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Prática de Ensino e Orientação

de Estágio Supervisionado em
Língua Portuguesa
Material Teórico
Os protagonistas do processo ensino/aprendizagem da Língua
Portuguesa

Responsável pelo Conteúdo:


Profa. Ms. Fátima Furlan

Revisão Textual:
Prof. Esp. Tiago Araújo Vieira
Os protagonistas do processo ensino/
aprendizagem da Língua Portuguesa

··Introdução
··O papel do professor de Língua Portuguesa
··Os alunos
··A escola
··O material didático
··O Plano de ensino

··Refletir sobre o papel do professor, aluno, escola, material didático e plano


de ensino no processo ensino/aprendizagem da Língua Portuguesa

Atenção
Recomendamos que você leia todo o material teórico, acesse os sites indicados, assista à
videoaula, ouça/leia a nossa apresentação narrada e nos presenteie com as suas valiosas
respostas nos fóruns.

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Introdução

“Onde quer que haja mulheres e homens, há sempre o que fazer, há sempre o que ensinar,
há sempre o que aprender.”
Paulo Freire

Vamos começar a nossa unidade refletindo sobre os protagonistas do processo ensino/


aprendizagem da Língua Portuguesa. Você se lembra do seu primeiro professor de português?
Lembra-se da primeira aula? Do primeiro assunto? Você acha que eu estou forçando a sua
memória? Tudo bem! Vou reformular as minhas perguntas. Você se lembra de algum professor
de português do ensino fundamental ou médio? Lembra-se de alguma aula de português? De
algum assunto?
Não sei se suas lembranças são positivas ou negativas. Na verdade, espero que sejam muito
positivas e que as suas experiências façam de você um professor ou professora de português
inesquecível, cujas aulas sejam aplicadas na vida de cada um de seus alunos e não apenas na escola.
Você sabe quais são os protagonistas do processo ensino/aprendizagem da Língua Portuguesa?
Um dos grandes protagonistas é a família que está inserida em uma sociedade cujo código
linguístico é a Língua Portuguesa. Embora seja muito importante e parceira, não trataremos
dela aqui.
Trataremos dos protagonistas que estão diretamente envolvidos com o ensino formal da
Língua Portuguesa. Vejamos quais são eles:
»» O professor
»» O aluno
»» A escola
»» O material didático
»» O plano de ensino

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Unidade: Os protagonistas do processo ensino/aprendizagem da Língua Portuguesa

O papel do professor de Língua Portuguesa

O carro-chefe do processo ensino/aprendizagem


da Língua Portuguesa é você, futuro PROFESSOR
DE PORTUGUÊS ou, simplesmente e
carinhosamente, “PRO”.
O aprendizado dos seus futuros alunos é de
sua responsabilidade e você deve certificar-se
de que as metas de aprendizado e métodos de
ensino estejam de acordo com o contexto no qual
Fonte: Thinkstock / Getty Images a sua escola está inserida.

Existem muitos recursos de ensino, mas o professor é o principal. De nada adianta tecnologia
de ponta, os melhores livros, recursos e escola, se não há comprometimento do professor, se ele
não se vê ou age como um dos protagonistas do processo de ensino/aprendizagem. O professor
do século XXI não é mais o guardião do saber, ele é o mediador e parceiro que precisa usar
todos os recursos disponíveis para envolver, conquistar e trazer o aluno para a sua disciplina.

Você já ouviu falar em Augusto Cury? Ele é psiquiatra, cientista e autor. É também diretor da
Academia de Inteligência, um instituto que promove o treinamento de psicólogos, educadores
e público em geral.

Augusto Cury, em um dos seus livros chamado Pais brilhantes, professores fascinantes,
apresenta os sete hábitos dos bons professores e dos professores fascinantes. Vou compartilhar
esses hábitos com você, pois é de suma importância que o futuro professor reflita sobre a sua
prática e exerça o seu papel social de educador fazendo a diferença na vida do aluno.

Vejamos então, segundo Augusto Cury (2003), os sete hábitos dos bons professores e dos
professores fascinantes:

1- Bons professores são eloquentes, professores fascinantes conhecem o funcionamento


da mente.

Bons professores têm uma boa cultura acadêmica e transmitem com segurança e eloquência
as informações em sala de aula. Os professores fascinantes ultrapassam essa meta. Eles
procuram conhecer o funcionamento da mente dos alunos para educar melhor. Para eles,
cada aluno não é mais um número na sala de aula, mas um ser humano complexo, com
necessidades peculiares.

2- Bons professores possuem metodologia, professores fascinantes possuem


sensibilidade.

Bons professores falam com a voz, professores fascinantes falam com os olhos. Bons
professores são didáticos, professores fascinantes vão além. Possuem sensibilidade para
falar ao coração dos seus alunos.

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3- Bons professores educam a inteligência lógica, professores fascinantes educam a
emoção.
Bons professores ensinam seus alunos a explorar o mundo em que estão, do imenso
espaço ao pequeno átomo. Professores fascinantes ensinam os alunos a explorar o mundo
que são, o seu próprio ser. Sua educação segue as notas da emoção.

4- Bons professores usam a memória como depósito de informações, professores


fascinantes usam-na como suporte da arte de pensar.
Bons professores usam a memória como armazém de informações, professores
fascinantes usam a memória como suporte da criatividade. Bons professores cumprem o
conteúdo programático das aulas, professores fascinantes também cumprem o conteúdo
programático, mas seu objetivo fundamental é ensinar os alunos a serem pensadores e
não repetidores de informações.

5 - Bons professores são mestres temporários, professores fascinantes são mestres


inesquecíveis.
Um bom professor é lembrado nos tempos de escola. Um professor fascinante é um mestre
inesquecível. Um bom professor procura os alunos, um professor fascinante é procurado
por eles. Um bom professor é admirado, um professor fascinante é amado. Um bom
professor se preocupa com as notas de seus alunos, um professor fascinante se preocupa
em transformá-los em engenheiros de ideias.

6- Bons professores corrigem comportamentos, professores fascinantes resolvem


conflitos em sala de aula.
Bons professores corrigem os comportamentos agressivos dos alunos. Professores
fascinantes resolvem conflitos em sala de aula.

7- Bons professores educam para uma profissão, professores fascinantes educam


para a vida.
Um bom professor educa seus alunos para uma profissão, um professor fascinante os
educa para a vida. Professores fascinantes são profissionais revolucionários. Ninguém
sabe avaliar o seu poder, nem eles mesmos. Eles mudam paradigmas, transformam o
destino de um povo e um sistema social sem armas, tão-somente por prepararem seus
alunos para a vida através do espetáculo das suas ideias.
O que você achou dos sete hábitos? Sonho ou realidade? Possível ou impossível? Acreditamos
que eles sejam possíveis no processo ensino-aprendizagem. De nada adianta ser doutor em
língua portuguesa e usar tecnologia de ponta, se o professor não enxergar o aluno. Pense nisso
quando for entrar em sala de aula, combinado?

Explore
Recomendamos a leitura na íntegra do livro:
CURY, Augusto. Pais brilhantes, professores fascinantes. Rio de Janeiro:
Sextante, 2003.

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Unidade: Os protagonistas do processo ensino/aprendizagem da Língua Portuguesa

Os alunos

Agora, vamos tratar da outra ponta do processo ensino-aprendizagem: os alunos. Que bom
seria se os nossos alunos pudessem ser programados para cada aula do ensino fundamental
e médio, não? Seria perfeito, o professor prepara e ministra a aula; os alunos assistem à aula,
fazem exercícios, respondem aos questionamentos e aprendem. Simples assim, não?
Na verdade, não é nem um pouco simples. Nossos alunos são únicos e trazem para a sala de aula
toda bagagem cultural, educação, experiência de vida, medos, alegrias e anseios. E nós estamos lá
na frente com a nossa aula preparada para o grupo e não para cada um deles. Difícil, não?
Talvez pelo desejo subconsciente de simplificar seu trabalho docente, o professor
tende, em geral, a considerar o corpo discente como uma massa homogênea
e indiferenciada. É possível que apenas três tipos de estudantes escapem desse
anonimato: o estudante brilhante, o badalador e o encrenqueiro. No jogo das
relações professor-aluno, com efeito, esses tipos de estudantes fornecem os
maiores prêmios e ameaças e, por conseguinte, chamam a atenção do professor.
(BORDENAVE & PEREIRA, 2005, p.59)

Existem as múltiplas inteligências e cada aluno aprende de maneira diferente, e é importante


que o professor olhe e trate seus alunos como pessoas singulares e adeque seus métodos
didáticos às diferenças individuais de cada um.
Em meio a tanta singularidade, cabe ao professor despertar nos alunos o interesse pela Língua
Portuguesa, mostrando sempre a importância do idioma para a vida social, escolar e profissional.
Sabemos que não é fácil conhecer todos os alunos, memorizar seus nomes, preparar atividades
individualizadas, dar conta do conteúdo programático e do calendário escolar. No entanto, só
conseguiremos trazer os alunos para a nossa aula e disciplina, se formos competentes o suficiente
para darmos conta do conteúdo, ou parte dele, em um ambiente repleto de significado, respeito
e educação.
Os problemas nas salas de aula são inúmeros, muitos alunos são difíceis e trazem de casa
sérios problemas familiares, mas quem deve ter maturidade e inteligência emocional para
administrar os conflitos e propiciar bons momentos de ensino-aprendizagem é você, futuro
professor de português.
Quando atuamos na área da educação, precisamos ficar atentos às inteligências múltiplas.
Cada ser humano aprende de uma maneira. Nos ensinos fundamental e médio, as Instituições
de ensino fornecem aos alunos diferentes disciplinas e, em tese, espera-se que eles desenvolvam
as inteligências que lhes são inerentes. No entanto, algumas delas são mais valorizadas no
período escolar e muitos alunos são rotulados quando não conseguem ter bons desempenhos
em determinadas áreas. Como já foi dito anteriormente, cada um aprende de uma maneira, e
tem uma inclinação para determinada área. É importante que os professores respeitem isso e
permitam desabrochar o que há de melhor em todo aluno.
A Teoria das Inteligências Múltiplas foi proposta por Howard Gardner (1985) como uma
alternativa para o conceito de inteligência como uma capacidade inata, geral e única, que
permite aos indivíduos um desempenho, maior ou menor, em qualquer área de atuação.

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Insatisfeito com essa ideia, Gardner redefiniu a inteligência à luz das origens biológicas da
habilidade para resolver problemas. Depois de muitos estudos e pesquisas, a Teoria de Gardner
apontou existência de 8 inteligências múltiplas:

1. Verbal/Linguística - A habilidade para brincar com as palavras, contar histórias, ler e


escrever. A pessoa com esse estilo de aprendizagem tem facilidade em recordar nomes,
lugares, datas e coisas semelhantes.

2. Lógica/Matemática – A capacidade para brincar com as questões, para o raciocínio


e pensamento indutivo e dedutivo, para o uso de números e resolução de problemas
matemáticos e lógicos.

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3. Visual/Espacial – Habilidade para visualizar objetos e dimensões espaciais, para criar


imagens internas. Esse tipo de pessoa adora desenhar, pintar, visitar exposições, visualizar
slides, vídeos e filmes...

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4. Somato-Quinestésica – Conhecimento do corpo e habilidade para controlar os


movimentos corporais. As pessoas com esse tipo de inteligência movem-se enquanto
falam, usam o corpo para expressar as suas ideias, gostam de dançar, de praticar desportos
e outras atividades motoras.

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Unidade: Os protagonistas do processo ensino/aprendizagem da Língua Portuguesa

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5. Musical/Rítmica – Habilidade para reconhecer sons e ritmos; trata-se de pessoas que


gostam de ouvir música, de cantar e até de tocar algum instrumento musical.

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6. Interpessoal – Capacidade de relacionamento interpessoal. São pessoas que estão sempre


rodeadas de amigos e gostam de conviver.

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7. Intrapessoal – Autorreflexão, metacognição e consciência das realidades espirituais. São
pessoas que preferem estar sozinhas e pouco dadas a convívios.

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8) Naturalista – Alta sensibilidade para as questões ambientais. São pessoas com elevado
interesse pelas ciências da natureza e particular dom para lidar com plantas e animais.

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Você, futuro professor de português, pode explorar todas essas inteligências em suas aulas.
Portanto, use sem moderação!

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Unidade: Os protagonistas do processo ensino/aprendizagem da Língua Portuguesa

Quer saber mais sobre Howard Gardner e a sua Teoria das Inteligências Múltiplas?
Então, acesse os sites abaixo:
• http://www2.uol.com.br/vivermente/reportagens/multiplas_inteligencias.html
Acesso em 30/09/14
• http://www.homemdemello.com.br/psicologia/intelmult.html
Acesso em 30/09/14

A escola

Fonte: Thinkstock / Getty Images

De um lado, o professor, do outro, o aluno; e entre os dois, a escola. A academia do


conhecimento, o local onde os alunos passam longos anos de suas vidas.
Antes de falarmos um pouco mais sobre a escola, vamos ler um poema de Paulo Freire sobre ela:

A escola é
... o lugar que se faz amigos.
Não se trata só de prédios, salas, quadros,
Programas, horários, conceitos...
Escola é, sobretudo, gente
Gente que trabalha, que estuda
Que alegra, se conhece, se estima.
O Diretor é gente,
O coordenador é gente,

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O professor é gente,
O aluno é gente,
Cada funcionário é gente.
E a escola será cada vez melhor
Na medida em que cada um se comporte
Como colega, amigo, irmão.
Nada de “ilha cercada de gente por todos os lados”
Nada de conviver com as pessoas e depois,
Descobrir que não tem amizade a ninguém.
Nada de ser como tijolo que forma a parede, Indiferente, frio, só.
Importante na escola não é só estudar, não é só trabalhar,
É também criar laços de amizade, É criar ambiente de camaradagem,
É conviver, é se “amarrar nela”!
Ora é lógico...
Numa escola assim vai ser fácil! Estudar, trabalhar, crescer,
Fazer amigos, educar-se, ser feliz.
É por aqui que podemos começar a melhorar o mundo.
(Paulo Freire)

Viu como é possível encontrar poesia na escola? Paulo Freire encontrou e ele não deve ser o
único a perceber que esse espaço, além de ser o do ensino formal e do conhecimento científico,
é também um ambiente de socialização, de trocas, de amizade e de felicidade.

Futuro professor (a), mesmo que na sua trajetória, você não encontre a melhor escola, a mais
perfeita, com a melhor tecnologia ou o melhor salário; ainda assim é possível fazer desse espaço um
ambiente especial para que seus alunos sejam, de fato, letrados e agentes do próprio aprendizado.

Quer saber mais sobre a escola? Siga os links abaixo e aprecie sem moderação.
http://noticias.terra.com.br/educacao/o-que-significa-a-escola-na-vida-do-adolesce
nte,3608ef80d96ea310VgnCLD200000bbcceb0aRCRD.html Acesso em 01/10/14.
http://www.publico.pt/temas/jornal/quando-a-escola-deixar-de-ser-uma-fabrica-de-
alunos-27008265 Acesso em 01/10/14.
http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/aescola.pdf Acesso em 01/10/14.

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Unidade: Os protagonistas do processo ensino/aprendizagem da Língua Portuguesa

O material didático

Material didático é o conjunto de instrumentos que serve para mediar, enriquecer e


diversificar o processo de ensino/aprendizado da Língua Portuguesa. Em suas aulas, o professor
de português pode utilizar:
»» livros;
»» apostilas;

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»» revistas;
»» jornais;
»» gibis;
»» textos avulsos;
»» jogos;
»» música;
»» filmes;
»» poesia;
»» embalagens;
»» internet;
»» sites;
»» etc..

Nesta unidade, trataremos especificamente do livro didático, que é um dos principais materiais
utilizados pelas instituições de ensino.
O livro didático foi considerado durante muito tempo o vilão da história, mas na verdade
por pior, ou melhor, que seja o livro, os alunos do Ensino Fundamental e Ensino Médio não
aprenderão sozinhos. Quem vai fazer a diferença é o professor.

Muitos professores assumem que o autor do livro didático sabe mais do que ele e por falta de
tempo, não analisam o livro minuciosamente antes de adotá-lo.

O processo de escolha do livro precisa partir da análise do contexto social no qual a escola está
inserida. O conteúdo utilizado como suporte para mediar o processo de ensino/aprendizagem
deve fazer sentido ao aluno, caso contrário não haverá interesse, motivação e entrega.

O Ministério da Educação e Cultura elaborou os Parâmetros Curriculares Nacionais que, a


partir de 1997 para o Ensino Fundamental (Brasil, 1998) e 1999 para o Ensino Médio (Brasil,
1999), apresentam muitos objetivos e algumas sugestões para o ensino da língua portuguesa,
com fundamentos na concepção interacionista de linguagem.

A partir de tais sugestões e objetivos, o material didático de modo geral passou a contemplar
as orientações dos PCN em maior ou menor grau.

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É possível observar que em muitos livros existe a preocupação em fazer com
que o aluno:

»» amplie, progressivamente, o conjunto de conhecimentos discursivos, semânticos e


gramaticais envolvidos na construção dos sentidos do texto;

»» reconheça a contribuição complementar dos elementos não verbais (gestos, expressões


faciais, postura corporal);

»» utilize a linguagem escrita, quando for necessário, como apoio para registro,
documentação e análise;

»» amplie a capacidade de reconhecer as intenções do enunciador, sendo capaz de aderir


ou recusar às posições ideológicas sustentadas em seu discurso;

»» saiba selecionar textos segundo seu interesse e necessidade;

»» leia, de maneira autônoma, textos de gêneros e temas com os quais tenha construído
familiaridade;

»» seja receptivo a textos que rompam com seu universo de expectativas, por meio de
leituras desafiadoras para sua condição atual, apoiando-se em marcas formais do
próprio texto ou em orientações oferecidas pelo professor.

De modo geral o conteúdo que acabamos de apresentar pode servir de orientação para a
escolha do livro didático, mas se você quiser saber mais sobre essa escolha, recomendamos que
siga os links abaixo:

1) O livro didático e a formação de professores


• http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/vol1b.pdf - Acesso em 03/10/2014

2) O livro didático como instrumento mediador no processo de ensino-aprendizagem de


língua portuguesa: a produção de textos
• http://www.scielo.br/pdf/rbla/v11n1/v11n1a08.pdf - Acesso em 03/10/2014

O Plano de Ensino

O nosso próximo assunto é o plano de ensino. Você saberia defini-lo? Pois bem, vejamos a
sua definição:
Plano de ensino é um direcionamento metódico e sistemático das atividades que serão
realizadas durante o ano letivo.
Quando o professor assume uma disciplina, ele precisa decidir sobre os objetivos a serem
alcançados pelos alunos, o conteúdo programático, as estratégias de ensino, os recursos adotados
para motivar e facilitar a aprendizagem, os critérios de avaliação etc.

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Unidade: Os protagonistas do processo ensino/aprendizagem da Língua Portuguesa

Essas decisões fazem parte do plano de ensino que é essencial tanto para o sucesso do
trabalho docente quanto para o aprendizado dos alunos.
Antes de preparar o plano de ensino, o professor, além de seguir as orientações da escola,
deve analisar o contexto no qual se insere a sua disciplina. Por exemplo, é necessário observar
as necessidades e as expectativas dos alunos, a importância social da disciplina e recursos
disponíveis para que o plano seja cumprido.
A partir dessa análise, o professor define objetivos, conteúdo, estratégias e recursos de
ensino e avaliação.
À medida que as aulas se realizam, o professor pode observar se o seu plano está atendendo
às necessidades e expectativas dos alunos. Caso a resposta seja negativa, se faz necessário
alguns ajustes no plano. Observe então que, de certa forma, os alunos são coparticipantes do
processo de sua elaboração.

Segundo Gil (2007), o plano de ensino deve:


a. relacionar-se intimamente com o plano curricular de modo a garantir coerência
com a curso;
b. adaptar-se às necessidades, capacidades e interesses do aluno;
c. ser elaborado a partir de objetivos realistas, levando em consideração os meios para
alcançá-los;
d. envolver conteúdos que efetivamente constituem meios para o alcance dos objetivos;
e. prever tempo suficiente para garantir a assimilação dos conteúdos pelos alunos;
f. ser suficientemente flexível para possibilitar o seu ajustamento a situações que não
foram previstas;
g. possibilitar a avaliação objetiva de sua eficácia.

Não existe um modelo rígido de plano de ensino. É importante que você siga as orientações
da sua escola, mas de modo geral ele deve conter:
»» Identificação: nome da disciplina, curso, nome do professor, série, ano letivo e
carga horária;

»» Ementa: é uma apresentação breve das ideias gerais que serão abordadas ao longo da
disciplina. A redação da ementa deve se iniciar com substantivos.

»» Substantivos sugeridos: estudo, análise, compreensão, entendimento, conceituação,


introdução, preparação, operacionalização, desenvolvimento, elaboração, produção,
entre outros.

»» Objetivos: são os elementos centrais do plano, de onde derivam os demais. É comum


classificar os objetivos em gerais e específicos. Os objetivos gerais referem-se àquilo que
o aluno será capaz de fazer após a conclusão da disciplina em determinado ano letivo.
Os específicos são intermediários e são utilizados para identificar o que se espera do
aluno ao final de uma unidade, por exemplo.

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Os objetivos, além de serem expressos por frases iniciadas por verbos, também podem ser
separados em: cognitivos, de habilidades e de atitudes.

Os objetivos cognitivos começam com verbos como refletir, aprender, adquirir conhecimento,
apropriar-se de conceitos etc..

Os objetivos de habilidades começam com verbos procedimentais, tais como: relacionar,


sintetizar, ler e redigir, comparar, organizar, analisar, reescrever, avaliar etc.

Os objetivos de atitudes podem iniciar-se com os verbos: valorizar, interessar-se, responsabilizar-


se etc..

»» Conteúdo: o conteúdo está diretamente relacionado às unidades do livro didático.


As unidades são divididas ao longo do ano, de modo que todo o conteúdo proposto
seja contemplado.

»» Estratégias de aprendizagem: Nas estratégias, o professor esclarece sobre os


procedimentos que serão realizados para facilitar a aprendizagem, por exemplo, aulas
expositivas, realização de exercícios, dramatização, jogral etc..

»» Recursos: são os instrumentos necessários para o desenvolvimento da disciplina que


vão desde os mais simples, como lousa e giz até os mais complexos, como data show e
lousa eletrônica, por exemplo.

»» Avaliação: mede o alcance dos objetivos propostos por meio de provas objetivas,
dissertativas, práticas ou por meio da participação oral e escrita. Antes de elaborar ou
fazer qualquer avaliação, é importante que o professor considere o sistema vigente na
escola onde leciona.

»» Bibliografia: É a relação de livros que podem ser consultados para se saber mais sobre
a disciplina. Ela pode ser básica e complementar. A básica, é aquela que o professor
tem como norte para as suas sequências didáticas; a complementar, é a que traz um
conteúdo adicional para enriquecer a proposta de ensino.

Em meio a tanta tecnologia, é importante que o professor não ignore os inúmeros sites e
e-books que podem tornar o aprendizado ainda mais interessante.
Vejamos agora um modelo de plano de ensino:

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Unidade: Os protagonistas do processo ensino/aprendizagem da Língua Portuguesa

PLANO DE ENSINO
Curso: Ensino Médio - Supletivo
Disciplina: Língua Portuguesa
Semestre: 1º C/H: 4 C/H semetral: 80
Professor
Responsável:
Ementa
Exploração dos aspectos linguístico–gramático–discursivos, focando especificamente o uso
da língua, as estratégias de leitura, a articulação dos parágrafos nos textos e os aspectos da
coerência e da coesão, inserindo, ainda, temas políticos, sociais e econômicos contemporâneos,
aderentes à área específica da carreira.
Objetivos
Cognitivos: Aprender as competências para o uso da língua escrita e falada, as habilidades e
estratégias de leitura e o uso de coerência e coesão nos textos escritos.
Habilidades: Relacionar a linguagem às suas diversas situações de uso e manifestações.
Atitudes: Responsabilizar-se pela importância social da língua portuguesa e utilizá-la como um
instrumento de marketing pessoal e ascensão profissional.

Unidade C.H Conteúdo


Língua, Linguagem, Níveis de linguagem e Variação
Linguística
I 8
Texto: Questões ligadas ao ensino da gramática - Maria
Helena de Moura Neves
Coesão
II 8
Gramática de uso: Os porquês
Coerência
III 8
Gramática de uso: Há / A- Mau/mal
Interpretação de enunciados – Verbos de comando
IV 8
Gramática de uso: A fim de/Afim – Mas, más, mais
Paragrafação: a estrutura do parágrafo e o tópico frasal
V 16
Gramática de uso: Onde/aonde – Este/esse/aquele
Análise Textual – Identificação da ideia central, do objetivo
VI 16 do autor, dos argumentos, da conclusão.
Gramática de uso: Concordância nominal e verbal
Resumo
VII 8
Gramática de uso: Homônimos e Parônimos
Resenha
VIII 8
Gramática de uso: Nova Ortografia

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Estratégias de Ensino

Aulas expositivas, trabalhos individuais e em grupo, leitura e produção de textos diversos,


atividades diversificadas, reescrita de textos dos alunos.

Avaliação

Avaliação contínua, tendo como possíveis instrumentos:


Produção textual; Análise de textos; Reescrita de produção textual; realização de atividades
diversas, avaliação única, individual e escrita, tendo em vista conteúdos de leitura e de
produção de texto. As avaliações serão, sempre, a critério do professor.

Bibliografia Básica

BOAVENTURA, Edivaldo. Como ordenar as idéias. 8. ed. São Paulo: Ática, 2002.
CITELLI, Adilson. Linguagem e Persuasão. 15. ed. São Paulo: Ática, 2002.
GARCIA, Othon Marques. Comunicação em prosa moderna. 14. ed. RJ: Fundação Getúlio
Vargas, 1988.
KLEIMAN, A. Oficina de leitura: teoria & prática. Campinas: Pontes/Editora da Unicamp,
1993.
KOCH, I. V. e TRAVAGLIA, L. C. Texto e coerência. São Paulo: Cortez, 1989.
MARCUSCHI, L. A. Da fala para a escrita: atividades de retextualização. São Paulo: Cortez,
2001.
VAL, Maria da Graça Costa. Redação e textualidade. São Paulo: Martins Fontes, 1999.
Bibliografia Complementar
ABREU, Antônio Suárez. Curso de Redação. 11. ed. São Paulo: Ática, 2001.
FARACO, C. A.; TEZZA, C. Prática de texto para estudantes universitários. Petrópolis: Vozes,
1992.
KLEIMAN, A. Leitura: ensino e pesquisa. Campinas: Pontes, 1987
PÉCORA, Alcir. Problemas de redação. São Paulo: Martins Fontes, 1983.
SERAFINI, M. T. Como escrever textos. 10. ed. Coleção dirigida por Humberto Eco.
SP: Globo, 2000.

Para saber mais sobre planos de ensino e visualizar mais alguns modelos, recomendamos que
você siga os links abaixo:
»» http://www.udemo.org.br/RevistaPP_01_11PlanodeEnsino.htm - Acesso em 05/10/2014.
»» http://ufrr.br/cap/index.php/93-plano-de-ensino-de-lingua-portuguesa-2221-e-2222 -
Acesso em 05/10/2014.

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Unidade: Os protagonistas do processo ensino/aprendizagem da Língua Portuguesa

Considerações finais
Chegamos ao final da nossa unidade e esperamos que você tenha observado que o processo
de ensino/aprendizagem funciona como um sistema, no qual todos os protagonistas estão
diretamente relacionados, ou seja, professor, alunos, escola, material didático e plano de ensino
são dependentes. Se um protagonista estiver fora de sintonia, todo o processo de pode ser
comprometido.
Pense nisso assim que você entrar em uma sala de aula, combinado?

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Material Complementar

Olá,
Se você quiser saber mais sobre o assunto tratado na Unidade 1, acesse os sites abaixo:
http://www2.uol.com.br/vivermente/reportagens/multiplas_inteligencias.html - Acesso em 30/09/14.
http://www.homemdemello.com.br/psicologia/intelmult.html - Acesso em 30/09/14.
http://noticias.terra.com.br/educacao/o-que-significa-a-escola-na-vida-do-adolescente,3608e
f80d96ea310VgnCLD200000bbcceb0aRCRD.html - Acesso em 30/09/14.
http://www.publico.pt/temas/jornal/quando-a-escola-deixar-de-ser-uma-fabrica-de-
alunos-27008265 - Acesso em 01/10/14.
http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/aescola.pdf - Acesso em 01/10/14.
http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/vol1b.pdf - Acesso em 03/10/2014.
http://www.scielo.br/pdf/rbla/v11n1/v11n1a08.pdf - Acesso em 03/10/2014.
http://www.udemo.org.br/RevistaPP_01_11PlanodeEnsino.htm - Acesso em 05/10/2014.
http://ufrr.br/cap/index.php/93-plano-de-ensino-de-lingua-portuguesa-2221-e-2222 - Acesso
em 05/10/2014.

Recomendamos também a leitura, na íntegra, do livro:


CURY, Augusto. Pais brilhantes, professores fascinantes. Rio de Janeiro: Sextante, 2003.

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Unidade: Os protagonistas do processo ensino/aprendizagem da Língua Portuguesa

Referências

BORDENAVE, J. D. e PEREIRA, A. M. Estratégias de ensino-aprendizagem. Petrópolis:


Vozes, 26. ed., 2005.

CURY, Augusto. Pais brilhantes, professores fascinantes. Rio de Janeiro: Sextante, 2003.

GIL, Antonio Carlos. Metodologia de Ensino Superior. 3.ed. São Paulo: Atlas, 1997.

GOMES, Maria Lúcia de Castro. Metodologia do ensino de língua portuguesa. Curitiba:


InterSaberes, 2012. (E-book)

NEVES, Maria Helena de Moura. Ensino de língua e vivência de linguagem: temas em


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RUARO, Dirceu Antonio. Problematização da prática reflexiva de professores de língua


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Anotações

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