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Filosofia

. O conhecimento humano – René Descartes


O filósofo francês René Descartes é racionalista, assim, acredita que a razão é a única fonte
capaz de garantir um conhecimento apto de resistir a qualquer dúvida. O conhecimento tem raiz
na metafísica, as restantes ciências são os seus ramos.
o Descartes sugere que, para encontrar a certeza, primeiro há que tentar pôr em dúvida
tudo aquilo em que se acredita (começa por duvidar do conhecimento para construir
conhecimento – dúvida é a base do conhecimento);
o Descartes procurou combater o ceticismo e revalorizar a razão;
o Descartes procurou criar um método que conduzisse a razão à verdade;
o A dúvida é o método ou o meio para chegar à certeza.
A dúvida cartesiana é metódica, ou seja, é o meio utilizado para descobrir o que é
absolutamente certo e a ferramenta da razão que permite evitar o erro.
É também provisória, já que o objetivo do filósofo é reconstruir o edifício do saber, descobrir
certezas/evidências que resistam à dúvida, e não permanecer na dúvida.
A dúvida é universal e hiperbólica, sendo que tudo aquilo que for dubitável, falso ou enganoso
é rejeitado.

Para chegar ao seu primeiro princípio Descartes aplicou o método da dúvida. Encontrou vários
problemas:

 Ilusões dos sentidos (por vezes os sentidos são ilusórios e enganadores);


 Conhecimento racional (muitas vezes enganamo-nos a raciocinar);
 O argumento do sonho (muitas vezes confunde-se o sonho com a vigília);
 O génio maligno (deus enganador que nos pode induzir em erro).
O exercício da dúvida faz surgir uma primeira certeza indubitável: a existência do sujeito que
duvida. Para duvidar é preciso pensar e para pensar é preciso existir: penso, logo existo (cogito
ergo sum). O cogito é a primeira verdade que provem do método cartesiano. Esta constitui o
pilar central do conhecimento. O cogito é uma certeza inabalável que resiste à dúvida
hiperbólica e à ficção teórica de um deus enganador ou de um génio maligno.
A hipótese do génio maligno faz Descartes concluir que por muito que esta entidade existisse e
o tentasse enganar, não o podia enganar no que conta ao seu primeiro princípio, o cogito.
Conclui, desta forma, a verdade da sua existência como ser pensante.

O cogito é uma intuição racional, uma evidência que se impõe ao espírito humano de forma
absolutamente clara e distinta. O cogito é:

 Uma verdade absolutamente primeira;


 Uma verdade estritamente racional;
 Uma verdade exclusivamente a priori;
 Uma verdade indubitável;
 Uma verdade evidente, uma ideia clara e distinta.
- Qual é o critério que permite identificar um conhecimento como verdadeiro?
Clareza (presença da ideia ao espírito) e distinção (separação de uma ideia relativamente a
outras: não lhe estão associados elementos que não lhe pertencem). Para ser considerado
verdadeiro, todo o conhecimento deve de ser claro, distinto e evidente.
As ideias que cada indivíduo possui são, segundo Descartes, de 3 tipos:
o Adventícias (surgem do mundo exterior, através da experiência; chegam-nos a partir
dos sentidos);
o Factícias (com origem na imaginação, são ilusórias ou quiméricas);
o Inatas (as que possuímos à nascença e que não são produto da experiência).
Segundo Descartes, as ideias inatas são as mais importantes, visto que são claras e distintas.
Para além de serem aprendidas intuitivamente e terem a sua fonte exclusivamente na razão.

- Quem garante esse critério?


o Deus garante que tudo o que é claro e distinto é verdadeiro.

A existência de Deus: a segunda ideia clara e distinta


Segundo Descartes, um Deus perfeito, omnipotente, omnisciente e sumamente bom, existe e
garante que sempre que encontrar algo com mais carácter de evidência, pode aceitá-lo como
conhecimento verdadeiro. Deus = garante do conhecimento. Este ser criou o universo e tudo o
que nele existe.
Se o cogito é o início do pensamento, só Deus é o seu garante e fundamento. Só assim a razão
pode ambicionar um conhecimento seguro, objetivo e universalmente válido.

Provas da existência de Deus:


1. Argumento da marca impressa – Descartes reconhece ser imperfeito; Descartes tem uma ideia
de perfeição; essa ideia não pode ter tido origem em si mesmo, sendo que imperfeição não gera
perfeição; logo o Ser Perfeito existe e foi ele quem colocou a ideia de perfeição na sua mente,
como uma marca ou assinatura do criador.
2. Argumento ontológico – Deus é perfeito e a existência é uma característica necessária da
perfeição, obrigatoriamente Deus existe.
3. Argumento da casualidade (causa sui) - A causa da existência do ser pensante e imperfeito
não é ele próprio. O seu criador e conservador é Deus.

Se Deus
existe e é
perfeito,
então não engana (bondade é uma característica da perfeição), o que garante a verdade das
ideias claras e distintas.
Com Deus como garantia, Descartes deduziu outras verdades, como a existência do mundo e a
construção do edifício do conhecimento verdadeiro, pois se é certo que o nosso conhecimento
provem da razão, a garantia da verdade desse conhecimento é dada por Deus.
- Críticas ao
racionalismo cartesiano

 É exclusivista;
 É dogmático;
 É circular;
 Afirma a existência como predicado.

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