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A Resposta Fundacionalista
Hume não se limitou a classificar os tipos de conhecimento e a determinar a origem das nossas
ideias; ele pretendia fazer uma verdadeira ciência da natureza humana. Daí que tenha
procurado estabelecer os princípios de associação de ideias na mente humana, tal como
Newton estabeleceu as leis de atração entre os corpos e o mundo físico. Na sua opinião,
existem três princípios de associação de ideias, a saber:
Estes três princípios de associação parecem triviais e incontroverso, mas será que o empirismo
de Hume está devidamente equipado para lidar com todos eles?
Se prestarmos a devida atenção, não será difícil perceber que o princípio da causalidade
coloca sérios problemas à abordagem empirista de David Hume.
4. O problema da causalidade
Não se trata de uma relação de ideias, pois da sua negação não resulta qualquer contradição.
Por exemplo, ao ver uma bola de bilhar mover-se em direção a outra posso perfeitamente
conceber uma série de acontecimentos alternativos: posso imaginar que ambas as bolas ficam
paradas, que a segunda fica parada e a primeira volta para trás, que a primeira para e a
segunda se desloca numa ou noutra direção, etc. Resta-nos a possibilidade de se tratar de uma
questão de facto, pelo que a veracidade do princípio da causalidade não pode ser estabelecida
Apesar destas dificuldades, Hume não fica sem resposta para os problemas suscitados pelo
Princípio da Causalidade e recorre a uma experiência mental para nos mostrar que, apesar de
não haver uma impressão que lhe corresponda diretamente, a ideia de causalidade tem
origem na experiência.
Um Adão inexperiente
Esta experiência mental serve para mostrar que alguém inexperiente, ainda que dotado das
mais desenvolvidas capacidades racionais, nunca poderia inferir um efeito a partir da sua
respetiva causa numa única ocorrência, apenas seria capaz de o fazer após verificar que estes
dois acontecimentos aparecem constantemente um a seguir ao outro.
Deste modo, Hume conclui que a ideia de relação causal ou conexão necessária entre dois
acontecimentos mais não é do que a expetativa de que um deles, a que chamamos efeito, irá
ocorrer sempre que o outro, a que chamamos causa, ocorra. Esta expectativa resulta do
hábito, ou costume, isto é, da experiência que temos de uma conjunção constante desses dois
acontecimentos, pelo que não se funda na razão, mas sim num impulso natural irresistível e
fundamental para o nosso dia a dia.