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Princípios de associação de

Ideias
Princípios de conexão entre as ideias

Contiguidade Causalidade
Semelhança
no tempo e no espaço (relação de causa e efeito)

Quando duas Quando duas ideias são Quando duas ideias são
ideias são semelhantes, a contíguas no espaço e no representadas como
consideração tempo, a consideração de correspondendo a uma
de uma conduz à uma leva à consideração relação causa-efeito, a
consideração da outra. da outra. consideração da causa leva à
consideração do efeito.

Exemplo: Exemplo: Exemplo:


• um retrato de alguém leva • a lembrança de uma ponte • uma fogueira (causa) faz
os nossos pensamentos leva-nos a pensar no rio ou pensar no calor (efeito) que
para a pessoa retratada. nas suas margens. se lhe segue.
Se todas as nossas ideias têm origem em
impressões, de que impressão vem a ideia de
causalidade?

• Qual a origem da ideia de causalidade?

O problema da Causalidade
Para D. Hume…
• Qualquer ideia tem de corresponder a uma impressão (princípio da cópia).

• Todo o nosso conhecimento acerca do mundo (questões de facto) deriva de impressões - Do que não
há uma impressão não há conhecimento acerca do mundo.

Ora...
• O conhecimento científico é um conhecimento acerca do mundo e, por isso, é baseado em questões
de facto.

• O seu principal objetivo é a explicação causal dos fenómenos, apoiando-se no princípio da causalidade (Todos
os fenómenos têm a sua causa noutro fenómeno. Certos acontecimentos têm o poder de produzir outros e nas
mesmas circunstâncias “um fenómeno b seguir-se-á sempre a outro fenómeno a”)
(ex: Não há fumo sem fogo).

Mas de onde provém a ideia de causalidade (conexão necessária)?


A experiência mental...

Um Adão inexperiente

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Proposta de exploração:
• 1. Caracterizar a «experiência pensada» de que Hume parte.

• 2. Indicar a primeira conclusão que essa «experiência pensada» permite tirar.

• 3. Esclarecer o sentido da alteração da situação verificada com o decurso do tempo e da


experiência.

• 4. Explicar a alteração verificada.

• 5. Enunciar o argumento apresentado por Hume para refutar a pretensa natureza racional
do princípio de causalidade.
SUGESTÕES DE ABORDAGEM
1. Hume parte de uma experiência de pensamento e pede-nos para imaginarmos a situação de uma pessoa, dotada com excelente
capacidade de raciocínio e de reflexão, que é lançada de súbito neste mundo, no qual assiste a uma sucessão de eventos nele
ocorridos.

2. A primeira conclusão que essa «experiência de pensamento» permite tirar é que, nessas circunstâncias, essa pessoa, mesmo sendo
dotada de excelente capacidade racional, ao observar a sucessão de eventos, não conseguiria formar qualquer ideia de causa e
efeito.

3. A situação altera-se com o simples decorrer do tempo e essa mesma pessoa, ao observar associações constantes entre
determinados eventos, começa a esperar que um evento se verifique quando um outro ocorre, isto é, começa a formar a ideia de
causa e efeito.

4. A alteração verificada, segundo Hume, não é explicável pela atuação do raciocínio; quer dizer, não é a razão (a priori) que leva a
pessoa a esperar um evento quando outro ocorre; o princípio que a explica é o Costume ou Hábito: é porque a pessoa se habitua a
ver a anteceder b que espera b quando a se apresenta. Esta é a explicação para a formação da ideia de causa e efeito e na sua origem
encontra-se a experiência e não a razão. (Porém, o principio do hábito é psicológico e não racional).

5. O argumento apresentado por Hume para refutar a natureza racional do princípio de causalidade, defendida por outros filósofos, é
o seguinte:
Se o princípio de causalidade fosse estabelecido pela razão, uma única experiência seria suficiente para apreender uma relação
causal; ora tal não acontece, uma única experiência não é suficiente para apreender uma relação causal; logo, o princípio de
causalidade não é estabelecido pela razão. (MT)
Para D. Hume…
• Todo o nosso conhecimento acerca do mundo assenta em questões de facto e
estas derivam de impressões - Do que não há uma impressão não há
conhecimento acerca do mundo.

• O conhecimento do mundo constitui o conhecimento científico. Este expressa-se


em questões de facto e tem como principal objetivo a explicação causal dos
fenómenos, portanto, apoia-se no princípio da causalidade.

Mas de onde provém a ideia de causalidade (conexão


necessária)?
Para D. Hume, a causalidade...

• Não provém da razão. Não é uma relação de ideias, porque da sua negação não
resulta qualquer contradição. A sua origem não é a priori.

• Provém da experiência. Trata-se de questões de facto, porque a sua verdade só


pode ser estabelecida através da experiência. A sua origem é a posteriori.

Mas dar-nos-á a experiência uma impressão de conexão necessária


entre 2 fenómenos?

Não!
Exemplo
Hume critica o princípio da causalidade, enquanto principio racional,
recorrendo ao exemplo da Bola de bilhar:

1 - Observação de um facto: 2 bolas de bilhar que chocam.

• O que é que se observa?


• Que o fenómeno B (bola imóvel que adquire movimento) sucede ao fenómeno A (bola que choca na bola imóvel).

2- Análise do fenómeno:

• Desta observação nasce na nossa mente a ideia de relação causal e formamos a crença de que: “sempre que se der A
acontece B, necessariamente.”

• Consequência da formulação deste juízo?

• Passamos a acreditar que sempre (futuro) que ocorrerem circunstâncias semelhantes a A se sucederá B.

• Porém, a ideia de causa necessária não corresponde a nenhuma impressão sensível. O que a experiência nos mostra é que
um acontecimento se sucede a outro e não que um é causa do outro e que sempre que acontecer A, acontecerá B.
Apesar de a...

Relação de causa e efeito

ser normalmente concebida como sendo uma ligação ou conexão necessária,

não dispomos de qualquer impressão que corresponda à ideia de


conexão necessária entre dois fenómenos.

A única coisa que a experiência nos revela é que entre dois fenómenos, eventos
ou objetos se verifica uma conjunção constante.

O que justifica a ideia de causalidade?


Apenas o hábito ou o costume a justifica.
Resume-se a uma crença subjetiva “sempre assim foi e sempre assim
será”, com fundamento psicológico (ceticismo em relação ao conhecimento científico dos
fenómenos).

Não sendo justificada racional nem empiricamente, devemos


abandoná-la?

Não!
Em Suma
A ideia de causalidade

• … não corresponde a qualquer impressão sensível.

• … não corresponde a nenhum conhecimento (a experiência não nos mostra relações causais), mas apenas a
uma crença “sempre assim foi e sempre assim será”, fundada no hábito ou costume (princípio psicológico) -
ceticismo em relação ao conhecimento científico dos fenómenos.

• … esta é uma crença subjetiva, o desejo de transformação de uma expectativa em realidade.

• … apesar de tudo, é uma ideia útil não só para a nossa vida quotidiana, como também para as ciências
naturais e experimentais.

• O hábito ou costume é um guia imprescindível da vida prática, mas reduz-se a um sentimento ou a uma
tendência de cariz psicológica, não constituindo um princípio racional capaz de justificar as crenças causais.
O problema da causalidade está associado
ao problema da indução.
Porquê?

As inferências indutivas fundam-se nas relações causais e estas


fundam-se na ideia de que a Natureza é Uniforme, isto é, na crença da
semelhança dos eventos e na suposta conexão necessária entre alegadas causas e
alegados efeitos.

Haverá justificação para este princípio e para qualquer raciocínio


indutivo?

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