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Stuart Mill

Á semelhança de Kant, também Stuart Mill se dedicou a investigar os fundamentos da moral,


procurando, com isso, distinguir uma ação moralmente correta de uma ação moralmente
incorreta.

Mill defendeu uma perspetiva utilitarista. O utilitarismo foi fundado por Jeremy Bentham no
séc. XVIII. Esta perspetiva parte do princípio de que uma ação é moralmente correta se as
consequências que dela decorrem promoverem a felicidade geral, entendendo-se por esta o
prazer e a ausência de dor. – O utilitarismo é, assim, uma ética consequencialista. Uma ação é
correta ou incorreta dependendo exclusivamente dos seus resultados ou consequências.

Segundo Mill, as consequências ou resultados de uma ação devem ser avaliados tendo em conta
a felicidade geral que provocam.

Tese: O que determina a moralidade de uma ação são as consequências da ação. A ação correta
é aquela que, tendo em conta as alternativas, resulta numa maior felicidade geral.

Nesta perspetiva, uma ação não é boa nem má; esta ação depende dos resultados, das
consequências da ação, pelo que mentir, por exemplo, pode ser melhor do que não mentir, caso
seja para benefício da maioria. Para Mill, as regras morais não decorrem de deveres absolutos.
Uma ação é moral se maximizar imparcialmente a felicidade ou o bem-estar geral.

Isto quer dizer que só as consequências tornam boas ou más as ações. Na avaliação moral de
um ato são tidos em conta os interesses dos envolvidos, pelo que maximizar o bem-estar geral
pode implicar que se violem direitos das pessoas em nome da maximização da felicidade geral.
Assim não há deveres morais absolutos. Há circunstâncias nas quais o cumprimento do dever
admite exceções.

Ao contrário do que defendia Kant, as intenções do agente que pratica a ação são irrelevantes
para determinar se uma ação é boa ou má.

De acordo com Mill: «Aquele que salva um semelhante de se afogar faz o que está moralmente
certo, seja o motivo o seu dever seja a esperança de ser pago pelo incómodo».

A ética consequencialista de Mill é uma ética teleológica. As éticas teleológicas consideram que
o fim para o qual tendem as ações determina a sua moralidade.

O hedonismo – perspetiva que defende que a felicidade consiste no prazer e na ausência de dor.
Também Jeremy Bentham, precursor de Mill adotou o hedonismo.

Mill, ao defender que o critério da moralidade é a maior felicidade para o maior número de
pessoas, pressupõe um determinado conceito de felicidade: a felicidade enquanto prazer e
ausência de dor.

Assim, na perspetiva de Mill, o que determina a moralidade de uma ação é a felicidade, isto é, a
ação é boa na medida em que promove a felicidade ou má na medida em que promove o seu
contrário.
Qualidade dos prazeres

Os seres humanos, para além dos apetites comuns aos outros animais, possuem faculdades
mais elevadas.

Os seres humanos, tendo apreciado os prazeres mais elevados, não estão dispostos a abdicar
desses prazeres. Os prazeres superiores produzem maior satisfação do que os prazeres
inferiores, e ninguém está disposto a abdicar daquilo que possui a mais em troca da satisfação
imediata dos prazeres inferiores.

Mill explica o que entende por qualidade dos prazeres, distinguindo os prazeres próprios dos
seres humanos, pois empregam as suas faculdades superiores, dos prazeres inferiores, comuns
aos animais não humanos e de fácil deleite.

Prazeres

Inferiores Superiores

- Corporais Exemplos: - Espirituais Exemplos:

- Físicos - prazer de comer - Intelectuais - apreciar uma música

- Sensoriais - satisfação sexual - Estéticos - apreciar uma obra literária

- Morais - procurar conhecimento

Segundo Mill, os prazeres podem ser hierarquizados em superiores (intelectuais) e inferiores


(corporais). Os prazeres superiores são os que produzem maior felicidade.

A diferença qualitativa de prazeres está na preferência que lhes é dada: se houver um prazer
ao qual todos ou quase todos aqueles que tiveram a sua experiência deram uma preferência,
então esse será o mais desejável.

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