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1. Ideias inatas, que nasceram consigo e que fizeram desde sempre parte
da sua natureza, como as ideias do pensamento ou da verdade;
2. Ideias adventícias, que estão fora da sua mente e parecem ter sido
adquiridas pelos sentidos, como as ideias de sol ou de calor;
3. Ideias factícias, que são invenções da imaginação, como as sereias, o
lobisomem, etc.
- Porém, estas ideias podem consistir em erros, ou seja, todas elas podem ser
factícias;
- desconhece a causa e a origem das suas ideias e nada lhe permite estar
seguro de que as ideias de sol ou calor tenham origem em objetos fora de si e
que sejam semelhante sou iguais ao que representam.
- Apesar de perceber que tem um corpo e que o mundo físico é real, que há um
sol e que este é fonte de calor, que garantias tem de que o que concebe como
sendo claro e distinto é de facto absolutamente verdadeiro. Por isso, a hipótese
da existência de um génio maligno não está posta de parte e leva-o a duvidar
de quase tudo.
A existência de Deus
Descartes tenta comprovar a existência de um Deus omnipotente, omnisciente
e inteiramente bom. Trata-se de alguém exterior à sua mente que possa
cumprir o papel de garante da possibilidade de verdades indubitáveis.
Para Descartes, Deus existe com toda a clareza e distinção. Para o provar,
apresenta vários argumentos à priori, baseados exclusivamente na razão,
apresentados na obra “Meditações sobre a Filosofia Primeira”. Ambos têm
como ponto de partida uma mesma premissa: ter em si uma ideia de perfeição
ou a ideia de um ser perfeito.
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1. Argumento da marca impressa
- enquanto ser pensante, Descartes sabe que duvida e, como duvida, não pode
ser perfeito, uma vez que conhecer é uma perfeição maior do que duvidar.
Assim, segundo Descartes “o menos perfeito não pode ser a causa do mais
perfeito”. Apesar daquele que duvida não conhecer, sabe que a perfeição
existe.
- Esta ideia de perfeição implica uma causa e não pode ser o sujeito pensante,
uma vez que é imperfeito.
- Logo, a ideia da perfeição só pode ter sido colocado no Homem por um ser
perfeito e infinito, Deus;
A ideia de um ser mais perfeito do que nós tem a sua origem em Deus. Como
duvido, sei que sou imperfeito. Mas como duvido da minha perfeição, sei que
ela existe e que há um ser mais perfeito do que eu. Essa ideia de um ser mais
perfeito do que eu, não pode ter sido criada por mim, mas sim deve ter sido
colocada em mim por um ser mais perfeito do que eu. Esse ser tem de ter
todas as perfeições possíveis, logo só pode ser Deus.
Deus é o ser mais perfeito que é possível imaginar, um ser que possui todas as
perfeições. Como é perfeito, tem obrigatoriamente que existir.
- Um ser perfeito, não seria perfeito caso não existisse, pois faltar-lhe-ia uma
das condições necessárias da perfeição.
Ex. Quando examino um triângulo, percebo que tem de ter três lados e três
ângulos. Do mesmo modo, quando examino a ideia de um ser perfeito (Deus),
percebo que este tem obrigatoriamente de existir, porque a propriedade de
existir é algo que um ser perfeito não pode deixar de ter. Se não existir, não
será perfeito, pois faltar-lhe-á a perfeição.
3.º Como Deus existe, a hipótese da existência de um génio maligno deve ser
afastada. Como Deus não é mau, certamente não nos enganará. Como as
nossas ideias têm origem em Deus, têm de ser obrigatoriamente verdadeiras
se forem claras e distintas.
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A existência de Deus justifica, segundo Descartes, o critério das ideias claras e
distintas. Sabemos que é verdeiro tudo aquelo que concebemos clara e
distintamente, porque as nossas capacidades de conhecimento foram
criadas por Deus, que não é um ser enganador.
- Deus é ou existe.
- Mas será que não é um Deus enganador? Não, devido à sua infinita bondade.
Se ele possui a perfeição, terá obrigatoriamente de incluir todas as perfeições.
Logo, sendo a bondade também uma perfeição, será incompatível com a
intenção maldosa de enganar. Logo, Deus nunca nos poderá enganar.
- Deus é então uma ideia inata impressa no cogito, isto é, uma marca do
criador na criatura;
- Somos uma mente e um corpo e não apenas uma coisa pensante – Deus é
uma garantia epistemológica.
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- Apesar de Deus ter sido a segunda certeza descoberta por Descartes, é a
primeira em grau de importância, porque é ela que suporta todo o sistema
cartesiano e que garante a possibilidade de aquisição e justificação do
conhecimento (verdades universalmente válidas e logicamente necessárias).
2. Petição de Princípio
Estou certo de que Deus é ou existe e não é enganador, pois concebo-o como
uma ideia clara e distinta.
Estou certo de que as ideias claras e distintas são verdadeiras, pois Deus é
ou existe e não é enganador.
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Conclusão: Para os críticos, o fundacionalismo cartesiano não responde,
satisfatoriamente, ao desafio cético.
David Hume
- filósofo empirista
Racionalismo Empirismo
- A principal fonte de aquisição e - A principal fonte de aquisição e
justificação do conhecimento é a justificação do conhecimento é a
razão. experiência.
- Deus, como ser perfeito que é, - Não possuímos qualquer
dotou o ser humano de razão e conhecimento à nascença/inato.
capacidade de pensar (cogito), que - Quando nascemos, a mente é
lhe permite atingir o conhecimento. vazia, como uma tábua rasa ou uma
- As ideias de Deus e pensamento folha de papel em branco.
são crenças verdadeiras justificadas - Depois, a experiência vai
e inatas que descobrimos com o inscrevendo a informação, à medida
recurso à razão ao fazermos o uso que vai sendo adquirida através da
metódico e correto das nossas experiência e dos 5 sentidos
faculdades.
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- Compreender a origem, a natureza e o alcance do conhecimento implica
investigar rigorosamente como funciona a nossa mente e quais são as suas
operações e capacidades.
Perceções
Impressões Ideias
- representações ou imagens menos
- são os objetos das nossas vividas ou menos intensas que as
experiências presentes e atuais. impressões;
- são mais vividas e intensas. - correspondem a recordações de
- sensações externas (relativas aos 5 sensações externas ou sentimentos
sentidos, como ver ou ouvir); internos ou ao que imaginamos a
- sentimentos internos (relacionados partir deles.
com as emoções, sentimentos e - representações ou imagens de
desejos, quando amamos ou impressões
odiamos) - dizem respeito ao pensar
- São os objetos da experiência - São menos vividas e intensas
presente ou atual - São cópias das impressões
- dizem respeito ao sentir;
- Procedem sempre as ideias. Ex.: Penso na dor que senti ao
Ex.: sinto a dor intensa de entalar um entalar um dedo.
dedo.
Conclusão:
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As impressões, tal como as ideias, podem ser simples ou complexas.
Ex.: ideia da maçã. Numa maçã, estão reunidas diversas qualidades, que
embora formando um conjunto não se misturam umas com as outras: a cor, o
sabor ou um odor específico (impressões ou ideias simples).
O princípio da cópia
- Todo o conhecimento tem como ponto de partida as impressões, ou seja, a
experiência.
- Se todas as ideias copiam impressões, não podemos formar uma ideia do que
quer que seja sem que tenhamos antes as impressões externas ou internas
correspondentes.
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- Se as ideias não derivassem das impressões, as pessoas surdas e cegas
desde a nascença poderiam ter as ideias correspondentes. Contudo, está
provado que cegos e surdos que estão privadas desde a nascença das
capacidades de ver e ouvir, são incapazes de formar, por exemplo, ideias das
cores e dos sons, respetivamente.