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Escola Secundária de Monserrate

Utilitarismo e motivacional
Relação entre o utilitarismo e motivação social;
Sentimentos sociais da humanidade;
Críticas à ética de Stuart Mill.

Disciplina de Filosofia.
Ano Letivo 2021/2022
Andreia Almeida, nº.1;
Diana Gonçalves, n.º6;
Luísa Santos, n.º15.

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Escola Secundária de Monserrate

Utilitarismo e motivacional
Relação entre o utilitarismo e motivação social;
Sentimentos sociais da humanidade;
Críticas à ética de Stuart Mill.

Trabalho realizado pela aluna


Andreia Almeida, n.º1, Diana
Gonçalves, n.º6 e Luísa Santos,
n.º15 10ºJ, no âmbito da disciplina
de Filosofia sob a orientação do
professor Pedro Pinho.

Ano letivo 2021/22

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Índice

Introdução 5
Utilitarismo e motivação social 6
Sentimentos sociais da humanidade 7
Críticas à ética de Stuart Mill 7
Conclusão 10

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Introdução

John Stuart Mill (1806-1873) foi o filósofo mais influente inglês do


século XIX. Era naturalista, utilitário e liberal, cujo trabalho explora as
consequências de uma vida empirista completa.
A imagem geral da mente e do mundo de Mill é estabelecida
apelando ao que nos justifica em acreditar na natureza desses objetos. O
relato do seu conhecimento baseia-se muito no panorama geral da sua
mente, do mundo e da sua relação. Ele sustenta, portanto, que não pode
haver um conhecimento genuíno de factos objetivos, ou seja, de que “não
há verdades conscientes pela luz interior da mente, e assente em provas
intuitivas”. Esses conhecimentos, sejam teóricos ou éticos, devem ser
obtidos por observação e experiência.
A sua teoria, o utilitarismo, enquadra-se numa perspetiva teleológica
da moral, que avalia a moralidade das ações através das consequências,
isto é, para Mill importava a finalidade e utilidade que as mesmas
proporcionam segundo o princípio da maior felicidade, em que rege a ideia
de que uma ação pode ser considerada moralmente correta se maximizar
a felicidade e bem-estar geral.

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Utilitarismo e motivação social

O utilitarismo é uma família de teorias consequencialistas, visto que,


uma ação só pode ser considerada mentalmente correta se as suas
consequências promoverem o bem estar coletivo. Esta teoria foi
fundamentada por Jeremiah Bentham e, mais tarde, pelo seu "discípulo"
Stuart Mill. O utilitarismo tem cinco princípios fundamentais que são
comuns a todas as versões desta teoria, uma de Mill e outra de Bentham
que ao contrário de concordarem em tudo diferenciam em alguns pontos
de vista.
Um dos princípios é “O princípio do Bem estar”- o “Bem” é definido
como sendo o objetivo da ação moral, e esta deve promover o bem estar,
seja físico, moral ou intelectual. Outro dos princípios é o
“Consequencialismo”- onde a moralidade das ações é julgada mediante as
consequências por elas geradas. O utilitarismo consiste na felicidade o que
conduz ao hedonismo, que pode ser quantitativo ou qualitativo, pois traz
prazer (que neste caso é equivalente a felicidade), ou consequencialismo,
que podem ser boas ou más (ações incorretas). A virtude é apenas um
meio para a atingir a felicidade, agir bem acaba por ser também um fim
último da nossa ação. Desejá-la por si mesmo é pensar que é um prazer e
que estar sem, causa sofrimento. Há então um prazer por alcançar a
virtude, porém dor por não ter alcançado mais. Mill argumentou que se a
natureza humana, só desejar parte da felicidade ou meia, não podemos ter
outra prova que estas são as únicas coisas desejáveis. Se esta for
verdadeira, a felicidade é o único fim da opção humana.
Stuart distancia-se de um hedonismo egoísta e um egoísmo ético,
defendendo um hedonismo altruísta. Ele é ambicioso, e acredita na ação
humana, onde devemos desejar a felicidade de todos à nossa volta, todos
acima de nós próprios. Se essa ação não for útil não promoverá a
felicidade, esta só se torna verdadeiramente real se tiver um caráter
prático.
Com os textos de opinião deste filósofo, deu para perceber que ele
considerava a felicidade algo muito importante e difícil de interpretar.

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Sentimentos sociais da humanidade

No seguimento da ideia anterior, podemos dizer que a verdadeira


felicidade só se encontra se existir um sentimento natural? O sentimento
natural é caracterizado por um sentimento social, ou seja, uma
necessidade natural dos seres humanos estarem unidos e em harmonia.
Esta cooperação mútua implica a escolha racional e imparcial de ações
que promovam a felicidade de todos. Stuart Mill é de opinião que a
educação pode motivar as pessoas a procurarem a felicidade geral, logo,
os sentimentos morais não são inatos antes adquiridos e desenvolvidos. O
sentimento natural é um sentimento desejável para todos, desenvolvido de
forma e intensidade diferente consoante o grau de desenvolvimento
espiritual e mental.
Podemos dizer que a felicidade é um estado de bem estar, de prazer
e ausência de dor ou sofrimento. Uma ação que não seja provocativa de
dor ou sofrimento e que traga prazer promove a felicidade. De acordo com
Mill, o ser humano tende a fugir da dor e procurar o prazer, a procura de
um ideal moral em que a felicidade deve ser de toda a humanidade e não
da própria.
Logo, fazer uma opção moral exige inventariação e avaliação das
consequências possíveis para se poder escolher a que previsivelmente
produzirá mais felicidade ou bem estar.

Críticas à ética de Stuart Mill

1. A ética utilitarista assenta no hedonismo

O ideal de “hedonismo” passado por Mill baseia a nossa ação e a


nossa decisão na maximização da utilidade, procurava fazer um balanço
entre o prazer e a dor, entre a felicidade e o sofrimento. Assim
procurava-se “o bem maior para o maior número de pessoas”.
Para os utilitaristas uma ação moralmente correta era aquela que
tinha as melhores consequências possíveis. Esta ideia é seguida por
muitos governantes quando estes pensam e são aconselhados para o bem
do seu país. Contudo, a maximização da utilidade, bem como, da

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felicidade levanta o problema dos seus limites. Assim dizendo, é legítimo


perceber se esta ideia de maximizar, dizendo por outras palavras, gerar
felicidade aos outros com as nossas ações é um bom critério moral, no
sentido se de facto a ação com valor moral verdadeiro é aquela que traz
maior felicidade às pessoas envolvidas numa determinada ação. A
maximização da felicidade pode ser questionada se isso implicar o
sacrifício de um ser humano em prol da felicidade de uma maioria. Há
quem entenda que um ser humano deve ser considerado como um fim em
si mesmo e não como um meio para atingir algo, isto é, esse “fim”. Tendo
ainda em conta a ideia de hedonismo, ou seja, a procura de prazer e o
afastamento da dor, o filósofo Robert Nozick apresenta a ideia da
“máquina de experiências” em que as pessoas são convidadas a
experimentarem este exercício mental, onde as mesmas são levadas a
imaginar que estão ligadas a essa máquina que lhes possibilita
experimentar todo o tipo de prazeres e, também, a sentirem uma felicidade
constante tornando-as absolutamente felizes, inconscientemente, mas com
a condição de que uma vez ligados à máquina não poderiam voltar atrás
nessa escolha. No fundo, as pessoas são levadas a optar entre ter uma
experiência de felicidade permanente, embora apenas virtualmente, e viver
uma situação real ainda que isso implique passar por todos os seus altos e
baixos. Em termos práticos, isto seria o mesmo que sentir a felicidade de
ter conseguido escalar o monte Evereste, embora não proporcione a
sensação real da adrenalina de ultrapassar cada obstáculo que a escalada
em si requer. Será que a maioria iria abrir mão de passar por essa vivência
com todos os seus percalços, mas no final sentir a gratificação de a ter
conquistado por si só?
Portanto, estas experiências por muito agradáveis que sejam,
acabam por resultar em viver uma farsa, uma irrealidade, isto é, sem
profundidade e sem autenticidade, o que no final pode equivaler a uma
vida sem usufruir de todas as lições que esses momentos, sejam mais
prazerosos ou não, podem trazer.

2. Dificuldades de cálculo da felicidade.

Esta crítica põe em evidência como calcular a felicidade. Como


podemos comparar a felicidade de dois indivíduos? Como poderemos
comparar a felicidade de alguém que está a assistir ao concerto do seu

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compositor preferido com a felicidade de alguém que come, por exemplo, o


seu prato favorito. Qual é o critério de comparação entre prazeres
superiores, mais ligados ao intelecto (por exemplo: ler um livro) de
prazeres inferiores, mais ligados ao físico (por exemplo: comer um gelado,
ou dançar). Esta divisão tende a ser criticável, no sentido em que se torna
elitista, pois acaba por refletir os gostos e opinião de Stuart Mill e de uma
classe que pensava como ele, deixando para segundo plano prazeres
mais simples e mais corriqueiros do nosso dia a dia.
Ainda nesta questão da dificuldade de cálculo da felicidade é difícil
prever e, consequentemente, calcular os efeitos imediatos e a longo prazo
de uma ação particular, e, por isso, temos que ter em conta que uma
determinada ação pode provocar efeitos imediatos, como também a médio
e a longo prazo. As pessoas não conseguem controlar totalmente os
efeitos ou consequências das ações que realizam. Por exemplo, um aluno
pode pensar em estudar apenas para concretizar o objetivo ou desejo de
passar de ano, que é o efeito imediato da sua ação, e não pensar no ato
de estudar como obtenção de conhecimento que lhe pode ser útil para a
sua vida futura, o que podemos considerar o efeito a longo prazo.
Assim sendo, esta contradição pode tornar o cálculo difícil, ou até
mesmo impossível.

3. A ética utilitarista é demasiado ambiciosa e exigente.

O princípio da felicidade geral não aceita o egoísmo, isto é,


preconiza o altruísmo no sentido em que por vezes é preciso prejudicar
alguns benefícios pessoais com vista a um bem maior comum,
apresentando a ideia de um sentimento social natural que explicaria a
entreajuda entre os humanos. Cumprir com esta solidariedade mútua que
Mill defende, pode ser deveras ambiciosa e exigente, comprometendo de
certo modo projetos individuais e relações pessoais, ou seja, o indivíduo
deveria colocar-se para segundo plano, focando a sua atenção para um
bem-estar geral e, de seguida, para o seu bem-estar próprio. Isto
compromete a felicidade individual e “obrigar”, ou, levar um ser humano a
ser totalmente altruísta pode ser desafiante, pois certamente nem todas as
pessoas concordaram com essa ideia de ânimo leve. Por outro lado, a
exigência a que este princípio se submete vai contra as emoções humanas
normais.

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Conclusão

Com este trabalho, conseguimos aprender a teoria utilitarista


proposta por Stuart Mill onde este, contrariamente a Kant, preconizou a
finalidade das nossas ações e introduziu à “discussão” o tema da
felicidade. Relacionamos a sua teoria com os efeitos que provoca na
sociedade e os seus princípios para promover uma motivação social. De
seguida, fomos perceber que essa felicidade provém de um sentimento
social comum, que deveria, mais uma vez, gerar o bem estar comum na
nossa comunidade. Para finalizar o nosso trabalho escrito apresentamos
três objeções à ética de Stuart Mill (que como qual outra possuí críticas),
na primeira entendemos que a sua ética assentava no hedonismo, na
segunda discutimos as dificuldades de cálculo da felicidade, e colocamos
“em cima da mesa” que esta teoria pode ser ambiciosa e exigente por
“exigir” um altruísmo geral, o que por vezes, pode ser difícil.
Como qualquer outro trabalho, este também apresentou os seus
desafios, mas com tempo achamos que os conseguimos contornar, com
esforço, para no final apresentar um trabalho coeso.
Queremos agradecer a ajuda que o professor Pedro Pinho, ao longo
deste trabalho, prestou.

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Referências bibliográficas

BORGES, Ferreira José; PAIVA, Marta; ORLANDA, Tavares


-Em Questão: Filosofia 10º ano. Porto Editora, 2021.ISBN
978-972-0-41037-5;

Links consultados a 2/05, 3/05, 5/05 e 7/05


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