: C.QD.
Corordrio I
segue dai prime iro, que a Ment e humana percebe a natureza de mui-
eee santo com a natureza de seu corpo.
cissinos cOFPOS
Conotkrio Il
segue, segundo, que asideias que temos dos corpos externos indicam
:
a natureza dos corpos
mais sa cotconstituigao do nosso corpo doqueApéndic externos;
ogue & pliquei com muitos exemplos no e da Primeira Parte.

ProrposigAo XVII
Seo Corpo humano é afetado de uma maneira que envolve a
natureza de um Corpo externo, a Mente humana contemplard
esse mesmo corpo externo como existente em ato ou como presente
asi até o Corposer afetado por uma afecgdo"” que exclua a exis-
téncia ou a presenga daquele mesmocorpo.
De ONSTRAGAO
patente. Pois, enquanto [quamdiu)"* 0 Corpo humano é assim afeta-
do, a Mente humana (pela Prop. 12 desta parte) contemplard esta afecgio
do corpo,isto & (pela Prop. preced.), teri a ideia de uma maneira existence
emaro que envolvea natureza do corpo externa, isto é, umaideia que nao
sxclui, mas poe, a existéncia ou a presenga da natureza do corpo externo,
© por isso a Mente (pelo Corel. 1 preced.) contemplara 0 corpo externo
com
ao Sisfente em ato ou como presente até‘ o Corpo ser afetado por uma
afecgio que exelua ete. C.QD.
panne 1 Da Menre 167

CoRoLdAnio
sade rd cont emplar, como se estivessem pres entes, os corpos
a MentPejua
os pelos
is 0 Corpo humanofoi afetado uma ver, da que nio
exer nem este jam presentes.
DEMONSTRAGAO
9s corpos externos determinam as partes fluidas do Corpo
al maneita que atinjam muitas vezes as mais moles, eles mu-
sficies destas (pelo Post. 5), donde acontece (ver Axioma2 apds
) que as partes fluidas sejam refletidas diferentemente
o s t u m a v am antes, ‘¢ que depois também, ao reenconastrar, nosseu
do que
ceexspontinco, esas novas superfics iepeloss, io reflerid da me ma
me, quando foram impulsionada corpos externos para
aancira QO" cies: ¢, por consequéncia, quando assim refletidas conti
aque Per ge,afetam 0 Corpo humano da mesma mancira, no que a
satda Prop. 12. desta arte) pensaré de novo, ito é, a Mente (pela
en Mia parte contemplark de novo o corpo externo comoreenco present:
Prof as as veres que a partes fluidas do Corpo humano ntra-
rem, "seu smovim ento espontineo,aquelas superficies. Por isso, ainda
gue 08 corpo externos Pel Jos quais 0 Corpo humanofoi uma vez afetado
e s
emplari como present toda ass
oe existam, a Mente entretanto os contC.Q
tezes que esta a¢io do corpo se repetir. .D.
EscoLio
Vemos, pois, de que mancira pode ocorrer que contemplemos comoque
presentes coisas que nao 0 sio, tal como ocorre frequentemente. E podeser
que isso acontega por outras causas; para mim, porém, basta ter mostrado
aquiumapela qual eu possa explicara coisa comosea tivesse mostradopela
causa verdadeira; contudo, nao creio desviar-me muito da verdadeira, visto
que todosos postulados que assumi dificilmente contém algo que nao se
constate pela experiéncia, da qualnao nos¢ licito duvidar depois que mos-
ttamos que o Corpo humanoexiste tal comoo sentimos (ver Coral. apds a
Prop. 13 destaparte). Ademais (pelo Corol. preced. e Corol. x da Prop. 16 desta
parte), entendemos claramente qual diferenga ha entre umaidcia, por ex. a
de Pedro, que constitui a esséncia da Mente do préprio Pedro, ¢ a ideia do
Proprio Pedro que est em outro homem, digamos Paulo. Com efeito, a
Primcira explica diretamente a esséncia do Corpodo préprio Pedro, ¢ nio
Parrett Da Menre

isrencia senio enquanto Pedroexiste; a segunda, porém,indi-


aso!ole 2 con
cmtieuigio do corpo de Paulo? do quea natuteza de Pedro, c por
@ amais e fo durar essa constituigao 2
do corpo de Paulo, a Mente de Pau
isoonda
aque dro nio exista, contudo o contemplard; comopresente » oi,
0,3 para empregarmos as palavras usuais, chamaremos imagens das
Ademal®Fe csoes do Corpo humano cujas ideias representam os Corpos
afec
coisas 3 mo que presentes a nés, ainda que nio repr
co}E quan oduzam as figuras
excrnt jisas. qu
do a Mente contempla os corpos desta mancira, diremos
das coiss ite:
paagiina.n. E aqui, para comegar a indicar 0 que seja. 0 erro, cu gostaria
e sse que as imaginagdes da mente, consideradas em si mesmas,
We de crs ouetnys Meme rior palatiside imaginar, mas
nalacoMente enguanto Se considera que cla carcce da ideia que exclua
wortai cousas ce Soxagiia presences wal PaWGGex MOC quando
(egolias ba FAGAN Sonipecschtesa:sl. sumaleancimestemae:
Ecaie coisas nao existem verdadciramente, decerto atribuiria esta
ervnaia de imaginar A vireude de sua natureza, e ndo a0 vicioy sebrerudo
Ista faculdade de imaginar dependesse de sua s6 natureza, isto (pela
Defi7 da parte 1), se esta faculdade de imaginar da mente fosselivre.

PROPOSICAO XVIII
Seo Corpo humano tiver sido afetado uma vez por dois ou
mais corpos em simulténeo, quando depois a Mente imaginar
um deles, imediatamentese recordaré dos outros,
DEMONSTRAGAO
A Mente (pelo Coral. preced.) imagina um corpo pela seguinte causa:
porguc o Corpo humano ¢ aferadoe disposto pelos vestigios de um corpo
externa da mesma maneira que foi afetado quando algumas de suas par-
‘ss foram impulsionadas pelo préprio corpo externa; mas (por hipérese
© Corpo foientio disposto de modo que a Mente imaginasse dois )
em simultaneo; logo, agora também ima corpos
gin os dois em simultanco, ¢
qwando a Mente imaginar um dosdois, imeard diatamente se recordar do
outro. C. QD.
Escétio
Daqui claramente entendemos 0 que scja a Mem
éria. Com efeito, nao
pears tl t dx, Mewre
text om

al ma conc
que saofora aten
5 agio de ideias que envolvema natureza
do Corpo humane,a qual ocorre na Mente se-
é ois ve es 30 das 7
afeegdes do ,
Corpo humano.Digo,
as oo8 yordem € a concatena¢:
pda . ardem €“catenagao & apenas daquelas ideias que envolvem
ir, TE > ideias
pees O28 C0 gs que estio forz do Corpo humano, ¢ nio das
2 nary ceza dess as mesmascoisas. Pois, em verdade, sio(pela
o cexplicam afeegdes do Corpo humano, que envolvem
gd
o arte
na parte) i deias das
|
ve") parureza dele 3 a dos corpos externos. Digo, segundo, que
ordem ¢ a concatenagio das afecgées
ae contaacarenagao ocorre conl formelaa da
ca distingui- concatenasio de ideias que ocorre
i por
goCorpo humane: Pa intelecto, i as coisas
vdem do pela qual a mente percebe
. s primeiras ¢ que a mesma em todos os homens. Além disso,
do pensamento de
sess cans Ps claramente por que a Mente, a partir coisa
sai encanta deimediato no pensamento de outra quedo nenhuma
ances possi com a primeira: come, por exemplo, parti penss-
« ro da palavra pomum™, um Romano imediatamente incide no pensa-
ment com aquele som
mento de um fruco que nio possui nenhuma semelohanga
icu lad o ne m algo emco mum sendo que 0 Corp do mesmo homem foi
art
, isto é,: que esse homem muitas
smuitas vezes afeta do por essas duas coisas e fru ¢ assim, cada um, a
aeoavia a palavra porsun caquanto via est fortos me o costume de cada
pore de um pensamento, ineide em outro, con
Prt ordenow as imagens das coisas no corpo. Pois um soldado, porsam exem-
plo tendo visto na arcia os vestigios de um eavalo, a partic do pen en-
todo cavalo incide imediatamente no pensamento do cavaleiro ¢ent dai no
pensamento da guerra, etc. Mas um Camponés, a partir do pensam o do
tanalo, incide no pensamento do arado, do campo,ete. ¢ assim cada um,
conforme costumou juntar ¢ concatenar as imagens das coisas desta ou |
daquela maneira, a partir de um pensamentoincidird em tal ou taloutro.

Prorposig¢gAo XIX
A Mente humana nao conhece o préprio Corpo humano nem
sabe que ele existe sendo pelas ideias das afecgoes pelas quais 0
Corpo é afetado.
pante tl Da Mente m

DEMONSTRAGAO
humana, com cfeito, ¢ a propria ideia, ou seja, o conheci-
A Menke cpo humano (pelt Prop. 13 desta parte), a qual (pela Prop. 9
re
ment Compempente esti em Deus enquanto considcrado afetado por
cerrfic coisa singular; ou ainda, porque (pelo Post. 4) 0 Cor-
gma outg precisa de muitissimos corpos pelos quais € continuamente
y humane Pherado, ea ordem ¢ conexio das ideias € (pela Prop. 7 des-
como que TBC que a ordem ¢ conexio das causas, aquela ideia estar
us part) repro considerado afetado por ideias de muitissimas coisas
as enim, Deus tem a ideia do Corpo humano,ou seja, conhece
amano, enquanco ¢ afetado por muitissimas outras ideias, €
no constitui a natureza da Mente humana,isto € (pelo Corol.
aa a oe parte).esa Mente humananao conhece 0 corpo humano.
ds PrefXe das afecg do Corpoestio em Deus enquanto constitui a
Mas8d.fenre humana, ou seja, a Mente humana percebe essas afec-
Prop. desta
1% desta parte) ¢, consequentemente(pela Prop. 16
§ cs (pela Corpo humano, ¢ este (pela Prop. 17 desta parte) como
Ue proprio
airee cm ato; logo, 2 Mente humana percebe o Corpo humano apenas
.
nesta medida. C. Q. D

PRorpositgio XX
Também se dé em Deus a ideia ou*° conhecimento da Mente
humana, a qual segue em Deus da mesma maneirae é referida a
Deus da mesma mancira quea ideia ou conhecimento do Corpo
bumano.
DEMONSTRAGAO
O Pensamento ¢ atributo de Deus(pela Prop. 1 desta parte) ¢ por isso
(pela Prop. 3 desta parte) tanto dele quanto de todas as suas afecgoes ¢,
por consequéncia (pela Prop. 11 desta parte), também da Mente humana,
deve necessariamente dar-se em Deusa ideia. Ademais, nao segue que essa
ideia ou conhecimento da Mente se dé em Deus enquantoinfinito, mas
cnquanto afetado por outra idcia de coisa singular (pela Prop. 9 desta par-
te). Mas a ordem ¢ conexio das idcias € a mesma que a ordem e conexio
‘hs causas (pela Prop. 7 desta parte); logo,essa ideia ou conhecimento da
Mente: ‘segue em Deus ¢ é referida a Deus da mesma mancira.
que aideia ou
conhecimento do Corpo. C. Q. D.
Da Mente 175

prorositgio XXI

nte da mesma maneira


cea ici da Mente esta unida a Me
Es o.
rpo.
daa ao CoCorp
e eses!tai wi unniid
réip
pr
P ria Ment
ia Mente
ea ?
DEMONSTRAGAO
a Me nt e cs t un id a a0 Co rp op el o fat o de que 0 Cor-
foxeramos que ta par te) ; po r isso, pela mesma
Mereca da Me nt e (ve r Pro p.1 2 13 des
po eat ve est ar un id a co m seu obj cto ,i st o é, com a pré-
0. a Mjcia da Ment e de A
te esta unida ao Corpo.
at e
pria Mente di a mes
ma maneira que a propria Men
C.QD-
Esc6Lio
do que foi
posigao € entendida muito mais claramente a partir
ss Polio da Proposigio 7 desta parte;Prop.
Essa prol com efeito, ali mostramos
& (pela 13 desta parte), Mente
fico ¢ado Corpo € 0 Corpo, isto é coneebido sea sob o
Pe aio um 380 meso individuo,o qual Mente
seja sob o da Extensio; por isso a ideia da
s6
Mente siio uma 56 ¢ a mesma coisa, que é; concebida sob umae
<eibato do Pensamento
eapropria
P ei bu to , a sab er, o do Pen sam ent o, Ins ist o dase que a idea
<2 Pr em Deus €om a mesma necessidade
<oente e a propria Men te seguem
m e s m a pot énc ia de pens ar. Pois, em verdade, a ideia da Mente, isto é, a
da out ro é quea form ada idei a enquanto esta é considera-
jideia d a id ei a, nad a
dacomo modo de pensar, sem srela
c4o com objeto; com efeito, assim que
r s o m e m o s a b e q u e sa bei s t o , s i m u l t a n eamente,
“igen sabe algo, po i . Mas sobre isso, depois.
sabe que sabe 0 que sabe, € assim 20 infinito

ProposigAo XXII
‘A Mente humana percebe néo somente as afecgbes do Corpo,
mas também as ideias dessas afecgoes.
DEMONSTRAGAO
cira¢
Asideias das ideias das afecgdes seguem em Deus da mesma man
sio referidas a Deus da mesma mancira que as proprias ideias das afec gdes;
© que é demonstrado da mesma maneira que a Proposigao 20 dest a parte.
Ora,asideias das afecgdes do Corpo esto na Mente humana (pela Prop. 12
Da Mente 7
paate TE
«(pelo Corol. da Prop. 11 desta parte), emDeus enquanto
logo, asideias daquelas ideias esta-
da Mentechounhmeacnimentd, ou seja, ideia da Mente hu.
* cem o
1 ulesta parte), estariona propria Mente humana,
4s afecgoes do Corpo, mas também

prorosigao XXIII
pria sendo enquanto percebe as
4 Mente nao conhece asi pro
das afees do COTPO
DEMONSTRAGAO
Mente(pela Prop. 20 desta parte)a seg ue
jdeia ou combecime! nto daé refe rida a Deu s da mes ma mancir que a
vac
cus da meecsimmento do corpo. Ora, uma vez que (pela Prop. 19 desta
a ma nc il
ena’ on con
a nao con hec e o pro pri o Cor po hum ano , isto € (pelo
paPrte)aMenp te cim3 eln
desparte, wma Xz QUE 0 conhecimentoza do Corpo
fe rd o a Dev s eng uan co con stt ui a nature da Mente
de Dv hec ime nto da Men te é refe rido a Deus enquanco
ano 139 Tm o con ndo ass im (pelo mesmo Corol.
da Men te hum ana : c ‘se
uma aesencia t) nesta medidas Mente humana no conhece a si
cos ea ar as da s afe cgd es pel as qua is o Cor po aferado
7p Aguada, 25 idei ano (pel a Prep . x6 desta par-
do pro pri o Cor po hum
men naturera desta parte), convém com 2 natiers da Mente;
can pea Prop. 13 desss ideas necessariamente envolverd o conhe-
wo coniecimento(pela Prop. preced.), 0 conhecimento dessas ideias
cimento da Mente; ora
Men te hum ana ; logo , som ent e nes ta med ida a Mente hu
cc edpria si propria. C.Q. D.
‘nana conhece a

ProposigAo XXIV
nt e hu ma na né o en vo lv e o co nb ec im ento adequado das
‘A Me
partes que compéem 0 Corpo humano.
DEMONSTRAGAO
As partes que compéem o Corps 0 humano nio pertencem 4 ess éncia
s umas
2 préprio Corpo sendo enquanto comunicam seus movimento
utras numa proporgéo certa (ver Def: depois do Corol. do Lema 3),
Da Mente 7%
parte tl
ser consideradas comoI ndividuos, sem relagio
nco poser 1‘Com
. ahumane efei to, as part es do Cor po humano sio (pelo
oa
pio C postos, cujas partes (pelo Lema 4) podemser
«o o s s s a C O ”
o r yindiv j ** pumano, conservada totalmente a natureza ¢ a forma
pot ys doynic COP "us movimentos (ver Ax. 1 depois do Lema 3) a outros
<p at
sre commie oporglo: € porisso(pela Prop. 5 desta parte) idia
nT mentOg o de qualquer
osbec : to parte estard em Deus, ¢ precisamente (pela
parte )y en guans considerado afetado por uma outra idcia
$ singvla® a qual coisa singular é anterior, na ordemda natureza,
desta
ye cosa arte#8 (pela(pel Prop. 7 deta parte). Ademais, 0 mesmo deve serCordito
quelP de je qualquer parce do proprio Individuo que compoe 0 po
amber dessa mancira, ‘0 conhecimento de cada parte que compoe o
; s
enquanto afetad o por muitissimas ideia
Corpo hum ‘ano esti em Deus
9 ao enquanto tem apenas a ideia do Corpo humane, isto €
cosas
deeil a parte) , a idcia que consticui a natureza da Mente hu-
e ie (pelo Corol. da Prop. 11 desta parte), a Mente humana
mana:pe oconhecimento adequado das partes que compoem o Corpo
jo cnvolv
jumano. C- QD

Prorposigao XXV
en volve o
Aideia de qualquer afecgao do Corpo humano ndo
o.
conhecimento adequado do corpo extern
DEMONSTRAGAO
Mostramos (ver Prop. 16 desta parte) que a ideia de uma afecgio do
Corpo humano cnvolve a nacureza do corpo externo apenas enquanto ©
corpo externodetermina 0 préprio Corpo humanode maneira certa. Ora,
enquanto 0 corpo externo é umIndividuo, que nio é referido a0 Corpo
humano, a ideia ou conhecimento dele esti em Deus (pela Prop. 9 desta
parte) enquanto Deus é considerado afetado pela ideia de ourra coisa, a
qual (pela Prop. 7 desta parte) & por natureza anterior ao préprio corpo
‘saterno. Porisso, 0 conhecimento adequado do corpo externo nao esté
em Deus enquanto tem a ideia de uma afecgio do Corpo humano, ou seja,
+ ideia de uma afecgio do Corpo humano nao envolve o conhecimento
adequadodo corpo externo. C. Q. D.
parte i Da Mente mr

prorostgio XXVI

humana nao percebe nenhumcorpo externo como


Ilesenipelas ideias das afecgdes do seu Corpo.
ase DEMONSTRAGAO
huma no nio é afeta do de nenhuma maneira por um corpo
seo CoP? « Prop. 7 desta parte) nem tampouco a ideia do Corpo
a ncoe Prop. 13 desta parte), a Mente humana,é afetada de
eamano coe
desse corpo,ou seja,nio percebe
ira pela idcia da existéncia
mani
yd eancira a existéncia desse corpo extemno. Porém, enquanto
‘i :
enenhur?ie tg afecado de alguma mancira por umcorpo externo (pela
hum rte comsen Col. 1), nesta medida percebe
apa de 0 corpo exte-
pon
90. €-QD-
CoRoLaARiIO

aco a Mente humana imagina um corpo externo, nesta medida


m dele con! conhecimento adequado.
reifle
ioEnqv
DeMONSTRAGAO
Quando a Mente humana contempla corpos externos pelas ideias das
afesbes de seu Corpo, dizemos que entio imagina (ver Esc. da Prop. 17
Jota parte sob nenhuma outra condig4o a Mente (pela Prop. preced.)
ic imaginar corpos externos comoexistentes em ato. E porisso (pela
Prop. 25 desta, parte), enquanto a Mente imagina corpos externos, nao tem
deles conhecimento adequado. C. QD.

Proposigéo XXVII
A ideia de qualquer afecgao do Corpo humano ndo envolve o
conhecimento adequado do préprio Corpo humano.
DEMONSTRAGAO
Seja qual for a ideia de qualquer afecgio do Corpo humano, ela en-
vole a nacureza do Corpo humano apenas enquanto este & conside-
‘adoaferado de uma certa maneira (ver Prop. 16 desta parte). Ora, na
‘medida em que o Corpo humano é um Individuo, que podeser afetado
paste i" Da Menre

viras, a sua ideia etc. Ver Dem. da Prop. x5 destaparte

prorosigAo XXVIII

ein ds afees do Corpo humano, enquanto referidas


a na, nao sao claras e distintas, mas confu-
1s ide
a M e n t e h u m
orgs
an
# DEMONSTRAGAO

feito , = as idelas das afecsdes do Corpo humano envo lvem tanto


ceo Bo s exce rnio sc om o aerndoioprépri o Corp o humano (pel
apenas a naruteza do Corpo
Com ¢!
a pat wrds) devem envolt
Prop6Parana de suas partes, pois as afenocgdesons sio as manciras
janane, ms ey guas as paces do Corpo huma e,c equentemen-
(ple Ps3 Pe ecg afecados. Orposa (pe las Prop. 24.© 25 desta parte),
te, 0 COMPO externos, assim como das partes
.quado dos corEpas
nr o ad e
se on he ci me
C o r p o hu ma no , nio esti em Deus enquanto considerado
com ence hum ana , mas por outras ideias. Logo, estas ideias das
Salo pela M xo referidas 4 sé Mente humana,sio como consequéncias
afecgbessenquanist é (como é conhecido porsi), ideias confusas. C. QD.
gem premissas,
Escouio

Da mest ma maneira se demonstra que, em si s6 considerada, a ideia


clara ¢ distinta; como
oc constiui a narureza da Mente humana niodasé ideas afeegdes do
srvem a ideia da Mente humana ¢ as ideias o que caddas um pode ver
Gorpe humano enquanto referidas a s6 Mente,
facilmente.

XXIX |
Prorposigéo
A ideia da ideia de qualquer afecgao do Corpo humano néo |
envolve 0 conhecimento adequado da Mente humana.
DemonsTRAGAO
Com efeito, aideia de uma afecgio do Corpo humano (pela Prop. 27 des-
‘4parte) nio envolve o conhecimento adequado do préprio Corpo, ou seja,
i DA Mente im

adamente a natureza dele, isto € (pela Prop. 15 desta


leq xdequadamente com a naturcza da Mente: por isso
vy 1), ideia dessa ideia nao exprime adequadamente 2
er amana, 04 sej2 do envolve 0 conhecimento adequa
CoRoLrinio
te ana,
38" ue que a Men hum m detoda vez que percebe as coisas na
um “jo natureza, naote si propria, nem de seu Corpo,
excernos conhecimento adeqria uado, mas apenas confuso ¢
a ment te nio conhece a si prép sendo enquantoperc
ebe
em do. Pois
eg das afecgoes do corpo (pela Prop. 23 desta parte). E nao percebe
a ide po (pela Prop. 19 desta parte) senaopelas préprias ideias das
0 c4 Corem somente por clas (pela Prop. 26 desta parte) pereebe
afecso* ‘externosi € por iss0, enquanto as tem, a Mente nio tem desi
os compos ela Prop. 29 desta. parte), nem de seu Corpo (pela Prop. 27 desta
e n dos corps externos (pela Prop. 25 desta parte) conhecimen-
srre
| ) mutilado¢
peeqado. mas apenas (pela Prop. 28 desta parte seu Esc.
| confus sso. CQ D.
Escoé1io
Digo xpressamente que a Mente nao ime tem de si prépria, nem de seu
Corpo, nem dos corpos exte rnos conhec nto adequado, mas apenas
confaso € mutila ‘do, toda vez que percebe as coisas na ordem comum da
, a partir do
crainto &, coda vez que é deverminada externamo;entemasn ao toda
nwo Fortuto das coisas, a contemplar irissoda ou aquil
-amgu édeterminada internamente, a part contemplagio de muitas
¢ oposi-
‘oisas em simultneo, a entender as conveniéncias, diferengas
(Besenue elas; com efeito, toda vez que é internamente disposta desta ou
dequela maneira, entéo contempla as coisas clara ¢ distintamente, come
abaixo mostrarei.

Proposig¢io XXX
Da duragéo de nosso Corpo nao podemoster sendo um conhe-
Cimento extremamente inadequado.
DemonsTRAGAO
A duragio de nosso Corpo nao depende de sua esséncia (pelo Ax. 1
>
Parte It Da Mente 187

par? ncenrampouco da nacureza absoluta de Deus (pela Pr


ssa parse)
B03 tas (pelt Prop. 28 da parte 1) & determinadoa existir € a operar
:
“or causas 12S.
que foram também dererminadas a existir © a operar de
mmancira €€ pra ¢ determin
ada, € estas, de novo, por outras, ¢ assim aoinfi-
ito. A dees 40 de nosso Corpodepende, portanto, da ordem comum da

atu rezae da constituigio


3 das coisas. E 0: conhecimento adequado da ma-
as foram constituidas é dado em Deus enquantotem as
qeira como #8cois
acs de codas elas, ¢ nfo cnquanto tem apenas a idcia do Corpo humano
ule Corel. dz Prop. 9 desta parte), porisso oconhecimento da duragio de
x‘osso Corpo é extremamente inadequado em Deus enquanto considerado
vemsviruir apenas a natureza da Mente humana, isto é (pelo Corol, da Prop.
in desta parte), esse conhecimento é extremamenteinadequado em nossa
Mente. C.Q.D-

ProrposigAo XXXI
Da duracéo das coisas singulares que estéo fora de nds néo
podemos ter sendo um conhecimento extremamente inadequado.
DEMONSTRAGAO
Com efeito, cada coisa singular, assim como o Corpo humano, deve ser
determinada a existir ¢ a operar de mancira certa ¢ determinada por outra
coisa singular, ¢ esta, de novo, por outra, ¢ assim ao infinito (pela Prop.
38 da parte 1). E como, a partir desta propriedade comum dascoisas sin-
gulares, demonstramos na Proposigao precedente que nao temos da dura-
gio de nosso Corpo sendo um conhecimento extremamenteinadequado,
logo,sera de concluir 0 mesmo sobre a duragao das coisas singulares, a
saber, que dela nao podemoster senio um conhecimento extremamente
inadequado. C.Q. D.
CororaArRio
Donde segue que todas as coisas particulares sio contingen-
Xs € corruptiveis. Pois da duragéo delas nao podemos ter nenhum
erie adequado (pela Prop. preced.), ¢ ¢ isso que por nés
exe ser entendido por contingéncia ¢ possibilidade de corrup-
part
ai DA Menre
IN iy

1 Fut da Prop. 33 da parte t). Comefeito (pela Prop. 29


oisas(F er Fee fo é dado nenhum contingente,
», afore

prorosigao XXXII

spdas sil «, enquanto referidas a Deus, séo verdadeiras


DEMONSTRAGAO
sodas as ideias que estio em Deus,con vém rotalmente com ||
6 da
canCorl. da Prop. QDdes.ta parte) poriss (pelo As.
sts Tig verdadeites. ©.
prorposigéo XXXIII |
Nada hd depositivo nas ideias pelo que sejam ditasfalsas. |
Nas |
DEMONSTRAGAO |

Se an as, concebe, se puderes,


ido erro,ov um modo de que cons-
pensar positivo
scja, da falsidade. Esse modo de pensar nao pode
ee an Deus (pela Prop. preced.), nem tampouco, fora de Deus, pode ser
os Prop. 15 da parte 1). E por isso nada de positivo |
1 2 oncebido(pela pelo que scjam ditasfalsas. C.Q. D. |
podeser dado nas ideias

| Propos1gGéo XXXIV
ada ideia que em nbs ¢ absoluta, ou seja, adequada e perfei- |
ta, éverdadeira.
DEMONSTRAGKO
Quando dizemos dar-se em nés umaideia adequada ¢ perfeita, nada
outro dizemos (pelo Corol. da Prop. 11 desta parte) senao que em Deus, |
caquanto constitui a esséncia de nossa Mente,da-se umaidcia adequada ¢
petfeita, ¢ consequentemente(pela Prop. 32 destaparte) nada outro dize-
mos senio quetal ideia € verdadeira. C. Q. D.

Propositgio XXXV
inlfisidade
4 consiste
‘ na privagao
Ba
de conhecimento
‘i
queas ideias
go
vades‘swadas, ou seja, mutiladas
if
e confisas, envolvem.
panre Il Da: Maree
to
DEMONSTRAGAG
xo gdado de positivo nas ideias que constitua a forrma da falsidade
43 desta parte); ora, a falsidade nio pode cons istir na privaca
ils BOP. nsistir privagio
yea (CO™ efeito, nio os Corpos, mas as Mentes sio ditas errar ¢ se
wel tampouco na ignorancia
8 abs ‘oluta, poisaignorar ¢ errar
iwoeat), nem CAMP
igvers05: Jogo, consiste na privagio de conhecimento que 0 conhe-
sio jaxo inadequado, ou seja,
ciet
as idcias inadequadas e confusas das coisas
jem. C-Q D-
Escétio
No Escélio da Proposigio 17 desta Parte, expliquei de que mancira 0
qo consste numa privagio de conhecimento; mas, para uma explicacio
sis ampla de tal coisa, daret um exemplo: os homens equivocam-se 20
sg reputarem livres, opinido que consiste apenas em serem cénscios de
vas agoes € ignorances das causas pelas quais sio determinados. Logo,
idea de liberdade € esta: nao conhecem nenhuma causa de suas agdes.
Com eftto, iso que dizem, que as ages humanas dependem da vontade,
sio palavras das quais nao tém nenhuma ideia. Pois todosignoram o que
sgaavontade € como move o Corpo; ¢ aqueles quese jactam do contririo
¢forjam uma sede ¢ habitéculos da alma costumam provocar ou 0 riso
ou a niusea, Da mesma maneira, ao olharmos o sol, imaginamo-lo distar
denés cerca de duzentos pés, erro que nao consiste nessa imaginagio em
simesma, mas no fato de que quandoassim o imaginamosignoramos a
verdadeira distancia dele ¢ a causa dessa imaginagio. Com efeito, mesmo
se depois conhecermos que ele dista de nés mais de seiscentos diimetros
4a Terra, nao obstante o imaginaremosperto,jd que ndo imaginamos 0
sol tio préximo porque ignoramossua verdadeiradistancia, mas porque
uma afecsio de nosso corpo envolvea esséncia do sol enquanto o proprio
corpo ¢ afetado porcle.

PRorposigio XXXVI
Mdeias inadequadas e confusas se sucedem com a mesma neces-
idade que ideias adequadas, ou seja, claras e distintas.
paate tl Da Mewnre
t 93

DEMONSTRAGAO
Deus (pela Prop. 15 da
estio emdeira
todas ciassao
parte 1) ¢, enquanto
verda s (pela Prop. 32 desta parte) ¢ adequadas
op. 7 desta parte); © porisso nenhuma é inadequada nem
vy nio Cor enquanto referida 4 Mente singular de alguém (sobre
ofess
re 29° 1 ¢ 28 desta parte): por isso, todas, tanto adequadas como
i if wie 5sc 00sucedem com a mesma necessidade (pelo Corol. da Prop.
ae. C.Q D.

Prorposigao XXXVII

#
eécomum a todas as coisas (sobre isso ver acima o Lema
2) aa igualmente na parte eno todo nao constitui a esséncia de
2 ous coisa singular.
DemMoNsSTRAGAO
scnegas. concebe, se puderes, queis so constitua esséncia de ),umasemcoi-B
Ter a saber, a esséncia de B. Logo (pela Def: desta parte
2g poderia ser nem scr concebido, o Bque,nemporé m, € contra a Hlipé-
in0logo isso ndo pertence & esséncia de constituia esséncia de
jurracoisa singular. C.Q.D.

Proposi¢gAo XXXVIII
O que écomum a todasas coisas e estd igualmente na parte e
no todo naopode ser concebido sendo adequadamente.
DEMONSTRAGAO
Scja Aalgo que é comum a todos os corpos ¢ que est igualmente na
parte eno todo de qualquer corpo. Digo A nao poderser concebidose-
io adequadamente. Pois a sua ideia (pelo Corol. da Prop. > desta parte)
seri necessariamente adequada em Deus, tanto enquanto tem a ideia do
Corpo humano, como enquanto tem as ideias das afecsdes do mesmo, as
‘ais (peles Prop. 16, 25 © 27 desta parte) envolvem parcialmente tanto
ee do Corpo humano, como a dos corpos externos, isto é (pelas
Deere 3 desta Parte), essa ideia sera necessariamente adequada em
'0 constitui a Mente humana, ou seja, enquanto tem as ideias
in Da Mewre 195
parte

nte humana ; portanto (pelo Carol. da Prop. 01 desta par-


Me
3s? naneces ec ve percebe A adequadamente, ¢ tanto enquanto
et ence enquantopercebe 0 seu ou qualquer corpo ex-
wht aM ‘omo
gsimesma © ncebido de outra maneira. C.Q.D.
oe", a nsopode serco!
gett
et" COROLARIO
as, ou seja, nogdes, comuns a todos
pai gv 57 em dadas certastodideios 0s cor pos convém em certas coisas,
(pel o Lem a 2)
inens. Pais e Ned.) devem ser por todos percebidas adequadamente,
1a Prop. pr ntamente.
i
. Y lara e dist
ou

prorosigdso XXXIX
ideia do que Ecomum e proprio ao Corpo bumanoea al-
humano costuma ser
puns corpos externos, pelos quais 0 Corpo
um deles ¢ no
afetado, € estd igualmente na parte de qualquer
tudo, serd adequada na Mente.
DEMONSTRAGKO
Seja Ao. que é comum € préprio ao Corpo humano ¢ a alguns corpos
cqemnos ¢estd igualmente no Corpo humano ¢ nesses mesmos corpos ex-
temnos c, por fim, igualmente na parte de qualquer desses corpos externos
enotodo. A ideia adequada do proprio A seri dada em Deus (pelo Corol.
ds Prop. 7 desta parte) tanto enquanto tem a ideia do Corpo humano,
como enquanto tem as ideias dos corpos externos supostos. Suponha-se
agora que o Corpo humano afetado por um corpo externo mediante 0
que tem em comum comele,isto é, por A; ideia desta afecgio envolve
(pela Prop. 16 desta parte) a propriedade A, € porisso (pelo mesmo Corol.
da Prop. 7 desta parte) a ideia desta afeccao, enquanto envolve a proprie-
thde A, sera adequada em Deus enquantoafetado pela ideia do Corpo
ee isto € (pela Prop. 13 desta parte), enquantoconstitui a natureza
Mente humana; ¢ porisso (pelo Corol. da Prop. 11 destaparte) esta ideia
‘sdequada também na Mente humana. C. QD.
Cororario
il se que: Monte & tants made agen pana. pereeber adequade:
Da Mente 197
parte ul

coisas, quanto mais seu Corpotem muitas coisas emco:

prorosigaAo XL

ideias na Mente que seguemde ideias que nela sto


iQ) er .
| dss do também adequadas.
ah
fe Demos STRAGAO
ois , qu an do di ze mo s qu e na Me nte uma ideia segue de
f parentl§P oe Mdequadas, nada outro dizemos(pelo Corol. da Prop.
geias qu e ne é dada umaideia da
rte) sendo que NO proprio intelecto Divino las
o, nem enguanto€afetado petui
nda pao enquanco€igulnfareins,itma
gual Devs ¢ssimas coisas sin s apenas enquanto consti
n c i a d a M e n ce huma na.
|a 1
Esc6Li10
‘pliquei a. causa das nogées que sto chamad as Comuns ¢ que
C o m is so , €
fun dam ent os de nos so rac ioc ini o. Mas de alguns axiomas ou no-
so os eressance explicar por este nosso
o da t dae out ras cau sas que seri a inc
nogées, diante das demais, seriam
goes si
ria qua is
mérodo, P por esta s con sta
dade quase nao teriam nenhum uso. Constaria,
asmais oteis¢ quais na ver claras e distintas apenas para quem
sdemais, quais S40 comuns, quais sio
im, sio mal fundadas. Além disso cons-
s, enf
niocultiva preconceitos, quai as Segundas ¢, consequente-
taria de onde aquelas nogdes que siorachra:iamad orig em, ¢ outras coisas que
me nt e, os ax io ma s fu nd ad os ne la s, ti m sua
acerca disso outrora medic Todavia, pois que consagreess i outro Tratado a
cas, e rambémpara nao produzir fastio p or causa da exc nao iva prolixidade
do assunto, decidi aqui abster-me disso. No entanto, para omitir o que
s tiraram
é necessirio saber, acrescentarei brevemente as causas das quai s
sua origem os termos ditos Transcendentai como Ser, Coisa, algo. Este
termosse originam de o Corpo humane, visto que é limitado, ser capaz de
formar em si distintamente ¢ em simulténeo apenas um certo m simero de
parte), ¢xce-
imagens (expliquei o que ¢ imagem no Esc. da Prop. 17 desta de
dido 0 qual, estas imagens comegam a se confundir; ¢, se este ntimero
o
gens queo Corpo é capaz de formar em si distintamente em simulrine
en A
imay
Parre Il DA Mente w

ido grandemence, fodas se confundirio por completo entresi Sen


eexce'
i i m s ven te pelo Coro ldaP rop. 17 pela Prop. 18 destaparte que
doass a pode rim agin ar disti ntamente em simultdneo tancos
|, M e n t e by man
em seu
uantas imagens possam ser formadas simultancamente
cot po. Ora, quandoas imagens se confundirem completamente
usamente todos os corpos sem
Pe vpnbém 4 Mente imaginari confque
gue stings ¢ 0s compreenderé como sob um dinico atributo, a
ayo atributo doSer, da Coisa etc so pode também sr deduzido and-
JJque as imagens nem sempre tém 0 mesmo vigor € de outras causa20s qual
Joes 2 estas, que io é preciso explicar aqui pois para o escopo
vos basta considerar apenas uma, Com efeito, todas se reduzemaquea que
res termos significam ideias confusas em sumo grau. Ademais, las
vise

noses que sio chamadas de Universais, como Homem, Cavalo, Cio ete.
sriginaram-se 2 partir de causas semelhantes, a saber, porque se formam
tm simuleineo no Corpo humanotantas imagens, por exemplo de ho-
mens, que a forga de imaginar superada, decerto nio intciramente, mas
jal ponto que a Mente nao pode imaginar as pequenas diferengas dos
singulares (a cor, o tamanhoetc. de cada um), nem o mimero determinado
deles, ¢ ela imagina distintamente apenas aq lo em que todos convém
enquanto 0 corpo € por cles afetado; pois 0 corpo foi por aquilo aferado
maximamente,isto mediante cadasingular; e a Mente exprime aquilo
pelo nomede homem € 0 predica de infinitos singulares. Pois nio pode,
como dissemos, imaginar 0 ntimero determinado dos singulares. Mas é de
notar que estas nogdes nio séo formadas por todos da mesma mancira,
mas variam em cada um conforme a coisa pela qual o corpo foi mais fre-
quentemente afetado ¢ que mais facilmente a Mente imagina ou recorda.
Por exemplo, os que mais frequentemente contemplaram com admiragio
a cstatura dos homens, entendem sob 0 nome de homemo animal de esta-
tura ereta; os que, porém, se acostumaram a contemplar outra coisa, for-
‘mario outra imagem comum dos homens, a saber, o homem é um animal
ue ri, um animal bipede, sem penas, um animal racional; ¢ assim, quanto
20 restante, cada um formara imagens universais das coisas de acordo com
a disposigio de seu corpo. Porisso nao ¢ de admirar que,entre os Filéso-
fos que quiseram explicar as coisas naturais sé pelas imagens das coisas,
tenham nascido tantas controvérsias.
Parte Il DA Mente

EscoLio IT
pe tudo que foi dito acima transparece claram ente que percebemos
es, que
mnuitas coisas € formamos nogécs universais: Ir a partir de singular
confusa ¢ sem
im, sio represenrados pelos sentidos de mancira mutilada,
aoton para 0 incelecto (ver Corel. da Prop. 29 desta parte), por esse mo-
t
give costumei chamar ¢ssas percepgdcs de conhecimento por experién
sex Ile A partir de signos, por exemplo, de que, ouvidasou lidas certas
mamosidcias semelhantes
valavras, ROS recordamos das coisas ¢ delas for
a parte).
aquelas pelas quais imaginamos as coisas (ver Esc. da Prop. 18 dest sas
Ghemarei daqui por diante uma e outra mancira de contempla r as coi
l-
de conhecimento do primeiro género, opinido ou imaginagao. III° Finades
pricda
mente, porque temos nogdes comuns ¢ ideias adequadas das pro
e Prop. 40 des-
sus coisas (ver Coral. da Prop. 38 e Prop. 39 com seu Corel.seg
ta parte); €2 isto chamarci de razio e conhecimento do und o género.
o mostrarei
‘Alem destes dois géneros de conhecimento, ¢ dado, tal comitiva. E este
na sequencia, um terceiro, que chamaremos de ciéncia intu
ginero de conhecimento procede da ideia adequada da ess éncia formal
esséncia
de alguns atributos de Deus para 0 conhecimento adequadoda
das coisas. Explicarei tudo isso pelo exemplo de uma tinica coisa.queSaoesteda-
ja
dos, por exemplo, trés ntimeros para que se obtenha um quarto tém
parao terceiro como o segundo esté para o primeiro. Negociantes nio
Hovida em multiplicar 0 segundo pelo terceiro ¢ dividir produto pelu-o
primero; a saber, porque ainda nao cederam ao esquecimento 0 que escte
faram do mestre sem nenhumademonstracao; ou porque frequentemen
experimentaram-no em nimeros simplissimos; ou pela forga da Demons-
tragio da Proposiao 19 do Livro 7 de Euclides, isto é, pela propriedade
comum dos proporcionais. Ora, nos nimeros simplissimos nao € preciso
nada disto. Dados, por exemplo,1, 2, 3 ninguém deixa de ver que 0 6 € 0
quarto nimero proporcional, ¢ isto muito mais claramente porque, a par-
tir da proporgdo mesmaquepor uma tnica intui¢do vemos ter 0 primeiro
com 0 segundo, concluimos 0 quarto.

ProposigaAo XLI
O conhecimento do primeiro género é a unica causa dafalsi-
dade, o do segundo e doterceiro, por outro lado, ¢ necessariamen-
te verdadeiro.
FO parte tl Da Mente s

DeMONSTRAGAO
sos noEscslio precedente que pertencem ao conhe¢ cimen to do
DiseimosOO odas aquelas ideias que sio inadetoquada s confusas; €
peice Beprop.8 desteparte) exte conhecimen € a inica causa da
por 89 Uefemais, dissemos perte ncer ao conhecimento do segundo edo
fasida AUT uc sio adequadas; © por isso(pela Prop. 44 desta parte) é
de,aque
cciroHame nce verdadeiro. C. Q. D.
ser
eces i

ProposigAo XLII
e nao 0 do
O conbecimento do segundo e do terceiro género,
odofalso.
primeiro, nos ensina a distinguir 0 verdadeir
DEMONSTRAGAO
Esta proposigio € patente por si. Com efeito, quem sabe distinguir
entre verdadciro ¢ 0 falso deve ter a idcia adequada do verdadciro ¢ do
deiro ¢€ 0
falso, isto € (pelo Esc. 2 da Prop. 40 desta parte), conhecer 0 verda
false pelo segundo ou pelo tereciro género de conhecimento.

Prorposi¢gAo XLIII
Quem tem uma ideia verdadeira sabe simultaneamente que
tem uma ideia verdadeira e nao pode duvidar da verdade da
coisa.
DEMONSTRAGAO
Uma ideia verdadeira em nés é aquela que em Deus, enquanto é expli-
cado pela natureza da Mente humana, é adequada (pelo Corol. da Prop.
11 desta parte). Suponhamosentio dar-se em Deus, enquanto é explica-
do pela natureza da Mente humana, uma ideia adequada A. Desta ideia
deve dar-se também necessariamente em Deus umaideia, que referi-
daa Deus da mesma maneira que a ideia A (pela Prop. 20 desta parte,
‘uja Demonstragéo é universal). Porém, supée-se que a ideia A refere-
-se a Deus enquanto é explicado pela natureza da Mente humana; logo,
também a ideia da ideia A deve ser referida a Deus da mesma mancira,
isto € (pelo mesmo Corol. da Prop. 11 desta parte), esta ideia adequada
da ideia A estara na propria Mente que tem ideia adequada A; ¢ por
isso quem tem uma ideia adequada, ou seja (pela Prop. 34 desta par-
‘), quem conhece verdadeiramente uma coisa, deve simulraneamente
Paxre Il Da MENTE 203

sna dia adeq uada , ou scja, um conh


, ecim ento verd adci ro, de seu co-
<u simultancamente estar
« hecimento, isto € (6 ‘amo é por si manifesto), deve
ri
certo. CQ D-
Esco.io
NoEs célio da Proposigo 21 desta parte expliquei
o que é uma ideia da
ientemente 1]
jideia, mas é de notar que a Proposiga0 precedente por si sufic uma
wanifesta. Pois ninguém que tem uma ideia verdadeira ignora queverda -
ter uma ideia
ideia verdadeira envolve suma certeza; com cfeito,
ou
eira nao significa nada outro que conhecer uma coisa perfeitamente, a |
scja, da melhor maneira; nem decerto pode alguém duvidar dessa coisa,
io de umapintura
nio ser que acredite que uma ideia é algo mudo,ao feit
rio entender; ¢
num quadro, ¢ nao um modo de pensar, quer dizer, 0 prop
pergunto: quem pode saber que entende alguma coisa a nfo ser que antes
entenda a coisa? isto é, quem pode saber-se certo de algumacoisa a nao
ser que antes esteja certo da coisa? Depo! . © que se pode dar mais clara ¢
,
certamente como normada verdade do que umaideia verdadeira? De fato
assim como a luz manifesta a si propria c as trevas, assim a verdade é nor-
stées:
madesie do falso. E com isso pensoter respondidoas seguintes que
se a ideia verdadeira distingue-se da falsa apenas enquanto a primeira é
dita convir com seuideado,entaoa ideia verdadeira nada tem de perfeigao
ou de realidade a mais do que a falsa (visto que se distinguem sé por uma
determinagao extrinseca), € consequentemente tampouco o homem que
tem ideias verdadeiras tem a mais do que aquele que as tem falsas? Depois,
donde ocorre que os homens tenham ideias falsas? E enfim, dondealguém
pode saber certamente que tem ideias que convém com seus ideados? A
estas questdes, insisto, pensojé ter respondido.Pois o que atina a diferen-
ga entre a ideia verdadeira ¢ a falsa consta a partir da Proposicao 35 desta
parte: a primeira est4 para a segunda assim como0 ente para o ndo-ente.
E ainda mostrei clarissimamente as causas da falsidade desde a Proposi-
a0 19 até a 35 com seu Escélio. A partir delas também transparece o que
separa o homem que tem ideias verdadciras do homem que nao as tem
seniofalsas, No que finalmente atina ao ultimo, a saber, donde o homem
podesaber que tem umaideia que convém com seu ideado,h4 pouco mos-
trei mais que suficientemente que isso se origina sé de ter umaideia que
convém com seu ideado, ou seja, de que a verdade ¢ norma de si. A essas
Panre Il Da

ssaea sonactacrescenl ro que 'nossa Mente, enquanto percebe verdadeiramente


coi ac ey & parte do intelecto finito de Deus (pelo Corol. da Prop. 11
iio que as idcias claras € distintas da
eTa parte) © por isso‘ é cio necessirio
neem verdadeiras quanto as ideias de Deus.

ProposigdAo XLIV
as como con-
Nao éda natureza da Razdo contemplaras cois
singentes, mas como necessdrias.
DEMONSTRAGAO.
(pela Prop.
£ da naturezada razao perceber as coisas verdadeiramente
sao em si, isto €
gi desta parte), quer dizer (pelo Ax. 6 da parte 1), como
(pela Prop. 29da parte 1), nao como contingentes, mas como necessirias.
C.QD.
Cororkrio 1
coisas,
Dat segue depender da sé imaginagao que contemplemos as
tanto a respeito do passado quanto dofuturo, como contingentes.
Escoéui0
Explicarei em poucas palavras de que maneira isso ocorre. Mostramos
acima (Prop. 17 desta parte com seu Corol.) que a Mente, ainda queas coisas
nio existam, imagina-as todavia sempre como presentes a si, a nao ser que
ocorram causas que excluam a existéncia presente delas. Ademais (Prop. 18
destaparte) mostramos que, se 0 Corpo humano uma vez tiver sido aferado
simultaneamente pordois corposexternos, quando depois a Mente imagi-
narum deles, de imediato se recordartambém do outro,isto é, contempla-
ria ambos comopresentes a si, a nao ser que ocorram causas que excluam
a existéncia presente deles. Além disso, ninguém duvida que imaginemos
também o tempo a partir do fato de imaginarmos que os corpos se mo-
vem uns mais lentamente que outros, ou mais rapidamente, ou com igual
rapidez. Suponhamospois um menino quepela primeira vez ontem pela
manhatenhavisto Pedro, a meio-dia Paulo ¢ ao entardecer Simeao, ¢ que
hoje de novopela manhatenha visto Pedro. Pela Proposicao 18 desta parte
é patente que tio logo veja a luz matutina, imaginar4 o sol percorrendo a
mesma parte do céu que no dia anteri f, ou seja, um dia inteiro, ¢ simul-
taneamente com o amanhecer imaginaré Pedro, com o meio-dia Paulo €
Parte Il Da Muenre 209

nedo, isto &imag ard a existéncia de Pauloe de Si


som o enxardeeet 0 tempofuturo; ¢ inversamente,, se ao entardecer vir
m F e l a g a ao
mjieieo co nari Paulo ¢ Pedro ao tempo pasado a saber, imaginando-
simede- rela com 0 tempo pasado; ¢ isto com tanto mais cons-
cos s i m u l rancamente
q u a n t o com mais frequ éncia os tenhavisto nesta ordem. Porque,
sincia a vez de num outro entar decerver Jacé emlugar de Si-
r e c e a l g u m :
PS jcon io g u i n t e imaginari com 0 entardecer ora Simeio, ora
mex e n t n o d i a s e
™ as nao a ambo s em simultanco; pois supde-se que viu noper do
acd,
ta rd e 85 umdel es, nao ambos em simultanco. E ass im sua imaginagao
da
d a tro, isto é, nao
furuard ecom o futuro entardecer imaginar ora um, or ou
e como
contemplara nenhum certamente, mas ambos contingentement
fucuros. E-esta flutuagio da imagin
agao seri a mesmase for a imaginagio
a com relagio ao tempo
das cois: as que contemplamos da mesma mancir
pasado ou 20 presente, ¢ consequentemente imaginaremos como contin=
gentes as coisas relacionadas anto com o tempo presente quanto com 0
passado ou o futuro.
Corordrio Il

E da natureza da razio perceber as coisas sob algum aspecto de eter-


nidade.
DEMONSTRAGAO

Com efeito, é da natureza da Razio contemplar as coisas como ne-


cessirias, ¢ nd comocontingentes (pela Prop. preced.). E ela percebe esta
necessidade das coisas verdadeitamente (pela Prop. 41 desta parte), isto
(pelo Axioma 6 da parte 1), como é em si. Mas (pela Prop. 16 da parte 1)
essa necessidade das coisas é a prépria necessidade da eterna natureza de
Deus; logo, é da natureza da Razio contemplar as coisas sob este aspecto
de ecernidade. E mais, os fundamentos da raziosto nogdes (pela Prop. 38
desta parte) que explicam aquilo que ¢ comum a todas as coisas ¢ que (pela
Prop. 37 desta parte) naoexplicam a esséncia de nenhumac a singular;
(nogées] que por conseguinte devem ser concebidassem relagio alguma
om 0 tempo, mas sob algum aspectode cternidade. C. Q. D.
S-—ULU
Parte Il Da Mente

PROPOSsStgGAOo XLV
Cada ideia de qualquer corpo, oude coisa singular, existente
am ato, envolve necessariamentea esséncia eterna € infinita de
Deus. GAO
RA
DEMONST
riamen -
Aideia de uma coisa singular existente em ato envolve necessa
a l. p.
ce tanto a esséncia como a existénci da prépria coisa (pelo Coro da Pro
8 desta parte). Porém, as coisas singulares (pela Prop. 15 da parte 1) nao)
podem ser concebidas sem Deus: mas, porqduoe (pela Prop. 6o desta parte
o era sob o atribut de que elas
rém como causa Deus enquant consid te
proptias sio modos, suas ideias devem necessariamen (pelo Ax. 4 da par-
121) envolver 0 conceito do seu atributo, isto é (pela Def. 6 da parte 1), a
esséncia eterna ¢ infinita de Deus. C. QD.
Escoéouio
Porexisténcia nao entendo aqui a duragao, isto ¢,a existéncia, enquan-
ro é concebida abstratamente € comoalgum aspecto de quantidade.Pois
falo da propria natureza da existéncia, que se atribui 4s coisas singulares
porque da necessidade eterna da natureza de Deus segueminfinitas coi-
sas em infinitos modos (ver Prop. 16 da parte 1). Falo,insisto, da propria
existéncia das coisas singulares enquanto sao em Deus. Pois, ainda que
cada umaseja determinada por outra coisa singular a existir de mancira
certa, todavia a forga pela qual cada uma persevera no existir segue da
necessidade eterna da natureza de Deus. Acercadisso, ver Corol. da Prop.
24 da parte 1.

Proposi¢géao XLVI
Oconhecimento da esséncia eterna e infinita de Deus que cada
ideia envolve é adequadoe perfeito.
DemMonsTRAGAO
ADemonstragao da Proposigao precedente ¢ Universal, ¢ que se consi-
dere a coisa seja como parte, seja comotodo, sua ideia, seja do todo,seja de
nmsParte(pela Prop.preced.),envolverd acsséncia eternacinfinitade Deus.
'or conseguinte, 0 que dé o conhecimento da esséncia eterna ¢ infinita
>
Parte it Da Mente 23

je Deus € comuma todas as coisas ¢ esta igualmente na parte ¢ no todo,


«me isso(pela Prop. 38. desta parte) este conhecimentoserd adequado.
C.QD.

PROPOSIGAO XLVII
ia
A Mente humana temconhecimento adequado da essénc
aernae infinita de Deus.
Demo NSTRACAO
A Mente humanatem ideias (pela Prop. 22 desta parte) a partir das
quais percebe a si (pela Prop. 25 desta parte), a seu Corpo (pela Prop. 19
desta parte) € a0corpos externos (pelo Corol. 1 da Prop. 16 epela Prop. 17
desta parte) como existentes em ato; e por isso (pela Prop. 45 ¢ 46 desta
varte) tem conhecimento adequadoda esséncia eterna e infinita de Deus.
C.QD.
Escério
Dai vemos quea esséncia infinita de Deus ¢ sua eternidade sao co-
nhecidas por todos. E como tudo é em Deus e é concebido por Deus,
segue podermos deduzir desse conhecimento muitissimas coisas que
conheceremos adequadamente, ¢ assim formar aquele terceiro género
de conhecimento de que falamos no Escélio 2 da Proposigio 40 desta
parce, ¢ de cuja exceléncia e utilidade nos caberd falar na Quinta Parte.
Que os homensnao cenham de Deus um conhecimentotio claro quan-
to o das nogdes comuns,isto vem de nao poderem imaginar Deus, como
aos corpos, ¢ de terem ajuntado o nome Deus as imagens das coisas que
costumam ver; 0 que os homens mal podem evitar, porque séo conti-
nuamenteafetados pelos corposexternos. E seguramente a maioria dos
erros consiste s6 em nio aplicarmos corretamente os nomes As coisas.
Com efeito, quando alguémdiz que as linhas tragadas do centro do cir-
culo até sua circunferéncia sio desiguais, ele decerto entendepor circulo,
20 menosnesta ocasiio, outra coisa que os Matemiticos. Assim, quando
os homens erram nocilculo, tm na mente uns niimeros, no papel ou-
tros. Pois se se prestar atengao a suas Mentes, decerto nao erram; pare-
ccm todavia errar porque pensamos que tém na Mente os mimeros que
estio no papel. Se no fosseisto, crerfamos que nao erram em nada; como
nio acreditei errar aquele que ainda ha poucoouvi gritando que suacasa
>
Parte Il Da Mente 215

oars para galinha do vizinho, j4 que seu pensamento™ me parecia su-


ontemente perspicuo. Edisto se origina a maioria das controvérsas,
mie porque os homens nio explicam corretamente seu pensamento
que incerpretammal o pensamento de ourrem. Pois, em verdade,
an se contradizema0 maximo, ees pensam ou as mesmas coisasou
fiasdiversas de tal mancira ,que aquilo que pensam ser erros absurdos
comuerem na verdade nio sio
Prorposi¢gdo XLVIII
Na Mente nao hd nenhumavontade absoluta, ou seja, livre;
mas a Mente é determinada a querer isso ou aquilo por uma
causa, que também é determinada por outra,e esta de novo por
outra, e assim ao infinito.
DEMONSTRAGAO
‘A Mente é um modode pensar certo ¢ determinado (pela Prop. 11 desta
parte), porisso (pelo Corel. 2 da Prop. 17 daa parte 1) nao pode ser causa
livre de suas ages, ou seja, nao pode ter umafaculdade absoluta de querer
endo querer; mas deve ser determinada a quererisso ou aquilo (pela Prop.
28 daparte 1) por umacausa, que tambémé determinada por outra, ¢ esta
de novo poroutra, etc. C.Q. D.
EscoéLi0
Da mesma maneira demonstra-se que nio se di na Mente nenhumafa-
culdade absoluta de entender, desejar, amar, etc. Dondesegue que estas fa-
culdades ¢ similares ou sao inteiramenteficticias ou naosio nada além de
entes Metafisicos, ouseja, universais que costumamosformar a partir dos
particulares, De modoque o intelecto ¢ a vontadeesto para essa ou aque-
haideia, ou para essa ou aquela voligio, da mesma mancira que a pedridade
Para essa ou aquela pedra, ou que o homemparaPedro ¢ Paulo.Jd a causa
Por que os homens pensam serlivres, explicamos no Apéndice da Primei-
‘3 Parte, Porém, antes de prosseguir, cumpre aqui notar que por vontade
entendo a faculdade de afirmar ¢ negar, mas nao o desejo; entendo, re-
Pito, a faculdade pela qual a Mente afirma ou nega algo ser verdadeiro
Paxre Ul Da Mente ”

fbsls. aio odesejo pelo qual a Mente apetece ou temaversioAs coisas.


oat c
fe rermos demonstradoque essas faculdades sio nogdes uni-
sus depo Go se distinguemdos singulares,a partie dos quais as forma-
seatsMh gota inquitir se as prOprias voligGcssioalgo alémdas préprias
ore repito, se se di na Mente ourraafirmagio
ini Pa ida pela ideia enquanto é ideia; a esse res-
ee wef a proposigioseguinte bemcomo a Definigio 3 desta
parte,
vrque © pensamento nao descaia em pinturas. Comefeito, por ideia
i envendo imagens fais quais as que se formam no fundo do olho e,se
guiseres, no meio do cérebro, mas conccitos do Pensamento.

ProposigAao XLIX
Na Mente nao é dada nenhuma voligdo, ou seja, afirmagao e
negagao, afora aquela envolvida pela ideia enquantoé ideia.
DEMONSTRAGAO
Na Mente (pela Prop. preced.) nao é dada nenhuma faculdade absoluca
de querer ¢ ndo querer, mas apenas voligdes singulares, a saber, esta ou
aquela afirmagao ¢ esta ou aquela negagio. Concebamos, pois, uma voli-
cio singular, a saber, um modo de pensar pelo qual a mente afirma que os
trés angulos do « iangulo sao iguais a dois revos. Esta afirmagio envolve
0, ou seja, a ideia de tridngulo, isto é, nio podeser concebida
cia de triangulo. E 0 mesmo, com efcito, se eu disser que A deve
envolver 0 conceito de B ou que A nio podeser concebido sem B. Além
disso, esta afirmagao (pelo Ax. 3 desta parte) também nao podeser sem a
ideia de triingulo. Logo, esta afirmagao nao podeser nem ser concebida
sem a ideia de triangulo. Ademais,esta ideia de triangulo deve envolver
esta mesma afirmagio: seus trés angulos igualam-se a dois retos. Porisso,
inversamente,esta ideia de triangulo, sem tal afirmagao,nao pode ser nem
ser concebida ¢, portanto (pela Def, 2 desta parte), esta afirmagao pertence
A essincia da ideia do triangulo ¢ nao é outro senaoela propria. E 0 que
dissemos desta voligao (visto que a tomamosao nosso gosto) cumpre dizer
também de qualquer voligao, a saber, que nada é senao a ideia. C.Q. D.
>
Parte Il Da Menre 29

Corordrio |
mesmo.
Vontade ¢ intclecto sio um s6 € 0
DEMONSTRAGAO

Yontade ¢ intelecto nada sao senao as préprias voligées ¢ ideias singu-


ares (pelt Prop. 48 desta parte ¢ seu Esc.). Ora, uma voligao ¢ umaideia
singulares (pela Prop. preced.) sio um sé € 0 mesmo, logo vontade ¢ inte-
ecto sto um s6 € o mesmo. C. QD.
Esc6uio
Com isso, suprimimos a causa que comumente se estabelece para o
erro, De fato, mostramos acima que a falsidade consiste na sé privagio
que as ideias mutiladas ¢ confusas envolvem. Porisso a ideia falsa, enquan-
to falsa, nao envolve certeza. Quando, pois, dizemos que um homem
aquiesce a0 falso € nio duvida dele, nem por sso dizemosestar cle certo,
mas somente que nio duvida, ou entao que aquiesce ao falso porque nao
édada nenhumacausa que faga sua imaginacao flutuar. A esse respeito,
veja-se 0 Escdlio da Proposigao 44 desta parte. Portanto, por mais que se
soponha que um homem adere ao falso, jamais diremos, contudo,estar ele
certo. Pois por certeza entendemos algo positivo (veja-se a Prop. 43 desta
parte com seu Esc.) ¢ nao privagao de divida. E por privagio de certeza en-
tendemos a falsidade. Mas, para uma explicagao mais ampla da Proposigao
precedente, restam ainda algumas recomendagées. Resta-me, além disso,
responder a objegdes que possam ser langadas contra essa nossa doutrina
da qual, finalmente, para afastar todo escriipulo, penseivaler a pena indi-
car algumas utilidades. Algumas, apenas, j4 que as principais serio melhor
entendidas pelo que diremosna Quinta Parte.
Comego,entio, pelo primeiro ponto ¢ recomendaosLeitores que dis-
tingam acuradamente entre ideia, ouseja, conccito da Mente, ¢ imagens de
coisas que imaginamos. E necessdrio também que distingam entre idcias
as palavras pelas quais significamos as coisas. Pois como muitos con-
fundem ineciramente as trés, a saber, imagens, palavras e ideias, ou nio as
Pare Ul Da Mente aan

aiscin gure © omsuficient e acurdcia ou, enfim, comsuficiente cautela, por


> ignoraran m intciramente esta doutrina sobre a vontade, a qual & ca-
talent necessirio conhecer tanto para a espe ulagio quanto para que
ae fato, aqueles que consideram que
: instituida. De
vi da seja sabiamente
a ngs €consistem em imagens em nés formadas pelo encontro dos corpos
ideias
perst adem-se de que aquelas idcias das coisas de que nao podemosfor-
mar ‘cnhuma imagem semelhante nao sio ideias, mas apenasficgdes, ques
forjam os
pelolivre arbitrio da vontade; por conseguinte, olham asideia
quails Pi incuras mudas num quadro ¢, comadosporeste preconceito, nio
é ideia, envolve afirmagio ou negagio. Por
aim que a ideia, enquanto dem
saa vez, aqueles que confun palavras com a ideia, ou com a propria
whrmagio que a ideia envolve, consideram que podem querer contra o
gue sentem, quando 0 fazem somente por palavras. Destes preconceitos,
idavia, poder’ desembaracar-se facilmente aquele que prestar atengio &
natureza do pensamento, 0 qual nao envolve de jeito nenhum 0 concei-
to de extensio, ¢ por isso entender claramente que a ideia (visto que é
modo de pensar) nao consiste nem na imagem de algumacoisa nem em
palavras; pois a esséncia das palavras ¢ das imagens ¢ constituida s6 por
movimentos corporais, que nio envolvem dejeito nenhum conceito de
pensamento. Sobre esse ponto essas recomendagées sio suficientes. Passo,
entio, as mencionadas obje¢ées.
A primeira delas é que dao comocerto que a vontadese estende para
além do intelecto ¢ porisso € diversa dele. E a razo por que consideram
que vontade se estende para além dointelecto é que, dizem, para assentir
a outras infinitas coisas que nao percebemos, experimentaram naopreci-
sar de umafaculdade de assentir, ou seja, de afirmar ¢ negar, maior do que
a.que ja temos, mas antes uma maiorfaculdade de entender. Logo, a von-
tade se distingue dointelecto porser este finito ao passo queela ¢ infinita.
Emsegundolugar, podem objetar-nos que nada mais claro parece ser
ensinado pela experiéncia do que podermos suspender nosso juizo para
nio assentirmos a coisas que percebemos; o que também ¢ confirmado
Pelo faro de que ninguém é dito enganar-se enquanto percebe algo, mas
apenas enquanto assente ou dissente. Por exemplo, quem forja um cava-
lo alado, nem por isso concede dar-se um cavalo alado, isto é, nem por
'ss0 Se engana, a menos que simultaneamente conceda dar-se um cavalo
it Da Mente 235
partt
cia nada parece ensinar mais claramente do
9 : P O " caste s 8 Car e r Pua lda
facu de
ldad ed sarsa da facul
e d de assentit livre livre ¢ diver facul-
gpdo® Fntade, 04 cia.
« .
v4 enrendetpode-se obje. tar que umaafirmagio nio parece conter
ide
de mais
ge uma outta, isto &nio parece que precisamosque
eiro do para
ais eg afirmar que é verdadciro o que é verdad
Ps verdadeir alagloidGque
ia o é falso: em contrapartida, percebemos
oeencit
Ft ena re eaidade, 00, pevgio do us our: com s u n s j e t os, canto
J e n t e s d o q u e o u t r o s i o a l g o b
ge gant mals =e
ser suas iia s do que as dos outros; também a partir
ias dover ene vontade ¢ineleto
ein tae enabcecida a diferenga liberdade
i ec, pode se objet: seo homem no epera pela como 0 asno
entio, se estiver em equilibrio
gavon tade, QUe acont ecera ,
de fome Se eu o conceder,
¢ de sede? parecerd que
a perdan? Prec erd € se
spo nao wm ome r. mas tm 2sn0 Ov 3 estétua de um homem:;tem a
ce s e dete rmin ark. a si prép rio por cons egui nte,
coe eno Afor a estas objec oes, talve x outras
i r e cece cado que quise r. rar sobre o que cada um
faculdade de a s p o r q u e n a o p r e c i s o c l u c u b
ser feitas, m
cu id ar ei de re sp on de r ap en as a es ta s,¢ isso o mais brevemen-
sonhar,
reque puder. nta deseestende paraalém
Qu an to ’ pr im ei ra , dig o que con ced e que avo
o po r in t: ‘le cto ent end ere m ape nas ide ias clar ase dis tintas;
do intelect se per cep gGes, ou seja, da fa-
ma sn eg o qu e av on ta de se es te n da par a alé m das
caldade de conceber; ¢ certamente nao v¢j 10 pora inf que faculdade de querer,
mais do que a faculdade de sentir, deva ser dit inita; pois, as (contudo
assim como
com essa faculdade de querer po demosafirmar infinitas cois sas simul-
coi:
uma depois da outra, j4 que nao podemos afirmar infinitas
senti
tancamente), assim também comessa Faculdade de sentir podemos
outro). E se disserem
on seja, perceber infinitos corpos (mas um depois do
‘ue sio dadas infinitas coisas que nao podemosperceber? Retruco que
"io podemos alcang4-las por nenhum pensamento ¢, consequentemente,
quisesse fazer que
shea faculdade de querer. Mas, dizem, se Deus
im as percebéssemos, certamente deveria dar-nos uma faculdade de
maior do que a que
Maele, sy 1, porém nio uma faculdade de querer fazer que
0 que & © mesmo que dissessem que se Deus quisesse
Parte Il DA Mente 235

essemos infinitos outros entes, seria certamente necessirio que,


o maior, mas nio
ated casesinfinitos entes, nosdesse um intelectCom
af et mais universal doente do que a que nos deu. efeito, mos-
una ye a vontade é um ente universal, ou seja, a ideia pela qual ex-
ome? © odas as voligdes singulares, isto ¢, 0 que é comum a todas clas.
porque aereditam que essa ideia comum, ou sja, universal, de to-
Jicamos
Pm, " * .

das as voligdes é umafaculdade, nao é de admirar de jeito nenhum que


digam que essa faculdadese estende aoinfinito, ulerapassando os limites
muitos
go intelecto. Com feito, o universal é dito igualmente de um, de
‘de infinitos individuos.
‘Asegunda objesio respondo negando que tenhamos livre poder para
suspender 0 juizo. Pois, quando dizemos que alguém suspende o julzo,
nada dizemos sendo que cle vé que nao percebe a coisa adequadamente.uma
Portanto, a suspensio do juizo é, na verdade, uma percepgio € nao ima-
livre vontade. Para entendé-lo claramente, concebamos uma crianga
ginando um cavalo alado ¢ nio percebendo nenhuma outra coisa. Visto
fueessa imaginagio envolve (pelo Corol. de Prop. 17 desta parte) a exis-
téncia do cavalo € que a crianga nao percebe qualquercoisa que suprima
aexisténcia do cavalo, cla necessariamente o contemplara comopresen-
te; ¢ nao poderd duvidar da existéncia dele, ainda que nao esteja certa
disso. E 0 mesmo experimentamos diariamente nos sonhos, ¢ nao creio
que haja alguém que considere ter, enquanto sonha,o livre poder para
suspender 0 juizo sobre o que sonha, fazendo que nao sonhe com 0 que
sonha ver; € no entanto acontece que também nos sonhossuspendamos
0 juizo, quando sonhamos que estamos a sonhar. Concedo, ademais, que
ninguém se engana enquantopercebe, isto é, concedoque as imaginagoes
da Mente, consideradas em si mesmas, nao envolyem nenhum erro (ver
Esc. da Prop.17 desta parte); mas nego que o homem nada afirme enquan-
to percebe. Pois o que é perceber um cavalo aladosenio afirmar asas do
cavalo? Se, com efeito, a Mente nao percebesse nada além docavalo alado,
contempli-lo-ia comopresente a si, ¢ no teria causa algumapara duvidar
desua existéncia nem faculdade algumade dissentir, a menos quea imagi-
nagiodo cavalo estivesse unida a uma ideia que suprimea existéncia dele,
ou que a Mente percebesse ser inadequada a ideia que tem docavalo alado
S-entao, ou negaria necessariamente a existéncia desse cavalo ou dela du-
Vidaria necessariamente.
Paare uw Da Menre

‘Comisso. considero ter também respondido & terceira objegio, a saber,


que? vontade seja algo universal que se predica de todas as ideias, ¢ que
significa somente 0 que € comum a todas as ideias, a saber. a afirmasio.
a m ratamente,
Por isso sua esséncia adequada, enquanto concebid assi abst
deve estar emcada ideia ¢ apenas por essa razio ser a mesma em todas;
mas ndo enquanto é considerada constituira esséncia daideia, pois, nesta
medida, as afirmagSes singulares diferem entre si tanto quanto as pré-
prias ideias. Por exemplo,a afirmagio quea ideia de circulo envolve difere
daquela que a ideia de triangulo envolve tanto quantoa ideia de circulo
difere da ideia de triingulo. Além disso, nego absolucamente precisarmos
de tanta poréncia de pensar para afirmarser verdadeiro o que € verdadeiro
quanto para afirmar ser verdadeiro 0 que ¢ falso. Pois, considerando-se a
mente, essas duas afirmagdes estao umapara a outra como o ente para o
nio-ente, visto que nas ideias nada ha de positivo que constitua a forma
da falsidade(ver Prop. 35 desta parte com seu Esc. e Esc. da Prop. 47 desta
parte). Porisso, antes de tudo, cabe aqui norar quiofacilmente nos enga-
namos quando confundimosuniversais com singulares ¢ entes de razio e
abstratos com entes reais.
Finalmente, no que concerne 3 quarta objegao, digo que concedoin-
teiramente que um homem posto emtal equilibrio (a saber, que nada per-
cebe sendo a sede ¢ a fome, tal comida ¢ tal bebida a igual distancia dele)
pereceri de fome ¢ de sede. E se me perguntam se tal homem nao ha que
ser estimado mais um asno do que um homem, digo que niosei, como
também nio sei como estimar aquele que se enforca, ¢ como estimar as
criangas, os estultos, os insanos, etc.
Resta, enfim, ndicar quanto o conhecimento dessa doutrina contribui
para 0 uso da vida, 0 que observaremos facilmente pelo que segue:
I° Enquanto ensina que agimos pelo sé comando de Deus ¢ que so-
mos participes da natureza divina, ¢ tanto mais quanto mais perfeitas sio
as agdes que efetuamos ¢ quanto mais entendemos Deus. Portanto, essa
doutrina, além de tornar 0 animo tranquilo de codas as maneiras, tam-
bém nos ensina em que consiste nossa suma felicidade, ou seja, beatitude,
Ds Mowe >
panne Of

nto de Deus, pelo qual somos indurid


1 menne aqullo (queque o 82 amor e a F pied fade aconvclham. Donde entend
gio da vite
sre 2 guano se afatam ds verdadiraagfeaprs eci summa servidio,
arquat
es
ude e das melhores
e e fo da virt por Deus com suprem COMNpEnNas, CARD 3
wer distinguidos
poris co servico a Deus naofossem a propria fe licidade ¢ a
2 propiberdade.
Jima H anco sina omo evemos proceder quanta coisas da fos
wre Enqu en c d
quan to 3s 6
se )A U clas que nao est o em noss opod er, ito €,
wtinaae, owinseguede nossa nacureza; a saber, devemos esperar « sport
smo igual a das faces da fortuna, visto que tom daquse2dacoisesassénc= i
e
omjecrero de Deus com 2 mesma sneceossigiduaadl 2 co dois retos.
oeagasegue que seusts Angulo sl
111° Essa dourrina contribui para a vida social enquanto ensine 2
ter por ninguém 6dio, desprezo, escarnio, célera ou in veja. Ademais.
seantoensi cana da um a contentar-se com 0 quc tem ¢ a ausiliar o pro-
rcialidade, nem por su-
ximo, nao por misericérdia feminina, nem porpa
ndo o que exigem o tempo
perstigao, mas pela sé condugao da razao, segu
Pr assunco, como mostrarei na Quarta Parte.
i ito para 2 socie-
IV° Finalmente, essa doutrina também contribu mu
dade comum, enquanto ensina de que maneira devemrvse r governados ¢
am se os, mas para que
conduzidos os cidadaos, a saber, para que naosej e me tinha pro-
facam livremente o que é melhor. E com isso coneluimo em
qu
nossa Segunda
posto a fazer neste Escélio ¢ com ele ponho um fi
claramente quanto
Parte, na qual considero ter explicado bastante, ¢ tieo hu
permite adificuldade do assunto, a narureza da Ment mmananc¢ suas pro-
priedades, ¢ ter trazido ensinamentos dos quais se pode co ,luir muitas
s ec er mo sera
co
coisas notdveis, extremamente tteis ¢ necessaria de conh
estabelecido, em parte, pelo que vird a seg ir.
Fim da Segunda Parte
i T ICA
Parte Terceira,

DA
Origem e Natureza dos
A F E T O §
Quase todos que escreveram sobre os Afetos ea maneira de vi.
verdos homens parecemtratar nao de coisas naturais, que seguem
leis comuns da natureza, mas de coisas que estao fora da natu-
reza. Parecem, antes, conceber 0 homem na natureza qual um
império num império. Pois creem que o homem mais perturba
do que segue a ordem da natureza, que possui poténcia absoluta
sobre suas agées, e que nao é determinado por nenhum outro que
ele proprio. Ademais, atribuem a causa da impoténcia e incons-
tancia humanas ndo 4 poténcia comum da natureza, mas a ndo
sei que vicio da natureza humana, a qual, porisso, lamentam,
ridicularizam, desprezam ou, 0 que no mais das vezes acontece,
amaldigoam; e aquele que sabe mais arguta ou eloquentemente
recriminar a impoténcia da Mente humanaé tido como Divino.
Nao faltaram, contudo, homens eminentissimos (a cujo labor ¢
indiistria confessamos dever muito) que escrevessem muitas coi-
sas brilhantes acerca da reta maneira de viver, e que dessem aos
mortais consethos cheios deprudéncia; mas ninguém que eu saiba
determinou a natureza e asforgas dos Afetos e 0 que, de sua par-
te, pode a Mente para moderd-los. E claro que sei que o celebér-
rimo Descartes, embora também tenha acreditado que a Mente
Fn
Panre Tt Dos Averos aas

sui poténcia absoluta sobre suas agées, empenhou-se, porém,


am explicar 0s Afetos humanos por suas primeiras causas ¢, si-
multancamente, em mostrar a via pela qual a Mente pode ter
império absoluto sobre os Afetos; mas, a meu parecer, ele nada
vnastrou além da agudeza de seu grande engenbo, como demons- |
rare 0 devido lugar, pois agora quero retornar aqueles quepre- }
fever a maldigoar ou ridicularizar os Afetos e ages humanos em
e de entendé-los. Estes, sem divida, hao de admirar que eu
meproponha a tratar dos vicios e inépcias dos homens d maneira
Geométrica e queira demonstrar com uma razéo certa aquilo que
reiteradamente proclamam ser contrdrio 4 razdo, vao, absurdoe
horrendo. Porém, eis minha razao: nada acontece na natureza
que possa ser atribuido a um vicio dela; pois a natureza é sem-
prea mesma, € uma sb € a mesma em toda parte ¢ sua virtude e
pottncia de agir, isto 6, as leis e regras da natureza, segundo as |
quais todas as coisas acontecem € mudam de uma forma em ou-
tra, sao em toda parte e sempre as mesmas, € portanto uma sb €
amesma deve ser também a maneira de entender a natureza de i)
qualquer coisa, a saber, por meio das leis e regras universais da
natureza. Assim, pois, os Afetos de bdio, ira, inveja, etc., conside-
rados em si mesmos, seguem da mesma necessidade ¢ virtude da
natureza que as demais coisas singulares, e admitem, portanto, |
causas certaspelas quais séo entendidos, e possuem propriedades
certas, tao dignas de nosso conhecimento quanto as propriedades
de qualquer outra coisa cuja sé contemplagao nos deleita. Tra-
tarei, pois, da natureza e dasforgas dos Afetos e da poténcia da
Mente sobre eles com 0 mesmo Método com que tratei de Deus |
da Mente nas partes precedentes e considerarei as ages ¢ apetites |
bumanos comosefosse Questao de linhas, planos ou corpos.
Parte rit Dos Aretos

DEFINIGOES
I. Denomino causa adequada aquela cujo feito pode ser
percebido clara ¢ distintamente porela mesma. E inadequada
ou parcial chamo aquela cujo feito nao pode sé por ela ser
entendido.
IL. Digo que agimos quando ocorre em nés ou fora de nds
algo de que somos causa adequada, isto é (pela Def preced.),
quando de nossa natureza segue em nés ou fora de nés algo
que podeser entendidoclara e distintamente sé por cla mes-
ma. Digo, ao contrario, que padecemos quando em nés ocorre
algo, ou de nossa natureza segue algo, de que nao somos causa
senao parcial.
III. Por Afeto entendo as afecgdes do Corpopelas quais a
poténcia de agir do proprio Corpo é aumentada ou diminui-
da, favorecida ou coibida, ¢ simultaneamenteas ideias destas
afecgoes.
‘Assim, se podemos ser causa adequada de alguma destas afecsies, entédo
por Afeto entendo aga caso contrario, paixdo.

PosTULADOS
1. O Corpo humanopode ser afetado de muitas manciras
pelas quais sua poténcia de agir é aumentada ou diminuifda,e
também de outras que nao tornam sua poténcia de agir nem
maior nem menor.
Este Postulado ou Axioma apoia-se no Postulado 1 e Lemas 5 ¢ 7, que
podem ser vistos depois da Prop. 13 daparte 2.
Il. O Corpo humano pode padecer muitas mudangas,re-
tendo, contudo, as impressdes ou vestigios dos objetos (sobre
eee

Parte Itt Dos Arrros 239

sso, ver Post. 5 da parte ) ¢, consequentemente, as mesmas


imagens das coisas; sobre cuja Def., ver Esc. Prop. 17 da parte 2.

Prorosi¢gAo I
Nossa Mente age em algumas coisas ¢ padece outras; a saber,
enquanto tem ideias adequadas, nesta medida necessariamente
age em algumas coisas, ¢ enquanto tem ideias inadequadas, nes-
ta medida necessariamente padece outras.
DEMoNsTRAGAO
As ideias de uma Mente humana qualquersio umas adequadas, outras
mutiladas ¢ confusas (pelos Esc. Prop. 40 da parte 2). E as ideias que sio
adequadas na Mente de alguém sio adequadas em Deus enquanto cons-
rirui a esséncia dessa mesma Mente (pelo Corol. Prop. 11 da parte 2), a0
passo que aquelas que sdo inadequadas na Mente sio também adequadas
‘em Deus(pelo mesmo Corol.), nao enquanto contém somente a esséncia |
daquela Mente, mas também enquanto contém em si simultaneamente as |
Mentes de outrascoisas. Ademais, de umaideia dada qualquer deveseguir |
necessariamente um efeito (pela Prop. 36 da parte 1), efeito do qual Deus i
é causa adequada(ver Def. 1 desta parte), nao enquanto infinito, mas en-
quanto é considerado aferado por aquela ideia dada (ver Prop. 9 da parte
2). Ora, deste efeito, de que Deus é causa enquanto é afetado pela ideia
que é adequada na Mente de alguém, esta mesma Mente ¢ causa adequa-
da (pelo Corol. Prop. 11 da parte 2). Logo, nossa Mente (pela Def. > desta
parte), enquanto tem ideias adequadas, necessariamente age em algumas |
coisas, o que era o primeiro. Ademais, a Mente de um tinico homem nao é
causa adequada, mas parcial (pelo mesmo Corel. da Prop. 11 da parte 2), do
que quer que necessariamente siga da ideia que € adequada em Deus nao
enquanto tem em si apenas a Mente desse homem, mas enquanto tem em ]
sias Mentes de outras coisas em simultinco com a Mente desse homem
©. por conseguinte(pela Def. > desta parte), a Mente, enquanto tem ideias
inadequadas, necessariamente padece algumas coisas. O que era o segun- |
do. Logo, nossa Mente etc. C.Q. D. i}

1
|
TY
Parte TI Dos Arnros aan

Corordnio
pai segue que a Mente est submetida a tanto mais paixées qu nto.
nas tem ideias inadequadas ¢, a0 contrario, tanto mais age quanto mais
rem ideias adequadas.
p osi ¢gAo
P r o r II
Nem o Corpo pode determinar a Mente a pensar, nem a Men-
tepode determinaro Corpo ao movimento, ao repouso ou a algu-
ma outra coisa (se isso existe).
DEMONSTRAGAO y
Todosos modosde pensar tém comocausa Deus enquanto é coisa pen-
sante, endo enquanto é explicado poroutro atributo (pela Prop. 6 da parte
2); logo, o que determina a Mente a pensar é um mododepensar, ¢ nao da
Extensio, isto ¢ (pela Def. 1 da parte 2), nao é Corpo. O que era p
ro. Em seguida, o movimento¢ o repouso do Corpo devem originar-se de
outro corpo, que também foi determinado por outro ao movimento ou
20 repouso ¢, absolutamente, o que quer que se origine de um corpo deve
originar-se de Deus enquanto considerado afetado por um modo da Ex-
tensio, ¢ nao enquanto consideradoafetado por um modode pensar(pela
mesma Prop. 6 daparte 2), isto é, nao podeoriginar-se da Mente, que é um
modo de pensar (pela Prop. 11 da parte 2). O que era o segundo. Logo,
nem o Corpo pode determinar a Mente etc. C. Q. D.
Escouio
Isto é mais claramente entendido pelo que foi dito no Escélio da
Proposigao 7 da parte 2, a saber, que a Mente € o Corpo séo umasé €
a mesma coisa que é concebida ora sob 0 atributo do Pensamento,ora
sob o da Extensio. Donde ocorre que a ordem, ou seja, a concatena-
sfodas coisas seja uma s6, quer a natureza seja concebida sob um quer
sob 0 outro atributo, ¢ que, consequentemente, a ordem das agées ¢
paixdes de nosso Corpo scja, por natureza, simultanea com a ordem
das agées € paixdes da Mente. O que também patente pela manci-
ta como demonstramos a Proposigao 12 da parte 2. Ora, embora estas
coisas se deem de tal mancira que nao resta nenhumarazio de duvidar,
contudo nao creio, se nio comprovar pela experiéncia, que eu possa
Parte lit Dos Arrros 243

ns a sopesi-las de Animo imparcial, tio persuadidos ¢s


njeth gue © Corpo S6 Move ox repousa pelo sé comando da Mente
ci Monisimas coisas que dependem da s6 vontade da Mente ¢ da arte
Bs Rrogitar. Com cfeito, ninguém até aqui determinou © que o Corpo
neo €, a ninguém até aqui a experiéncia ensinow o que o Corpo pode
farer 3 pelas leis da natureza enquanto considerada apenas corpérea, ¢ 0
aqui ninguém
ge nio pode fazer sendo determinado pela Mente. Pois até
explicar
sabeeet a estrutura do Corpo tio acuradamente que pudesse
vedas suas fanges, pata nio mencionar o fato de que nos Animais sio
Secrvadas muitas coisas que de longe superam a sagacidade humana, ¢
queos sonambulos fazem nosono muitissimas coisas que nao ousariam na
‘iglia:o que mostra suficientemente que o préprio Corpo, s6 pelasleis de
sea naturez2, pode fazer muitas coisas que deixam sua Mente admirada.
‘Ademais, ninguém sabe de que maneira ¢ por quais meios a Mente move
0 corpo, hem quantos graus de movimento pode atribuir ao corpo, nem
com que rapidez pode mové-lo. Donde segue que quando os homens di-
zem que esta ou aquela ago se origina da Mente, a qual tem império sobre
© Corpo, nao sabem o que dizem, e nada outro fazem senao confessar, por
belas palavras, que ignoram a causa daquela agio sem admirar-se disso.
Ora, dirao que, quer saibam quer nao saibam por quais meios a Mente
move o Corpo, contudo experimentam que o Corposeria inerte caso a
Mentenao fosse apta a excogitar. Em seguida, dirao que experimentam
estar no sé poder da Mentetanto falar quanto calar ¢ muitas outras coisas
que por isso creem depender do decreto da Mente. Todavia, quanto ao
primeiro, pergunto-lhes se a experiéncia também nao ensina que,inver-
samente, se o Corpofosse inerte, a Mente seria simultaneamente inepta
Parapensar. Pois, quando o Corporepousa no sono, a Mente permanece
adormecida junto com ele ¢ nao tem o poderde excogitar, comonavigilia.
Em seguida, creio que todos experimentaram que a Mente nio é sempre
igualmente apta a pensar sobre o mesmoobjeto; porém, conforme o Cor-
Po é mais apto para que nele se excite a imagem deste ou daquele objeto,
assim a Mente ser4 mais apta a contemplar um ou outro. Ora, diréo que
+6 das leis da natureza enquanto considerada apenas corpérea nao podem
set deduzidas as causas dos edificios, pinturas ¢ outras coisas deste tipo,
pante ttl Dos Artros

fazem somente pela arte humana, © que o Corpo humano , se


ce de ed-
2 p a o cdadcone,durjd ido pelia Mente, nio sera capaz pode
ple bas ane Na ver mostre que eles nio sabem o que
femaue pode ser deduzido da s6 contemplagio de sua nacureza,
° Corp?xperim4 e! nam ocorrers6 pelas leis da natureza muitissimas coisas
que PCEria m acreditado poder ocorrer senaopela diregio da Mente,
J ais ce em ossonambulos durante 0 sono € que osdei-
pei sio aquelas que faz pré pri a est rut ura do Corpo
rad os na vgi ia. Acr esc ent o aqu i a
am °Sia. que de muito Tonge supera em artificio tudo o que ¢ fabricado
human
arte humana, para néo mencionar, como mostrei acima, que da natu-
i a considerada sob4 alqueratnrib uto seguem infinitas coisas.
sak disso, quanto20 segu do, as coisas humanas dar-se-iam muito
sun finmente senoshomens estivesse igualmente 0 podici er tanto de calar
Manto de falar. Ora, a experiéncia ensina mais que suf entemente que
Srpmens nada tém menos em seu poder do que lingua, e ue nada po-
e que a maioria creia
dem menos do que moderarseus apetites; daf decorr
gue fizemos livemente apenas o que apetecemosdeleéri v,jd que 0 aperite
destas c* ‘isas pode ser facilmente dim
inuido pela mem a de outra coisa
gocfiequentementerecordamos; mas de jeito nenhum cré que fazemos li-
sementeaquilo que apetecemos com um grande afeto ¢ que néopode ser
sealmado pela meméria de outra coisa. A bem da verdade, se nao rivessem
experimentado que fazemos muias coisas das quais depois nos arrepen-
demos, e que frequentemente, 20 nos defrontarmos com afetos contritios,
vemos o melhor e seguimos pior, nada os impediria de crer que tudo fa-
zemoslivremente. Assim o bebé cré apetecer livrementeo leite, o menino
irtitado, querer vinganga, ¢ 0 medroso,a fuga. Por sua vez, o embriagado
‘xé que fala porlivre decreto da Mente aquilo que depois de sébrio pre-
feriria ter calado; assim o delirante, a tagarela, o menino ¢ muitos outros
de mesma farinha creem que falam porlivre decreto da Mente, quando na
verdade nio podem conter o impeto que tém defalar, detal maneira que
4 propria experiéncia, nao menosclaramente do quea razao, ensina que
oshomens creem-se livres s6 por causadisto: sto conscios de suas agdes €
‘gnorantes das causaspelas quais sio determinados; ¢, além disso, ensina
‘we0sdecretos da Mente nao séo nada outro que os préprios apetites, os
fae- isso, sio varidveis de acordo com a varidvel disposigao do Corpo.
um modera tudoporseu afeto, ¢ aqueles que se defrontam com
pane ttl Dos Arnros “47

jo sabem 0que querem, 40passe que os que nio am


5°am coneranséoimpe Jidos para um lado ou outro pelo menor impulso.
ooBg, eadoi8S0 mostra com clareza que tanto 0 decreto da Mente
i divs ci Ta decerminasio do Corpo sio simultineos por nature-
god
oe thoruma s6 € a mesma coisa que, quandoconsiderada sob 0
aooa men to ¢ por ele explicada, denominamos decreto , quando
scoPe ns
ada sobo acribut 0 Extensio ¢ deduzida das leis do movimento €
eeadsuso, ch: amos determinagao; 0 que serpatente de manecira ain- \|
2 2 partir do que se vai dizer. Pois ha outra coisa que eu aq
clara
gi i, de observar antes de tudo: nada podemos fazer por decreto da |
damos. P. ex. nao podemos falar uma palavra se nao
‘Meare r$d6amos “ademais, néo esté nolivre poder da Mente lembrar-se ou
40 0 recor

reco Portanto cré-se estar no poder da Mente apenas


erse dew ma coisa. ou calar sobre a coisa que |
sea: podemos, PelO 56 decreto da Mente,osfalar |
ieecorno s.s. En te etanto, quando sonham falar, cremos fazé-lo porlivre
damo imen-
wt Mene,econtudo nto flamos, ou,se falamos, pelaoso mov
ep oi ne ® do Cor po. Tam bém son hamos ocultar algo homens, ¢
2 decreto da Mente pelo qual, na vigilia, calamos sobre 0
isso pelo mesmo
que abemo .s. Enfim, sonhamosfa¢ zer por decreto da Mente algumascoi-
por isso eu bem gostaria de saber se na
sas que ndo ousamos Na vigilia,
Mente dio-se dois géneros de decretos, os Fantéisticos ¢ os Livres. Porque |
vendo queremos enlouquecer a este ponto, cumpre necessariamente con-
|
ceder que este decreto da Mente tido porlivre naose distingue da propria
imaginagio, ou seja, da meméria, ¢ néoé nada além daquela afirmagio |
quea ideia, enquanto ¢ ideia, necessariamente envolve (ver Prop. 49 da
partex).E, por conseguinte, estes decretos da Mente se originam nela com
‘a mesma necessidade que as ideias das coisas existentes em ato. Porisso
agueles que creem que falam, ou calam, ou fazem 0 que quer que seja, por
livre decreto da Mente, sonham de olhos abertos.

Prorosrg¢gAo III
; As agoes da Mente se originam apenas das ideias adequadas;
Shas paixées dependem apenas das inadequadas. |
polit ‘ dos Areros
pan
pene pwsiaST RAGAO
esséncia da Mente é nada outroque a
mm aco (pelas Prop. 1 ©outras,
cexistente) é compost
13 da parte 2), ideia que
das quais algumas
a de muitas
1s hey ppante 3)3}. sto adequadas ¢ algumas inadequadas
Logo. tudo que segue da natureza da
paGqusa proxima pela qual deve ser entendido,
ye a Mente ®t" amaideia adequada ou inadequada. Ora,
.i ss Prop. 1 desta parte) com asta,
em ideias inadequa das, nesta
Ment one adeces portanco as agdes da Mente seguem ape-
e Pe por sso a Mente padece apenes porque tm
esat
pci ad
EscoLroe
ss pai xoe s ni o si o referidatos Menteerse ndo enquanto
aoim vemos as3P'go, ou soja, enquan consid ada como parte
o que emvONe Me ser clara distintamente percebida por si sem
po
-
st 2aassimquima
e
yN40
poderia mostrar que as paixes sio referidaperce s &scoisas

ootie gena maneira que A Mente, ¢ no podem ser
sow bidas
sieges ence: mas meu intuito tratar da sé Mente humana.
‘leenterentet
propositgAo IV
Nenbuma coisa pode ser destruida sendo por uma causa ex-
sera.
DEMONSTRAGAO
Esta Proposigao ¢ patente por si; com efeito, a definigao de uma coisa
qualquer afirma, e nao nega, a esséncia da prépria coisa; ou seja, poe, ¢ nio
tin, essencia da coisa, E assim, enquanto prestamos atengio 4 propria
«oi, ndo a causas externas, nada nela poderemosencontrar que possa
dearu-la.C. QD.

ProrposigAo V
eCoisas"sas séo
saz de natureza contrari
Fico
a, isto é, .
nao podem estar no
me it a
Yeito, enquanto uma pode destruir a outra.
Dos Arrros asi
paate ait
peMonsTRAGAO
sides sem con avie entre si, owestar simultaneamente no
e h pe
ot He cont
i dar-se no mesmosujeito algo que poderia
s e PO P eced. ) éabs urdo, Logo, coisas ete. C. QD.
go ot ?-
a
prorosigko VI
quanto estd em suasforcas™, esforga-separa per-
jst 0
DEMONSTRAGAO
ares sso mod os pelo s quai s 0s atributos de Deus se ex:
s singuist
asc‘deo man e ver ta ¢ det erm ina da (pe lo Cor el. da Prop. 25 da parte
wo exprimem de maneira certa; €
Prop. 34 da parte 1), coisas queDeus é ¢ age; e nenhuma coisa |
eet rentncia de Deus, pela qual
poerina
pelo qual possa ser destru ida, opde-se
ou seja, que Ihe tire a exis-
(pela Prop. preced.)
else cee. 'q desta parte); contririo,
oe ode rare aexisténcia,e por iso, 0 quanto pode ¢esté em |
" Sonus eforc-se para perseverar em seu ser. C: Q, D.
e |
a |
|
ProposigAo VII |

csopelo qualcada coisa se esforga paraperseverar em seu |


unio énada além da esséncia atual da prépria coisa. | |
DEMONSTRAGAO |
Dacsséncia dada de umacoisa qualquer seguem necessariamente [efei- |
+0(ple Prop. 36 daparte 1); € as coisas nao podemnadaoutro a nao sero
‘pesegue necessariamente de sua natureza determinada(pela Prop. 29 da
= ‘ isso, a poténcia de umacoisa qualquer, ouseja, 0 esforgo pelo |
orss ou com outras, ela faz [age] ou esforga-se para fazer algo,
p> . 6 desta parte), a poréncia, ou seja, 0 esforgo pelo qualse |
cing Patt Pet¥everar em seu ser, nio é nada além da esséncia dada da
"Ou seja, sua esséncia atual. C.Q.D.
Dos Areros
partt il
gorosigko VIII
P
seu
wal C a coisa se esforga para perseverar em
n
yal ca da
w DEMONS
elo 4
f e e e tempo finito
T R A KO
mas
,G indefinido.

ya volvesse rempo limitado, que determinasse a duragio


cite1, cn
se poréncia pela qual a coisa existe seguiria que a coisa
entdo as daquele vempo limi tado, mas deveria ser des-
pots existe depois eka
pales Oa Prop. + desta parte) & absurdos logo, 0 sforgo pelo ey
al jst
; of st ¢ nio nvolve nenhum tempo P definido;¢: sim 0 contririo,
aconHT pa desta parte), se nao for destruid a por uma causa
oe0s mg gempre no existir pela mesma poténcia pela qual ago-
g yes e F 2 ce

gscPI forso envolve tempo indefinido. C. Q. D.

proposi¢gAo IX
s como
4 Mente, tanto enquanto tem ideias claras e distinta
ser
uanto as tem confusas, esforga-se para perseverar em seu
cia deste seu esforco.
p uma duragao indefinida e é céns
DeMonsTRAGAO
‘Aeséncia da Mente é constituida por ideias adequadas ¢ inadequadas
(ome mosramos na Prop. 3 desta parte), por isso (pela Prop. 7 desta par-
tdvantoenquanto tem umas como enquanto tem outras, esforga-se para
pereverar em seu ser; ¢ isto (pela Prop. & desta parte) por uma duragio
indefinida. Mas como(pela Prop. 23 da parte 2) pelas ideias das afeccoes
doCorpoa Menteé necessariamente cnscia de si, logo (pela Prop. 7 desta
parte), a Mente é cénscia de seu esforgo. C. Q. D.
Esco.uio
Exe esforgo, quando referido a sé Mente, chama-se Vonta-
"mas quando & referido simultaneamente & Mente ¢ 20 Corpo
aoe que portanto nao € nada outro que a prépria es-
esnae mem de cuja narureza necessariamente segue aqui-
sua conservagio; € por isso 0 homem € determinado a
Dos Arrros 255
re i l
paw
c r i t e € d e s e j o nio hd nenhuma diferenga se-
‘entreap
seg ecalmente FCI ferido aos hom ens enquantosao cénscios
1pPixel CBee, podeser assim definido: 0 Desejo ¢ 0 apetite quan-
000€ por 8 0 PT,eudo isso, constata-se entio que nao noscs-
mn a conscience
“a 0s,
jetecemoss nem desejamos nada porque o julgamos
weremoss sigamos que algo € bom porque nos esforsamos por
oj?
a ioNecemos 6 dessja0
we mos
proposi¢ghko X
vec excl a existencia de nosso Corpo nao pode
ua ideia 9
— nossa Mente, é contréria a ela.
mas
wr DemonsTRAGKO
ve pos sa des eraie nosso Co rpo nfo pode dar-senele (pela
ge geaPor isso a idcia desta coisa também nao pode dar-se
pop spartO
s des(pel P ideia de nossoteCorpaoide (pelo Corel. da Prop. 9 da
a De e ‘Prop. 11 ¢ 13 da par 2), ia desta coisa ndo pode
pate) 0 (recmnas, 20 contrario,j4 que (pent la Prop. 11 ¢13 da par-
po
rimeiramente constitui a esséncia da Me e éa ideia do cor
11) 0que Pre ae primeiro e principal no esforgo de nossa Mente
ciseo7 e parte) éafirmar a existéncia de nosso Co: rpo; ¢ por isso
wrque nega a existéncia de nosso Corpo é contréria a nossa Mente
eC-QD.

Proposigdo XI
Oquequer que aumente ou diminua,favoreca ou coiba a po-
tinca deagir de nosso Corpo, a ideia desta mesma coisa aumen-
ismdiminui, favorece ou cotbe a poténcia de pensar de nossa
Mente,
ks DemonsTRAGio
rater iso € patente pela Proposicao 7 da parte 2, ou também
esigio 14 da parte 2.
Escouto
Vines,
" igo asia ms 2, Mente pode padecer grandes mudangas ¢ pas-
Perfeisio maior, seja a uma menor, ¢ certamen-
pant ui Dos Aruros 2 $7

‘-eaplicamos aferos de Alegria e Tristeza. Assim, por


jxoes 00rel rfequéncia 4 paixdo pela qual a Mente passa a uma
go ende
‘ie
e por Tristeza: apaixao pela qual ela passaa umamenorper-
” io de Alegria simultancamente relacionado & Mente
we pms sua vez, Dor
Caricia OW Hilaridade; 0 de Tristeza, por
cumpre notar que a Caricia ea Dorsioreferidas
1.ua Coma das partes dele € aferada mais do que as oueras;
¢a Melancolia, quando todas as partes sio igualmente afe-
dade oque seit Desejo, expliquei no Escélio da Proposigao,
mais. nh eso nenhum outro afeto primério além destes
. pie arte, € si0 re co + _
que os restantes se originam deles. Mas,
oa most rei na sequéncia ; ; longam ente a Proposi i
cio
P in, gostaria de explicar mais
para que se entenda com mais clareza de que mancira uma
dei
NoEscélio da
nv essénci egncia da Mente envolve 2 existéncia domCorp o enquanto
consti 9 Corpo existe. Em seguida, do que mostra os no Corol. da
{goamdiv)
pop. 8daparte 2e.em seu Escélio segue que
a existéncia presente de nos-
viene depende somente disto: a Mente envolve a existéncia atual do
a
perio Corpo. Po fim mostramos(ver proposigdo 17 € 18 da parte 2 com
gs Excilio) que a poréncia da Mente pela qualimagina ¢ recorda as coisas
e
mbém dependedisto: cla envolve a existéncia atual do Corpo. Daf segu
ceeacsisténcia presente da Mente ¢ sua poténcia de imaginar sio supri-
nidasasim que a Mente deixa de afirmara existéncia presente do Corpo.
Ora, causa por que a Mente deixa de afirmaresta existéncia do Corpo
sio pode ser a propria Mente (pela Prop. 4 desta parte), nem tampouco
peo Corpo tenha deixado deser. Pois (pela Prop. 6 da parte 2) a causa
par que a Mente afirmaa existéncia do Corpo nio ¢ que 0 Corpo tenha
comegado a existir; por isso, pela mesma razdo, nao deixa de afirmar a
stisénia do Corpo porque 0 Corpo tenha deixadode sers masisto (pela
ee seorigina de outra ideia, que excluia existéncia presen-
tens at: consequentemente, de moss Mente € que portanto
que constitui a esséncia de nossa Mente.
Dos Areros 239
paste uit
prorosigko XI
as que
0 quaqua nto pode, esfora-se para imaginarcois
Corpo.
4 Mentou favore ce em a poténcia de agir do
“am DEMONSTRAGAO

ment
amdi u] 0 Corp o humano for aferado de uma mancira
yanco [44 za de um corpo externo, Mente humana contempla-
nacor
Ps e acorp
e o como presente (pela Prop. 17 da parte 2) ¢, consequen-
}
nome n0(pla Prop. 7pate 2), enquanto [quamdiu] aMente humana
emente Jam corp o externo Como presente, isto ¢ (pelo Escélio da mesma
lav ), |
17)» oi ma gi na, 0 Corpo humano é afetadode uma maneira que
nigh
cured ‘d o m e s m o co rp o e x t e r n o; logo, enquanto ({ quamdiu a
eS
covore 2 na coisas que aumentam ou favorecem a poténcia de agir de
i corpo é afetado de manciras que aumentam ou favorecem
Mente imagi!
1030oe agic (ver Post. 1 desta parte) e, consequentemente(pela
10 pote parte), a poréncia de pensar da Mente é aumentada ou fa-
Gon 9 deta parte) a Mente, o quanto pode,
Pe pris (pela Prop.coisas
cel para imaginar tais . C. Q. D.

ProrposigAo XIII
Quando a Mente imagina coisas que diminuem ou cotbem a
potincia de agir do Corpo, esforga-se, 0 quanto pode, para recor-
der coisas que excluem a existéncia daquelas. |
DEMONSTRAGAO
Enquanto [quamdiu] a Mente imagina algo assim, a poténcia da Men-
tee do Corpo é diminuida ou coibida (como demonstramos na Prop. pre-
ed), € no entanto, até que imagine algo outro que exclua a existéncia
ose continuard a fmiagini-lo (pela Prop. 17 da parte x), isto é
apence mostramos),a poténcia da Mente ¢ do Corpo continuard
mare a coibida até que a Mente imagine algo outro que exclua
ieeesa lo, porisso a Mente(pela Prop. 9 desta parte), 0 quanto
Para imaginar e recordar este outro. C.Q. D.
ii Dos Arnros 26
parte
COROLARIO
as que di inuemou
jea Mente aversio a imaginar cois
veg" dela €- do Corpo.
paisBrencia
sie ape EscoLio
‘ s t l a c a r mente entendemos 0 que sejam o Amor ¢ 0 Odio.
cir mor énada ‘outro que 4 Alegria conjuntamente é ideia de causa
d i
apaiTg "Odio € 02 da outro que @ Tristeza conjuntamente a ideia de
asideso
Fn 568 segul da, vemosque aquele que ama esforga-se necessa-,
setts een. Em
300ait742 q ama; ¢, inversame¢ nte
conservar a coisa que
pres ‘entsee €para
cmeatao Feca afastare destruir a coisa de que tem dio.
soe ao f remos mais largamente na sequéncia,
Sisdisto®
prorosigAo XIV
por dois afe-
Mentefoi uma vez afetada simultaneamente o
ve ade dep ois for afe tada por um deles o serd também pel
105
7
outro.
DEMONSTRAGAO
o foi uma vez afetado simultaneamente por dois
d oe a Mente imaginar um deles, de imeddes
os, quaner
corpSol iato Se recor.
imaginag da Mente
capes Mero (pela Prop. 18 da parte 2). Ora, asa naru
nosso Corpo do que
ase mais os afetos doProp.1 reza dos corpos ex:
inlet (pelo Coro. 2 da 6 da parte 2); portanto, se o Corpo ¢, por
ta-
tonseguince, ‘a Mente (ver Def: 3 desta parte) foi uma vez afetada simul
conse por dois afeto s, quando depois for aferada por um deles 0 sera
C. QD.
também pelo outro,

Prorposi¢gAéo XV
Qualquer coisa pode ser, por acidente, causa de Alegria, Tris-
texa ou Desejo.
DEMONSTRAGAO
Suponha-se a Mente afetada simultaneamente por dois afe-
o um que no aumenta nem diminui sua poténcia de agir ¢ ou-
opie % aumenta ou a diminui (ver Post. 1 desta parte). Pela
© betsprecedente, € patente que quando depois a Men-
4, como por sua yerdadeira causa, por aquele que
Dos Arnros 265
paat® ut
gina oth e aum enc s nem diminul a poténela de pensar
2) poe da pelo outro, que the aumenta ou diminui a po
nrc sere A (pelo Ese. da Prop. 11 desta parte), sera aferada de
ne yela coisa, naoporsi, mas por acidente,
pela mesma via pode-se facilmente

” aot Fo ROLARIO
Cor
« con rem pla do uma cois a com um afeto de Alegria ou
mo
Saque ea PoP a naoé causa eficiente, podemos amé-la ou odia-

DEMONSTRAGKO
parte) que a Men-
edestefato decorre(pela Prop. 14 desta eto
Poison ois tal coisa, sera afetada por umaf de Alegria ou
= eae? "Exc. da Prop. 1 desta parte), decorre que a poténcia da
eecome seri aumentada ou diminuida etc. E, por conseguinte
Neat oe Jota parte), a Mente desejard imaginé-la ou (pelo Corol. da
1 a rt) aisso werk aversio, isto & (pelo Esc da Prop. v3 desta
13 destpa D.
al ‘la aamard ou a odiaré. C. Q
EscoLro
Daientendemos comopode ocorrer que amemos ou odiemos algumas
coisas sem nenhuma causa que nos seja conhecida, mas apenas por Simpa-
tia (como dizem) ¢ Antipatia. E a isto cabe referir também aqueles objetos
que nosafetam de Alegria ou Tristeza s6 por terem algo semelhante aos
chjetos que coscumam afetar-nos com aqueles afetos, como mostrarei na
Proposigio seguinte. Bem sei que os Autores que primeiro introduziram,
«tes nomes, Simparia ¢ Antipatia, quiseram significar comcles certas
ualidades oculeas das coisas, contudocreio ser-nos licito entender por
‘sisnomes também qualidades conhecidas ou manifestas.

Prorposigéo XVI
56 imacis
a 27 imaginarmos que uma coisa tem algo semelhante
0 objet ; ou Tristeza,
160 que costuma afetar a Mente de Alegria zs
wit Dos Arrros 205

que se ass eme lha mn do seja a causa eficiente


i oem qi ‘amaremos ou odiaremos.
el? ye icontudo &
aot See NsTRAGAO
néso haviamos conter fino pe
n afero de Ale
rte), quando a Mente for afetada peladestes ima-
oP i a c a m e n t Nerd rambém aferada por umou outrolhanga
ey n t e , 2 co is a qu e pe rc eb emos ter esta seme
pai l s e m c e m e
) r ac id en te ca us a de Al eg ri a o w T r i sta:
a te po
ea Prence p(paeir cprol. preced.), ainda que aquiloem qucon e a coisa
ae
ege os, tudo a
et o N i O S€ ] ja a cau sa cfic ient e dest es afet
cP emelha 20 ‘ovdbjiaremos. C. QD.
ys 00 8 O

prorosigho XVII
n a m o s J u m a co is a qu e co st uma nos afetar com um
seimag i an te a um a outra que costuma
se me lh
de Tris te za te
ig
m
ua
al
lm
go
en te in te ns o af et o de Al eg ri a, nés a
sostafeeTie :
simultaneamente,
ediaremos ¢ 4 amaremos
DEMONSTRAGAS
Hip éte se) , est a coi sa & por si cau sa de Tri steza ¢ (pelo
om feito (pora pare), enquanto com este afevo a imaginamos, nés a
se op. 13 det que cla re m algo semelhante
dis so, en qu an to im ag in am os
re afem stumanos al fetar com um igualmente intenso afeto de
‘roma oucra que co os om um igualmente intenso impulso de Alegria
Agi, nds a amarem c os simultaneamen-
(pe Prop. preced.); ¢ por isso a odiaremos a amarem
eCQD.
Esco1i0
afetos con-
Esta constituigéo da Mente, a saber, a que se origina de dois
seguinte, esté para
tnrios, échamadaflutuagéo do énimo, a qual, por ocon(ver
ofeto assim como a diivida esta para a imaginaga Esc. Prop. 44 da
sianaoser
parte 2); €a flutuagio do animo ¢ a diivida nao diferem entre
m e ° in cM as cab e not ar que , na Pro pos icé o precedente,
o io causa de um afeto
Sere dnlalas de causas que, por sis mais facilmente de-
im podiam
Efetatene do outro;istofiz porque assue queas flutuagdes do animo
precedentes, ¢ néo porque neg
Dos Avuros Pr
pant i
vezes de umobjeto que seja causa eficiente de
& composto
asYo humano (pelo Post. 1 da parte 2)o Ax,
fos. Pois © COPYycezadiversa, € assim(pel 1 apés 0
os ado de muirissi-
individu’ip. 1 da parte 2) pode ser afet
um 4 8 EST O COM -versa: porque
pa
arjaa pode ser aferada de mu as manciras, entioela
scar de muitas € divers
rsas maneiras umasé © a
si affeet ie disso podemosfacilmente onceber que
ner corpo PI ce causa de miltiplos e contrarios afetos,
objero POY

prorosigdo XVIII
vn apa rti r da imagem de um. a coisa-ste passada ou ftu-:
o me sm a afet od e Ale gri a ou Tri za que a par tir
0
bomel
a dafeta
cae

uma coisapresente.
jaimage™ de
DEMONSTRAGAO
imagem de alguma
{quamdiu] o homem for afetado pelanao Prop.
ance [aa coisa como presente, ainda que exista (pelraa sena
ou futu
«vbacomemP7 Corol.), € nao a imagina como passada sad o
vdpartoS magem esti unida A imagem do tempopas o ou futuro
aanTrop. 44 da parte 2). Por isso, a imagem da coisa, em si 36r
(erHeada, é mesma, quet referida 20 tempo futuro ou passado, que
a constituicio do
comennte, ito (pelo Coro. » da Prop. x6 da parte 2),uma
Grpe ov 0 afeto, € a mesma, quer a imagem seja de o decois a passada
crue, quer de uma coisa presente; ¢ por isso o afet Aleg ria e de
Tistera € 0 mesmo, quer a imagem seja de umacoisa passada ou Futura,
quer de umacoisa presente. C. Q. D.
Escorio 1
Chamo aqui a coisa de passada ou futura enquantoporela fomos ou
seremosafetados. P. ex., enquanto a vimos ou veremos, nos revigorou ou
‘evigorard, nos lesou ou lesard, etc. Comefeito, enquanto assim a imagina-
‘nos, nesta medida afirmamos sua existéncia, isto é, 0 Corpo nao é afetado
ree que suprima a existéncia da coisa; € por isso (pela Prop.
Meieiielaenl as afetado pela imagem desta coisa da mesma manci-
Domisdar Propels coisa se achasse presente. Mas na verdade, porque
Wem engeangis O€0HTE que aquelesexperimentados em muitascoisas flu-
to [quamdiu] contemplam a coisa como futura ou passada,
Dos Areros 209
pa gee TS
dela (ver Ese. da Prop. 44 da parte 2), dai
qcorrenciagin
+ ori am de semelhantes imagens das coisas
nscant es, MAS, a 0 contrario, sio no mais das vezes pertur-
qutras até que os homensestejam mais certos da
Eseori0 IT
am foi dito, entendemos o que sio Esperanga, Medo, Se-
issim fot EHFOs
i aivvro,
4, Desest Gozo € Remorso. Pois
=
a
-
Esperanga €

nada outro que
reve originada da imagemde umacoisa futura ou passada,
ridamos. O Medo,a0 contririo, € a Tristeza incons-
ie ida da imagemde umacoisa duvidosa. Além disso, caso a dii-
vpri mida dessesafetos, da Esperanga faz-se a Seguranga, © do
is PS
9 Desesperos a saber, a Alegria% ou a Tristeza originadas da image
m
edo icg que temiamos ov esperdévamos. O Gozo, ademas, & a Alegria
guns
jn vr da imagem de uma : coisa passada, de cuja ocorréncia duvidéra-
seas, 0 REMOTSO. cenfim,é a tristeza oposta aogozo.

ProrosigAo XIX
Quem imagina que aquilo a que ama é destrutdo,se entriste-
cai; porém se alegrard se imagina que aquilo é conservado.
DEMONSTRAGAO
AMente, 0 quanto pode, esforga-se para imaginar 0 que aumenta ou
finorece a poténcia de agir do Corpo (pela Prop. 12 desta parte), isto é
(pele Ese. da Prop. 13 desta parte), 0 que cla ama. Porém a imaginagao é
fivorecida pelo que poe a existéncia da coisa ¢, ao contririo, é coibidapelo
qeeercluia existéncia da coisa (pela Prop. 17 da parte 2); logo, as imagens
“ coisas que péem a existéncia da coisa amada favorecem 0 esforgo da
oP Pelo qual ela se esforga para imaginar a coisa amada, isto é (pelo Esc.
om i desta parte), afetam de Alegria a Mente; € as que, a0 contritio,
voce da coisa amadacoibem o mesmo esforgo da Mente,
ge a Esc.), afetam a Mentede Tristeza. E assim, quem imagi-
4 que ama é destruido, se entristecerd, etc. C.Q. D.
pos Arrros 271
pant mi
prorostGho XX

eaquilo aque odeia é destrutdo,se alegrard.


-magina 1
gueis DEMONSTRAGAO
prop. 15 desta parte) se esforsa para imaginar 0 que&
(pela aeerolsas pelas quais a poténcia de agir do Corpo
cia (pelo Ese. da mesma Prop.),
esforga-se para
da Mi pi ncia daias coisas que cla odeia; © por isso a
ida, isto €
se
pe excel ia existenc daquilo que a Mente odeia favore-
«oeisto € (pelo Esc. da Prop. 1x desta parte), afeta de
forgo 2 Men Tem imagina que aquiloa que odcia é deseruido,

proposigdéo XXI
Alegria ou Tris-
Quem imagina aquilo aque ama afetde de
também de Alegria ou Tristeza sera afetado; e cada um
onforme cada um
De afetos seré maior ou menor = amantec
ada.
sgja maior oH menor na coisa am
DEMONSTRAGAO
que
Asimagens das coisas (como demonstramos na Prop. 19 desta parte)qua
lo l
poemacxisténcia da coisa amada favorecem esforgo da Mentepe
a poe a existéncia
vse esforga para imaginar a coisa amada. Mas a Alegri esta
dzcoisa alegre, ¢ tanto mais quanto maioré 0 afeto de Alegria,pois
<lpelo Esc da Prop. 11 destaparte) passagem a uma maior perfeigao: logo,
simagem de Alegria da coisa amada favorece no amante 0 esforgo de sua
Mente,isto-& (pelo Esc. da Prop. 11 desta parte), afeta o amantede Aleg
cesta é tanto maior quanto maior tenhasidoeste afeto na coisa amada.
O que era © primeiro. Depois, enquanto umacoisa ¢ afetada de alguma
Tristeza, nesta medida é destrufda, e tanto mais quanto de maior Tristeza
taletada (pelo mesmo Esc. da Prop. 11 desta parte); porisso (pela Prop. 19
me, quem imagina que aquilo a que ama é afetado de Tristeza,
wae aferado: de Tristeza, ¢ esta ¢ tanto maior quanto maior tenha
to na coisa amada. C. Q. D.
Dos Arntos 273

ostgAo XXII
pror ama-
gue aluém afeta de Alegria a coisa quen
jnamos 3 fo a-
fetados de Amor a ele. Se, ao contrdrio, imagin
re iS fete de Tristez
as a, invers
svers amente tambémseremos
wt we dte a afel4
eecontra ele.2
“ ze Odio
eee DEMONSTRAGAO
coi sa que ama mos de Alegria ou Tristeza, também nos
em 28 ee risteza,decerto se imaginamos a coisa amada afetada
e081ogra ow TH ceza (pela Prop. preced.). Porém supée-se que esta
de tq ris tez a em ns dada conjuntamentea c ideia de causa externa;
Ae da Prop. 13 desta parte), se imaginamos alguém aferar de
loge Est eza @ coisa que amamos, seremos afctados de Amor ou
cloPou Trist
oaioae Je C-Q D-
ria
Ae
Escouio

sigio 21 nos expli ca 0 que seja Comiserardo, a qual podemos


A Prope: do dano a outro. Jé quanto 20
nada
defini como ‘endo a Tristezaiaorigi ignoro.
some pelo 404 alchamar a Alegr que se origina do bem dooutro, o c,
son soo Anor por aqucle quefez bem ao outro chamaremos Apref Enfim,
sei eitio, 0 Odio por aquele que fez mal ao outro, Indignagéo.
amamos(como
cabe notar que no nos comiseramos apenasda coisa que
cvenimes na Prop. 21 desta parte), mas também daquela pela qual nunca
tjremos nenhum afeto, contanto quea julguemos semelhante a nés (como
saxo mostrarei). E por isso também temos aprego por aquele que fez
bem aosemelhante e, 20 contrario, nos indignamos comaquele quetrouxe
dano ao semelhante.

PRoposigéo XXIII
Quem imagina aquilo a que odeia afetado de Tristeza, se ale-
wii senlee mee que ala é fein de Alegria, se
ea a uum destes afetos serd maior ou menor confor-
s¢ja maior ou menor naquilo a que odeia.
prt Dos A rros 275
paat®
DEMONSTRAGAO
godiosa é aferada de Tristeza, nesta medida é destrul
unto sooge maior Tristeza é afetada (pelo Esc, da Prop. 11
Erato mais qr 50 (pela Prop.P 20 desta parte) imagina que a coisa
"ae Quem”ene
no ). Que Tristeza, serd afetado, a0 contririo, de Alegria; ¢ esta
pl’, gfecad® fanco maior €2.7 isteza de que cle imagina ser afetada a
ae
st? aera o primeio. Depois, a Alegria poc a existéncia da
esos °o vvcamo Esc. da Prop. 11 desta parte), tanto mais quanto
sa aleete ee ebida. Se alguém imagina aquilo a que odeia aferado
ia cacao (pela Prop. 13 desta parte) coibirs seu esforco,
‘ Mt a rep: 1 desta parte), aquele que odeia seri afetado de
é
eee OUD Escoutro

Dificilem cae
esta Alegria podesers6lida e sem conflito do animo. Pois
m o g ? m o s t r a rei na Prop. 27 desta parte), enquanto imagina a coi-
(seo r s1e0melhante 2 fetada por am um afeto afe de Tristeza, deve: nesta medida
senasri istecer semSUS-o contririo; se imaginé-la afetada de Alegria. Mas aqui s6
( d i o prestaremos atengao.
»
Proposigéao XXIV

Seimaginamos alguém afetar de Alegria a coisa que odiamos,


tumbim seremos afetados de Odioa ele. Se, ao contrario, o imagi-
namos afetar de Tristeza a coisa, seremos afetados de Amor a ele.
DEMONSTRAGAO
Esta proposigao ¢ demonstrada da mesma mancira que a Proposigao 22
desta parte.Veja-se.
Escé.Lito
Exes c semelhantes afetos de Odio sao referidos a Inveja, que em vista
die
isco ¢ nada outro que o préprio
= Odio, enquanto é considerado
: dispor 0
em de tal mancira que se regozije com o malde outro ¢, a0 contrério, se
‘tristeca com o bem dele.
nt Dos Averos
past
prorostgko XXV
nos para
parsafirmardenise dacoisaamadatudeque
a mo
EPad ela imaginam afetarde Alegria; ¢, ao contririo, ne-
imagi inamos afetar de Tristeza.
t ‘ quea” éssc ou 01d a elaONS
ghet DEM TRAGAO
wacgcavd da de Alegria ouTristeza,
oat mia ow Tecra (pelaProp. 21 detaparte). Ora, Mente
esode Nee rte) se eforga. 0 quanto pode, para imaginar © que
sla Prop a isto € (pela Prop. 17 da parte 2 € seu Corol.), para
ine Ar cscoibey bs 4 Gontcdit6 (rblas Props deize pare),
eenpiblo comefia do que nos afceade Tristeza; logo, esforsamo-not
2gs da coisa amada tudo quea nds ou a ela imaginamos
alga. © 20 contririo. C. Q. D.
Ge
Prorposigdo XXVI
Eyforgamo-nos para afirmar da coisa que odiamos tudo que
jmaginamos que a afeta de Tristeza ¢, ao contrdrio, negar 0 que
imaginamos que @ afeta de Alegria.
DEMONSTRAGAO
Exa Proposicio segue da Prop. 23 como a precedente segue da Prop.
su dest parte.
Esco.io
A partir disso vemos facilmente acontecer que 0 homem estime
além da medida a si & coisa amada ¢, a0 contrario, aquém da medida
imaginagio que, quando diz respeito ao proprio homem
‘(es estima além da medida, é chamada Soberba, ¢ ¢ umaespécie
de
Delia, porque © homem sonha de olhos abertos poder todas as coi-
ne aanga Pela sé imaginagio ¢ que por isso contempla como
chen cane Cs exulta enquanto no pode imaginar ourras que ex-
dpeig la destas ¢ limieam sua prépria poténcia de agi. Sober-
‘gria que se origina de o homem estimar-se além da medida.
wit Dos Arnros
part
orig ina de 0 hom ere xti mar outremalémda me-
nese , Despeito quela que se origina de esti:
Ma sup
ge ers
e ma; eenfim
i medida.
da
03 sm
ee
ym
prorostgko XXVII
mar"mos afetada por algumafeto ; uma coisa seme-
imagine qual jamais nutrimos nenbum afeto, somos
nds ©
A r u pera
maf et
;
os em el ba nte
fete NSTRAGAO
- DEMO
gas coisas sio as afecgbes do Corpo humano cujas ideias
as images externioscomo que presentes a nds (pelo Esc. da
mycrpepos
ecto OOF geo (pela Prop.16 da parte 2), cujas ideias envolvem
pops Pa Corpo ¢ simultaneamente a natureza presente de um
narra de Dem poreanto, a natureza do corpo externo for semelhante
ope seen: Poea ideia do corpo externo que imaginamosenvol-
do nosso COFPO, sso Corpo semelhante & afeccio do corpo exter no;
seduma fees imaginarmos alguém semelhante a nés afetado por
contsa imaginagio exprimira umaafecgao de nosso Corpo se-
oo a afetoe,assim, por imaginarmos afetada pot alguumm afeto
chantigrrelhante a nés, seremosafetados junto com ela por afeto
sence ass odiarmosa coisa semelhantea nés, nesta medida(peld-a
Fae ydava parte) seremos afetados junto com ela por um afeto contr
aeeuie sendhanie: C. Q, D:
EscoLro
Esa imitacéo dos afetos, quandoreferida & Tristeza, chama-se Comi-
serio (sobre isso, ver o Escélio da Prop. 22 desta parte); contudo, referida
wDesejo, Emulagao, que assim nada outro é que o Desejo de alguma coisa
sd nds por imaginarmos outros semelbantes a nds tendo 0 mesma
je.
Corordrio l
Se & ea '
< dae alguém, por quem jamais nutrimos nenhum afeto, afe-
de Bti4 uma coisa semelhante a nés, seremos afetados de Amor a
“Sc, a
20 contritio, o ima ginamos afeta-la de Tristeza, seremos afetados
dle,
Dos Arrros

pemo sTRAGA O
jo partir da Proposigio precedente da mesma ma
g a s t t do a P ty desta parte foi demonstrada a partir da
2 deo oposigae
qe?
cCorordrio II
os o d a de que nos comiseramos pelo fato de que
pose de Testeea- GA: O
08 O N S T R A
DEM
cc p u d é s s e m os odii-la, entio (pela Prop.23 desta parte) nos
on cfcit uaTriste za, 0 que € contra a Hipétese.
mos com s
Corotdrro III
foxe arem os, 0 quan to pude rmos , para liber car da miséria a
os esto iseramos.
deque nos com
Noss
DEMONSTRAGAO
oq ge afeea de Tristeza a coisa de que nos comiseramos também
je uma “Tristeza semelhance (pela Prop. preced.); porisso nos
Jembrar tudo que lhe suprimea existéncia,ou seja, que
(pela Prop. 13 desta parte), isto € (pelo Esc. da Prop. 9 desta
ray aperecseremos destrui-lo, ou seja, seremo s determ
fe inados a destrui-
pst?«Pe. nos esforgaremos para libertar de sua misé a coisa de que
socomiseramos. C. QD,
Escoéuro
fea vontade, ou seja, apetite de fazer bem, que seorigina de nos co-
rarmos da coisa que queremosbeneficiar, chama-se Benevoléncia, que
« conseguinte € nada outro que o Desejo originado da comiseragdo. De
wn, sobre o Amor ¢ 0 Odio aquele que fez bem ou mal a umacoisa que
=giamos semelhante 2 nés, ver o Esc. da Prop, 22 desta parte.

S PrRorpostgao XXVIII
sforcamo-
micn0s para fazer que aconteza tudo 0 que imagina-
luzir & Alegria;
Se ao passo que nos esforgamos para afastar
94hdest ir ind
y 0 queque imagii namos opor-se a isso, ou sejaje , conduziirr aa
Dos Aros
pant
prwonsTRagho
o quantoP odemos, para imaginar o que imaginamos
I 2 desta parte), isto € (pela
Prop.17. da parte
eg ee “{ermos, para contempl4-lo comopre-
am" 105 ela Prop-Py

da: Mente
i
cee °aie em ato. Mas 0 esforgo ou poténcia
os 7, come XETETrez simultineo. ao esforgo ou poténcia do
PND laramente do Core
e eTigual igual € PO
ghE Coroll.. dada PrProp.
coroll. dada Prop.Prop.7 ¢ Core
Fe ie¢e vonos, absolutament e falando, para sque isso
(ate 2) 1B mesmo pelo Esc. da Prop. 9 dessa partgra e), nbs 0 ape-
A Ooo ea 0 primeiro. Ademais, nos ale remos (pela
o que acreditamos secau
es wnamen A aginarmos destruidoa part
ge este ee) (pelo Ese. da Prop.13 deste), se imaginarmosdes-
Peo priso(pela primeira parte desta dem onstra)
a parte), para
ne os para destrus-lo, ou seja (pela Prop. 13 destsente, © que
Br oforaremos 1 Prde que néo o contemplemos como pre
Tere de 968 rgamo-nos para fazer que acontesa,etc. C. QD.
a a gunLOB?>
pProPposigéo xX XIX
snbem nos eforgarenvos para fazer tudo aquilo que imagi-
a , i teremos
seomaue os bomen s’ veer com alegr ia e, ao contr ario,
sesio afazer aquilo que imaginamos dar aversao aos homens.
DEMONSTRAGAO
for imaginarmos os homens amarem ou odiarem algo, amaremos ou
sdaremos 0 mesmo (pela Prop. 27 desta parte), isto € (pelo Esc. da Prop.
‘sdataparte), porisso nos alegraremos ou nos entristeceremos com sua
penga; por conseguinte (pela Prop. preced.), nos esforsaremos para fa-
1 [agit] tudo aquilo que imaginamosque os homens veem comalegria,
«CQD.

EscéLto
mon de fazer e também de se abster de fazer algo sé para
os homens se chama Ambigio, sobretudo quando nos es-
4 40 imponderadamente para agradar o vulgo que, com
Para ng
s ou para outro, fazemos ou nos abstemos de fa-
Ma coisa; no havendo dano, costuma chamar-se Huma-

Porhomens, entendacteaqui e na sequéncia homens por quemjamais


weutl Dos Arrros 285
pa
que imaginamos
chamo de Louvor 2 Alegria com
yal se €5' forgoupara nos deleitar ¢, ao contririo,
T r i s t p a co mqu e te mo s av er sio a agio do outro.
oa

, propostgho xxx
fez algo que imagina afetar os outros de Alegria,
See :
sil de Alegria conjuntamente & ideia de si como causa,
imJ

ao contrario,
remplard @ si proprio com Alegri: a. Se, :
ig, co a
ue ima gin e afe tar os otr as de Tristeza, inversamente
wit
feeost ga rd a AP réprio com Tristeza.
DEMO NSTRAGAO
q u e steza é por isso mes-
af ca outros de Alegria ou Tri parte). E como 0
s m a g i n a
yser i e Alegria ou “Tristeza (pela Prop. 27 desta
etka d de si através das afecc goes pelas quais ¢ determinado a
ipdesprop- 39 © 5 da parte 2),Aleg
é conscio logo quem fez algo que imagina afecar
gria tendo consciéncia de si préprio
de Alegria sercontemplaré a si préprio com Alegria; ¢ também 0
afet ado de

oo esa, OU SF
csr. CQ D- EscoLrio
desta parte) & a Alegi conjun-
Como o Amor (pelo Esc. da Prop0. Od13 io
mente A ideia de causa externa ¢ é a Tristeza também conjun-
ria ¢ esta Tristeza serio
samente i deia de causa externa, logo esta Aleeg0 Amor ¢ 0 Odio sao re-
cpicies de ‘Amor ¢ Odio. Contudo, visto qu
fuidosa objetos externos, designaremos estesamafet os com outros nomes;
suber, chamaremos Gloria a Alegria conjunt e a icia de causa ex-
nte
se: apenas quando
tem ¢ Vergonha a Tristeza contraria a cla; entenda-
1 Akgtia ow a Tristeza se originam de o homem crer que é louvado ou
to
‘iuperado. Diferenteme ente, chamarei Contentamen consigo mesmo a
{vis conjaneamenc ideia de causa interna, ¢ a Tristeza contraria a
te
i peratmente: Alem disso, como (pelo Corel. da Prop. 17 da par
na ar ou-
ee ee Alegria com que alguém imastgia rtafe)et cadosa um
Siees Kosala Essen (pela Prop. 25 de pa
imaginar sobre si tudo que imagina afeti-lo de Alegria,
parte ait Dos Areros iy

< e pode acontedecerfatoque


, é
© glorioso seja soberbo ¢ imagin,
para todos molesto,
pelle g r qua ndo .
el acodos
prorostgao XXXI
—_einamos que alguém ama, ou destja,ou odeia algo que
seit i amarno5s desejamos ou odiamos, entao
wares
tyson odiaremos com mais constancia a coisa. Se, po-
agamos que alguém tem averséo a algo que amamos ou
i vio, ened padeceremos deflutuagao do animo,
yan DEMONSTRAGKO
soporimaginar ave alguém amaalgo, também o amaremos (pela Prop.,
a parte)» OF8» SUPOMOS GE jé 0 amamos mesmo sem isso; logo
amaremos aquilo
(0 geu0 Amor nova causa que 0 alimenta ¢,por isso, algu ém tem aver-
om mais constincia. Ademais, 86 por imaginarmos que
sonals®s "isso teremos aversio (pela mesma Prop. 27). Ora, se supomos
¢ te-
Pre eso tempo oamamos, nto 20 mesmo tempo o amaremos mos
vrei ace, 04 3¢)a, (pelo Esc. da Prop. 17 desta parte) padecere
C. Q. D.
defluruagio do Animo.
CoRoLkRio
segue dagui eda Prop. 28 desta parte que cada um, quanto pode ,se
efor para que os outros amem aquilo que ele ama¢ odeiem aquilo que
deodeia. Donde aqueles versos do Poeta:
Amantes, esperemosjuntos ¢juntos temamos;
E deferro, se alguém, o que 0 outro permite, ama”.
Escéuio
Exe esforgo de fazer com que os outros aprovem 0 que cada um ama
vodeiaé, na verdade, Ambicao (ver Esc. da Prop. x9 desta parte); assim
outros vivam conforme
"mos que cada um por natureza apetece que os
‘engenho, e vemos ta mbém que, enquanto todosigualmente © pets
‘=. igualmente sio impedimento uns para 0s outros ¢, enquanto todos
‘Petem set louvados ou amados portodos, séo odiados uns pelos outros.
pawve atl Dos Areros any

prorostgho ? XXII
mos que a
Iguémgozade uma coisa que sb umpode
nd ; com que ele ndoi a possua.
imsacinarparemosparefazer
a
e
nds 08
DEMONSTRAGAO
n e mos que alguém goza de uma coisa, nés a amaremos
i m a g i l.a 1).queOra,
ae i jela (pela Prop. 27 desta parte comse a r e muosCoro
a r r cle
da
a g i n a m os ser um eobst
) , nacul
d s noa
o s e esta
s f o r gAleg riapele goza
)i m a
st p a r t
(oHtip?geos(epel(peala Prop: 18 de
u a. EscoéLi0
oor?
0, por natureza, a maioria dos homens esta consti-
guese comisera dos que esto mal ¢ inveja os que
Prop. preced .) com um édio tanto maior quanto mais
tem, € (pela , que
ica que imaginam ser possuida pelo outro, Vemos, ainda
pam 2.0 iedade da natureza humana da qual segue que os homens
segue também quesao invejosos ¢ ambiciosos. Por
uo nl isermos consultar a prOpria experiencia, experiment aremos que
aospri-
~ asa todas essas coisas; sobretudo se prestarmos atengio vez que
ee cmos de vida, Pois experimentamos que as criangas, uma
brio, riem ou choram
eeeut esti continuamente como que em equili
peroutros rindo ou chorando¢, além disso, o que quer que vejam os
ets fzendo, de pronto desejam imitar e, enfim, desejam para si tudos
que imaginam deleitar os outros; nao é de admirar, visto que as imagen
dascoisas, como dissemos, sao as préprias afecgdes do Corpo humano, ou
a, as manciras como 0 Corpo humano ¢ afetado por causas externas ¢
disposto a fazer isso ou aquilo.

Prorposigéo XXXIII
Quando amamos uma coisa semelhante a nés, esforgamo-nos 0
‘tuantopodemos parafazer com que também nos ame.
DemonsTRAGAO
Esfor
no(0S8O-NOS,0 quanto podemos, para imaginar antesacoisaqueama-
que outras (pela Prop. 12. desta parte). Se entao a coisa nos ¢ seme-

~<a
panre ttl Dos Areros ao

sfors are mos para afetar de Alegria antes a ela do


js nos esforsarerin’Jou scja, nos esforsaremos © quantopuder
po prop. 29 eee “cclsa amada seja afetada de Alegria conjunta
08 fazer COM Igs, isto€ (pelo Esc. daProp. 13 desta parte), para
QD.

proposigAo XXXIV
aior 0 afeto por nds com que imaginamos ser a coisa
wate rn, tanto mais nos glorificaremos.
nal JO DEMONSTRAGAO
sageeeeneeoon 1), odemos,
en ‘amadaseja afetada de Alegria conjuntamente & ideia de nés
acoi-

9p 9s. Portanto, quanto maior imaginamos a Alegria com que a coisa


pesmos: Forda por nossa causa, tanto mais esse esforgo é favorccido,isto
nada é afta «Poe nExc.), tanto maior é a Alegria de que somos afe-
UeBreeSando nos alegramos por termos afetado de Alegria outro
heeae ‘nds, contemplamos a nds mesmoscom Alegria (pela Prop. 30
sentha jogo, quanto maior 0 afeto por néscom que imaginamos ser a
dete ida afetada, tanto maior serd a Alegria com que contemplaremos
mais nos
ers mesmos, ou scja (pelo Esc. da Prop. 30 desta parte), tanto
gorificaremos. C. QD.

Prorosigko XXXV
Sealguém imaginar que a coisa amadase une a outro por um
vinculo de Amizade igual ou mais estreito do que aquele com
que clepréprio a possula sozinho,serd afetado de Odiopela coisa
amada invejard aquele outro.
DEMONSTRAGAO
Quanto maior o amor com que alguém imagina a coisa amadaser afe-
‘ada em relagio a ele, tanto mais se glorificard (pela Prop. preced.), isto &
pea da Prop. 30 desta parte), se alegrara; por conseguinte(pela Prop.
ed se esforgard, o quanto pode, para imaginar a coisa amada
eiumamente ligada a ele, ¢ este esforgo, ou seja, apetite, é fomenta-
‘magina um outro desejar o mesmoparasi (pela Prop. 31 destaparte).
pare dtl Dos Areros 293

J est « caforgo, ou seja, apetite, & coibido pela imagem


* gese ane SY 1a conjuntamente A imagem daquele a que se une a
ia 60 4 ama sc. da Prop. 11 desta parte), por isso mesmo seri
ea: loge (02 coisa amadamc a como causaa3
ea conju ‘ nramente om a ideia dada coisa
Trier na imagemdo outro isto € (pelo Ese. da Prop.
amente> pela coisa amada e, simultancinvame nte ,
er fetado de ddio Pro ejara,
Soa0 ele ou=tro (pelo Corol. da p. 15 desta parte), a quem
3 desta parte) sc deleita com a coisa amada. C.Q. D.
ae ave peter EscoOLio
me, © qual, por
Odio a coisa amada unido & Inveja chama-se Cit
Ooi ge a flu cua gio do animo originada simuleane amente
gcc
nada ot Odio conjuntamente & ideia do outro a quemse inveja.
gao & Alegria
one Odio a coisa amada ser4 maior em propor
r reciproco da coisa
‘Ciumento costumaya ser afetado pelo Amo
cee a em propor¢io 20 afeto que tinha por aquele outrosm20o
.

«a coisa amada Se une. Pois, sete)0, odi ava, porisso me


a inagineBae (pela Prop. 24 deso taodepar vito imaginar que cla
ar» gia aguilo que ele propri ias e também (pelo Core l. da
da coisa amadaa ima-
pal 5 aieparte) por ser coagido a.unir a imagem da vezes no Amor
na maiora
ace oda, quetmginluga ara mul
ss com efeito, quem ima her que ama se entregar a
e coibido, mas
Ces io s6 se entristeceré por ter o seu prdprio apetitda coisa amada
ainda terd aversio a cla por ser coagido a unir a imagem
se acrescenta que
is partes intimas € secrecdes do outro; ao que, por fim, que cla
a Eumento nao € recebido pela coisa amada com 0 mesesm o rosto
wramava oferecer-Ihe, ¢ também por isso 0 amante entristece, como
agora mostrarei.

Proposigaéo XXXVI
Quem recorda uma coisa com que se deleitou uma vez, deseja
possui-la com as mesmas circunstancias em quepela primeira vez
deleitou-se com ela.
DEMONSTRAGAO
vecltde que um homem viu simultaneamente com a coisa que delei-
veri (pela Prop. 15 desta parte) por acidente causa de Alegria. Por-
C pos Arrros 29s
paate iit

esta part e) desejara possuir tudo isso simultanea-


por uir a coisisaa ci com
(pela PrP. que 0 deleitoum, qou
28 desta P*
se)n- desery jaré poss
unst n c i a s e ue pela primeira vez deleitou-se com
circ
CoROLARIO
que falta uma destas circunstincias, 0 amante
7
tisscecerd= DEMONSTRAGAO
que falta alguma circunst incia, imagina
wns algo
enquant 0 constata b s est desejoso
‘éncia desta coisa. Porém, como, por amor, o
a, log (pela Prop.
la Prop. preced.), da circunstancicun
imagina quefalta esta cir stincia, cle se en-

Escorio
sin eza
teza ,en
. gua nto co nc er au sé nc ia do que am am os, chama-se
sca Tris ]-
saudade (earéncia
proposigAo XXXVII
Odesejo originadopor Tristeza ou Alegria, por Odio ou Amor,
afeto.
tanto maior quanto maior é 0
DEMONSTRAGAO
| ATTiisteza (pelo Ese. da Prop. 11 desta parte) diminui ou coibe a po-
tincia de agit do homem, isto é, (pela Prop. 7 desta parte) diminui ou
caibe o esforco pelo qual o homem se esforga para perseverar noseuser:
por isso (pela Prop. 5 desta parte) ela é contriria a este esforgo, ¢ afas-
tura Tristeza € tudo para que se esforga o homem afetado de Tristeza.
Ona, (pela Def’ de Tristeza) quanto maior é a Tristeza, tanto maior é
aparte da poréncia de agir do homem & qual é necessirio que se opo-
tha; logo, quanto maior é a Tristeza, tanto maior ¢ a poténcia de agir
com que o homem se esforgard para afasté-la, isto ¢ (pelo Esc. da Prop.
— Parte), com tanto maior descjo, ou seja, apetite, se esforga-
Para afastar a Tristeza. Em seguida, como a Alegria (pelo mesmo Esc.
mngett desta parte) aumenta ou favorece a poténcia de agir do ho-
; demonstra-se facilmente pela mesma via que 0 homem afetado
“sria nada outro deseja endo conservi-la, ¢ isso com tanto maior

ee
Dos Areros 297

visto que o Odio © o A


Alegria, segue da mesma mancira que
sun seas Desejo of nado do Odio ou do Amor seri
SEM
xe, ow porgio deOF
Od ¢ Amor. C.Q.D,

posigAo XXXVIII
pro
yer comes -ado a odiar a coisa amadadetal manei-
nor sej4se plenamente abolido, nutrir-lhe-d, mantidas
SF mor
dig bes um m Od io ma io r do qu e se nu nca a tivesse
con
to mriaao ior quanto maior tenb a sido antes 0 Amor.
AO
TRAG
DEMONS
a a od iar a coisa que ama, tem coibidos
Cot-am efeito . se alguem comes ria
gens do que se nunca a Civesse amado. Pois o Amor é aAlegrte)
p13 desta parte), que 0 homem (pela Propm. o28Esdecéstlio)pacon-
a 0aTa
ro pode para conservat; ¢ isso (pelo mes a uanto
ando-a de Alegri o q
se cstorgdo coisa amada como presente, ¢ afet
oe ey destca oparte) ersforsoro ,quasesicemrtcam ente (pela Prop. pre
pode olePOP Guan maio 0 am omo o esforgo de fazer
e). Ora,
ela Prop. 33 desta part
ad) eran ea amada também o ame (p a m a d a (p el o Co ro l. da Prop. 13 €
oe ae io s g p co ib id os pe lo dd io co is a
Gus Pp. 23 desta pate); logo. pelo mesmo motivo o amante (peltooEsc. idoar
aoe fata parte) sera aferado de Triste teza, ¢ tanto maior quan ma
io, outra
hs sido 0 Amor,isto é, além da Tris za que foiai ,causa edempOldaré a coisa
wegina por rer amado 2 coisa; €, por consequénc cont op.13 desta
smada com um maior afeto de Tristeza, isto €, (pelo Esc. da Pr
se o, nto
pare) nutrit-Ihe-4 um édio maior do que se nunca a tives amad ¢ ta
rior quanto maior tenha sido o amor. C. QD.

Proposi¢gAéo XXXIX
Quem odeia alguém se esforgard parafazer-lhe mal, andoser
4ue tema originar-se dai um maior mal para si; a0 contrario,
quem ama alguém se esforgard, pela mesma lei, para fazer-lhe
bem,
Dos Areros

prmonsTRagao
da Prop. 15 desta parte) € imaginar alguém
por isso (P ela Prop. 28 desta parte), aquele que
wpa ra afa ses -lo ou des tru b-l o, Mas se rome a partir
ai 9 mesmo), um maior mal para si, €
iste 1 fazendo a quem odeia o mal que meditava,= desejard
© ig? alge mal; ¢ iso (pela
itso ana parte) abster-se de Fazer-the
Jo ns

) com um esforgo m aior ece, do que aquele de fazer mal,


qu al p o r t a n t o pr eval como queriamos. A de-
o
re
o ro ma ta e n d a rt e P! r o c e de da mesma mancira. LogBso, quem
0 oda Segu pa
en ec OD:
-
iad Esco1to
aqui todo género de Alegria ¢, além disso, o que
id 9
acla, sobretudo 0 que satisfaz a caréncia, seja ela
qual
sobretudo o que frustra
Ee por mal ents ado todo genero de Tristeza, parte) mostra-
efeito, acima (no Esc. da Prop. 9 desta
sartncia, COM a por que 0 jul gam os bom, mas, ao contrario,
mos que N20 dese):
amo s nad
q u e des eja mos ; ¢, con sequentemente, denominamos
‘humamos bo rn 20
nto, cada um,por seu afeto, jul-
aguilo a que cemos aversio; porta que é
nia seja estima o que é bom, mau, melhor, pior ¢, Por fim, 0
a de dinheiro
grimo € 0 que € péssimo. Assim, o Avaro julga a abundanci
ja tanto
seco imo, € sua escassez, 0 péssimo. Jé o Ambicioso nada dese
quo a Gloria e, 20 contrario, nada o aterroriza tanto quanto a Vergo-
tha. Ademais, 20 Invejoso nada é mais agradavel do quea infelicidade
do outro, ¢ nada mais molesto do que a felicidade alheia; ¢ assim cada
am,por seu afeto, julga uma coisa boa ou mi,dtil ou initil. De resto, 0
afeto pelo qual o homem disposto de maneira a nao querer o que quer
cua querer o que néo quer chama-se Temor, que por isso é nada outro
s = ‘enquanto por ele 0 homem é disposto a evitar, por meio de um
‘ia ai quejulga vindouro (ver Prop. 28 desta parte). Mas sc
SPs an econ ‘Vepiabi. entao o Temor seré denominado Pu-
1 descjo de evitar um malfuturo é coibido pelo Temor
propostgdo XL
in ser odiaddo por oalgu
imagina ém : endo eréter-the dado
sa de oi, também odiard.
DEMONSTRAGAO
mnaina algvém afetado de do ser, por iso mesmo, tambémx5
Esc. da Prop.
oem ime pla Prop. 27 desta pare) isco & (pelo extern
“aceraconjuntamente A ideia de causa a. Ora, ele
na nenhuma causa desta Tristeza além
ou seja (pelo \
de Tristeza co! njuntamente & ideia daquele que 0 odeia, \
oa Fx), oodiah C.QD.
Esco110 \
se imagina ter Fornecido justa eausa de Odio, entio (peli Prop. 30 \
dona part sen Bsc) serh afetado de Vergonha, Mas isto (pela Prop. 25
‘ae pare) raramente acontece. Ademais, esta reciprocidade de Odio
i também originar-se de que ao Odiosegue o esforco de infligit mal
igele que é odiado (pela Prop. 59 desta parte). Quementéo imagina ser
dado por alguém, imagina-lo-4 causa de ummal, ou seja,de Tristeza; ¢
porisoserdafetado de Tristeza, ou Medo, conjuntamente d ideia daquele
gueoodcia como causa,isto é, também sera afetado de ddio Aquele, como
ima,
Corotdrio 1
Quem imagina aquele a quemama ser afetado de ddio para consigo, se
‘elrontaré com Odio ¢ Amor simultancamente. Pois, enquanto imagina
‘<roliado
1 Ai cbporstanaquele,
te (por éHdeterminado(pela
ipé Prop. preced.) a também odid-
do. Ni tese), 0 ama, logo se defrontari com Odio €
“mor simultanea
mente.
pane ttl Dos Areros 303

Cornordrio Tl
na que. por Odio,i fez-the algum mal um, outro por
mn imag ances nenhu afeto, imediatamente se esforgara para
per
se aise mal.
one o mes? mo 7
AO
esto DEMONSTRAG
oodia-
ina al gu ém afetado de Odio para consigo, também
quemyer im ie (pela Prop. 26desta parte) se esfoxcari para inven-
s PP Pree fexd-lo de Tristeza, e tentard (pela Prop. 49desta parte)
a (pe
io 18 PO" (por Hipétese), a primeira coisa que assim imagina é 0
pe
jn BOfai.feito: logos sued iacarnence sc:ciforcard: para fasesslhe'o
rc re
se QD.
com EscoéLi0
mado Ira € 0 esforgo de
srg de fazer mala quem odiamos&chaVing
Oe ea l Gque nos oif eizo € denominado ansa.
a
ProposigdAo XLI
Sealguém imagina ser amado por um outro endo cré ter dado
nenbum motivo para isso (0 que podeocorrer pelo Corol. da Prop.
ssepela Prop. 16 desta parte), também o amard.
DEMONSTRAGAO
ssa Proposigéo é demonstrada pela mesma via que a precedente. Veja-
setambém o seu Escélio.
Escéuio
Com efeito, se cré ter fornecido justo motivo de Amor (pela Prop. 30
destapartecom seu Escélio), ele se glorificar4, 0 que certamente (pela Prop.
asdesta parte) acontece com mais frequéncia; 0 contrario dissemos ocor-
rer quando alguém imagina ser odiado por um outro (ver Esc. da Prop.
preed.). Além disso, este Amor reciproco, ¢ consequentemente (pela
Prp. 39 desta parte) o esforgo de fazer o bem aquele que nos ama ¢ que
la mesma Prop. 39 desta parte) se esforga para nos fazer bem chama-se
Reconhecimento ou Gratidao; porisso se revela que os homensesto bem
‘sais dispostos & Vinganga do que a retribuir o beneficio.
eeatt Dos Areros yes
pan

camado por aqueleé den a quem odela, se defrontard com


reracamente, O que nstrado pela mesma via que
roposigae p P precede

Sdlio, cle se esforgard p: nal Aquele que o ama,


i Crueldade, principalmente se se eré que aquele que
de Odio.

prorosigAo XLII
vovi do por Amo r ou esperang a de Glir2ia, benefici on
o ser recebido comanimo
* 4.

quemse Miiatec erd sevi r 0 bene fici
DEMOoNSTRAGKO
«uma coisa semelhante a si esforga-se, o quanto pode, para
em a3 em aa amad o porc la (pela Prop. 33 desta parte). En-
fixer com aFejou alguempor amor o fz comadopela caréncia de tam-
co quem to € (pela Prop. 34 desta parte), pela esperanga de Gloria,
tensBscda Prop. 30 desta parte) de Alegrins por issoesta(pela Prop.
onsa)se esforgaré, 0 quanto pode, para imagiato, nar causa de
pre ‘cjapara contemplicla como existente em Ora (por Hipé-
civagina outro que exclui a existéncia desta causa; logo (pela Prop. 19
data parte), poreste motivo se entristecerd. C. QD.

ProposigAo XLIII
0 Odio é aumentadopelo édio reciproco e, ao contrdrio, pode
ser apagado pelo Amor.
DEMONSTRAGAO
Quando alguém imagina aquele a quem odeia ser também aferadode
ioparaconsigo,por isso mesmo (pela Prop. 40 desta parte) se origina um
‘ero Odio, durando ainda (por Hipétese) o primeiro. Mas se, ao contritio,
sBatinaquecleéaferado de amor para consigo, enquantoimaginaisto, nesta
"eid (peleProp. sodestaparte) contemplaasi prépriocom Alegriac,nesta
pos Areros 7

arte), se esforgard para a agr adicl, isto € (pela


‘ + se esforga par nao odid-lo nem aafepar rd
po tepa re ) Beco que certamente (pelaProp, x7 dest
gio do afeto do qual se origina; ¢, por
e q u e s e o F do ddio¢ pelo qual se esforga
r e l a (peli Prop. 26 de sta parte). prevale
a eesiomdoiaodOd io. C. QD.
‘jo an

prowosrees XLEV
m e n t e v e n c i d o P elo Amo r conve rte-se em Amor;e
io ple a mor é maior do que se 0 Odio néoo tivess
usa i550 07
A
, DEMONSTRAGAO
ye 38 desta
seasioprocede da mesma mancita que a Proposigio
Aodeirs! equer 0 piesa a amar a coisa que odeia, ou seja, a coisa a que
p
com Tristeza, plo fato deamar se alegras ¢ 2 esta
ra gue plas (ver sua Def no Ese. da Prop. xs desta parte) se
aque one envolve ela que se ori gin a de ser diretamente favorecido 0
we ca cambem Trauisteza que 0 dio envolve (como mostramos na Prop.
eo de a8 1 a ideia daquele a quem se odiou como \
oeasa pate conjuntam ente \
aust \
Escouro
ar uma
sinda que seja assim, ninguém todavia se esforgard por odi o ¢,
scisa ou ser afetado de Tristeza para que frua esta Alegria maior; ist
siageém deseard infligir-se um dano na esperanga de recuperar-se dele,
ten caecerd estar doente na esperanga de convalescer. Pois cada um se
sforgari sempre para conservar seu ser ¢ afastar, 0 quanto pode, a Triste-
3. Caso se pudesse, 20 contririo, conceber que um homem pode desejar
‘dir alguém para depois nutrir-lhe um amor maior, entao ele careceria
Sameer alguém. Pois quanto maior tiver sido 0 Odio, tanto
cab«pr in carnesep8 Odio aumente mais
ee qoscis 3 hhomem se esforgari por ficar mais ¢ mais
Picea roeale repeats da satide; portanto, se esforgard
¢, 0 que (pela Prop. 6 desta parte) é absurdo.
pane tn Dos Areros 300

propostgGso XLV
‘ama uma coisaa melbante a si, imagina um
jetado de Odio TRAgrO
a, ele o odiard.

pewonrs
ei (pela Prop. 40 desta parte)
cols amada também odque imagina a coisa amada odiar
feito 8 ae amante,
posieias€
mestPoreina a coisa amadaaferada de Odio, isto é
ms 2 parte deTristeza, ¢ consequentemente(pela
¢ isso conjuntamente3 id
§ eniristecet sa, to (pelo Ese. da Prop.
daquele
ta partite)e) s¢ COMO au is & 13 desta
oisa amada
C.QD.

prorosigxo XLVI
a ou Tristeza por algo
alentsiver sido afitade de Alegriconjunt
oesSyasse om Ad 0 dif ente da esua, agdo, como causa, ele
amente a ideia
so nome universal da class ou n
ied ou odiara Id 0 apenas aquilo mas todos os de mesma classe
su napio. AGAO
DeMONSTR
ta parte.
A demonstracio disto ¢ patente pela Prop. 16 des

ProrpositgdAo XLVII
Alegria que se originaporimaginarmos a coisa que odiamos
desruida ou afetada de outro mal néose origina sem alguma
Tristeza do animo.
DeMONSTRAGAO
a Patemte pela Prop. desea parte. Pois, enquanto imaginamos uma
aferada de ae
isn semelhante a nosral z -
Tristeza, nesta medida nosentristece

5Esta Proposica Escouio


ddpune eiste fambémpode ser demonserada pelo Corol. da Prop.
+: Com efeito, todas as vezes que recordamosumacoisa, ainda
Dos Arrros an

templamos como presente : ¢ 0 Corpo


emaros cod avia a rcon
isso, enq ntovige a meméria da coisa,
ira: po
nes amnaadno a contemP [é-la comTristeza; determinagao que,
go dre si
ia
jer derer™ a imagem da coisa, é por certo coibida pela memér
suprimida; por
exeluem g existéncia dela, mas nao é é coibida; ¢
eon ale gra apenas enqua! into esta determinagao
qe s e o r i g ina do mal da coisa que odiamos
Alegria
ve esta
es veres quan tas Fe .cordamosa coisa. Pois, como dissemos,
ai pita an lve a existéncia da
« goaimgem da coisa é excit ada, umavez quea envo
<Fmina ome #60 ncemplar esta cois com a mesmaTristeza
e ava co nc ep 1i-la quan do exist ia. Mas, por ter unido
al coseum
con 3 go cs coisa outras que excluem a existéneia dela, esta determi-,
+
=
‘T ri st ez a € i m e d i l ar amente coibida ¢ 0 homem de novose alegra
ua se repe te. E esta mesma a causa por que os ho-
eres quanto
Ieg am cod
A:
asa sve zes que rec ordam um mal jé passado, ¢ por que
easel Pois, quando
jam em narrar os perigos de que foram libertados. ur¢s
saen perigo, conemplan-no como se ainda Far fo de
ings d’ *B ne lo, det erm ina gio que é de nov o coi bid a pel a ideia de
senina a do per igo quandodele foram libertados
les uni ram A idei
tmeostorna de novo Seguros: por iso se alegram novamente,
jiberdade, que©

Prorposigéo XLVIII

0 Amor e 0 Odio, a Pedro por exemplo, sao destruidos se a


Tristeza que o segundo envolve e a Alegria que 0 primeiro envol-
weseunem a ideia de outra causa; ¢ enquanto imaginamos nao
‘ersido sé Pedro a causa de um e outro, ambos diminuem.
DEMONSTRAGAO
:
seny _ de Amor ¢ de Odio, que se vé
6 definigao
13 desta parte. Pois a Alegria é chamada Amor
© Testers chamada Odio a Pedro sé porque Pedro € con-
‘iderado causa deste ou daquele afeto. Assim, sendo isto total
Dos Arnros Ps
nbémoafeto a Pedro é total ouparcial

propostgso XLIX \
inamos livre devem \
,e0 Odio a umacoisa que imag
or 69
oa maior O antidas as mesmas condigées, do que a uma
ae
r Arlt DEMONSTRAGAO
smagi namos livre deve (pela Def 7 da parte 1) sex perce
conn cois gteT entdo imaginarmos que cla ¢ causa de Alegria ou
sem outrmrnesmo (pelo Esc. da Prop. 13 desta parte) a amaremos
Po so (pela Prop. preced.) com o sumo Amor ou Odio que
m0, ¢ He sfeto dado. Todavia, se imaginarmos como necessiria
caus ty mesm
povemue ¢ase o afeto, entio (pela mesma Def. 7 da parte 1)
feinee ce causa deste afeto, néo sozinha, mas com outras, ¢
ini (pela Prop. prece id.) 0 Amor ¢ 0 Odio a cla sero menores. C.Q. D.
ae EscoLio

Dai segue ue os homens, por se estimarem livres, nutrem uns aos ou-
* ou Odio maiores do que as demais coisas; ao quese acrescenta
sos Amor Jos afetos, sobre a qual vejam-se as Prop. 27, 34, 40 ¢ 43 desta
aimitagao
pre.

ProrposigadAo L
Qualquer coisa podeser, por acidente, causa de Esperanca ou
Medo.
DEMONSTRAGAO
Esta Proposigio € demonstrada pela mesmavia da Proposigio 15 desta
Fartaqual deve ser vista junto com o Esc. 2 da Prop. 18 desta parte.
Escé110
rag que sio, por acidente, causas de Esperanca ou Medo sio chama-
dpa’ 4 Maus pressigios. Ademais, enquanto tais pressigios sio causa
be woe ou Medo, nesta medida (pela Def. de Esperanga e Medo, que
“3 da Prop. 18 desta parte) sao causa de Alegria ou Tristeza ¢,
pante i Dos Artros ns
Jo Coro, da Prop. 18 desta parte), nesta medida os
emnente PO ail Prop. 28 desta parte), como meios para as coi
wediame’ ¢ Pe mo-nos para empregi-los ¢, como obsticulos
pasamnes: .P SONei-los, Alémdisso,da Proposigio 25 desta
Narituidos de maneira que facilmente cremos no
mos
set ailmente no QUE TEMEMOS, € a estas coisas estima
« isha, Disto se originaramas SuperstigGes com que
Pr quem da Namem
eget, medida. coda ‘ parte. De resto, » nao penso pensoque
4} valha a
ee gs se deteraeuagdes doanimo que se originam da Esperanga
aqui 46 definigdodestes afetos segue que nao se di Es-
visto
1 dos 80Hog Medo sem Esperanga (como
ue das
< explica e remos mais
xt equéncia), ¢ visto que, além disso, enquanto esperamos
gamente n> eat medida 0 amamos ou odiamos, cada um podera
of Esperanga € a0 Medo tudo que dissemos do Amor ¢
jne08 acar
ate Pl

Prorosi¢Ao LI

melins diferentes podemser afetad os de diferentes maneiras


Home ;
y mesmo objeto,‘ ¢ um sé e.0 mesmo homempo% de ser
wm $6 ‘
sada de diferentes maneiras por um sb eo mesmo objeto em
J
sampos diferentes.
DEMONSTRAGAO
Corpo humano (pelo Post. 3 da parte 2) € afetado pelos corpos exter-
sosde miltiplas maneiras. Entéo dois homens podem, a0 mesmotempo,
seraftados de diferentes maneiras; ¢ porisso (pelo Ax. 1 que esté depois do
Ime apésa Prop. 13 daparte 2) podem ser afetados de diferentes manei-
nsporum se 0 mesmo objeto. Ademais (pelo mesmo Post.), 0 Corpo hu-
aano podeser afetado ora desta ora doutra maneira e, consequentemente
(rle memo As.), pode ser afetado de diferentes maneiras por um sé ¢ 0
smo objeto em tempos diferentes. C. Q. D.
Esco.i1ro
vemos que pode ocorrer que © que um ama, 0 outro
mike que um teme, 0 outro nio tema, € que um sé ¢ 0 mes-
co ’%eM ame agora oq ue antes odiava, ¢ que ouse agora o que an-
etc, Ademais, como
cada um, por seu afero, julga 0 que
paar tl Dos Areros M7

po re pior (ver Be dt Prop. 99 desta parte), segue que


gone me melhotZc tantopelo juizo quantopelo afeto"s © dissosu
S18 ee mmparamos uns comos outros, distingam-se pela s6
oot aferos “que denominemos uns intrépidos, outros timoratos,
ie
com 0 ‘uro nome. P. ¢x., chamareiintrépidoaquele que
ume © er; ¢ se alémdisso me ativer aofato
inal 4ue eu cost laren odibiie? : ama nio
i é
co esc) aif fnce mal a quem odela e bem a quem
eu D y
ide um mal como qual costumo ser contido, eu 0 cha-
it ee ‘Além disso. meparecer timorato
& Jo remot
aquele que teme um mal
a no desprezaty ¢se ainda por cima me ativer ao fato de que seu
‘emor de um mal que ndo pode conter-me, direi que
cada um julgard. Porfim, desta natureza do homem
ni ne ej ao ,r an co porque o homem frequentemente julga as
cons afeco, quanto porque as coisas que cré fazcr para Alegria
que por isso (pela Prop. 28 desta parte) se esforga para fazer
- ou para afastar, S40 NO mais das vezes apenas imaginarias, sem
jonat 0-4 e mostramos Na parte 2 sobre a incerteza das coisas, por
‘soot rece!
oti icilmente concebemos
ae que o homem pode frequentemente ¢s-
r-se, ou seja, que é
on causa tanco nO ene ristecer-se quanto noalegra
‘aado anco de Tristeza quanto de Alegria conjuntamente a ideia de si
et
ono casts R«¢ Eportant o facilmente entendemos o que sio o Arrependi-
perro eo CO entamento consigo mesmo. saber, o Arrependimento éa
Truecaconjentamente a ideia de sicomo causa eo Contentamento consigo
‘momo ¢a Alegria conjuntamente a ideia de si como causa, ¢ estes afetos
go veementissimos, j4 que os homens créem serlivres (ver Prop. 49 desta
por,
Proposighko LIl
Um objeto que antes vimos simultaneamente com outros ou
‘Meimaginamos nada ter sendo 0 que é comum a muitos, nao 0
conte
mplaremospor tanto tempo quanto aquele que imaginamos
‘eralgo singular,
“Nota do autor mostramos no corol. da Prop. 11 da parte 2 que isto pode ocor em
adios, ie
rer, -
tna sejaparte do intelecto divino.
wt Dos Arnros 9
pantt
peMoNSTRAGAO
cos, de imediato \
amos o objero que vimnos
ios oucros (pelt Prop. 18 da pa rte x ¢ ver também seu
» "8°
° 08 oFaplagio de um, de mediate incidimos na contem-
pean FO ga cont
\
Ph aston ™ g ga-se 0 mesmo ara o ‘objeto que imaginamos nada ter
muitoss pois por isso mesmo supomosque nele
epeo & con m a io ‘9 que tenhamos visto antes. Porém, quando
emplane 1snasemnos em ‘umobjeto algo singular que nunca vimos
ye imag
mo ’ ¢ s e n i o q u e a M e n t e , q u a n d o contempla aquele
ro dize gio possa clainci-
sinenl hum outro em cuja contempla
concemp! Jagdo daquele: € porisso é determinada a contem-
ae ‘um objero que ete. C.Q. D.
Esc6L10
de umacoisa singular,
fo da Mente, ou Se) a imaginagio a m i ragto, a qual & dita
e c g so zi nk a na M e n t e , € c h a m a d A d
gure vrgose movida por um abjeco que tememos, jdquea Admiragi
o
sc
itém o homem de tal manc ira suspenso na s6 contemplagio-
a e cap ard e pen sar nas out ras coi sas co m as qua is poderia evi
ea de um homem, sua
Ma s se 0 qu e ad mi ra mo s é a pr ud én ci a
yal, iss o co nt em pl amos este homem
oe gu alg o do tip o, da do qu e po r
do am pl am en te , en o a Ad mi ag io &c ha ma da Venera-
aeperan etc., chama-
ciovso paso que se admiramos a ira do homem,suainveja, a prudéncia,
miramos
rrr. Ademais, se do homem que amamos ad rmaior, ¢ a
te) 0 Amor se
indéseria,etc. por isso (pela Prop. 12 desta par
racio, chamamosDevogao.
ese Amor unido & Admiragio,ou seja, a Vene gu-
peranga, a Se
deta maneira também podemos concebero Odio, a Es
nte poderemos
tanga e outros Afetos unidos & Admiragao; ¢ por consegui
icar. Donde
dedutir mais Afetos do que os vocabulosusuais costumam ind
sereela que os nomes dos Afetos foram descobertos mais por set uso
‘nig do que por um conhecimento acurado deles.
__hnimicasio opoe-seo Desprerzo, euja causa mas frequents contudo,
ae vermos alguém admira uma coisa, amé-la, temé-la,etc., ou Por
Coisa aparecer primeira vista semelhante aquelas que admiramos,
pane tul Dos Arnros rr

ete.(pela Prop. 15 comseu Corel. ¢ Prop. 27 desta parte),


cememe seminados a admirar a mesma coisa, amé-la, temé-la,
Ja presenga 08 contemplagio mais acurada da prépria coisa
- pela Pre
idos a de Ia negar o que podeser causa de Admiragio, Amor,
coat
oo a
pela propria preseng da coisa a Mente per anece de
entio
nsar maisque naoesta no objeto do que o que esta nele,
Ja presenga de umobjeto costuma precipuamente pensar o
que
Fdemalis assim comoa Devogaose origina da Admiragio da
os, também o Escirnio se origina do Desprezopela coisa
memos, ¢ 0 Desdém, do Desprezo pela colic assim
da Admiragao pela prudéncia. Podemos, enfim, conce-
92 veneragior
amor. ESP ranga, a Gl6ria € outros Aferos unidos ao Desprezo,¢
utros Afetos, que também no costumamos distinguir
um vocibulo singular.

ProposigAo LIII

Qual ndo a Mente contempla a si propria e


a sua poténcia de
gn alegre-se e tanto mais quanto mais distintamente imagina
ea sua poténcia de agir.
DEMONSTRAGAO
Ohomem nio conhece a si proprio seniopelas afecgdes de seu Corpo
ce
easideias delas (pela Prop. 19 ¢ 23 da parte 2). Logo, quando aconte
da Mente poder contemplar a si prépria, porisso mesmo supde-se que
pusaa maior perfeigao, isto € (pelo Esc. da Prop. 11 desta parte), afetada
dealegria, e tanto maior quanto mais distintamente pode imaginara a
sapotincia de agir. C.Q. D.
CorROLARIO
Esa Alegria ¢ canto mais fomentada quanto mais o homem imagina
Pa“ leurado por outros. Pois; quanto maisSaas
imaginaser louvadoporoutros,
mai Alegriaae
tanto to maior imagina os outros screm afetadosporele, € sO
i d e a ae sie (PO
sa a a part ) el
tsten eAlegen OP
prorosigho
secsfrgapara imagina APENAS 0 ue POE Sua potén-
Mew ue
ues agit Demons TRAGKOGk
cia da Mente é a esséncia mesma da propria
oa21 Eze): masa esténcia da Mente (camo é canbe
6 ce cla POP enas 0 4 uc a Mente ¢ pode, ¢ nio 0 que nao ¢¢ nio
Men i) afiera AP
Soaeforgapara ginar apenas
imaginar apenas o que que afirma,
af ou seja,
ja. pi poe
enc de agit. CQ D.

proposigio LV
do a Men te ima gin a sua imp oté nci a, por iss o me sm o se
Quan
entistee. -
DemoNsTRAGKO
0 que a Mente € e pode, ou seja,é
jexénca da Mente afirma apenas ent
andarera da Mente imaginar unicam e 0 que pde sua poréncia deplaagicra
{pds Puppreced.). Assim, quando dizemos que a Mence, a0 contema Men-
sppmagia sua impoténcia, nada outro dizemos senio que
‘eoesforgar-se para imaginar algo que pOe sua poténcia de agit, tem este
sevcsforgo coibido,ou seja (pelo Esc. da Prop. 11 desta parte), dizemosque
daseentristece. C.Q D.
CoroLdrio
EstTristeza é mais e mais fomentada se ela imagina ser vituperada
por outros, o que se demonstra da mesma maneira que o Corol. daProp.
sideta pate,
Escétio
Esta za conjuntamente a ideia de nossa debilidade é chamada
Humildade; iia Alegria que se origina da contempl
agéo de nés mesmos
eat Dos Arrros
part
soprio ow Concentamentoconsigo mesmo. E comoesta
ase AmOPPLT quantas o homem contempla suas virtudes, ou seja,
pa ge ANTe ai portanto também ocorre que cada um anscie por
<r ence vgibie as forcas tanto de seu corpo quanto de seu
an
seus cas, por este motivo, sejam molestos uns aos outros,
geo hom os homens saoinvejosos por natureza (ver
Esc. da Prop. 3% desta parte), ow seja, regozijam-se diante
"da Prop. a seus iguais ¢, inversamente, se entristecem por causa da
oa quantas vezes cada um imagina suas agées, tantas vezes
‘Alegria (pela Prop. 53 desta parte), ¢ tanto maior quanto mais
ado de ersaas agées exprimirem € quanto mais distintamente as
feiga° Ioele dite oBsc: vale Prop: 40:da parters); cquanvo'sials
eeet se jas outras e contempli-las como coisas singulares. Por-
| ae da um se regozijara ao maximo com a contemplagao de
ada
si quando
santo, Gt em si algo que nega dosrestantes. Mas se refere aquii lo que
conte! mmpla
r 3 al, nao
zc i a ideia universal de homem ou de anim : se regozijar4
2
afirma «* ersamente, ele se entristecerd se imaginar suas agdcs serem mais
ireradas as dos outros, Tristeza que certamente (pela Prop. 28
inv 7
canto:
a ae esforgar4 para afastar interpretando erradamenteas agées
ae iguais ou adornando, 0 quanto pode, as suas préprias. Revela-se
entio que os homens sdo por natureza inclinados ao Odio e a Inveja, a0
que se ajunta 2 propria educagao. Pois os pais costumam incitar osfilhos
4 virtude somente com o estimulo da Honra e da Inveja. Todavia restara
talvez o escripulo de que nao raro admiramosas virtudes dos homens¢ os
yeneramos. Logo, para afast4-lo, acrescentarei o seguinte corolério.
COROLARIO
Ninguém inveja a virtude de alguém que no seja um igual.
DEMONSTRAGAO
Alnveja é 0 préprio Odio (ver Esc. da Prop. 24 destaparte), ou seja (pelo
£sc.da Prop.13 desta parte), a Tristeza, isto é (pelo Esc. da prop.11 desta parte),
sa Pela qual é coibida a poténcia de agir do homem ouseu esforgo.
= ae omem (pelo Esc. da Prop. 9 desta parte) nao se esforga nem deseja fa-
agir] nada senioo que podeseguir de sua naturezadada;logo,ohomem
Dos Areros i
pas ex 112
the predique 4 enhu ma poténcia de agit, ou (0 que €0
a9ye, que Si* prope A natureza de outro ¢ alheia A sua: por
eect . da Prop. 11 desta
“ao pode ser <1 roibido. isto & (pelo Escuma virtude em al-
nie Peperarecer-se, por concemplParpoderd inveji-lo. Mas
Fee nn = Coigual enen AE reza
Jaum se wr , que supe-s, tem a mesma nacu
ott Escouro
s acim a, no Esc. da Prop . s2 desta parte, que
sando dssemodmirarmos sua prudéncia, fortaleza, ctc.. isso
porc ym ome Por
anto >
ag inamos que estas
nt e pe la pr op ri a Pr op .) po rq ue im
1 pare nt e> ¢ nio com o comuns 4 nossa natureza,
e (e to nc e si ng ul ar me
on
ve ja re mo s ne le mai s do que a altu ra nas arvores, a for-
sierinao as in
yo t
wales 2° ledo, e
proposigao LVI
sp éc ie s de Al eg ri a, Tr is te za e Desejo ¢, conse-
Dito-se ta nt
c
as
a
¢5
d a a f e t o qu es e c o m p é e de le s, c o m o af l u t u a gio
guentementés ve es se deriva, como 0 Amor, o Odi o, a Espe-
do dnimo, ou que del de objeto s pelos quais
ranga, 0 Medo, ett» quantassao as especies
samos afetados.
DEMONSTRAGAO

ria ea Tri ste za ¢, con seq uen tem ent e, os afe ros que delas sio com-
‘AAleg
Prop. 1 desta parte); €
os ou delas derivam, sio paixdes (pelo Esc. da
enquanco temos
nis (pela Prop. 1 desta parte) necessariamente padecemos ta parte), apenas
idcis inadequadas;e, enquanto as temos (pela Prop. 3 dadesparte 2), necessa-
nesta medida padecemos,isto é (ver Esc. da Prop. 40
r Prop. 17 da
/ramente padecemos apenas enquantoimaginamos, ou seja (ve
rex com seu Esc.), enquanto somos afetados por um afeto que envolve
anatureza de nosso Corpo e a natureza de um corpo externo. Portanto,
saureza de cada paixdodeve necessariamente ser explicada de tal mancira
rdizer,
eed objeto pelo qual somos aferados.zaQue
do proprio
que se origina, p. ex., do objeto A envolve a nature
iit Dos Arrros
parté
quesese origina doobjeto B envolve a natureza do
estes di s afecos de Alegria sio diferentes por
jeBr Po de caus as de naturezadiferente, Assim tam:
ye se vera que se origina de m objeto é diferente, por
ina de outra causa; © que cumpre enten-
or, do€ io, da Esperanga,n doAleMedo : , da Flutuagio do
r i s s o s i o dad as tan tas esp écies de gria, tristeza, Amor,
po afetados.
iene quantas $40 as espéi cies de objetos pelos quais somos
ee ropria essénc' ia ou natureza de cada um, enquan to con-
zer [agir] algo por uma dada constit u i g i o sua, seja
yesejo ©
eminada 2 f a
me orme cadaer
logo, conf um afe-
Esc. da Prop. 9 desta parte);
¢a3)for (Fe sas € creenas com esta ou aquela espécie de Alegria, Tristeza,
caus
erie ete ito & conformesua natureza é constituida desta ou
AstIa mancira, assim seu Desejo sera necessariamente um: ou outro, ¢
ager ge um Desejo diferira da de outro tanto quanto diferem entre
s espéc ies de
e , dao-se tanta
gnaturel za de
feros ddeque cada um se origina. Port anto
spat
:t
sosate 3 jo as espécies de Alegria, Tristeza, Amor, etc. ¢, conse-
Des oseee ji moserado), quantas séo as espécies de objetos pelos
Fmomes afetados. C- QD.
? EscoLrio
nue as espécies de afetos, que (pela Prop. preced.) devem sex muitis-
sinus sio insignes a Gula, a Embriaguez, a Lascivia, a Avareza ¢ a Am-
sigio, que no so sendo nogdes do Amorou do Desejo as quais expli-
cama natureza de ambosestes afetos por meio dos objetos aos quais sio
weevidos. Pois por Gula, Embriaguez, Lascivia, Avareza e Ambicao nao
uendemos nada outro que 0 Amorou 0 Desejo imoderado de comer,
de beber, de copular, de riquezas ¢ de gléria. Além disso, estes afetos,
oquanto 05 distinguimos dos outros somente pelo objeto a que sao re-
feridos, ndo tm contrarios. Pois a Temperanga, a Sobriedade ¢ a Casti-
dade,que costumamos oporrespectivamente 4 Gula, 4 Embriaguez ¢ &
Liscivia, ndo sio afetos ou paixdes, mas indicam a poténcia do animo
Temes estes afetos. De resto, nao posso explicar aqui as outras ¢s-
= =afetos (j4 que h4 tantas quantas sio as espécies de objetos), ¢
Recessirio, caso pudesse; pois para aquilo que pretendemos,
pante iit Dos Aretos sn

aan forgas dos aferor ea pottneia da Mente sobreeles,


rodizer,en
jerinigso geralde cada afero. Basta,paraqueque
abi cer womO"c omuns dos aferos © da Mente possamos
ried
ah quso &F ande éa poténcia da Mente para moderar aq¢ uecoi-le
qual dnbora haja grande diferenga entre este ou
sag ou Desejo,P-e%- entre @ Amor 208 filhos© Amor A
t sepreciso conhecer estas diferengas nem indagar ulterior.
onto
ven s afetos.
spavurezacorigem do

prorosigdo LVII
qu er afe to de cad a indivi
: duo discrepa do afeto de outro
ual ia do outro.
unto 2 yanto a essincia de um difere da essénc
DEMONSTRAGAO
pos igi o€ par ent e pel o Ax. qu es e vé dep ois do Lema 3 do Esc
0a Pro ini
dupe1da parte 2. Nao obstante,nésa demonstraremos pelas def
caesds ets afetos primitives.
gria ow & Tristeza, como
‘Todos os afetos sio referidos a0 Desejo, & Ale
postram as definigdes que demosdeles. Ora, © Desejo & a prépria nacu-
raaou esséncia de cada um (ver sua Def. no Esc, da Prop. 9 desta parte),
logo.o Desejo de cada individue discrepa do Desejo de outro tanto quan-
rpanatureza ou esséncia de um difere da esséncia de outro. Além disso, a \
Akgria ea Tristeza sao paixdespelas quais a poténcia de cada um,ou seu
esforgo de perseverar em seu ser, é aumentado ou diminuido,favorecido
ou coibido (pela Prop. 11 desta parte e seu Esc.). Ora, por esforgo de perse-
verarem seu ser, enquanto referidosimultancamente & Mente ¢ ao Corpo,
tatendemos 0 Apetite € 0 Desejo (ver Esc. da Prop. 9 desta parte); logo,
+ Alegria ca Tristeza sio 0 préprio Desejo,ou seja, o Apetite, enquanto
“smentado ou diminuido, favorecido ou coibido, por causas externas,
'80€ (pelo mesmo Esc.), éa propria natureza de cada um; ¢ porissoa Ale-
oua Tristeza de cada um também discrepa da Alegria ou da Tristeza
ui Dos Areros 333
parte
a natureza ou esséncia de um difere da esséncia de
ement te, qualquer afer o de cada individuodiscrepa do
.
C.QD
EscoLio
gsa
o s a fet os dos ani mai s que sio ditosirracionais (com efei
ue , nao podemosduvidar
conheci do a origem da Mente
ens
sere 0s bichos scntem) diferem dos afetos dos hom va
n atforezadifereda nacureza humanaar,. Ce rtamente 0 ca
é pela
to yn $30 arrastados pela Lascivia de procri mas aquele o
na s vat e pel a hu ma na . As si m ta mbém as Lascivias ¢ Apetites
equi diferentes uns dos outros. Desta ma-
© s de ve m ser
sesinserosboperaixcaesda i ndividuo viva contente comsua natureza como ela é
ave
eci em
. se regoriie © m ela, contudo ‘det esta vida com que cada umesti: contente €
outr o sf0 que a idei a ou alm a dess e mesmo indi luo, ¢ por
«sen
oe ide um discrepa do gozo de outrotanto quanto a esséncia de
“hs essé ncia do outr o. Por fim , da Prop osis io precedente segue
o e e o goz o pelo qual, p. ex., € conduzido o
o u c a 2 d i s canc ia entr
que nto € p
o F i l é s o f o p o s s u i , o q u e a q u i a d v i r eo de passagem. E
. Resta ainda
q u e
ébrio, € © O2
r e
0
s a f e t o s r e f e r i d o s 0 h o m e m e n q u a n t o p a d e c e
stsob o quanto age.
sav fenaralguma coisa sobre aqueles referidos a ele en

ProposigAo LVIII

Alin da Alegria e do Desejo que sio paixées, déo-se outros


fers de Alegria e de Desejo que sao referidos a nds enquanto
‘agimos.
DeEMONSTRAGAO
Sale a Mente concebe a si propria ¢ a sua poréncia de agir, alegra-
(ble Prop. 53 desta parte); ¢ a Mente necessariamente contempla a si
aoe concebe uma ideia verdadeira, ou seja, adequada(pela
ee ipa 2). Ora, a Mente concebe algumas ideias adequadas
2da Prop, 40 da parte 2); logo, também se alegra enquanto
Dos Areros us
dil
pa are
adas,is to & (pela Prop. 1 desta parte), enquantoage.
iacias adequadsestorga pat
a perseverar emseu ser tanto enquanto
gait a
Mente 5€ incas ¢ omo enquantoas temconfusas (pela Prop. 9
©
is Ora. por sfor 150 en rendemos 04 Desejo (pelo Esc. damomesm
sae s Jaras © discin
es
a
A pa rt e) O é re fe r ‘ i d o a n é s t a m b ém enquanto entende s, ou
pon To Desi?
), 98° dete p a r t e ) , e n q u a nto agimos. C. QD.
pt ap.
<

proposigAo bLx

a f dos a Mente enquanto age , nao hd


iv e r o d s 05 tos vef eri
esejo.
ia ou ao D
: o mr se nda os referides & Alegr
8 DEMONSTRAGKO
afer os sto refe rido s 20 Des ejo, & Alegria ou & Tristeza, como
Jodos 05
defi nigb es que dem os del es. Por Tris teza ent end emos que a
e
postram
op raca de pensat da Menenq te é diminuida ou coibida (pela Prop. 11 desta
seu Est.); POF isSO uanto a Mente se entristece, sua poréncia de
ee er , is to & d e agir la Prop.. 1 desta pparte) & diminuida ou coibi-
cavc nd doe&laMente
u i n r e nen hum afeto de Tristeza podesero,referi q u e ( p Prop.
dh,p o r c o n s e g
e t o s d e A l e g r i a ¢ D e s e j
enquanto age mas ap
enas os af
preced.) nesta me dida também sao referidos & Mente. C. QD.
Escouri0

Todas as ag6es que seguem dos afetosreferidos & Mente enquanto en-
tende eu refiro a Fortaleza, que distingo em Firmeza e Generosidade. Pois
por Firmeza entendo 0 Desejo pelo qual cada um se esforga para conservar
ux serpelo s6 ditame da razdo. Por Generosidade entendo 0 Desejo pelo
qual cada um se esforga para favorecer os outros homens e uni-los a si por
anizade pelo 56 ditame da razdo. Assim, as ages que visam s6 ao titil do
agente refiro & Firmeza, ¢ as que visam também aoutil do outro, & Ge-
ee Portanto a Temperanga, a Sobriedade, a presenga de espirito
"89S,etc. sio cspécics de Firmeza; ja a Modéstia, a Cleméncia etc.
it Dos Arrros »
part?
Gen cro sid ade . E co m iss o julgo ter explicado ¢ mostrado
eG reas os principals afetos ¢ fluruagbes doinimo que
rime
i composigae
do « trés afetos Pr primitivos: Dese Alegria
nde revel “
q u < somos agitad6 ospor causas externas de mui-
ye fluwamos tal qual ondas do mar agitadas por ventos
Mas afirmei ter
antes de nos 0 desenlace ¢ do destino. rod
ai rnc ipa is conf lito sdo dnimo,c nso
3
or que podem
nas
peo. pela mesma vi a podemos mostrar facilmente que o Amor
ope
imento, 2 Desdém, a Vergonha,etc. Mais ainda, creio m
cada um, a partir do ja dito, que os afetos pode
dem originar-
.s outros de tantas maneiras, € dai po
om que ndo podem ser definidos por nenhum niimero.
i uit o, basaS ter emue merado apenas 0 principals po
sodas .tes
PP que omiti, arenderiam mais 3 curiosidade do que 3 utilidade.
os reset
N po ré m, rest a algo a nota r: 20 fruirmos uma coisa que ape-
sobre © AO , por ¢sta fru igio, 0 Corpo
19s, aconrece mui frequentemente que
cect v a cs determinado di ferentemente
onstituigio pela qual seja
sdg p i r a r m a n o
amente a Mente co-
seexciter nele OUT s imagens de coisas; ¢ simultane do imaginamos
ag in ar um as co is as € a de sc ja r ou cr as . Py ex , qu an
meg? n im
imv gxr uma del eic ar- nos pelo sabor, desejamos frui-lo, quer dizer,
algo a
enq uan to ass im 0 fru imo s, 0 est éma go se enc he ¢ 0 Corpo
comé-lo. Ora, 0 Cor-
j4 disposto diferentemente
édiferentemente constituido. Se entio,
r fom ent ada a ima gem daq uel e ali men to, vis to que est i presente, ¢,
post
comé-lo,
‘onequentemente, também fomentado o esforgo ou Desejo de
en-
anova constituigdo se opors a este Desejo on esforgo ¢, consequentem
teapresenca do alimento que apetectamossera odiosa, © que chamamos
Fatio ¢ Tédio, De resto, negligenciei as afeegdes externas do Corpo que
sio observadas nos aferos, comoo tremor, a lividez, 0 solugo, 0 riso, ete.,
dado que sio referidos s6 ao Corpo, sem nenhumarelagio coma Mente.
Por ima, cumpre notar algumas coisas a respeito das definigdes dos afetos,
‘por isso aqui repetirei por ordem,intercalando-lhes 0 que couber ob-
‘ervarem cada uma.
Dos Arrros

NIGOES pos AFETOS


Ft 7
sséncia do homem enquanto é con-
éa prope
a fazer [agir] algo por uma dada afecgio

ExpLicagao
osigio 9 desta parte, que 0 Desejo
no Escélio da Propco
nos a ima, Bae
- quando dele s ¢ rem consciéncia; € o apetite é a propria essén-
en qu an co de te rm in ad a a faz er al go qu e se rv e a sua propria

ig doervagao.
home Pore m, no mesmo Escdlio, também adverti que na verdade
oO
nhego nenhuma diferenga entre 0 apetite humano ¢ 0 Desejo.
io #000 per-
‘a nio o homem cOnscio de seu apetite, contudo o apetite
para nio parecer que cometia uma
vanece um 56 € o mesm icar¢ oporisso,
pois se}4
Desejo pelo apetite, mas tentei defini-lo de
utaJogia, nao quis expl desse de uma s6 vez todos os esforsos da natu-
ral maneil ra
que compreen
era humana que designamos pelos nome
s de apetite, vontade, desejo ou
ese ia
jo é a propria essénc do
impero. Com efeito, poderia ter dito que o D
tomem enquanco & concebida determinadaa fazer algo, mas desta defini-
cio pela Prop. 25 da parte 2)nao seguiria que a Mente podeser conscia de
sea Desejo, ou seja, de seu apetite. Entao, para que eu envolvesse a causa
dessa consciéncia, foi necessario (pela mesma Prop.) acrescentar enquanto
éconccida determinada afazer algo por uma dada afecgao sua qualquer.
Rois por afecgio da esséncia humana entendemosumaconstituigao qual-
querdesta mesma esséncia, seja ela inata, seja concebida pelo sé atributo
do Pensamento, seja pelo da Extensio,seja enfim referida a ambos simul-
Sscamente, Portanto, entendo aqui pelo nome Desejo quaisquer esfor-
wee ¢ voligdes de um homem que, segundo a varidvel
lo mesmo homem, saovaridveis ¢ nao raro tio opostos uns
tine Quecle é arrastado de diversas
295 outros
di is ¢ nao
maneiras a sabe para onde
Dos Areros at
par en-itl
a Alegria 64 P assagem do homem de uma perfei
aya naio® \ ,
sora greta €a passage do homern de uma perfeigio
ah yma menok. ExrLicagno
aio"
an. ois a Alegria nko &a prépria perfeigio. Com efeito,
pige PAEoma perfcigio a qual passa cle a possuiria sem 0
egtié el™ Moe revela maisémclar
je Almnas
jen home amente a partir doafetode Tris
Mrio, Pois ningu pode negar que a Tristeza consisce
eoecers menor perfeigio, ¢ndo na prépria perfeigio menor,
pepsi 2em, enquanto participa de alguma perfeigio, nio pode
vist QUEmoet também nio podemos dizer que a Tristeza consiste na
eee ‘uma maior perfeigios pois a privagio nada é, a0 passo que 0
cragio de Wi uim 2t0, que por isso ndo pode ser nenhum outro sendo
a de
aio de Tes na menorperfeicio, isto &oatopelo qual a poténci
aeoe “tdiminuida oucoibida (ver o Esc. da Prop. 11 desta parte).
agirdo norco as definigdes de Hilaridade, Caricia, Melancolia e Dor,ja
Derrem peedominantemence 20 Corpo € io sio senio Espécies de
ga ou Teiscera.

IV. A Admiragao ¢ a imaginagao de uma coisa na qual a


Mente permanece fixa, porque esta imaginagio singular nao
tem nenhumaconexao com outras. Ver Prop. 52 comseu Esc.
ExpLicagao
No Eseélio da Proposigio 18 da parte 2, mostramos qual ¢ a cau-
por que a Mente, da contemplacio de umacoisa, incide de imediato
4 pensamento de outra: porque as imagens dessas coisas foram conca-
‘eradis umas com as outras ¢ de tal maneira ordenadas que umasegue
‘outta, 0 que certamente nao pode ser concebido quando a imagem
da
= ceo nese caso, a Mente se deteré na contemplagio da mesma
aa ae ferminida Por outrascausis a pensar em outras coi
in prensa em si mesma, a imaginasio da nova coisa € de
que as restantes ¢ por isso no enumero a Admiracio
113 Dow Areros uy
que fa ragho da Mente
1a positiva que distraia a M nce das outras
a causa pela qual a Mente, da con:

eo sonoadverts no Ese. dt Prop. 11de 1650 ape:


jtivos ouprimarios, a saber, Alegria, Tristeza e Descjo,
palavrassobre Admiragio porque ouso fez quealguns
ad sees erés primitivos fossem costumeiramente indicados
evo quandose referem a abjetos que admiramos; motive
erc te me move a aqui aduzir também a definigio de Despreza
mmen
ig
it
o Desp rezo & a ima ginagdo de uma coisa que toca“ tho
y. :
Men ce que esta €lev ada, pela pres
en e enga dacoisa, a ima-
oa
: an ces o que nao est na propria coisa do que o que esta
jnar parte,
ea.l Ver Esc. da Prop. 52 desta
afe-
mivo qui as definigbes de Vene.eragio ¢ Desdém porque nenhum
snque co iba, tra dlas seu nom
VLO Amor éa Alegria conjuntamentea ideia de causa ex-
tema.
ExpLicagao
EstaDefinigaoexplicaassazclaramenteacssénciado Amorja(definigio)
dosAutores quedefinem 0 Amorcomoa vontadedoamantedeunir-seacoisa
nada nio exprime esséncia do Amor, mas uma sua propriedade e, como
acsénciado Amornaofoi suficientemente examinada poreles, tampouco
oderam ter um conceito claro detal propriedadi ai ocorreu que todos
‘aham julgdo a definigio deles bastante obscura. Mas cumpre notar
‘6. quando digo que ¢ uma propricdade no amanteunir-se pela vontade
iixsma, nao entendo por vontade o consentimento ou a deliberagio
‘nimo, ou seja, o decreto livre (pois demonstramos na Proposigio
48 di
“Parte 2 que isto é ficticio), nem tampouco Desejo de unir-se

ee
Dos Arrros a
pant pul
c, ou de perseverar na presenga e dela,
ese-
uando ela
esta ausent
e c b d l o s me s t e o ua q u e l D
de scr co n ento que se da no amante
3 ane vorortpeondo o Contentam
cv amada e que corrobora, ou pelo menosfomen

Od ie éa Tr is te za co nj un tamente a ideia de causa


o
vil
exter ExPpLicagao

i c u m p r e n o t a r é Fracilmente percebidopelo quefoi dito


eaq u
aguilocata 15 efinig do preceden nte. Ver, alémdisso, 0 Esc. da Prop. 13
Epia
Sot
p e n s é o [ a t r a 40] € a Alegria conjuntamente &
yu A Pro qUe POF cidente é causa de Alegria.
se a de u m a co isa
i jun tam ent ea ide ia de uma
1x. A Av er si o € a Tri ste za con
O F a c i d e n t e é causa de Tristeza. Sobre isso, ver o Esc.
coisa que P
a parte.
da Prop. 15 dest
m o r a q u e l e q u e a d m i r amos.
X.ADevogéo ¢ 0 A
Expircagio
a
o 52 des ta parte que a Admiracio se origin
Most ram os na Pro pos iga
de imaginarmos frequentemente
danovidade da coisa. Se entao acontecer seguinte, vemos
aguilo que “dmiramos, cessaremo sde admiré-lo; por con
s .
queoafero de Devocio facilmente se degenera em simple Amor
XLO Escérnio é a Alegria que se origina de imaginarmos
quealgo que desprezamos est4 nacoisa que odiamos.
ExpricagaAo
negamos
Enquanto desprezamos a coisa que odiamos, nesta medis(dapela Prop.
a (ver Esc. da Prop. 52 desta parte) ¢ nos alegramo
lo de que
lsta parte). Mas como supomos que 0 homem odeia aqui
oscar Esc. da Prop. 47 desta
‘ek ce, segue que esta Alegria nao é sélida. Ver

~<a
Dos Arrtos a7
paste tll

éa Ale gri a inc ons tan


7 te origin
- ada da ideia
A Esp
Te
eranga
fu cu ra 08 Pa ssa da de cuja ocorréncia até certo
cut
na g©vidamos-
je 2%
0
en Q Medo éa Triste eza inconstante origina ada
da ideia de
xu cura ol 1 passa da de cuja ocorrénci até certo ponto
isa fut eso, ver Esc. 2 da Prop. 18 desta parte.
ExPLICAg Ao

peranga sem Meendoso, ne


gaesto,qusue pdntoe-sesediqueEsqu m Medo
soe finiei
a dercf em estd susp pela Espe-
segue de e ex cl ui a existéncia
n r o eg eé nc ia da co is a im ag in a al go qu
rat e duvide do reso se entrstece (pela Pr ranga tem medo que a
op. 19 desta parte) «, con-
4300 7 ‘0 esta suspenso pela Espe
s,< ty ue m, pe lo co nt ra t, es té co m Me do , iso é, duvida da
«ois a nfceo me
nt0a que odeia, cambém imagina algo que exclui a existén-
0 e-
seorrencid
cia da coisas por
nc (pela Prop. 20 desta parte) se alegra e, consequent
an ga de que nao ocorra.
mente, rem ESPe!
eg ri a or ig inada da ideia de umacoi-
XIV. A Se gu ra ng a éa Al
qu al fo i su pr im id a a causa de duvidar.
sa fucura ow passada da
a coi-
xv. 0 Desespero éa Tristeza originada da ideia de umidar.
de duv
safurura ou passada da qual foi suprimida a causa
ExPLIcagAo
Assim, da Esperan ca se origina a Seguranga ¢ do Medo © Desespero
quando é suprimida a causa de duvidar da ocorré ncia da coisa, o que ocor-
re porque o homem imagina que a coisa p: assada oufutura esté presente
ea contempla como tal; ou entio porque imagina outras que excluem 2
isténcia daquelas coisas que o colocavam em diivida. Pois, embora nun-
l.
«2 possamosestar certos da ocorréncia dascoisas singulares (pelo Coro
ds Prop. 31 da parte 2), pode contudo acontecer que nao duvidemos da
Apedele Com efeito, mostramos(ver Ese. da Prop. 49 da par-
elas a é nao duvidar dealgo, outra é ter certeza daquilo;
oe ar le acontecer que, a partir da imagem de uma coisa passa-
. sejamos afetados pelo mesmoafeto de Alegria ou Tristeza
Dos Areros Mo

feeados a partir da imagemde uma coisa presente,


" s al
=
P r o p o s i c i e 1 8 desta par a qual deve ser vista
seam Ma
e n t e i d s i a d s u m w e ele
ntam A
ozo éa Alegria conjuda Esperanga.
ntra to
xv S ocorreu co
da q
s o 3 T r i s t e z a c o n j u n tamente a idcia de
ep 9 Remor €
n t r a t o d a E s p e ranga.
u co
2 V rp o sda que ocorre
conjuntamente a ideia
©
yma
A Com ise rag io é a Tri ste za
xvi L. ante
al que corre @ outro que imaginamosser semelh
da Prop. 22 Esc. da Prop. 7 desta parte.
“ ExPLicagao
Col miseragao ¢ a Misericér dia parece2 nao haver nenhiumadife-
to a um afeco singular ea
ra
Enea
as en io al Comin gue a Comis eraga o diz respei
seag deste [afeto].
Misericdrdia 20 habito
XIX. O Apres 0 é0 Amor a alguém quefe
z bem a outro.
XX. A Indignagao é o Odio a alguém quefez mal a outro.
ExpLicagio
Sei que estes nomes significam outra coisa no uso comum. Contudo
| peu intuito nao é explicar a significagao das palavras, mas a natureza das
«iss, ¢ indicé-las com vocbulos cuja significagao usual nao repugna
inteiramente aquela com que quero emprega-los; ¢ basta té-lo advertido
ama ver. Deresto, ver a causa destes afetos no Corolario I da Proposigao
27¢n0 Escélio da Proposigao 22 desta parte.
XXI. A Superestima é, por Amor, estimar outrem além da
nedida.
in O Despeito é, por Odio, estimar outrem aquém da
a.
Dos AFETos 351

ExpLicagho
ima é efeito, oSea propriedade do Amor, ¢ 0 Des-
a Superestima pode também ser definida como
oisa amada
ar o homem de tal mancira que estima ac
, 0 Despeito, 0 Odio enquanto afeta ohomem
q u e m da medida aquilo que odeia, Ver sobre
int qe que e s t i m a a
” ve ina 26 desta parte.
“e m rena POP-
wo xu. A rtayejaé 0 Odio enquanto afeta o homem .
de ta
=f
veneristece com a felicidade do outro ¢,inversa~
i iarcom 0 mal dO OUtTO
et e ExPpLIcaGgaAo

op ae -se comum: ente a Mise ricérdia, que por isso, forgando a
Invej2 finida:
anyificagao do voc’bulo, Po: de se
r assim de

c é r d i a é 0 ‘Am or enq uan toa fet a o ho me m


xxIV. A Miseri i ersa- -
e, inv
geral m aneira que se regozija com o bem do ou
outro

e, enc e js te ce -s e c om o mal do outro.


ment
ExPpLIcagAo
veja o Esc. da Prop. 24 ¢ 0 Esc. da Prop.32 desta
De resto, ver sobre a Inv ad osda ideia de
08 afe tos de Al eg ri a e Tri ste za ac om pa nh
pute Eso estes aci den te. Daq ui passo a outros
ven is ae st er na co mo ca us a por si ou po r
isa interna comoc ausa.
que sio acompanhadosda ideia de uma co
gria que se
XXV, O Contentamento consigo mesmo é a Ale
ia
origina de o homem contemplara si proprio ¢ a sua poténc
de agit.
XXVL A Humildade é a Tristeza que se origina de o ho-
nem contemplar sua impoténcia, ou seja, sua debilidade.
3 ExPLicagAo
Cont entamento consigo
. mesmo opde-se 4 Humildade enquanto
pixar 18 Dos Arrros 33

que se ori a de contemplarmos nossa po-


demos Alegt
cated emessanto por cle também encendemos a Alegria con-
pide 08 cin de umfeito que cremos ter realizado por um decreto
en ene 3 gneio Opoese 30 Arrependimento, que definimos assim:
My Mente
A
oO Arrepend' imento é a Tristeza conjuntamente
a feito que cre! mos ter realizado por um decreto livre

ExPLicaGgAo
ss eausas deste afetos no Esc. da Prop . s1 desta parte ©
oseames © rataparte bem como no Esc. desta dilkima, Sobre 0,
ys rop- 5%54 0g, ver o Esc.da Prop. 35 da parte 2, Mas, além disso
acetone dM que no é de admirar que em geral sejamos,¢ seguidos de
compe agul nov he costumeiramente chamados depravad de Ale-
ravers odes Ordos ref, Poi, a partirde do que foidito acima, failmen-
asiiso depende antes cudo da educagio. De fato,cen-
pare primeiros ¢ frequentemente repreendendoos filhos por causa
exortando aos segundos s Pals zeram
manic amin, louvando unis sem aosprimeiros ¢ as de Alegria aos
ye as comogoes deTristeza se
eee que também é comprovado pela propria experiéncia.Pois 0
rario, 0
azame ¢a Religiao néo sio os mesmos para todos, mas, ao cont uns €
que é honesto para
sercsgrado para uns € profano para outros,foio edu
or-para outros. Assim, conforme cada um cado, arrepende-se de
am feito ou glorifica-se pelo mesmo.
XXVIII A Soberba é, por amor desi, estimar-se além da
medida,
ExPLricagaAo
Assim, a Soberba difere da Superestima porser esta referida a um obje-
aes a0 passo que a Soberba é referida a0 proprio homem, que se ¢s-
manemedida.De resto, assim como a Superestima ¢ efeito ou pro-
a Soberba o é do Amor-préprio ¢ porisso também pode
como 0 Amordesi, ou seja, 0 Contentamento consigo mesmo,
quanto ‘feta ohomem de tal maneira que se estime além da medida (ver
pent iit Dos Arrros 355

gosta parte). NBO dado um contririo a este afeto. Pois


prop 26 ae si, estima-se aquém da medida; mais ainda, nin-
Be ot dio da medida enquanto imagina nio poderisto ou
mque um homem imagine que nao pode,cle neces-

pt ’ gis, ET
e que
ge por est a ima gin
Beas
aga jo € disposto de tal maneira que
o jie imag!gin:
serene Os, podefazer o que i magina que nao pode. Com efcito, en-
care ni0 Ps imagina que nao pode isto ou aquilo, nao é determina-
sents
fore yamdiv]
wf consequer! erence, é-Ihe impossivel f2zé-lo [agir]. Na verdade,
persone zo que depende da s6opinito, poderemospois conecber
cs 720989 % homem se estime aquém da medi da, pode
pode ovorrer dD ido contempla triste sua debilidade, imagine-se
ee sigoétGi aso quando os outros em nada pensam meno s do
Além disso, o homem pode estimar-se aquém da me-
seenpresentes nega desi algo em relagio ao rempo futuro
,do qual
Bas
Pino a0 negar que poss conce ber algo dece rto que posta
oi i Fe 0 rorpe. Ademais, podemos di-
cago sendo 0 depravado ¢
seor jem se estima aquém da medida quando o vemos, por excessivo
ee rahe io ousar 0 que ousam outros iguais aao, ele. Portanto,
mo s op or 4 SO I berba este afeto que chamarei de Abjec pois assim
vsde
a
tamento consigo mesmo, 2 Abjegio
i soberba se origina do Conten da:
signa da Humildade, que porisso é por nés assim defini
XXIX. A Abjegao é, por Tristeza, estimar-se aquém da me-
dida.
ExPLrcagao
Costumamos, porém, opor a Humildade a Soberba; mas neste caso
estamos atengio mais 20s efeitos de ambosos afetos do que a sua natu-
‘22 Poiscostumamos chamar soberbo ao que se glorifica excessivamente
(verEx. da Prop. 30 desta parte), 20 que narra apenas suas virtudes ¢ dos
ao nei quequerser preferido a todos ¢ que, por: fim, cami-
aesine i €0 aparato que costumam ter outros que estio postos
we © contririo, chamamos humilde ao que mais Frequen-
ee confessa seus vicios e narra as virtudes alheias, que
‘que, porfim, andade cabega baixae negligenciao aparato. De
Dos Artros 337
parte ui
ab er , a H u m i l d a de a Abjesio, storarissimos. Pois a
feros. #
js afer" a
*
co nsiderada empenha-se, 0 quanto pode, contra
« s¢0 na ria desta parte): © por is i so aqucles que se créé serem
ecutl Peer8 - hamild i es sio em geral maximamente ambiciosos
des (eamnce adjCTO®
inv SOS
Alegria conjuntamente a ideia de uma
x. A Gloria é a
que imaginamos que os outros louvam.
oss
xi. A Vergo nha é a Tristeza
conjuntamenteA ideia de
7 que imaginamos queos outros vituperam.
ma aga ExPLIcAaGgaio
z se isso, ver 0 Escdl lio da Proposigao 30 desta parte. Mas cumpre
7 ar a dif ere nga qu e ha en tre Vergonha ¢ Pudor**. Com efeito, a
im 0 éa oa Tris ceza que segue 0 feito de que nos envergonhamos. Ja 0
Nergonha é 2 TH ‘a Temor da Vergonha pela qual o homem é contido de
pador é0 Medote + algo torpe. O Pudor costuma ser oposto a0 Despu-
go a ndo come
e n a ve r da de nd o € u m af et o, co mo mo strarei em seu lugar; masos
dor, qu s ao seu uso do que
nomes dos afetos (como j4 adverti) dizem respeito mai
Alegria ¢ Tristeza que me
qua natureza. E com isso conclut os afetos de rid
propusera @ cexplicar. Prossigo entao aquelesrefe os ao Desejo.

XXXII A Saudade[caréncia] ¢ o Desejo, ou seja, o Apetite


depossuir uma coisa, 0 qual é alimentado pela meméria desta
coisa e simultaneamentecoibido pela meméria das outras coi
sasque excluem a existéncia da coisa apetecida.
Exrricagao
Comoja dissemos varias vezes, quando recordamos umacoisa so-
05 por isso dispostos a contempli-la com o mesmo afeto que te-
"amos se a coisa estivesse presente; mas esta disposigao ou esfor-
f° € no mais das vezes inibida, enquanto estamos acordados, por
ne coisas que excluem a existéncia daquela que recorda-
+ quando nos lembramos de uma coisa que nos afeta com
Dos Ariros 56)
r
pa rt a
por isso nos esforg amos para contempli-la como
po. fero de Alegria. uem
sforgo que ¢ imediatamente i
que exel a existtncia dela, Por conse-
dade a Triste: a oposta & Alegria que se origina da
Pe aresna que ‘odiamos: sobre co, ver o Escélio da Proposigio 47,
“pitt oi
or e n o m eca ré nc ia pa re ce di zer reapelto ao Descj
ee
oe5 afeco: aferos de Desejo-
afero20
ie itt. A Emulagio é° Desejo de alguma coisa gerado em
i O e

mos gu‘ ¢ ou tr os té m o me sm o Desejo.


a
ExPLicaGaAo
p o r
me porque vé os outros
ave ¥ 9s outros fugirem, ou te que queimou 2 mio,
f o g e ter visto alguém
‘Quem m b é m q u e m , por
a
emer fo opria e move 0 COrpo como se esta se incendiasse, diremo
u e s
c o n t0 5 0 8 p r s na oq u e o e m u l a ; n é o porque
a e n t te i m i t a 0 afero do outro, ma mas por-
nda emulagéo & uma e a da imitagio € outra,
jece r t
sibamos que 2305 ita
a Jo ocorreu que chamassemos émulo somente aquele aqudae im
Emu-
hon est o, tt il ou bel o, De res to, sobre a caus
® slgamos ver
va y des ta pa rt e co m se u Esc éli o.S ob re po r qu e a
taoa
, ver a Proposi¢ a
ja , v e r a P r o p o s igao 32 desta parte
a s v e z e s 8 In ve
speafexo se une no mais d
com seu Escélio.

V, O Re co nh ec im en to ou Gr at id io € 0 Desejo ou
XXXI fa ze r be m
empenho de ‘A mo r pe lo qu al no s es fo rg am os pa ra
Ver
aquele que nos benefic jou por um igual afeto de amor.
Prop. 39 com o Esc. da Prop. 41 desta parte.
bem aquele de
XXXV. A Benevoléncia ¢ 0 Desejo de fazer
te.
que nos comiseramos. Ver Esc. da Prop. 27 desta par

0 De se jo pe lo qu al so mo s in citados, por
‘ A Ira é
od ia mo s. Ve r Pr op . 39 de st a pa rt e.
io, a fazer mal a quem
vt Dos A ros 36
pA ars

«A Vingancoga‘, € 0 DeDetsescjojo pelo pelo quq al ssomos xeimmppeellii-


vil. Nifpro a faze mal a quem no trou dano
x*" Odio ree Yer 0 Corol. 2 da Prop. 40 desta parte
gos PO«,0semelhan ee : y
om
os A Crueldade ouFerocidade¢ 0 Desejo pelo qual
x mpelido @ fazer mal a quem amamos, ou de que nos
éan 6
alge!
omis ExpLicagaAo
e s e a Cleméncia, que nao é uma paixéong,a.mas uma
A Gee Gqual o homem modera irae a vinga
s
otxxix.
ja do
Temor éo Desejo de evitar, por meio de um mal
senor,um mal maidr de que temos medo. Ver Ese. da Prop. 39
destaparte.
xL. A Audicia 0 Desejo pelo qual alguém incitado a
caer {agir] algo com um perigo a que seus iguais tém medo de
fax
expor-se:
XLLA Pusilanimidade se diz daquele cujo Desejo é coibido
pelo emor de um perigo a que seus iguais ousam expor-se.
ExPpLicagao
‘A Pusilanimidade, entao, ¢ nada outro que o Medo de algum mal de
ve maioria nao costuma ter medospor isso nao a refiro aos afetos de
Desejo. Quis, contudo,explic4-la aqui porque, enquanto prestamosaten-
i020 Desejo, ela na verdade opde-se ao afeto de Audicia.
XLIL A Consternagao se diz daquele cujo Desejo de evitar
um mal é coibido pela admiragao de um mal que teme.
Exrricagio
wet Cocchi entéo, é uma espécie de Pusilanimidade. Mas jé
te oe se origina de um duplo Temor, por isso pode ser
‘odamente definida como 0 Medo que de tal mancira contém
Dos Arrtos 363

te que ele ndo pode afas tar mal. Digo es-


aunpitefo on fi man
oedem os que seu Descjo de afastar o mal é coibido
wn enquanee en
digo furmante enquanto concebemosque este Desejo
yopit? ro mEnor de outro 5 mal
fF. m que ae
igualmente
F 0 atormenta;
if donde
pot pelo Te ‘qual dos dois repelit. Sobre isso, ver o Esc.da Prop.
ba Geta parte. De resto, quanto & Pusilanimidade ea
st desta parte.
‘cit
» umanidade ou Modéstia é 0 Desejo de fazer 0
yl.daé 0ita
8 ¢ de abster-se do que lhes desagrada.
ag r a 2
4 yA Ambigio € 0 Desejo imoderadode gléria.
xLIV- ExPLICAGAO
_ gne o Desejos pelcoro rob 31 des-
qual todoso; s afetos (peelas Protop.dif27ici¢ lme
aambirto €cado e orados por isso est afe nte
1eperad ae Pois, enquanto [quamdiu] o homem for tomado por
ser superaeleanco serd necessariamente tomado por ela. Otimo,
vm Deseo ‘aquele que ¢ maximamente conduzido pela gloria, Mesmo os
ere Tres que excrevem sobre 0 desprezoda gloria, inscrevems seus
somes eH
XLV. A Gula é 0 imoderado Desejo, ou mesmo o Amor,de
comer.
XLVI. A Embriaguez é 0 imoderado Desejo ¢ Amor de be-
bet
XLVIL A Avareza ¢ 0 imoderado Desejo e Amordas rique-
as,
XLVIIL A Lascivia é também o Desejo e Amor de unir os
corpos.
te Expiricagao
a ioe de copular, seja moderado ou no, costumaser denomina-
feat lém disso, estes cinco afetos (como adverti no Esc. da Prop.
tee elme tém contrarios. Pois a Modéstia é uma espécie da Am-
80, ver o Esc. da Prop. 29 desta parte - ¢ a Temperanga,
ave Dos Arzros x65
Castidade também jd adverti que indicam a poréncia da
_dsde ¢? OF" 5. E embora possa ocorrer que um homem avaro,
15 950 OePog abstenha de excessiva comida, bebida ou cépula,
MAE 08 HOT”, Temor nio Sio contririos & gula, 4 embriaguez ¢
jo? 5
gree.» Ambisso no mais das vezes, carece de saciar-se com a comida
ae
"mbicioso,
is 0 aVaFOr .
desde que conte com
or
o sigilo, em nada
2 se er en tre os ébrios¢ lascivos, sendo ambicioso, estari
6OP ope
ais nadoa
inclin tais vicios. O timorato, por fim, faz 0 que nio
inda jue, para cvitara; mortelance
: 2 riquezas
: 20 mar, perma-
ep ae ware & se 0 lascivofica triste por nao poder satisfazer-se,
gesetcin lascivo. E estes afetos, absolutamente falando, nio dizem
sod rant#0% propriosA atos de comer, beber, etc., como 20 préprio
sopeieOho. Nada, entio, pode opor-se esses aferos = a Genero-
senio
eel ei na sequéncia.
(aisle Firmetas sobre as quais falar
apesit
~ Jencio-me sobre as definigées de Citime ¢ das outras flutuagées do
Silencion porque se originam da composisio de afetos queja defi-
jrimo, rato
pimos, quanto
porque na maior parce ndo tém nomes, 0 que mostra ser
soficiente pare ‘9 uso da vida conhecé-las somente em género. Deresto,
fea claro, a partir ¢das Definigdes dos afetos que explicamos, que todos se
cviginam do Desejo, da Alegria ¢ da Tristeza, ou melhor, nada sao além
seeestés, 0s quais costumam ser chamados por virios nomes em fungio
& suas varias relagdes ¢ denominagéesextrinsecas. Se agora quisermos
prestar atengao a estes afetos prim: ivos ¢ a0 que acima dissemos sobre a
turureza da Mente, poderemos definir os afetos, enquanto referidos a sé
Mente, da seguinte maneira:

DeFINIGAO GERAL DOS AFETOS


O Afeto que ¢ dito Pathema*s do animo é umaideia confu-
pela qual a Mente afirma de seu Corpo ou de umade suas
Pattes uma forga de existir maior ou menor do que antes e,
dada (esta ide
ideiia], a Mente é determinada a pensar umacoi
sa de
Preferéncia a outra.
i Dos Arrros 0
parte
ExPLIeAGgAo
ente, que o Afeto oupaixto do animo é uma ideia co
irarnet(ver Prop. 3 desta parte) que a Mente padece apenas
ostrage inadequuadas, OU Scja- confusas. Digo, em seguida,
d uma de
ato rem ysfirmade sew Corpo ou de d suas partes uma forga
ou or do que antes. Com
a Mente : efeito, todas as : ideias queo
maior¢ indicammais a consticuigao atual de nosso Corpo(pel
do corpo externo: oa,
que a natu: reza
(se compos
pop.161 Peartea 2)dodoafet
16 in148 Form o deve indicariiaou exprimir a consti
cole da cons
soe po ow de uma de suas Partess [constituigao] ou que 0 préprio
Jo um: Com e ONas partes 7 possi por 7 ter aume; ntad a diminuid et
a,
Cast? 2 coibida sua porencia de agir, ou seja, sua forga de existir.
iors cit ear que, quando digo i 14 forca de existir maiovid r ou menor ir do
em Eg entendo que a Mente compara @ ae constituigio presente do
5, ni s que a .
ideia que constitui a formadoafero afir-
#6 pee amtcoma passa da, mas 4) q
carpe sol con a corpo que na verdade envolve mais ou menosrealidade do
; (pelas Prop. 11 ¢ 13 da parte
res, Ecomo a esséncia da Ment e cons iste
exams Eco eén cia acua l dese u Corpo, ¢ entendemos por perfeigi: o
<
2)emafirm: , segu e enti o que 2 Men te passa a uma maior
we ria essén cia da coisa
Ged o quan do Ihe acon tece afir mar
: de seu corpo ou de uma
spi
oa ns "
os realidade do que antes, Portan-
craalgo que envolve mais ou men
Pando disse acima que 2 poténcia de pensar da MenteMen ¢ aumentada
< Pinoida, nao quis entender nada outro sendo que a te mais formou
ou
vnaidein de seu Corpo, ou de uma de suas partes, que exprimeléncia das
vos realidade do queela afirmara de seu Corpo. Pois a exce
ides ea poténcia atual de pensar é estimada pela exceléncia do objeto.
Acesentei, por fim, ¢, dada [esta ideia], a Mente é determinada a pensar
sma isa depreferéncia a outra para que, além da natureza da Alegria ¢ da
Tiisteza, que a primeira parte da definigao explica, também exprimisse a
matureza do Desejo.
Fim da Terceira Parte
‘ —T |! CA
Parte Quarta,
DA
da Servidao Humana,ox das
F O R € A §
dos Afetos
PREFACIO
Chamo Servidaéo a impoténcia humana para moderar e coibir |
os afetos; com cfeito, o homem submetido 40s afetos nao é senhor
desi'’, mas a senhora dele é afortuna*’, em cujo poderele esta de |
tal maneira quefrequentemente é coagido, embora veja o melhor
para si, a seguir porém o pior. A causa disto e, ademais, 0 que os
afetos tém de bom ou de mau, foi 0 que me propus a demonstrar
nesta Parte. Mas, antes de comegar, gostaria de dizer umas pou-
cas palavras sobre a perfeigao e a imperfeigao e sobre o bem eo |
mal. |
Quem decidiu fazer alguma coisa e a perfez, dird que sua |
obra estd perfeita; e nao sé ele préprio, mas também cada um |
que tenba conhecido ou acreditado conhecer a intengéo do Au- |
tor daquela obra e seu escopo. Por exemplo, se alguémtiver |
| visto uma obra (que suponho no estar ainda acabada), tendo |
sabido que o escopo do Autor daquela obra era edificar uma
¢asa, dird que a casa esta imperfeita, e, ao contrario, dird que
(std Derfeita logo que vir que a obra chegouao fim que seu Au-
‘or decidira dar-lhe. Ao passo que se alguém vé uma obra, da
qual nunca vin semelhante, e nao conhece a intengao do artesao, |

||
p a Seavinao
pao HuMmMaAaNA

ber se aqueia
ber r a ¢ perfeita
el. obr e ou imper-
e
e i
i r
r aa sSi
i gh
g n i f —
i csa gao destes termes.
dJoo 4 a prim
y e m

r a m a fo rm ar id ei as universai
as homens comepa ir
d e c a s a s , edificios, torres ett, ¢ 4 prefer
Jos
t e c e u q u e c a d a wm veio
l o s d e coisas 4 utros, aconm a ideia universal que
d e te sir co
feito o q
ue via con
p e r f e i t o, ao contririo
a, © im
c n a sobre & cois
jest 14 u modelo concebido, a
inda que 4
m se
em
z na opiniao do artesao. N
a
po r qu e t a m b é m as coisas naturais,
io
ser our m a o hu ma na , eles chamem vul-
sa feitas pe la
pare’ “que nao f e i t a s ; p o i s o s h omens costuma
m,
itas ou imper rideias uni-
rma
iciais, fo
-< como das artif -
ge" jas coisas c o i s a s , € c reem que a natu
lo s d a s
tém como mode r ca us a de algumfim) as
n a o po
nu nca agirSe
c o m o od el os . E assim, quando
mesma
ropoe para si o n v é m m e no s com o modelo
za que c
igo na nature i s a , creem entao qu
e4
, tém d a c o
dessa manelra x o u a q u e l a c o isa imper-
ou e de i
falhou ou pec m a r a m -se 4 chamar
a c o s t u
homens
vemos que os eitas mais 4 p
artir de
l s d e p e r f e i t as ou imperf to dessas coi-
jsas natura 6 0u b e c i m e n
q u e d o verdadeiro ea
um precon c e i t o d o
d ice da Prim eira Parte qu
o A p é n
sas. Com efeito, m
ostr a m o s n
o i s a q u e l e E nte eterno ¢
a o a g e e 7 v i s t a de um fim p esa necessi-
Natureza n ou Nat u r e z a , p e l a m
mamos Deus Prop- 16 da
parce
infinito que cha s t r a m o s (
q u e e x i s t e , a g e . De fato, mo n a t u sa d a parur
dade por ma neces sidade d e re
1) que ag e a pa rt ir da m e s o r q u e Deus o«
au s a p
4? w a zdo ou a C o nae
da qual exi ste . Po rt an to ,
: Logo, com
psma-
N re za a g e e p o r q u e existe éu ma ea me
latu
Da SERVIDAO Human,
Ws
paete
sa de nenbumfim, tambémnio agepor causa de
ai aiaSs assim como para existir néo tem nenhum
ona fonsm assim tambémpara agir néo os tem, Ora, a
nip? ditafinal nada mais é gncio prOprio apetite humano,
f iu : consjderado como principe ou causa primeira de uma
aguar xemplo, quando dizemos que a habitagéofoi a causa
waist "or dlaquela casa, vertamente nao entendemos nada
jn! desta a wen homem, por ter imaginado as comodidades
itt? st! “sortspica, teve 0 apetite de edificar uma casa. Por isso,
dav mn enquanto considerada ane causafinal, nada outro
apetite singular, que na realidade é a causa eficiente,
que da como primeira porque os homens comumente igno-
ausas des cus apetites. Pois sao, como eu ja disse muitas
og
certamente conscios de
suas ages e de seus apetites, mas
caus:
as pelas quais sao determinados a apetecer
za
além disso, vulgarmente afirmam, que a Nature
algo. 04Oefatha ou pecae produz coisas imperfeitas, enumero
Por-
o "aegies de que tratei no Apéndice da Primeira Parte.
onl ‘o perfeigdo e imperfeigao sao realmente sé modosde pensar,

he nogbes que costumamos, forjar por compararmosindivi-


disse
duos de mesma especie ou de mesmo género; poreste motivo
cima (Def. 6 da parte 2,) que por realidadee perfeigao entendo
omes™
1. Com efeito, costumamos remeter todos os individuos da
Natures. a a um género, que
é chamado generalissimo, a saber, a
os individuos
nogao de Ente, que pertence a absolutamente todos
duos
da Natureza. E assim, enquanto remetemos todos os indivi
da Natureza a esse género e os comparamos uns aos outros, e des-
cobrimos que uns tém mais entidade ou realidade que outros,
nesta medida dizemos que uns sao mais perfeitos que outros; €
enquantolhes atributmos algo que envolve negagdo, como termo,
pa Servipio HUMANA
1v
est a medida os chamamos imperf;eitos, por-
ry
z sg che que
ene 4 Ment la da mesma maneira que aqueles
era noss vos, endo porque thesfalte algo que seja deles
nie pe feitos
oa tenha pecado. Comefeito, nada compete a
coisa a nao ser 0 que seguc da necessidade da
niente, eo gue quer que siga da necessidade
g
a, da caus usa oficiente, acontece necessariamente.
“ daca
aa 1, também nao indicamnada de posi-
yal bem 4? me 4 oe
“ 0 a0 iderad as em si mesmas , e nao sao nada outro
yar as cons!
a isas ‘i ensar ou nogaes queformamos por comparar-
5 le .
si de yoddos 5 Pois uma ea mesma coisa pode ao mesmo
de tam bém indiferente.
Por exemplo, a Misica
0% ; para o lastimoso;: no entanto, nem
elancélico, md :
‘bos para en o surdo. Contudo, por mais que seja assim,
. nem m warms esses vocdbulos. Pois, porque desejamos
mem que observemos como modelo da
se
ume jdeia de ho
los no
pumana, 205 Se vé util reter estes mesmos vocdbu
disse. E assim, por bem entenderei, na Sequéncia,
roxi: marmos maisi
5 para nos aproxi
seyido e™ que ertamente ser meio
oght pdelo de natureza humana que nos propomos. Por
mais adm, agquilo que certamente sabemos que nos impede de
os homens
a are mesmo modelo. Ademais, diremos que
oeais perfeitos ou mais imperfeitos enquanto aproximam-se
mais ou menos desse modelo.
Pois, antes de tudo, deve-se notar
que quandodigo que alguém passa de uma menor a uma maior
perfeigao, € inversamente, nao entendo que mude de uma es-
sncia ou forma para uma outra. O fato é que um cavalo, por
exemplo, é destruido tanto ao ser mudado em homem como
em inseto; mas é sua poténcia de agir, enquanto esta é enten-
dida por sua prépria natureza, que concebemos aumentada ou
Da Suavipio HuMANA 379

n° Cigd em geral
te por perfeigao entenderei,I, CO) como
ral enten
inte, J ;
ime 64 esséncia de uma coisa qualquer en-
&
é, “isto de manciracerta, ;
sem que se considere sua
er . ; : :
sexi puma coisa singular pode ser dita mais perfeita
wnPols _ip mais tempo Ma existéncia; defato, a duragao
p v “i oH determinada pela esséncia delas, visto que
iy teras nae ee nao envolve nenhum tempocerto e determi-
; 5.
L cot.jsas mas uma coisaA qualquer, quer ela seja mais
dscor”
*pncid Aeils
ip exist os, poderd sempre perseverar na existéncia com
mn ne : :
er menoss J comegou a existir, de maneira que, nisso,

DEFINIGOES
entenderei aquilo que sabemos certamente nos
, bem
geil.
ser vel i partm aquilo que sabemoscertamente impedir
IE Por ms” alquer.
;amos possuidores de um bem qu
ue Ks isto, ver © prefacio precedente, no fim.
Sobre 150"
]. Ch am coisas singulares, enquanto, ao
o con0tingentes asia
ul. mos atenga 4 56 essénc delas, nada encontramos que
estar! . .
mente sua existéncia ou que necessariamente
ponhaa.necessarial
gexclu
, o,
IV. Chamo possiveis as mesmas coisas singulares enquant
s tir das quais devem ser
20 prestarmos atengao As causa a par
adas a produzi-
produzidas, nao sabemos seestas sao determin
-las.
NoEsc. 1 da Prop.33 da parte 1 nao estabeleci nenhuma diferenga entre
possivel e contingente porqueali naoera preciso distingui-los de mancira
acurada.

V. Por afetos contrarios entenderei, na sequéncia, os que


IV Da SERVIDAO Humana
yas

nens em sentidosdiversos, ainda que sejam do


of
como a gula ¢ a avareza, que sao espécies de
an °
,
get
as pero» a o contrarios por natureza,
mas por acidente,
ne i¢ eles BAO ”
entenderei por afeto para com uma coisa fut
ura,
nor049 ue sad expliq
i ueii nos Esc. 1 ¢ 2 da Prop. 18, da
parte
¢ a:
ce
além disso, que nao podemos imaginardistintame
ye o( 0: 5 2 notary nte
lugar comode tempoa nioseraté um limite cert
wasEe canto de o:
je a sno a rodslug: OS obj. etos que dis
7 -
tam de nés mais de duzentos7
is _assi® weeanci® do lugar em queestamossupera aquela que imagina-
js cuja di: re, costumammos imaginarque distam igualment de
e nés,
mesmo plano; assim também a obj
etos cujo tempo
0s syessem nO
om estiv' namos queesta afastado dopresente por um intervalo
CoP
esi mo magi
cgencia H aquele que costumat mos imaginar
i disti
istintamente, imagina-
i i
ic
ait d : i todos igualmente do presente
¢ OS remetemos como gue a
dist:
ae
wn nto do remo.
tt, Por fim, por causa do qual fazemosalgo, entendo o
V) bs

yerite-
Fail por virtude € poténcia entendo
o mesmo; isto é (pela
ome da parte 3), a virtude, enquanto referida ao homem, éa
-épria esséncia ou natureza do homem,enquanto tem poder
c fazer algumas coisas que sé pelasleis de sua natureza podem
ser entendidas.

AXIOMA
Na natureza das coisas, nao é dada nenhumacoisa singular
tal que nao se dé outra mais potente e mais forte do queela.
Mas, dada umacoisa qualquer, é dada umaoutra mais potente
pela qual aquela pode ser destruida.
Vv Da SeERVIDAO HyUMANA 18)

prorposigao I
a ideia falsa tem de positivo é suprimidg pela
um .
Tof iro, enquanto verdadeiro,
: verdad DEMONSTRAGAO
f’ jete na SO privagio do conhecimentoqueas ideias ina-
idle cons (pale Prop. 35 da pa
rte 2), ¢ estas nao tém nada de
af envoy ditas falsas (pela Prop.
as 33 da parte 2); mas, ao con-
ee das a Deus sao verdadcir
pa pelo ae as (pela Prop. 32 da parte
anco F Jo que uma ideia falsa tem depos
uil
itivo fosse suprimi-
se +. yerdadeiro, enquanto é
verdadeiro, entio uma ideia
a ida por si mesma, 0 que (pela Prop.
ja suprim 4 da parte 3)é
¢ umaideia etc. C.Q. D.
yor” EscoLtio
sigao € mais claramente entendida pelo Corol. 2 da Prop.16
sib imaginagao € uma ideia que indica mais a constitui
ca Propo” -
gape - go Corpo humano do que a natureza do corpo externo,
wor ert distincamente, mas confusamente; donde dizer-se que a

aio 2ra. Por exem plo, quando olhamospara sol, imaginamos que
"inis cerca de duzentos pés; no que nos enganamos
enquan-
dist
jgnoramos a verdadeira distancia dele; porém, conheci-
w (guamndiv] ro ¢ suprimido, mas nao a imaginagio,isto é, a ideia
distancia, 0 &" to o Corpo é¢ afetado
; ¢ explica a natureza dele apenas enquan
te isso, embora conhegamos a verdadeira distancia dele, nao
one imaginaremos que ele estA perto de nés. Pois, como dissemos
aoe da Prop. 35 da parte 2, nao imaginamos sol t4o préximo por-
= ignoramos sua verdadeira distancia, mas porque a Mente concebe
Fopdess do sol apenas enquanto o Corpo afetado porele. Assim,
quando os raios do sol, incidindo na superficie da agua, refletem-se em
nossos olhos, imaginamo-lo comosc estivesse na agua, ainda que saiba-
mos seu verdadeiro lugar; ¢ assim as demais imaginagées, pelas quais a
Mente se engana, quer indiquem a constitui¢ao natural do Corpo, quer
indiquem um aumento ou uma diminuigao da poréncia de agir, nao
yerdadeiro, nemeva
vrne seem pela pp,
falsamente alguesenga
or evancsce: mas, em co m
ntrap
a indo cememos um mal que certamers vied, 0
*G cemor tambémevanesce + &POF isso, ay
‘14
pe : do verdadeiro, enquantoverd, imagina,
presenga
ppeseein PEgs mais fortes que excluem a existén ttdadciro, m aS porque
eee Ons, come MostFamos na Prop. 17 da cia presente das cones
Parte,
PROPOSIGAoO I]
au paddecemas apenas engqua nto somos 4 parte da Naty; re
N i ode ser concebi‘ por si: sem asrm,
vis
o tras, .
wget
naoP' d a “
DEMONSTRACAG
adecemos quando orig
Dine Oe“aparcial (pela Def 2 da ina- par
se algo em nés di
te) , isto € (pela DeDaty ’ Bio so-
cau
enqoupod
saleemtacna a n etosesormdeosduumzia pdoarsétedaslei
d a N
s
a
de Rossa C
natu PorePar
oreeza:. - lt Por tan te
e
os : a outra: s.C.Q.D. t u r e za
: que nao pode sercona-
ida por si sem s

PROPOSIGAO III
Aforca pela qual o homempersevera
no existiy é limitadaeé
i nfinitamente superada pela poténcia de causas externas,
DEMONSTRACiO
ente pelo Axioma desta parte. Pois, dado
a Fotentes digamos A; ¢, dado A,\. é dado também um homem, € dado algo
B, mais potente que o préprio A, ¢ issoao infini um our r0, digamo: s
to; ¢, Por conseguinte, a
:énc homem é definida pela poténcia de outra coisac inficitancr:
fesupeiaraddoa pel a poréncia de causas externas, C.Q. D.

PROPOSICAO IV
Nio pode acontecer que o homem ndoseja parte da Nature
za
eque nao possa padecer outras mudancas a néoseras que podem
srentendidas por sua sb natureza e das quais é causa ade
quada,
serxrvivko HUMANA
DA

pemonsTRagho
as coisas singul ares ¢, conse
quentemente, o ho-
. pela ual ropria poténcia d le Deus, ou
seja, da Natureza
anit PY cer éaP 1) , nao enquanto é infinita, mas enquanto
A pr? serv? ° ad da part
la Prop. 7 da parte
uma esse! ncia humana atual (pe
do homem, enquanto é explicada pela esséncia atual
éncia ,
finita de Deus ou da Natureza, isto ¢ (pela Prop.
éncia in
infinita. O que era o primceiro. Ademais, se
esséncla
homem nao pudesse padecer outras mudangas a
za do homem, seguiria
esse # odem ser ¢ nrendidas pela sé nature
pe is queP da parte 3) que cle nao poderia perecer, mas ecxiseicii
. 4° . ¢ isso deveria seguir de uma causa cuja poténcia
izer, ou a partir da sé poténcia do homem,
ais mudangas que pudessem originar-se
fost capa? eee ua partir da poténcia infinica da Natureza, quediri-
niopudesse sofrer
3 externas i zes:de tal maneira que 0 homem
de jos 0s SINBU a ser as que estao a servigo da conservagao dele. Mas
preced., cuja demonstragao é universal epodeser apli-
singul ares) € absurd o. Logo, se pudesse acontecer que
coisas sem
aquelas que pudes
ee adecesse outras mudangas a naoser
ae tureza do homem e¢, consequentemente (comoja
idas pela s6 na}
), que © homem existisse sempre necessariamente, isso deveria
mos)» -
me infinita poténcia de Deus; por conseguinte (pela Prop. 16 da
da natureza divina, enquanto considerada afetada
ir
it dade
parte 1) di la necess a reza
de algum homem, deveria ser deduzid a ordem da Natu
nsao ¢ do Pensamen-
ae concebida sob os atributos da Exte
que o homemseria
to; ¢, por isso (pela Prop. 21 daparte 1), seguir-se-ia
rdo.E assim,
infinito, o que (pela primeira parte desta demonstragao) é absu
ngas a nao ser
nio pode acontecer que 0 homem nao padega outras muda
aquelas das quais ¢ causa adequada. C. Q. D.
CoROLARIO
Dai segue que o homem esta sempre necessariamente submetidoa pai-
| __x6es, segue a ordem comum da Natureza ¢ a obedece, adaptando-se a cla
tanto quanto exige a natureza dascoisas.
pa Senvipko Humana

prorostgxO ¥
iment o de
uma paixdo qualquer ¢ sua perse-
getter (0 sa 4 definides pela poténcia pela qual nos
| 4/orre existir 4 erar no existir, maspela poténcia da causa
orp

al a0 nao pode ser explicada sépela nossa esséncia


iade uma : isto € (pela Prop. 7 daparte 3), a poréncia de
ae *Nefinida pela poténcia pela qual nos esforgamos
(pet 13 DOao 9 9 pode
saint TT $2Sine
nosso Se Teo mastrado
oe na Prop. 16 da parte 2)
Peer sar em ariamente pe} a Ps poténcia da causa externa compa- P*
1
|
prorposigAo Vi
| deuma paixéo 01 afeto pode superar as demais ages
Aforte jo home de tal mancira que 0 afeto adere perti-

DEMONSTRAGAO
co crescimento de uma paixio qualquer ¢ sua perseveranga
seein definidos pela poténcia da causa externa comparada 3 nossa
snceel) © por iso (pela Prop. 3 desta parte) pode superar a
C- QD.
Frénca do homem ete.

ProrposigAo VII
| Um afeto nao pode ser coibido nem suprimido a néo ser por
um afeto contrdrio ¢ mais forte que 0 afeto a ser coibido,
DEMONSTRAGAO
Um afero, enquanto referido 4 Mente, é uma ideia pela qual a Men-
te afirma de seu corpo umaforga de existir maior ou menor que antes
(pela Definigao geral dos Afetos que se encontra nofim da Terceira Parte).
Portanto, quando a Mente se defronta com um afeto, simultaneamen-
to Corpo é afetado por umaafecgao, pela qual sua poténcia de agir ¢
Servidiao HUMANA
Da

o, ¢ss a afecgio do Corpo(pela Prop.


m seu ser de sua causa; [essa
ja . Além diss al r e
" . inuld
Jimi" = forganao pen
Parspode ser ne
F r
imida a naose
| ad iP yy econe coibida nemsuprimi
:
te
ep onseBul (pela Prop. 6 da parte 2) que afete o Corpo com
¢ mais forte (pelo
Ja (pela Prop. 5 da parte 3)ter) aM
D, . 12 dda parte 2) a Menteser. 4
caus ont’ jria aque1 isso (pela Prop
01 fhe hte
4o mais forte ¢ contrria a primeira, isto é
ideia jeuma afecg ), a Mente serd afetada por um afeto mais
s Afero,os que
Ja ide? eh| do«mei excluiré ou suprimira a existéncia do4
meiros < xs
S inte, um afet o nao pod e ser supr imido nem coi-
egui nte, Q. D.
afero conerario € mais forte. C.
‘i CoROLARIO
nem supri-
we ferido a Mente, nao pode ser coibido
a0 do Corpo contraria ¢ mais forte
3 nao se adecemos- Pois um afeto que padecemos nao pode ser
mid? afecs2° sido a nao ser por um afeto mais forte que ele ¢ con-
: 0 € (pela Defi nigao geral dos Afet os), a nao ser
reced.), ist y oy
a afecg4o que
feegao do Corpo mais forte ¢ contraria

prorpositgaéo VIII
hecimento do bem e do mal nada outro ¢ que o afeto de
ria ou de Tristeza enquanto dele
dlegen
somos cénscios.
DEMONSTRAGAO
ta 4 conservagao de nosso
amos bem ou mal o que serve ou obs
oe ‘Def 1.e 2 desta parte), isto é (pela Prop. 7 da parte 3), 0 que
ia de agir. E assim
st (Pe ou diminui, favorece ou coibe nossa poténc
aisDefines de Alegria ¢ de Tristeza que se veem no Esc. da Prop.
-
— 3), enquanto percebemos que algumacoisa nos afeta de Ale
hecimento
| gra ou de Tristeza, chamamo-la boa ou m4; ¢ por isso o con
Tristeza que
| Gobem e do mal nada outro é que a ideia de Alegria ou de
a
segue necessariamente do préprio afeto de Alegria ou de Tristeza (pel
a
Prop. 22 da parte x). Ora, esta idcia est4 unida ao afeto da mesma mancir
quea Mente est4 unida ao Corpo (pela Prop. 21 da parte 2), isto é (como
mostrado no Esc. da mesma Prop.), esta ideia na verdade nao se distingue

e eal
, da
are Da SERN oa y Huy
Be £5 ”
fero, 8 seja (pela Definigao geral dos Afetos), da id
4 5 jo s6 conceito; log, ' +O tdeia da af,
i oP pore o po, ajutro
Corp naoser pelo o proprio
€‘ que conceito; logo,
afeto esse conhecimente
enquantodel , te
c » do .
bem
y HP) pada O © SOMOS cOnscig >.

PROPOSIGAO [x

iy af po cuja caus
. a im3
aginamosestar 48ora presente
Um if do que se IMALINASS ands é
EMO S a Mesma nao esta
«forte r,
as? DEMONSTRAGAO

indi ae Corol. 2 da Prop


. 16 da parte 2). Port ANtO
xe? a Afetos) uma imagin , © afeto & (pela
agio, enquanto ind 1c. Co
f i one imaginagao (pela Prop. 17 da part nstituicao do
co
e é mais intensa
2)
mpe | tamdiu] nao imaginam en-
os na
da que exclua a
ano (4 erna; logo , também afeti o cuja causa im agexisténcia pres
ZO,
inamos es crane
gs é mais intenso ou mais tar ag ora
forte do quese imagin
dssemos nio
|
|
| Esc6Lio
|
Quando acima, na Proposigao 18 daparte 3, disse que,a partir da ima-
de uma coisa fucura ou passada, somos
afetados pelo mesmo afeto
re teriamos S¢ 2 coisa que imaginamos estivesse present
e, adverti expres-
camente que isso é verdadeiro enquanto prestamos atengao
4 sé imagem
da propria coisa; com efeito, ela é de mesma natureza quer tenham
os
imaginado as coisas comopresentes, quer nao; mas nao neguei que ela se
rorna mais fraca quando contemplamos Outras coisas presentes a nds
que
excluem a existéncia presente da coisa fucura; o que nao cuidei de adver-
tir naquela Proposig4o porque havia decidido tratar das forcas dos afetos
nesta Parte.
CoOROLARIO
A imagem de uma coisa futura ou passada, isto ¢, de uma coi-
sa que contemplamos com relagio ao tempo futuro ou passa-
do, excluido o presente, é mais fraca (sendo iguais as outras con-
digdes) do que a imagem de uma coisa presente; ¢, consequente-
pa SERVIDAG HUMANA poe

ma coisa fucura oupassada é mais brando (sendo


-eto PoP’ ara ses) do 4 ue umafeto para com uma coisa presente.
andigOes
Pe.

if propostgho X

coisa futura que imaginamos que depressa


om um: prados mais intensamente do quese imagi-
o de existir dista mais do presente; ¢ tam-
is intensamente pela meméria de uma
ter passado hd muito tempo do quese
que a mesma Pp. assou had muito.
DEMONSTRAGAO
uanto imaginamos que uma coisa depressa acontecera
ito, © = ito, por isso mesmo imaginamosalgo que exclui
com feieydahdcoisa
m do que se imaginassemos que seu tempo futuro
ss Ot do presente ou que ja passou ha muito tempo (como
ess dista vi); portance (pela Prop. preced.), nesta medida seremos
1c .
lo or - com ela. -C.Q. D.
C.Q. D,
cone? a intensamente para
gferados EscOLio
das anotagoes & Definigao 6 desta Parte, segue que para com
if distam do presente por um intervalo de tempo maior do que
‘odemos determinar imaginando, embora entendamos que
aquele que P' outro por um longo intervalo de tempo, somosafetados,
d
a es igualmente branda.
poréim,

ProrposigAo XI
ginamos comonecessdria
O afeto para com uma coisa que ima
con digées) do que para com
émais intenso (sendo iguais as outras
ou Seja, nao necessdria.
uma coisa posstvel ou contingente,
DEMONSTRAGAO

Enquanto imaginamos que umacoisa é necessaria, nesta medida


afirmamos sua existéncia, e, ao contrério, negamosa existéncia da coi-
sa enquanto imaginamos que naoé necessaria (pelo Esc. 1 da Prop. 33
da parte 1), ¢ consequentemente (pela Prop. 9 desta parte) o afeto para
pa Sexvipho Humana

mais intenso (sendoiguais as outras condigdes)


ao necessaria, >. QD.

é proPposigao XII

ma coisa que sabemos naoexistir no presen-


ossivel é mais intenso (sendo iguais as

as oe DEMONSTRAGAO
;namos umacoisa como contingente, nao somosafeta-
agin
yanto im utra que ponhaa‘ existéncia
" dela
‘ (pela Def.
de nenhum: a 0

em mas, ao contrario (segund


o a Hipétese), imaginamos algu-
arte)» existéncia presente dela. Ora, enquanto imaginamos
cluem a
7 possivel no futuro, nesta medida imaginamos algumas
a yma co}isa © ; t
3 existéncia dela (pela Def. 4 desta parte), isto é (pela
oem *
que fomentam a Esperanga ou 0 Medo; ¢ por isso o
ma coisa possivel é mais veemente. C.Q. D.
COROLARIO

nte, ¢ que
fe aracom uma coisa que sabemos nao existir no prese
Oafeto P: :
ntingente, € muito mais brando do que se imaginas-
inamos como col
imag . a nos.
mos que 2 coisa esti 4 agora presente
set
DEMONSTRAGAO

Oafeto para com uma coisa que imaginanios existir no presente é mais
intenso do que se a imaginassemos comofutura (pelo Corol. da Prop. 9
desta parte), ¢ muito mais veemente do que se imaginassemos o tempo
futuro distar muito do presente (pela Prop. 10 desta parte). Assim, 0 afeto
para com umacoisa cujo tempo de existir imaginamosdistar bastante do
presente € muito mais brando do que se a imaginassemos comopresente,
econtudo (pela Prop. preced.) é mais intenso do que se imagindssemos a
mesma coisa como contingente; ¢ por isso o afeto para com uma coisa
contingente sera muito mais brando do que se imaginassemos que a coisa
estd agora presente a nés. C.Q. D.
4 Da
part® u
a)
PROPOSICAQ X11]
nap para C0 m uma coisa contingente q
(eto P' e sa bem, -
oat te é mais brando(sendo iguais as es °S nao ex.
as= |
5 5 Condicg,
arn? 4 ifeto para com uma Cotsa passada,
wee Foes)
dod DEMONSTRAC
Ao

. 4 ex
rad a parte): Mas, ao _ contrario (segundo q Hip. isténcia q cl| a (pela
Otese), imagin,
f3 ue excluem a existéncia presente dela. Po amos
m: asom rel : agao ao tempo passado,
rém
nestamedida
gi ea resticui 4 meméria, ou seja
ui , que excita a im,
po1v8updaleparte
mos c2 ocom seu Esc.) ¢, por consegBui
uinte, nesta
mo Se fosse pr medida faz
esente (pelo Co que
rol, da Prop. 1
acopon e0 (pela Prop. 9 desta parte) 7 da ms
32).
). Po! , 0 afeto Para com uma ¢,
que sabemosnaoz exissep
titr nopresente ser4 mais . ‘Oisa contin-
nteeras cond brando (sendo
ig6es) do que o afeto para co . iguais
as ou! m um a coisa pass ada. C.
QD.

PROPOSIGAO XIV
O conhecimento verdadeiro do be
m e do mal, enquanto ver-
dadeiro, nao podecoibir nenhum afeto,
mas apenas enquanto é
considerado como afeto.
DEMONSTRAGAo
Um afeto é uma ideia pela qual a Me
nte afirma de seu Corpo uma forga
deexistir maior ou menor do queantes(pel
a Def.geral dos Afetos); porisso
(pela Prop. 1 desta parte), nada tem de
Positivo que possaser suprimido
pela presenga do verdadeiro e, consequen
temente, o conhecimento ver-
dadeiro do bem e do mal, enquanto ver
dadeiro, nao pode coibir nenhum
afeto. Mas enquantoé afeto (ver Prop. 8 des
ta parte), se for mais forte do
que afeto a coibir, apenas nesta medida (pel
a Prop. 7 desta parte) podera
coibi-lo. C, QD.

S
Iv Da Stavingg
part 5
tibia,
Hu
401
PROPOSIGAGO xy
jo Wee se origina do conhecimentg v
pese ie ser extint
;
o ou coiibi, Z
bido por ™MUitO S outros [y
7
CSej
ajoel
ol natmde afe
- tos com que nos defrontamos . JS que
eons DEMONSTRAGAG

prop: 37 adeiramente, este Desejo


segue em nés en
algo °C “da parte 3); portanto, deve
ser entendido sé
prop. st da parte 3); ¢, Consequentement
e (pela Prop,
ipl Docimento devem ser definidos
pela s6 poré
for? ec
© esejosz que se ori
igi
ginam dos afetos com
» que nos defrontamos
am tanto mai ores quanto mais veementes fo Tem este
: safetos:
a ot
foréngaci¢a cre sci men
das cau to (pe la Pro p. 5 des ta par . te) devem ser
+
P
por
sas externas, a qu defini-
al, se compara
da com a Nossa,
indefinidamente (pela Prop.
super"? uc se originam de semelhantes3 desta parte); POF conseguinte, os
Desejos 9 afetos podem ser mais veementes
Ic que se origina do conhecimento verdadciro
do que adve do bem edo
mal, ¢ por iss 0 (pela Prop. 7 desta parte ) poderio coibi-lo ou extingui-lo
c.QD.

PROPOSIGAO XVI
O Desejo que se origina do conhecimento do bem e do mal,
enquanto este conhecimento se reporta ao futuro, pode ser mais
fucilmente coibido ou extinto do que o Desejo de coisas quesao
agraddveis no presente.
DEMONSTRAGAO
© afeto para com uma coisa que imaginamos futura é mais
brando do que para com uma coisa presente (pelo Corol. da Prop.
9 desta parte). Ora, o Desejo que se origina do conhecimen-
to verdadeiro do bem e do mal, embora este conhecimento ver-
se acerca de coisas que sao boas nopresente, pode ser coibido ou
1Vv Da SE#RVIDKG Huw,
pak re NA 0e
: i D,
um Desejo temerdrio (pela Prop. precedente
po! algun logo: © Desejo que se origina desse me (ja demons.
5M9conhecj-
10 iver se reporta ao futuro, poderser mais faci]
je nquan. Q. D. mente coibido

proPosigaAo XVII
ig que SE origina do conhecimento verdadeiro do bem
ynquars to versa acerca de coisas contingentes
, pode ser
jonah felmente coibido pelo Desejo de coisas
que estao pre-
A
at DEMONSTRAGAO

igio
demonstrada da mesma mancira que a precedente
a proposis° 12 desta parte.
Prop:
pe weCoral. 43 EscoLuio
io ter mostrado a causapor que os homenssao comovidos
Com isso cre" do que pela verdadeira razao, € por que o conhecimento
OFdoes
bem ¢ do mal excita comogoes do animo ¢ frequentemente
mais pela énero de lascivias
verdad donde o dito do poeta: Vejo o melhor eo
je a £0 oe jor. O que é também o mesmo que o Eclesiastes
Parece que-
prot sig0 0P Quem aumenta 0 conhecimento, aumenta
a dor. Porém nao
rer dizet ee fim de concluir queseja preferivel ignorar a saber,
digo isto “te ou que
em nada difira do estulto na moderagao de seus
afetos; mas
ointeliget ¢ énecessario conhecer tanto a poténcia como
a impoténcia de
sim phoe za para que possamos determinar
0 que a razao pode e o que
nossa nie na moderacio dos afetos. E disse também quenesta parte trata-
on impoténcia humana, pois da poténcia da Razio nosafetos
decidi
ratar separadamente.

Prorposi¢gAo XVIII
O Desejo que se origina da Alegria é maisforte (sendo iguais
as outras condigées) do que o Desejo que se origina da Tristeza
DEMONSTRAGAO
0 Desejo ¢ a prépria esséncia do homem (pela 1. Def. dos Afetos),
es-
ito € (pela Prop. 7. da parte 3), 0 ¢sforgo pelo qual o homem se
1v
DA StRVIDAO Hy MA
pak . "4 3
user. Portanto, o Desej P
pepseverar em Se _ “S6J0 que se origina da Ale-
entado pelo préprio afeto de Ale gria ,
est pode ver no Esc. da Prop. 11. da parte ve ae kc
a 4! cigina da Tristeza é diminufdo ou coibido pelo a e,
ratios se (pelo mesmo Esc.). Porisso, a forga do Desejo que E Oe
simultaneamerc
-, deve Sef definida pela poténcia humana ¢
da causa externa, mas a forga do Desejo que se origina da
definida sé pela poténcia humana, ¢ assim aquela é mais

Escouio
poucas palavras, expliquei as causas da impoténcia e da
estas
manas € por que os homens nao observam os Preceitos
cancia hu
jncons o. Falta ago ra mostrar © que a razao nos prescreve ¢ quais afetos
24
da com as regra s da razao humana, quais lhes sio contrarios, Po-
vem
antes que eu inicie a demonstraristo fanossa prolixa ordem Geo-
cei staria de mostrar brevementeaqui os ditames da razio, para
metric cebido mais facilmente por todos 0 que qucro dizer. Como a
pe seit a postula concra a natureza,cla postula portanto que cada um
oa mesmo, que busque o 7 util, o que deveras € titil, que apete-
am
qudo que deveras conduz 0 homem a uma maior perfeicao e¢, falan-
go absolucamente, que cada um, o quanto est em aus forgas, se esforce
rc! nservar o seu Sr. O que decerto é tao necessariamente verdadei-
ro quan| co que o todo é maior do que sua parte (pela Prop. 4. da parte
isso, visto que a virtude (pela Def. 8 desta parte) nada outro é
;). Alem d
que agit pelas leis da propria natureza ¢ que ninguém se esforcga por con-
servar 0 scu Ser (pela Prop.7. da parte 3) senio pelas leis de sua propria
natureza; dai segue, primeiro, que o fundamento davirtude é 0 esforgo
mesmo de conservar 0 proprio ser ¢ que a Felicidade consiste em poder
ohomem conservar 0 seu ser. Segundo, segue que cumpre apetecer a vir-
tude em vista dela propria ¢ que nada nos é dado depreferivel ou mais
itil por causa do quala virtude deveria ser apetecida. Terceiro, segue en-
fim que aqueles que se matam sao impotentes de 4nimo ¢ sao vencidos
pelas causas externas que repugnam A sua natureza. Ademais, do Postu-
lado 4 da Parte 2 segue nunca podermos fazer com que nao precisemos
de nada exterior para conservar o nosso ser e que vivamos sem comércio
Da SERVIDAG HumMawa

csofora de nds. Alémdisso, considerando nos


He ewelecto seria mais imperfeito se cla Fosse soxi
0 nossotemde si propria. Portanto, fora de nds sio
Jesse NaN go aitels € quE Porisso S40 a apetecer. Dentre
sque™ .¢ nos s
as
yemnos c cogitar enhumamais excelente do que aquelas que
nossa natureza. Com efeito, se, por exemplo,
reeamente a mesma NatUFeza se unem, compéem
ue cer mais potence que cada um em separado, Nada,
uplamejo que o homem, Nada,insisto, os homens po-
sail ahomeara conservar 0 scu ser do que convir todos
1 de prefer pine ‘Mentes ¢ 0s Corpos de todos componham
Jo euma so“ ae ‘cum s6 Corpo, € que todos simultaneamente, o
on que 0 forcem para conservar 0 scu ser, que todos busquem
on co PO sa, a util comum a todos. Disso segue que os homens
.asio
wataneamenarpio, isto é, 0s homens
we
n g que buscam
bupcam 0 seu itil
*
sob a con-
cernados PE "ada apetecem para si que nao descjem também para os
ry ists
dusio 10, so justos, confiaveis ¢ honestos.
“p86 POF . cames da razio que propus mostrar aqui em poucas
snes sio 08 TTjasse a demonstrar © mesmo na ordem mais prolixa.
ahas anes asMpossvel, chamar a atengio daqueles que creem ser fun-
deimpiedade, ¢ nao de virtude¢ piedade, este principio segundo
damento ans rem que buscarseu itil. Apés cer mostrado brevemente
o qualcada
que é justamente nce 0 contririo,
¢ passo a demonstré-lo pela mesma via que
percorremosaté aqui-

Proposi¢gAo XIX
Cada um, pelas leis de sua natureza, necessariamente apetece
on tem aversdo ao quejulga ser bom ou mau.
DEMONSTRAGAO
Oconhecimento do bem e do mal ¢ (pela Prop. 8 desta parte) 0 proprio
evo de Alegria ou de Tristeza enquanto dele somos cénscios; por conse-
Sinte (pela Prop. 28 da parte 3), cada um necessariamente apetece o que
Senvipho Humawa o
Da

cemaversio ao que julga ser mau, Maspd este


a pro pri a ess enc ia ou natureza do homem( a
ccer vist10 Ese. Prop. 9. dapartes ena Def. 1 dos
ape
6elas eis cdesua naturezs, necesariamente
QpD.

porosig ko XX
P
ia um se esforca para buscar o seu til, isto é,
epode [fazk-lo}, tanto mais é dotado de
ia, enquanto negligencia o seu util, isto é, a
o de sen seh nesta medida € impotente.
nse
Te
DEMONSTRAGAO
ia
copia porencia humana, que é definida pela s6 esséncque
te 3)
avirrade o vO. ¢ desta parte), isto &(pela Prop. 7a da par
a perseverar
x ee75 eeforco pelo qual o homem se esforg par
jaefinidt DEVO Tyco, quanco mais cada um se esforca para conservar 0 seue
ent
nse reset tanto mais € dotado de virtude ¢, consequentem
an ie “da parte 3),enquanto alguém negligencia conservar 0 seu
d a € i m p orente. C - QD.
eset P tg i io
Esc6u
a
a n t o , d o s e r v e n c i d o p o r c a u s a s e x t e r nas ¢ contrarias
Jém, port an ar
Ningu é m , PoMj cia apetecer 0 Seu ttl, ou seja, conserv 0 seu Ser
ig en
essidade
a0s alimentos ou se mata pela 0necque
asus nacoezt,TR gm aversiocoa
Nigima mas apenas gido por causas exteriores, pode
o por um outro que
oe ‘de muitas manciras: alguém se mata coagid -o a dirigi-
igando
aeoce a mio que por acaso empunhava.a espada, obrcom
ae conta seu proprio coragio. Ou entdo alguém que,o Séneca, por
sndem de um Tirano é obrigado a cortar os pulsos, isto é,deseja evitar um
de
tal maior por um menor. Ou enfim porque causas externas latentes ste
tal maneira dispdem a imaginagao ¢ afetam o Corpo,queeste se reve
deuma outra natureza contraria A anterior ¢ cuja ideia no pode dar-se
ma Mente (pela Prop. 10 da parte 3). Ora, que o homem,pela necessidade
desua natureza, se esforce para nao existir ou para mudar de forma, é tio
re lV Da Staving,
Rn Huy
AN
i i
o nada se fag
o
a al 0, ¢ 4 ou
yanco que d $a alg, ©OMOcada UMPode :
jossi¥ le meditagio.
jor yc d
po ? r com

PROPOSIC;Ag Xx]
dmpode desejar serfeliz*®
» agir bem eu
Ning!
mente, nao deseja S€7, agire viver, isto
é? €Xistir em
lane DEMON STRACig
ato |
.
adem on: stragao desta Proposicao, ou a NCES
mrbém pela definigao a prép,; |
do Desejo. Com 4
ctooa oo
pot si, «iets de viver, |
ef. agir
498 isto ¢ (pela Prop. etc. felizmente’? ou bem ¢ 3 propria esséncig |
Jahren conservar 0 scu 7. da par¥¢ 3), 0 esforco Pelo qual cada
ser. Logo, nINguém
esforga PAN pode dese; um se |
|
|
XX1]
PROPOSIGAO
| |
Naolio pode ser concebida nenhuma virty,€ anterior 4 esta (a
o esforgo para se conservar).
sabi 27;
DEMONSTRA
Cio
Ocs fo5)rcBoo rt
para se conservar é a prép
antos se ria essénci
pudesse ser concebida u:
da ee esforgo, enta terior
o (pela Def. 8 desta pa: rt
om concebida
anterior a si mesma, e) a prépria ess a esta,
o que € absurd éncia da
co is a o (c om o € conhe-
ci: do por sii).). Logo, nao po de ser concebida nenhu,
a
ma virtude etc, C, QD.
COROLLAR
Y, °
forgo para se conservar éo Primciro € 0 ti
nico fu
me Pois nao pode ser concebido nenhum outro Prin ndamento da Vir-
cipio anterior a es
(pela Prop. preced.) ¢ sem ele (pela Prop. 21 desta Pa te
rte) nenhumavirtude
pode ser concebida.

PROPOSICAO XXIII
O homem nao pode absolutamente ser
dito agir por virtude
enquanto édeterminado a fazer [agir] algo por te
quadas, mas apenas enquanto
r ideias inade-
é determinado por entender.

e
Da SeERVIDAO HUMANA 413
parte IV

DEMONSTRAGAO
s inade-
Enquanto © homem € determinadoa fazer algo por ter idcia
¢ (pelas Def. 1¢
a nesta medida padece(pela Prop. 1 da parte3), isto
, isto
quad 3), faz algo que nao podeser percebidosé pela sua esséncia
virtude. Ora, enquan-
- #1 Def. 8 desta parte), algo que nao segue da sua
,nesta medida(pela imesma Prop. 1 da parte
élpa s
co é determ in ado por entender 2 da parte 3), faz algo que perce
. sé pela sua
bido
3) ) age, age isto éé (pela Def:
eencia, OW seja (pela Def, 8 desta parte), algo que segue adequadamente
Q. D.
da sua virtude. C.

ProrposigAo XXIV
que agir,
Agir absolutamentepor virtude nada outro é em nds
mo) sob a con-
viver e conservar 0 seu ser (os trés significam 0 mes
prio util.
dugdo da razio, € isso pelofundamentode buscar o pro
DEMONSTRAGAO
e) nada outro
Agir absolutamente por virtude (pela Def. 8 desta part
agimos apenas
é que agir segundoasleis de sua propria natureza. Ora,
, agir por virtude
enquanto entendemos (pela Prop. 3 da parte 3). Logo
a condugao
viver e conservar 0 seu ser sob
nada outro éem nds que agir,
amentode
da razao,¢ isso (pelo Corol. da Prop. 22 desta parte) pelo fund
buscar seu util. C. Q. D.

ProrposigAéo0 XXV
a de outra
Ninguém se esforga para conservar 0 seu serpor caus
coisa.
DEMONSTRAGAO
secu
O esforgo pelo qual cada coisa se esforga para perseverar em
ser é definido pela sé esséncia da coisa (pela Prop. 7 da parte 3) ¢, dada
esta, segue necessariamente sé dela, ¢ nao da esséncia de outra coi-
sa (pela Prop. 6 da parte 3), que cada um se esforce para conservar o
seu ser. Além disso, esta Proposigio é patente pelo Corolario da Prop.
22 desta Parte. Pois, se um homem se esforgasse para conservar seu
ser por causa de outra coisa, entio esta coisa seria o primciro funda-
Da Servivoko Humana 415

part!
(pelo Coroldrio
le ic (come éconhecido por si), 0 que é absurdo
J ie ninguém se esforga etc. C.Q.D.
Fy
oi
meh 1), Log?
} rif
propositgaho XXVI
jlo pelo que nos esforgamos pela razao nada outro é
age 4 Mente, enquan to usa arazdo,
qudo nder,
Tu nada outro sro julga
ji
cmt endo 0 que conduz a entender.
q lhe ytil sem
sr DEMONSTRAGAO
prépria esséncia da
ara se conservar nada outro é além da
7 da parte 3), que, enquanto existe comotal, é concebida
coisa Prop:pers
soa (P (pela ara 7 everar na exisisté nciaia (pel(pelaa Prop
ténc Prop.. 6 d.da parte 3) Je ¢ fifazer
a Def. do
segue necessariamente de sua natureza dada (ver
fagit] © que «. da Prop. 9 da parte 3). Ora, a esséncia da razao nada outro
Apetite ne Mente enquanto entendeclara ¢ distintamente (ver sua Def.
eque® se 40 da parte 2). Logo (pela Prop. 40 da parte 2), tudo
no Est. > da c as esforgamos pela razao nadaoutro é que entender. Em
aquilo Peto or ue este esforgo da Mente pelo qualse esforga para conser-
ida, eemenel raciocina, nada outro é que entender (pela primeira
war seu S¢hs
agao), logo, este esforgo para entender (pelo Corol.
rte desta demonstr
¢
da Prop. 22 desta parte) €0 primeiro ¢ o tinico fundamento da virtude,
er as por causa de algum outro
nao nos esforg aremos para entend as cois
fim (pela Prop. 25 desta parte), mas, ao contririo, a Mente, enquanto ra-
ciocina, nao poderd conceber nada de bom parasi senao 0 que conduz a
.C.Q.D.
entender(pela Def, 1 desta parte)

Proposi¢géAéo XXVII
Nada sabemos ao certo ser bom ou mau sendo o que deveras
conduz a entender ou o que pode impedir que entendamos.
DEMONSTRAGAO
A Mente, enquanto raciocina, nada outro apetece senao en-
tender, ¢ n’o julga ser-lhe util sendo o que conduz a entender
(pela Prop. preced.). Ora, a Mente (pelas Prop. 41 ¢ 43 da parte 2,
a 8 dD a Stuvipho Humana “ "7
par
leve # ser 1isto das coisas senio
) nio vemcerteza quanto
uber deve seja (0 que pelo Esc, da Prop. 40 da parte 1é 0
ya s, 04
* adequad ciocinas lo
ao £36!
ida sabemos ao certoser bo "
enqu an
ndny Oy en te nd er €, a0 co ntritio, ser mau o que pode impe-
co
e “Scene mos. CQ. Ds

PR orpostgéo XX
VIII
s ¢ a suma
o bem da Mente é 0 conhecimento de Deu
osm Mente éconhecer Deus.
inude a DEMONSTRAGKO
_elevado que a Mente pode entender é Deus,isto é (pela Def
mais or"ce absolutamente infinito e sem 0 qual (pela Prop. 15
de parte© te ser nem ser concebido: e porisso (pelas Prop. 26 «
rac 1) nada POC TildadeMente, ou seja (pela Def 1 desta parte), seu
3 oseperOmens Deus. Ademais, a Mente, enquanto enten-
om? ne‘da apenas age (pelas Prop. 1 ¢ 3. da parte 3) € nesta medida
de, nesta aire 123 desta parte) pode absolutamente ser dita agir por vir-
apenas (pels POP.Tiabsoluta da Mente é entender. Ora, 0 mais elevado
| rude. Assim, render
ode ent é Deus (comojd demonstramos). Logo, a suma
| queaeaten entender Deus, ou conhecé-lo. C. QD.
vireus

Prorposigéo XXIX
Uma coisa singular qualquer cuja natureza seja inteiramente
de
diversa da nossa néo podefavorecer nem coibir nossa poténcia
agir ¢, absolutamente, nenhumacoisa pode ser-nos boa ou md a
nao ser que tenha algo em comum conosco.
DEMONSTRAGAO
‘A poténcia de uma coisa singular qualquer ¢, consequente-
mente (pelo Corol. da Prop. 10 da parte 2), do homem, poténcia
pela qual ele existe ¢ opera, nao é determinada a nao ser por ou-
tra coisa singular (pela Prop. 18 da parte 1) cuja natureza (pela Prop.
6 da parte 2) deve ser entendida pelo mesmo atributo pelo qual
Da SERVIDAO Humana
I Vv ato

l-
cebceb
concon
yma aé 1 . ,
idaida Partanto;. noses pas de agir, de qua
pode ser determinada e consequente-
que ve coibida pela Porn de outta coisa
singular que
fore enum CONOSCO? © nao pela poténcia de umacoisa cuja
(cr . em oO amente diversa da nossa; ¢ como chamamos bem ou
alg? ne Alegria ou Tristeza (pela Prop. 8 desta
parte), isto é
a vi da parte 3), 0 que aumenta ou diminui, favorece ou
. _ agit. logo uma coisa cuja natureza
é inteiramente
9s PO nao pode seF-n0s nem boa nem ma. C. Q. D.

prorosigaéo XXX
st coisa pode ser md pelo que tem de comum com nossa
He enquanto nos é md, nesta medida nos é contrdria.
New
e mas,
nat DEMONSTRAGAO
mal 0 que € causa de Tristeza (pela Prop. 8 desta parte),
Chamamos
Dede Tristeza, que deve ser vista no Esc. da Prop. 11 da parte
ioe can inuiiou coibe nossa poténcia de agir. Portanto, se umacoisa
ue ills que tem de comum conosco,entao poderia diminuir ou
nos Fosse o que ela tem de comum conosco,o que é absurdo(pela
da parte 3). Portanto, nenhumacoisa pode ser-nos ma pelo que
Prop. +
tem de comum, con' osco; mas, aoes
contrario, enquanto é mi, isto é (como
jimestramos), enquanto pode diminuir ou coibir nossa poténcia de agir,
‘sta medida (pela Prop. 5 da parte 3) nos é contraria. C. Q. D.

PROPOSIGAO XXXI
Enquanto uma coisa convém com nossa natureza, nesta medi-
da é necessariamente boa.
DEMONSTRAGAO
Com efeito, enquanto uma coisa convém com nossa natureza, nao
pode ser ma (pela Prop. preced.). Logo, ser& necessariamente ou boa ou
tv Ss

pe. 8€ 0 HIM, ENED (Pedy yy | / .


iter ¢ sirva \ conse e504 art,
ind ei grace» ae
sirv a daG50
A conservagao €r¥a u.nox, , litres nad Bie
natde
), que : a low Ure da pig
” isto (por
(p 1
* nela Prop. © di parte 3);
do (pela Prop “ Pp. 3); logo, Aquanty 2 Oi. Mas 4
sera necessariamente boa, C. QD. cla Conve, isso ¢
1sure COmoLARr . SD. £m nossa

ppai segue qe A4ANCO MAIS UMA coisa conygy, no:


rie nos €
co;
Util
“Ve;
OW Vice-Versa, guares Mais
DOA C, Vi

om
= éu

o
B O D E , un
me
Ja tant mais Convém bs com nossa p, = MIR
nes ca an com nossa NACUFEZA, serg Necessariam,atureza, po;
convel i a cla, Se
ei
nerdria diversa, enti (petaente
p,
diy,
er nem boa nem m4: se porém eontring
ja. ao que convém com nossa natureza, isto ne
ie jo bom, quer dizer, mé. Por conseguins. -
eri : wanco convém COM Nossa natureza, ¢ pei . la pod,
sere
ng! yvém com nossa natureza, tanto mais ¢ oa
coisa con

PROPOSIGXO Xxx]y
Enquanto os homensestéo submetidos as pairées,
em natureza, o 740 podem
ser ditos convir RACA NST
DEMO
isa que sio ditas convir em nature:
Meela
po! cencia (pela P par 3), mas nao
Prop. 7 dadaparte impoténciaque
ementende-se
67a, negaem
ouconvém
«
conse’ quentemente (ver Ese. da Prop. 5 da parte 3), fampouco em paixio;
o os homens, enquanco estio submetidosis
por isse paisdcs nto poe
ditos convir em nature: C.QD.
Escé1i0
A coisa também € patente porsi: comefeito, quem diz que o branco
¢o negro convémtio somente em que nenhum deles é vermelho, afirms
absolutamente que branco € negro no convém em coisa nenhuma. Assim
também,se algué diz que a pedra ¢ 0 homem convém apenas em que
rv Da FOR ea,

porentes, GUENAO exis


1 que¢ she uperados in
te
dade affirma en d
mea nal si 'Plesmene
ihisi
suite quehineaicoceteme cfe Os as cose
© u
, "MA verdad
.

OPOSIG
pr AG
XX x I1
dee]frontamcomafe y
nto se em tos
ee n a lureza e,
yisereP r évar i nesta
m h \ ome m idvele i5 nconst medida, fambéry, ton
ho’ ante, 54
n0
Dis Ow e
TR wie,
c én
za ou esse elia dos afetos nio Pode
pacure acure as Def. 162 sey ©xPlicad
za om 7 da d a p a r t e 3).mas dev a yg POF nose,
ancids é eee don parte3), pela natureza dae sey definidg Pela
de oco
an OSSa; écies rre que se d y ee:
eem FaNt
so as esp'
U
aS espécai:cS s€Xternas
s
de objet
com par os Pelos
n! ancas S40 uc os homens quais *°M de cada
04 arte 3)» oe s ejam afetados d O s a f e t a d,
afef 5 WO (ver Pr
op. 51 da Parte e diiy,
O e or f
Preen 2 “at i m , [ocorre] que
urezas oe 3) um s Se m
por mem sda cae seja afetado
d
esmo home
medida seja va e d i v e r ™(
0, ¢ ne ridvel te. Csas MANciras par, pela
.Q.p,

PR OPOSIGAO X
XXIy
d e frontam com afetos
nto se que sto
Engue trdrios UNS aos outros
,
Paixées, os ho
mens
ser con
podem DEMONSTR
AGAg
ir e pl
homem, eae xaelm o Pedro, pode ser cau-sa de
e go semelhante a u
cega P orqui u ma coisa

ras causas ant rincii pais no Esc. d


ui 7. Def. dos a Prop. 55 da P ve
Afetos) arte 3),3),
€ pfdorris dcaoinsooointe que Paulo a
dro ¢ P or e g u i nte, o c o r rera facilmente (pe
la Prop. 40 Ps
também od Paulo €, por isso (pela Prop. s9 da
para fazer mal umaoutro, isto & (pela Prop. 30
contearios umao outro, Ora, 0 afeto de Tristeza
(pela Prep: so da parte 3); log) . enquantose defrontan
os homens podem ser contririos uns aos ov-
EscoLtro
odeia Pedro porque imagina que este possui o que
; donde, a primeira vista, parece seguir que
opoptio jam danosos um 20 ‘outro por amarem 0 mesmoe, consequen-
rs dois #0 convil rem em nae ureza; por conseguinte, sendo isto verda-
ements por tis Pr op os ig6es 30 € 31 desta Parte. Todavia, se quiser-
diva. eatminat coisa com uma just
ja m fa ls as
nga, veremos que tudontcon vém
cx a s s ois nao s4it 0 maolbala estos um 20 outro enqu a o con-
sos nesxamisn i o d anto
isemncrame 2, isto 6, enquanto amboasntaomamaommesmeos,mom,aps oernquisso 0
Coat bumosjo outernot, aDdoe fatoa, enqpu. am 0 m
discrepam
sae ymya éFom (pel Pro 31 da partaeda3.). isto € (pelqaué6.ncDieaf,
rein), por iso Alegria de ambos ¢ fomenntto Em consemo n-
sire longe dezas.er molestos suam a0too,utroomoenquuaisse, anmiaomé o©umtreasseni€ocqoue
Stmem nature Masma cau dis za.c e d
‘erupde que discre em natur Pois supomos que Pedro tem a ideia
p a e
,
dacoisa amada possuida agora, ¢ Paulo, ao contririoo tem a idzeaia da coies,a
snadatrpierridoi,da. Dondiea;ocorre que esdtae scja aferréardiosde Triste e .aquel a
socon de Alegr ¢ nesta medi sio cont um 20 outro Dest
‘mancira podemos mostrar facilmente que as outras causas de édio depen-
dem somente de que os homens discrepem em natureza, ¢ nio daquilo em
«ve convém,

PrRoposigAo XXXV
Enquanto os homens vivem sob a condugado da razéo, apenas
nesta medida
medi necessariamente
. convém sempre em natureza.
7 Demonstragio
2 ‘Aquanto
wr din Seffontam com aferos que sio paixdes, os homens po-
ct ‘sem natureza (pela Prop. 33 desta parte) ¢ conttirios
4
ix Da Sexvinko Humana 437

srop. preced.). Mas, enquanto vivem sob a conduio


Gut tur ‘os homens sio ditos agir (pela Prop. 3 da
so, apenas neserig segue da nacureza humana enquanto defini-
pm seporesi nt®Orji eneen dido pela s6 nacureza humana como por sua
Mas que cada um, pelasleis de sua nacureza, apetece 0
= préxima. seesforca para afastar 0 quejulga ser mau (pela Prop.
case bom se enor pare disso, RHF neces: mente bom ou mau aquilo
re), ¢ como, além
sy data part) vom ou mau pelo ditame da razao (pela Prop. 41 daparte
ecg ranco vive sob a condugdo da razio, apenas nesta medida
2)coslogo, engua®®
nec ess amente fazem [agem] coisas que sio necessariamente7
homens
vez a narureza humana, ¢ consequentemente paraémcadcoa mhoamenatm,ureistzao
& pelo Cora 1. da Prop. 31 odes ta parte), coisas que conv
ecada homem; € pomeris s , enquanto vi ivem sob a condugio da razao, os
omens necessaria nte convém sempre também entresi. C.Q. D.
Corordrio l
Na natureza das coisas nao é dado nada de singular que seja mais ttil
sohomem do que 0 homem quevive sob a condugaoda razio. Pois 0 que
éutilisimo a0 homem é © que convém maximamente com sua natureza
(pelo Corol. da Prop. 31 desta parte), isto & (como ¢ conhecidopor si), 0 ho-
‘bem. Ora, o homem age absoluramente pelasleis de sua nacureza quando
‘hesob a condugioda razio(pela Def. 2 daparte 3), ¢ apenas nesta medi-
<‘ecessariamente convém sempre com a natureza de outro homem (pela
*preced.); logo, nada entre as coisas singulares € dadode mais tril do
$0homem ete. C. QD.
hin Corordrtio Il
PSs ae es busca ao maximoo seu proprio util, entioos ho-
2de eaetes uns 20s outros. Pois quanto mais cada um busca
bergae doneePar 8 conserva, tanto mais € dorado de virtude
‘tanto mais ¢ wees ou seja, 0 que é o mesmo (pela Def: 8 desta par-
Ede roy. yqaneHe Potenca para agir pelas leis de sua nacurezs,
EREonce ae at 3) ara viver soba condugio da razio. Ora,os
Raed le Pre ae m natureza quandovivem sob a condugio
Pips? Stes ungA) loge (Peto Corot. preced.). os homens serio
Stil. gy OUFOS quando cada um buscar a0 maximo o seu
v Da SeRviIDko HUMANA
Esco1te
bamos Je mostrar, prépria experigncia também atesta coti-
we aca
Ie e com cant pee cao luminosos testemunhos, que esté na boca
gianamente«comyado: 0 homem um Deus para o homem. Contudo é
ose MUNAfp sob a conducio da razio, estandode tal manei-
ae a maioria, sio invejosos e molestos uns aos outros.
sips a mente podem pasar a vida na solidio, de modo que
definigio de que o homem é um
paras ado jda bastante aquela
a ans108 wefaro a coisase da de tal mancira que da sociedade co-
sina oeee ae originam muito mais comodidades do que danos.
2 oa Satrcos ridicularizem 0 quanto quiserem as coisas hu-
fecanto dV‘Teélogos as amaldigocm € que os Melancélicos louvem 0
homens ¢ admire
aunts crema vida inculea ¢ ristica, desprezem os
geenFp ainda assim experimencario que os homens, com 0 auxilio ma-
orredem provee-semuro mais facilmente das coisas de que precisam,
s forcas reunidas podem evitar os perigos que em toda parte os
ceva: para nem mencionar o quio preferivel e mais digno de nosso
aarpecimento é contemplar os feitos dos homens do que os dos animais.
Mus faareisobre isso mais longamente em outro lugar.

PrRoposigAo XXXVI
Osumo bem daqueles que seguem a virtude comum a todos,
ttodos podem igualmente gozar dele.
Demonstragio
,,ir Por vircude é agir sob a condugioda razio (pela Prop. 24 desta
eea que nosesforgamos para fazer [agir] pela razio é en-
= oe 36 desta parte), © porisso (pela Prop. 28 desta parte) 0
Fongo da gles ave segucm a vireude é conhecer Deus, isto € (pela
Parte x ¢ seu Esc.), 0 bem que € comuma todos ¢ que pode
megs
** possuido igual mente por todos os homens
enquanto sio de mesma

S56 algué EscéLi0


a ieaie PeTBUMEASE: © se © sumo bem daqueles que se-
‘© fo sse comum a codos? Dai nio seguiria, como
pa Senvipho Humana 4st
pa
14 desta parted - vive sob a condusio
ue os homens que
FPta parte), 08 homens enquantoconvém
(eer PME (pla Pre. 38 ns aos outros? A resposta é que nio por

me éde admirar, j4 que € deduzido da propria


e n g q u a n t e > definida pela razio, ¢ também porque o ho-
one Oana oncebidose nao tivesse 0 poder de gozar
(pela Prop. 47 da parte 2) 2 essencia da
». P o i s P pert rence
at sore 7
is
ci mento adequado da esséncia eterna infini
ta
doi mhe ane er conhe
umi

XVII
prorostgso XX
da u m qu e se gu e a vi rt ud e ap et ece para si, ele
ue ca 5 ¢ tanto mais quan to
i e r
ja rd pa ra 0s Ou ! tr os ho me ns ,
mbémn0
taO de se
er. -
maior conbecimaent0 de Deus ele tiv
DEMONSTRAGAO
(Os homens, en .quanco vivem sob a condugioda raz
io, sio utilissimos
, ¢ porisso (pela Prop. 19
sehomem (pelo Corol. x da Prop. 35 desta parte)ia
‘eaeparte), sob a condusao da razdo, necessar mente nos esforgaremos
pus fizer que os homens vivam sob a condugio da razio. Ora, 0 bem que
speece para si cada um que vive pelo ditame da razio, isto é (pela Prop.
2) dea parte). que seguea virtude, é entender (pela Prop. 26 desta parte):
logo, o bem que cada um que segue a virtude apetece para si, ele também
‘deearé para os outros homens. Ademais, 0 Desejo, enquanto referido &
Mente é prépria esséncia da Mente (pela 1. Def. dos Afetos): mas a essén-
‘ids Mente consiste em um conhecimento (pela Prop. 11 daparte 2) que
Shr aabcimino de Deus (pela Prop. 47 da parte 2), sem o qual
ten ode ser nem ser concebido (pela Prop. 1s da parte 1)€ por isso,
Unbdn man,°Semhecimento de Deus que a esséncia da Mente envolve,
Prag santo" seré.o Desejo pelo qual aquele que segue a vireude
‘outro o bem que apetece para si. C. Q D.
Obem, Doutra mancira
8.0 homem mem a apetece para sic
i ama, cle amard com mais cons-
a ie COM Os
pe are
sueras amam o mesmo (pela Prop. 31 da parte 3), € por
jn se eeor mesmaProp.) se estorsar& para que os demais amem
i9cane
0 0 nor Core
no OeeS ein
© COO Je, se es
(pela Prop. preced.) &; comum a todose todos
ark (pela meima razda) para que todos gozem

Escottro 1

aquele quesas Py porafero, se esorga para que os demais amem o quecle


vi eonforme 0 seu engenho, age s6 por impeto, ¢ por
céprio ama ‘dioso, principalmente para os que se comprazem com ou-
conse!ee ia evcambém se empenham, ¢ com o mesmo impeto se es-
seas coisas © aoeaeeee demais, a0 contrario, vivam conforme o engenho de-
ae visto que 0 sum 10 bem que os homens; apetece ; m porafeto é
frequenseme! vval que apenas um
iesAlem deles pode possui-lo, dai ocorre que os
wedem a cabesa ¢, a0 se regozijarem tecendo louvores & coisa
amadaarn
ae ser acreditados. Por seu turno, quem se esforga para condu-
sjurospla £3240, nfo age por {mpero, mas humana e benignamente,
208Oa peca nolugar. Ademais, eudo que desejamos ¢ fazemos [agimos]
Ceens causa enquanto remosa ideia de Deus, ou seja, enquanto
oooecmos Devs, refi& Religiao. Jé o Desejo de fazer bem que & engen-
‘ado por vivermos sob 2 condusao da razio, chamo Piedade. Em seguida,
Descjo que toma o homem que vive sob a condugio da razao, levando-
-oaunir-se aos demais por amizade, chamo Honestidade, ¢ aquilo que
oshomens que vivem sob a condugioda razio louvam, chamohonesto,
¢ aquilo que, a0 contrério, repugna4 reuniio das amizades, rorpe. Além
disso, mostrei também quais sio os fundamentosda cidade. Ademais, a
diferenga entrea verdadcira virtude © a impoténcia ¢ facilmentepercebida
pelo que foi dico acima, a saber, que a verdadcira virtude nao é nada outro
que iver sob a s6 condugao da razio; e por isso a impoténcia consiste
‘omente em que o homem padeca ser conduzido por coisas que estio fora
dele e por elas seja determinado a fazer [agir] 0 que postula a constituigao
—_ =coisas externas, € nao a prépria natureza dele considerada em
romans #0 que no Escélio da Proposigio 18 desta parte cu havia
wan lcmonstrar, donde transparece que aquela lei de nao sacrificar
estd mais fundada em vi superstigéo ¢ misericérdia feminina
Da Sav Ao Humana ais
pace TY
_. Certamente, 0 principio de buscar o nossottl ensina
Fao niemos 30s homens, € no aos animais ou As coisas
dade de 09°"da natureea humana, Por outro lado, temos sobre
snAener elas témsobre nds. E mais ainda, como odircito
ido pela sua vireude ou poténcia, os homens tém muito
yor animais do que estes sobre os homens. E nio nego
seneam, mas nego que por causa disso néo seja licito cuidar
ranije ¢ usar deles 20 nosso gosto, tratando-os conforme mais
roe toque nto conten Coloice onl nilurest @-scus aKeos
go por a0 sree sivecais dod: aGFoaa) hicmetics oer: Bit: ala Preps Wa
Teeee
vee. Restarme expl car © que € 0> justo, 0 injusto, o pecado enfim o
Escél
smerco. MasMas sobre isso veja-se 0 seguinte
Escotro II
No Apéadice ds Primeira Parte, prometi explicar 0 que sio 0 louvore
vipéto.0 mérito € 0 pecado, 0 justo € 0 injusto. No que range ao louvor
ta vitupétio, expliquei-os no Escélio da Proposisio 29 da parte 3: quan-
te nov revantes, sera este 0 lugar de falar deles. Mas antes eumpre dizer
unas pouess palavras sobre o estado natural o estado do homem.
Cadz um existe por sumo direito de natureza ¢, consequentemente,
porsumodireito de natureza faz [age] aquilo que segue da necessidade de
ss satureza; € porisso por sumo direito de natureza cada um julga 0 que
hom, o que é mau, ¢ cuida do que lhe tem utilidade conforme seu enge-
sho (ser Prop. 19 e 20 desta parte). vinga-se (ver Corol. 2 da Prop. 40 da
2ere5)¢ esforga-se para conservar o que ama ¢ destruir 0 que odeia(ver
Pnp. 38 da parte 5). E se os homens vivessem sob a conducio da razio,
Sstum possuiria (pelo Corol. 1 da Prop. 3 desta parte) este seu dircito
Renhum dano para outro. Porém, como estéo submetidos aos afetos
aoe a Prop. 4 desta parte), que de longe superam a poténcia ou
seabjena, (pela Prop. 6 desta parte), porisso frequentemente sio
worn ae diversas (pela Prop. 3 desta parte), ¢ sio contratios
de Ee ae ay Prop. 34 desta parte) quando precisam de auxilio mé-
remeo3 desta parte). Portanto, para que os homens pos-
"dia ¢ auxiliar uns aos outros, é necessirio que cedam
IV Da SERVIDAO HUMANA 437
parte
nada have-
s, ural | ¢ rornem uns aos outros seguros de que
c
reiro 14 ossa causar dano a outro. Mas de que mancira
5
pode
e Pp “
I nens, que sao necessariamente submetidos aos afetos
uc 08s homens,
er
ocorter ‘da Prop. + desta parte) rte), nconstantes € varidveis (pela Prop.
elo Corel possam rornar seguros uNs aos outros ¢ ter confianga uns

3desta ee pela Proposigao 7 desta parte ¢ pela Proposigao 39


nos outros: 1» Pi r, nenhumafeto pode ser coibido a nao ser por um afe-
A sabe ~_ :
- contrario ao afeto a ser coibido, e cada um abstém-se de
is forte ¢ . E lei
10
por temor de um dano maior. portantopor esta lei que a
Cacit dade ie podera firmar-se,
desde que reivindique para si 0 direito que
Socieda'

aum de tem de s ¢ vingar ¢ de julgar sobre o bem


. € 0 mal; € por isso tenha
. -
prescrever uma regra comum de vida, de fazer leis e firmaé-las
o poder
ela razao, que nao pode coibir os afetos (pelo Esc. da Prop. 17 desta
nao Pp ae
rte), mas por ameagas. E esta Sociedade, que se firma pelas leis ¢ pelo
ae de se conservar, é denominada Cidade, e aqueles que sao defendi-
dos pelo direito dela, Cidadaos. Disso facilmente entendemos que nada
édado no estado natural que seja bom ou mau pelo consenso de todos,
visto que cada um que esta no estado natural cuida apenas do que lhe tem
utlidade, ¢ discerne o que ¢ bom ou mau por seu engenho e enquanto
tm por principio apenas sua utilidade, e por nenhuma lei é obrigado a
obedecer a ninguém senao a si mesmo. Por isso nao pode ser concebi-
doo pecado no estado natural, mas certamente no estado Civil, onde o
que € bom ou mau é discernido pelo consenso comum
e cada um tem
gue obedecer 8 Cidade. Portanto, o pecado nao é nada outro
que a deso-
bedigncia, a qual por conseguinte é punida sé pelo direito
da Cidade e,
‘8versamente, a obediéncia é creditada ao Cidadao
como mérito, porque
Por esse motivo &
julgado digno aquele que goza das comodidades da Ci-
dade, Ademais, n
© estado natural ninguém é Senhor de coisa alguma por
Sonsenso comum
*omem € nao da » mem na Natureza é dado algo que possa ser dito deste
quele, mas tudo é de todos; e por isso no estad
So Pode ser co! o natural
neebid. a nenhuma vontade de atribu
uy ou de arran
ir a cada um 0 que é
24 nj car de alguém o que é seu, isto é, nada pode ser dito justo
*f NO estado
n atural, mas certamente
no estado civil, onde o queé
IV Da Servivdio HUMANA 439
parte

le é discernido pelo consenso comum. Disso transparece


injusto, © pecado ¢ 0 mérito sao nogées extrinsccas, ¢ nao
uc po x ~ . =
deste 04 daq
3 co = .
ue 0 justo iquem a natureza da Mente. Mas basta sobreisso.

Prorposi1gAo XXXVIII
E util ao homem o que dispoe 0 Corpo humano tal que possa
ser afetado de miltiplas maneiras ou o que o torna apto a afe-
tar os Corpos externos de miltiplas manetras; e tanto mais util
quanto torna o Corpo mais apto a ser afetado e afetar os outros
corpos de miltiplas manetiras; e, inversamente, € nocivo 0 que
torna 0 Corpo menos apto a isto.
DEMONSTRAGAO
Quanto mais apto a isto torna-se o Corpo, tanto mais apta a perceber
toma-se a Mente (pela Prop. 14 da parte 2); por conseguinte, o que dispde
Corpo desta maneira e o torna apto a isto € necessariamente bom ou util
(pelas Prop. 26 e 27 desta parte), ¢ tanto mais util quanto mais apto a isto
—— © Corpo; ¢, inversamente (pela mesma Prop. 14. da parte 2 in-
erin te pelas Prop. 26¢27 desta parte), é nocivo se tornao corpo
menos
Ptoaisto.C.Q. D.

PROPOSICAO xXx XXIXx


AS coisas
quefazem com que se conserve a proporgao de mo-
= po “4 ;
“t0 bog.. Pilate que as partes do Corpo huma no tém entresi,
C * € mds, ao Contrari.
“9 humang
e zt
4rio, as. quefazem com_ que as parte
.
s do
"Dousg, enham entre St outra proporgao de movimento

9 Corps DEMONSTRAGAO
Cor, Umano
d,2°° re .
(pelo Post Pre
Or
cisa, para se conservar, de muitis
® .
simos ou-
“rpo fh u Mano
Me, Atos "4cons;da parte 2). Ora, o que constitui a for-
Lea
q
"mas as our nsiste em suas Partes comunicarem seus
Tas =
Me f } que se vé numa propor¢gao certa (pela Def an-
™ com que depoi i
ao da Prop. 13 da parte 2). Logo, as coi-
conserve a proporgio de movimento e¢
parte Vv Da SERVIDAO HUMANA 442

as Partes do Corpo humano tém entre si conservam a forma


q man
se nur
o que
35
o. € POF €O nseguinte
.
(pelos Post. 3 ¢ 6 da parte 2) fazem
c.

Corpo Meerpo humano possa ser afetado de muitas manciras ¢ afetar


<<of e arernos de muitas ‘maneiras; ¢ por isso (pela Prop. preced.) sto
alae as coisas que fazem com que as partes do Corpo humano
‘ <i fa a
apreaham out ca proporgao de movimento ¢ repouso fazem (pela mesmai
se #02) com que o Corpo humanose revista de outra forma isto
Def. da parte >) " ‘ i
por sie como advertimos nofimdo prefi to desta parte),
él 0 «conhecido -
goc 0 Corpo humano seja destr lo, € por conseguinte se torne intei-
anente inepro para poder ser afetado de milriplas
ali manciras,
i . ¢ por iisso

c.Q.D.
‘pela Prop. preced.) sao mas.
Esc6Li1o
© quantoessas coisas obstam ou servem 4 Menteseré explicado na
Quinta Parte. Mas cumpre aqui notar que entendo que o Corpo morre
quando suas partes sao dispostas de tal mancira que obtenhamentresi
outra proporcio de movimento ¢ repouso. Pois nao ouso negar que o Cor-
po humano, mantidas a circulagao do sangue e¢ outras coisas pelas quais
s¢¢stima que o Corpo vive, contudo possa mudar para uma natureza de
todo diversa da sua. De fato, nenhuma raz4o me obriga a sustentar que
° Corpo nao morre sen’o mudado em cadaver; € mais, a propria expe-
®éncia parece persuadir-me do contrario. Com efeito, as vezes
ocorre a
um homem padecer tais mudangas, que nao é facil dizer que
continue
anes como ouvi contar sobre um Pocta Espanhol que fora tomado
Fes doenca ¢, embora se renha curado, ficou porém tio esquecido de sua
Nida pass, al que nao
, acreditava
. serem ; res que es-
suas as Fabulas e Tragédias
tieae na, cere umente Poderia: ser comado por um bebé adulto se também
‘tevera,

squecid 0 a lingua verndcula. E, se isso


: parece inacreditavel,
; :
diem 's dos bebés? 0 que
So div‘Stsa da su; ¢s? O homem de idade avangada cré que a natureza deles ¢
i Conjectas a, de nao Fi poderia persuadir-se
, F umdia
de ter sido F bebé
se
'
Stig Asse 54 i s
obresia partir dos outros. Porém, para nao dar aos su-
505 mater; ia Para - . ;
levantar
novas questées, prefiro parar por aqui.
“3

propostgko XL
homens, om
on ducem& Sociedade comum dos nomi
enco2m que os home nsduvivam emconcérdia, séo iteis;
zem discérdia na Cidade,
ns nario as queOinNtrSoTRAGAO
ml #0 DEM
fazem com que 0s homens vivam em concérdia fazem
a {que vivam sob a condusio da razio (pela Prop. 35
Jo boas, boas, sio mas, ;
las Prop. .6 ¢ 27 desta parte) sio
e .C.Q.D.

prorposi¢gaAo XLI
ig nao é diretamente md, mas boa; a Tristeza, a0 con-
ia
AAlegri
irio, édiretamente ma.
a DEMONSTRAGAO
A Ae
Alegria
o l
(pele Prop. xx da parte 3, com seu Esc) & um afeto pel qua
r agit docorpo é aumentada; a Tristeza, a0 contrério, € um
sere sala poréncia de agic do corpo é diminuida ou coibida; ¢ por
oe
io 38 desta parte) a Alegria ¢ diretamente boa, ete. C. QD.

ProposigdAo XLII
AHilaridade néo pode ter excesso, sendo sempre boa, ea Me-
ancolia, ao contrdrio, é sempre md.
DEMONSTRAGAO
AHlilaridade (ver sua Def. no Esc, da Prop. 11 daparte 3) é a Ale-
gi que, enquanto se refere ao Corpo, consiste em que todas as par-
ts do Corpo sto igualmente afetadas, isto & (pela Prop. 11 da parte 3).
s que a poténcia de agir do Corpo é aumentada ou favorecida de tal
Mancina que todas as suas partes obtenham entre sia mesma propor-
a movimento © repouso; por isso (pela Prop. 39 desta parte) a
"idade é sempre boa ¢ nao pode ter excesso. Ji a Melanco lia (cuja
Da SERVIDKO HUMANA 445

mesmoEsc. da Prop. 0 da p. te 3) 6 a Tristeza que,


réncia de agir do
¢a0 Corpo. consisteemque a po
ment Miminuidaov coagidas € por isso(pela
Prop, 38 desta
mic. QD.

proposigAo XLIII
de ter excesso e ser md; a Dor, por sua vez, pode
AG aea a quanto a Caricia ou Alegria é md.
hoa apenas
geboa P DEMONSTRAGAO
ia éa Alegria que, enquanto se refere a0 Corpo, consiste em
a caricia Tas de suaspartes sio mais afetadas do que outras (ver
goes ee ‘3 da Prop. 11 da parte 3), € a poéncia deste afeto pode ser
oa Def wo ESSg outras agdes do Corpo(pela Prop. 6 desta parte) ¢
canta que 4PETS &Jence, impedindo, porcanto, que o Corpoesteja apto
aeraele periras moltiplas maneiras, ¢ por isso (pela Prop. 38 desta
gseraferado de 4, Por sua vez, a Dor, que, ao contrario, € umaTristeza,
gure) pode sheaconsiderada em si mesma (pela Prop. 41 desta parte). Na
nto podefino que sua forca ¢ crescimentosao definidos pela poténcia da
ee comparada com a nossa (pela Prop. s desta parte), podemos
srrecbe infinitos graus ¢ modos das forgas deste afeto (pela Prop. 3 desta
parte); € por isso podemos concebé-lo tal que possa coibir a Caricia para
foenio tena excesso, € nesta medida (pela primeira parte desta Prop.)
fazer com que0 corpo nao se torne menos apto; por conseguinte, nesta
a Dorsera boa. C.Q. D.

Proposrgéo XLIV
OAmore 0 Desejo podem ter excesso.
DEMONSTRAGAO
O Amor (pela 6. Def. dos Afetos) a Alegria conjuntamente & ideia
Guusexterna, portanto a Caricia (pelo Esc. da Prop. 1 da parte
‘njunc 3)
amente i deia de causa externa € Amor; porisso o Amor (pela
Preced.) pode ter excesso. Ademais, o Desejo é tanto maior quant
o
Da Servipso HUMANA 447

eas parte)na pode


ue se origi 37 daparte 3). Logo, como um
Prop. ar
(pela super
as outras agdes do homem,
Hare
m © Desejo que
se origina deste afcto podesuperar os outros
pe
sin a? si gao poderfer o mMesM eXeeSsO qe Mostramos na Propo-
s
Desciow jo ev€edtPtOence cer a Casarriicia. C. QD.
jo pr
EscoOLuto

dc, que eu disse ser boa, é mais ficil de conceber do que de


cna ae que defrontamos cotidianamente referem-se, em
craPoparce
obser
sa maiovids
do Corpo quic é afetada mais do que as outras,€
os tem frequentemente excesso, detendo a Mentede tal ma-
gorisso 08 aft
ira na $6 conte mplagio° de um objeto, que ndo pode pensar nos outros:
‘cembora os homens estejam su bmetidos a muitosafetos, ¢ sejam raros os
‘grve defroncem sempre com um s6 ¢ mesmo afero, nao faltam aqueles
‘gem um s6 ¢ mesmo afeto adere pertinazmente. Com efeito, vemos As
ves homens serem afetados por um objeto de tal maneira que, embora
ag

aio estepresente, contudo creem té-lo di nte dos olhos; ¢, quando isto
acontece a um homem quenao esté dormindo, dizemos quedelira ou en-
doidece; ¢ aqueles que ardem de Amor ¢ sonham dia ¢ noite com a mesma
amante ou meretriz, ndo € porque costumam causar-nos riso que deixamos
é& consideri-los doidos. E quando 0 avaro nao pensa em outra coisa além
4elucro ou dinheiro, ¢ 0 ambicioso em gléria, etc., ndo se cré que deliram,
Hique costumam ser molestos ¢ estimados dignos de Odio. Mas, na verda-
&,2Avareza, a Ambigio, a Lascivia, etc. sio espécies de delirio, ainda que
‘io sejam enumeradas entre as doengas.

PRoPosigaéo XLV
9 Odio nunca pode ser bom.
DeMonsrragio
denExfotgamo.
y aoe ospara destruir o homem que odiamos (pela Prop. 39 da
"Loge aonap 37 desta parte), esforcamo-nos poralgo que é
Av Da Sexvipso HUMANA 449
past
EscoLi0
uele aos
je na sequéncia entendo por Odioapenas aq
soree se ne aS
Not
home Corordrio I
outros afetos
gscimio, 0 Desprezo, a Ira, a Vingangas,¢ oosque
A lave)® a 3‘o Odio ou dele se originam sio mau também é
ridos
pe 3° a Prop. 39 da parte 3€ Prop.37 desta parte.
ce pe
ee Coxordkere IT
ermos afetados de édio é torpe ¢, na Cida-
bém é patente pela Prop. 39 da parte 3 € pelas Def.
vem servistas nos Esc. da Prop. 37 desta parte.
EscéLi0
io (qu e eu dis se ser ma u no Car ol. 1) ¢0r iso vejo grande
gare oEs cir
a, ¢ por isso, contanto
diferenga- Pois 0 riso, como 0 gracejo, € mera Alegri
te jae xce siv o, ¢ bo m pors i (pe la Pro p. 41desta parte). Certamen-
ee ser uma supersticao ameagadora
renada pro ‘be que nos deleitemos a nao e sede é mais decente do que
cteste. Em que, © om efeito, matar a fom e a nhum
zplsar 2 melancoli ? Esta é minha regra € assim meorientei. Ne
dess,e nem ninguém senio 0 invejoso, se deleita com minhaimpoténcia ¢
‘ncbmodo, nem toma por virtude nossas lagrimas, solugos, medo ¢ outras
coisas deste tipo, que sao sinais de imporéncia do animo; mas, a0 contrario,
quanto maior éa Alegria com que somos afetados, tanto maioréa perfeicao
aque passamos, isto é, tanto mais é necessdrio que participemos da natu-
readivina. E, assim, é do homemsabiousar as coisas ¢, 0 quanto possivel,
dckitar-se com elas (decerto nao ad nauseam, pois isto nao é deleitar-se).
Edohomem sabio, insisto, refazer-se e gozar moderadamente de comida e
‘ebida agradiveis, assim como cada um pode usar, sem qualquer danoaou-
‘rem,dos perfumes, da amenidade dos bosques, do ornamento, da miisica,
}9805 esportivos, do teatro ¢ de outras coisas deste tipo. Pois o Corpo
mee. ee muitissimas partes de natureza diversa, que conti-
“tipaimcns ape ena e variado alimento para que o Corpointeiro
rodas as coisas que podem seguir de sua natureza ¢,
Da SexvipAo HUMANA 4st
a
pont apta a enten
ue a Mence também seja igualmenteviv er" convém
_qu ePAE Sin
intsas ET eo.iE assim esta mancira de mM; Porisso, s¢
coi C cip
o» pev jda é a melhor c cabe recomendi cla de todas
ot rep
& p r
r e c i s o E e vaea r dis so mai s cla ra prolixamente.
ean

prorostgko XLVI
a-se 0 quanto pode
ye sob a condigao da razdo esforg 0 Odio, a
em
vis o n am ar , on se a, co m Generevidade,

ef ah ‘tc , do outro para Consiga.
DEMONSTRAGAO
Wao
Gdio sio maus (pelo Corel. 1 da Prop. preced.): por
b a condugao da razao se esforgard o quanto pode para
an ce co m afe ros deO di o (pe la Pr . 19 dest par-
vem viveso fr des ta par te) se esf org ard par a que
nq ns Se (pe la Pro p. 37
w) y,€ consed)
Jpém 0.001 He at er le ga mesmos aferos. Ora, 0 Odio é aumencado
dos or, no contrario, pode ser extinto (pela
amt ¢ pelo Am
lo Odio reciproco, 0 Odio se converta em Amor (pela
1e3).4 etal maneira quesob
Pap 3 Par). Logo, quem vive Generosidade + condugio da razio esforga-se
(cuja Def. deve ser
bore
per s compensar com AMOR isto é, com
0 Odioete. do outro. C. QD.
rte 3)»
Fata no Esc. da Prop. $9 da pa
Esc6110
reciproco, dece rto vive mi-
Quem quer vingar as injirias com Odio se em derrotar 0 Odio
seravelmente. Mas quem, ao contrario, empenha-
pelo Amor, certamente combate alegre e com segunh ranga, resiste com igual
fcilidade a muitos homens ca um sé, ¢ dejeito ne um precisrta odoniaux ilio.
daforcuna. Jé aqueles que cle vence, rendem-se alegres, ¢ dece o pela
filtz, mas pelo crescimento das forgas. Tudoisso segue tio claramente
apenas das definigdes de Amor ¢ intelecto que nioé preciso demonstra-lo
tssoa passo.

Proposigdéo XLVII
Os afetos de Esperanca e Medo nao podem ser bons por si.
7 Da SERVIDAO HUMANA 453
past
DEMONSTRAGAO
sperang a ¢ Medo nio se dio sem Tristeza, Pois 0 Medo
os aleros de eres) ¢ Tristeza €a Esperang (ver explicag da 12.€ 13.
, a do
pee
dos Mer" 44 sem Medo; porisso (pela Prop. 41 desta parte),
odemset + bons por si, mas apenas enquanto podem coi-
fdas fee
od eos nieP egra (pela Prop. 43 desta parte). C. QD.
bie!
excess coLroEs
centa que tais afetos indicam defeito do co nhecimento e
pes
Aisto 8 ae Mente; € por este motivo também a Scguranga, 0 Desespe-
cia Pois, embora
e Remorso sao sinais de impoténcia do Animo.
o supéem terem sido
am afetos de Alegria, contud
jseguransaeo Gozo sej nga e Medo.E assim, quan-
Shor Tristeza, a saber, Por Esperand
Forcamospara viver sob a co ugio da raza, tanto mais
tra depender menosda Esperanga, para noslibertar do
para dirigir nos-
mandar™ a fortuna 0 quanto pudermos,¢
onselho certo da razio.

proposigho XLVIII
Os afetos de Superestima e Despeito sao sempre mans.
DEMONSTRAGAO
Afetos) repugnam 2
Com efeito, estes afetos (pelas 21. ¢ 22. Def: dosmaus
aio, porisso (pelas Prop. 26 ¢ 27 desta parte) sto . C.Q. D.

Prorposigéo XLIX
A Superestimafacilmente torna soberbo 0 homem que é supe-
restimado.
DEMONSTRAGAO
ae ee alguém nos estimar, por amor, além da medida, facilmente
sports (pelo Esc. da Prop. 41 da parte 3), ou scja, seremos afe-
anes (pela 30. Def. dos Afetos); além disso, facilmente acredita-
isontb. 25 daparte 3) no bem que ouvimos dizer sobre nés; ¢ por
he ceimeremos por amor, além da medida, isto é (pela 28. Def. dos
‘ente nosensoberbaremos. C. Q. D.
¥ Da SERVIDKO HUMANA 455
paste!
prorosighko L
mn que vive sob a condugao da razdo, a Comiseragao
No how
de instil.
DEMONSTRAGKO
yy 5h

m ef ei to n Co mi se ra ga o (p el a 18 . De f: do s af etos) € Tristeza; ¢ por


Co
Prop. 41des 1a parte) é porsi mé; ja o bem que dela segue,i a saber,
iol° iapara libertar da miséria o homem de que nos comiseramos
i. da Pro| 27 da parte 3), desejamosfazé-lo
esforgarmo" pelo s6 dita- me da
+ oar pop. x7 desta parte), no & seni pelo s6 ditame da razio que
(pelaceProp.
aei» ver [agi] algo que sabemos certamente ser bomScee
nempate:e por iso, no homem que vive sob a condugioda razio, a
comiseragio é por sima¢ instil. C. Q. D.
CorRoLtakrRio

Dat segue que 0 homem quevive pelo ditame da razao se esforga 0


quantopode para fazer com que nao seja tocadopela comiseragio.
Escéutro

Quem souber correcamente que tudosegue da necessidade da nacureza


divina ¢€ feito segundoas leis € regras eternas da natureza, certamente
‘ada encontrard que scja digno de Odio, Riso ou Desprezo, nem se comi=
‘rari de ninguém; mas, canto quanto o conduz a virtude humana, cle se
‘forgar para agi bem, como dizem, ¢ alegrar-se. A isto acrescente-se que
‘aqcle que é facilmente tocado pelo afeto de Comiseragao ¢ comovido
Pela miséria ou pelas lagrimas de outro, frequentemente faz
algo de que
“pois se arrepende, tanto porque por afeto nao fazemos nada
a ser * bom, quanto porque faci
que sabe-
lmente somos enganados por
i al E aqui falo expressamente do homem quevive
sob a con-
Ratio,
Ulla os outrPo’ 's quem nao é movido pela razdo nem pela comiseragio
o, est
(Pela Pry"P e é corretamente denominado desumano, visto que
27
da parte 3) parece nio ter semelhanga com o homem.
¥ Da Sexvipso Humana
parte
EI
proPposigaéao
io repugna a razéo, mas pode convir com ela e dela
oAprero™
arse:
orig DEMONSTRAGAO
Apreco éo Amor a alguém que fez bem a outro (pela 19.
m ete gore
ey or isso pode scr referido & Mente enquanto se diz que
Aft 6 oe
Prop. parte 3), enquanco
59 rte 3)isto & (pela Prop. 3 da QD.
C.
ms conseguinte convém com a razio, ete.
Doutra Mancira
vi ve sob a co nd ug io da raz ao ta mb ém des eja para 0 outro o bem
Quem va si (pela Pr a 37 desta parte); por isso, por ver alguém
Prop.
pe te ce Pa l
gue
m a ou tr o, se t pr op ri o esforco de fazer 0 bem ¢ favorecido,isto é
faxet de da Prop. 11 da parte 3). ele se alegrara, isso (por Hipétese) con-
a Est. a a que le quef ez be m a out ro, ¢ porconseguinte (pela
oni m e n t e a i d e i d
impedes Afetos) vex-lhe~é aprego. C. QD.
Esco6Lnio
Afetos). &
A Indignagio, conforme por nés definida (ver 20. Def. dosr que
ccesariamente mé (pela Prop. 45desta parte); mas é de nota quan-
doo sumo poder, tomado pela necessidade™de defender a paz, pune ©
cidadio queinjuriou a outro, nao digo que se indignoucontra o cidadao,
ji que nio o puniu impelido a arruind-lo por Odio, mas movidoporpic-
dade.

ProrposigAo LII
O Contentamento consigo mesmopode originar-se da razao, ¢
‘i60 contentamento quese origina
is da razdo
‘ é 0 mais5 elevado que
pode dar-se,
6 DeEmMoNSTRAGAO
aa tame consigo mesmo ¢ a Alegria quesc origina de o ho-
Hens) Pe 4 si proprio e a sua poréncia de agir (pela 25. Def des
Race Gavedadeira poténcia de agir ou virrude do homem a pré-
"rep. 3 da parte 3), que o homem contemplaclara e distin-
+ DA SERvIDAO HUMANA 439
parte
sur Prop. 40 ¢ 4544parte 2)LOGO, 0 Contentamento consign
ent ¢ ginaOEgina d2 12250. Ad lemais, q quando ie contempla ie a si Proprio,
proprio, 0
sno 86° beclara e distintamente, ov sa, adequadamente, a ndo
perecbe c a r
posers dague de sua pore de agie (pela Def. 2 da parte 3),isto & (pela
pe ee Ny, o que segue de sua poténcia de entender: € porisso sé
see, da parte 4 'se © sumo contentamento que pode dar-se.

Escouto
jade, o Conrentamento consigo mesmo é 0 que podemos es-
Na Serie cjevado. Pois (como mostramos na Prop. 25 desta parte) nin-
ards para conservar 0 set ser por causa de algum fim, ¢ dado
e e Cocoa into op& .mais a¢ mais fomentado € corroborado pelos
que oe
Foesd da Pr $3d parte 3) ¢, 20 contratio (pelo Corol. da
xes (eleparte}C ),‘ol,mais e mais |perturbadopelo vitupério, porisso somos
op. dP juzidos pela gloria e mal podemos suportar uma vida de
opribio.

Prorosig¢gAo LIII
AHumildade nao é uma virtude, ouseja, nao se origina da
saci.
DEMONSTRAGAO
AHumildade € a Tristeza que se origina de 0 homem contemplarsua
impoténcia (pel26. Def: dos Afetos). Mas, enquanto homemconhece a
‘ipriprio pela verdadcira razio, nesta medida sup6e-se que entende sua
cnéncia isto & (pela Prop. 7 da parte 3), sua poténcia. Portanto, se 0 ho-
scm, 20 contemplar a si préprio, percebe sua impoténcia, isto nio vem
decmtender-se, mas (como mostramos na Prop. $5 da parte 3) de ter sua
Fetincia de agir coibida. Pois se supomos que o homem concebe sua im-
ici Porque entende algo mais potente que ele, por cujo conhecimen-
forohuits sta poténcia de agir, entio nada outro concebemos senio
Hier cntende a si préprio distintamente, ouseja (pela Prop. 26
Tey ga$14 Porencia de agir € favorecida, Porisso a Humildade
Sign de5S Bina de o homem contemplar sua impoténcia nio se
Wp Pati.C.«dadcira
Q., 2 contemplaga
contemplacio raacai
z € nao é uma vireude, aie mas
plagio ou ou razio,
5. DA SeERVIDAG HUMANA 461
1v
part
P porpostghko LIV
ndo éuma virtude, ou seja, néo se origina
trprepenlinent? -
ms e ar re pende do quefez é duas vezes misera
Oemas qe
“a amporente-
eel oe al DEMONSTRAGAO
arte dese a Pro pos iga o se dem
as ons tra como a precedente.
mira P*tente 4 P: artir da sb definigao deste afeto (ver 27. Def. dos
ap
M a é pa > ece uma derrora,primeiro para um
segun em se arr epende] pad
Me pois [4 depois para a Tristeza.
eg depeasad
EscoLrio

‘os homens raramente vivem pelo me da razio,estes dois


Como hortrmildade e 0 Arrependimento, ¢¢ alé m destes a Esperan-
sis asaber8 Tt mais utilidade do que dano; porens isso, uma vez que
aco Medo, 3H or pecar assim.De fato, se aossehom imporentes de
se deve pecat©Massem todos porigual, de nad envergonhassem nem -
inimo Cfo, com que vinculos poderiam ser unidos¢ ligados? O vul
fe-
r que os Pro
ae ‘temmedo, atemoriza, por isso nao é de admira
aecniocuidavam da utilidade de uns poucosmen , mas da comum, tenham
aevdado tanto a Humildade, o Arrependi to ¢ a Reveré ncia. Na
vere, aqueles submetidos a estes afetos podem ser conduzidos muito
wei ficilmence do que 0s outros a viver enfim sob a condusio da razio,
ino 6a serlives e fruir uma vida deFelicidade.

ProrposigAéo LV
A méxima Soberba ou Abjerao ¢ a maxima ignorancia de si.
DrMoNSTRAGAO
Epatentea partir das 28, ¢ 29. Def. dos Afetos.

PROPosigAo LVI
Amdxima Soberba ou Abjegéo
bisina indi a maxima
bjegéo indica shadimpoténciai
ait pa Senvipdo Humana 463
por®
pEMONSTRAGKO
m e nt oda vireude € conservar o.seu ser(pelo Corol.
da
d a
(pela Prop. 24 desta
te) © 850 sob a condugio da razio
u n
imeiro fa
o r2t i a g a par senora a si proprio ignora o fundamento de todas
Po secant, quem ecmen18! te ignora
‘i a redi ea s. Ademai
d as virtude
todas <Atlacsss, agie
my.Poe
pdt ¢ conseatto a : da razio 2 (pela Prop
Fo o que agit sob a condus io
vir eo sane age sob a condugio da razao deve necessariamente
rete pers siienyndusio da razio (pla Prop. 43 da parte 3)por con-
sgher que 28°
senora ao maximo asi proprio, € consequentemente (coma
quitesie mes) a codas as vireades age minimamente por vireu-
bipoue rim patentepela Def ® desta parte), & 20 maximo impotence
ge 0 ( (crt por iss0 (pela
(P Prop. preced.) a maxima soberba ou abjesio
: ©
fe inimo a imporen cia do animo. C. Q. D.
sadca a maxim Ldnio
CoRro
paisegue com grande clareza que os soberbos ¢ abjetosestio a0 méxi-
snosubmeridos a0s afetos.
Escéuto

Asbjesio, porém, podeser mais facilmente corrigida do que a soberba,


sito que esa € afeto de Alegria, a0 passo que aquela, de Tristeza; ¢ por
ino pela Prop. 18 destaparte) esta é mais forte do que aquela.

ProrostgAo LVII
Osoberbo ama a presenga dos parasitas ou aduladores, mas
sdeia a dos generasos,
DemonsTRaGgio
ASobetba é AlegriaSe
ie originada de © homem estimar-se além da me-
28,
cas & Def. des Afetos), opiniae que o homem soberbo se es-
won mo pad pata fomentar (ver Esc. da Prop. 13 daparte 3): €
* amario a presenga dos parasitas ou aduladores(cujas
ities omiti poraue .,
eee ‘Ie sdo por demais conhecidas) ¢ fugitio da dos gene-
mam com justeza. C. Q. D.
1v Da SERVIDAO Humana 465
part?
EscoLio

e d e m a is OPE fopmetidos
enumerar aqui todos os males da Soberba, visto
a todosos afetos; todavia,os afetos a
set a eqbos estoao sul SU
oc nos submeti dos sio o Amor € a Miscricérdia. Masde jeito
6oe Taso menegeveoilNe ie que cambém scrd chamadosoberbo aquele que es-
ils medida, e porisso cumpre definir Soberba nesse
"ia originada da opiniao falsa pela qual o homem se
ra superior 205 Sutros.
E a Abjegio contréria a esta Soberba seria a de-
oeeroriginada da opinizo falsa pela qual o homem se eré
0 raisto posto, facilmente
8 00THN concebemos que 0 soberbo
pferor 30oa 55 da parte), odiando 20
mr s essariamenronejoso (ver 0 Exc. da Prop. ¢ esse
en
s o e ! Jes que fo maximo sao louvados em vista das virtudes,
:
i agz pelo beneficio (ver Esc. da
ogimente vencido pelo Amor ou
ee parte), < de 86 sedelta com a presenga daqueles que con-
p41 4,
t
scene
Pr mx com seu
7
ani mo imporente ¢ fazem deste estulto um insano.
Ab jegio seja contriria & Soberba, 0 abjeto é contudo pré-
se nab e Pois, visto que sua Tristeza se origina de julgar sua
erecia partic da poténcia ou virtude dos outros, sua sees sera
imo dO

Franaiviada, ico & cle se alegrad, se sua imaginagio for ocupada


pe scontemplasao de vicios alheios, donde nasceu aquele provérbio: 0
‘ule dos infelizes € ter companheiros miserdveis, e, inversamente, tanto
nis entristecerd quanto mais crer-se inferior aos outros; donde ocor-
seque ninguém seja mais propenso a Inveja do que os abjetos, ¢ que es-
sw esforcem 20 maximo em observar os feitos dos homens mais para
tctiminé-los do que para corrigi-los, ¢ que porfim louvem sé a Abjegao
con da se glorifiquem, mas de tal mancira que ainda paregam abjetos.
Eso segue da natureza deste afeto tio necessariamente quanto da na-
‘wera do triéngulo segue que seus trés angulos sao iguais a dois retos; ¢
idine que chamo estes afetos ¢ outros scmelhantes de maus enquanto
eto atengio 4 s6 utilidade humana. Porém, as leis da natureza dizem
jistodordem comum da natureza, de que o homem é parte; o que aqui
Pesgem
sogaan gui
advertir ; para que néo
=julgassem que eu queria: narrar
hs
da a, Psttd0s dos homens, ¢ nio demonstrar a natureza ¢ a8
es 35 coisas.
coi Pois, como disse
: no Preficio
ay da Terceira Parte,
oy DA SERVIDAG HUMANA 467
parte
jde hu s ¢ suas propricdades tal como as ourras coisas
ro 08 af cos humano
consider Fence os afetos huumanos, se nao indicama poréncia ¢ 0
faratais: E Cera dicam ao menosa poréncia ¢ 0 artificio da natureza,
jo humano®
do que muitas ¢ outras coisas que admiramos ¢ emcuja con-
; mos. Mas pro: 0 observando sobre os afetos essas
lade ao homem ou que the causam dano.

prorosigdAo LVIII
dela.
1 Gloria nao repugna a razdo, mas pode originar-se
. DEMONSTRAGAO

f patentpela 0. Def: dos Afero se pela definigio de Honesto, que se


rte.
‘eno Esc. 1da Prop. 37 desta pa
EscoLio

|A Gloria que é dita va € © contentamento consigo mesmo que é fo-


mentado apenas pela opiniio do vulgo, cessandoa qual, cessa © préprio
sontentamento,isto € (pelo Esc. da Prop. 52 desta parte), 0 sumo bem que
cada um ama; donde ocorre que aquele que se glorifica pela opiniio do
vulgose empenhard ansiosamente, com cuidado coridiano, zelar4, enfim,
fari de tudo para conservar 2 fama. Pois o vulgo ¢ variavel e inconstante, ¢,
consequentemente, se a fama nio € conservada, rapidamente se extingue;
«mais, porque todos desejam ganhar os aplausos do vulgo, cada um facil-
mente desmerece a famado outro; € disso, visto que se disputa sobre o que
‘cstima como sumo bem, origina-se um enorme desejo™* de oprimir-se
‘mottamente de todas as manciras, € quempor fimsai vencedor, glorifica-
“mais por ter prejudicado 0 outro que por ter ajudado a si. Portanto,
cepsloraa ou contentamento, em realii dade, é va,7 porque nio é nada.
wie 2ebservar sobre a Vergonha concluem-se ficilmente do
ceehte gua, ee 8 Misericdrdia© @ Arrependimenco.A isto somente
lo seja ume aaa Comiseragio, assim tambéma Vergonha, embo-
ode Vers uds: € Porém boaenguanto indica que no homem
{m0 a dor é diesber @ esté um desejo de viver honestamente, assim
Hides por gn natant? indica que a parte lesada nio esté ainda
"0, embora o homem quese envergonha de algo que
“giv DA SREIDLO Homans ot
ra® ,

t r i s t perfeito do que o desavergonhado


e: ele porémmaishonestamente,
fae hum4 Jescjode viver
on nent a s q ue 6 uu pretendia observar sobre os afctos de Al+ de Ale-
y s a s c o i s
_ No ausd 1e cange aosdesejos", estes sio decerto bonsou mau
s a u Mas todos, enquantosio
ginam lc afeetrooss buoen ioo puaimxdes, sio deveras cegos s ( (como
nds Po af q S
e issem
‘Jui do qu d os
no Esc. da P rop. 44 desta parte), ¢ cais
o n c l m
Jrpte sese© riam “e nenr buma utilicidadmee se os hoom,ens poudessrea ssertrfaacrinela
c
sryi: ve pelo s6 dita da razi com ago mo i

proposigAo LIX

determinados a partir de um
4 sodas a5 apies as quais somos
fumetnne ipaixido, podemos, sem ele, ser determinados pela
raza.
DEMONSTRAGAO
da Par
sje peta ezio nto & nada outro (pela Prop. ¢ Def
as en gu an to di natir
mipar po.
l oudescotefbeafena stapo -
fa da Ora, a Tri ste za é md ap en ; log o, a
Prop. 41 desta parte)
encia de agit (pela
o qu e nao poderiam Shan 0s faze!
7.
jemos Ser determ in ad os a ne nh um a ag
ds pela razio. Além disso, a Alegria é m4 ap enas en oe
rmae (pe las Pro p. 41 6 43 de ve reece impe-
eque o homem seja apro a agit
cesta parti dela nao podemosser deateraz rminados a nei Fee
uzidos pel io. Final eurasrnne
wt poderlamosnesfaztaermesedicodandco nvém com a Bais CamChi eine
‘Akgta é boa, eel aes
tm que a poténcia de agi r do homem iaé audemeagintraddo a hiomuVEFavveore cid a), ¢ nao
uma paixio sendo enquan toa po té nc
en ae ea(pe tslo
tada a ponto de que ele concebaVoa rsi laa¢ a su: aFol adequadame Alegria nt e
Fopsy la apar tes co s e Bi c) homem afetado de
fo n eeo cienebt a suas ag6esadequs
foe teci rote queconc este asic in st ag es BY qua le
ceé agora determinado a par tir de pe t c e n
Tri ste za, ou a0 De se jo aix bes . Ora, codos os4.
orrefeemcseh Alegria, a i scjo (ver explicagio da
Da SHeR¥IDAO HUMANA a7
ee iV ‘
aos) nao
(pelt 1. Def. dos Afet é nada outro que 0
' logo. a todasas ages As quais somosdetermina
° Desci?
ys MetenS agit
. ma paixio, podemos, semele, ser conduzi-

Doutra Mancira
er é dita mA apenas enquantose origina de sermos
é
yma 29 er “fe algum afeco mau (ver Corel. 1 da Prop.43 desta
Odie © , ‘em si s6 consider € boa ou m4(como mos-
ada,
* ma ago
Ora, neP hu mas uma ¢ a mesmaagio ce ora € boa, ora é
part» 0 Preficio dest parte).
qu ¢ ag or a é mé , ou sej a, que se origina de algum
4 mesma ago dos pela razi o (pel a Prop . 19 desta parte).
los
* podemos seF COM duzi
oat: PO
car EscoLi0
gq adamais claramente por um exemplo: a agio de bater, en-
splices i fisicamente € 56 prestamos atensioa que um homem
panto consihaa mio € move com forga todo o braso de cima para
santaobras que é concebida pela estrutura do Corpo humane. Se
i movido pela Ira ou Odio, é determinado a fechar a mao

soe mesma ago pode unir-se a quaisquer imagens de coisas: e,assim,


eae putt daquelas imagens das coisas que concebemos confusamente
rao daguelas que coneebemos clara ¢distintamente, podemos scr de-
wninados a uma € mesma a¢io. Fica claro, assim, que todo Desejo que
‘corigina de um afeco que é uma paixao,nao seria de nenhuma utilidade
‘coshomens pudessem ser conduzidos pela razio,Vejamos agora por que
chamamoscego 0 Desejo quese origina de um afeto que € umapaixio.

PrRoposigéo LX
ODesejo que se origina de uma Alegria ou Tristeza que se re-
rik uma ou algumas, mas ndo a todas as partes do Corpo, néo
“em conta a utilidade do homem
todo.
pa Sexvipa

DEMONSTRAGAO
que a parte A do Corpo é corroborada de tal ma
oPJe wma ca usa externa, que ela prevalega sobre as demais
for ©
4 partete Esta parte nose : esforgari por isso em perder;
6 dest Po Yemais partes do Corpo desempenhemseu ofl
a
ac ee .
fn forga oupoténcia de perdersuasforcas,
jorPO Ja deve ria
on €beitO> © dda parte 3 ) ¢ absurdo.Portanto, aquela parte, ¢ por
com prop. & se esforgars
Prop. 7 € 12 da Parte 3) também a Mente,
Je estado: ¢, assim, 0 Desejo originadode ral afecode
A
conta 0 todo. Se, a0 contrario, supomos que a parte
ja nso leva
em
as demais prevalesam, demonsera-seigualmente
jade mancit Gque se origina da Tristeza nao leva em conta todo.
9 Desejo que
Esco6Lio

c o m o n o m a i s da i s vezes a Alegria (pelo Esc. da Prop. 44 desta


Assim
r e s e a u ma parte d o C o r po, portanto no mais das vezes dese-
se) efe erro nosso ser sem levar em conta a nossa satide integral. A
jamos con rv z que os Desejos que nos comam ao méximo (pelo Corel
feo se acrescent a apenas o presente, ¢ nio o futuro.
ds Prop. 9 desta parte) .) levam em cont

Prorposigdéo LXI
excesso.
O Desejo que se origina da razdo ndo podeter
DEMONSTRAGAO
ODesejo (pela 1. Def. das Afetos), absolutamente considerado,é a pré-
pis eséncia do homem enquanto concebida determinada a fazer (agir]
alge de alguma maneira; € porisso o Desejo que se origina da razio, isto
¢(pela Prop. 3 da parte 3), que é engendrado em nés enquanto agimos, é a
prépriaesséncia ou natureza do homem enquantoconcebida determinada
2fazeroque é concebido adequadamentepela s6 esséncia do homem(pela
Def x da parte 3); portanto, se este Desejo pudesse ter excesso, poderia
«stio a natureza humana, em si s6 considerada, exceder-se a si propria, ou
‘itpoderia mais do que pode, o que é umacontradigio manifesta; € por
‘soeste Desejo nao podeter excesso. C. QD.
¥ Da Sexvipdo Humana 475
pants !
prorposigao LXII
t e c oncebe as coisas pelo ditame da razéo, é
1g
‘ A
a M e
i n
n
t e , r
S€]soj
4 a pe la ide ia de wn a coi sa fa tu ra ou pas-
2 igual lente, sa presente.
z ideia de uma coi
ia pel
DEMONSTRAGAO
co ne duz ida pe la razao, cla o concebe sob o
Mente
Me nt e co nc eb e con
el. 2 da Pro p. 44
de ‘ecernidade ou necessidade (pelo Cor
peso 28P 00 “7"G a pela mes ma certeza (pela Prop. 43 da part e 2 ¢ seu
a)eé al :
daparte>390,5 ja a ideia de uma coisa furura ou passada, seja a de uma : :
Es ) or iso 507 Sncebe a coisa com a mesma necessidade,e é afecada
resent 4. Men!
reezas ¢, sejaaideia de uma
coisa fucura ou passada, sejaade
a e
Ja mesm c ’ via igu:almente verdadeira (pela Prop. 41 da par
te
roa presen ce s se ra S e r a to da
(e la De f. + d a pa rt e 2 ), terd sempre as mesmaspropricdades da
oro quanto a Mente concebeasbe coisas pelo ditame
aa jequada. E assim, cn e l a id ei a d a c o isa furura ou
icda inra2iado,ea a d a d a m e s m a m a n e i r a , se ja p
povada,aja pela de uma presente. c.QD.
Escouro
Se nés pudéssemos ter um conhecimento adequado da duragio das
delas, contempla-
coisas, ¢ determinar pela razdo os tempos de existéncia
tiamos com 0 mesmo afeto as coisas fucuras ¢ presentes; ¢ o bem que a
Mente concebesse comofuturo, ela o apeteceria da mesma mancira que 0
bem presente; por conseguinte, negligenciaria necessariamente um bem
presente menor em prol de um bem futuro maior ¢ apeteceria ao minimo
aquilo que fosse um bem nopresente, mas causa de algum mal futuro,
como logo demonstraremos. Mas nés nao podemos ter da duracao das
coisas sendo um conhecimento extremamente inadequado (pela Prop. 31
ds parte 2), ¢ 36 determinamos os tempos de existéncia das coisas pela
imaginacio (pelo Esc. da Prop. 44 da parte x), que nao afetada igualmen-
<aa da coisa presente ¢ da futura; donde ocorre que 0 conhe-
one me ae semos do bem ¢ do mal nao é sendo abstraro, ou
aede a que fazemos da ordem dascoisas € do nexo das
faege noe termes 9 ze-n0 presen é bom ou mau para
gindrio que real; ¢ assim nao é de admirar se 0 Desejo que
; Da Senvipko Humana 477

neneo do bem ¢ do mal, enqu anto este visa ofuturo,


pidopelo desejodas coisas agradaveis no pre-
a Prop. x6 desta parte).

proposi1gAo LXIII
o mal,
éconduzido pelo Medo, ¢faz 0 bem para evitar
Qu em duzido pela razdo.
con GAO
DEMONSTRA
ros qu e sio ref eri dos A Me nt e en qu an co age , isto é (pela
afe de Alegria e Desejo
os ospte 3). 2 razao, nada mais sio que faferosAfe
mop 340? or Marte 3): assim (pela 13. De dos tos), quem éo con-a
g jabPced fax 0 bem por temor do mal, nao é conduzid pel
ratio. C- QD.
Esc6L1o
surar os vicios do que de
Os supersticiosos, que entendem mais de cenduz
nao em con
eninar as vireudes, ¢ se empenham par ir os homens pela ra-
a que fujam do mal mais do que
to, mas em conté-los pelo Medo,
os demais tao mise-
amem as virtudes, nada outro intentam: senao tornar es
eels quantoeles proprios; ¢ assim. nao é de admirar se no mais das vez
siomolestos ¢ odiosos aos homens
CoROLARIO
Pelo Desejo que se origina da razio, seguimos diretamente o bem €
fogimos indiretamente do mal.
DEMONSTRAGAO
Fi Pois o Descjo que se origina da razao sé podeoriginar-se (pela Prop. 39
&partes) de um afero de Alegria que nao é paixio,isto é, da Alegria que
Siepode ter excesso (pela Prop. 61 desta parte), © nao da Tristeza; ¢ por
ikeste Desejo (pela Prop. 8 desta parte) origina-se do conheci-
‘m, ¢ nao do conhecimento do mal; ¢ assim, pelo ditame da
aL cggems direramence
Ratio ay 4 o bem, e apenas nesta medida fugimos do

Este coroliri
Esc61i0
5
to. 0 doens't? € sxplicado pelo exemplo do doente ¢ do sa-
tio; 9 i Pe temor da morte, come aquilo a que tem aver-
"mM, se regozija com o alimento ¢ assim frui
pa Sexvipho HUMANA 479

qe a morte € desejasse evits-la dirctamente


ddio ouira ete,
Jena o réu A morte, ndopor razi
estar po iblico, é conduzido pela
o.

postgso LXIV
pro 5 2
gue! jeci?? nto domal é um conbecimento
M O
O
N S T
inadequado.
RAGA
pD r
a l ( p e la Prop. 8 desta parte) & a propria Tristeza
o do m:
ahecmieomsennrt nsCIO dela. A Triste,za, porém,ué a passagem a uma
att so cOda 3. Def, dos Afefte os) ¢ por ¢ca sa disso nao Ps pode ser
ey menaor (gPe Foreteja do hmoameamixi(op,elasuePr(oppe.la6 P©ro7p.da5 pdaartpear3t)e:
reid pel [r Mia pa 3) € u p uentqemente
,
snc pels De® 1Aquadas ¢ conse q a p.
(pel oPro 29 da
c
Regen4 asdersea
con ci da Tristeza, a saber, o conhecimen do mal. é
Miequado. C- QD:
CoROLARIO
segue que, se a Mente humananiot ivesse senioideias adequa-
Dinos uma nogio do mal.
‘ajo formaria nenh

Proposi1gAo LXV
Soba condugao da razdo, seguiremos, de dois bens, 0 maior, ¢
dedois males, 0 menor.
DeMoNsTRAGAO
bem que impede que fruamos um bem maior é na verdade um mal;
con efito, 0 mal ¢ 0 bem (como mostramos no Preficio desta parte) sio
étos dis coisas enquanto as comparamos entre si, ¢ (pela mesma razdo)
s=malmenor é na verdade um bem; por isso (pelo Corel. da Prop. 63 desta
"sob a conducio
rte), di da razii o, apeteceremos ou
seguiremos somente 0
aioreo mal menor. C. Q. D.
CorordkRio
Sob a conduga 5 seguiremos
:
ke magn nso da razéo, um mal menor em prol de um
8 ig ReBligenciaremos um bem menor que é causa de um mal
ue aqui ¢ dito menor é na verdade um bem, ¢ 0 bem,
DA Servipiko HUMANA 48
pace
1 . po ris so (p el o Co ra l. da Pr op . 63 desta parte) apete-
5 mal. emos este. C.Q. D.
oneriti> ie negligenciar
20008"mo s 24 7iqu ele

o LXVI
prorposigA
du ga o da va zd o, ap et eceremos um bem maiorfuturo
onduga'
be m me no rpr es en te , € u m ma l me norpresentefrente
et a e
ted uD :
Fe al aio?fas?
en
“ DEMONSTRAGAO
nt e pu de ss e re r um co
co nhecimento adeqq) uado da coisa futura,
sea Me que para coma presente (pela
a uj, para com ela
«ti aera
pelo mesmo afero
ra-
62 dest a part e); por isso, enquanto prestamos atengao & prépria
Prop. r ta Proposiga or um maior
o, € 0 mesmo sup
tio, como supomno! .s faze nes © por conseguinte (pela Prop. 65 desta
tem ou mal fururo ou presenti pre-
pure) speteceremos um bem maior fururo frente a um bem menor
sente ete. C.Q. D.
CoRoLrarRio
Sob a condugio da razao, apeteceremos um mal menorpresente que é
causa de um bem maior futuro, ¢ negligenciaremos um bem menorpre-
sente que é causa de um mal maior futuro. Este corolario est para a Prop.
precedente como 0 Corolirio da Prop.65 paraa propria Prop. 6.
Escourio0
Fortanto, se confrontamos
homens nesta parte até a isto com o que mostramos sobre os afetos
dos Pr oposi¢ao 18, facilmente verem o qu
os e se-
Rr ohomem conduzid pelo s6 afeto ses
a razio. Com efcito, o© primeiro, ou opiniao ¢ o homem conduzido
‘Peignora a0 maxim, queira ele ou nao,faz [age] aquilo
Nghe 0; © segundo, porém, nao se comporta 4 mancira de
M,a naose 32
Mondial 1 Vida ¢ 4 sua prépria,
5 e faz - [age] somenteo quesabeser o pri-
bane serve, US POFisso ele deseja ao maximo; porisso, ao primeiro
vier pon Mas ao segundo chamolivre,
j A ; .
aria de fazer ainda
sobre cujo engenho ¢ mancira
:,
algumas observasses.
7‘ Da SeRvipAo HUMANA 483
pant
prop os1géo
LXVII
Ind, weno \a C01 is a e m q u e o h o memlivre pense menos
apvio bd
ua sabedoria néo é uma meditagao sobre a
morte, € 8
ftyea vida.
TRAGAO
morte DEMONS
o, o onduzi-
itame da razi na é c
nem livres istoe é, quae viovpe. p63edlesst6adparte), mas desejadiretamente
o
Ono Niorea(rmeelsmPar Prop., isto & (pela Prop. 24 desta parte)
sopelo edo da a
a bem pelo CoVON eu set a partir do Fansdeameenntoosddeobqusucearnao msoerutper,é¢-
corn5Sser hd nada em que pen m D.
Sojvfacivil;er€€ po
a b e d o r i a é u m a editagio sobre a vida. C. Q
rm
ProrposigAéo LXVIII

Seos homens nascessem livres, ndo formariam nenhum con-


scan de bem emal enquanto™ fossern livres
DemonsTRagio
Eudisse serlivre aquele que ¢ conduzidopela sé razao; portanto, quem
acelive e livre permanece nao tem senao ideias adequadas, e por con-
scquinte nio cem nenhum conceito de mal (pelo Corol. da Prop. 64 desta
ire). ¢ consequentemente (pois 0 bem ¢ 0 mal sio correlatos) nem de
bem. C. QD.
Esc6Lio
_E patente pela Prop. 4 desta parte que a Hipétese desta Proposigio
éfil, « nio pode ser concebida senio enquanto prestamos atengio 4
¥ natureza humana, ou melhor, a Deus, ndo enquanto é infinito, mas
fee snquanto é a causa por que o homem existe. E isto, ¢ outras
aaef demonsicamos, que Moisés parece ter tido em mente com
one ets do primeiro homem. Com efeito, nesta (histéria] nenhu-
bomen, (potencia de Deus é concebida sendo aquela pela qual eriou 0
Ben, eseanepateneia pela qual cuidou apenas da utilidade do ho-
Sy Silas saree que Deus proibira o homem livre de co-
oe medaeanseco hecimenco do bem ¢ do mal e, tio logo dela co-
re teria medo da morte, mais do que desejaria viver
Da SeRvIDAO Humana 44s

» encontrado uma esposa que convinha intel


Noube que nada podia dar-se na natureza que
as, depois que acreditou que os
"nenven 6% s afetos (ver Prop.
Savcaua sua liberdade, a qual depois foi recuperada pelos
2ziperceEspirito
d o s | de Cristo, isto a ideia de Deus, da
u o r
« I d nenndde aAnPeeeU «0 hhomemscja livre © que deseje para os outros
are3 e2pedfeeeqnpeue dosed? P comodemonstramos acima (pela Prop
goa P

proposigao LXIXx
grande tan-
e igualmente
do homem livre é avaliada
udeos peribogos quanto 40 superda-los.
Aviyirt
"nar
=
wane DEMONSTRAGAO
coibido nem suprimidoa nao ser por um afero
Um afero nao pod cdoserque 0 afet o a ser coibido (pela Prop. 7 desta par-
re orce
conttiti ees cega € 0 Medo sio afetos que podem ser concebidos
1.08 Aus (pelas Prop. 5 ¢ 3 desta parte). Logo, é requerida uma
2
walmente ou fortaleza do animo (cuja Def. deveser vista
ice ep 9
ent e nd e virt ude
alm §! so da parte 3) tanto para coibir a Audicia quantopara coi-
(pelas 40. ¢ 41. Def. dos Afetos), 0 homemlivre evita os
fir Medo, isto € ma C.Q D.
perigoscom ames vireude do 4nimo com que tenta superé-los.
CoRoradRio
No homem livre, portanto, igualmente grande a Firm eza tanto a0
fag2 tempo quanto ao ser levado lura, ou seja, o homem livre escol he
afuga com a mesma Firmeza ou presenga de espirito com que escol he 0
combate.
EscoLi0
( que seja a Firmeza ou 0 que entendopor ela expliquei no Escélio da
Prop. 99 da parte 3.Por perigo, porém,entendotudo aquilo que pode ser
causa de algum mal, a saber, de Tristeza, Odio, Discérdia etc.

PrRorposigéio LXX
nee livre que vive entre ignorantes se empenha 0 quanto
em evitar os beneficios dados por eles.
Da Sereave »kO HUMANA 487

AGAO
DEMONSTR
bom (ver Ese. da Prop.
julg apo rseu proprio engenhoo queé
imara
nro, o ignorante que beneficiou a alguém est
engenho, ¢ s¢ vé que obeneficio é subestimado por
fe se encristecera (pela Prop. 42 daparte 3). Ora, o ho-
(pela
> aha em unir os outros homens a si por amizade
i
¢ se empette), ¢ nao em retribuir aos homens beneficios equiva-
ros pelo livre
pane Pe to deles, mas em conduzir a si ¢ aos out
e ser primor-
res segundo er scr [agir] somente o que cle préprio sab
e livre, para que nao seja odiado pel os ignorantes nem
quiz? eeomem
ao . .
Fials logo ° i ce deles, mas 2 s6 razao, se esforgard o quanto pode para
e_carve 30 4PCET” "4dos poreles. C. Q. D.
«ar OS beneficios
sitet EscoLrio
to pode. Pois embora sejam homensignorantes, sio porém
Digo 2 14” o ccisidadles podem oferecer o auxilio humano, que €
a neces-
7 vague: outro; assim, frequentemente ocorre que sej
U m be ne fi ci o dado por eles ¢ consequentemente congratula-
sitio aceitar ta cusar os bene-
que, ao re
do o engenho deles; a isso se acrescen
eee r eles, tambémse deveter cautela para que nao parega que
a, s, do contrario,
bos eee ou rememos retribui-slos por Avarez . poi
emt de seu Odio, acabariamo por ofendé-los Por isso, ao recusar
o.
a beneficios, i deve-se ter em conta o util ¢ o honest
20

PropositgAo LXXI
Somente os homens livres sao muitissimo gratos uns para com
os outros.
DEMONSTRAGAO
Somente os homens livres sao utilissimos uns aos outros ¢ se unem pela
maxima ligacao de amizade (pela Prop. 35 desta parte e seu coroldrio 1), ¢
por um igual empenho de amor esforgam-se para fazer o bem uns aos ou-
tos (pela Prop. 37 desta parte); ¢ assim (pela 34. Def. dos Afetos), somente
oshomenslivres sao muitissimo gratos uns para com osoutros. C. Q. D.

EscoLtio
O Reconhecimento que os homens que sao conduzidos pelo Desejo
pa SERVIDAO HUMANA
gee ‘
ea*
ys é no mais das vezes antes um negdcio ou uma
jclos onuhtehci mento. Ademais, a ingratidio nao é umafet«
* eco
» ma is dazsa vezes : indica que u n homem é afetado
Avare tc. Po quem, por estulticia, nio sabe
Soberba ov AY > € ingrato;
grato;
© muito menosé ingrato
8
ac os Jons recebidos,
dons TM pelas nae de uma meretriz a servir A lascivia
ofertas
“ae vide :
conye nae nele ov lndrio, a esconder os furtos, ou por outros seme-
ot a an pela 9 contr rio, ; mostra ter um 4nimoconstante
anoe, aquele que
:
oOjel pois: 20ferta se deixaixa Per, , Pp para sua ruina ou para a ruina
corromper
rtyumaoF

proPposi¢gaAo LX XE!

n livre nunc a age com ma-fé, mas sempre comboa-fe.


en
one DEMONSTRAGAO
seo homer livres enquanto € livre, fizesse alguma coisa com mé-fé, ©
chamamos livre):
memli’gzio (pois apenas nesta medida o 24 desta parte)
juin pelo Fan cote seria uma virtude (pela Prop.
{por is90 agitCOM (pela mesma Prop.). a cada um seria mais sensato,
¢,consequen eeu ser, agit com mé-fé,isto € (como ¢ conhecidopor si),
par conservarS00&t},omens convir somente em palavras, sendo porém
seria mals #ensa00 ueros na realidade, o que (pelo Corol. da Prop. 31 desta
conti auto, Logo, 0 homem livre etc. C. QD.
» Esc6L1o
se agora se perguntar: se pela perfidia um homem pudesse libertar-se
de am presente perigo de morte, a regra de conservar seu ser nio 0 acon-
selharia inteiramente a ser pérfido? Responder-se-a, da mesma mancira,
‘s¢ a razao o aconselhasse a isso, ela o aconselharia entio a todos os
femens, € assim a razéo aconselharia inteiramente aos homens que nao
pactuassem sendo com ma-fé para unir asforgas ¢ ter direitos comuns,isto
é,que nao tivessem deveras direitos comuns, o que é absurdo.

Proposigéo LXXIII
Ohomem que é conduzido pela razao é mais livre na cidade,
onde vive pelo decreto comum, do que na solidao, onde obedece
Apenas a si mesmo.
, Da Seaviniao HuMANA aot

part®
DEMONSTRAGAO
pela razio nao ¢ conduzido a obedecer
uc é conduzido 5
° home Z Prop. 63 desta parte); mas, enquantose esforga para con-
. £ r
6 medo (74 Jo ditame da razdo,isto € (pelo Esc. da Prop. 66 desta par-
a * s

er pe ‘ ‘ .
& ee
arse ser sforga para viver livremente, deseja observar a regra da
tt 0 se ©
es enqua’an sided comuns (pela Prop.
Py 377 desta parte), ¢ consequentemen -
ped nos no Esc. » da Prop. 37 desta parte) viver pelo decreto
i 7A sts ‘
‘ most para viver mais livremente, o homem que é con-
emum cla
cidade. 108? direi
Ja raz0 deseja observar os direitos comuns da cidade. dacidade. C0, C. Q.D.
D
guride P Esco6Ltio
li-
coisas semelhantes que mostramos sobre a verdadeira
m referem-se & Fortaleza, isto ¢ (pela Prop. s9 da parte
perdad 3 a Gen erosidade. E nao penso que valha a pena demonstrar
as propriedades da Fortaleza, ¢ muito menos que
tem a nao tem édio a ninguém, nfo se ira com ninguém, nao
. eiadigns. nao tem despeito por ninguém e de modo algum se
inveja 240 Pois estas coisas € tudo mais quediz respeito 4 verdadcira vida
Parte, a saber,
ensobetamente sao provadas pelas Prop. 37 ¢ 46 desta
& Ree éavencer pelo Amorreciproco ¢ que qualquer um que é con-
quee i razio deseja também para os outros 0 bem que apetece para
durido Pe 7 acrescenta 0 que mostramosnoEsc. da Prop. 50 desta Parte
si. pole lugares: que 0 homem forte considera, primeiramente, que
tudo o
i segue da necessidade da natureza divina, ¢ por conseguinte
hor-
que ele pensa ser molesto e mau, ¢ tudo que além disso parece impio,
rendo, injusto € torpe, origina-se de que concebeas préprias coisas desor-
denada, mutilada ¢ confusamente, ¢ porisso ele se esforga primeiramente
ara conceber as coisas comoclas sao em si ¢ para afastar o que impede o
yerdadeiro conhecimento,tal como o Odio,a Ira, a Inveja, o Escdrnio, a
Soberba ¢ outras coisas deste tipo, que mostramosno queprecede; e, as-
sim, esforga-se 0 quanto pode, como dissemos, para agir bem ¢ alegrar-se.
Aré que pontose estende porém a virtude humanapara conseguirisso, co
que cla pode, demonstraremos na Parte seguinte.
t ya Seevipko Humana 4
pon? any
Ap&NDICE
h n e s t 1 Parte sobre a correta mancira de viver ndo estd
pe sentec rado
one Pr" do que possd 5 cer visto de uma sb vez, mas foi demonstzir piors
dem a y
t a b e r1,, ded e m a n
m a n c i r c i r a qqueue eueu P pudesse dedu ma
ancl "a dspers s
m 1 co is a d e outra. Pr rropus-me aqui, portanto, recolber tudo
jal te 1 es principais
Mn capte o l
i t u r
Cap
° ou Desejos seguem da necessidade
Todos os noss
os esforgos
ss a na ce reza de tal man cir a que pode mse r entendidos ou
jeno to somos
como por sua causa préxima, ou enquan nte
rte da natureza que nao pode ser adequadame con-
fe os.
yma pal
si g, po rs i se m ou tr os in di vi du
bi
Cariruro II
0s Desejos que seguem de nossa natureza de tal maneira
refe-
que podem ser entendidos sé por ela sao aqueles que se
tem Mente enquanto é concebida constar de ideias adequa-
das; 0s outros Desejos nao se referem 4 Mente senao enquanto
concebe as coisas inadequadamente, ¢ a forga ¢ o crescimento
deles devem ser definidos nao pela poténcia humana, maspela
poréncia das coisas que estao fora de nés. E assim aqueles De-
sjos io corretamente chamados de agées ¢ estes de paixdes;
pois aqueles sempre indicam nossa poténcia ¢ estes, ao contra-
“io, indicam nossa impoténcia e um conhecimento mutilado.
Capitruto III
As nos
sas
Poténcia d agdes,
Kaa
isto é,
Z
os Desej
es os que séo definidos pela
.

si lo homem ourazao, sio sempre bons, mas os outros


er M ser tanto bons
como maus,
‘a Da SenvroAo Humawa as
past
CapiruLto IV
canto, € ttil
portanto, acima de tudo aperfeigoar
; 0 : inte-
Na vidaF‘0104; os, € somentenisto consiste a
razio 0
sjicidade [felicitas] do hom " em ou beatitude [beatitu-
feito, a beatitude nao é nada outro que o contenta-
sok cor
Re
saimo que se origina do conhecim
efeito, ..
ento intui
3
tivo de
a8

do an
pene
M a s a p e r f e i g oar © intelecto :nada outro é que entender:
‘.
as S atributos de Deus € as agées que seguem da necessi-
“as a nacureza. Por isso, o fim iltimos do homem que é
Deus, O
ede
= nduz ido pela razi0, isto é, 0 sumo lDesejo pelo qual se em-a
aha € em moderar todos os outros, é aquele que o conpoduz
cris dem
pe r ad eq ua da me nt ea si ¢ a to das as coisas que
conee!
air sob sua inreligéncia.
Carpirutro V
Portanto, nenhumavida racional é sem inteligéncia ¢ as coi-
«2s sio boas apenas enquanto favorecem o homem para que
fruaa vida da Mente, que é definidapela inteligéncia. Dizemos
que sio mas, ao contrario, apenasas as que impedem que o
homem possa aperfeigoara razaoe fruir a vida racional.
Carfturto VI
Mas jd que todas as coisas de que o homemé causa eficien-
‘ sio necessariamente boas, nada de mau pode sobrevir ao
= Sendo por causas externas, a saber, enquanto é parte
"sureza inteira, cujas leis a natureza humana é coagida
a
obedecer ¢ 4
mincing. Wa! € Coagida a se adaptar quase que de infinitas
iv Da Sexvipko Humana
pant
Cariru Lo Vii

Nio po!Jeacontecer
je que o homemnaoseja uma parte da na-
ja sua ordemco%: mum; mas se ele se encontra r
wet ac nao SIF:
ividuos tais que convém com a natureza do préprio
ann
entte in dividuos
ncia de agit. do homemser fav. orecid‘ a
isso a pot
homenm, por
0 contrario, estiver entre individuostais
u que
efor smentada. Se2
conve m minimamente com sua natureza, dificilmente poder
seaapts a cles sem sofrer uma grande mudanga.
Capitutro VIII

© que quer que seja dado na natureza das coisas ¢ que jul-
vemos er mau, ou Scja, poder impedir que existamos e frua-
nos a vida racional, é-noslicito remover pela via que parega
mais segura ¢, a0 contrério, © que querque seja dado e que
julguemos bom,ou seja, util para conservar o nosso sere fruir
avida racional, é-noslicito usé-lo de todas as maneiras; ¢, ab-
solutamente, a cada um licito fazer, por sumodireito de na-
tureza, tudo que julgue contribuir para sua prépria utilidade.
Carpfitruro IX
Nio hi nada que possa convir mais com a natureza de algu-
macoisa do que os outros individuos da mesmaespécie; € por
i850 (pelo Capitulo 7) nada é dado de mais titil ao homem,
para
Sjuseconserve seu ser e frua a vida ra
conduzido pela i ci‘ onal, do que o homem
aE raz Além disso, j4 que néo encontramos
ao.
, Te as coisas
si singul
gk ares, de mais7 excelente que o ho-
™M conduz'ziido pela razdo, por co
nseguinte, em coisa alguma
eV DA Sexvindo Humana go

€ na arte
alg! ém mostrar mais sua destreza no engenho
pode
quealsne™"ceticar os homens para que vivampor fimsob 0
ecm
No a 0 prosprio da ra Z40.
npé
CapiruLtro X
os homensc.so levados unscontraA os outrospela
Engija ou por algum afeco de Odio,. nesta* medida sio
Enquanto s x
‘.
contré-
sdo tanto mais a temer
ps outros ¢, por conseguinte,eo
fem mais do queos outros individuosda natureza
uns a0
.
uancopod
CapiruLto XI
Os Animos, no entanto, nao sio vencidos pelas armas ¢ sim
Jo Amor € pela Generosidade.
Capiruto XII
‘Aos homens é primordialmente util estabelecer relagdes ¢
creitar aqueles vinculos pelos quais, de maneira mais apta,
-,zem-se todos eles um sé ¢, absolutamente, [é util] fazer tudo
quilo que serve para firmar as amizades.
Caritruto XIII
Mas para isto requerem-se arte ¢ vigilancia. Com efei-
0, os homenssao varidveis (pois raros sio os que vivem se-
undo a prescrigao da razio), no mais das vezes invejosos ¢
is inclinados & vinganga que & Misericérdia. E assim é
reciso uma singular poténcia de animo para suportar cada
im com o respectivo engenho e conter-se de mancira a nao
imitar tais afetos. Porém so molestos para si ¢ para os ou-
ros aqueles que aprenderam mais a recriminar os homens
censurar os vicios do que a ensinar-lhes as virtudes, ¢ mais
abalar os animos dos homens do que a firmé-los. Dai que
'witos, por demasiada impaciéncia de animo e por falso
iv Da Sexvipko Humana sor
P part
ho «eligio’® tenhampreferido vive
a r antes entre as bes-
epdoea e entre OS homen: comoas criangasou adolescentes
os" jo podem guportar equanimemente as
s desavengas fami-
faggiaiam na vida militar, escolhendo os incémodos
ese refu
ertaé o império dos tiranetes em lugar das comodidades
dag asda admoestagées paternas, ¢ que padecem que
imponh; a qualquer
nus desde que se guem dos pais.
Carviruro XIV

0s homens, no mais das vezes, tudo mo-


Assim. conquantolascivia,
a no entanto de sua comum socie-
derem 8° gundo suto is omodidades do que danos. E prefe-
dade segue! m mui ma c ¢ co-
rivel, por isso. portar comigual animoas suaserinjuirias
neJocar o«mpenho naquilo que serve para promov a concérdia
eaamizad
Carpiruto XV
As coisas que gerama concérdia sao aquelas que se referem
ustiga, 3 equidade ¢ A honestidade. Pois os homens, além
do que ¢ injusto ¢ iniquo, também suportam com dificuldade
aguilo que ¢ tido portorpe, ou seja, que alguémafronte oscos-
umes aceitos na cidade. Para promover 0 Amor,no entanto,é
accessirio, primordialmente, cudo © que concerne a Religido €
iPiedade. Sobre isso ver os Esc. 1 € 2 da Prop. 37, Esc.da Prop.
46c Esc, da Prop. 73 da parte 4.
Capitruto XVI
- No maismai das vezes, aléz m diss
, o, a concérdia
costuma
er i
me ada a partir do Medo, mas sem confianga’*, Acre
ese que o Med s-
o se origina da impoténcia do animo
Vv Da Seuavivpaso Humana $93
pee os I
a
percence ao uso da razao, como tampouco
nao .
0 jsso f pertence, embora parega apresentar uma espécie
& Ao
1 iseras
com 5
Cc.
piedad
de CapfiruLro XVII
1 issO, osO° homens também sao vencidos pela prodigali-
t ag * s .
Alem¢ do aqueles que nao tém onde conseguir as coisas
retu . ‘ wie
dade sob ara o sustento da vida. Porém, auxiliar a todos os
srias 5 a5
n ecessarl a que supera em muito as forgas ¢ a utilidade
4
sgentes © a 5 %
indige® ticular. As riquezas de um particular, com efeito, nao
ar % ‘ : .
deum P ara esolver o problema. Além disso, a capacidade de
bastaP mem é por demais limitada para poder unir 3
todos a
5 ho
um so on é incumbéncia da
de; por isso, cuidar dos pobres
; por amiza
concerne apenas4 utilidade comum.
sociedade int eira e
iP
ro
Cariru XVIII
me nto, o cuidado
Ao receber beneficios e mostrar reconheci
p.
deve ser inteiramente outro € sobre isso ver o Esc. da Pro da
3o¢ Esc. Prop. 71 da parte 4.
Carpirutro XIX
Além disso, o Amorsexual, isto é, a lascivia de copular,ori-
ginada apenas da formosura e, absolutamente, todo Amor que
teconhece outra causa além da liberdade do animo,converte-
-se facilmente em Odio, a nao ser, 0 que é ainda pior, quan-
do é uma espécie de delirio, e entao ¢ fomentado maispela
discérdia do que pela concérdia. Ver o Esc. da Prop. 31 da
Parte 3,

Carpirutro XX
e N © que concerne ao casamento, certamente convém
M a razy
4240 se o desejo
. de conjugar
° x
os corpos é gerado nao
+s i pa Saaviodo Humawa so
pa®
rm nosura,
osura, pelo Amor degerar filhos
mas tambémesd
pela form doria: € se, além disso, o Amor de ambos,
ape™ a yfos CoM
.m ¢ da mulher, tem por causa nao apenas a
joamas
homesobrett do a liberdade do animo.
CapituLro XXI
disso, a adulagio gera a concérdia, porém maculada
‘além disso.
rime de servi dio ou pela perfidia; pois ninguém é mais
Jo ¢! ddo pela adulagao do que os soberbos, que querem ser
ca
con) ist a
neiros € NAO 0 S40.
Fe Ao.
os pri meiros
Capitutro XXII
e religiao. E,
AAbj jegao inere uma falsa espécie de piedad
embora aAbjegao seja contraria & Soberba, 0 abjeto no entan-
ro proxi mo do soberbo.Ver o Esc. da Prop
.57 da parte 4.
Carituro XXIII
AVergonha,porsua vez, contribui para a concérdia apenas
nas coisas que ndo podem ser escondidas. Ademais, como a
Vergonha é uma espécie de Tristeza, no concerne ao uso da
razio.
Carftruro XXIV
Osoutrosafetos de Tristeza para com os homens se opdem
diretamente & justiga, 4 equidade, & honestidade, A picdade ¢
ircligido. E, embora a Indignagio parega ser umaespécie de
equidade, no entanto vive-se sem lei onde licito cada umjul-
& 05 feitos do outro e vingar 0 seu dircito ou dircito do
outro,
Capfruro XXVv
A Modéstia, isto ¢, 0 Desejo de agradar aos homens
que
¥ Da Sexvipio Humana

do pela razio, se refere 4 Piedade (como dissemos


jaca prop. 37 48 parte 4). Porém, sc se origina do afeto,
jnado

go Bet ou scja Desejo pelo qual os homens. sob uma


Mambiese” OF piedade, no mais das vezes incitam as sedi-
pals? 10Sdik. Pois quem deseja favorecer os outros, com
oes © ea obras, para que fruam simultancamente o sumo
conselhos©hard, sobretudo, em promover o Amor deles 2
pem © © em suscitar- thes admiragao para que uma doutrina
si, € nao or nome, nem, absolutamente, em dar-lhes motivos
receba 0 § ‘ademais, nas conversas6es cotidianas, cvitaré recen-
ge lnvel-icios dos homens ¢ cuidar4 em naofalar da impoténcia
sear 08 ViCIO* com parcimé nia. Por outro lado, cuidard em fa-
humans ae da vircude ou poténcia humanas ¢ da mancira
aperfeigmas
Peouveraversio,
aonfo para que assim os homens, néo
oadamovidos
pelo sé afeto de Alegria,
sforc em, 0 quan to esta em suasforgas, para viver de acordo
sec Z
com a prescrigao da razao.
Capitruro XXVI
‘Além dos homens, nao conhecemos nadadesingular na na-
tureza cuja Mente possa nosregozijar ¢ a que possamos nos
unit por amizade ou algum outro géneroderelagao; € porisso
aregra da nossa utilidade nao postula que conservemos, afora
os homens, o que quer que seja dado na natureza dascoisas,
mas, em proldesuasvarias utilizages, nos ensina a conserva-
0, destrui-lo ou adapté-lo para o nosso uso de qualquer ma-
neira que seja.
Carpitutro XXVII
A utilidade que extraimos das coisas que exis-
im fora de nés, além da experiéncia ¢ do conheci-
nto que adquirimos por observa-las ¢ por mudé-las
DA SERVIDAO HuMANA soy
re tv
pee
_.é prineipalmente a conservagio do corpo; poresta
ase ‘
de form sas mais Ge séo aquelas que podem alentar ¢ nu-
: ra que todas as suas partes consigam cumprir
7,0 OPO¢ Po Pois quanto : mais apto é 0 Corpo
suas fungoes. a
«i nent
correra™ ser afetado de miltiplas manciras ¢ afetar os corpos
scapouer ‘miltiplas manciras, tanto mais apta é a Mente
esctiones Ue, Prop. 38 € 39 da parte 4). Ora, parece que ha
deste tipo na natureza ¢, por isso, para nutrir 0
preciso, é necessirio usar muitos alimentos de
Gom eftito;6 Coepa buntans ¢ compost de
js si ma s pa rt es que tém1 naturezadiversa e que precisam
mu i inu ‘0 ¢ variado para que todo o Corpo este-
de ali i
menco cone
| te apto a todas as coisas que podem seguir de sua
aj jgualmen
r e z a C r por conseguinte, para que a Mente também esteja
acu te ta a com \ceber muitascoisas.
igualmen ap r o XXVIII
t u
Carf
Para reunir estas coisas, porém, as forgas de cada um di-
ficilmente bastariam se os homens nao prestassem servigos
mituos. Na verdade, o dinheiro tornou-se a suma de todas as
coisas ¢ dai resultou que sua imagem costumeocupar ao méxi-
moa Mente dos homens vulgares, j4 que mal podem imaginar
espécie algumade Alegria senao conjuntamente a ideia do di-
nheiro comocausa.

Carpituro XXIX
Porém este é um vicio apenas daqueles que buscam dinhei-
to naopor indigéncia nem porsuas necessidades, mas porque
aprenderamasartesdelucrar,das quaismuitosegabam. Deresto,
alimentamo corpo, como de costume, mas parcimoniosamente,
Da SeRvipho Humana
pa8 re IV

e ered! , perder os bens que gastam na conservagio de


ve creeu, aqueles que aprenderam o verdadciro uso
po,ito ¢ CONoderam 0 uso das riquezas conforme as neces
.
o es, vi
emcontentes COM Poucd.
Carpitutro XXX

Jomo boas sio aquelas coisas que favorecem as partes do


C pram
suas fungoes ¢ a Alegria consiste em
para que cum
corpo orencia do homem, enquanto consta de Mente ¢ Cor-
queaP aumenta logo todasas coisas que trazem
0, € favo! recida ou da,
Alegria 520 oas. Como, porém, as coisas no agem com o fim
jenos afetar de Alegria ¢ nem sua poténcia de agir é tempe-
‘undo nossa utilidade e, finalmente, como a Alegria,
nada #8 Ns veres, refere-se antes a uma tnica parce do Cor-
Gt iaais las vores onelSrosidi/Alegris (gta rasharesa
F, a nao est4o presentes), ¢ consequentemente os Dese-
a sio gerados a partir deles, tém excesso. Acrescente-se
‘iso que pelo afeto consideramos primeiro 0 que é agradavel
no presente ¢ nao podemos estimar com igual animo as coisas
facuras. Ver Esc. da Prop. 44 € Esc. da Prop. 60 da parte 4.
CapituLto XXXI
Ora, a superstigao, ao contrario, parece sustentar que é bom
oquetraz Tristezae é mau o que traz Alegria. Mas, como ja disse-
mos(vero Esc. da Prop. 45 daparte 4), ninguém,senao invejo-
so,sedeleita com minha impoténcia e com meuincémodo. Pois
quanto maior é a Alegria com que somosafetados, tanto maior
¢a perfeigao a que passamos, e, por conseguinte, tanto mais
Participamos da natureza divina; e jamais pode ser m4 Alegria
Da SERVIDAO Humana $8
sv

pderad ja a pela verdadeira regra da nossa utilidade. Aque-


ve mo 0, éconduzidopelo Medo a fazer o bem para
o contrari 7
eagver** | nao € conduzidopela razio.
vital
mal,
Cariruro XXXII
cénc
orén e!ia humana é bastante limitada ¢ infinitamente
Mas 3 P
4 a pela poten cia das causas externas; ¢ porisso nao te-
super sas que
‘ode r abs olu co de adaprar para nosso uso as coi
os um P
dS: Noentanto, suportaremos comigual animo
sgio fora 0 que postula a regra da
2 5 coi sa s que nos ocorrerem contra
ce 7
#nossa atilidade se estivermos cOnscios de que cumprimos nos-
jungio, de que a poréncia que temos nao péde estender-se
sa fungaoy
vege ponto de podermosevité-las, e de que somosparte da na-
‘arena inteira, cuja ordem seguimos. Se entendermosisto clara
edistintamente, aquela nossa parte que se define pela inteli-
géncia, isto é, a nossa melhor parte, se contentara plenamente
com isso ¢ se esforcard para perseverar neste contentamento.
Pois, enquanto entendemos, nao podemos apetecer senao 0
que é necessdrio ¢, absolutamente, néo podemos contentar-nos
senio com o verdadeiro; ¢ por isso, enquanto entendemos cor-
retamente estas coisas, nesta medida o esforgo da nossa melhor
parte convém com a ordem da natureza inteira.
Fim da Parte Quatro
¢ ToT Gea
Parte Quinta,
DA

Poténcia do Intelecto, ou da Liber-


dade Humana

PREFACIO
Passo, finalmente, @ outra parte da Etica, que versa sobre a
ira, on scja, a via que conduz d Liberdade. Nela me ocu-
i portanto, da poténcia da razao, mostrando 0 que a pré-
se raaio pode sobre os afetos 6, a seguir, 0s que é a Liberda-
vieda Mente ou felicidade; e com isso veremo 0 quanto 0 sdbio
é mais potente do que o ignorante. Entretanto, aqui nao cabe
‘lier de que maneira e por qual via o intelecto deve perfazer-
se, nem, ademais, com que arte o Corpo deve ser cuidado para
cumprir corretamente seu oficio, pois isto concerne a Medicina
eaguilo 4 Logica. Portanto, comodisse, aqui me ocuparei da sb
potincia da Mente ou razdo e mostrarei, antes de tudo, quanto
¢ qual império ela tem sobre os afetos para coibi-los e modera-
-los, Pois jé demonstramos acima que ndo temos império ab-
soluto sobre eles. Os Estoicos, no entanto, consideraram que os
afetos dependem absolutamente de nossa vontade e que podemos
imperar absolutamente sobre eles. Todavia, perante os protestos
da experiencia, e ndo por seus préprios princtpios, foram coagi-
doa admitir que nao sdo pequenos o exerctcio e 0 empenho re-
suede para coibi-los ¢ moderd-los; 0 que alguém se esforcou
mostrar (se bem me lembro) com o exemplo de dois cates,
way Da Lipexpaps Humana ,
ro
ey e outro de casa, jd que, com exercicio, conseguin
domestica © méstico se acostumasse a cacar eo de capa,
gute W""herivesse de perseguir lebres. Nao ¢ pequeno o
eriartes por essa opinido, pois sustenta que a Alma
‘prio tee nida principalmente a uma parte do cérebro, a
Z Mee dula dita pineal, com cujo recurso a Mente sente
ther: *Sqvimentos excitados no corpo, bem como os objetos ex-
mon, Mente, 36 porque 0 quer, pode mové-la de varias
se
ernet Sustenta qi 2 essa glandula esté de tal modo suspe
mancirts évebro que pode ser movida pelo minimo movimen-
a0 mi os animais. Além disso, sustenta que essa glindula
todos Piro meio do cerebro de tantas e téo variadas manci-
othio variadas as maneiras como os espiritos animais
.em: que, ademais, nela séo impressos tantos ¢ tio va-
teiwestigios quanto séo variados os objetos externos que im-
vem esses espiritos animais contra ela. Donde acontece que se,
ppiterormente, pela vontade da Alma que a move de variadas
vvciras, a glandula ficar suspensa desta ou daquela mancira
pea qual uma vez foi suspensa pelos espiritos agitados desta ou
daquela maneira, entao a prépria glandula impelira e determi-
nard os proprios esptritos animais da mesma maneira como antes
haviam sido impelidos por uma suspenséo semelhante da glin-
ula, Sustenta, ainda, que cada vontade da Mente é unida pela
natureza a um movimento preciso dessa glandula. Por exemplo,
‘ealguém tem vontade de dirigir o olbar para umobjeto dis-
je eefard com que a pupila se dilate; mas se pensa
ei diatara pupila, esa vontade de nada the adiancs-
seersc pare aureea no jtuntou 0 movimento da glandula —
etcing ? aS 1 08 espiritos em diregdo ao nervo Orie , de
shew conatder ot contrair a pupila ~ a vontade de dilaté-
os eyes Sits Brecisamente & vontade de dirigir o olbar
ember, Kadarpayct‘antes ou prdximos. Sustenta, finalmente, que,
“4 movimento dessa glandula pareza ter sido ligado
pa Limenpape Humana 531
desde 0 601 meso de nos
sa vida,a a cada umdos nos-
4 , g a r ureae ntretanto eles podemserjuntados a outros pelo
pl a tos e ar rt.
Pensa!
s e nag Ue Descartes se esforga para prov no a
pbitee de PaixOes da Alma. Disso concl ui que nenh uma
yay dye ndo possa, se bem dirigida, adguirir um
iM ee 5

140ty sobre as suas Paixes. Pois estas, tal como defi


1 alu ges, ou sentimentos, ou emogoes da
orele, sdoseperc eP z 2
widas P2” “Ja referem em particular, ¢ que, note-se, sio
“anservadas ¢ corroboradas por algum oes movi-
(veja-se art. 27 da Parte 1 de Paix da
mento s t o que au ma vontade qualquer podemosjun
tar
Alma) . O r a
n
,
t
v
o
i
q u a l q u e r d a glagnadula
gland e, consequentemente, dos
m e
er paitvasi, ¢ visto que a determi n a o da vontade depende sb de
epiritos,
55 0, pod ers por tan to, se determinarmos nossa vontade por meio
10 igir as agées de
vejneos certs efirmes, pelos quais queremas dir
s que quere-
nossa vida, ¢ sejuntarmos os movimentos das paixoe
es ter a essesjuizos, adguiriremos um império absoluto sobre
«ts nossas Paixoes. Eis (tanto quanto posso conjecturar de suas
jriprias palavras) a opinido desse Homem brithantissimo, e que
dificilmente eu acreditaria ter partido de tao grande Homem,
fesse ela menos aguda. E decerto nao posso admirar-me o bas-
tante que um Fildsofo, que firmemente sustentara nada dedu-
zirsenéo de principios conhecidos por si mesmos e nada afirmar
senéo aquilo que percebesse clara e distintamente, e que tantas
vezes repreendera os Escoldsticos por terem querido explicar coi-
‘4s obscuras por meio de qualidades ocultas, adote uma Hipé-
‘et mais oculta que todas as qualidades ocultas. Que entende,
Pergun 10, por unido
i da Mente e do Corpo? Que conceito
is claro e
distinto
me 1 ele do pensamentoestreitissimamente unido a uma
orgéozi nha da quanti; dade? Deveras, eu queria muito
ba Perrdozi
ele tives¢ explicado
"
essa unido por sua causa préxima. Mas
z pa LiserDADE Humana 333
park re
ndo poderia
te téo distinta do Corpo que ae
Ie & a
je ra nhume
a Men
a causa $i ingular nem

dessa unido, * nem da
5
© gar BEN ou recorrer a causa do Universo in-
i, Ademais, eu bem gostaria de saber quan-
as
mas pre

pct" fe movimento pode a Mente atribuir a essa slandu-


wg! " com quanta forga pode manté-la suspensa. Pois nao
din dul a € revo loid a mai s dev agar ou mais depressa
j e584
s, nemse os movimen-
pelos espiritos animai
a Mente do que s estreitamente a jutzosfirmes , nao
tes das PaixOes quejuntamo
7 vamente St vr desligados desses juizos por causas corps-
memen-
iss seguiria que, ainda que a Mentetivesse fir
eto
me sto a enfrentar perigos € tivesse juntado a esse decr
a de um perigo, a
a Peni de auddcia, entretanto, 4 vist
te nao po-
vindale estaria suspensa de tal maneira que a Men
devia pensar senao 714. fuga. E como certamente nao se dé qual-
quer proporgao entre @ vontade e 0 movimento, tampouco se da
qualquer comparagdo entre a poténcia ou as forgas da Mente e
as do Corpo; ¢, por conseguinte, as forgas deste nao podem de
mancira alguma ser determinadas pelasforgas daquela. Acres-
cnte-se a isso que essa glandula nao estd situada no meio do
cérebro de tal modo que possa ser revolvida tao facilmente e de
tantas maneiras, e nem todos os nervos se prolongam até as ca-
idades do cérebro. Porfim, omito tudo o que ele assevera sobre
svontade e sua liberdade, pois mostrei sobejamente que é falso.
Portanto, visto que a poténcia da Mente é definida pela sb
oe mostrei antes, determinaremos pelo 6 conbe-
$e todor cansi os remédios‘para os afetos — remédios quecreio
“mn cuidade a experimentam, embora nao os observem
ee 05 vejam distintamente- e desse conhecimento
em *s tudo 0 quetoca suafelicidade”?.
at Da Limerpave Humana 535

AXI1OMAS

mesmo sujeito forem excitadas duas ages con-


seem 0m jecessariamente ocorrer uma mudanga, ou em
deverd # é que deixem de ser contrarias,

;
aadé explicad
orench gua esséncia : 3
uA pores a ou definida pela essén-
engu
aust ¢ a causa.
a des 7 da parte 3.
m ag parente pela Prop.
se Axio
pProposigAo I
mentos e as ideias das coisas sdo ordena-
Conforme os pens So z
ncatenados 14 Mente, assim também, 4 risca, as afecgoes
secor}mu imagens das coisas so ordenadas ¢concatenadas no
eel ae
Corpo.
DEMONSTRAGAO
Aordem ¢ conexio das ideias ¢ a mesma (pela Prop. 7 da parte 2) que a
éa
‘onde ¢ conexao das coisas ¢, vice-versa, a ordem ¢ conexaodas coisas
sana (pelos corolarios das Prop. 6 © 7 da parte 2) quedasa ord cm ¢ concxio
das ideias. Por isso, assim como a ordem e conexio ideias na Mente
ocorre segundo a ordem ¢ concatenagiodas afecgdes do Corpo (pela Prop.
18 de parte 2), também vice-versa (pela Prop. 2 da parte 3) a ordem € co-
nexio das afecgées do Corpo ocorre conforme os pensamentos € asideias
das coisas sio ordenados ¢ concatenados na Mente. C. Q. D.

Proposig¢gAo II
, Sahetaris uma comogao do dnimo,ou afeto, dopensamen-
a ae externa e€ unirmos
ae : a outros pensamentos, entéo o
= rr 1 1 Odio
ioa& causa externa, assim
i7 como as flutuagoes do ani-
que destes se originam, seréo destruitdos.
¥ Da Lisenpape Humana
pa avt ¥
DEMONSTRAGAO
a constitui 2 forma do Amor ou do Odio é a Alegria
0 BE Menace 2 ideia de causa externa (pelas 6. € 7. Def. dos
2 onjuntat
pel ‘mida esta, simultancamente a forma do: Amor ou :
canto.SUP!
imnida: € PO F i8 80 © stes afetos ¢ 05 quedeles se originam so
QD.

proProsigaso Ill

u e é uma paixdo dei xa de serpaixdo tao logoforme-


Oe i4deia
afet o
lara e distinta dele.
DrEMONSTRAGAO
ye € uma paixdo é umaideia confusa (pela Def. ger. dos Afezes).
osferoS€gu* t afeco formarmos uma ideia clara e distinta, estate, ideia 56
poreant0r por
ge dscinguiré . pro
prio afeto, enquanto referido apenas 4 Men
‘ema disting3o de] razio (pela Prop. 21d
da parte 2 com seu Exx.): € porisso
ipele Prop. 3 da Ps iz 3) 0 afeto deixar de ser paixzo. C.QD.
CoROLARiIO
portanto, um afero esti tanto mais em nosso poder, ¢ 2 Mente canto
nenos dele padece, quanto mais ele nos é conhecido.

Prorposr¢gaAo IV
Nio hé nenhuma afecgao do Corpo de que nao possamosfor-
mar um conceito claro e distinto.
DemMonsTRAGAO
que ¢ comum a tudonao podeser conhecido senao adequadamente
ile Prop. 38 da parte 2), © porisso (pela Prop. 12 ¢ Lema > que vem depois
46 Ex. da Prop. 13 da Parte 2) nao ha nenhuma afec¢io do Corpo de que
“o possamos formar um conceito claro e distinto. C. Q. D.
Cororairio
narDajum8S WE AHO hi‘ nenhum afero de que nio possamos for-
sonceito claro ¢ distinto. Pois 0 afero € a ideia de
uma
LiperDave HUMANA 529
part® M *
so (pela Def ger: dos Atos),o ave por causa disso (pela
eso ® Sane cavolver um conceito clar e distinco,
vere Esc61L10
anata € dado de que nso siga algum efeito (pela Prop. 36 da
visto a ren! demosclara ¢ distintamentetudo que segue da ideia
equee™ u
y t s a d e q da (pela Prop. 40 da parte 2), dai segue que cada um
¥ . n € o
n clara ¢ distintamente a si e a seus afetos (se nio
are oder de enre der }
« op mente> 10 menos em parte) €, por conseg cc, de fazer com que
a s
e a e I primordial dar-se .20 trabalho de conhecer*clara
m ¢, E0sqPuaOnto possivel, cada afeto, para que assim a Mente
o n ment
¢ distinin®caa e l o a f e t o a p e n s ar nas coisas que ela percebe clara ¢
seja deere d p nte
s u a i s e c o n a
t e
ent plenam ¢, por isso, para que
ceae c o m a q s
ento da causa externa e unido
t e r s c j a s e p a r a d o d o p e n s a m
s; i s r,
opertos verdadeiro donde ocorrer que nao apena © Amo ©
id os (pela Prop. 2 desta parte), mas que também os
Soe sejam destru
ter
speci es ou Desejos que costumam originar-se de tal afeto nao possam
excesso (pela Prop. 61 da parte 4). Pois antes de tudo cumpre notar que é
porum 0 mesmo apetite que o homem é dito tanto agir quanto padecer.
Porexemplo: mostramoster sido dispostopela natureza humanaque cada
um petece que 0s outros vivam conforme seu engenho(ver Corol.da Prop.
sidearte 3); este apetite, no homem nao conduzidopela razio, decerto é
uma paixio que se chama Ambiio e nao discrepa muito da Soberba,¢, a0
contririo, no homem quevivepelo ditameda razio, € uma agoouvirtude
denominada Piedade (ver Esc. 1 da Prop. 37 daparte 4. 2. Dem. da mesma
Prop). E, desta maneira, todos os apetites ou Desejos sao paixdes apenas
snquanto se originam deideias inadequadas; ao passo que os mesmossio
‘*sociados 4 virtude
quando excitados ou gerados porideias adequadas.
Co
oa osDesejos pelos quais somos determinadosaagir podem
Pas _ de ideias adequadas quanto de inadequadas (ver Prop. $9
siege Para volrar a0 ponto de ondefiz a digressio) nao se pode
“9 afetos nenhum outro remédio, que dependa de nosso
. Da LipERDADE HUMANA su
pa® es V

do que este que consiste no conhecimento verda-


gis excelente “7henhuma outra poténcia da Mente além da de
ot ~ so *dequadas. como mostramos acima(pela Prop. 5 da
Geicovi eat ideia
at
i;
ee
prorosigdAo V
andl com uma coisa que imaginamos
, simplesmente, ¢
.
o afeto P* gdria, nem COMO possivel, nem como contingente,
jo como
2
7 eces: "nas condigées)
. 2s
0 maior
a
de todos.
é(
endo iguais a5 0% DEMONSTRAGAO
P com umacoisa que imaginamos livre ¢ maior do que para
oo afeto par (pela Prop. 49 da parte 3) ¢, consequentemente, €
necessiria para com aquela que Bee) esl ou
imaginamos como possivel
aeque
ands mai0T (le Prop. 11 da parte 4). Ora, imaginar uma coisa como
ontingente a simplesmente,ignorando as
no
Jas quai s ela foi determinadaa agir (por aquilo que mostramos
FtToonyp. 35 da parte 2); logo, o afeto para com umacoisa que imagi-
be 1 ¢ é (sendo iguais as outrfe as condiges) maior do
A que¢
amos simplesments é
pana rm uma necessiria, possivel ou contingente, ¢, por conseguinte,
omior. C-Q.D.

ProrposigaAo VI
Enquanto a Mente entende todas as coisas como necessdrias,
nesta medida tem maiorpoténcia sobreos afetos, ou deles padece
menos.
DEMONSTRAGAO
A Mente entende que todas as coisas sio necessdrias (pela Prop. 29 da
parte 1) ¢ que sao determinadas a existir e operar pelo nexo infinito das
oo (bela Prop. 28 da parte 1); porisso (pela Prop. preced.), nesta medida
‘om que ela prépria padeca menos osafetos que delasse originam, ¢
*- 48 da parte 3) seja menos afetada em relacao a elas. C. Q. D.
Qua Escoétro
é ento de que as coisas sio necessirias se
nto maiais este conhecim
7 D LiperDave HUMANA su
part
wu ares que imaginamos mais distinta ¢ vividamente,
expe-
coisasweaSinB encia da daMente sobre os afetos, o que a propria
porencia vemos que a Tristeza por um bem pe
gta. Com efcico,
a ti logo homem que 0 perdeu considera que de mancira
o iagoo
jido conservar aq) ele bem. Assim r l a r
também vemos que
, andar, raciocinar
ra “y o b e b é p o r e s t e n a o sa be f a
anos quase inconsciente desi. Or: se a maio-
Meat: be NTascessem adporque
Jros ¢ um ou outro nascesse bebé, entao se
considerariam a infancia nio como
de cada bebé,
Je necessaria, mas como um visi cio ou pecado da natureza; €
s as m.
obpsservar muitos OUEFOS caso

prorposigAo VII

afetos que se originam da razao ou sao excitados por ela séo


\s af
° oten tes, se se rem em con ta 0 tempo, do que aqueles referi-
mais p - ausentes.
dosos as coisas gulares que contemplamos como
sin
DEMONSTRAGAO
Nio contemplamos umacoisa como ausente a partir do afeto pelo qual
simaginamos, mas porque 0 Corpo é afetadopor um outro afeto que ex-
ddui a existéncia da coisa (pela Prop. 17 da parte 2). Por conseguinte, nao
éda natureza do afeto referido a uma coisa que contemplamos como au-
sente superar as outras ages € a poténcia do homem(sobre isso, ver Prop.
6 ds parte 4); mas, ao contrario, é de sua nacureza poder ser coibido de
alguma mancira pelos afetos que excluem existéncia de sua causa externa
(pda Prop. 9 da parte 4). Ora, 0 afeto quese origina da razio refere-se
necessariamente as propriedades comuns dascoisas (ver a Def de razaono
fic. x da Prop. 40 da parte 2), que contemplamos sempre como presen-
tes (ois nio podeser dado nada que exclua a existéncia presente delas),
ott imaginamos sempre da mesma maneira (pela Prop. 38 da parte 2).
Zz deine ee sempre 0 mesmo ¢,consequentemente (pelo
te ess afetos que Ihe sao contrarios ¢ que nio sio fomenta-
causas externas deverao adaptar-se mais ¢ mais a cle,
DA LimerDape Humana $35

origi-
mais contririos, nesta medida o afero que se
are. C.Q. D-

I
orposigAo VII
PR
snais um afeto é excitado por muitas causas simulta-
m ,
wanto” correntes, tanto maior ele é.
se com zs
eae”! DEMONSTRAGAO
simultaneas
sasTarte podem mais do que se fossem menos causas
uitas ear 3); logo (pela Prop. 5 da parte 4), quanto mais um
(pls PPee
exci or muitas causas simultancamente, tanto mais forte cle
foro
46QD.
EscoLio

aac Proposigao é também patente pelo Axioma 2 desta parte.

Proposi¢géao IX
Um afeto referido a muitas e diversas causas, que a Mente
contempla simultaneamente com 0 proprio afeto, é menos nocivo,
nso padecemos menos e somos menos afetados em relagao a cada
causa, do que um outro afeto igualmente grandereferido a uma
sbou a menos causas.
DEMONSTRAGAO
_Um afeto € mau ou nocivo apenas enquanto a Menteé por ele impe-
oeepoder pennee (pela Prop. 26 € 27 da parte 4); € por isso aquele
mn ogital t Mente € determinada a concemplar simulraneamente
Medan{menos nocive do que um:outra feta igualmente gran-
crabfea Mente na s6 contemplasio de um iinico ou de pou-
Primcito, Ademai modo que nao possa pensar <m outros, 0 que era 0
tee) oe, como a esséncia da Mente, isto é (pela Prop. 7 da
4 pareFe 2), LoyPoeencia. consiste somente no pensamento (pela Prop. 11
tale concernre Mente padece menos um afeto pelo qual é determi-
‘elnence grande umuleaneamente muitas coisas do que um afero
de um ini que mantenha a Mente ocupada na sé contempla-
ico ou Poucos objetos,
a o que era o segundo. Por fim, este
ERDADE HUMANA 337
parte
da parte 3), enquanto referido a muitas causas exter-
da POP e ‘em relagio a cada uma. C. Q. D.
menor

proposighio X
4° nado nos def ron tam os com afetos quesdo contrérios
pug nto r as
0 poder de ordenar e concatena
va nate
psa ®
era , tem os
do intelecto"'.
am edo COP o segundoa ordem
fe DEMONSTRAGAO
go contrarios a nossa natureza, isto é (pela Prop. 30 da
(ps afecos ane simaus apenas enquanto impedem que a Mente
pares que s80 we a parte 4). Entao, enquanto [quamdiu] nao nos
Freenda (pela a que sao contrérios & nossa natureza, a poréncia
oneal se esforga para entender as coisas (pela Prop. 26 da
Mente Per npedida, © por isso tem o poder de formar ideias claras
el duzi-las umas das outras (ver Esc. 2 da Prop. 40 ¢ Ese. da
we pdsparte 2): €, consequentemente (pela Prop. 1 desta parte), temos
° eder de ordenar ¢ concatenar as afeegbes do Corpo segundo a ordem
doinelecro. C. QD.
Escéurro
Por este poder de corretamente ordenare concatenaras afeccdes do
Corpo, podemos fazer com quenao sejamosfacilmente afetadospor afe-
«0s maus, Pois (pela Prop. 7 desta parte) requer-se uma maior forga para
cibic Afetos ordenados € concatenadossegundo a ordem do intelecto
do que para coibir os incertos ¢ vagos. Portanto, o melhor que podemos
fuer enquanto (quamdiu] nao temos 0 conhecimento perfeito de nos-
‘es aferos é conceber uma reta regra de viver ou certos dogmas de vida,
confid-los & meméria e aplica-los continuamente As coisas particulares
{¢frequentemente se apresentam na vida, para que assim nossa imagi-
me elpamence afetada porcles e eles nos estejam sempre & mao.
en >10s dogmas de vida (ver Prop. 46 da parte 4 com
‘com tig seoj nn? Com Amor ou Generosidade, ¢ nio compensi-
Proco. E para que tenhamosesta prescrigio da razio
Da LisexDave Humana 539
pant
mso qo
ado for preciso. cumpre pensar ¢ meditar frequente-
os se injoias vomuns dos homens, bem como na maneira ¢ na via
ents ado repelida ‘otimamente pela Generosidade; com efeito, assim
da injiria 4 imaginagio deste dogma, e cle nos estara
Fos 2 imagem
imag prop. 18 da parte 2) quando sofrermosinjuria. De fato,
’seaopre 3m mioTos
(pela P
(P* A maoa ; nosé verdadciramentedtil, bem
: regra do que
« am om em diver que * _gue da amizade miua ¢ da sociedade comum,e,além
corno 30 ave Sonta que da reta regra de viver se origina o sumo con-
re levar
regmenO
|, necessidade da natureza; entio a injiria, ou seja, o Odio
£03 Bo Pe originar-se, ocuparé umaparte minima da imaginacio €
aoe dela cost
see facil do facilmente superada, contudo, ainda que com flucua-
paren cla sera superada em um espago de tempo muito menor do
we se naoio tivessemos
tiv
meditado previamente sobre estas coisas, como é
. 7 € 8 desta parte. Do mesmo modo, cumprepensar
‘arente pelas Prop. 6, 5
a Fir
: Firmeza para que se derrube o Medo; a saber, cumpre enumerar ¢ ima-
ginar frequentemente os perigos comuns davidaea maneira como podem
fer otimamente evitados ¢ superados pela presengade espirito pela for-
taleza. £ de notar, porém, que ao ordenar nossos pensamentos ¢ imagens,
cumpre-nos sempre prestar atengao (pelo Corol. da Prop. 63 da parte 4 €
Prop. 99 daparte 3) aquilo que é bom em cadacoisa, para que assim sejamos
determinados a agir sempre pelo afeto de Alegria. P.ex.: se alguém vé que
persegue excessivamente a gloria, quecle pense em seu uso correto, no fim
em vista do qual cabe persegui-la ¢ nos meios para poder adquiri-la, mas
nio em seu abuso, vanidade, na inconstancia dos homens ou em outras
coisas deste tipo, sobre as quais ninguém pensa sendo por perturbacao do
inimo; com efeito, tais pensamentos afligem ao maximo os maximamente
anbiciosos quando estes desesperam de alcangar a honra que ambicio-
Sams, a0 vomitar Ira, querem parecer sabios. Por isso é certo que
sio ao
secs se gloria aqueles que 20 miximo clamam contra © seu
eccee pipssadas isto nao é préprio somente 20s ambicio-
weictrinemm acodon sos qutisa fortuna é adversa ¢ que si0 imporen-
Sedo dinheire ca - © pobre, também o avaro néo cessade falar do abu-
‘momar aor oxen Si08 G08 Ficos, € nao faz outra coisa senio afligir-se
uc suporta com dificuldade nao apenas sua pobreza,
Da Limenonon Huwnma ‘

riquezas alheias. Assim também aqueles que sia mal


wance no pensa nada além da i
aio falaz ¢ de seus outros decantado: os quais cles
ento t o pgo vol tem a ser acolh:
devolve » esqueci
se mpenha em moderar seus a
Poreanto, quem
ea yr da Liberdade, aplica-se, 0 quanto pode, em conhecer
suas verd tadeiras causas, ¢ cm encher o anime do gozo
clo $6 a0!"
peec s Pele que
mas dejeieo nenhum em
atesudes S845 YTfo
2 Wrigina dO YEO Fumanos, difamar osdelas;
conhecimenco homens ¢ regozijar-se com uma
plar os chon dade. E aquele quediligentemente observar estas coi
de faro, nao 4Go dificeis) ¢ exercité-las, em breve espaco de temps
suas ag es, no mais das vezes, pelo império da razio.

Prorposi¢gAo XI

sto mais uma imagem é referida 2 muitas coisas, tanto


equente ou mais Srequentementese aviva, ¢ tanto
ia Mente.
DEMONSTRAGAO

Comefzico, quanto mais uma imagem, oupodeserafeco, é referida a muitas


po rvato mais causis sio dadas pelas quais excitada e fomen
soltat: SNfente (por Hipétese) contempla todaselas simultaneamente com
wies akeunt «por ee. oalere & cinto mals: ftequente-ou saune male
ariveneemence se aviva, ¢ (pela Prop. 8 desta parte) tanto mais ocupa a
Mente. C.Q. D.

PROPOSIGAS XL
As imagens das coisas séo unidas maisfacilmente as imagens
que se referemas coisas que entendemos clara e distintamente do
que as outras.
DEMONSTRAGAO
AAs coisas que entendemos clara ¢ disti
dides comuns das coisas ou [propriedades]ntame nte ou sie proprie-
que destas sio deduzi-
das (ver Def. de razdo no Esc. da Prop. 40 da parte 2) ¢. por con-
mente poet rep: preced.), sio excitadas em nés mais frequente-
outer i880 pode ocorrer mais facilmente que contemplemos
“olsas simultaneamente com elas do que comasrestantes, ¢ por-
Da LiIBERDADE HUMANA 543

da parte 2), que sejamunidas mais facilmente comelas


ep. 18 OPAC. Q. De

prorposi¢gdo XIII

0 mas
mais uma imagem* é unida a muitas outras, tanto
pat i iva.
seOavNSTRAG
nnente elaM AO
s f r equense DE
ais]
e f e i t o . g e m é u n i d a a m u i c a s o u t ras, tanto
Com Spo uma i18mada parte 2) pelas quais ela pode ser
maisProp.
uanto(pela
feieo, qdadas
mais = c.Q.D.
exit

Prorposi¢géo XIV
A Mente pode fazer com que todas as afecgoes do Corpo ou
a de Deus,
iimagens das coisas sejam referidas d idei
DEMONSTRAGAO
formar
Nio hi nenhuma afeegio do Corpo de que a Mente nio possa
amconceito cl: jaro distinto (pela Prop. seja
4 desta parte); por isso pode fazer
m referidas & a de Deus.
(pela Prop. 15 da parte 1) com que todas
C.QD.

Prorpositgaio XV
Quem entende clara e distintamentea sic a seus afetos amaa
Deus, ¢ tanto mais quanto mais entende a sie a seus afetos.
DEMONSTRAGAO
Quem entende clara ¢ distintamentea si ¢ a seus afetos alegra-se (pela
Prop. 53 da parte 3), ¢ isso conjuntamentea ideia de Deus (pela Prop. pre-
«ed.); ¢, assim (pela 6. Def. dos Afetos), ama a Deus, ¢ (pela mesma razdo)
‘tanto mais quanto mais entende a si ¢ a seus afetos. C. Q. D.

i PrRorposigéo XVI
te Amor a Deus deve ocupar a Mente ao maximo.
Da Linteoason Homann «
paw’
arte). portodas as quais € fomentada(pela Prop. 15
prop: desta parte)
(pela Pri op. 11 desta parte), deve ocupat a Mente 40
rte) FP A >.
” te)

iwi
prorosigio A WLS

nto de paixbes endo ¢ afetado por nenhum afeto de


pews éi Tristeza.
ise
ia ou Tris
Alege DEMONSTRAGAO
s, enquanto referidas a Deus,so verdadeiras (pela Prop.
Todasas ideas (pela Def, 4 da parte 2), adequadas; ¢ por isso (pele
dsparte>),fre) Deus é isento de paixdes. Ademais, Deus ndo pode
Od ee aeaaior neon'a uma menor peefeicss (pele Corel. = de
sat nel parte 1); poreanto (pelas 2. 3. Def: dos Afetos) nio € afetade
Prop. wiam afero de Alegria nem de Tristeza. C. QD.
nen!
e CorRoLrarRrio
propriamente falando, Deus nao ama nem odeia ninguém. Pois Deus
asBoa. ipreced.) nao é afctado por nenhum afeto de Alegria nem d.
ei e, consequentemente (pelas 6. ¢ 7. Def. dos Afetos}, também nao
ama nem odeia ninguém.

ProrposrigAo XVIII
Ninguém pode odiar Deus.
DEMONSTRAGAO
Aideia de Deus que esté em nés ¢ adequada ¢ perfeita (pelas Prop. 46 ¢
47da parte 2); porisso, enquanto contemplamos Deus, nesta medida agi-
im0s (pela Prop. 3 da parte 3) e, consequentemente (pela Prop. s9 da parte
¥ nio pode dar-se nenhuma Tristeza conjuntamente & ideia de Deus, isto
(pela 7. Def dos Afetos), ninguém pode odiar Deus. C. Q.
D.
6. CoRoLraArRio
Amor a Deus no pode ser convertido em
édio.
Escourio
Pode-se objetar, porém, q jue, ao entendermos Deus como causa de to-
DA Lipenoape Humana say
pant
n asideramos Deus causa de Tristeza. Mas a
_ por is so mqueasnmtooceontendemos as causas da Tristeza, nesta me
sn
35 ondo que sta parte) cla deixa de ser paixio, isto (pela Prop. 59
iss FT, Prop. 3 Ce nets por conseguinte, enquantoentendemos
ee a dinade “Tristeza, nesta medida alegramo-nos.
da, é caus

prorposigho XIX
ma a Deus néo pode esforgar-se para que Deus tam-
quem arm
jem 0 ame
DEMONSTRAGAO

Seo pomcemse esforsasse para isso, desejaria entio (pelo Corol. da Prop.
eve Deus, a quem ama,nao fosse Deus ¢, consequentemen-
Feee ada parte 3), descjaria entristecer-se, 0 que (pela Prop. 28
oC *)gabrurdo. Logo, quem ama a Deus etc. C.Q. D.

Proposi1gAo XX
Este Amor a Deus néo pode ser manchado nem pelo afeto de
Inveja, nem pelo de Citime, mas é tanto maisfomentado quanto
mais imaginamos mais homens unidos a Deus pelo mesmo vin-
culo de Amor.
DEMONSTRAGAO
Este Amor a Deus ¢ 0 sumo bem que podemos aperecer pelo ditame da
razio (pela Prop. 28 da parte 4), € comum a todos os homens (pela Prop.
36 da parte 4) € desejamos que todosgozem dele (pela Prop. 37 da parte
4):porisso (pela 23. Def. dos Afetos) nao podeser maculadopelo afeto de
Inveja, e nem tampouco (pela Prop. 18 desta parte e pela definigao de Citi-
me, que se vé no Esc. da Prop. 35 da parte 3) pelo afeto de Citime; mas, a0
contrario (pela Prop. 31 da parte 3), deve ser
mais imaginamos mais homens gozarem dele.tanto mais fomentado quanto
C.Q. D.
Esco1rio
Da mesma maneira
to we scja diretament: podemos mostrar que nao se dé nenhum afe-
9 ser destruido, i a este Amor ¢ pelo qual cle pos-
fe contrario
€ porisso podemos concluir que aa
este yAmor a Deus
if
y Da Lisrapape. HuHumm ana 549
x
08 af er c, en qu an to é re fe ri do a0 Corpo,
cance de codos o pr op ri o Co rp o. De qual nacureza
ra ai do sc nd o co m E co m isto abar-
f e r i d 3 «6 Men te, ver emo s dep ois .
co & re ‘ara os afetos, ou Seja, tudo que a Mente, con-
dios P tos ; donde transparece que a
a s P O ide fre nte aos afe
yea si nmteesmsobre 05 4 fetos consiste: IP No préprio conhecimento
nda Me par te) , Ut Em sep arar os afetos do
ios (odear Ecasd a Pro p. + des ta (ver Prop.
t na que im ag in am os con fus ame nte
usa ex ver
a a r t e ) ) . III No tempo pelo qual as
da P r o p . 4 d e s t p
* com 0 0 » Escre. ferida: 5 a coisas que ent endemos superam aquelas re-
speees que 5s que conce bemos confusa 0} xu mutiladamente (ver
80 Prop. 7
fa a u s a s p e l a s q u a i s s t o f o m e n ta das as
t a p a r t e I v e N a mult idio das c dades muns dascoisas ou 4 Deus
de f e r i das as propric co
sfeeg o e s 4 : W k ore
, * P o r f i m , n a o r d e m p e l a q u a l a Mente
e pa ze) V
cer Prop. 9 11 estetos ¢ coneatend-los uns com os outros (ver Esc. da
pode orde snar seus af as Prop. 121314 desta parte). Mas, para que seja
Prop. 10 6, além disso, e os aferos, cabe notar an
, -
rnelhor entendida estamapomorésn'osa
t e o b r
s quando compar amos 0a
cia d a M e n s
f e r o s d e g r a n d e
resde tudo, que cha r o ¢ v e m o s q u e u ms e d e f rone
sfeto de um homem com 0 afeto de o eto, ou quando comparamos uns
u t
mais do que 0 outro com 0 9 mesmo af mem ¢ conscatamos que ele €
com 05 outros os afetos de um mesmo hon que por outro. Com feito
mais afetado,ou seja, movido, po! rum afero do é definida pela
(pla Prop, s da parte 4), a forg a de um al ero qualquer
com par ada 4 nos sa. Ora s a poténcia da Mente
potincia da cau sa ext ern a ou paixio é
ss o qu e a im po re n cia
aaa pelo s6 conhecimento, ao pa is co é p o r me l io daquilo pelo
mea pela s6 privagao de conhas; ecimento ,
uad do nd e seg ue F ue pa de c -¢ ao maximo
ideias sio ditas inadeq as in ad eq ua das, de
pa rce é consti cu id a p' ori ‘d ei
a cu ja ma io r qu e pel Jo que ela
"que € discernida mais pelo que ela p2 dece do
r par te €cons
- lage]; €, ac in te cu ja m: aio
tituida 7 ° ss eannkt age ao miximo qu embora nesta estej4 jm tan-
. a Mei
‘ideas inade adequadas, denaquela, mancira id a ma is pelas
lequadas quanto contud'
Resao tribuidas 4 Pe
Potencia hun idas a vireude humana do que ©!
mana. Ademais, é de notar que as enfermidades
¥ DA LimeRDape HUMANA Sst
parte
a origemprincipalmente no Amor excessivo a uma coisa
emsua
gnimo £ 6 " Sa a muitas variagdes € de que nunca podemosser pos-
4 submerida
bere co, ninguém fica agitado ou ansioso senio pela coisa
= comefei aminjirias, suspeitas, inimizadesetc. senao do
ee nemse origin: deveras pode possuir. Por conseguinte, disso
vvoisas que ninguém
sneebemos 0 qu o conhecimentoclaro ¢ distinto ~ ¢ epre r E se.
e c i m e n t o ( s o b r e 0 q u a l , v
terce2),iroCujo
> da parte ro de conh ¢ 0 préprio conhecimento de
génefundamento
ac sobre 0s afet0s, a08 quais, enquanto sio paixdes, se cle nio
Prcolucamente (ver Prop. 3 com o Esc. da Prop. 4 desta parte), 20
S57 eee ieee constituam uma parte minima da Mente (ver Prop. 14
we disso, gera Amor A coisa imutavel 15 ¢ eterna (ver Prop.
detaawe
p aarrtt) eAlt possuidores (ver Prop. 45 da parte 2),
des p Ga qual somos deveras ser manchado por nenhum dos vicios que
seenar} que por isso nao pode
maior (pela Prop. 15
cstio ‘no Amor comum, mas pode ser sempre cada vez
sa parte, ocupat a maior parte da Mente (pela Prop. 16 desta parte)
vida
“Geila amplamente. E comisto termine tudo que diz respeito a esta com
presente, pois o que eu disse no principio deste Escélio, a saber, que
estas poucas [proposigdes] reuni todos os remédios para os afetos, podera
verfacilmente cada um que prestaratengio ao que dissemos neste Escélio
csimultaneamente as definigdes da Mente ¢ de seus afetos, ¢ porfimas
Proposigdes 1 ¢ 3 da Parte 3. Portanto ¢ chegado 0 tempode passar Aquelas
coisas que pertencem A duragio da Mente sem relagio a0 Corpo.

PrRoposigAo XXI
A Mente nao pode imaginar nada, nem recordar-se dascoisas
passadas, a nao ser enquanto** dura o Corpo.
DEMONSTRAGAO
iene exprime aexisténcia atual de seu Corpo, nem tam-
poms de come nals at afecgdes do Corpo, a nio ser en-
Guentemence onc, (pelo Corol. da Prop. 8 da parte 2), ¢, conse-
Pdone ene OA da parte 2), nio concede nenhum cor-
POF isso ng €m ato a nio ser enquanto seu Corpo dura, ¢
os
"0 pode imaginar nada (ver Def, de Imaginagdo no Esc. da
Da LIBERDADE HUMANA 553
part®
nemrecordar-se das coisas passadas, a nio ser et
+ Def, de Memoria no Esc. da Prop. 18 da parte z)
Prtco yea COPS |

prorposi¢gAo XXII
contudo, é dada necessariamentea ideia que expri-
Em De sia deste ou daquele Corpo humano sob o aspecto da
sme a esse
:
ernidade. DEMONSTRAG O A
Deus €¢ qusa no apenas da exiseé
ncia deste ou daquele Corpo huma-
e porisso
£Sihem da sua esseiancmeiant(pe elalPra op.op25ridaa aespasértnceia1).dequDe
no, mas tambe idae necessarso com upmea nece pr us (pelo
dos sewore part 1), € is ssidade eterna (pel Prop. 16
ens
dooms si onccito que decerto deve ser dado necessariamente em Deus
(pea Prop. 3 da parte 3). C. QD.

ProposigAo XXIII
A Mente humana naopodeser absolutamente destruida com
0 Corpo, mas dela permanecealgo que é eterno.
DEMONSTRAGAO
Em Deus é dado necessariamente 0 conceito ou a ideia que exprime a
esséncia do Corpo humano(pela Prop. preced.). [ideia] que porisso é ne-
cessariamente algo que pertence 4 esséncia da Mente humana(pelz Prop.
+3dsparte 2). Mas nao atribuimos & Mente humana nenhumaduragio que
possa ser definida pelo cempo senao enquanto exprimea existéncia actual
40 Corpo, que € explicada pela duracdo e podeser definida pelo tempo.
‘0 €(pelo Corol. da Prop. 8 da parte 2), nao the atribuimos duragdo
senio
sistanto o Corpo dura. Porém, como nio deixa de ser algo aquilo que
qcinecbido pela prépria esséncia de Deus com uma necessidade eterna
be Prep. preced.), cave algo que pececuce Xicstncia da Meanc'serd neces:
samente eterno, C.Q. D.

Coma Esc6étro
a
pe ce Fdissemos, esta ide’ ia que exprime a esséncia do Corpo sob
e
aeternidade é wi im
modo de pensar certo que pertence a es-
Ke © que necessariamente ¢ eterno. Contudo, nio pode
Da Lispetervadt HuMANA sas

ordemosde ter existido antes do Corpo, visto que nao


o vestigios disso, nem pode a eternidade ser detinida
© com o tempo. Entretanto sentimos ¢ expe
0 emp?
nao sente menos aquelas
cl
iment
os que Ss omos ete rnos. Pois a Mente
concebe enten dend
o do que aquelas que tem na memoria, Com
coisas que sao as pro
hos da Mente, com os quais vé ¢ observa as coisas,
feito. OS ol E assim, embora nao nos recordemos de ter existido
nstragocs-
rias demor , uanto env olve
contudo sentimos que nossa Mente enq
ances do C orpo.
pecto da erernidade, é eterna, ¢ que esta sua
lo Corpo sob 0 as
gessencia d
ai ao pode ser definida pelo tempo, ouseja, explicada pela dura-
), nossa Mente sé podeserdita durar, ¢ sua existéncia so pode
gio. Portante enquanto envolve a existéncia atual do
po! rum rempocerto,
ser definida minar pelo tem
nesta med lida cla rema poténcia de deter
Corpo € apenas
é-las sob a duragao.
po aexistencia das coisas ¢ conceb

Prorposi1gaAo XXIV
Quanto mais entendemos as coisas singulares, tanto mats en-
tendemos Deus.
DeEMONSTRAGAO

E patente pelo Corol. da Prop. 25 da parte 1.

Prorpos1gAo XXV
O sumo esforgo ea sumavirtude da Mente é entenderas coisas
pelo terceiro género de conhecimento.
DEMONSTRAGAO
Oterceiro género de conhecimento procede da ideia adequadade al-
buns
un atributos
i ; de Deus para 0 conhecimento
.
adequado da esséncia .
das
coisas
in (ver sua Def.no no Esc.
E 2 da Prop, 40 da parte 2), ¢ quanto mais
: enten-
iOS as coisas
i desta man tanto mais
:
entendemos Deus (pela Prop.
rm
Preced.), ©
-
porisso (pela Prop. 28 daparte 4) a suma virtude da Mente,isto
€ (pel,
ae a 8 daparte 4), a poténcia ou natureza da Mente, ou seja (pela
parte 3), seu sumo esforgo, é
Se]
Bénero de conhecimento entender as coisi as pelo tercci;
. C. QD .
ro
> i; Da Linerpave Humana 387
parte

prorpostgGAo XXVI
yo mais a Mente éaptaa entender ascoisas pelo terceiro
en c nbectimnento, tant5 o mais deseja entenderas coisas por
-y de co
int ‘exh de conhecimento.
e ee mes?
género
DEMONSTRAGAO
“ste
oF
« Pois, enquanto concebemos a Mente ser apta a entender
as co£ isparents.
as genero de conhecimento, nesta medida concebemo-la
Pi gencender o e,
as coisas pelo mesmo género de conheciment
derermina ‘mente (pela 1. Def; dos Afetos), quanto mais a Mente é apta a
consequente! 0 desele: 0:0;
isco, ranco mais

ProrposirgAo XXVII

Desse terceiro género de conhecimento origina-se 0 sumo con-


tentamento da Mente que podeser dado.
DEMONSTRAGAO
‘Asumavirtude da Mente é conhecer Deus (pela Prop. 28 da parte 4),
ov seja, entender as coisas pelo terceiro género de conhecimento (pela
Prop. 25 desta parte); vireude que decerto tanto maior quanto mais a
Mente conhece as coisas poresse géncro de conhecimento (pela Prop. 24.
desta parte); ¢ por isso quem conhece ascoisasporesse género de conhe-
cimento passa a suma perfeigao humana ¢,consequentemente(pela 2. Def.
dos Afetos), & afetado pela sumaAlegria, ¢ isso (pela Prop. 43 da parte 2)
conjuntamentea ideia de si ¢ de sua virtude, ¢ portanto (pela 25. Def. dos
Afetas) desse género de conhecimentoorigina-se 0 sumo contentamento
que pode ser dado. C. Q. D.

Prorposirgéo XXVIII
© esforgo ou Desejo de conhecer as coisas pelo terceiro género
de
einconhecis ai : pode origina
nao ae r-se do primeir
aes o, mas certa-
He do segundo género de conhecimento.
Esta Proposigio & p. DEM ONSTRAGAO
atente porsi. Pois tudo que entendemosclara ¢
y c ya t Limenvapn Humana
paste
por si ou por outroque é concebido
cancamente: NOYque sio claras e distintas em nés,ow seja, que io
sae nist OO vencrode conhecimento (ver Ese. 2 Prop. 40 da
pododem Seseguir de ideias mutiladas e confusas, que
(pelo mes-
is 3 eT
). m8Pons aoprimero generode conhecimento, mas de idcias
fac) #80 Ts (pelo mesmoEsc.), do segundo¢ terceiro géneros de
equals: 08 “Cipor isso(pela 1. Def. dos Afetos) 0 Desejo de conhecer
onheci® Ie cerccito género de conhecimento nio pode originar-se do
aecoisas
jo,
Pe + cercament c do segundo. C.Q D.
prime

prorosigdo XXIX
wu o que a Mente entende sob
Jud as
0 aspecto da eternidade, ela
po,
-nio, 0 centende por conceber a existéncia atual presente do Cor
por con ceb er a esé nci a do Co rp o sob o asp ecto da eternidade.
mas
DEMONSTRAGAO
Enquanto a Mente concebe a existéncia presente de seu Corpo, nes-
ta medida conecbe a duragio, que pode ser determinada pelo tempoo,20¢
apenas nesta medida tema poténcia de conceber as coisas com relagi
tempo (pela Prop. 21 desta parte ¢ Prop. 26 da parte 2). Ora, a eternidade
nio pode ser explicada pela duragio(pela Def. 8 da parte 1 ¢ sua explica-
fio). Logo, nesta medida a Mente nao tem o poder de conceber as coisas
sob 0 aspecto da eternidade. Porém,j4 que ¢ da natureza da razao conce:
bers coisas sob o aspecto da eternidade (pelo corol. 2 da Prop. 44 da parte
2),etambém pertence & natureza da Mente conceber a esséncia do Corpo
sob o aspecto da erernidade (pela Prop. 23 desta parte), ¢, além desses dois,
nada outro pertence a esséncia da Mente(pela Prop. 13 da parte 2); logo,
«sta poréncia de conceber as coisas sob 0 aspecto da eternidade nao per
tence 4 Mente senao enquanto concebea esséncia do Corpo sob 0 aspecto
dacternidade. C.Q.D.
EscoLio
‘ Deduas manciras as coisas sio concebidas por nds como atuais: ou en-
ant as concebemos cxistir com relagio a um tempo € um lugar certos,
Santo
engi
‘quanto as concebemos estar contidas em Deuse seguijir da necessidad
i e
LimexDane Humana se

das desta segunda mancira como


no-las sob o aspecto da cternidade € suas
¢ infinita de Deus, como mostra nos na
gesséne
| se vera tambémo E: cdlio.
a Parte 2 dq

proposigio XXX

te, enquanto conhece a sie ao Corpo sob o aspecto


ntes
hecimento de Deus ¢
le, tem necessariamente 0 con.
us
Deus e€ concebida por De
abet DeMONsTRAGHO
adade a propria esséncia de Deus enquantoenvolve existén-
da
a r ide
a oe of 8 da parte 1). Portanto, conceber as coisas sob
cia neces® cidade & conceber as coisas enquanto sio concebidas,
§e aspect da
Deu s, com o ent es reai s, ou seja , enquanto envolvem, pela
Je
pele esta Mis, existéncias ¢ porisso nossa Mente, enquanto concebe a
Esencia de De TG aspecto da eternidade, tem necessariamente conhe-
es0 Corpo 5
‘ij1imenco de Deus € sal beetc. C.Q. D.
é
Prorposigéo XXXII
nto
Enquanto a Menteé eterna, o terceiro género de conhecime
depende da Mente como da causaformal.
DEMONSTRAGAO
‘A Mente nada concebe sob 0 aspecto da eternidade sendo enquanto
concebe a esséncia do seu Corposob aspecto da eternidade (pela Prop.
19 desta parte), isto & (pelas Prop. 21 © 23 desta parte), senio enquanto
Eterna. Portanto (pela Prop. preced.), enquanto é eterna, a Mente tem
oconhecimento de Deus, que decerto é necessariamente adequado (pela
Prop. 46 da parte 2), € por isso, enquanto é eterna, a Mente é apta a co-
ahecer tudo aquilo que pode seguir deste conhecimento de Deus dado
(pela Prop. 40 da parte 2), isto é, a conhecer as coisas pelo terceiro género
éconhecimento (ver sua Def, no Esc. 2 da Prop. 40 da parte 2), do qual,
Porcausa disso (pela Def: 1 daparte 3), a Mente, enquanto é eterna, é causa
adequada ou formal. C.Q. D.
¥ DA LimeRDADE Humana 563
part
Esc6Lto
sais cada um prepondera neste géncro de conhecimen-
quate eejo de si de Deus, isto é, tanto mais é perfeito
ficard ai ida emais patente a partir do que vem na sequéncia,
s certos de que a Mente
‘ notar qu , mal Igrado jd estejamo
& to
‘as sob 0 aspec da etern idade, udo,
cont ©
na v
ro concebe as
qu erjueremos mostrar seja mais facilmente explicado
ete
ped
quilo
Hijo, consideraremos comose ela tivesse comegado agora a
diyor entendiley Ct isas sob 0 aspecto da eternidade, tal como fiz emos
ot a eornos€ licito fazer sem
entender
pont
nenhum perigo de erro, desde
a avtela de nada concluir sendo a partir de premissas pers-

proposighkio XXXII
sud o aqu ilo que ent end emo s pel o terc
: eiro gén ero defe co-co
Com ea ideia
nés nos deleitamos, e decerto conjuntament
nheciment0,
usa
de Deus como ca
DEMON STRAGAO
Desse terceiro geénero de conhecimento origina-se o sumo contenta-
isto & (pela
inento da Mente que pode ser dado (pela Prop. 27 desta parte),
as, DefDef dos Afetos), a suma Alegria, ¢ isso conjuntame nte 4 ideia de si, €
rearin
porconseguinte (pela Prop. x0 desta parte) também a ideia de Deus, como
causa. C.Q.D.
Cororikrio
Do terceiro género de conhecimento origina-se necessariamente 0
Amorintelectual de Deus. Pois deste género de conhecimento origina-se
(pela Prop. preced.) a Alegria conjuntamente ideia de Deus como causa,
isto ¢ (pela 6. Def. dos Afetos), 0 Amor de Deus, nao enquanto o imagina-
mos como presente (pela Prop. 29 desta parte), mas enquanto entendemos
que Deus é eterno, ¢ é isto o que chamo de amor intelectual de Deus.

PrRoposigéo XXXIII
4 oO Amor intel
; ectual de Deus, que se orig
aina do terceiro
i género
‘ conhecimento, é eterno.
Da LiBERDADE HUMANA S65
paaté
DEMONSTRAGAO
qo, ro genero de conhecime
ico, 0 eerceiiom " nto € eterno (pela Prop.
feitorice peIere a 3 da‘einaéparte 1); € assim (pelo ; mesmo Axioma da
ceMique dele se origina é também necessariamente eterno. C.
QP EscoLi0
ue este Amor 2 Deus nao tenha tido inicio (pela Prop. preced.),
ae js perfeigdes do Amor, comose tivessetido origem, tal
ha
com pore(Oe FY no Corol. da Prop. preced. E nenhuma diferengafin-
como 0 FinBiMO™ fente reve eternas estas mesmas perfeidedes que nés
aqui send diothe agora, e isso conjunt _ amente 4 ideia Deus como
nosa e rs0Fe
e r n a . P O F q u e s e a alegria consiste na passage
t i r e m q u emaaMumama
e n t e ior
s e j a d orada
perfei-
m
c i d a d e ’ d e v e c e r t amente consis
gatsoa ria perfeigao.
da prop

Proposigkio XXXIV
erem as pai-
Amente nao esta submetida aos afetos que se ref
6 0 corpo.
xies a nao ser enq uan to dura *®
DEMONSTRAGAO
‘A imaginagéo é a ideia pela qual a Mente contempla alguma coisa
como presente (ver sua Def. no Esc. da Prop. 17 da parte 2), ideia que,
porém, indica mais a constituigao presente do Corpo humano do que a
natureza da coisa externa (pelo Corol. 2 da Prop. 16 da parte 2). Portanto,
oafeto é uma imaginagao (pela Def. geral dos Afetos) enquantoele indica
a constituiggo presente do Corpo; ¢ assim (pela Prop. 21 desta parte) a
Mente nao esta submetida aos afetos que se referem a paixdes a nao ser
enquanto dura o corpo. C. QD.
CoroLradrio
Disso segue que nenhum Amor, além do Amorintelectual, é eterno.
Escoé.Li0
tamSeat
tentFmOs 8nies opiniéo comum dos homens, veremos que eles cer-
lente sto
sa cdnscios
. da eternidade da sua Mente, mas a confundem
¥ Da LiseRDADE HUMANA 567
pa nT 5
eles créem
soe 2 a ribuem & imaginasao ou A meméria, que
co 4 juragae
reer ap 05 2 mort ei
onre sane’
proposigGko XXXV
i pr dprio com um Amor intelectual infinito.
ama ae
Dews DEMONSTRAGAO
Def, 6 da parte1) , isto é (pela Def.
ys é absolucar mente infinito (pela feigao infinita, ¢ isso
a nacureza de Deus goza de uma per
da parte A Myte 2) conjuntamente & ideia de si, ou seja (pel a Prop.
(P e a dei n de sua caus a,¢€ isto 0 que no Coral. da Prop.
De. 1 dissemos ser o Amor
intelectual.
se desta parte

ProposigAéo XXXVI
o Amor de
0 Amor intelectual da Mente a Deus é 0 prépri
infinito,
eus pelo qual Deus ama a si préprio, ndéo enquanto é a-
en onquanto pode ser explicado pela esséncia da Mente hum
0 Amor inte-
na considerada sob o aspecto da eternidade; isto é,
pelo qual Deus
lectual da Mente a Deus é parte do amorinfinito
ama asi proprio.
DEMONSTRAGAO
Este Amor da Mente deveser referido As agdes da Mente(pelo Corol.
ds Prop. 32 desta parte epela Prop. 3 da parte 3), ¢ por isso é uma agio pela
qual a Mente contempla a si prépria, conjuntamente a ideia de Deus como
causa (pela Prop. 32 desta parte e seu Corol.), isto € (pelo corol. da Prop. 25
da parte 1 ¢ Corol. da Prop. 11 da parte x), uma agao pela qual Deus, en-
uanto podeser explicado pela Mente humana, contempla a si proprio,
conjuntamente 4 ideia de si; ¢ assim (pela Prop. preced.), este Amor da
Mente é parte do amorinfinito pelo qual Deus amaa si préprio. C. Q. D.

Cororkrio
maDg
iseso Segue que Deus, enquan ama a si pr
t o
Meeelente eenté: due @ amor de Doeus aos homepnrsio¢, oaAmmaoorsinhtomens, ¢,
a Deus sao um séc 0
electual
mes mo.
> part
7 Da Limennaon Howawa fy

Recéuto
d i s s o emque coisa consiste no
entend Jemos claramo ente
i c
ticulade 0 berdade: n Am 1 constante ¢ eterna a De
if
10a ror de Deus aos homens. F.ndo é sem razio que exte Amu
sei 3 1 i hamadoGloria nos cbdices Sagradon, Pois seja este Amor re
Dews a 4 Mente,pode corretamente ser chamad
felicidadKoeus,sej o de contenca-
Joa
fer do nimo, 0 qual nio se distingue verdadeiramente da Gloria (pelas
mento ro df. dos Afetos). Pois, enquantose refere a Deus, ¢ (pela Prop. 35
‘Alegria (que se nospermita utilizar ainda este vocab:
enquantoestéreferido
! mente & ideia de si, tal comoporqu
fo) contFuna
prop. 27 desta parte). Além disso, e 2 esséncia de nossa mente
to ¢ Deus
myste apenas no conhecimento, cujo principio fundamenficacl aro de
(pele Prop. 15 da parte xe Esc. da Prop. 47 da parte 2), dai nos
existén-
re mancira ¢ €m que £2240 nossa Mente, segundo a esséncia ¢ a i
inuamente de Deus. Pense
a fegue da natureza divina e depende conteste
gue valiaa pena noté-lo aqui, para que, por exemplo, eu mostrasse 0
Guanco o conhecimento das coisas singulares, que eu chamei de incuitivo,
guseja, de terceiro género (ver Ese. 2 da Prop. 40 da parte 2), prepondera
é mais potente do que o conhecimento universal, que eu disse ser do
segundo género. Pois, embora na Primeira Parte eu tenha mostrado de
mancira geral que tudo(¢ por conseguinte a Mente humana) depende de
Deus segundo a esséncia ¢ a existéncia, aquela demonstragio, embora seja
legitima ¢ posta fora do risco de divida, todavia nio afeta tanto nossa
Mente como quandoisso mesmoé concluido da propria esséncia de uma
coisa singular qualquer, que nés dizemos depender de Deus.

Proposi¢gAo XXXVII
Nada ¢ dado na natureza queseja contrdrio a este Amorinte-
lectual, ou seja, que 0 possa suprimir.
DEMONSTRAGAO
Este intelectual segue necessariamente da natureza da Mente en-
quanAmor
teantoe: i
po cst2éconsiderada, pela natureza de Deus, como verdade exerna (p
TOP. 33 ¢ 29 destaparte) ). Se portanto houvesse algo que fosse contririo
‘A este Amor,
isto seria contririo ao verdadciro ¢, consequentemente, isto
pante V DA Limenpane Humana 57

ue puoesse suprimir este Amor faria com que 0. verdadeiro fosse falso, 0
que ( .me * conbecido porsi) € absurdo. Logo, nada é dado na natureza etc.
C.QD
scOLIO
© Axioma da Quarta Parte diz respeito as coisas singulareso enqua nto
r, do que crei que nin-
consideradas ‘emrelagio a umcerto tempo ¢ luga
guem duvida,

Proposigéo XXXVIII
Quanto mais a Mente entendeas coisas pelo segundo e pelo ter-
ceiro géneros de conhecimento, tanto menos padece dos afetos que
siio maus, € menos teme a morte.
DEMONSTRAGAO
Acsséncia da Mente consiste no conhecimento(pela Prop. da parte 2);
portanto, quanto mais a Mente conhece muitas coisas pelo segundo ¢ pelo
terceiro géneros de conhecimento, tanto maior¢ a sua parte que permanece
(pelas Prop. 23 ¢ 29 desta parte), ¢ consequentemente (pela Prop. preced.),
tanto maior sua parte nao atingida por afetos que sao contrarios 4 nossa
hatureza, isto é (pela Prop. 30 da parte 4), que sio maus. E assim, quanto
de
géneros
mais a Mente entende muitas coisas pelo segundo pelo terceiroconsequ
Conhecimento, tanto maior é sua parte que permaneD.ceilesa, ¢, en-
temente, tanto menos padece dosafetosetc. C. Q.
Escéuio
Donde entendemos aquilo que mencionei no Esc. da Prop. 39 damenosparte
4 € que prometi explicar nesta parte; a saber, que a morte é tanto ¢, por
fociva, quanto maior é 0 conhecimentoclaro € distinto da Mente (pela
conseguinte, quanto mais a Mente ama a Deus. Em seguida, porque0 sumo
Prop. 27desta parte) do terceiro genero de conhecimento origina-se
contentamento que pode dar-se, segue que a Mente humanapode ser de
uma natureza tal que aquilo que mostramos dela perecer com 0 corpo (ver
Prop. 21desta parte) nao tem nenhum peso com relagao aquilo que dela per-
manece. Massobreisso logo nosestenderemos.

Prorposrgéo XXXIX
Quem tem um Corpo apto a muitissimas coisas, tem uma Men-
te cuja maior parte é eterna.
UU
parte v Da Limernvape HuMANA s 3

DEMONSTRAGAO
nta-
Quem rem um Corpo apto a fazer [agir] muitissimas coisas, defro
veamente com os afetos que sio maus (pela Prop. 38 da parte 4).
eae Prop. 30 da parte 4), com os afetos que so contrarios a nossa
x su ‘ assimn (pela Prop. 10 desta parte) tem o poder de ordenare con-
acenat afecgoes do Corpo segun
ccare
doa ordemdointelecto, ¢, consequen-
(pela Prop. 14 desta parte), de fazer com que todasas afecgdes se
remente scja
retrain 3 ideia de Deus: disso ocorrers (pela Prop. 1s desta parte) que
sfetado de um Amor a Deus que (pela Prop. 16 desta parte) deve ocupat.
su seja, constituir a maior parte da Mente, ¢ porisso (pela Prop. 33 desta
parte) cem uma Mente cuja maior parte é eterna, C. Q. D.
Escouio
Porque os Corpos humanossao aptos a muitissimas coisas, nao ha da-
vida de que podem ser de umaral natureza que se refiram a Mentes que
sém um grande conhecimentodesi ¢ de Deus, ¢ cuja maior ou principal
parte € eterna, ¢ assim dificilmente temem a morte. Maspara queisso
seja mais claramente entendido, cumpre aqui advertir que nds vivemos em
continuavariagio, ¢ conforme mudamospara melhor ou pior, tanto mais
somosditosfelizes*” ou infelizes. Com efeito, quem de bebé ou menino se
converte cadaver, é dito infeliz, e, ao contrario, atribui-se a felicidade ter-
mos podidopercorrer todo 0 espago de uma vida com uma Mente si num
Corposao. E, em verdade, quem tem um Corpo como 0 do bebé ou do
menino, apto a pouquissimas coisas ¢ maximamente dependentede causas
externas, tem uma Mente que, em si sé considerada, quase nao é cénscia
de si, nem de Deus, nem das coisas. Ao contrario, quem tem um Corpo
apto a muitissimas coisas, tem uma Mente que, em si sé considerada, é
muito cénscia de si, de Deus € das coisas. Portanto, esforgamo-nosantes
de tudo,nesta vida, para que o Corpoda infancia, o quanto sua natureza
Permite € a isso o conduz, transforme-se num outro que seja apto a mui-
tissimas coisas, ¢ que se refira a uma Mente que seja muito cénscia de si,
de Deus e das coisas; ¢ de tal maneira que tudo aquilo quese refere a sua
Prépria meméria ou imaginagao quase nao tenha peso em relagao ao seu
intelecto, como eu ja disse no Esc. da Prop. preced.
>
pense! ¥ DA Limenbane Humana 975

PROPOSIGAO XL
age €
1 to mais cada coisa ; tem mais perfe‘ igdo, tanto mais
Quan
me pade ce, ¢ 40 contrdvio, quanto mais age, tanto mais é per-
mend
pita
te DEMONSTRAGAO
Quanto mais cada coisa é perfeita, tanto mais temrealidade (pela Def. 6
s),¢ consequentemente (pela Prop. 3 da parte 3 com seu Est.) tanto
daparte>” Senos padece: demonstragio que seguramente procede da mes-
mam:vaneira na ordem inyersa,
. donde segue, ao contrario, que tanto mais
ae é uma coisa quanto mais age. C.Q. D.
perfeita
CororakRio
Disso segue que a parte da Mente que permancce, qualquer que seja sua
grandeza, é mais perfeita do que a outra, Pois a parte eterna da Mente (pelas
Grup. 23 € 29 desta parte) & 0 intelecto, somente pelo qual somos ditos agit
a Prop. 3 daparte 3); mas a que mostramosperecer é a propria imagina-
(ho(pela Prop. 21desta parte), somente pela qual somos ditos padecer (pela
Prop. 3 da parte 3 ¢ Def.geral dos Afetos); ¢ assim (pela Prop. preced.) aquela,
qualquer que seja sta grandeza, é mais perfeica do que esta dltima. C. QD.
Esc6éLi10
Estas sio as coisas que havia proposto mostrar sobre a Mente enquanto
considerada sem relagio com a existéncia do Corpo; pelo que, ¢ simultanea-
mente pela Prop. 21 da parte 1 ¢ outras, fica claro que nossa Mente, enquanto
entende, é um modo de pensar eterno, que é determinado por outro modo
de pensar eterno, ¢ este por outro, ¢ assim ao infinito, de mancira que todos
simultaneamente constituem o intelecto eterno ¢ infinito de Deus.

Proposir¢gaéo XLI
Ainda que nao soubéssemos que nossa Mente é eterna, teriamos
como primeiros a Piedade, a Religiao e, absolutamente, tudo que
mostramos na Quarta Parte referir-se a Firmeza e a Generosidade.
DEMONSTRAGAO
J Sr Beta € ttinico fundamento da virtude ou da reta manei-
a ciUne lo Corol. da Prop. 22 ¢ Prop. 24 da parte 4) € buscar 0 seu
ntudo, para determinar aquelas coisas que a razio dita serem
nao haviamos levado em conta a eternidade da Mente, a qual
7 Da LimerDape Humana 377

naquele mo-
hecemos nesta Quinta Parte. Portanto, embora
mos que a Mente é eterna, tivemospor primeiro aquilo
mento IBNeferir-s
sc e A Firmeza ¢ 4 Generosidade; assim, mesmose
;
ue MO: "gora ignoréssemosisto, teriamos os mesmospreceitos da razio
im
ambél
camepimeitos: C- QD. .
<o Escouio
© vulgar parece estar comumente persuadido de outra coisa. Pois a
ve Brrece crer que é livre enquantolhe é permitido obedecer & las-
maioria Pa"ede seu direito enquanto tem que viver pela prescrigao da
ciCreer, portanto, que a Piedade, a Religido e, absolutamente,
senue se refere a Fortaleza do animo sio um énus de que cles esperam
uae-se apés a morte, recebendo a recompensa de sua servidio, a saber,
ihpiedade ¢ da Religido. E nao sé por esta esperanga, mas também ¢
grineipalmente pelo medo de serem punidos com terriveis suplicios apés de e
prjorte, é que eles s40 induzidos, tanto quanto o suporta sua fragilida
seu animo impotente,a viver segundo a prescrigao dalei divina. E se esta
Fsperanga ¢ este Medo nao inerissem aos homens, mas, 20 contrario,eles
ceressem que as mentes perecem com 0 corpo, naorestando aos miseraveis,
Gauridos pelo fardo da Piedade, uma vida no além,eles se voltariam a0
seu engenho ¢ quereriam moderar tudo pelalascivia ¢ obedecer antes &
fortuna do que a si mesmos. O que a mim nio parece menos absurdo do
quese alguém, por nao crer que possa nutrir eternamente 0 corpo com
bons alimentos, preferisse antes se saciar de venenos ¢ coisas letais; ou,
por ver que a Mente nao eterna ou imortal, preferisse ser demente e vi-
ver sem razao — coisas que s4o tao absurdas que mal merecem ser levadas
em conta.

ProrposrgéAo XLII
A Felicidade** nao é 0 prémio da virtude, mas a propria vir-
tude. E nao gozamos dela porque coibimos a lasctvia, mas, ao
contrario, éporque gozamos dela que podemoscoibir a lasctvia.
DEMONSTRAGAO
Fach Felicidade consiste no Amor a Deus(pela Prop. 36 desta parte ¢ seu
c.), Amor que certamentese origina do terceiro género de conhec!
pxare Da Lisexoane Humana 979

‘pela Corol. da Prop. 33 desta parte), ¢ portanto esse Amor (pelas


mento P' ; da parte 3) deve ser referido A Mente enquanro ela age; por
Prop. “Def. 8 da parte 4), cle é a propria virtude, 0 que era o primeiro.
iso (pel4 1 gantomais a Mente goza deste Amordivinooufelicidade,
EmsegtidesGende
o m a i s (pela Prop. 32 desta parte), isto & (pelo Corol. da Prop.
tant afetos, ¢ (pela Prop. 38
ar fe), tanco maior poténcia tem sobre os
«destappoy canto menos padece dosafetos que sio maus. E assim,deporque
destaPardeste Amor divinooufelicidade, cla tem 0 poder coibir
a Ment® Brcomoa poténcia humanapara coibir os afetos consiste no sd
a lascivia- Jogo ninguémgoza da felicidade porque coibiu os afetos, mas,
inrelecto, ©poder de coibir a lascivia origina-se da propria felicidade.
yo contratio,
C.QD.
Escoéutro
Comisto, conclui tudo o que eu queria mostrar quanto & poténcia da
Mente sobre os afetos ¢ quanto 4 Liberdade da Mente. Donde fica cla-
ro 0 quanto 0 Sabio prepondera e é mais porente que © ignorante, que
é movido sé pela lascivia. Com efeito, o ignorante, além de ser agitado
pelas causas externas de muiras maneiras, ¢ de nunca possuir 0 verdadciro
contentamento do Animo,vive quase inconsciente de si, de Deus e das
coisas; ¢ logo que deixa de padecer, simultaneamente deixa também de
ser, Por outrolado, o sibio, enquanto considerado comotal, dificilmente
tem o Animo comovido; mas, cénscio de si, de Deus € das coisas por algu-
ma necessidade eterna, nunca deixa de ser, ¢ sempre possui o verdadciro
contentamento do animo.Se agora parece arduo o caminho que eu mos-
wei conduzir a isso, contudo cle pode ser descoberto. E evidentemente
deve ser Arduo aquilo que tio raramente é encontrado. Comefeito, se a
salvagioestivesse 8 mao ¢ pudesse ser encontrada sem grandelabor, como
poderia ocorrer que seja negligenciada por quase todos? Mas tudo o que
énotivel ¢ tiodificil quanto raro.
FIM
>
Noras De TrRavugao S83

Parte I

Apesar de nossa decisio de manter a proximidade com os termosoriginais


1 Miuc possivel, o verbo latino intelligere sera traduzido por entender, visto
verbo inteligir tem uso limitado no portugués contemporanco (exceto
Ie ecvccsinteligivel, inteligente, inteligéncia..). Jao termo conexo intellec-
SFfandamental na obra de Espinosa,sera traduzido por intelecto, nao sé pela
Henidade, mas poFser uma op¢do consagrada entre os especialistas. Cabe a0
cuja evidéncia
Ieitor cer sempre em mente a conexéo encre intelecto ¢ entender,
cc perdc em nossa tradugio, mas é crucial para a boa compreensioda filosofia
espinosana.
«. O termolatino sive anuncia, em Espinosa, a identidade entre as palavras
onde esta interposto. Por isso optamos pela tradugao ox seja, entre virgulas,
salvo quando aparece duplicado na locugao sive...sive..., que traduzimosseja...
soja.
}. O verbolatinoterminare é aqui waduzido por delimitar, ¢ nao portermi-
nar (mais préximodo original), para evitar ambiguidades no portugués, onde
poderia ser tomado comodarfimou destruir.
4. Dada a auséncia deartigos no latim, nao havia base textual para escolher,
na uaducio, entre o uso da determinagao (0, a) ou da indeterminagao (um,
uma). Nossa opgio cm toda a obra (c mais ainda naparte 1) foi pela deter-
minagao, a nao ser quando Espinosase refere claramente a elementos de uma
ultiplicidade.
5. Neste caso, evitamos a tradugao mais préximadooriginal, constar, para
evitar a ideia de uma mera listagem de propriedadesou de partes. O verbo es-
colhido, consistir, aponta para ocarater constitutivo dos atributos em relagio
Asubstincia,
6.0termo latino sola tendea ser traduzido por advérbios como somente ¢
“penas, os quais evidentemente apontam para umaalteragio do verbo, ao passo
{MC se trata, no original, de um adjetivo (sd, no sentido de sozinho), que por-
584 NoTas De TRravugio

Parte I

tanto aponta para uma alteragio do substantivo. A expre ssio que escolhemos
na tradugio (“das6 necessidade’, “dos6 conceito”), apesar de causar algum
estranhamentoem portugués, pareceu-nos mais préxima do sentido original.
2. “Como queriamos demonstrat”.
8. O verbo latimfingere remete a fingir ¢ a0 tema da idcia ficticia, examina-
do longamente porEspinosa no Tratado da Emenda do Intelecto. Em porcu-
gués, porém,fingir nao é verbo transitivo directo (naose finge algo), dai nossa
opsio porforjar.
9. Seria mais coerente com espinosismodizer “nao poderexistir’, em vez
de “poder naoexistir”1", visto queesta tiltima formulagio sugerea existéncia de
meras potencialidades. Todavia, para nao impor umainterpretagio ao leitor,
mantivemosa ordem das palavras do latim.
10. O verbo sollere sera traduzidoporinibir ou suprimir, exceto quando em
direta contraposigio com pér (ponere), como neste caso, em quea tradugio
serd tirar.
1, Sobre isso, ver 0s Principios da Filosofia Cartesiana ca Carta 12.
12, Alguns comentadores ¢ tradutores remetem Prop. 28, especificamente
Gueroulr e Curley.
13. Aqui nao traduzimosSive por “ou seja” apenas para nao prejudicar 2
fluéncia da frase, mas 0 sentido permanecesendoo de identidade, ¢ nao mera
alternativa.
14. Nolatim verbo esté no singular.
15. O verbo agir é fundamental em Espinosa, mas como em portugues est
verbo € intransitivo, a tradugio nos obriga a utilizarfazer quando ha objeto
direto, Nestes casos, colocaremosagir entre colchetes.
Notas De TRravugio $83

Pasre II

16. OptamosPor traduzir o termolatino beatitudo porfelicidade devido &


oragio fortemente religiosa do termo beatitude. Este altimo sé aparecer4
fase 0s termos latinos fli
como tgs vezes em que Espinosa reine na mesmaracio
tas: licidade) ¢ beatitudo (beatitude). O mesmo cinio foi utilizado na
tradugao do adjetivo beatus porfeliz.
1 Aqui seguimos a edigao Bartuschat, quetraz affectione em vez de affectu.
original
18, Enquanto, aqui, tem sentido temporal, por isso indicamos
latino quamdiu. Sempre que no houveresta mengdo entre colchetes ou em
nota, as aparigoes de enquanto corresponderao ao original latino quatenus (*na
condigio de” ou “na medida em que”).
19. Fruto.
20. Em latim,sive. Excepcionalmente, aqui nao seguimosa tradugao de pra-
xe (ow s¢ja) para nao atrapalhar a Aluéncia do texto.
at. Mens.
586 Noras De TrRavugio

Parte III

22. Aqui evitamos a tradugio literal da expressio quantum in se est, a saber,


0 quanto estd em si, para evitar confusdes com o sentido espinosano de em si
(por oposigao a em outro), que designa a substancia (por oposisio ao modo),
Obviamente, com esta expressio, Espinosa nao tem em vista tal distingio,
23. Ovidio, Amores, 2.19.
24. Aqui no seguimos, como de habito, a prética de utilizar na tradugio
as palavras portuguesas aparentadas aos termos latinos, de modo a facilicar 0
cotejamento com 0 original. De fato, em vez de traduzir verecundia ¢ pudor
por vergonha ¢pudor respectivamente,fizemos 0 exato inverso, evitandoassim
confuses com o significado corrente destes termos no portugués contempo-
ranco.

25. Paixdo em grego.


Notas De Travugio sk?

Parte IV

Sui juris.
is.
|. Fortunac jur
Beaturn.
a9. Beate.
inigao 1.
Nao hé ax. 3, talvez seja a def
O e r m o l a t i n o i n s t i t u t um pode ser traduzido por instituigao, de eviden-
s t
ragao P olitica, mas aquisignifica apenas maneira de viver. Este sentido
| aparecic Pio no
se conorags?
jaavia Tratado da Emenda do Intelecto.
sa dmperare.
3.Nolatim,desiderium. Aqui, a tradugaoanteriormenteutilizada (caréncia
ousmdade) reve que ser substituida por necessidade, mas cumpre destacar que
gna palavra é aqui tomada no sentido corriqueiro de indigéncia ou preciso de
digo,eno no sentido ontolégico de necessidade (por oposigio a contingén-
| eh
js. Libido (habitualmente traduzido por “lascivia”).
ss. Cupiditas.
36. Quamdiu.
37 Escélio L
38Tiata-se do mesmo termofide, que no contexto da Prop. 72 teve de ser
ttaduzido comobox
SS
$88 Notas De Travugio

Parte V

39. Beatitudo. q
40. Quamdine /
«41 Ordo ad intelectum. Aqui seguimos a tradusio mais habitual (7s ordem
do intelecto”), em vez da opgioliteral “a ordem para o intelecto”
42. Excepcionalmente, nesta proposi¢ao “enquanto” nao é tradugio de gua-
tenus, nem de quamdin, mas exprime o geriindio durante.
43. Beatior.
44. Dolatimfingere . Vera teoria das ideias ficticias no Tratado da Emenda
do Intelecto. Anteriormente, este mesmoverbo foi traduzido com “forjar”.
45. Beatitudo. §
4
46. Durante.
47. Neste Escélio,diferentemente de todo o resto da parte 5,feliz/felicidade ’
nao traduzem beatus/beatitudo, masfelix/felicitas. !

48. Beatitudo. 4

'
'

t
0
t
1
t
cas da USP. Adaptada
de, 1632-1677.
Espe osa: tradusio Grupode Estudos Espinosanos; coc
Marilena Chaui. - 1. ed.. 1. reimpr. ~ Sao Paulo: Editora da U
de Sao Paulo, 2018. ¢. 1677
600 ps 15% 23cm

ISBN 978-85-314-15524
1, Filosofia. 2. Erica. 3. Spinoza, Benedictus de, 1632-1677. 1. Ticu-
lo. 1 Universidadede Sio Paulo. Faculdadede Filosofia, Letras ¢ Ciéncias
Hamanas. Grupo de Estudos Espinosanos. III. Chaui, Marilena de Souza.
CDD-170

Dircitosreservados &

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