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René Descartes

Descartes irá perceber que muitas de suas crenças na adolescência e juventude


foram mostrando-se falsas ou duvidosas com o passar do tempo, e por isso acaba por
achar ciente pôr em dúvida todas as suas crenças adquiridas até então, para tal se usa da
dúvida metódica (seu método de estudo, com seus quatro passos: 1- não aceitar nada
como verdadeiro sem a devida investigação, 2- decompor as coisas no máximo de partes
possíveis, 3- organizar as coisas a partir das mais simples em rumo as mais complexas,
4- revisar, todo o processo) que era uma certa “dose” de ceticismo, porém não chegava
a ser um ceticismo radical, pois somente punha as coisas em dúvida para lhes conhecer
a verdade de suas origens, as suas verdades primeiras, não sendo uma negação total da
verdade ou da capacidade de apreender a verdade como criam os céticos, chegando a
conclusão de que deve acreditar e confiar somente naquilo que se mostra indubitável, ou
seja, inquestionável e, para alcançar tais ideias deve voltar aquelas que são as ideias
mais básicas pois se estas mostrarem-se insustentáveis, também as mais complexas que
são baseadas nestas, o serão.
Além disso, o autor afirmará que tudo aquilo que o engane uma vez não
merecerá credito, pois poderá engana-lo, e a partir de tal argumento cai por terra a base
de quase todos os seus conhecimentos, isto porque a base da maioria de seus
conhecimentos de até então era baseado ou formado por meio da apreensão feita pelos
sentidos, e ele prova que os sentidos podem ser falhos, uma vez que um mastro de um
navio visto de longe parece ser pequeno quando na realidade é muito maior de perto, e
assim como deve-se duvidar de tudo aquilo o que o engana, nenhum conhecimento
provindo unicamente dos sentidos deve ser tido como verdadeiro de antemão, pois estes
são falíveis para Descartes.
Posteriormente ele criará a hipótese de estarmos como que em um sonho pois é
difícil na sua visão distinguir o estar desperto e o estar acordado pois os sentidos falhos
do homem não garantem tal distinção e desta forma tudo aquilo concebido como
realidade poderia não passar de um sonho, todavia as imagens de um sonho são copias
da realidade, então tais coisas deveriam existir na realidade? Não necessariamente pois
as ideias de coisas mais complexas podem ser imaginarias e fruto da combinação de
ideias mais simples, mas mesmo que as coisas mais complexas possam ser postas em
xeque as mais simples continuam intactas e por isso as ciências que estudam as coisas
complexas podem ser por este argumento questionadas ao passo que a matemática que
explora coisas mais evidentes não.
Contudo, com a proposição de um gênio maligno, ou seja, um arquiteto
enganador, o ser por detrás de toda a existência tendo projetado e levado o homem a
enganar-se cada vez que soma dois mais dois, também as crenças básicas caem por terra
não restando nada.
Bem, ainda resta algo, a dúvida. Pois não posso duvidar que duvido, e se eu
duvido logo eu penso, e seu penso então eu existo, basicamente nisso se resume o
famoso princípio do chamado cogito de Descartes, e aqui ele encontra a primeira
verdade indubitável, a sua própria existência, pelo menos enquanto coisa pensante, logo
enquanto alma, mas não enquanto corpo.
Provada a existência do homem enquanto ser pensante, se segue que para que
todo o restante seja considerado falso, ou ilusão todas as demais ideais deveriam provir
do homem, e segundo o filosofo francês as ideias só podem provir de um princípio que
tenha pelo menos tanta realidade quanto o seu efeito, simplificando todo efeito deve ter
uma causa com pelo menos sua igual perfeição, assim sendo pra provar a existência de
algo além do homem basta encontrar uma ideia superior ao homem da qual este não
seria capaz de produzir.
E uma ideia superior ao homem é a ideia de Deus, a ideia de um ser criador
perfeito e infalível, eterno, imutável, bondoso e infinito, e esta ideia não pode ter
surgido a partir do homem, pois ele não pode ter tido a experiencia do infinito, do eterno
etc. para ter então cunhado a ideia de Deus, assim tal ideia só encontraria o seu princípio
no próprio Deus, pois somente ele seria um ser de tamanha perfeição por detrás da
criação de tal ideia.
Tal argumento também derruba a ideia de um gênio maligno, pois se existe,
como já provado, um Deus extremamente bondoso, logo ele não pode ser enganador, ou
não seria realmente bondoso. Mas se deus não nos engana de onde surge o erro? A
resposta é simples para Descartes, pois para ele o erro está contido no fato de que nosso
entendimento é limitado e por isso não compreendemos tudo, e acabamos por afirmar
ou negar algo que não conhecemos fazendo o uso de nossa própria vontade e gerando o
erro.
Posteriormente é possível notar a distinção entre ideias inatas, adventícias e
factícias, sendo as inatas aquelas com as quais o homem já nasce, como por exemplo a
ideia de Deus, adventícias são aquelas tidas pelos sentidos exemplo um animal que
observo, por fim as ideias factícias são aquelas provenientes do imaginar do combinar
ideias adventícias, como a ideia de um unicórnio.

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