uma relação de discussão. A filosofia da matemática oferece um bom
uma disciplina com os mesmos títulos que estas; e rejeição da metafísica exemplo de como esta situação pode ocorrer até mesmo no seio da mo sob a alegação de não ser científica ou até absurda. Dentre os filósofos derna pesquisa fundamental. Muitos matemáticos admitem (ou até se que têm uma posição afirmativa em relação à metafísica, podemos tam orgulham disso) que não entendem os argumentos do chamado intui bém distinguir os que partem de uma base empírica ou para os quais cionismo matemático contra o modo de pensar tradicional da matemá existe, ao menos, uma estreita relação entre juízos metafísicos e as pro tica, embora não exista nenhuma dúvida sobre quais métodos tradicio posições científicas, aqueles de acordo com os quais as investigações nais são admitidos e quais são rejeitados pelo intuicionismo. metafísicas devem ser efetuadas estritamente a priori e, conseqüente Teríamos uma situação da fase 3 se Carnap se encontrasse com mente, com total independência da pesquisa empírica individual, e, fi Hâberlin. A fase 4 seria característica para a relação entre a filosofia nalmente, aqueles para os quais a metafísica não pode apresentar-se analítica ou o empirismo moderno, por um lado, e as filosofias de Jaspers como ciência que pode ser fundamentada de maneira intersubjetiva, ou Heidegger, por outro lado. mas apenas como uma espécie de atividade filosófica não-científica. Talvez possa parecer pessimista, mas a verdade é que este processo A filosofia de Brentano comprova que não precisa haver neces é irreversível. A equivocidade da palavra "filosofia" só poderia ser re sariamente uma oposição entre empirismo e metafísica. De acordo com duzida se correntes filosóficas inteiras "morressem" definitivamente ( do a sua concepção, todos os conceitos têm uma origem empírica. Contudo, que, entretanto, não existem indícios) ou, então, caso se decidisse não , 1 existem para ele juízas aprioristicos da realidade. Por isso, não obstante mais denominar "filosofia" todas essas coisas heterogêneas mencionadas, 1 a sua base conceitua! empírica, conseguiu chegar a uma metafísica cien mas reservar a palavra para uma atividade de algum modo rigorosa tífica. Contrariamente a Kant, os conhecimentos apríorísticos não pres mente definida. Este último ponto seria muito desejável. Mas, enquanto supõem para ele nenhum conceito apriorístico. Além disso, considera não se chega a isso, uma orientação sobre a filosofia contemporânea só totalmente falha a interpretação idealístico-transcendental do conceito de pode ser uma orientação sobre coisas heterogêneas. conhecimento de Kant. Em Husserl encontramos uma interessante combinação do método 3. Perspectivas ontológico e do método filosófico-transcendental. De acordo com o seu pensamento, existe ontologia como ciência apriorística, isto é, por um Resta ainda dar algumas indicações sobre os problemas abordados lado a ontologia formal, a qual tem por objetivo o que é comum a todo pelos filósofos apresentados neste livro, como também sobre as suas po ser, e, por outro lado, as ontologias materiais, cujo tema é constituído sições em relação a esses problemas. por características determináveis a priori de certas áreas específicas, e que, por isso, precedem as respectivas ciências particulares. Mas para a) Metafísica e ontologia Husserl nenhuma das duas é a ciência dos últimos fundamentos. São :~:I apenas ciências inseridas entre as diversas ciências particulares e a dis A. expressão "metafísica" é, às vezes, empregada de modo a incluir 11 ciplina filosófica que serve propriamente de base: a filosofia transcen os tipos de afirmações sobre a realidade ( portanto, afirmações não-lógi- i dental, cujo objeto é a "consciência pura", à qual é relativo todo ser cas e não-matemáticas) que são de algum modo ';undamentáveis" sem, real e ideal. contudo, pertencerem ao âmbito de uma ciência objetiva específica. Nesta Concebida, por sua tendência, como continuação do pensamento de concepção ampla da expressão também a ontologia como ciência das Husserl, a ontologia fundamental de Heidegger deve preceder tanto a determinações mais gerais do ser entra sob o ,d,'.'omínio da metafísica. ontologia formal como as ontologias materiais. A sua função consiste Num conceito mais estrito de metafísica, pertencem ao=seu âmbito so na explicação do conceito do ser, sem a qual, de acordo com a opinião mente aquelas proposições que se referem a assuntos ' não-sensíveis de Heidegger, permanecem no ar todas as leis ontológicas e relações ("transcendentes"). Por razões de brevidade, empregaremos neste pano categoriais resultantes de investigações ontológicas. De acordo com ele, rama geral a expressão "metafísica" no sentido mais amplo da palavra. a relação com a filosofia transcendental está em que o problema do ser Em relação à possibilidade de uma metafísica, defrontamo-nos com os só pode ser colocado a partir da compreensão quotidiana que o homem dois pontos de vista radicalmente opostos: reconhecimento da metafí tem do ser. A investigação ontológica básica necessária por isso não sica como uma disciplina filosoficamente importante, isto é, como a dis começa, como se poderia esperar, com as generalidades mais abstratas, ciplina que está na base das diversas ciências ou, pelo menos, como mas com o mais concreto e imediato: o ser quotidiano do homem. A