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de Hume
Aos conteúdos da nossa mente Hume chama perceções. Estas distribuem-se por duas categorias
principais: as impressões e as ideias.
As ideias abrangem os nossos conceitos, bem como aquilo que imaginamos ou recordamos.
O princípio da cópia é empirista, pois diz-nos que todos os conteúdos da nossa mente têm a sua
origem na experiência.
Das impressões resultam diretamente todas as nossas ideias simples. Combinando essa ideias, a
nossa mente produz ideias complexas.
Relações de ideias e questões de facto
As relações de ideias definem-se por poderem ser conhecidas a priori. São intuitiva ou
demonstrativamente certas.
Hume não nega a existência de conhecimento a priori, mas defende que, para sabermos o que
existe na realidade concreta, temos sempre de recorrer à experiência.
Dedução
A dedução, ou método dedutivo, parte de uma lei ou teoria geral para deduzir conclusões
relativas a questões particulares. A partir de premissas validadas pela ciência e tidas como
verdadeiras, o cientista elabora verdades particulares. (Da causa para os efeitos).
Assim, todos os casos particulares estarão submetidos a uma regra geral (universal). Na
dedução, a regra ou teoria é hierarquicamente superior aos dados coletados.
Exemplos:
a) Um triângulo é um polígono de três lados. Logo, todo e qualquer polígono de três lados será um
triângulo.
B) Um médico, ao realizar uma consulta, parte de seus conhecimentos prévios (universais) e busca
interpretar os sintomas do paciente (particulares) e definir o tratamento mais adequado.
Indução
2) Até hoje, o sol nasceu todos os dias. Logo, o sol nasce todos os dias.
Raciocínio causal
Todos os raciocínios relativos a questões de facto assentam na relação de causa e efeito, ou seja,
na relação de causalidade.
As relações causais nunca podem ser descobertas a priori. Para inferirmos um efeito a partir de
uma causa, ou o inverso, precisamos sempre de nos apoiar na experiência.
Para fazermos uma inferência causal, temos de nos basear em regularidades observadas ou
conjunções constantes. Por exemplo:
1. Ocorreu um raio.
Ao fazer inferências causais estamos sempre a pressupor que a natureza se comporta de uma
maneira uniforme, isto é, que a causas semelhantes seguem-se efeitos semelhantes – e, assim, que
o futuro assemelhar-se-á ao passado.
2. Ocorreu um raio.
As inferências causais podem não ser racionalmente justificáveis, mas são psicologicamente
explicáveis.
De acordo com esta lei ou princípio, sempre que a mente humana se depara repetidamente com
acontecimentos de um certo tipo (como raios) seguidos por acontecimentos de outro tipo (como
trovões), fica com a expectativa de que um acontecimento do segundo tipo ocorra sempre que se
depara com um acontecimento do primeiro tipo.
A ideia de conexão necessária
Quando julgamos que um acontecimento causa outro, presumimos que existe uma conexão
necessária entre os dois: que a causa está ligada ao efeito, de tal forma que o efeito tem de se seguir
à ocorrência da causa.
Qual é a origem da ideia de conexão necessária?
Pelo princípio da cópia, esta ideia tem de derivar de impressões.
Mas, em cada caso particular de causalidade, nunca temos qualquer impressão de uma conexão
necessária.
A impressão de conexão necessária consiste num sentimento produzido pelo hábito.
Assim, a conexão entre a causa e o efeito não existe entre os próprios acontecimentos.
Ela existe, por assim dizer, apenas na nossa cabeça.
Parece-nos, por exemplo que os acontecimentos de beber água e de deixar de ter sede estão
conectados, mas, na verdade, essa conexão é imaginada por nós pela força do hábito – e
projetada nos acontecimentos.
A natureza da causalidade
Para Hume, dizer que um acontecimento x causa um acontecimento y é o mesmo que dizer
que...
Ou que...
... (1) a x segue-se y e (2) observar um acontecimento semelhante a x faz-nos ter a expectativa
de um acontecimento semelhante a y.
A natureza da causalidade
Não conheço um autor anterior ao Sr. Hume que tenha sustentado que só temos esta noção de causa:
algo que é anterior ao efeito e que, segundo a experiência, foi seguido constantemente pelo efeito.
[...]
[V]ou apontar aqui algumas consequências que podemos deduzir corretamente desta definição de
causa, para que possamos julgá-la pelos seus frutos. [...]
Segue-se desta definição de causa que a noite é a causa do dia e o dia a causa da noite. Pois, desde o
começo do mundo, não houve coisas que se tenham sucedido mais constantemente. [...]
Desta definição de causa, seguir-se-ia que não temos razões para concluir que houve uma causa da
criação do mundo, pois não existiram circunstâncias prévias às quais se tenham seguido
constantemente esse efeito. E, pela mesma razão, segue-se desta definição que tudo o que seja
singular na sua natureza,
natureza ou que seja a primeira coisa do seu género, não pode ter uma causa.