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Versão On-line ISBN 978-85-8015-076-6

Cadernos PDE

OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE


NA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE
Artigos
O ENSINO DA LÍNGUA INGLESA PELO COTIDIANO
Autor: Vanderlei Carlos Verdi1
Orientadora: Elizandra Fernandes Alves2

RESUMO: O presente artigo objetiva apresentar uma reflexão sobre as atividades


desenvolvidas pelo autor do mesmo durante a sua participação no PDE (Projeto de
Desenvolvimento da Educação), no qual foi desenvolvida uma Proposta Didático-Pedagógica
implantada no primeiro semestre do ano de 2014, no 6º ano do Ensino Fundamental no Colégio
Estadual José Armim Matte – EFMNP, no município de Chopinzinho – PR. A estrutura do
trabalho didático-pedagógico baseou-se nos moldes da Unidade Didática e teve como principal
objetivo a apresentação da Língua Estrangeira Moderna – Inglês, de forma harmoniosa e
natural, com o uso das novas tecnologias aos alunos. Justifico essa abordagem do ensino de
Inglês pela observação que tenho realizado da forma como as pessoas, de idades variadas,
apropriam-se de palavras e expressões inglesas que lhes são apresentadas de forma natural
nas peças publicitárias e em programas infantis.

Palavras-chaves: Cotidiano. Tecnologias. Ensino. LEM-Inglês.

Introdução

No Brasil, a educação ainda não conseguiu sensibilizar os meios políticos,


das elites, das famílias e outros conjuntos sociais. E nas escolas, há muito
tempo, ocorre uma seletividade social através da classificação nos resultados
que se baseiam em avaliações geradas de forma centralizadas. Passamos,
assim, sucessivas décadas com uma política que pouco tem mudado nas
escolas e que não tem ajudado muito para melhorarmos os índices de
aprendizagem.
A escola, mais precisamente a escola pública, precisa ser reinventada.
Há mais de quinze anos trabalhando com ensino de Língua Estrangeira
Moderna – Inglês (doravante LEM e LI) percebemos uma situação que é
enfrentada no contexto escolar que tem consequência no resultado da
aprendizagem dos nossos alunos de LEM: eles chegam com expectativas,
ansiosos, curiosos e apaixonados pela LEM, e ao passar do ano parece que
esse interesse vai empalidecendo, definhando, e acaba por restar apenas
curiosidade por saber um termo ou outro que veem em jogos ou músicas.

1
Professor PDE 2013; Graduado em Letras Português/Inglês; Pós-graduado em Magistério do
Ensino Superior; atuante no Colégio Estadual José Armim Matte – Chopinzinho, PR;
vverdi@bol.com.br.
2
Mestre em Letras pela Universidade Estadual de Maringá (UEM) e Professora do Curso de
Letras – Inglês e Respectivas Literaturas, na Universidade Estadual do Centro-Oeste –
UNICENTRO, Campus Santa Cruz, Guarapuava, PR; teacher.elizandra@hotmail.com.
Pensando em oferecer um ensino de LI alternativo, no qual as atividades
fossem conduzidas de forma menos mecânica, e, consequentemente,
obtivesse uma a adesão mais significativa dos educandos em sala é que nos
dedicamos à formulação de uma Unidade Didática que trouxesse em sua
proposta a apresentação da LEM/LI aproveitando-se de situações cotidianas,
como um cartaz promocional, um convite para festa de aniversário, um
desenho animado, etc.
Segundo a educadora Esther Grossi, em seu livro A Coragem de Mudar
em Educação (2000, p. 51),
ensinar só cumpre sua finalidade se tiver a ver com o contexto de
vida dos seus destinatários. Qualquer ensino só funciona se toca as
vivências, os valores, o que tem significado de quem aprende. Esta
característica de vinculação com o vivido não é prerrogativa da
chamada educação popular. Ela é, sim, uma exigência de toda
atividade didático-pedagógica.

Assim, em nossa prática escolar não devemos cobrar que o educando saia,
após o Ensino Médio (doravante EM), fluente no uso da LI, pois o mesmo
também não se aplica às demais disciplinas; caso fosse o contrário, teríamos
matemáticos, físicos, biólogos e outros profissionais saindo do EM. Contudo,
ao longo da experiência docente de LEM, percebemos que há pouca
internalização por parte dos educandos daquilo que efetivamente ensinamos.
Segundo Ausubel (2003), o ser humano constrói significados de maneira
mais eficiente quando considera inicialmente a aprendizagem das questões
mais gerais e inclusivas de um tema, ao invés de trabalhar inicialmente com as
questões mais específicas desse assunto. Assim, em nossa proposta
apresentamos os conteúdos de forma simples, partindo daquilo que é familiar
aos educandos, e depois seguimos para o mais complexo.
Para a aplicação da proposta, optamos por trabalharmos com
educandos do sexto ano do Ensino Fundamental (doravante EF) do Colégio
Estadual José Armim Matte (JAM), de Chopinzinho, Paraná. A opção por tal
grupo se deu porque é neste ano que os educandos estão iniciando o estudo
da LEM, e estão, assim, menos suscetíveis a vícios metodológicos e pré-
dispostos ao envolvimento com a proposta oferecida.
Com a aplicação da proposta, a qual abarcou o ensino de LI,
especialmente a fala, por meio de atividades mais comuns ao cotidiano dos
educandos, acreditamos que municiaríamos os mesmos com condições de
construir enunciados coerentes em LI, enunciados mais facilmente assimilados
e, portanto, aceitos.
Desta forma, o presente artigo busca retomar o referencial teórico usado
para que a proposta didático-pedagógica, confeccionada no segundo semestre
de 2013, fosse bem planejada. Em seguida, pretendemos apresentar os
resultados obtidos com a aplicação da proposta, realizada no primeiro
semestre de 2014, terminando com uma conclusão, no qual apontaremos a
importância deste trabalho para o ensino da LEM, mais especificamente da LI,
nas escolas do estado do Paraná.

Revisão da literatura

O ensino de LI há muito está envolto em dificuldades que se apresentam


de variadas formas. Tais dificuldades produzem um ambiente negativo na
escola e em sala de aula, causando, como consequência, pouco interesse e
valorização com relação à disciplina. Neste cenário cristalizam-se crenças,
como as citadas por Barcelos (2011): aquelas do professor sobre si mesmo
(“eu sei tudo”; “não posso errar”), as dos alunos sobre eles mesmos (“eu não
sei inglês”; “não consigo aprender inglês”, “não consigo aprender com essa
professora, com esse material, nesta escola, no Brasil”) e crenças da
sociedade sobre as aulas de inglês, principalmente na escola pública (“Não se
aprende inglês na escola pública”; “Não se sabe português quanto mais
inglês”).
O acima exposto se apresenta como alguns dos obstáculos para a
fruição adequada do processo de ensino-aprendizagem da LI nas escolas
públicas. Neste sentindo, perguntas como “É possível reverter esta situação?”
tomam corpo em instituições de ensino superior, de onde saem nossos
professores, e continuam sendo discutidas nas escolas e em cursos de
formação continuada.
Na perspectiva de aplicar uma ação docente que atenda tanto o
objetivo do professor quanto as expectativas de aprendizagem dos alunos,
apresentando os conteúdos de forma simples partido daquilo que é familiar aos
alunos e depois encontrar-se com o mais complexo. Segundo Ausubel o ser
humano constrói significados de maneira mais eficiente quando considera
inicialmente a aprendizagem das questões mais gerais e inclusivas de um
tema, ao invés de trabalhar inicialmente com as questões mais específicas
desse assunto:

Quando se programa a matéria a ser lecionada de acordo com o


princípio de diferenciação progressiva, apresentam-se, em primeiro
lugar, as ideias mais gerais e inclusivas da disciplina e, depois, estas
são progressivamente diferenciadas em termos de pormenor e de
especificidade.
Esta ordem de apresentação corresponde, presumivelmente, à
sequência natural de aquisição de consciência cognitiva e de
sofisticação, quando os seres humanos estão expostos, de forma
espontânea, quer a uma área de conhecimentos completamente
desconhecida, quer a um ramo desconhecido de um conjunto de
conhecimentos familiar. Também corresponde à forma postulada,
através da qual se representam, organizam e armazenam estes
conhecimentos nas estruturas cognitivas humanas. (2003, p.166).

Acreditamos que o professor tem papel preponderante no processo de


ensino de uma LEM, e isto não seria diferente em uma LI, mas corroboramos
com Gasparin, que discute sobre a importância de se pensar no processo de
ensino-aprendizagem por meio de uma tríade:

Os sujeitos aprendentes e o objeto da sua aprendizagem são postos


em recíproca relação através da mediação do professor. É sempre
uma relação triádica, marcada pelas determinações sociais e
individuais que caracterizam os alunos, o professor e o conteúdo.
Nenhum dos três elementos do processo pedagógico é neutro, todos
são condicionados por aspectos subjetivos, objetivos, culturais,
políticos, econômicos, de classe, do meio em que se encontram ou
de onde provêm (2003, p.51).

Os educandos têm curiosidade de aprender uma LEM, porém,


esbarramos sempre no que Holden discute:

[...] o que os alunos podem não perceber perfeitamente é que a


aprendizagem de qualquer idioma estrangeiro requer muito trabalho,
precisa de prática, de atividades de memorização, assim como de
atividades comunicativas e criativas. Semelhante ao aprendizado
para tocar um instrumento musical ou dirigir um carro, também requer
bastante experiência para que o aluno esteja apto. O problema com
um idioma estrangeiro – em especial o inglês – é que muitos alunos
adquirem uma competência superficial usando-o fora da sala de aula.
(2009, p.17).

O uso de equipamentos de mídias atraiu a atenção e despertou a


motivação dos alunos, pois possibilitou a associação de cores, movimentos,
sons e outras situações que estimularam e facilitaram a aprendizagem, no
nosso caso, da língua estrangeira.
Com a variedade de recursos multimodais que hodiernamente dispomos
e que podem ser associados à sala de aula é possível dinamizar as aulas e
apresentar os conteúdos através de outros meios que não só a fala do
professor. Na intervenção realizada no Colégio desenvolvemos as atividades
com uso de vídeo, assim as imagens foram associadas ao conteúdo
apresentado. Trabalhar com a perspectiva de aplicar novas estratégias para e
ensino requer coragem, boa formação e estratégia planejada para obter a
adesão significativa do alunado, pois a contra gosto deles dificilmente
avançaremos no que for proposto.
Para fazer diferente, então, o professor não precisa virar a sala de
cabeça para baixo ou pedir coisas do outro mundo para os alunos, irá sim
orientar os alunos sobre a necessidade de aprender a língua inglesa e que isso
pode ser um diferencial na vida futura, na perspectiva de emancipação bem
como de posicionar-se no mundo do trabalho.
As Diretrizes Curriculares do Estado do Paraná para a Educação
Básica (doravante DCEs) (PARANÁ, 2008, p. 53) propõem

que a aula de Língua Estrangeira Moderna constitua um espaço para


que o aluno reconheça e compreenda a diversidade linguística e
cultural, de modo que se envolva discursivamente e perceba
possibilidades de construção de significados em relação ao mundo
em que vive. Espera-se que o aluno compreenda que os significados
são sociais e historicamente construídos e, portanto, passíveis de
transformação na prática social.

No entanto, por muito tempo, nas aulas de LEM o que se usava era resumido
em quadro negro, giz e saliva (o quê, inegavelmente, ensinou muita gente),
mesmo com as inovações tecnológicas que aconteciam fora da escola. Isto, de
certa forma, ia contra o avanço tecnológico mundial, impedindo a expansão do
estudo de uma LEM para as habilidades de listening, por exemplo, o quê, em
contrapartida, reduzia as possibilidades de se trabalhar o speaking de forma
efetiva e natural.
Com o uso de equipamentos de áudio e vídeo nas aulas, sobretudo nas
de LEM, Ortenzi e Gimenez (2008) mostram que se abriram novas
possibilidades de se trabalhar o ensino de LI, por exemplo, por meio de uma
abordagem que não se restringisse às habilidades da escrita e da leitura do
idioma.
Assim, estamos vivendo uma mudança de época em que as inovações
da modernidade passam a fazer parte do cotidiano das escolas e nos chamam
a uma realidade que traz alguns desafios:

A hipótese fundamental é que educação não deve perder tempo em


temer a modernidade. Deve procurar conduzi-la e ser-lhe o sujeito
histórico. Neste sentido, modernidade na prática coincide com a
necessidade de mudança social, que a dialética histórica apresenta
na sucessão das fases, onde uma gera a outra. Menos que a marca
técnica, modernidade poderia significar o desafio de compreender os
tempos novos, abarcar os anseios das novas gerações, perscrutar os
rumos do futuro (DEMO, 1993, p. 21).

Assim, combinando a ação positiva do professor com uso racional dos


recursos tecnológicos, estabelece-se um cenário para várias atividades com
finalidades educacionais altamente producentes e que podem trazer resultados
ainda não experimentados no ensino de LI.

A IMPLEMENTAÇÃO: RESULTADOS E DESDOBRAMENTOS

A Proposta Didático-Pedagógica foi organizada na forma de Unidade


Didática que é uma estratégia que garante unicidade ao trabalho do professor,
promovendo encaminhamentos e intervenções que partem do mais familiar
para o novo a ser ensinado e aprendido. Entendemos também que a criação de
uma unidade de atividades deve permitir a transformação gradual das
capacidades iniciais dos alunos. Dessa forma, as atividades podem ser
concebidas inicialmente de forma mais lúdica e envolvente e a cada atividade,
aumentando o grau de dificuldade excedendo as capacidades iniciais dos
alunos, a fim de levá-los à superação de cada estágio conjuntamente.
A aplicação da proposta didático-pedagógica, intitulada de Aprendendo
Inglês pelo Cotidiano, foi desenvolvida em 32 (trinta e duas) aulas, no Colégio
Estadual José Armim Matte - EFMNP, no primeiro semestre de 2014, com a
turma do sexto ano B, que contava com 26 educandos. Para a aplicação do
material foram escolhidos esses educandos, que contavam com a idade entre
10 e 11 anos, e que ainda não haviam tido aulas regulares de LI. Isto
possibilitou uma condução harmônica do trabalho, havendo sintonia entre as
proposições e a adesão dos educandos.
Na primeira aula foi feita uma sondagem sobre o que os educandos
afirmavam saber sobre a LI, como, por exemplo, onde se fala a língua. Os
países usam a LI como primeira ou segunda língua foram mostrados através
do uso de mapas. Nas aulas seguintes foram apresentadas palavras e
expressões em LI que são usadas em nosso cotidiano. Os próprios educandos,
por meio de seus exemplos, produziram uma lista de palavras que utilizamos
constantemente, embora não fossem falantes a língua, por exemplo: milk
shake, skate, play, start, download, facebook, play list. Esta atividade serviu
para desmistificar, logo no início da aplicação do projeto, o mito de que a LI é
difícil e impossível de ser aprendida.
Após a atividade de reconhecimento das expressões inglesas que
usamos, passou-se para uma abordagem mais técnica, fazendo a
apresentação do alfabeto em inglês com o auxílio de um game, o Hangman, o
que produziu um estímulo proativo para a realização da atividade. Dada esta
atividade inicial, partiu-se para algo um pouco mais elaborado, com
apresentação de cartazes promocionais com anúncios que se utilizam de
expressões inglesas e que são de circulação corriqueira em vitrinas variadas. O
aspecto visual, colorido e casual dos cartazes ajudou a envolver os educandos
na atividade que se seguia, na qual eles tinham que produzir cartazes similares
aos vistos.
Pensando na função comunicativa do ensino de LI, passou-se a
apresentar o vídeo Dora A Aventureira, mais especificamente o episódio
intitulado Fantástica Ginástica (parte 1), que traz no seu desenvolvimento um
momento de apresentação dos personagens, e, assim, possibilita a associação
às situações de apresentação pessoal proposta aos educandos. Este mesmo
vídeo traz, ainda, outras expressões inglesas que possibilitam novas inserções
em diálogos propostos pelo professor.
A aprendizagem, até o momento, como toda situação de ensino,
precisava ser averiguada. Através da proposta de um novo game, que consistiu
em uma trilha montada pelo professor, com perguntas sobre o assunto
estudado até então postas sob cada uma das casas do jogo. Os educandos,
organizados em equipes, deveriam jogar os dados para determinar seu avanço,
o qual só seria efetivado se eles soubessem responder o que lhe fora
questionado. Este game foi muito motivador e proporcionou uma bela manhã
de aula de LI, em um espaço ao ar livre, mudando a rotina da aula da turma.
A partir da avaliação positiva da aprendizagem até o referido momento,
passou-se a apresentação, através de ilustrações, de situações que ensejavam
a ideia da marcação do tempo (horas) em LI. Nesta atividade foi explicado o
significado da expressão AM e PM, que os educandos já conheciam. Depois, o
foco passou ao estudo dos números, uma vez que para poder indicar as horas
é primordial que saibamos os números. Para fixação desse conteúdo foi
realizada uma atividade em conjunto com os números da chamada. Na
atividade seguinte foram utilizados relógios impressos para que os educandos
pudessem assinalar as horas indicadas e também escrever as horas já
impressas.
Para poder fazer a associação da aprendizagem com situações reais de
comunicação utilizaram-se convites para festa de aniversário reais, através dos
quais foi realizado o estudo das expressões impressas, como
to/from/where/when, e realizado o preenchimento em LI, materializando o uso
do que foi aprendido até então. Por fim, os educandos produziram seus
próprios convites e os entregaram aos colegas.
Em movimento articulado, foi exibido o vídeo clipe e distribuída cópia da
letra da música Friday I’m in Love, da banda The Cure, para introduzir o estudo
do nome dos dias da semana, ampliando o período de tempo a ser demarcado
em inglês. Neste estudo também foi realizado um exercício com questões que
tinham como resposta os dias da semana.
Os documentos de reserva e de check in de hotel também foram
utilizados para exercitar o uso das expressões inglesas ligadas à marcação do
tempo (dias e horas), além de outros números que são pertinentes ao
preenchimento desse tipo de documento. Após a atividade com o modelo de
ficha de reserva e de check in, os educandos produziram uma dramatização
que imitou a situação real de reserva e entrada em hotel, usando as
expressões que aprenderam.
Avançando no estudo das marcações de tempo, passou-se ao estudo
dos meses e as estações do ano. Sobre os meses foi realizada uma atividade
de levantamento dos aniversários dos educandos e sobre as estações do ano.
Os educandos sugeriram um símbolo para cada uma delas, e após a definição
no coletivo de qual seria o símbolo, eles produziram cartazes ilustrativos com o
símbolo e o nome da estação em inglês. Novamente, há que se registrar a
expressiva participação dos educandos nas atividades.
Outro vídeo utilizado foi Go! Diego Go! (personagem que é primo de
Dora A Aventureira), que mostra a importância da relação respeitosa e sensível
que precisamos ter o meio ambiente. Após a exibição do vídeo, trabalhou-se
um pequeno texto para situar, mais precisamente, quem era o personagem
Diego. Com este conteúdo introduziu-se o estudo do nome de animais em
inglês e também foram introduzidos alguns verbos ligados ao movimento dos
animais para sua locomoção.
O estudo dos animais possibilitou a apresentação do Tsuru, figura
resultante de Origami, técnica japonesa de dobradura em papel. A opção por
apresentar o Tsuru foi para, além de explicar a técnica para produção do
pássaro, contar a lenda que há em torno da produção de mil Tsurus, o que
serviu de motivação e atração para os educandos.
Encaminhando-se para o encerramento das atividades da proposta
didático-pedagógica, foi proposta a confecção de um painel com as imagens da
Dora e do Diego, a partir de imagens que os educandos receberam e coloriram,
para depois serem expostas em um painel.
Ao concluir a aplicação da unidade didática, aplicou-se um questionário
para confrontar com a sondagem inicial e verificar possíveis avanços. De fato,
a situação final dos educandos revelou que a aplicação foi exitosa e eles
chegaram, ao final das trinta e duas aulas, ainda empolgados com estudo de
LI, e com ótimo aproveitamento do que foi ensinado. Ressalta-se que a
execução das atividades sempre teve a utilização dos recursos midiáticos das
novas tecnologias o que possibilitou maior interação por parte dos educandos
por tratar-se de algo contemporâneo, dinâmico e comum a sua vivência diária,
deixando a aula mais natural.
Ao mesmo tempo em que foram aplicadas as atividades aos educandos,
foi oportunizada a apresentação da proposta no GTR (Grupo de Trabalho em
Rede). O GTR foi um momento de apreensão e crescimento, pois foi o
momento em que nos colocamos para análise e avaliação de nossos colegas
professores de LEM, que, com muita elegância e compromisso, participaram
fazendo suas tarefas e proporcionando assim reflexões sobre o fazer docente
que havia proposto, pois vários apresentaram contribuições de experiências
similares às propostas na unidade didática, porém cada qual com suas
particularidades no encaminhamento metodológico e até no uso de materiais.
Durante o período do GTR, houve a abordagem de uma colega que
apontou dificuldades na realização da atividade do Hangman, devido à
organização da turma. Ao receber sua contribuição, orientei-a a agir
diferentemente, organizando as equipes pelas filas da sala, e não por
afinidade, o que, segundo ela funcionou bem melhor.
Cito essa passagem para materializar uma situação que o GTR nos
oportuniza: a interação com os feedback em tempo real e na medida da
necessidade e do interesse dos professores. Igualmente, algumas sugestões
recebidas de alunas cursistas do GTR contribuíram para aperfeiçoar a
aplicação da proposta.
A professora Regina Haidt, em seu livro Curso de Didática Geral,
apresenta a teoria piagetiana da “equilibração progressiva que é o mecanismo
através do qual as estruturas mentais gradualmente se reorganizam e se
ampliam” e a assim culminam com a “aprendizagem que é a mobilização dos
esquemas mentais do indivíduo, que leva a participar ativa e efetivamente da
ação de adaptar-se ao meio quer pela assimilação, quer pela acomodação”
(1994, p. 34-35, grifos da autora).
Considerando essas coloções, o trabalho desenvolvido ao longo da
aplicação da sequência didática procurou proporcionar situações iniciais
conhecidas e avançar para situações mais desafiadoras com a clara intenção
de que os alunos busquem a dita equilibração progressiva e como resultado
internalizem uma aprendizagem significativa da LEM, sem, no entanto, perder a
paixão pelo estudo do idioma.

Considerações Finais

A participação no Programa de Desenvolvimento Educacional (PDE) foi


um momento importantíssimo, pois após quase duas décadas de docência, ter
a oportunidade de parar durante um ano com as atividades em sala e usar o
tempo para pensar, repensar, estudar sobre nossa própria ação, sobre a forma
como evoluirão as possibilidades de aprendizagem e do ensino com o passar
do tempo, faz-nos retornar à escola com outro olhar: mais limpo e mais
sintonizado com a realidade.
Quanto à participação dos alunos na escola, houve um envolvimento
superior até ao previsto, o que motivou ainda mais a aplicação das atividades.
Os alunos participavam da atividade proposta na aula, e ao serem informados
do que haveria na aula seguinte era notório o entusiasmo com que
aguardavam.
A equipe pedagógica da escola também merece uma citação, pois
acompanhou as atividades constantemente e deu o suporte para a realização
das atividades, auxiliando na explicação aos pais sobre a proposta e a
importância do momento para as futuras ações no ensino de LEM na escola.
Ainda, a direção, sempre que requisitada, disponibilizava os recursos materiais
necessários para a implantação das atividades e também os espaços físicos
diferenciados necessários para as atividades que foram propostas para fora da
sala de aula.
Por fim, acreditamos que saímos deste programa melhor do que antes.
Acreditamos, ainda, que este trabalho ajudará muito na ação escolar futura do
autor deste artigo, bem como outros professores, nesta tarefa de apaixonar
nossos educandos pela LI, e, ao mesmo tempo, ensinar-lhes o que, a cada
tempo, é necessário. Fazendo referência a expressão bíblica um semeia e
outro colhe, que assim de fato seja, que estejamos com esse trabalho fazendo
a boa semeadura e que nossos colegas possam ceifar os bons frutos dela
oriundos.

REFERÊNCIAS

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Perspectiva Cognitiva. Lisboa: Plátano Edições Técnicas, 2003.

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DEMO, P. Desafios Modernos da Educação. 9. Ed., Petrópolis, RJ: Editora


Vozes, 1993.
GASPARIN, J. L. Uma didática para a pedagogia histórico-crítica. 2. Ed.,
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GROSSI, Esther. A Coragem de mudar em educação. Petrópolis, RJ: Vozes,


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HAIDT, R. C. C. Curso de Didática Geral. São Paulo: Editora Ática, 1994.

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Básica, 2008.

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