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Visão Geral

Os livros de Gênesis e Apocalipse possuem muitas semelhanças na linguagem, no ambiente e nas


personagens. A serpente em Gênesis, através dos séculos se transforma em dragão em Apocalipse – comeu
muito pó da terra, e cresceu. Em Gênesis há uma árvore da vida (Gn. 2:9; 3:22,24), em Apocalipse também
(2:7; 22:2,14); em Gênesis a árvore da vida era regada por um rio que saía do Éden (Gn. 2:10), em
Apocalipse ela está à margem do Rio da Vida (Ap. 22:1-2); em Gênesis há uma grande torre (Gn. 11:4) – a
Torre de Babel - que cresce até se tornar a Grande Babilônia em Apocalipse (Ap. 14:8; 16:19 e 18:2). Tudo
o que teve início em Gênesis, é consumado em Apocalipse. Apocalipse, portanto, é um livro conclusivo e
indispensável.
Dentre as obras que fazem parte do cânon, Apocalipse foi o último a ser reconhecido como inspirado
por Deus. Outros, como os evangelhos e as cartas paulinas, tiveram um processo de reconhecimento menos
demorado. Alguns reformadores como Lutero quiseram tirá-lo do cânon. Para ele, Apocalipse era
totalmente mítico (baseado apenas em símbolos). Todavia, sabe-se que sem o Apocalipse a Bíblia ficaria
inacabada, inconclusa; outros livros ficariam sem sentido, suas doutrinas ficariam indefinidas sem as
revelações de Deus que se consumaram em Apocalipse. Este livro é vital para a nossa fé. Por isso é
imprescindível conhecê-lo profundamente.

O nome do livro
A palavra apocalipse significa revelação. Não se trata, porém de um livro selado como alguns
equivocadamente imaginam. Se trás a "revelação", não pode ser tido como oculto, fechado ou misterioso.
Ele foi o último livro da Bíblia a ser escrito. É síntese da conclusão do propósito de Deus para o homem.

O autor
Apocalipse foi escrito pelo apóstolo João, o discípulo amado de Jesus. João escreveu além do
Apocalipse, o evangelho e mais três cartas do Novo Testamento.
João foi um santo homem do Senhor. Inúmeras vezes foi aprisionado. O império romano tentou de
todas as formas matá-lo; todavia, sem êxito, porque o Senhor Jesus disse que João não iria morrer e sim
que permaneceria até que ele viesse para dar a revelação (Jo. 21:20-23).
A tradição diz que João, já velhinho, freqüentava a igreja de Éfeso e não pregava extensos sermões,
mas sempre que tinha oportunidade, proferia as mesmas palavras: "Novo mandamento vos dou: que vos
ameis uns aos outros, assim como eu vos amei, disse Jesus". Na próxima reunião, quando pensavam que
ele ia dizer uma palavra nova, ele dizia a mesma coisa. Talvez você pense quão entediante seria ouvi-lo
falando sempre a mesma coisa, mas é um engano. João chegava diante deles, com os olhos em lágrimas e
dizia: "Filhinhos, um novo mandamento vos dou...", a cada vez que os irmãos ouviam-no, eram movidos
pela vida de Deus e todos choravam tocados pelo Espírito.

Uma coisa é falar algo da nossa mente, ou seja, sobre conhecimentos adquiridos com leitura ou que
julgamos interessante; É completamente diferente de quando o Espírito de Deus ministra ao nosso próprio
espírito e assim, depois de recebermos o dom divino, podemos transmitir Seus ensinamentos às pessoas.
Vivemos numa época em que os homens rejeitam ouvir a verdade simples da Palavra de Deus e, pelo
contrário, estão à procura de coisas complexas e misteriosas.
Era impossível resistir a João, o discípulo amado. Onde ele estava, pregava. Se o colocavam na
cadeia, os prisioneiros e o carcereiro se convertiam e a cadeia se tornava uma extensão da Igreja.
Trocavam-no de presídio e o mesmo acontecia, todos do lugar se convertiam, até que conseguiram uma
solução: colocaram-no sozinho numa ilha deserta, para que ele não desse a ninguém seu testemunho. O
objetivo era isolá-lo. Assim o levaram para Patmos onde João teve a revelação do Apocalipse.

João foi um homem que viu a Jesus. Primeiro, andou com o Senhor, recostou-se no seu peito por
ocasião da ultima ceia, viu a sua glória entre os homens. Dos discípulos ele era o mais afetuoso e talvez o
mais próximo do Senhor. João viu Jesus na carne e também viu o Cristo glorificado com os seus cabelos
brancos como a neve e seus olhos brilhando como o sol ao meio dia; tendo os pés como bronze polido,
caminhando por entre candelabros de ouro. João viu Jesus na carne e viu Jesus na glória! Homem de Deus.
Que privilégio! Que possamos ter essa revelação também. Precisamos conhecer o Jesus histórico que está
nos evangelhos, assim como o Jesus vivo que habita na glória e dentro de nós!
Quando o livro foi escrito
Apocalipse foi o ultimo livro do Novo Testamento a ser escrito, por volta de do ano 95 d.C; quando
todos os apóstolos já estavam mortos. João foi o último a morrer e o único que teve morte natural.
Sabemos que quando o escreveu, estava na ilha de Patmos para onde havia sido exilado.

A interpretação do livro
Em Apocalipse 1:19 o Senhor diz a João: "Escreve, pois, as coisas que viste, e as que são, e as que
hão de acontecer depois destas". Em Apocalipse há algumas profecias que se cumpriram, outras que eram
realidade nos dias de João e ainda outras, a maior parte delas, que se referem a eventos que ainda hão de
acontecer. Talvez seja por isso que existam três linhas principais de interpretação do livro: os preteristas,
os históricos e os futuristas.

1) Preteristas
Preterista vem de pretérito, ou seja, passado. Eles crêem que a maior parte do livro já se cumpriu na
luta entre a Igreja e o império romano, com a vitória da Igreja no final. Os preteristas crêem que a maior
parte do livro se cumpriu na época do império romano. Acreditam, por exemplo, que Nero era o anticristo,
que a Igreja, quando se tornou a Igreja oficial do império romano, estava começando o milênio que se
encerrou com a reforma protestante, o renascimento e o iluminismo. Eles interpretam o Apocalipse a partir
de fatos já passados.

2) Históricos
Eles declaram que as profecias envolvem todo o período da história da Igreja. Acreditam que o
Apocalipse se cumpriu várias vezes. Crêem que Nero, de fato, era um anticristo, mas que Hitler, também o
era, assim eles crêem que muitos anticristos surgiram no decorrer da história. Para eles, de uma maneira ou
de outra, a grande tribulação tem se cumprido com os terremotos, furacões, enchentes e todas as
calamidades que tem acontecido durante a história. Eles vêem o cumprimento do livro de Apocalipse
reiteradas vezes no decorrer da história.

3) Futuristas
Segundo eles, a maior parte dos eventos de Apocalipse ainda aguarda um cumprimento futuro.
Apenas parte dos capítulos 2 e 3 se cumpriram.
Penso que cada uma dessas linhas tem algo a contribuir. É indiscutível, como diz o preterista, que
algumas partes do livro se cumpriram parcialmente, como nas sete Igrejas da Ásia menor. Por outro lado,
cada uma delas tipifica períodos inteiros da história da Igreja conforme os que a interpretam
historicamente.
Todavia, os eventos mais importantes do livro não encontram paralelos na história. Veja o caso de
Israel. Há cem anos ninguém imaginaria que a nação seria restaurada como aconteceu em 1948. Em 1967,
por ocasião da guerra dos seis dias, Israel conquistou Jerusalém que voltou a ser capital do povo judeu.
Todos esses eventos obrigaram os livros de escatologia a serem reescritos. Há cem anos não havia como
entender a profecia de Daniel: o anticristo fará uma aliança com Israel por sete anos. Como isso poderia se
concretizar se nem mesmo existia a nação de Israel no início do século XX? Hoje vemos que tudo isso é
possível, por isso cremos que a maior parte do livro ainda espera um cumprimento literal.

O estilo do livro
Um novo na fé pode concluir precipitadamente que o livro tem símbolos em demasia, e, por isso,
seja de difícil entendimento. Mas não há tanta dificuldade como se pensa.
Apocalipse não é um livro complicado nem incompreensível, apesar dos muitos símbolos nele
presentes. De fato, Apocalipse é um livro único no Novo Testamento, muito parecido com outros dois do
Velho Testamento, Daniel e Zacarias. No Novo Testamento, Apocalipse é único porque realmente é cheio
de cenas extraordinárias com seres viventes, trombetas e taças, bestas terríveis, feras com dez chifres e
anjos incríveis. São coisas que nos deixam perplexos. Mas não se deixe enredar pelo engano maligno. Na
verdade, o livro não é tão complicado como parece, nem tão cheio de símbolos.
Apocalipse apresenta aproximadamente 30 símbolos. A metade deles é revelada pelo próprio livro e
a outra metade está presente em outros livros da Bíblia como Daniel e Zacarias, que nos esclarecem o
sentido. Veja o verso 12 do primeiro capítulo: "Voltei-me para ver quem falava comigo e, voltado, vi sete
candeeiros de ouro e, no meio dos candeeiros, semelhante a filho de homem". Surge a cena: Jesus
caminhando por entre os candeeiros de ouro e você apressadamente conclui que não entende nada.

Contudo no verso 20: "Quanto ao mistério das sete estrelas que viste na minha mão direita e aos sete
candeeiros de ouro, as sete estrelas são os anjos das sete igrejas, e os sete candeeiros são as sete Igrejas".
Pois agora você entende! Os candeeiros são Igrejas e as estrelas são os líderes das Igrejas. O Senhor os está
apascentando e cuidando.
No capítulo quatro, verso cinco: "Do trono saem relâmpagos, vozes e trovões, e, diante do trono,
ardem sete tochas de fogo, que são os sete Espíritos de Deus". Pode-se ler e questionar: que fogo é esse? O
próprio texto explica que simboliza o Espírito Santo de Deus.
Símbolo é uma representação que, na maioria das vezes, não possui nenhuma ligação com a coisa
representada. Por exemplo, o cordeiro simboliza Jesus, mas Ele não é literalmente um cordeiro. Isto é um
símbolo. A mansidão do cordeiro pode simbolizá-lo. O Espírito Santo pode ser simbolizado pelo fogo,
pelo óleo ou pela pomba, mas Ele mesmo não é nenhuma dessas coisas. Às vezes, o símbolo tem alguma
relação com aquilo que representa, mas nem sempre. O importante é saber que todos os símbolos de
Apocalipse são explicados na própria Bíblia.
Leia o capitulo cinco, verso seis: "Então, vi, no meio do trono e dos quatro seres viventes e entre os
anciãos, de pé, um Cordeiro como tendo sido morto. Ele tinha sete chifres, bem como sete olhos, que são
os sete Espíritos de Deus enviados por toda a terra". O que são os sete olhos? São os sete Espíritos de Deus
que também são sete tochas.
Leia ainda o capitulo oito, verso três: "Veio outro anjo e ficou de pé junto ao altar, com um
incensário de ouro, e foi-lhe dado muito incenso para oferecê-lo com as orações de todos os santos sobre o
altar de ouro que se acha diante do trono". Aqui o incenso é a oração. O capitulo 12, verso nove diz: "E foi
expulso o grande dragão, a antiga serpente, que se chama diabo e Satanás, o sedutor de todo o mundo, sim,
foi atirado para a terra, e, com ele, os seus anjos". Quem é a serpente, o dragão? O texto mesmo responde:
o diabo. Avance agora para o capitulo 17, verso 12: "Os dez chifres que viste são dez reis, os quais ainda
não receberam reino, mas recebem autoridade como reis, com a besta, durante uma hora". O que são os dez
chifres? A solução está no próprio texto: são dez reis. João viu um animal, uma besta terrível que tinha dez
chifres, mas ele esclarece que esses chifres representam dez reis. Desta forma, você é capaz de entender o
que ele está dizendo. Apocalipse 17:15 revela: "Falou-me ainda: As águas que viste, onde a meretriz está
assentada, são povos, multidões, nações e línguas". Entende-se claramente o símbolo. As águas aqui
representam povos e nações, enquanto o verso 18 define quem é a mulher. Ali descobrimos que haverá
uma cidade que dominará sobre toda a terra. Essa cidade é representada por uma mulher. O próprio texto
nos esclarece.
Apocalipse menciona várias vezes a roupa de linho que é descrita no capitulo 19, verso oito. O texto
diz que o linho finíssimo são os atos de justiça. Rejeite o pensamento de que o Apocalipse é um livro
selado, misterioso, reservado apenas para os doutores. É a palavra de Deus que está aqui para a edificação
de todos os santos. É preciso lê-lo com atenção, porque na maior parte das vezes, quando propõe um
símbolo, ele mesmo revela o significado. Os símbolos estão presentes para esclarecer e não para
obscurecer o sentido do texto. Deus quer se comunicar e não esconder-se em mistério. Além desses
símbolos, o que se tem é a palavra de Deus clara e direta. Muitas vezes a cena descrita envolve anjos e
seres viventes, que deveriam ser entendidos como descrições reais.

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