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Todas as atividades humanas têm um objetivo último, isto é, são meios para uma finalidade
que é o ponto de convergência de todas. Esse fim é a felicidade ou bem-estar. Mais
propriamente, procuramos em todas as atividades a que nos dedicamos viver experiências
aprazíveis e evitar experiências dolorosas ou desagradáveis. Esta perspetiva que identifica a
felicidade com o prazer ou o bem-estar tem o nome de hedonismo. Mas trata-se da felicidade
geral e não da individual.
Segundo Mill, a utilidade é o que torna uma ação moralmente valiosa. O critério da moralidade
de um ato é o princípio de utilidade. Este princípio é o teste da moralidade das ações. Uma
ação deve ser realizada se e só se dela resultar a máxima felicidade possível para as pessoas ou
as partes que por ela são afetadas. O princípio de utilidade é por isso conhecido também como
princípio da maior felicidade. A ideia central do utilitarismo é a de que devemos agir de modo
a que da nossa ação resulte a maior felicidade ou bem-estar possível para as pessoas por ela
afetadas. Uma ação boa é a que é mais útil, ou seja, a que produz mais felicidade global ou,
dadas as circunstâncias, menos infelicidade. Quando não é possível produzir felicidade ou
prazer, devemos tentar reduzir a infelicidade. Costuma-se resumir o princípio de utilidade
mediante a fórmula «A maior felicidade para o maior número».
O que é uma ação com boas consequências O que é uma ação com más consequências
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‒ Ação cujos resultados contribuem para ‒ Ação cujos resultados não contribuem para um
um aumento da felicidade (bem-estar) ou aumento da felicidade (bem-estar) ou diminuição
diminuição da infelicidade do maior da infelicidade do maior número possível de
número possível de pessoas por ela pessoas por ela afetadas.
afetadas.
‒ Ação egoísta em que a felicidade do maior
‒ Ação subordinada ao princípio de número não é tida em conta ou em que só o meu
utilidade. bem-estar ou satisfação é procurado.
‒ Ação que não se subordina ao princípio de
utilidade.
As normas morais comuns estão em vigor em muitas sociedades por alguma razão. Resistiram
à prova do tempo, e em muitas situações fazemos bem em segui-las nas nossas decisões.
Contudo, não devem ser seguidas cegamente. Nas nossas decisões morais, devemos ser
guiados pelo princípio de utilidade e não pelas normas ou convenções socialmente
estabelecidas. Dizer a verdade é um ato normalmente mais útil do que prejudicial, e por isso a
norma «Não deves mentir» sobreviveu ao teste do tempo. Segui-la é respeitar a experiência de
séculos da humanidade. Mas há situações em que não respeitar absolutamente uma
determinada norma moral e seguir o princípio de utilidade terá melhores consequências
globais do que respeitá-la.
A minha felicidade não é mais importante do que a felicidade dos outros. O utilitarismo de Mill
não defende que tenhamos de renunciar à nossa felicidade, a uma vida pessoal em nome da
felicidade do maior número. Trata-se através da educação segundo o princípio de utilidade de
abrir um espaço amplo para que a inclinação para o bem geral se sobreponha com frequência
cada vez maior ao egoísmo. O princípio da maior felicidade em Mill exige que cada indivíduo se
habitue a não separar a sua felicidade da felicidade geral sem deixar de ter projetos, interesses
e vida pessoal.
Posição de Mill
Ação moralmente correta
Justificação
Há que ter em conta a ação que produziria mais felicidade global. O que produz mais
infelicidade? Deixar morrer um inocente ou deixar eventualmente morrer dezenas de
inocentes? Quantas famílias não ficariam enlutadas caso não se cedesse às pretensões dos
terroristas? Para Mill, justifica-se, por vezes, matar, deixar morrer, roubar ou mentir. Nenhum
desses atos é intrinsecamente errado e, por isso, os deveres que proíbem a sua realização não
devem ser considerados absolutos. Deve notar-se que estamos a referir-nos a um caso
dramático em que as alternativas – permitir a morte de um ou permitir a morte de muitos –
são ambas repugnantes. Mas há que optar e, segundo Mill, seguir um princípio como «Cumpre
o dever por dever» é vago.