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Deus de Spinoza

Spinoza expõe e desenvolve na primeira parte de seu livro “Ética” algumas


definições e conceituações concernentes a Deus, demonstrando assim sua compreensão
referente a Deus e também fazendo algumas críticas à teologia do século XVII, século
em que o autor está inserido.
Spinoza declara que substancia é aquilo que existe por si e não depende de outra
coisa para ser formado ou para existir, desta forma, substância é somente aquilo que dá
o ser a si mesmo, e nesta definição somente Deus pode se encaixar. Por isso, sustenta
que Deus é a única substância existente, pois tudo o mais que existe, as diversas coisas
existentes dependem rigorosamente de Deus para existir.
Avançando na investigação filosófica referente a Spinoza, pode se contatar que o
autor define como atributos e aquilo que ele define como modos. Atributo é aquilo que
o intelecto percebe na substancia como constitutivo de sua essência e que deve ser
concebido por si, a substancia divina tem infinitos atributos e os atributos são por si
infinitos, contudo, a mente humana é capaz de conhecer apenas dois: o pensamento e a
extensão.
Modos são impressões ou afecções da substancia, ou seja, aquilo que existe em
outra coisa por meio da qual é concebido. São especificações particulares dos atributos,
da substancia divina e podem ser infinitos: como movimento e intelecto, ou finitos,
como movimentos e pensamentos singulares.
Deus é o único do qual pode-se definir que de sua essência faz parte a existência,
e assim Deus é o único que existe necessariamente, e de igual modo é o único
verdadeiramente livre por ser o único a dar a si próprio o existir, pois todas as demais
coisas devem sua existência, sua essência e seu ser a Deus. E, so verdadeiramente livre
aquele que age somente por necessariedade das leis da natureza sem ser coagido por
ninguém, logo, somente Deus possui tal liberdade extrema.
O Deus do qual Espinoza trata é o Deus bíblico, porém na visão de Espinoza Ele
não era dotado de vontade ou de intelecto, pois senão Deus seria como pessoa e seria
reduzido a esquemas antropomórficos. Assim, para o autor espanhol Deus não é
redutível a esquemas de antropomorformos, pois senão Deus seria como os homens, e
seria um ser semelhante a um humano, o que a seu ver é absurdo.
Para além disso, Baruch Spinoza segue desenvolvendo critica ao pensamento
religioso de sua época, pois tal pensamento declarava que Deus era um ser
transcendente que estava afastado e distante do mundo, já para ele Deus é um ser
imanente que está presente em toda a obra criada, por meio dos modos da substancia e
por isso esse autor é amplamente conhecido pelo seu imanentismo panteísta.
Vale ressaltar a distinção apresenta pelo autor entre natureza naturante que nada
mais é que a substancia e seus atributos, ou seja, deus enquanto ser eterno, existente
necessariamente, .... e natureza naturada que consiste nos modos, ou seja, a criação com
suas manifestações diversas, referentes a Deus.
Por fim, ainda é importante destacar a critica de Spinoza a teologia que afirma
que algo aconteceu por vontade de Deus, isso para o autor é demasiado absurdo, e
igualmente impensável, pois determinaria que as tempestades e demais desastres
ocorreriam como forma de castigo divino, mas no entanto, ele mostra que isso tudo é
uma confluência da natureza e nada tem de determinação ou castigo divino.

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