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O Racionalismo

de René Descartes

IV. Teorias explicativas do conhecimento


As questões

⚫ Qual é a origem do conhecimento?

⚫ Qual é o fundamento do conhecimento?

⚫ O que podemos conhecer?

⚫ Quais são os limites do conhecimento?


O início do percurso

Na noite de 10 para 11 de Novembro de 1619, Descartes tem


sonhos que o levam a duvidar do conhecimento e mesmo da
existência da realidade.
Inspirando-se na matemática e utilizando a dúvida como
método, escreve o Discurso do Método com o objetivo de
encontrar um fundamento capaz de resistir aos argumentos
do ceticismo.
1. A dúvida
“Agora que resolvera dedicar-me apenas à descoberta da
verdade, pensei que […] era necessário rejeitar como falso
tudo aquilo em que pudesse imaginar a menor dúvida, a
fim de ver se, após isso, ficaria qualquer coisa nas minhas
opiniões que fosse inteiramente indubitável.”

Descartes decide adotar um método para alcançar o conhecimento:

Duvidar de todo o conhecimento considerado verdadeiro.


1. A dúvida
Características da dúvida:
- Metódica
- Universal
- Hiperbólica
- Radical

⚫ A adoção da dúvida como método não faz de Descartes um filósofo


cético.
⚫ A dúvida é apenas um caminho para atingir o conhecimento verdadeiro
e indubitável.
2. Justificação da dúvida

Por que motivo devemos duvidar de tudo?

⚫ Os sentidos por vezes enganam-nos.

⚫ Há quem se engane a raciocinar.


⚫ Temos dificuldade em identificar a verdade (por exemplo,
em distinguir o sono da vigília).
2. Justificação da dúvida
⚫ Os sentidos, por vezes, enganam-nos.

Ilusões de ótica
2. Justificação da dúvida

⚫ Temos dificuldade em identificar a verdade.

- Podemos não conseguir distinguir o sono da vigília: por vezes


pensamos que estamos acordados quando, afinal, estamos a
dormir.
3. A existência do «Cogito» (Eu penso)

⚫ A dúvida conduziu a uma certeza: a existência de um «eu»,

cuja natureza é pensante:


“[…] enquanto queria pensar que tudo era falso, eu, que assim
pensava, era necessariamente alguma coisa.”

⚫ Pensar implica a existência de alguém que pensa:


Penso, logo existo.
3. A existência do «Cogito» (Eu penso)

⚫ Primeira verdade indubitável e primeiro princípio a que a

dúvida conduziu.

⚫ Primeira evidência que resiste à dúvida:


“[…]esta verdade - eu penso, logo eu existo - era tão firme e tão
certa que todas as extravagantes suposições dos céticos seriam
impotentes para a abalar.”
3. A existência do «Cogito» (Eu penso)
Qual é a natureza do Cogito?
“[…] esse eu, isto é, a alma ou pensamento pelo qual sou o que sou [um
ser pensante]
⚫ é inteiramente distinto do corpo,
⚫ mais fácil de conhecer do que este, […]
⚫ [o corpo], embora não existisse, não impediria que [a alma
pensamento] fosse o que é.”

O Eu Penso é de natureza puramente mental.


3. A existência do «Cogito» (Eu penso)

O «Cogito» é de natureza mental, portanto:

⚫ Não tem forma.

⚫ Não tem extensão.

⚫ Não ocupa espaço.


3. A existência do «Cogito» (Eu penso)
O Dualismo cartesiano

A afirmação do dualismo mente-corpo:


Descartes defende que o Homem é constituído por duas substâncias
distintas que interagem, mas não se misturam:
⚫ A mente ou pensamento (res cogitans)
- não ocupa espaço, não tem forma, nem dimensões.
⚫ O corpo, substância material (res extensa)
- ocupa espaço, possui forma e dimensões.
4. Critério de verdade

⚫ São verdadeiras todas as proposições evidentes, tão clara e distintas como


a existência do cogito.

⚫ Generalização da descoberta do Cogito aos restantes conhecimentos


“[…] julguei que podia admitir como regra geral que é verdadeiro tudo
aquilo que concebemos muito claramente e muito distintamente.”
5. Argumento da causalidade
(a origem da ideia de perfeição)

⚫ Descartes questiona: se sou um ser imperfeito, que duvida, de onde me


vem a ideia de perfeição?

- Descartes descobre a imperfeição da sua natureza em comparação com


a ideia de um ser perfeito.
5. A origem da ideia de perfeição

⚫ A ideia de perfeição tem de vir de um ser perfeito.

⚫ Esse ser é Deus:

“[…] e, conheci com evidência que [a ideia de perfeição] deveria


ter vindo de alguma natureza que fosse efetivamente mais
perfeita.”
6. Argumento ontológico
(a perfeição implica a existência)
⚫ Se Deus é perfeito, então existe.
⚫ Para ser perfeito, um ser tem de possuir todos os predicados que

lhe conferem a perfeição, logo tem de possuir o predicado da


existência, ou seja, tem de existir.
“[…]voltando a examinar a ideia de um ser perfeito, notava que a existência
está contida nessa ideia […] e que, por conseguinte, é pelo menos tão certo
como qualquer demonstração da geometria, que Deus, esse ser perfeito, é
ou existe.”
7. Deus – fundamento do sistema cartesiano

⚫ Deus é a garantia da indubitabilidade do critério da

evidência, isto é, garante a verdade das ideias concebidas


clara e distintamente:

“[…]aquilo mesmo que adotei como regra, isto é, que são


inteiramente verdadeiras as coisas que concebemos muito clara e
distintamente, não é certo senão porque Deus é ou existe[…].”
Atividade 1
Classifique como Verdadeiras (V) ou Falsas (F) as seguintes afirmações:

⚫ Porque decide duvidar de todo o conhecimento, Descartes é um cético.

⚫ Os sentidos permitem sempre alcançar conhecimentos verdadeiros.

⚫ Após duvidar de tudo, Descartes chega a um primeiro princípio indubitável:


“Penso, logo existo”.

⚫ O primeiro princípio foi derivado dos sentidos.


Classifique como Verdadeiras (V) ou Falsas (F) as seguintes afirmações:

⚫ A ideia de Deus é inata.

⚫ A causa da ideia de perfeição é o próprio Homem.

⚫ Tanto os sentidos como a razão podem, por vezes, ser enganadores.

⚫ A razão é a origem do conhecimento.

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