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Filosofia Moral de John Stuart Mill

J. Stuart Mill, inglês do século XIX, é um famoso político que viveu na


época da Revolução Industrial. No campo da filosofia, é principalmente
conhecido por se ter oposto a Kant no domínio da moralidade. O que
terá despertado em Mill as suas questões sobre o Bem terá sido o
contraste por ele observado entre a sua vida (na corte) e a dos pobres
industriais, que viviam e trabalhavam em condições miseráveis.
Este filósofo defende uma corrente ​utilitarista​​. Esta corrente avalia,
mede, calcula e quantifica a moralidade das ações pela sua utilidade -
vantagens e desvantagens; possibilidade do indivíduo alcançar a
felicidade. Assim, o que caracteriza uma ação como boa ou má são as
consequências da mesma, sendo que uma ação boa é aquela que traz
vantagens e uma má é aquela que traz desvantagens. Isto introduz
outra característica do utilitarismo: o ​consequencialismo​​ (a moralidade
das ações reside nas consequências das mesmas). Para este autor, ​a
moralidade fundamenta-se na utilidade​.
Stuart Mill é também um ​hedonista​​: defende que a finalidade absoluta
de todas as nossas ações é a ​felicidade​​. Mas o que é a felicidade?
Segundo este autor, a felicidade identifica-se como o estado de prazer e
de ausência de dor. Desta forma, Mill escreveu a ​Formulação do
Princípio da Maior Felicidade​ - o fundamento da moral. O Princípio da
Maior Felicidade diz, então, que as ações boas são aquelas que
promovem a felicidade (prazer e ausência de dor) e as más aquelas que
promovem o reverso da mesma (dor e a privação de prazer). Devemos,
assim, maximizar a felicidade para o maior número de pessoas, com a
maior intensidade possível, sendo que a felicidade de nenhum Homem
é maior que a de outro.
O político inglês faz ainda a distinção entre prazeres: ​superiores e
inferiores​. Os prazeres superiores são os ligados à razão e ao espírito,
que permitem a realização do ser humano - como a beleza, a verdade, a
liberdade e o conhecimento. Os inferiores estão ligados ao corpo e às
necessidades básicas do ser humano, provenientes das sensações -
como a fome, o sono e o sexo.
Os prazeres podem ainda ser mais ou menos ​intensos​ e mais ou
menos ​duradouros​. Devemos buscar, para o maior número de pessoas,
os melhores prazeres, mais intensos e mais duradouros. Devemos gerir
a felicidade, aceitado a ​tranquilidade​, gerindo a ​excitação​, na procura do
prazer e fuga da dor.
No entanto, ao buscar a felicidade, o que fará com que não nos
tornemos egoístas? O que fará com que não desvalorizemos a
felicidade dos outros a favor da nossa? Segundo Stuart Mill, todos
temos um sentimento natural que nos leva a cooperar com os outros, o
sentimento moral da humanidade​. Este é um sentimento espontâneo e
autónomo, que promove a harmonia entre a felicidade de todos, da
felicidade pessoal com a social.
Ainda é importante notar que a filosofia de Mill é ​naturalista​​, ou seja,
baseia-se em sentimentos (dor e prazer) reais e não teorias ou
conceitos (como em Kant, o Imperativo Categórico).
Em conclusão, John Stuart Mill construiu a sua moral ​teleológica
(mede-se pelo final) na medida em que agimos para que originemos a
maior felicidade possível. É também ​quantitativa​​, pois busca-se a
felicidade para o maior número de pessoas possível, e ​material​​, pois
depende de fatores externos à ação em si. A filosofia moral utilitarista,
que se baseia na utilidade das ações, é ainda​ particular​​, pois depende
da ética de cada um.

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