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Fichamento
METAFÍSICA. In: FERRATER MORA, José. Dicionário de Filosofia. Tomo III. 2ª ed. São
Paulo: Edições Loyola, 2004, p. 1943-1950
Dado por Andrônico de Rodes, o nome Metafísica designa-se aos livros de Aristóteles,
chamados por ele de Filosofia Primeira e que foram colocados após os oito livros de
Física, ou seja, aquilo que está após a Física.
O objeto da Filosofia Primeira, a Metafísica, é a busca pelo saber daquilo que está para
além dos estudos da Física.
Para Aristóteles, a Metafísica é a única ciência que estuda o ente enquanto ente, “os
primeiros princípios e as causas mais elevadas”, diferente das ciências particulares que
só se debruçam em alguma parte do ente em questão.
Alguns problemas relativos ao objeto de estudos da Metafísica. Como ela se ocupa do
ser enquanto ser, de algo superior na ordem do que é, esse “ser superior” pode ser
compreendido de outras duas formas: estudo formal (formalidades ou Ontologia), ou
estudo da substância separada e imóvel (primeiro motor).
Segundo os escolásticos, sobretudo para Santo Tomás, a prima philosophia é a ciência
da verdade, origem de toda verdade, pois “pertence ao primeiro princípio pelo qual todas
as coisas são”.
Tratando a Metafísica do ser, “que é convertível com a verdade”, e sendo Deus a origem
de toda verdade, o Aquinate dirá que Deus é também objeto dessa ciência.
Assim, a Metafísica não trata apenas do “ser mais real”, mas também do “ente em
comum e do primeiro ente, separado da matéria”.
Temos ainda dois modos de considerar a Metafísica: o primeiro com um conteúdo
teológico, dado pela revelação e não propriamente pela própria Metafísica; e ainda a
ciência do ente (ens), como aquele que cai primeiramente sob o entendimento;
Segundo S. Tomás, há entre a Teologia e Filosofia uma espécie de acordo fundamental,
onde a Filosofia permanece sendo subordinada à revelação, mantendo ainda sua “razão
própria”.
Estudando ainda a natureza da Metafísica, Tomás diz ainda que, “alguns objetos de
ciência independentes da matéria em seu ser, pois ou existem sempre sem matéria (como
FACULDADE DE SÃO BENTO DO RIO DE JANEIRO
Bacharelado em Filosofia – 2023.1
Prof.: D. Tomás Peres, OSB – Metafísica I
Aluno.: Gabriel Henrique Teixeira Caldas
Assim, Suárez entende-a como ciência primaria na ordem do saber e última na ordem
da aprendizagem.
A Metafísica na modernidade rompe, muitas vezes, com toda tradição vista antes, não
sendo considerada, em geral, como ciência e sem possibilidades de ser e, diversos
pensadores irão dissertar acerca disso.
Francis Bacon conceitua-a como “ciência das causas formais e finais”, contrapondo-se
à física que trata de causas materiais e eficientes.
Já para René Descartes, “a Metafísica é uma prima philosophia que aborda questões
como ‘a existência de Deus e a distinção real entre a alma e o corpo do homem’”.
Na época moderna, portanto, ela só se torna possível de ser considerada como ciência
quando está apoiada em uma verdade inquestionável, por onde se pode chegar “as
verdades eternas”. Dessa maneira, continua sendo uma ciência do transcendente, se
apoiando “na absoluta imediaticidade e imanência do eu pensante”.
Contudo, muitos outros pensadores recusaram o conhecimento metafísico e de toda
realidade que fosse transcendente.
“não há metafísica, porque não há objeto de que essa pretensa ciência possa ocupar-se”.
Por outro lado, desde alguns escolásticos até Suárez, Fonseca e outros, procurou-se, de
certa forma, trazer uma “formalização” da Metafísica. Com isso, buscou-se “abordar as
questões metafísicas como questões acerca de conceitos básicos tratados formalmente”.
Essa busca tornou-se ainda mais latente durante o séc. XVII e início do XVIII.
Ainda nesse período, outros pensadores ousaram a estudar a Metafísica e tentar
correlacioná-la e distingui-las com outras ciências. Como exemplo, com a Lógica e a
Ontologia. Segundo Johannes Clauberg, tanto a Metafísica quanto a Lógica, são
consideradas como “disciplinae primae”, porém, se distanciam por conta de seus
objetos de estudo. Enquanto a Metafísica “sabe tudo”, a Lógica “Não sabe nada”; Já a
Ontologia, também pode ser comparada e é conhecida como philosophia prima,
ocupando do ente geral.
“Metafísica como Ontologia não era ciência de nenhum ente determinado, mas podia
dividir-se em certos ramos (como a Teologia, a Cosmologia e a Psicologia racionais)
que se ocupavam de entes determinados, embora num sentido muito geral e como
princípio de estudo desses entes; isto é, num sentido metafísico”.
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Prof.: D. Tomás Peres, OSB – Metafísica I
Aluno.: Gabriel Henrique Teixeira Caldas