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Filosofia 10º Ano

A necessidade de fundamentação da moral- análise comparativa de duas perspetivas


filosóficas

Ética consequentalista/ utilitarismo de S.Mill

Segundo esta ética uma ação é moralmente correta quando promove boas consequências/
utilidade ou a felicidade para ao maior número. A felicidade é entendida por S.Mill como -
“ausência de dor para o maior número.”

Baseia-se nos pressupostos seguintes:

 O princípio das consequências ou consequentalismo/ utilitarismo- uma ação é


moralmente correta se os seus resultados promoverem consequências agradáveis.
 O princípio do Hedonismo- uma ação é moralmente correta se promover a felicidade
ou “maior bem para o maior número”. “ O prazer e a ausência de dor são as únicas
coisas desejáveis como fins.
 O princípio da imparcialidade- Ao considerar a felicidade e as consequências da ação,
devemos dar a mesma importância aos interesses de todos os envolvidos. Os nossos
interesses não tem um estatuto superior. “ O utilitarismo exige que o agente seja
imparcial entre a sua própria felicidade e a dos outros como um espetador
desinteressado.” Não há indivíduos inferiores e superiores. Nem a etnia, raça,
proveniência social ou riqueza, são características essenciais para discriminar ou
valorizar o valor moral das ações praticadas.

Sendo assim no exemplo- “O Manuel decide ajuda a atravessar a rua o seu colega com
muletas para impressionar a Marta e assim conseguir namorar com ela.” Esta ação para a
ética consequentalista/utilitarista, possui valor moral. Traz benefios positivos quer para o
Manuel quer para o amigo com muletas.

Texto 1

“ A doutrina que aceita como fundamento da moral a utilidade, ou o princípio da maior


felicidade, defende que as ações são corretas na medida em que tendem a promover a
felicidade e incorretas na medida em que tendem a gerar o contrário da felicidade. Por
felicidade entendemos o prazer e a ausência de dor; por infelicidade a dor e a privação de
prazer. Para dar uma perspetiva clara do padrão moral estabelecido pela teoria preciso dizer
muito mais; mas estas explicações suplementares não afetam a teoria da vida na qual esta
teoria da moralidade se baseia- nomeadamente, que o prazer e a ausência de dor são as
únicas coisas desejáveis como fins; e que todas as coisas desejáveis (…) ou pelo prazer inerente
a si mesmo ou como meios para a promoção do prazer e a prevenção da dor”
S. Mill, Utilitarismo, Gradiva 2005, pp. 49-51
1- Exponha o critério utilitarista da moralidade.

2- Defina felicidade na perspetiva de Mill.

Texto 2- Felicidade/ Imparcialidade

“Tenho de repetir, uma vez mais , que a felicidade, que constitui o padrão utilitarista
do que está correto na conduta, não é a própria felicidade do agente, mas a de todos os
envolvidos- algo que os críticos do utilitarismo raramente fazem a justiça de reconhecer. O
utilitarismo exige que o agente seja tão estritamente imparcial entre a sua própria felicidade e
a dos outros como um espetador desinteressado e benevolente.”
S. Mill, Utilitarismo, Gradiva 2005, pp. 62-63

1. Segundo S. Mill, a felicidade do agente…

A- Prevalece sobre a dos outros.


B- Não deve ser tida em conta.
C- Nunca deve ser posta em causa.
D- Conta do mesmo modo que a dos outros

Hierarquização dos prazeres

Segundo S. Mill existem prazeres superiores e inferiores. Os prazeres superiores estão


associados ao espírito- são realizados “ pelas faculdades superiores” como o pensamento. É
aqui que se encontram as ações morais/ éticas. O prazer de realizar uma ação eticamente boa
encontra-se aqui. O agente da ação sente prazer/ satisfação depois de realizar uma ação
eticamente boa. Este tipo de “ prazeres” devem prevalecer em elação aos prazeres inferiores.
Os prazeres inferiores estão associados ao corpo- comer por exemplo. Embora os prazeres de
apreciar uma bela refeição possam durar mais que o prazer de ver realizado uma bela ação, os
prazeres superiores devem impor-se aos inferiores. “ Vale mais um a ser humano insatisfeito
de que um porco satisfeito, afirma S.Mill. A natureza do ser humano é superior à dos animais.
O homem deve pois orientar-se pelos prazeres superiores.
Texto 3

“ Mas é um facto inquestionável que aqueles que estão igualmente familiarizados com
ambos, e são igualmente capazes de os apreciar e gozar, dão uma acentuada preferência ao
modo de vida no qual se faz uso das faculdades superiores (…) É indiscutível que o ser cujas
capacidades de prazer são baixas tem maior possibilidade de vê-las inteiramente satisfeitas;
e um ser superiormente dotado sentirá sempre que qualquer felicidade que possa procurar é
imperfeita, tendo em conta a maneira como o mundo é constituído. Mas ele pode aprender a
suportar as imperfeições da sua felicidade, se são de todo em todo suportáveis; e elas não o
farão invejar, o ser que, na verdade, não tem consciência das imperfeições, mas unicamente
porque não sente, de modo algum, o bem que essas imperfeições limitam. É melhor um ser
humano insatisfeito do que um porco satisfeito; um Sócrates insatisfeito do que um idiota
satisfeito. E se o idiota, ou o porco, têm opinião diferente, é porque apenas conhecem o seu
lado da questão. A outra parte da comparação conhece ambos os lados.”
S. Mill, Utilitarismo, Gradiva 2005, pp. 62-63

1- Explique o sentido da afirmação: « É melhor ser um ser humano insatisfeito do que um


porco satisfeito.»

2- Identifica as afirmações verdadeiras segundo S. Mill.

A- O porco é incapaz de sentir felicidade ou prazer.

B- Sócrates precisa de mais um porco para ser feliz.

C- A Sócrates é-lhe inacessível a satisfação alcançada pelo porco.

D- O porco e o tolo representam os prazeres apenas acessíveis aos seres humanos.

E-Sócrates representa os prazeres apenas acessíveis aos seres humanos.

F- Ao porco é-lhe inacessível a insatisfação que acompanha Sócrates.

G- Os prazeres superiores são preferíveis os inferiores, porque são mais intensos.

Proposta de Atividades

1- Identifique os enunciados que podem ser subscritos por Mill.

A- O valor moral de uma ação reside no carácter ou motivos do agente.

B - O valor moral de uma ação é relativo aos benefícios que com ela se alcançam.
C- O melhor estado de coisas é o cumprimento de normas impostas a partir da razão.

E- O termo utilitarismo deriva da utilidade prática ou do pragmatismo dos atos.

F- Agir corretamente é cumprir um dever de forma irrestrita e permanente.

G- Os agentes devem ponderar os benefícios ou prejuízos previstos nos seus atos.

H- Um ato será moralmente censurável, se não estiver em conformidade com a regra.

I- Os deveres morais são contingentes, devendo ser avaliados caso a caso.

j- Uma mentira pode ser igualmente censurada por utilitaristas e consequentalista.

K- A maior felicidade para o maior número constitui o padrão ético utilitarista.

L- O prazer é o único bem fundamental a perseguir e a dor a evitar.

M- Uma ação com valor moral não promove a dor a quem quer que seja.

N- Alguns tipos de prazer são em si mesmos mais desejáveis do que outros.

O- O bem-estar no sentido relevante, é apenas acessível a seres como os porcos.

R- A avaliação do melhor estado de coisas não depende de lealdades particulares.

S- O fim último a promover é o bem-estar do maior número possível de envolvidos.

T- O fim último e o bem último pode exigir sacrifícios a alguns, incluindo o agente.

U- A maior felicidade agregada pode não incluir o bem-estar do agente.

W- O utilitarismo exige ignore as suas lealdades e projetos pessoais.

X- O utilitarismo obriga a que sacrifiquemos o nosso bem-estar ou felicidade.

Y- O sacrifício de alguns é inaceitável, quer para utilitaristas, quer para deontologistas.

Z- A educação tem um papel fundamental na educação dos agentes.

Leia o texto:

A agência espacial norte-americana ( NASA) abateu 27 primatas no mesmo dia, no


Centro de Investigação Ames, em Sillicon Valey. Os animais estavam a cargo da agência para
experiências científicas (…).

No dia 2 de Fevereiro de 2019, a NASA mandou abater 27 primatas por já se


encontrarem em estado débil: 21 destes animais tinham sintomas de Parkinson. John Gluck,
um especialista em ética animal da Universidade do Novo México, disse ao The Guardian “ que
os animais estavam a sofrer privações éticas e frustrações inerentes à vida em laboratório.”

“Aparentemente “, acrescentou Gluck, “ os primatas nem sequer foram considerados


para integrarem um santuário de vida animal. Nem sequer uma tentativa? (…)” Os
responsáveis deviam de ter vergonha”.

Os animais anteriormente utilizados em experimentação científica, chegaram à NASA


através de um acordo com o laboratório Life SourceBioMedical.(…)
Esta ação foi contestada pela Rice for Animals, uma organização norte-americana que
pretende acabar com a experimentação animal. Ao jornal britânico, a porta-voz da Rice for
Animals afirmou: “A NASA tem muitas qualidades, mas relativamente às práticas animais é
obsoleta.
Marta Sousa Coutinho, Nasa abateu 27 primatas, Publico 2020

2-Pode a ação da Nasa ser avaliada segundo o princípio da utilidade? Porquê

Leia o texto:

Aquilo que chegou a ser desejado como instrumento para atingir a felicidade acabou
por se tornar desejado por si mesmo. Ao ser desejado por si mesmo, é desejado enquanto
parte da felicidade. (…). O desejo da sua posse não é diferente da felicidade, verificando-se o
mesmo que o amor à música ou com o desejo da saúde. Estes estão incluídos na felicidade.
São alguns dos elementos que constituem o desejo de felicidade.
John Stuart Mill (2020). “ Utilitarismo”, in utilitarismo e ensaios sobre Bentham. Bookbulders, p66

3- Mostre porque a felicidade é para o utilitarismo o bem último.

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