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O EMPIRISMO DE DAVID HUME

CONHECIMENTO / RELAÇÕES DE IDEIAS

•Resulta da análise lógica dos termos da proposição;


•Baseia-se no raciocínio dedutivo

•Não permite acréscimo de conhecimento:


•nada nos diz sobre o que existe e acontece no mundo.
O EMPIRISMO DE DAVID HUME
CONHECIMENTO DE FACTO

Baseia-se no raciocínio indutivo e na relação de causa/efeito;

A conclusão generaliza o Conhecer o mundo [o modo como


que é afirmado na(s) ele funciona] é descobrir as causas
premissa(s) que geram determinados efeitos.
[A indução é Explicar um fenómeno é descobrir a
uma generalização] sua causa.

Ex: «O calor causa a dilatação dos


corpos»
O EMPIRISMO DE DAVID HUME

«O calor causa a dilatação dos corpos»

EFEITO
CAUSA

•Que significa dizer que o calor causa a dilatação dos corpos?

•Que significa dizer que há uma relação de causalidade entre estes dois
fenómenos?
O EMPIRISMO DE DAVID HUME

«O calor causa a dilatação dos corpos»

Dizer que há uma relação de causalidade entre estes dois fenómenos


significa afirmar que:

•Existe uma relação de causalidade necessária entre estes


dois fenómenos:

SEMPRE que se verifique a causa (haja calor), verificar-se-á


NECESSARIAMENTE (constringentemente) o efeito (os corpos dilatar-se-
ão)
Sempre foi e sempre será assim.
Supõe-se que o
Passado Futuro passado se repetirá
no futuro.
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Supõe-se que o passado se repetirá no futuro.

Daí a possibilidade da PREVISÃO

O que é «PREVER»?
É afirmar, antecipar, com certeza o que vai
acontecer.

Face ao Princípio da causalidade, HUME pergunta:


1 – O que nos permite fazer esta previsão?
2 – Com base em que é que antecipamos o futuro?
3 – Essa previsão constitui conhecimento ?
O EMPIRISMO DE DAVID HUME
1 – O que nos permite fazer esta previsão?
Baseamos essa previsão na proximidade espacial ou na sucessão
temporal dos 2 fenómenos considerados.

Observamos que 2 fenómenos surgem associados ou seguidos e


inventamos a ideia de relação causal ou conexão lógica entre
eles.

Mas a sequência / sucessão não é necessariamente consequência (a


sucessão é condição necessária mas não suficiente da causalidade ou
consequência)
Confunde-se sequência com consequência
[Falácia post hoc, ergo propter hoc]

CONCLUSÃO: O que nos permite fazer tal previsão é a confusão entre


sequência / sucessão e consequência / causalidade
O EMPIRISMO DE DAVID HUME
2 – Com base em que é que antecipamos o futuro?

Esta antecipação do futuro baseia-se no hábito ou costume.

Segundo Hume, inferimos uma relação causal necessária entre 2


fenómenos porque nos habituámos a constatar uma relação constante
entre factos próximos ou sucessivos.

Contraímos, assim, o hábito de, dado um fenómeno,


esperarmos outro.

A proximidade espacial ou temporal entre 2 fenómenos leva a


razão a inventar / criar uma conexão que julga necessária.
O EMPIRISMO DE DAVID HUME
3 – Essa previsão constitui conhecimento ? [crença verdadeira justificada?]

Segundo Hume não, porque:

a) Se todas as ideias procedem das impressões, então a ideia que não


derive de uma impressão sensível é falsa / não é objetiva.

No exemplo: «O calor causa a dilatação dos corpos»

 Há impressão sensível de X Não há impressão sensível da


«calor» [causa] e de «dilatação ideia de relação causal (da
dos corpos» [efeito] relação entre a «causa» e o
«efeito»]
O EMPIRISMO DE DAVID HUME
3 – Essa previsão constitui conhecimento ?
Segundo Hume não, porque:

b) Todo o conhecimento de facto se baseia em impressões sensíveis


atuais.
Se não podemos ter impressão sensível daquilo que ainda não
aconteceu, não podemos produzir conhecimento sobre o futuro.

Quando dizemos que «acontecendo A (a causa), acontecerá B (o


efeito)», falamos de um facto futuro, do qual não temos,
evidentemente experiência.

Se a experiência é a única fonte e limite de todo o conhecimento


possível, então o princípio da causalidade não pode constituir
conhecimento. Cf.: Texto nº 3, pág. 189
CRÍTICA DE DAVID HUME AO PRINCÍPIO DA CAUSALIDADE:
1 - Segundo Hume a crença na ideia de causalidade não tem um
justificação a priori (racional) nem a posteriori (empírica)

Trata-se de uma crença que até pode ser verdadeira, mas que
não é justificada (e portanto não constitui conhecimento)

Tal crença tem apenas uma justificação psicológica:


Fundamenta-se no hábito – é uma crença puramente subjetiva.

A conexão causal não está na natureza / no mundo / na realidade [se


estivesse teríamos experiência dela], mas está em nós, na nossa mente

O princípio da causalidade não diz como o mundo funciona, mas


apenas como funciona a nossa mente.
CRÍTICA DE DAVID HUME AO PRINCÍPIO DA CAUSALIDADE:
2 – A crença no princípio da causalidade é injustificada, mas é útil.

Porque:
•Sem ela a vida seria impraticável: a dúvida constante tornaria
angustiante a nossa vida e impediria qualquer acção.

•É nessa crença que se baseiam todas as ciências naturais.

NOTA: Hume nunca afirmou que não existem relações de causalidade entre
os fenómenos naturais – apenas afirmou que não podemos conhecer essas
relações.

Apenas afirmou que a crença no princípio da causalidade não é


justificada (nem a experiência nem a razão a permitem justificar)
CRÍTICA DE DAVID HUME AO PRINCÍPIO DA CAUSALIDADE:

A crença no princípio da causalidade não tem justificação empírica (a


posteriori) nem racional (a priori):

a) Não tem justificação empírica / a posteriori porque não existe


impressão sensível da relação causal entre os fenómenos;

b) Não tem justificação racional / a priori porque o passado pode não


se repetir no futuro.

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