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Necessidade da Fundamentação da Moral

O que faz uma


ação ser
correta?

Que princípio
fundamental
deve orientar a
nossa ação?
Necessidade da Fundamentação da Moral

Fundamentação da moral

O que é que faz com que uma ação seja moralmente correta/boa
ou incorreta/má?

Qual é o critério que


O que é que, tendo permite distinguir uma
valor intrínseco, pode ação moralmente Qual é o princípio ético
ser considerado bom correta ou com valor fundamental?
em si mesmo? moral de uma ação
moralmente incorreta?
Necessidade da Fundamentação da Moral

O que se entende por necessidade de fundamentação da moral?

Entende-se que é necessário estabelecer um critério, uma base que


distinga uma ação boa ou moralmente correta de uma ação má ou
moralmente incorreta. A necessidade de fundamentar a moral é a
necessidade de encontrar esse critério, essa forma de distinguir o que
é certo do que é moralmente errado.

Os dois critérios mais frequentemente apresentados para distinguir o


correto do incorreto:

1. A intenção.
2. As consequências ou resultados da ação. As duas teorias que vamos
estudar (a teoria deontológica de Kant e a teoria utilitarista de Mill)
distinguem-se pelo valor que atribuem a cada um dos critérios.
Necessidade da Fundamentação da Moral

• ÉTICAS DEONTOLÓGICAS ÉTICAS CONSEQUENCIALISTAS

Uma teoria é consequencialista e


. Uma teoria é considerada intencionalista e
utilitarista quando considera que o critério
deontológica (baseada na ideia de dever)
da moralidade da ação depende única e
quando considera que o critério central na
determinação das ações exclusivamente das consequências e da
moralmente corretas depende da intenção do utilidade dessas ações,
agente, isto é, na análise independentemente da intenção que
de se essa intenção é genuinamente levou o agente a realizá-la.
boa e se tem por base o cumprimento
do dever.
Necessidade da Fundamentação da Moral

• ÉTICAS DEONTOLÓGICAS ÉTICAS CONSEQUENCIALISTAS

As éticas deontológicas opõem-se ao As éticas consequencialistas opõem-se


consequencialismo porque definem que ao deontologismo porque consideram que
os atos são intrinsecamente corretos ou as ações só podem ser avaliadas a partir
incorretos.
dos seus resultados.
Necessidade da Fundamentação da Moral

• ÉTICAS DEONTOLÓGICAS ÉTICAS CONSEQUENCIALISTAS

Para o consequencialismo, restrições,


Para o deontologismo, restrições,
como o dever de não matar, admitem
como o dever de não matar, nunca
exceções.
podem ser violadas.

Interessa aquilo que fazemos


Interessa aquilo que acontece no mundo
(intenção) e não o que acontece no
(consequência) e não que fazemos
mundo (consequência).
(intenção).
Necessidade da Fundamentação da Moral

• ÉTICAS DEONTOLÓGICAS ÉTICAS CONSEQUENCIALISTAS

O utilitarismo de Stuart Mill é o exemplo


• A ética racional de Kant é um exemplo
mais conhecido de consequencialismo.
de ética deontológica.

Immanuel Kant ( John Stuart Mill


(Königsberg, 22 de abril de 1724 - 12 de (Londres, 20 de Maio de 1806 — Avignon,
fevereiro de 1804) 8 de Maio de 1873)
Necessidade da Fundamentação da Moral

1
O problema do critério ético
da moralidade de uma ação:
a ética utilitarista de Mill
Necessidade da Fundamentação da Moral
Ética teleológica e
Ética utilitarista de Stuart Mill consequencialista

O valor moral das ações reside nas consequências e na


utilidade que elas revelam.

O bem ou fim último e a única coisa com valor


intrínseco consiste na felicidade.

O máximo bem a promover numa sociedade


deverá ser a felicidade de todos e de cada um.
Necessidade da Fundamentação da Moral
Hedonismo

Doutrina moral segundo a qual o prazer (e implicitamente a ausência de dor) é


a essência da felicidade, constituindo o supremo bem do ser humano.

Mill e Bentham consideram que a felicidade (o bem-estar) se identifica com o


estado de prazer e de ausência de dor ou sofrimento, sendo a infelicidade o
estado de dor e de privação de prazer.

Bentham: Mill:
hedonismo hedonismo
quantitativo qualitativo
Necessidade da Fundamentação da Moral
Hedonismo qualitativo

Prazeres Prazeres
inferiores superiores

Prazeres ligados ao corpo,


Prazeres ligados ao espírito e aos
provenientes das sensações. Não
sentimentos morais. Permitem a
permitem a realização plena da
realização plena do ser humano.
natureza humana.

Os prazeres intelectuais/espirituais são considerados preferíveis pelos


juízes competentes e são superiores em relação aos prazeres corporais.
Necessidade da Fundamentação da Moral
Consequencialismo

Na ética utilitarista de Mill, as consequências determinam o valor moral da


ação.

O utilitarismo apresenta como fundamento da avaliação moral das ações a sua


utilidade.
Necessidade da Fundamentação da Moral
Princípio da utilidade ou princípio da maior felicidade

As ações estão certas na medida em que tendem a promover a felicidade e


erradas na medida em que tendem a produzir o reverso da felicidade.

A ação moralmente certa é aquela que maximiza a felicidade geral, a ação que
promove a maior felicidade para o maior número de pessoas,

Aquilo que importa não é (só) a felicidade do agente, mas a felicidade geral. A
ação correta é a que maximiza a felicidade ou o bem-estar geral.

Exige-se ao agente uma estrita imparcialidade na escolha entre a sua


felicidade e a dos outros e uma estrita igualdade na consideração dos
interesses.
Necessidade da Fundamentação da Moral

Princípio da imparcialidade

Mill afirma que o que distingue uma ação moralmente


correta de uma ação moralmente incorreta são as
suas consequências, isto é, se dela resulta, tendo em
conta as alternativas, uma maior felicidade. Mill não se
está a referir à felicidade individual exclusivamente,
mas à felicidade geral.

Uma ação é boa se promover a


felicidade para o maior número de
pessoas
Necessidade da Fundamentação da Moral

Ato moralmente correto

É aquele que, efetuada uma avaliação imparcial da situação e tendo em conta


as alternativas, permite maximizar o prazer ou a felicidade geral.

Conduz ao maior bem-estar total (a felicidade agregada), ao saldo mais


positivo – qualquer que seja a forma como a felicidade será distribuída.
Necessidade da Fundamentação da Moral

Ações moralmente corretas Ações moralmente incorretas

Respeitam o princípio da
utilidade, tendo as melhores Não respeitam o princípio da
consequências possíveis e utilidade, trazendo más
permitindo maximizar a consequências e não
felicidade geral. maximizando a felicidade geral.

Não existem regras morais absolutas.


Necessidade da Fundamentação da Moral
Princípios secundários

Nem todas as nossas escolhas têm de ser efetuadas com base no princípio da
maior felicidade sem o apoio de qualquer outro princípio.

O princípio da maior felicidade é um padrão, e não pode ser confundido com


um guia específico na tomada de decisões.

Devemos guiar-nos, sobretudo, pelas regras da moralidade comum (princípios


secundários), que normalmente levam a boas consequências, e recorrer ao
princípio da maior felicidade quando aquelas regras entrarem em conflito.
Necessidade da Fundamentação da Moral
Normas morais comuns
Príncipio de utilidade

Não devem ser seguidas cegamente. Há 1. Reduz a diversidade das


situações em que não seguir uma normas morais concretas a um
determinada norma moral terá melhores princípio geral, denominado
consequências globais do que respeitá-la. fundamento, que nos diz como
O princípio da utilidade é a base em que devemos agir.
nos devemos apoiar para resolver os 2. Procura orientar-nos em casos
problemas morais de conflito moral retirando às
normas socialmente aprovadas
o seu caráter inviolável.
3. A melhor ação é a mais útil.
Necessidade da Fundamentação da Moral

As normas morais comuns estão em vigor em muitas sociedades por alguma razão. Resistiram à
prova do tempo e em muitas situações fazemos bem em segui-las nas nossas decisões. Nas
nossas decisões morais devemos ser guiados pelo princípio de utilidade e não pelas normas ou
convenções socialmente estabelecidas. Dizer a verdade é um ato normalmente mais útil do que
prejudicial e por isso a norma «Não deves mentir» sobreviveu ao teste do tempo. Segui-la é
respeitar a experiência de séculos da humanidade. Mas há situações como em que não
respeitar absolutamente uma determinada norma moral e seguir o princípio de utilidade terá
melhores consequências globais do que respeitá-la.
Necessidade da Fundamentação da Moral
Análise de casos

CASO (1)

O elétrico desgovernado
Maria está a conduzir um elétrico. Quando chega a uma descida,
descobre que os travões deixaram de funcionar. E, para piorar as
coisas, há cinco trabalhadores na linha que não terão tempo para se
aperceber da aproximação do veículo. De modo a evitar que essas
pessoas morram atropeladas, Maria só tem uma hipótese: desviar o
elétrico para outra linha. O problema é que nessa linha também está
uma pessoa que não terá tempo para fugir. Ainda assim, Maria desvia
o elétrico, o que resulta na morte dessa pessoa. Será que a Maria
agiu bem?
Necessidade da Fundamentação da Moral

Caso (2)

O homem pesado
José está numa ponte que atravessa a linha do elétrico. Percebe
que o veículo está descontrolado e que irá atropelar mortalmente
cinco pessoas. (Desta vez não há alternativa!) Ao lado de José, no
entanto, está um homem espantosamente corpulento. "Se eu o
atirar para a linha no momento certo", pensa José, "isso será
suficiente para o elétrico parar". José empurra o homem para a
linha. Embora ele morra atropelado, o seu corpo revela-se
suficientemente pesado para deter o elétrico. As pessoas que
estavam na linha não são atingidas. Será que José agiu bem?
Necessidade da Fundamentação da Moral

Caso (3)
TRUMAN E A BOMBA ATÓMICA.

Harry Truman decidiu lançar a primeira bomba atómica sobre a cidade


japonesa de Hiroxima, matando de uma vez só mais de cem mil pessoas (civis
inocentes). Cometeu ou não um atentado contra a moral? Truman queria pôr
fim à guerra o mais depressa possível e obrigar o governo japonês a render-se.
Quis evitar a perda de muitos milhares de soldados e civis que teria lugar se a
guerra se prolongasse.
Necessidade da Fundamentação da Moral

Caso 4

OS PESCADORES HOLANDESES E OS NAZIS

Durante a Segunda Guerra Mundial, os pescadores holandeses transportavam,


secretamente nos seus barcos, refugiados judeus para Inglaterra, e os barcos de pesca
com refugiados a bordo eram por vezes intercetados por barcos patrulha nazis. O capitão
nazi perguntava então ao capitão holandês qual o seu destino, quem estava a bordo, e
assim por diante. Os pescadores mentiam e obtinham permissão de passagem. Ora, é
claro que os pescadores tinham apenas duas alternativas, mentir ou permitir que os seus
passageiros (e eles mesmos) fossem apanhados e executados. Não havia terceira
alternativa. Os pescadores holandeses encontravam-se então na seguinte situação: ou
“mentimos” ou “permitimos o homicídio de pessoas inocentes”. Os pescadores teriam de
escolher uma dessas opções.
Necessidade da Fundamentação da Moral

A TEORIA ÉTICA UTILITARISTA DE MILL – OS


FINS E OS MEIOS

Para Mill, o fim – a felicidade geral – justifica frequentemente os meios. Na teoria


utilitarista, há um primado dos fins da ação em relação aos meios. Para Mill, é
suficiente que a felicidade produzida com a ação seja superior ao sofrimento
eventualmente provocado com a sua realização para que a ação tenha valor moral. É
neste sentido que há um primado dos fins da ação (da maximização da felicidade para
o maior número) sobre os meios (mesmo que a ação produza sofrimento a algumas
pessoas).
Necessidade da Fundamentação da Moral
Prova do utilitarismo

Por que razão devemos aceitar o princípio da maior felicidade?

A felicidade geral é Só a felicidade é


um fim último desejável como
desejável fim último

A felicidade de cada pessoa é um


bem (desejável) para essa pessoa; A virtude é também um fim último
como tal, a felicidade geral é um da ação, mas não um fim separado
bem para o agregado de todas as ou independente da felicidade.
pessoas.
Necessidade da Fundamentação da Moral
Motivação moral

O que pode constituir a


O que é que nos pode
força da moralidade
motivar a agir de acordo
utilitarista, fazendo com
com a ética utilitarista?
que não sejamos egoístas?

É possível reformar a Existe um sentimento


educação no sentido de social natural que nos
motivar as pessoas a leva à cooperação mútua:
promoverem a felicidade ter em conta cada vez
geral. As sanções da mais os interesses dos
moralidade poderão ser outros leva-nos a
colocadas ao serviço do descobrir que a nossa
utilitarismo. vida é também cada vez
melhor para nós próprios.
Necessidade da Fundamentação da Moral
Críticas à ética de Stuart Mill
Manual pag-209 e 210

A teoria ética de Mill é criticada porque:

Assenta no hedonismo, uma perspetiva discutível.

Suscita dificuldades ao nível do cálculo da


felicidade e da infelicidade.

Revela uma certa incompatibilidade com a ideia de


justiça.

É demasiado ambiciosa e exigente,


comprometendo, de certo modo, projetos
individuais e relações pessoais.
Necessidade da Fundamentação da Moral
Críticas à ética de Stuart Mill

A teoria ética de Mill é criticada porque:

1) Dificuldades de cálculo – É extremamente difícil medir a felicidade de pessoas


diferentes. Quem decidirá se o enorme prazer do sádico ultrapassa ou não o
sofrimento da sua vítima? Ou como se compara o prazer que um entusiasta de
futebol tem quando a sua equipa marca um golo brilhante com as vibrações de um
devoto da ópera que ouve uma ária favorita? E como se comparam estes tipos de
prazer com sensações de caráter mais físico, tais como as que se obtêm com o sexo
e a alimentação?
Bentham pensava que tais comparações poderiam ser feitas. Para ele, a origem da
felicidade era irrelevante. A felicidade era apenas um estado de espírito bem
aventurado: prazer e ausência de dor. Apesar de ocorrer com diferentes
intensidades, era sempre do mesmo tipo e, portanto, devia ter peso nos cálculos
utilitaristas, independentemente da forma como era obtido.
Mill sugeriu uma distinção entre os prazeres superiores e prazeres inferiores. Mill
argumentou que qualquer pessoa que tenha conhecido os prazeres elevados (que
eram, na sua perspetiva, sobretudo intelectuais), iria automaticamente preferi-los
aos chamados prazeres baixos (que eram sobretudo os físicos). No esquema de Mill
os prazeres mais elevados contavam muito mais no cálculo da felicidade do que os
baixos.
Necessidade da Fundamentação da Moral
Críticas à ética de Stuart Mill

A teoria ética de Mill é criticada porque:

2) Incompatibilidade com a ideia de justiça e de direitos - Pelo facto de admitir certos


tipos de exceções o utilitarismo é frequentemente acusado de ser uma teoria
incompatível com a justiça. No entanto, podemos acrescentar à argumentação de Mill
que a flexibilidade do utilitarismo pode ajudar-nos a ter uma noção mais adequada de
justiça. Basear a justiça em regras estáticas pode ser uma ponte para a injustiça. Em
princípio, matar, roubar, mentir ou forçar alguém a fazer o que não quer seria errado e
injusto. No entanto, em circunstâncias especiais pode ser mais justo revogar as regras
morais da justiça que condenam essas atitudes para evitar que uma injustiça maior
seja cometida. Há casos particulares em que pode ser necessário revogar os princípios
gerais da justiça em função da maior felicidade geral: utilizando exemplos do próprio
Mill, para salvar uma vida pode ser necessário roubar ou tomar pela força comida,
remédios ou um médico.
Necessidade da Fundamentação da Moral
Críticas à ética de Stuart Mill

A teoria ética de Mill é criticada porque:

3) O utilitarismo é demasiado exigente - Mill responde a essa objeção


sustentando dois argumentos:
a) A não ser que alguém seja um benfeitor público, não é necessário
considerar a felicidade de todas as pessoas ou de todos os seres, mas
apenas dos envolvidos na ação.
b) Abster-se de praticar ações que sejam prejudiciais à sociedade é o que,
de alguma maneira, todo sistema moral exige.
Necessidade da Fundamentação da Moral
Críticas à ética de Stuart Mill

A teoria ética de Mill é criticada porque:

4) Casos problemáticos - Outra objeção ao utilitarismo defende que este pode


justificar muitas ações que habitualmente são consideradas imorais. Por exemplo,
se pudesse mostrar-se que enforcar publicamente um inocente teria o efeito
benéfico direto de reduzir os crimes violentos, por atuar como um fator de
dissuasão, causando assim, no cômputo geral, mais prazer que dor, então o
utilitarista seria obrigado a dizer que enforcar o inocente era a coisa moralmente
correta a fazer.
Necessidade da Fundamentação da Moral
Críticas à ética de Stuart Mill

A teoria ética de Mill é criticada porque:

5) Dificuldade em prever as verdadeiras consequências das nossas ações - Um pai


que bate no filho quando este comete uma asneira poderá fazê-lo porque está
convencido de que assim evitará situações potencialmente perigosas. A verdade,
porém, é que nunca poderá ter a certeza se os benefícios imediatos da sua ação serão
maiores do que a possibilidade de estar a interferir a médio e longo prazo no
desenvolvimento emocional da criança. Traumatizando-a, por exemplo.
Necessidade da Fundamentação da Moral

2
O problema do critério ético
da moralidade de uma ação:
a ética deontológica de Kant
Necessidade da Fundamentação da Moral

Ética kantiana Ética deontológica

O valor moral de uma ação assenta no cumprimento do dever,


independentemente das suas consequências.

Existem dois planos distintos no ser humano:


• plano da natureza/necessidade;
• plano da ação/liberdade.
Necessidade da Fundamentação da Moral

Boa vontade

Única coisa que pode ser


concebida como sendo boa em
si mesma.

Possui um valor
intrínseco,
incondicional
e absoluto.
Necessidade da Fundamentação da Moral

Intenção
e boa vontade

O valor moral de uma ação reside na intenção.

A ação boa é aquela que resulta da intenção


boa. Uma intenção boa encontra-se na vontade
consciente e boa de um agente que sabe
o que deve fazer.
Necessidade da Fundamentação da Moral

Intenção pura

Decorre da vontade (boa) que segue a razão.

Só mediante uma intenção pura a ação


se torna legítima.

Só uma vontade santa, não sujeita


A vontade humana não é perfeita
à coação, age sempre guiada
e deixa-se influenciar por apelos
única e exclusivamente
dos sentidos.
pela razão.
Necessidade da Fundamentação da Moral

Motivações/Intenções vs. consequências

As consequências das
ações encontram-se, O que é decisivo para a
frequentemente, fora do moral são as
nosso controlo: intenções/motivações.
elas não podem ser
decisivas para a moral.
Necessidade da Fundamentação da Moral

Dever

Diferentes tipos de ações

Ações contrárias ao Ações meramente Ações realizadas por


dever conformes ao dever dever

Cumprem o dever, mas Cumprem o dever pelo


Não cumprem as regras
apenas porque o dever; decorrem de uma
morais nem o dever,
agente pode obter alguma exigência puramente
violando direitos humanos
vantagem ou satisfação racional. São as únicas com
fundamentais.
pessoal. valor moral.
Necessidade da Fundamentação da Moral

MORALIDADE LEGALIDADE

Respeito
Conformidade
(interior) pela lei
(exterior) à lei
moral e pelo
moral e ao dever
dever

A boa vontade age motivada apenas pelo


cumprimento do dever. O dever é a necessidade
de consumar uma ação por respeito para com a
lei.
Necessidade da Fundamentação da Moral
O imperativo categórico

Kant não pretende apontar um


conjunto de regras concretas de
ação, mas encontrar o fundamento
universal dos deveres morais.

É na razão que importa procurar


esse fundamento, a fórmula que
nos indica o que devemos fazer.

Imperativo categórico
Necessidade da Fundamentação da Moral

IMPERATIVO HIPOTÉTICO IMPERATIVO CATEGÓRICO

Ordem ou mandamento Ordem ou mandamento


que nos diz o que que possui um carácter
devemos fazer se absoluto e incondicional.
queremos realizar Representa uma ação
determinados desejos como objetivamente
ou atingir um certo fim. necessária.

Exemplo: “Se queres


emagrecer, pratica Exemplo: “Não mintas!”
exercício físico.”
Necessidade da Fundamentação da Moral

O imperativo categórico de Kant, ainda que apresente


várias formulações, constitui o princípio de todos os
imperativos categóricos, indicando absoluta, incondicional
e universalmente a forma como devemos agir.

Trata-se de um princípio ou lei moral


fundamental que estabelece que a ação é
necessária e boa em si mesma.

Duas formulações principais do imperativo categórico:


fórmula da lei universal e fórmula da humanidade (ou do fim em si mesmo)
Necessidade da Fundamentação da Moral

FÓRMULA DA LEI UNIVERSAL

Age apenas segundo uma máxima tal que possas ao


mesmo tempo querer que ela se torne lei universal.

Quem quiser saber se está a agir bem deve perguntar-se a si


próprio se a máxima ou princípio que orienta a sua ação poderia
transformar-se numa lei à qual todos os seres humanos em
circunstâncias semelhantes adeririam.
Necessidade da Fundamentação da Moral

Exemplos de deveres que decorrem da primeira


fórmula do imperativo categórico

Interiores Exteriores
(ou para connosco) (ou para com os outros)

Não fazer promessas


Perfeitos Não cometer suicídio
enganadoras

Desenvolver as nossas Contribuir para o


Imperfeitos faculdades bem-estar dos outros

Os deveres perfeitos têm prioridade sobre os deveres imperfeitos.


Necessidade da Fundamentação da Moral

Aplicação da primeira fórmula do imperativo categórico

O que sucederia se determinadas máximas se


tornassem leis universais? Poderemos querer que
todos os agentes racionais sigam essas máximas?

O potencial suicida, aquele que faz promessas enganadoras, o que


negligencia os seus dons e o egoísta concluiriam, por exigência da
lei moral, acerca da impossibilidade de querer tornar universal o
princípio que orienta a sua ação.

Seguir tais máximas equivale a adotar regras que não podemos


querer que sejam seguidas pelos outros.
Necessidade da Fundamentação da Moral

FÓRMULA DA HUMANIDADE OU DO FIM EM SI MESMO

Age de tal forma que trates a humanidade, tanto na tua


pessoa como na de qualquer outro, sempre simultaneamente
como um fim e nunca simplesmente como um meio.

Exigência de tratar os outros (e a nós próprios) como fins e nunca


como simples meios ou como instrumentos para atingirmos os
nossos objetivos ou realizarmos desejos egoístas.

Tratar os outros como fins é respeitá-los como agentes racionais ou


pessoas, é respeitar a sua racionalidade e reconhecer a sua
dignidade.
Necessidade da Fundamentação da Moral

A segunda fórmula do imperativo categórico conduz, segundo


Kant, às mesmas conclusões que a primeira:

– O potencial suicida está a


servir-se da sua própria – O que negligencia os seus
pessoa unicamente como dons não contribui para a
um meio, sem se considerar sua realização como fim em
como um fim em si mesmo. si mesmo.
– Aquele que faz promessas – O egoísta não está a tratar
enganadoras serve-se do o outro como um fim em si
outro simplesmente como de mesmo.
um meio, sem o tratar como
um fim em si mesmo.
Necessidade da Fundamentação da Moral
Imperativo categórico
(lei moral fundamental)

Corresponde, nas suas fórmulas, às


exigências que a razão nos dá sempre
que queremos agir corretamente.

As máximas, para serem moralmente


corretas, devem respeitar as
exigências de universalidade (primeira
fórmula) e de reconhecimento do ser
humano, enquanto pessoa, como um
fim em si mesmo e nunca como um
simples meio (segunda fórmula).
Necessidade da Fundamentação da Moral
Moralidade

Autonomia da vontade Liberdade moral do agente

A moralidade das ações não depende de nada que nos seja imposto do
exterior, mas de algo que deriva do interior.

Capacidade de autodeterminação e de o indivíduo dar


Autonomia
leis a si mesmo, agindo em função delas.

Sujeição do indivíduo a leis que outros lhe impõem e o


Heteronomia obrigam a cumprir.
Necessidade da Fundamentação da Moral

A vontade não se limita a submeter-se à lei moral.

A vontade é legisladora universal.

A lei moral não nos é imposta a partir de fora. Ela deriva de


nós próprios, enquanto agentes racionais.

O ser humano só é verdadeiramente livre


quando a sua vontade se submete às leis da razão.
Necessidade da Fundamentação da Moral
Críticas à ética de Kant
Manual pág-194/195

A teoria ética de Kant é criticada porque:

Apresenta rigor formal, com afastamento das


emoções em relação à vida moral.

Permite, aparentemente, ações imorais (objeção à


fórmula da lei universal).

Não oferece soluções satisfatórias para situações


como as que envolvem dilemas morais (conflitos
de deveres).

Parece não responder a situações de deveres


incompatíveis: isso pode acontecer com deveres
absolutos.

Tem alguns aspetos implausíveis, como o facto de


não dar atenção às consequências da ação.
Necessidade da Fundamentação da Moral

3
Análise comparativa das
perspetivas éticas de Kant
e Stuart Mill
Necessidade da Fundamentação da Moral
Fundamentação da moral:
O que é que faz com que uma ação seja moralmente correta ou incorreta?

Ética deontológica de Kant Ética utilitarista de Mill

O que é bom em si
mesmo, tendo Boa vontade Felicidade
valor intrínseco? (guiada apenas pela razão) (identificada com o prazer)

Qual é o critério de
Intenções Consequências
determinação do
(As ações são boas ou más (Não há ações boas ou más
valor moral da
em si mesmas.) em si mesmas.)
ação?

Princípio da utilidade ou
Qual é o princípio
Imperativo categórico princípio da maior
ético fundamental?
felicidade

O que é uma ação Ação realizada de modo a


Ação realizada por
moralmente maximizar a felicidade
puro respeito pelo dever
correta? geral

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