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Lê atentamente o seguinte texto e consulta as notas apresentadas.

Eno sagrad’en Vigo


bailava corpo velido:
amor ei!

En Vigo, no sagrado1,
Bailava corpo delgado:
amor ei!

Bailava corpo velido,


que nunca ouvera amigo,
amor ei!

Bailava corpo delgado,


Que nunca ouvera amado:
amor ei!

Que nunca ouvera amigo,


ergas2 no sagrad’, en Vigo:
amor ei!

Que nunca ouvera amado,


ergu’ en Vigo no sagrado:
amor ei!
Martín Codax, (CV 889, CBN 1232), in A Lírica Galego-Portuguesa, Elsa Gonçalves e Maria Ana
Ramos, Lisboa: Editorial Comunicação, Coleção Textos Literários, 1983, pp. 264-265.

Apresenta, de forma clara e bem estruturada, as tuas respostas aos itens que se seguem.
1. Caracteriza o ambiente onde se encontra o sujeito poético da cantiga e
transcreve dois exemplos textuais.
2. Relaciona as diversas formas de repetição utilizadas com o facto de as
composições serem acompanhadas por música.
3. Classifica formalmente esta composição poética.

1
adro da igreja.
2
senão.
Grupo II
Grupo II (50 pontos)

Leitura | Gramática

Nas respostas aos itens de escolha múltipla, seleciona a opção correta.


Escreve, na folha de respostas, o número do item e a letra que identifica a opção escolhida.

O humor
Três grandes teorias procuraram, ao longo dos séculos, explicar o riso e o humor. A
primeira, que foi dominante durante cerca de dois mil anos (Platão até Thomas Hobbes), é a
chamada teoria da superioridade. Diz, em traços gerais (que são os únicos traços que o meu
entendimento costuma ser capaz de compreender), que o riso é a manifestação de um
sentimento de superioridade sobre os outros. No diálogo Filebo, Sócrates explica a Protarco
que nos rimos de quem procede como se interpretasse às avessas o conselho inscrito no
Templo de Apolo, em Delfos. Ou seja, rimo-nos daqueles que se desconhecem a si mesmos.
São ridículos todos os que julgam ser mais ricos, mais belos e mais virtuosos do que são. Ora,
uma vez que a ignorância é má, e tendo em conta que o riso proporciona prazer, quando
rimos da ignorância dos outros experimentamos um comprazimento com aquilo que é mau
– o que faz do ato de rir um comportamento eticamente problemático.

Aristóteles acredita, como Platão, que o riso é essencialmente motivado pelo


escárnio e resulta da constatação da nossa superioridade sobre os outros. Na Poética não há
muito mais sobre o tema do que aquela frase célebre segundo a qual a comédia é a imitação
de pessoas piores do que a média. Em Ética a Nicómaco, o filósofo acrescenta uma ideia que
reforça a associação do riso à agressividade. Diz ele: uma piada é um tipo de ofensa e, uma
vez que a lei proíbe certos insultos, talvez devesse proibir também certas piadas.

Muitos séculos mais tarde, Thomas Hobbes cunharia uma expressão famosa:
“sudden glory”. “Glória súbita é a paixão que produz as caretas chamadas riso.” Ambas as
palavras são importantes: “glória”, porque lembra a existência de um elemento essencial de
surpresa. Toda a gente que já ouviu duas vezes a mesma anedota sabe que a primeira
experiência é irrepetível. Fernando Pessoa dizia que a maior desgraça da sua vida era não
poder voltar a ler os Cadernos de Pickwick, de Dickens, pela primeira vez.

Ricardo Araújo Pereira, A doença, o sofrimento e a morte entram num bar, Lisboa: Tinta da China,
2016, pp. 16-17.
1. O texto tem como tema
(A) as várias teorias do riso ao longo dos tempos.
(B) as mais relevantes teorias que refletiram sobre o humor.
(C) as grandes reflexões sobre o riso nas últimas décadas.
(D) a teoria de Platão sobre o humor.

2. As expressões “A primeira” (ll. 1-2) e “Ou seja” (l. 7) contribuem para


(A) embelezar o texto.
(B) marcar a discordância do jornalista face à posição tomada.
(C) assinalar a introdução de uma pequena narrativa.
(D) encadear as ideias dentro do texto.

3. O discurso parentético no segundo período do texto apresenta


(A) uma explicação.
(B) um comentário.
(C) um exemplo.
(D) uma crítica.

4. A expressão “Filebo” (l. 5) surge em itálico porque


(A) se pretende enfatizar a sua importância.
(B) é um diálogo.
(C) é o título de uma obra de Sócrates.
(D) é o título de uma obra de Protarco.

5. O narrador refere que o ato de rir pode ser um comportamento eticamente


problemático
(A) porque muitas vezes nos rimos da insciência dos outros.
(B) uma vez que estamos sempre a rir-nos da falta de ignorância dos outros.
(C) visto que temos prazer no mal dos outros.
(D) porque brincamos com a felicidade alheia.

6. No texto, surgem várias referências a autores da Antiguidade clássica para


(A) marcar a diferença.
(B) comprovar a posição adotada.
(C) comprovar a importância dos deuses.
(D) assinalar a passagem do tempo.

7. A expressão “Muitos séculos mais tarde” contribui para


(A) valorizar o presente.
(B) perspetivar uma visão sincrónica.
(C) assinalar as mudanças espaciais.
(D) marcar a passagem do tempo.
8. Identifica o campo lexical dominante no texto.
9. Classifica a oração subordinada presente na segunda frase do texto.
10. Classifica sintaticamente a oração “que o riso é essencialmente motivado pelo
escárnio” (l. 12).

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