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RESUMO
ABSTRACT
The aim of this article is to present the development of utilitarian ethics and its dialog
with the liberal political thought of John Stuart Mill. Firstly, we will discuss one of the
first ethical philosophies of well-being with the Greeks, specifically Epicurus. Next, a
brief historical context will be presented to situate the reader, enabling a better
understanding of the philosophical current. Under these political and ethical aspects,
the conclusion of the studies presented here will show that the interactions that
individuals have with others are crucial for establishing their identity and voluntary and
conscious action in society.
1. INTRODUÇÃO
Para que uma sociedade viva em harmonia... A busca pela felicidade é a única
coisa que importa? Da antiguidade clássica à contemporaneidade, as discussões em
torno da finalidade de um princípio moral sempre foram persistentes; e é com Jeremy
Bentham e John Stuart Mill que essas abordagens ganham notoriedade na ética
contemporânea. A ética utilitarista, desenvolvida entre os séculos XVIII e XIX, é uma
doutrina que, ao mesmo tempo que se aproxima da filosofia epicurista ao tratar da
busca pela felicidade, difere-se desta quando considera não somente a satisfação
individual, mas leva em conta também o prazer do outro.
Para que isso ocorra, a liberdade de expressão pode ser fundamental quando opera
de forma complementar com o princípio da utilidade; nessa perspectiva, a total liberdade
sobre si mesmo (contanto que não cause dano aos outros) é a chave para que, na
construção de sua individualidade, um sujeito contribua para o estabelecimento de um
critério moral:
Assim, este artigo trata da ética e da filosofia política de Mill: Do utilitarismo através da
discussão de que a felicidade individual e o desenvolvimento e bem estar da sociedade
são conciliáveis: argumentos que partem da insatisfação de Mill com o Estado, e que
conduz suas críticas ao mesmo. Além de levantar algumas reflexões críticas sobre o
pensamento do autor, tendo como base as obras “O utilitarismo” e “Sobre a Liberdade”.
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Epicuro enfatizou que para considerarmos que uma ação seja agradável,
devemos considerar primeiramente os seus efeitos. Ao buscar a felicidade de curto
prazo, também deve-se considerar se é possível obter uma felicidade maior, mais
permanente e mais intensa. Pode-se encontrar essas observações em sua máxima:
“O limite da amplitude dos prazeres é a supressão de tudo que provoca dor. Onde
estiver o prazer e durante o tempo em que ele ali permanecer, não haverá lugar para
a dor corporal ou o sofrimento mental, juntos ou separados” (EPICURO, 2010, p.16).
E assim é que o homem ficará fora de si e não será feliz senão quando, não se
achando mais em si mesmo, receber uma inexprimível felicidade daquele
supremo Bem que tudo atrai a si. Mas, como essa felicidade só pode ser
destruída pela união da alma com o corpo, e sendo a vida dos santos na terra
uma contínua meditação e uma sombra das alegrias inegáveis do paraíso,
resulta que principais a gozar antecipadamente, neste mundo, a recompensa
que lhes é prometida. É bem verdade que, em confronto com a felicidade
eterna, não passa de uma gota de uma sombra a que experimentam os devotos
nesta terra. (ERASMO, 2013, p. 250)
2 HUME, 1995.
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O ser humano costuma desejar o que lhe proporciona prazer, e como animal que
faz parte de um grupo (a sociedade) ele deve buscar também a felicidade dos outros
na sua forma de agir. Dessa forma, uma pessoa que mata por prazer, por exemplo, é
imoral porque a maioria das pessoas abominam esse ato. Pode-se resumir na
máxima: “Maior felicidade possível para o maior número possível”. Influenciado por
autores que também possuíam uma perspectiva hedonista (como os citados nesse
artigo), em “Uma introdução aos princípios da moral e da legislação”, publicada no
ano de 1789, Jeremy Bentham expõe sua teoria utilitarista. Bentham definiu a
felicidade em “materiais e imateriais" (Bentham, 1974, p.26). Ele acreditava que a
natureza coloca as pessoas sob circunstâncias de prazer e de dor e, assim, determina
por um lado, o que é certo e o que é errado e, por outro, o comportamento humano.
Com base nesse fundamento, ele argumentou que a felicidade é boa e a dor é ruim
porque o comportamento das pessoas tende a beneficiar e evitar sofrimento.
Porém, mesmo que para o filósofo esses prazeres baixos cause excesso e não
desenvolva as qualidades nobres (superiores) de um ser humano, isso é uma questão
de consciência individual, e essa individualidade é reconhecida e defendida dentro do
pensamento político liberal de Mill. Antes mesmo da publicação de “O utilitarismo"
(1861), Stuart Mill já havia defendido a liberdade individual como um fator fundamental
para o desenvolvimento social.
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Mill defende e reforça a afirmação de Wilhelm Von Humboldt no livro quando fala
da importância da individualidade e da diversidade, e que a combinação das duas cria
originalidade, que ele acredita ser o impulso do desenvolvimento social3. Portanto,
mesmo dentro de uma perspectiva utilitarista, se o Estado não reconhecer a
diversidade individual e a restringir de alguma forma, isso resultará em entravar o
desenvolvimento da sociedade, reduzindo assim a utilidade e felicidade de toda a
sociedade. A diversidade individual é necessária para que a liberdade seja garantida,
e consequentemente a felicidade.
3 MILL, 2011.
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Segundo sua biografia, John Stuart Mill começou a trabalhar para jornais e revistas
quando tinha dezesseis anos. As ideias presentes em “Sobre a liberdade", escrita
muitos anos depois, podem ser vistas na discussão que ele faz ainda jovem ao falar
da imprensa, quando alerta sobre o perigo de futuras possíveis censuras. Na mesma
época, começou a trabalhar na Companhia Britânica das Índias Orientais até 1858,
quando a empresa foi abolida após a revolta dos cipaios. Ao mesmo tempo que Mill,
em suas obras, alega se opor a escravidão e a favor da liberdade feminina (Ideias
muito progressistas para sua época) ele não só justifica o domínio colonial da Índia
pela Companhia das Índias Orientais, para a qual trabalhou durante toda a sua vida,
mas também justifica o domínio imperialista da Rainha Vitória sob os povos que ele,
assim como qualquer outro inglês “civilizado” da elite, considera “bárbaro": “O
despotismo é uma forma legítima de governo quando se lida com bárbaros, desde que
o objetivo seja o seu desenvolvimento, e desde que os meios sejam justificados por
verdadeiramente alcançarem esse fim” (MILL, 2011, p.24).
Se sua ética determina que ações humanas são corretas de acordo com o grau
de utilidade que promove a felicidade e sua defesa rigorosa da liberdade individual
propõe o progresso, então o que poderia levar o autor a acreditar que as imposições
econômicas, culturais e religiosas por meio da força bélica traria felicidade a outros
povos? Se essa “liberdade" e essa “felicidade" não pode ser útil para um grupo
diferente do convencional (o inglês), então Mill se contradiz e não foge das limitações
de sua época.
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4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Diante das discussões levantadas, pôde-se observar que o utilitarismo baseia-se
na busca por felicidade não partindo de uma regra ideal ou intencional (como em
Platão ou Kant), mas numa regra prática (que parte da observação e da experiência).
Nossa conduta pode ajudar a promover a felicidade geral, e é apenas o indivíduo que
tem a palavra final em suas decisões; ele é a base para uma boa sociedade pois é no
exercício de sua liberdade e na construção de sua individualidade que este estando
feliz consigo mesmo e sem provocar mal aos outros, é que o bem estar social
prevalece, segundo essa perspectiva.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS