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A necessidade de fundamentação da moral –

análise comparativa de duas perspetivas filosóficas


O problema do critério ético da moralidade de uma ação

ÉTICA DEONTOLÓGICA ÉTICA UTILITARISTA


I. KANT S. MILL
2. A ética utilitarista de Stuart Mill

Ética de S. Mill Ética consequencialista

▪ O valor moral das ações é independente das intenções do agente;


▪ O valor moral das ações reside nas consequências:
- se as consequências forem boas, a ação é moralmente boa.

2
Intenção ou consequências?
«Aquele que salva um semelhante de se
afogar faz o que está moralmente certo,
seja o motivo o seu dever ou a esperança
de ser pago pelo incómodo.» S. Mill

• A moralidade de uma ação não depende da


intenção.
• Não há ações boas ou más em si mesmas,
só as consequências as tornam boas ou más.

Mas, quando serão boas as consequências?


«As ações são corretas na medida em que
tendem a promover a felicidade, e Princípio da utilidade
incorretas na medida em que tendem a ou
gerar o contrário da felicidade.» princípio da maior felicidade
S. Mill

Uma ação moralmente boa é a que é mais


útil, ou seja, a que tem como consequência Princípio imparcial
produzir mais felicidade ou, dadas as
circunstâncias, menos infelicidade.

A ação moralmente boa é aquela em que o sujeito maximiza a felicidade geral. E deve
fazê-lo de forma imparcial: a sua felicidade não conta mais que a de qualquer outra
pessoa.
Saber por quem se distribui a felicidade é indiferente.
Sendo assim, o que devemos fazer para agir moralmente bem?

Nas nossas ações devemos promover


a maior felicidade possível para o
maior número possível de pessoas.

Para fazermos uma escolha moralmente correta devemos:


a) inventariar todas as alternativas possíveis;
b) avaliar as consequências de cada alternativa;
c) selecionar a alternativa que, previsivelmente, produzirá maior felicidade geral.

Não existem regras


A boa ação é a que tiver maiores probabilidades de trazer a maior
morais absolutas e
felicidade nas circunstâncias em causa (ou menor infelicidade).
invioláveis
Mas, em que consiste a felicidade?

Felicidade = prazer e Por identificar a


ausência de dor; felicidade com o
Infelicidade = dor e prazer, a ética que Mill
privação de prazer. propõe é hedonista.

Hedonismo

Doutrina moral segundo a qual o prazer (e implicitamente a ausência de dor) é


a essência da felicidade, constituindo o bem supremo do ser humano.
Prazeres: quantidade ou qualidade?

Bentham
≠ Mill

Quantidade dos Qualidade dos


prazeres prazeres

Duração Intensidade Superiores Inferiores

Hedonismo quantitativo: quanto Hedonismo qualitativo: os prazeres


mais prolongados e intensos forem superiores são preferíveis pois
os prazeres associados a uma ação, proporcionam a verdadeira
mais útil ela será. realização do ser humano.
Hedonismo qualitativo
de Mill
Prazeres Prazeres
inferiores superiores

Prazeres ligados ao corpo, Prazeres ligados ao espírito e


provenientes das sensações. aos sentimentos morais.
Não permitem a realização Permitem a realização plena do
plena da natureza humana. ser humano.

«É melhor ser um ser humano insatisfeito do que um porco satisfeito; é melhor ser
Sócrates insatisfeito do que um tolo satisfeito. E se o tolo ou o porco têm uma opinião
diferente é porque só conhecem o seu próprio lado da questão. A outra parte da
comparação conhece ambos os lados.»
Stuart Mill
Concluindo…
Na ética proposta por Stuart Mill, aparecem estreitamente ligados
dois aspetos:

Consequencialismo:
o valor moral de uma ação é determinado pelas consequências:
uma ação é moralmente boa quando promove, imparcialmente,
a maior felicidade possível ao maior numero possível de pessoas.

Hedonismo:
O bem supremo é a felicidade (= prazer e ausência de dor).
Trata-se de um hedonismo altruísta e imparcial (que visa a
felicidade coletiva) e que dá primazia aos prazeres intelectuais,
embora não rejeite os prazeres sensíveis (hedonismo qualitativo).
Qual a coisa certa a fazer?

De um milionário prestes a morrer, recebo um cheque de


500 mil euros. Comprometo-me a cumprir a sua última
vontade: entregar essa quantia de dinheiro ao presidente
do seu clube de futebol preferido. Contudo, a caminho do
estádio, uma campanha contra a fome no mundo chama a
minha atenção. Surge um conflito: devo ser fiel à promessa
que fiz ou contribuir para salvar milhares de vítimas da
fome?

1. Seguindo a ética utilitarista, qual seria a ação correta? Porquê?

A professora, Susana Oliveira


Qual a coisa certa a fazer?

Imagina que és bombeiro e que estás a efetuar um


salvamento. Uma casa está a arder e as pessoas não
conseguem sair de lá. Numa parte da casa (área A) está
apenas uma pessoa e na outra parte oposta da casa
(área B) estão quatro pessoas. Tu só tens tempo de ir a
uma das partes da casa.
O que deves fazer?

1. Seguindo a ética utilitarista, qual seria a ação correta? Porquê?


2. E se na área A estiver o teu melhor amigo e na área B estiverem quatro estranhos?

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