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Filosofia – 10.

º Ano

A necessidade de fundamentação da moral

Ética Utilitarista de Mill


Ética utilitarista de Mill

John Stuart Mill


(1806 – 1873)
• Filósofo, político e economista inglês.
• Um dos pensadores liberais mais influentes do
século XIX.
• Casou com Harriet Taylor.
• Utilitarismo (1861).
O princípio da utilidade ou da maior felicidade

Uma ação será correta se, e só se, promover imparcialmente a maior felicidade
agregada.

Por outras palavras, devemos fazer aquilo que,


previsivelmente, maximize imparcialmente o
bem-estar ou a felicidade do maior número
possível de afetados (humanos e não humanos).
O utilitarismo não define um conjunto de regras morais, mas um objetivo: a
utilidade. As ações são avaliadas como corretas (morais) ou incorretas (imorais),
tendo em conta a promoção ou não promoção do objeto utilitarista.

• Por utilidade, Mill entende o bem-estar ou a felicidade.


• Por felicidade, como esclarece o próprio, entende o prazer e a ausência de dor.
Agir moralmente passa pela promoção de um fim ou objetivo – a felicidade.
1. O utilitarismo é uma teoria consequencialista

Este sistema filosófico avalia a correção ou incorreção das ações apenas e só a partir
dos seus resultados ou consequências previsíveis.

Agir corretamente é seguir o curso de ação que, ponderadas todas as alternativas


disponíveis e os dados conhecidos, se apresenta como mais promissor em termos de
resultados ou consequências no caso específico do utilitarismo, como o mais
promissor em termos de bem-estar ou felicidade.
Tal pode, em algumas circunstâncias, implicar quebrar deveres considerados
socialmente significativos, como o dever de não mentir, de não roubar ou de não
matar.

Para o utilitarismo, não existem deveres absolutos incondicionais.


Todos os deveres são relativos.

Nenhum ato é correto ou incorreto em si mesmo, é o apenas considerando os seus


resultados. Sendo assim, o caráter ou intenções do agente são irrelevantes para
determinar o valor moral das ações.
2. O utilitarismo é uma teoria hedonista

Teorias hedonistas (do grego hedoné) – defendem que o prazer é o maior bem (ou
bem último).

As ações moralmente corretas maximizam o bem e,


para Mill, o bem é a utilidade, bem-estar, felicidade
ou prazer.
• O utilitarismo é então uma ética hedonista, porque identifica o bem com o
prazer e ausência de dor e o mal com a dor e a privação do prazer.

Encarar o prazer e ausência de dor como um maior bem ou bem último significa
defender que a felicidade é a única coisa desejável como fim. Todos os demais bens
são apenas bons e desejáveis enquanto meios para aquele que é considerado o único
propósito da ação e do pensamento com valor moral e, por consequência, da
moralidade, o prazer e a ausência de dor.
A moralidade reside então no esforço para maximizar o bem (a felicidade ou prazer)
e para procurar alcançar tanta felicidade quanta nos for possível.

Maximizar a felicidade ou prazer implica a comparação


com outras alternativas relevantes.
Como determinar a maior felicidade total agregada?
Como comparar e ordenar os diferentes prazeres?

Implica um método para comparar e


hierarquizar prazeres.
Os prazeres segundo Bentham

Bentham considerava que os prazeres só diferem em aspetos como a duração e


intensidade, ou seja, em grau ou quantidade.

Para calcular a maior felicidade agregada, Bentham propôs um


algoritmo – o cálculo felicífico -, que indicaria a quantidade
de felicidade.
Cálculo felicífico

Este cálculo constituiria uma base objetiva para medir e comparar o prazer (e a dor)
e resolver os dilemas morais com que nos confrontamos: as decisões deveriam
pender para a alternativa que obtivesse um maior grau ou quantidade de prazer,
isto é, para o que proporcionasse um prazer mais duradouro e intenso.
Daqui decorre que, para o hedonismo quantitativo de Bentham, todas as fontes de
prazer são equivalentes.

Não há prazeres superiores ou inferiores.

Tudo depende do grau de prazer – da intensidade e duração – experimentado em cada


uma das situações.
Os prazeres variam
tanto em quantidade
Discordo de
como em qualidade.
Bentham!
Prazeres superiores Prazeres inferiores

Prazeres do intelecto, da imaginação, Prazeres do corpo ou físicos, comuns a


das emoções e dos sentimentos morais. humanos e a animais não humanos.

São cultivados através da educação e


São intrinsecamente menos valiosos do
são intrinsecamente mais valiosos que
que os prazeres superiores.
os prazeres inferiores.
• Para o hedonismo qualitativo de Mill, ao ponderarmos as consequências previsíveis
de uma ação, devemos ter em consideração, não apenas a quantidade, mas
também a qualidade de prazer que dela possa resultar.

• Mais, no momento de deliberar e decidir, o critério da qualidade prevalece sobre


o da quantidade. Um prazer superior é sempre preferível a um prazer inferior,
ainda que possa ser menos intenso ou menos duradouro que este.
Ex.: Imagina que tens de decidir entre ir dormir ou confortar alguém que está triste.

Mill consideraria que a opção correta


seria a segunda.
«Um ser com faculdades superiores precisa de mais para ser feliz, provavelmente é
capaz de um sofrimento mais agudo e certamente está-lhe vulnerável em mais
aspetos. Mas, apesar destas desvantagens, não pode nunca desejar realmente
afundar-se naquilo que se lhe afigura um nível de existência inferior. (…) É melhor
ser um ser humano insatisfeito do que um porco satisfeito; é melhor ser Sócrates
insatisfeito do que um tolo satisfeito. E se o tolo ou o porco têm uma opinião
diferente é porque só conhecem o seu próprio lado da questão. A outra parte da
comparação conhece ambos os lados.»

- John Stuart Mill, Utilitarismo


Para o utilitarismo milliano, o critério passa pelo veredito ou sentença dos únicos
juízes competentes – os seres que, tendo sido educados para a fruição de um vasto
leque de prazeres, estão familiarizados com ambos.

Estão assim qualificados para afirmar e decidir qual de dois


prazeres é o mais desejável os agentes.

Caso haja divergência, deverá prevalecer a opinião da maioria.


O utilitarismo assenta na imparcialidade

Segundo o utilitarismo, o cálculo das consequências dos nossos atos subordina-se ao


princípio da utilidade, que ordena a maximização da felicidade, mas esse cálculo
deve ser imparcial: a felicidade de cada uma das pessoas envolvidas, incluindo a
felicidade do próprio agente, conta exatamente o mesmo, nem mais, nem menos.
Ser moral, agir moralmente, implica decidir cada ato de um ponto de vista neutro e
considerar os interesses e desejos de todos os que são afetados por ele. A felicidade
de cada pessoa é contabilizada como sendo igualmente importante.

Para o utilitarismo, não é apenas a seres humanos que nos


referimos, mas a todos os seres capazes de sentir prazer e
dor: a felicidade de cada ser senciente deve ser contabilizada
como sendo igualmente importante.

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