Você está na página 1de 16

UNIVERSIDADE LICUNGO

FACULDADE DE LETRAS E HUMANIDADE


CURSO DE EDUCAÇÃO FÍSICA E DESPORTO

Degrasse Inácio Acácio

Possibilidade de a metafísica ser uma ciência segundo Kant


Relação entre o ente e o ser segundo Heidegger

Beira
2023
Degrasse Inácio Acácio

Possibilidade de a metafísica ser uma ciência segundo Kant


Relação entre o ente e o ser segundo Heidegger

Trabalho a ser apresentado ao Departamento de


Letras e Humanidade da Universidade Licungo,
Extensão da Beira, Curso de Licenciatura em
Ensino de Filosofia, para fins avaliativos na
Cadeira de Metafísica.

Orientador: Mcs. Cândido Pires

Beira
2023
Índice

Introdução...................................................................................................................................1

Objectivos...................................................................................................................................2

Objectivo geral:...........................................................................................................................2

Objectivos específicos:...............................................................................................................2

Metodologias...............................................................................................................................2

Conceitos iniciais........................................................................................................................3

Metafísica....................................................................................................................................3

Origem da palavra metafísica.....................................................................................................3

Possibilidade de a metafísica ser uma ciência segundo Kant.....................................................4

Relação entre o ente e o ser segundo Heidegger.........................................................................6

Conclusão..................................................................................................................................11

Referências Bibliográficas........................................................................................................12
Introdução
O presente trabalho tem como tema "a Possibilidade de a metafísica ser uma ciência
segundo Kant e Relação entre o ente e o ser segundo Heidegger".
A palavra metafísica teve a origem em Andrónico de Rodes no século I a.C. quando
arrumava as obras de Aristóteles, colocou os livros que tratam da chamada filosofia primeira
após os oito livros de física, dando então ao conjunto desses livros a designação de metafísica,
precisamente por se sucederem aos da física. Actualmente o termo metafísica significa o
estudo que se ocupa do que está para além ou detrás do ser físico enquanto tal, ou seja, o ser
suprassensível.
A metafísica procura uma explicação e um sentido abrangentes e absolutos da
realidade, debruçando-se sobre o ser em si, a natureza ou a essência das coisas, os últimos
fundamentos e causas de toda a realidade.
Os escolásticos dividiram a metafísica em geral e especifica conforme o esquema:
Metafisica geral: ontologia- ser em geral e Metafísica especial: cosmologia (mundo),
psicologia (alma) e Teologia natural (Deus).
Os assuntos abordados pela metafísica sofreram duras criticas pelos positivistas e
neopositivista pois consideravam como único conhecimento legitimo aquele que se obtém
através da observação e da experiencia, pelo que as proposições da metafísica são desprovidas
de significado.
Há inclusive alguns filósofos contemporâneos (Kant, Marx..) que assumem o fim da
metafísica. Em substituição propuseram a hermenêutica, disciplina que tem por objecto a
interpretação de textos (principalmente as sagradas escrituras) envolvendo um conjunto de
técnicas que nos permitem decifrar o sentido.
Hans-Georg Gadameer de fende que a função da linguagem é a revelação do mundo
(constituído por tudo aquilo que faz parte da nossa experiencia). Acrescenta que a nossa
maneira de ser e estar no mundo se baseia ns; experiencia e também na compreensão, a
filosofia sugere-nos a hermenêutica.
Com Nietzsche e Heidegger poe em causa a metafísica ao considerarem o ser já não é
encarado como algo em si. Pois não há coisa em si mesmas independentes da interpretação e
da linguagem.

1
Objectivos

Objectivo geral:
 Compreender a Possibilidade de a metafísica ser uma ciência segundo Kant.

Objectivos específicos:
 Conceituar a Metafísica;
 Destacar a Metafísica como ciência segundo Kant;
 Descrever a Relação entre o ente e o ser segundo Heidegger.

Metodologias
A realização do presente trabalho, consistiu na leitura de varais obras `que tem haver
com a metafisica medieval. Usou- se como técnica de procedimento a consulta bibliográfica.

Em suma o Método Bibliográfico que segundo Lakactos (1992, p.44), "o método
bibliográfico é um método mais utilizado, sistemático, controlado e crítico que permite
descobrir novos factos, dados ou leis e qualquer tipo de conhecimento".

Mais do que isso, o método ajudou o autor deste trabalho na exploração das várias
teorias que sustentaram cientificamente tópicos relacionados as questões que constam no
trabalho.
Conceitos iniciais
Metafísica
Metafisica é a área que estuda e tenta explicar as principais questões do pensamento
filosófico, como a existência do ser, a causa e o sentido da realidade e ainda os aspectos
ligados a natureza. A metafisica serve de base para o conhecimento de todas as ciências, pois
busca compreender a origem de tudo, inclusive tenta entender a existência sobre Deus e a
alma.

Origem da palavra metafísica

A palavra metafisica vem do grego metàphysis, que significa “ além da física” ou “


além da natureza”. Os primeiros estudos sobre essa linha do conhecimento foram iniciados
por Aristóteles.
A metafísica teve a origem em Andrónico de Rodes no século I a.C. quando arrumava
as obras de Aristóteles, colocou os livros que tratam da chamada filosofia primeira após os
oito livros de física, dando então ao conjunto desses livros a designação de metafísica,
precisamente por se sucederem aos da física. Actualmente o termo metafísica significa o
estudo que se ocupa do que está para além ou detrás do ser físico enquanto tal, ou seja, o ser
supra-sensível.
A metafísica procura uma explicação e um sentido abrangentes e absolutos da
realidade, debruçando-se sobre o ser em si, a natureza ou a essência das coisas, os últimos
fundamentos e causas de toda a realidade.
Os escolásticos dividiram a metafísica em geral e especifica conforme o esquema:

Metafísica geral – Ontologia – ser em geral


Metafísica
Cosmologia- mundo
Metafísica especial Psicologia- alma
Teologia Natural
Os assuntos abordados pela metafísica sofreram duras criticas pelos positivistas e
neopositivista pois consideravam como único conhecimento legitimo aquele que se obtém
através da observação e da experiencia, pelo que as proposições da metafísica são desprovidas
de significado.
Há inclusive alguns filósofos contemporâneos (Kant, Marx..) que assumem o fim da
metafísica. Em substituição propuseram a hermenêutica, disciplina que tem por objecto a
3
interpretação de textos (principalmente as sagradas escrituras) envolvendo um conjunto de
técnicas que nos permitem decifrar o sentido.
Hans-Georg Gadameer de fende que a função da linguagem é a revelação do mundo
(constituído por tudo aquilo que faz parte da nossa experiencia). Acrescenta que a nossa
maneira de ser e estar no mundo se baseia ns; experiencia e também na compreensão, a
filosofia sugere-nos a hermenêutica.
Com Nietzsche e Heidegger poe em causa a metafísica ao considerarem o ser já não é
encarado como algo em si. Pois não há coisa em si mesmas independentes da interpretação e
da linguagem.

Possibilidade de a metafísica ser uma ciência segundo Kant


Foi Immanuel Kant quem primeiro perguntou “Como é a metafísica possível?” 1 Mas
Kant supunha que o objecto de estudo da metafísica consistia em verdades sintéticas a priori,
e desde então que duvidamos se há ou não tal classe de verdades, sobretudo porque a
distinção analítico/sintético se tornou ela própria duvidosa, depois do ataque que W. V. Quine
lhe dirigiu.
A distinção a priori/a posteriori, por outro lado, ainda é levada a sério e foi na verdade
revitalizada pelo trabalho de Saul Kripke.
Mas também o trabalho de Kripke compromete as suposições epistemológicas de
Kant, ao sugerir que nem as verdades necessárias têm de ser a priori nem as verdades
contingentes têm de ser a posteriori.
À luz destas reconcepções, tem de se reiterar e até compreender diferentemente a
questão de Kant: “Como é a metafísica possível?” Mas a questão é tão premente para nós
como foi para Kant. A metafísica está sob ataque de muitos lados, tanto do interior das hostes
dos filósofos como de diversas forças externas. Apesar destes ataques, a metafísica tem até
certo ponto gozado de um ressurgimento entre os chamados “filósofos analíticos”, depois de
um período estéril durante o qual prevaleceram primeiro o positivismo lógico e depois a
filosofia da linguagem comum, ambas hostis à especulação metafísica.
Kant demonstra o que a metafísica não pode ser (uma ciência) para mostrar o que ela
pode ser (uma fé ou crença racional).
Em Kant, podemos falar de metafísica em sentido amplo e em sentido estrito. O
primeiro é composto por uma parte crítica (responsável por realizar a crítica da razão) e por
um sistema da razão pura (ciência do conhecimento racional a priori constituído através de
conceitos).
Partindo do conceito de ciência como o estudo das causas e princípios de coisas, seres
e fenômenos, o filósofo define a metafísica como a ciência mais elevada, pois ela se ocupa de
estudar causas e princípios últimos de toda a realidade, todos os seres, sem restrição.
Kant distingue o conhecimento sistemático conforme princípios a priori do mero saber
mediante princípios empíricos e argumenta que somente o primeiro pode ser considerado
ciência genuína, no sentido estrito do termo.
Kant acha uma possível saída para essas dificuldades encontradas formulando a
seguinte solução: como não podem ser conhecidos, os objetos metafísicos somente devem ser
pensados. Dessa forma, ele mostra que na metafísica não é possível se chegar a juízos
sintéticos a priori.

Segundo Kant primeiro que são apenas os juízos sintéticos que podem dizer algo
sobre a coisa que não esteja contido em seu conceito e, segundo, que toda ciência prática
(medicina, química, biologia, etc) só tem um uso para os seres humanos quando desenvolvem
juízos sintéticos.
Kant concebe que é a partir da experiência que se dará o início de todo o conhecimento. Num
primeiro momento, aquilo que se recebe pelos sentidos forma por si próprio representações no
intelecto do conhecedor. Diferentemente do que se pensa a primeira vista, apesar de todo o
conhecimento ter sua gênese na experiência, isto não significa dizer que todo ele origine-se da
mesma.

Depois de dada esta explicitação a respeito da relação entre experiência e


conhecimento, Kant apresenta os seguintes conceitos essenciais de sua filosofia: os
conhecimentos a priori e os a posteriori. O primeiro tipo, os conhecimentos a priori –
também designados juízos analíticos –, independem de qualquer experiência. Estes se
subdividem em: a priori (onde a proposição é pensada ao mesmo tempo que a sua
necessidade) e os apriori puros (são proposições necessárias e universais as quais nada de
empírico está mesclado). Já o segundo tipo, os conhecimentos a posteriori – que recebem
igualmente o nome de juízos sintéticos –, têm sua fonte na experiência. Sendo assim, entende-
se que este tipo de conhecimento somente se dá no espaço e no tempo, pois é empírico.

Ao que se vê, no pensamento kantiano há espaço para se pensar conhecimentos que


estão à parte das experiências. É a partir de então que Kant começa a questionar-se a respeito
dos objetos metafísicos: Deus, alma e mundo. Seria possível a metafísica como ciência,
5
entendendo-se esta como a preocupação pelo que é empírico e que trabalha com juízos
sintéticos a priori? Como conhecer estes objetos metafísicos se eles não estão submetidos
nem ao tempo nem ao espaço?

Uma condição necessária e fundamental para que a metafísica seja considerada ciência
é estar situada no tempo e no espaço. No entanto, isto é impossível ocorrer, pois seus objetos
não são experimentáveis. Num momento posterior a resposta a este questionamento passa a
ser a prioridade de Kant na "Crítica da Razão Pura". Para obter esta solução, encontra-se
diante da necessidade de tentar aplicar aos objetos metafísicos juízos sintéticos a priori, pois
estes objetos são necessários ao conhecimento prático.

Analisando mais a fundo a metafísica, Kant constata que esta é antes uma disposição
natural do ser humano e está impossibilitada de tornar-se uma ciência. Ela encontra-se
desvinculada de toda e qualquer experiência. E como é necessário intuição sensível e conceito
para que haja conhecimento, Kant vê que não se pode conhecer nem Deus, nem a alma, nem o
mundo, pois estes três objetos não são passíveis de intuição sensível, mas somente podem ser
formulados conceitos deles.

Kant acha uma possível saída para essas dificuldades encontradas formulando a
seguinte solução: como não podem ser conhecidos, os objetos metafísicos somente devem ser
pensados. Dessa forma, ele mostra que na metafísica não é possível se chegar a juízos
sintéticos a priori.

Deus, alma e mundo são conhecimentos que estão acima da experiência. Ao postular
isto, Kant consegue desvencilhar-se da metafísica tradicional, que na sua época tinha o rótulo
de ser um discurso vazio, sem realidade.

Conclui-se, portanto, que no pensamento kantiano há uma preocupação em se


demonstrar a existência dos objetos metafísicos. Isto se dá pela necessidade deles na vida
prática. Mesmo não tendo conseguido afirmar a metafísica como ciência, Kant a salvaguarda
ao formular a idéia de que ela pode ser pensada, mesmo não sendo conhecida. E este é o lugar
que o alemão encontra para a metafísica no seu pensamento.

Relação entre o ente e o ser segundo Heidegger


Martin Heidegger (1889-1976) foi um filósofo alemão que tratou sobre a existência
humana, a questão do ser, a linguagem, a fenomenologia e a experiência de mundo. Ele fez
uma leitura crítica da modernidade, contrapondo tanto os idealistas quanto os positivistas. Em
sua filosofia, ele retoma a questão do ser, questionando o sentido do ser, desenvolvendo uma
ontologia, ou seja, o estudo do ser enquanto ser. Ele criticou o positivismo, que entende que a
verdade só pode ser alcançada por meio da experiência objetiva, por instrumentos de medida;
e criticou o idealismo, que busca a verdade em algo que está além de nossa percepção
mundana.

Ao invés descrever o 'ser' por meio de conceitos abstratos ou por meio de medições
científicas, Heidegger buscou compreender o ser partindo do ser existente no mundo. Com
isso, contrapôs os valores da filosofia tradicional, desenvolvendo uma linguagem própria,
gerando novas compreensões e estabelecendo novos significados. Heidegger fez uma
distinção entre os termos "ser" e "ente". Para ele, o "ser" se refere ao fundamento da
existência e dos modos de existir; e o "ente" corresponde à existência concreta, ou, a realidade
humana, enquanto presença no mundo. Para que possamos compreender o "ser", precisamos
estudar o "ente", pois é este que manifesta concretamente as questões do "ser".

Desde a Grécia Antiga, o "ser" era entendido como coisa, essencial, atemporal, eterno
e imutável. Diferente dessa tradição, Heidegger propõe uma nova indagação sobre o "ser"
partindo da existência concreta, entendendo este como um participante do mundo, envolvido
com o mundo e com as coisas do mundo. Um conceito muito utilizado na filosofia de
Heidegger é o "Dasein", que costuma ser traduzido por "ser-aí", correspondendo ao ser
existente, que está aí concretamente no mundo e nas situações humanas, que se envolve na
vida cotidiana e prática; ao contrário da concepção de um ser meramente abstrato ou teórico.

As antigas concepções de um ser abstrato ou teórico não consideram a relação do


existente com o mundo, mas o entendem como algo separado, independente do mundo. Já o
"ser-aí", não é uma consciência separada do mundo, mas um ser que se percebe num mundo
que ele próprio não criou, mas onde se encontra inserido. Além da herança biológica, cada
pessoa recebe também toda uma herança cultural, que corresponde ao tempo e local onde
nasceu e vive. Este ser, que corresponde ao ser existente, está e se transforma no (e com o)
mundo, sendo então um constante vir-a-ser. Dasein é um ser de possibilidades, que se faz no
mundo, enquanto é também feito pelo mundo, numa relação dialética.

Deste modo, cada pessoa está condenada ao mundo, pois não há como se separar dele.
Não há como não "ser-no-mundo", pois toda pessoa se faz no (e com o) mundo.

7
Martin Heidegger elaborou um pensamento com importantes consequências para a
compreensão do ser humano. Sua descrição do homem como Dasein implica numa mudança
de paradigma que pretende superar a relação objetificadora que se instalou na civilização
ocidental, ou seja, na Metafísica.
Com Nietzsche e Heidegger poe em causa a metafísica ao considerarem o ser já não é
encarado como algo em si. Pois não há coisa em si mesmas independentes da interpretação e
da linguagem.

Heidegger fez uma distinção entre os termos "ser" e "ente". Para ele, o "ser" se refere
ao fundamento da existência e dos modos de existir; e o "ente" corresponde à existência
concreta, ou, a realidade humana, enquanto presença no mundo.
Ser é cada vez o ser de um ente. O todo do ente pode se tornar o campo em que se põem em
liberdade e se delimitam determinados domínios de coisa, segundo seus diversos âmbitos.
Domínios de coisa que de sua parte, por exemplo, história, natureza, espaço, vida, Dasein,
linguagem, etc.
Heidegger define como existência toda a amplitude das relações recíprocas entre esta
(existência) e ser, e entre esta e todos os entes; através de um ente, que ele julga privilegiado,
que é o homem. E complementa que, de acordo com esse significado, só o homem existe; que
outras “coisas” são, mas não existem.

Ser-no-mundo", é uma das características do "ser aí" (Dasein), na filosofia


de Heidegger, que entende o ser humano não como um mero organismo natural, neutro e
separado do mundo, mas como um ser que habita e convive no (e com o) mundo.
A questão sobre o ser aponta para as condições de possibilidade presente nas próprias
ontologias que antecedem e fundam as chamadas ciências ônticas.

Diante das ciências e da técnica, Heidegger defende a necessidade de resgatar


pensamento do ser como uma tarefa primordial da existência humana e que nos possibilita
fazer as perguntas em torno do sentido que os entes, o Ser em geral e nós mesmos possuímos.
Assumir o ser para a morte, porém, não significa pensar constantemente na morte e
sim encarar a morte como um problema que se manifesta na própria existência. Depois de
termos morrido não podemos mais sentir a morte. É um fato que a morte é algo que apenas
podemos experimentar indiretamente, no outro que morre.
A obra do filósofo alemão Martin Heidegger (18891976) é considerada um dos
importantes vetores que impulsionam a filosofia do século XX, fazendo uma reflexão sobre a
existência humana por meio de uma interrogação sobre o sentido do ser. Parte de uma crítica à
orientação metafísica do pensamento ocidental, questionando o próprio modo de ser e de
habitar o mundo, enfim, de conduzir a própria vida, com intuito primordial de compreender o
sentido da existência humana.

Heidegger (2012) propõe, em sua obra, uma análise existencial por meio de sua
ontologia fundamental. Para ele, ser é o conceito mais universal, já que está constantemente
presente em nossa lida cotidiana com o mundo, mas é simultaneamente o mais obscuro,
exigindo, portanto, discussão e reflexão, já que a compreensão de ser dada pela metafísica ao
longo da história sedimentou-se. O obscurecimento sobre a questão do ser se constituiu com o
modo como a questão foi colocada pela ontologia tradicional: ao se perguntar o que é o ser,
lançamos mão de uma compreensão prévia de ser no próprio interrogar. Na tradição filosófica
ocidental, o ser é concebido como simplesmente dado: visto que o ser se manifesta no ente,
vem sendo compreendido como um ente entre outros entes. Ao entificar o ser, o modo de
interrogar da tradição pressupõe nele um caráter de imutabilidade e de essência fixa passível
de ser encontrada ultrapassando-se a aparência. Tais pressuposições atribuem-lhe uma
substancialidade que restringe seu caráter acontecimental.

Ao refletir sobre esse modo de questionar, Heidegger (2012) aponta como as


interpretações prévias sobre o ser vão se impregnando na questão e propõe outro modo
interrogar: questionar o ser em seu sentido, que é primordial à compreensão das coisas em
nosso cotidiano. O indivíduo tem a capacidade de conhecer o ser, que não é uma coisa
fechada, padrão. A questão do ser põe em jogo duas dimensões: a ôntica, referente ao
horizonte de manifestação do ente, e a ontológica, referente ao horizonte das possibilidades de
ser de um ente (Heidegger, 2012).

Heidegger (2012), criando uma terminologia própria, busca compreender o sentido do


ser. Ele denomina o modo de ser do homem como Dasein, que significa ser-aí. Tal termo
busca colocar em evidência o modo como a questão do ser se apresenta para esse ente que nós
mesmos somos: diferentemente de outros entes, cujo ser reside na dimensão ontológica, em
nossa experiência o ser está "onticamente assinalado, pois para esse ente está em jogo em seu

9
ser esse ser ele mesmo" (p. 59)1. Assim, nosso modo próprio de ser consiste em tornar-se, vir
a ser o que se é, em uma relação íntima com o ser mesmo.

Simultaneamente, temos uma relação-de-ser com aquilo que viemos sendo, nos
entendemos em nosso ser nós mesmos e somos abertura para aquilo que estamos
sendo. Dasein é a palavra alemã utilizada para denominar ser humano, pressupõe presença
que engloba o indivíduo no conjunto, como existente humano. Evoca o processo de
constituição ontológica de homem, ser humano e humanidade e aponta para a indiferenciação
humana: somos no próprio movimento de realização de nossas possibilidades de ser.
Ontologicamente o homem se configura como passado, cotidiano, presente e possibilidades
futuras e, portanto, como um ser temporal que em essência se mostra como projeto,
possibilidade. Podemos ver em suas palavras:

O Dasein não é um subsistente que possui além disso como dote adjetivo o poder de
fazer algo, mas ele é primariamente ser-possível. O Dasein é cada vez o que ele pode ser e
como ele é sua possibilidade (...). (Heidegger, 2012, p. 409)

A presença, denominada de Dasein ou ser-aí, é privilegiada por possuir "em seu ser a
possibilidade de questionar" (Heidegger, 1999, p. 33) sobre o sentido do ser, de modo que
"Elaborar a questão do ser é tornar transparente um ente - o que questiona - em seu ser"
(Heidegger, (1999, p. 33) e, assim, é por meio da explicitação desse ente que nós mesmos
somos que Heidegger procura iluminar a questão do ser. Questionar corresponde ao plano
ontológico, também chamado existencial, que considera o indivíduo como ser-no-mundo,
relacionando-se com as pessoas do seu universo social, entes que Heidegger
denomina Dasein, e também com as coisas, denominadas entes simplesmente dados. De
acordo com Heidegger, existe outro plano, o plano ôntico, também denominado existenciário,
que compreende o que se manifesta entre as possibilidades ontológicas do ser e se refere ao
próprio ente do modo como se mostra.

O ser se mostra à existência humana imediata e concretamente - na própria dimensão


ôntica do Dasein, está presente a "determinidade de um entendimento-de-ser pré-ontológico"
(Heidegger, 2012, p. 63). Assim, o Dasein possui três precedências com relação à questão do
ser: a precedência ôntica, pois é "determinado em seu ser pela existência" ao realizar
possibilidades de ser; a precedência ontológica, pois ele "é em si mesmo ontológico", ou seja,
parte de uma indiferenciação e se constitui como um horizonte de possibilidades, e a
precedência ôntico-ontológica, pois pertence ao Dasein um entendimento-de-ser de todo ente,
possibilitando a própria ontologia. Sendo o Dasein o ente que questiona propriamente o
sentido do ser, é a partir da interrogação por esse ente que nós mesmos somos que a questão
do ser pode se desvelar.

11
Conclusão
Depois de realizar o trabalho conclui que a Metafisica é a área que estuda e tenta
explicar as principais questões do pensamento filosófico, como a existência do ser, a causa e o
sentido da realidade e ainda os aspectos ligados a natureza. A metafisica serve de base para o
conhecimento de todas as ciências, pois busca compreender a origem de tudo, inclusive tenta
entender a existência sobre Deus e a alma.
Kant demonstra o que a metafísica não pode ser (uma ciência) para mostrar o que ela
pode ser (uma fé ou crença racional).
Kant, em sua Crítica da Razão Pura, toma para si a tarefa de colocar a metafísica no
caminho seguro da ciência. Era preciso, segundo Kant, não apenas seguir o modelo das outras
ciências, como a matemática e a física, e alterar o método pelo qual se fazia metafisica, mas
igualmente questionar a possibilidade da nossa capacidade cognitiva de conhecer os objetos
dessa ciência, objetos dados pela razão pura, a saber, Deus, a imortalidade da alma e a
liberdade, ou, em outras palavras, as unidades sintéticas incondicionadas de todas as
condições em geral. Para Kant, apenas com a razão pura teórica, é impossível, para nós,
conhecer o incondicionado, uma vez que sua natureza é pratica. Hegel, por sua vez, seguindo
os passos da revolução kantiana, pretendeu considerar o incondicionado não mais como algo
que transcende ao nosso conhecimento teórico e que deveria ser tomado como uma hipótese,
mas como algo que é imanente ao conhecimento e que deve ser puramente investigado, a
saber, o absoluto. Era preciso redefinir a noção de ciência da perspectiva filosófica e, a partir
disso, reformular seu método. O objetivo deste trabalho é, então, investigar como, nestes
termos, Hegel reformula o problema do incondicionado e, assim, da própria metafísica.
Referências Bibliográficas
ABRÃO, Bernadette (2004). História da Filosofia. São Paulo: Nova Cultural Ltda. (Coleção
Os Pensadores).

FRANCA, Leonel. (1990). Noções de História da Filosofia. 24ª ed. Rio de Janeiro: Agir.

HEIDEGGER, Martin. (2005). Ser e Tempo. 14ª ed. Rio de Janeiro: Vozes.

MARCONDES, Danilo. (2006). Iniciação á Historia da Filosofia: dos Pré-Socráticos a


Wittgenstein. 9a ed. São Paulo: Jorge Zahar.

MONDIN, Battista. (1977). Curso de Filosofia. 6a ed. São Paulo: Paulus.

SCHUTZ, Duane; SCHULTZ, Sydney. (1992). História da Psicologia Moderna. 16ª ed. São
Paulo: Cultrix.

STEIN, Ernildo. Martin Heidegger (2005): conferências e escritos filosóficos. São Paulo:
Nova Cultural Ltda. (Coleção Os Pensadores).
KANT, Immanuel. (Seção VII 25, p.33.). Crítica da Razão Pura., (Os Pensadores)

https://www.ex-isto.com/2018/06/dasein-ser-ai.html

13

Você também pode gostar